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A.P.SINNETT O BUDISMO ESOTÉRICO PENSAMENTO ÍNDICE Prefácio à Edição Comentada ............................................................ .........................................2 Prefácio da Edição Original ............................................................. .........................................10 Ao Leitor ............................................................... ....................................................................17 1. INSTRUTORES ESOTÉRICOS ........................................................... ..............................19 COMENTÁRIOS .......................................................... .........................................................32 2. A CONSTITUIÇÃO DO HOMEM ................................................................ .......................37 COMENTÁRIOS .......................................................... .........................................................47 3. A CADEIA PLANETÁRIA ........................................................... .........................................51 COMENTÁRIOS .......................................................... .........................................................64 4. OS PERÍODOS DO MUNDO ................................................................ .............................67 5. O DEVACHAN ............................................................. ........................................................85 COMENTÁRIOS .......................................................... .......................................................105 6. KÂMA- LOKA ................................................................. ...................................................106 COMENTÁRIOS .......................................................... ...................................................120 7. A ONDA DA MARÉ HUMANA ............................................................... .......................134 COMENTÁRIOS .......................................................... .......................................................145 8. O PROGRESSO DA HUMANIDADE ..................................................................... ..........149

O Budismo Esotérico

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Obra pilar da Teosofia

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A.P.SINNETTO BUDISMO ESOTRICOPENSAMENTONDICE

Prefcio Edio Comentada .....................................................................................................2Prefcio da Edio Original ......................................................................................................10Ao Leitor ...................................................................................................................................171. INSTRUTORES ESOTRICOS .........................................................................................19COMENTRIOS ...................................................................................................................322. A CONSTITUIO DO HOMEM .......................................................................................37COMENTRIOS ...................................................................................................................473. A CADEIA PLANETRIA ....................................................................................................51COMENTRIOS ...................................................................................................................644. OS PERODOS DO MUNDO .............................................................................................675. O DEVACHAN .....................................................................................................................85COMENTRIOS .................................................................................................................1056. KMA-LOKA ....................................................................................................................106COMENTRIOS .............................................................................................................1207. A ONDA DA MAR HUMANA ......................................................................................134COMENTRIOS .................................................................................................................1458. O PROGRESSO DA HUMANIDADE ...............................................................................149COMENTRIOS .................................................................................................................1639. BUDA .................................................................................................................................16610. O NIRVANA .....................................................................................................................18211. O UNIVERSO ................................................................................................................... 19112. REVISO DA DOUTRINA .............................................................................................203

Prefcio Edio Comentada

Este livro foi publicado pela primeira vez no comeo de 1883. Desde ento,recebi numerosas informaes referentes a muitos dos problemas de que trata. Masapraz-me dizer que, se os ensinamentos posteriores mostram o carter incompletode minha concepo original da doutrina esotrica, de modo algum eles evidenciam qualquer erro material. Na verdade, recebi do prprio Grande Adepto, de quem obtive minha instruo, a certeza de que o livro, como se apresenta agora, uma exposio segura e digna de confiana do esquema da Natureza tal como os iniciados da cincia oculta a entendem. Esta pode ser, em futuro prximo, ampliada consideravelmente, se o interesse que estimula for suficiente para levar a uma procura acentuada de ensinamentos desse tipo por qualquer um, mas nunca ter deser reformada ou justificada. Em vista dessa certeza, parece melhor que eu exponhaminhas concluses ltimas e as minhas informaes complementares sob a formade comentrios em cada um dos ramos do assunto, sem fundi-los no texto original,onde, devido s circunstncias, no me disponho a introduzir qualquer alterao.Este o plano adotado para a presente edio.Querendo transmitir meu reconhecimento indireto da harmonia geral a serestabelecida entre esses ensinamentos e os reconhecidos dogmas filosficos dealgumas outras grandes escolas de pensamento hindu, passo aqui a referir-me scrticas a este livro, publicadas na revista indiana Theosophist, em junho de 1883,por "Um hindu brmane". Lamenta-se o autor que, ao interpretar a doutrinaesotrica, eu me tenha afastado desnecessariamente da nomenclatura snscritaaceita. Entretanto, sua objeo significa simplesmente que, em alguns casos, deinomes pouco familiares para idias j incorporadas aos sagrados escritos hindus, e que honrei demasiado o sistema religioso comumente conhecido por Budismo,apresentando-o mais intimamente ligado doutrina esotrica do que nenhum outro.Diz o meu crtico brmane: "A sabedoria popular da maior parte dos hindus at o diade hoje mais ou menos influenciada pela doutrina esotrica ensinada no livro deMr. Sinnett, impropriamente denominado O budismo esotrico, enquanto que noexiste uma s aldeia ou vilarejo, em toda a ndia, em que o povo no esteja mais oumenos familiarizado com os sublimes princpios da filosofia Vedanta. ... Os efeitosdo karma no prximo nascimento, o gozo de seus frutos, bons ou maus, num estadosubjetivo ou espiritual de existncia, anterior reencarnao da mnada espiritualneste ou nalgum outro mundo, o vagar das almas insaciadas ou dos casceshumanos na Terra (Kma-loka), os perodos malaicos e manvantricos... no soapenas inteligveis, como tambm, para muitos hindus, so familiares sob nomesdiferentes dos usados pelo autor de O budismo esotrico. tanto melhor que assimseja permito-me contestar sob o ngulo dos leitores ocidentais, para os quaisdeve ser indiferente se a religio esotrica, hindu ou budista, est mais ou menosprxima da cincia espiritual absolutamente verdadeira, que por certo no deveriaadmitir nome algum que parea faz-la solidria, no mundo exterior, a uma f mais do que a outra. Na Europa, tudo o que podemos aspirar chegar claracompreenso dos princpios essenciais daquela cincia; e se neste livroencontramos definidos esses princpios, conforme os representantes ilustrados demais de uma das grandes crenas orientais, como altura de verdades subjacentesa todos os diversos sistemas, estaremos tanto mais propensos a crer que a presenteexposio da doutrina merece nossa ateno.Com referncia crtica de que os ensinamentos, aqui reduzidos a uma formainteligvel, esto incorretamente descritos pelo nome que este livro leva, no posso fazer nada melhor do que citar a nota com que o redator de Theosophist replica aseu colaborador brmane.Essa nota diz: "Publicamos a carta anterior porqueexpressa, em linguagem corts e de modo hbil, as opinies de grande nmero denossos irmos hindus. Ao mesmo tempo, deve ser dito que o nome O budismoesotrico foi dado ltima publicao de Mr. Sinnett, no porque a doutrina nelaexposta pretenda estar especialmente identificada com qualquer forma particular def, mas porque Budismo significa a doutrina dos Budas, dos Sbios, isto , aReligio da Sabedoria". De minha parte, necessito apenas aduzir que aceito eadmito plenamente essa explicao do assunto. Seria, na verdade, uma concepoerrnea do propsito a que este livro responde o fato de supor que se preocupa emrecomendar, ao gosto do diletante moderno, modos de pensamento religiosoprprios do Mundo Antigo. As formas externas e fantasias religiosas, em uma poca,podem ser mais puras e, em outra, mais corrompidas, mas inevitavelmente seadaptam a seu tempo, e seria extravagncia imaginar que se possam substituirumas pelas outras. Esta declarao no formulada na esperana de converter embudistas os seguidores de qualquer outro sistema, porm com o fito de comunicaraos pensadores que nos lem, tanto no Oriente como no Ocidente, uma srie deidias-guia, referentes s verdades efetivas da Natureza e aos fatos reais doprogresso do homem atravs da evoluo, e que, tendo sido comunicadas ao autorplos filsofos orientais, amolda-se assim com mais facilidade ao Oriente. Quanto aovalor desses ensinamentos, talvez se apreciar melhor quando se perceberclaramente que seu carter mais cientfico do que controverto. Ai verdadesespirituais, se so verdades, podem evidentemente ser tratado com esprito nomenos cientfico do que as reaes qumicas.E nenhum sentimento religioso, dequalquer espcie que seja, precisa ser perturbado pela importao, ao repertriogeral do conhecimento, de novos descobrimentos sobre a constituio e a naturezado homem, no plano de suas mais altas atividades. religio verdadeira atinaria,eventualmente, com um procedimento para assimilar muitos conhecimentosrecentes, do mesmo modo que sempre acaba por admitir maior expanso doConhecimento, no plano fsico. primeira vista, isso pode confundir noesassociadas a crenas religiosas assim como, no incio, a geologia complicou acronologia bblica. Mas com o tempo os homens foram vendo que a essncia dasafirmaes bblicas no reside no sentido literal das passagens cosmolgicas doAntigo Testamento, e os conceitos religiosos purificaram-se muito com o subsdioque assim lhes pde ser propiciado. Da mesma forma, quando os conhecimentos dacincia positiva comearem a abranger uma compreenso das leis relativas aodesenvolvimento espiritual do homem, alguns conceitos errneos da Natureza,durante muito tempo misturados com religio, podero ser suplantados, mas apesarde tudo se descobrir que as idias fundamentais da verdadeira religio foram maisaclaradas e robustecidas, mediante aquele processo. medida que taisprocedimentos continuam, em especial as dissenses internas do mundo religiososero fatalmente superadas. A luta entre seitas pode ser devida apenas deficinciada parte dos sectrios rivais em compreender os fatos fundamentais. Quem sabechegar um dia em que as idias fundamentais, nas quais a religio se apia, sejamcompreendidas com a mesma certeza que compreendemos algumas leis fsicaselementares e que as discordncias sobre elas sejam consideradas ridculas portodas as pessoas instrudas; ento, no haver lugar para tantas acres divergnciasno sentimento religioso. As circunstncias externas ao pensamento religioso serodiferentes ainda, em diferentes climas e entre raas diferentes, como diferem aindumentria e o regime alimentar; mas tais diferenas no causaro antagonismointelectual.A meu ver, os fatos fundamentais da natureza indicada so desenvolvidos naexposio da cincia espiritual que obtivemos agora de nossos amigos orientais.Para os pensadores religiosos, completamente intil afastar-se deles sob aimpresso de que esses argumentos favoream algum credo oriental, em detrimentoda crena mais generalizada do Ocidente. Se a cincia mdica descobrisse um fatonovo sobre o corpo humano, se desvendasse algum princpio at agora oculto, emque se baseasse o crescimento da pele, da carne e dos ossos, essa descoberta noseria encarada como uma violao do domnio da religio. O domnio da religiopoderia considerar-se invadido, por exemplo, por uma descoberta que, por trs daao dos nervos, revelasse urna srie mais delicada de atividades que osmanipulassem, do mesmo modo como eles manipulam os msculos? De qualquermodo, malgrado tal descoberta pudesse ser um princpio para reconciliar cincia ereligio, nenhum homem que permita que suas faculdades superiores tomem parteem seus pensamentos religiosos desprezaria como hostil religio um fato positivoplenamente demonstrado da Natureza. Sendo um fato, inevitavelmente se ajustariaa todos os outros fatos, assim como a verdade religiosa. Isso acontece com agrande massa de informaes relativas evoluo espiritual do homem,compreendida na presente exposio. Nosso melhor intento perguntar, antes denos fixarmos no relato que dou a pblico. No se enquadra, sob todos os seusaspectos, com opinies preconcebidas. E realmente nos insere numa srie de fatosnaturais relacionados com o crescimento e com o desenvolvimento das mais altasfaculdades do homem. Se assim , podemos sabiamente examinar os fatos,primeiramente com esprito cientfico e, depois, deixar que eles exeram seus efeitosrazoveis e legtimos nas crenas colaterais. medida que a explanao prossegue, ramificando-se em muitas direes,ver-se- que a afirmao principal que agora se divulga uma teoria antropolgicaque completa e espiritualiza as noes correntes da evoluo fsica. A teoria queassinala o desenvolvimento do homem, por meio de sucessivos e graduaisaperfeioamentos das formas animais, de gerao em gerao, uma teoria muitodesinteressante e pobre, se encarada como uma explicao que compreende acriao inteira. Entretanto, devidamente entendida, facilita o acesso compreensodo processo concorrente superior que faz evoluir a alma do homem no reinoespiritual da existncia. atual viso do assunto reconcilia o mtodo evolucionistacom o anseio profundamente arraigado em cada entidade consciente, deperpetuao da vida individual. As sries desarticuladas de formas progressivasexistentes na Terra no tm individualidade. vida de cada uma , por sua vez, umaoperao separada que no encontra na prxima e similar operao qualquercompensao plos sofrimentos que a acompanham. Nenhuma justia, nenhumfruto de seus esforos. Todavia, pode-se argumentar, na suposio de nova eindependente criao de uma alma humana, cada vez que nova forma humana produzida por desenvolvimento fisiolgico, que nos estados espirituais posterioresdesta alma a justia ser concedida. Mas, nesse caso, essa concepo est emdesacordo com a idia fundamental da evoluo que faz depender ou cr fazerdepender, em cada caso, a origem da alma das operaes da matria altamentedesenvolvida. Isso no deixa de ser discrepante com as analogias da Natureza,mas, sem entrar neste assunto, basta por enquanto perceber que a teoria daevoluo espiritual, tal como ela aparece nos ensinamentos da cincia esotrica harmoniza-se em todo caso com essas analogias, ao passo que, ao mesmo tempo, coincide com as exigncias da justia e satisfaz a demanda instintiva, pelacontinuao da vida individual. Esta teoria reconhece a evoluo da alma como um processo que inteiramente contnuo em si mesmo, embora efetivado, em parte, por intermdio deuma grande srie de formas dissociadas que servem como instrumentos. Deixandode lado, por agora, a metafsica profunda da teoria que revela a origem do princpioda vida, a primeira causa original do cosmos, encontramos a alma como umaentidade emergente do reino animal e passando s formas humanas primignias,sem estar ainda preparada naquele tempo para a mais elevada vida intelectual comque estamos familiarizados, no estado presente da humanidade. Porm, devido ssucessivas encarnaes nas formas, cujo aprimoramento fsico, sob a lei de Darwin,est constantemente se ajustando para ser a sua morada a cada retomo vidaobjetiva, adquire gradualmente aquele raio de experincia em que a resultante oseu mais elevado desenvolvimento. Nos intervalos entre as suas encarnaesfsicas, prolonga, desenvolve e por fim esgota ou transforma as experinciaspessoais de cada vida em desenvolvimento proporciona abstrato. Esta a chave daexplicao verdadeira daquela dificuldade aparente que persegue a forma mais cruada teoria da reencarnao, apresentada algumas vezes pela especulaoindependente. Cada homem inconsciente das vidas por que passou anteriormente,por isso sustenta que as vidas subseqentes no podem lhe proporcionarcompensao alguma para esta presente. No se d conta da enorme importnciado estado espiritual intermedirio, no qual de modo algum esquece as aventuras eemoes pessoais pelas quais passou e durante o qual refina estas em outrostantos progressos csmicos. Nas pginas que seguem, tenta-se elucidar este mistrio, profundamente interessante. O exame dos acontecimentos, plos quaisatualmente passamos, no s' uma soluo dos problemas da vida e da morte,mas tambm de muitas das desconcertantes experincias que ocorrem na regiolimtrofe entre estas duas condies ou antes, entre a vida fsica e a espiritual que tanto prenderam a ateno e foram objeto de especulao nos ltimos anos,nos pases mais civilizados.

Prefcio da Edio OriginalOs ensinamentos compreendidos neste volume lanam luz sobre questesrelacionadas com a doutrina budista, que deixaram perplexos os escritores que seocuparam dessa religio, e oferecem, ao mundo, pela primeira vez, uma chaveprtica para o significado de quase todo o antigo simbolismo religioso. Mais ainda,uma vez propriamente entendida a doutrina esotrica, ver-se- que ela possuirazes muito poderosas para que todos os pensadores srios lhe dem ateno.Seus princpios no nos so apresentados como a inveno de algum fundador ouprofeta. Seu testemunho no se baseia em nenhuma escritura. Suas opinies sobrea Natureza foram desenvolvidas graas s pesquisas de uma srie enorme deperquiridores, qualificados para sua misso, pela posse de faculdades e percepesespirituais de uma ordem mais elevada que as pertencentes humanidade comum.No decorrer dos tempos, o repertrio de conhecimentos assim acumulados,referentes s origens do mundo e do homem e aos destinos posteriores de nossaraa relativos tambm natureza de outros mundos e a estados de existnciaque diferem dos de nossa vida presente comprovados e examinados em cada umde seus aspectos, e constantemente sujeitos a completo exame, chegou a serencarado por seus defensores como sendo a verdade absoluta, no que diz respeitos coisas espirituais, ao estado real dos fatos nas vastas regies de atividade vital,mais alm desta existncia terrena.A filosofia europia, quer se refira religio, quer metafsica pura,acostumou-se, durante tanto tempo, a um sentimento de insegurana nasespeculaes alm dos limites da experincia fsica, que os pensadores prudentesdificilmente reconhecem como objeto razovel de investigao, a verdade absolutasobre as coisas espirituais. Na sia, porm, adquiriram-se outros hbitos depensamento. A doutrina secreta, que em extenso considervel tenho agora aoportunidade de expor, considerada no s por seus seguidores, como por grandenmero dos que nunca esperaram conhecer dela outra coisa do que saber queexiste, como uma mina de conhecimentos inteiramente dignos de f, da qual todasas religies e filosofias tiraram o que possuem de verdade e com os quais todareligio deve coincidir, se pretende ser um modo de expresso da verdade.De fato, isso uma pretenso audaciosa, mas me aventuro a declarar que ocontedo deste livro de suma importncia para o mundo, porque creio que essapretenso pode ser justificada.No digo que dentro dos limites deste volume se possa provar a autenticidadeda doutrina esotrica. Essa prova no se apresenta por nenhum processo deargumentao, mas apenas pelo desenvolvimento de per si das faculdades exigidas observao direta da Natureza, ao longo da senda indicada. Esta concluso primafade pode se determinar pela importncia que tenham para o indivduo as opiniesque se vo expor sobre a Natureza, e pelas razes que existem para confiar nospoderes de observao daqueles que a comunicaram.Pode-se supor, talvez, que a prpria magnitude da presente pretenso embenefcio da doutrina esotrica suscite esta afirmao oriunda da regio a que serefere seu ttulo a da pesquisa relativa ao significado real e interno da religiodefinida e especfica chamada Budismo. O fato, contudo, que o BudismoEsotrico, embora de maneira alguma esteja divorciado das relaes com oBudismo Exotrico, no deve ser concebido como constituindo mero imperium inimperio uma escola central de cultura no vrtice do mundo budista. medida queo Budismo se retira dos recessos de sua f, descobre-se que estes se misturam comos recessos de outras crenas. As concepes csmicas e o conhecimento da Natureza nos quais repousa o Budismo, como tambm constituem o BudismoEsotrico, so as mesmas do Bramanismo esotrico. E a doutrina esotrica assimconsiderada por todos os "iluminados" (no sentido budista) das crenas como averdade mais absoluta referente Natureza, ao Homem, origem do Universo e aosdestinos para os quais tendem os seus habitantes. Ao mesmo tempo, o BudismoExotrico permaneceu em unio mais estreita com a doutrina esotrica do quequalquer uma das outras religies populares. A exposio da cincia interna estarassociada, portanto, de forma irresistvel por si mesma, com as descries familiaresdos ensinamentos budistas. Com certeza, conferindo a estes um significado vvido,que no geral lhes parece faltar, mas por isso mesmo contribuindo para que adoutrina esotrica seja estudada em seu aspecto budista: alm disso, um aspectoque foi to fortemente impresso sobre ela, desde os tempos de Gautama Buda.Embora a essncia da doutrina seja bem mais remota, o colorido budista penetroupor completo em sua substncia. O que vou expor ao leitor o Budismo Esotrico, epara estudantes acidentais, que pela primeira vez o abordam, seria imprpriaqualquer outra denominao. exposio das doutrinas deve ser considerada pelo leitor em seu conjunto,antes que possa compreender por que os iniciados na doutrina esotrica consideramcomo de assombrosa grandeza a situao que envolve uma revelao atual doesboo geral desta doutrina. Uma explicao desse sentimento pode ser vista surgir,de imediato, da extrema sacralidade que est sempre incorporada aos antigosguardies das verdades ntimas e vitais da Natureza. At hoje, esta santidade temprescrito sua ocultao absoluta do rebanho profano. E, no que este costume deocultao tradio de muitos sculos vai sendo na atualidade substitudo pelonovo costume que determina o aparecimento deste livro, o ser com surpresa e pesar por grande nmero de discpulos iniciados. Submeter crtica, que pode svezes ser desairosa e irreverente, doutrinas que at agora foram tidas por taispessoas como de importncia demasiado majestosa, para que se fale delas apenasem circunstncias de condizente solenidade, parecer-lhes- uma terrvel profanaodos grandes mistrios. Considerando este livro do ponto de vista europeu, seriapouco razovel esperar que se possa livr-lo da dureza costumeira dispensada sidias novas. E as convices especiais ou o fanatismo vulgar podem fazer comque, algumas vezes, no caso presente, tal conduta se torne particularmente hostil.Apesar de tudo isso e ainda que dar luz tais conhecimentos seja coisa lgica de seesperar de expositores europeus como eu, ser encarado com grande pesar edesgosto pelos seus mais antigos e regulares representantes. Com tristeza,apelaro sabedoria sancionada pelo tempo em que, no antigo e simblico estilo,se proibia aos iniciados jogar prolas aos porcos.Felizmente, conforme eu penso, no se permitiu que a regra funcionasse pormais tempo em detrimento de todos aqueles que, apesar de estarem ainda muitolonge de ser iniciados, no sentido oculto da palavra, esto aptos, pela pura fora dacultura moderna, a apreciar essa concesso.Parte das informaes contidas nas pginas que se seguem foi,primeiramente, divulgada de modo fragmentrio no Theosophist, revista mensalpublicada em Madras, ndia, plos diretores da Sociedade Teosfica. Como quasetodos os artigos foram assinados por mim, no vacilei em entremear trechos dosmesmos, quando achei conveniente no presente volume. Desse modo, conseguicerta vantagem, mostrando como as separadas peas do mosaico, pela primeira vezapresentadas a pblico, ajustam-se naturalmente em seus respectivos lugares nopavimento j concludo.A doutrina ou sistema agora revelado, em seus traos essenciais, foi tozelosamente guardado at hoje que nenhum gnero de pesquisas literrias, emborahouvessem esquadrinhado a ndia inteira, pde trazer luz a menor partcula docontedo aqui revelado. Foi, afinal, dada ao mundo pela livre vontade daqueles sobcuja custdia haviam permanecido at hoje. Ningum teria arrancado deles nem asua primeira letra. Somente aps ler com ateno estas explicaes que a atitudeem geral, com respeito s suas atuais revelaes ou reticncia anterior, pode sercriticada ou mesmo compreendida. As opinies sobre a Natureza, agora expostas,so bastante estranhas para os pensadores europeus. O modo de agir dosgraduados na cincia esotrica, resultado de uma longa intimidade com essasopinies, deve ser considerado em relao com o alcance peculiar da prpriadoutrina.Quanto s circunstncias sob as quais estas revelaes foram pela primeiravez apresentadas no Theosophist, agora completadas e aqui expostas, comopercebero nossos leitores, basta dizer, no momento, que a Sociedade Teosfica,por meio da qual e graas minha relao com ela vieram s minhas mos asinformaes deste livro, deve sua existncia a certas pessoas que se incluem entreos defensores da cincia esotrica. O assunto que, por fim, exibido em proveitodos que esto aptos a receb-lo, apresentado ao mundo por intermdio daSociedade Teosfica desde sua fundao, e somente circunstncias posterioresindicaram-me como o agente atravs de quem esta comunicao poderia ser feitade modo conveniente. preciso que se saiba que no me considero o nico expositor da verdadeesotrica para o mundo exterior, durante esta crise. Estes ensinamentos constituema conseqncia, no tocante ao conhecimento filosfico, das relaes estabelecidas com o mundo exterior pelos guardies da verdade esotricapor meu intermdio. Eapenas em virtude dos atos e intenes destes instrutores esotricos que decidiramatuar por meu intermdio que possuo um determinado conhecimento. Mas, emdiferentes sentidos, alguns outros escritores empreenderam, parece, a exposioem benefcio do mundo e, segundo creio, de conformidade com um vasto plano,do qual este volume uma parte das mesmas verdades que, sob outrosaspectos, tenho a misso de revelar. provvel que a grande efervescnciaexistente, hoje em dia, nas especulaes literrias a respeito de problemas queultrapassam os limites da cincia fsica, tenham provocado tal conduta por parte dosgrandes guardies da verdade esotrica, em que meu livro , por certo, mais umamanifestao. J o ardor agora demonstrado nas "Pesquisas Psquicas" por homensilustres e cultos testa da Sociedade que se dedica, em Londres, a tal propsito,segundo minhas convices ntimas conhecendo, como conheo, algo relativo aomodo como as aspiraes espirituais do mundo esto sendo secretamenteinfluenciadas por aqueles cujos trabalhos ocorrem nesse departamento da Natureza fruto evidente de esforos paralelos queles com os quais estou maisdiretamente preocupado.Agora me resta negar, com relao ao estudo que se segue, qualquerpretenso minha quanto perfeio de linguagem. Uma familiaridade maior com ovasto e complicado esquema da cosmogonia revelada sugerir, sem dvida,aperfeioamentos na fraseologia empregada de minha exposio. H dois anos,nem eu nem outro europeu conhecamos o alfabeto da cincia aqui exposta pelaprimeira vez, sob uma forma cientfica ou, pelo menos, tentada nesta direo ,a cincia das Causas Espirituais e de seus Efeitos, da Conscincia Suprafsica, daEvoluo Csmica. Embora tais idias comecem a se revelar ao mundo, sob um disfarce mais ou menos embaraoso de simbolismo mstico, no se tentara at hdois anos, por nenhum instrutor esotrico, expor a doutrina em sua clara purezaabstrata. medida em que progredia a minha prpria instruo neste sentido,inventei frases e sugeri palavras como equivalentes s idias que se apresentavam minha mente. No tenciono ficar convencido de que em todas as oportunidadestenha inventado as melhores frases possveis, nem que haja encontrado as palavrasmais ntidas e expressivas. Por exemplo, no incio da obra, precisamos atribuirnomes aos elementos ou atributos de que se compe o ser humano completo."Elemento " seria um termo inadequado para se usar, devido confuso que seoriginaria de sua utilizao com outros sentidos. Tambm sujeita a objees foi apalavra "princpio". Para um ouvido educado nas sutilezas dasexpressesmetafsicas, esse termo soar de um modo pouco satisfatrio, em algumas de suaspresentes aplicaes. bem possvel que, com o passar do tempo, a nomenclaturaocidental da doutrina esotrica se desenvolva muito mais a partir do que eu construprovisoriamente. A nomenclatura oriental bem mais apurada. Mas o snscritometafsico parece embaraar penosamente o tradutor embora a culpa, segundomeus amigos indianos, no seja do snscrito, mas da linguagem em que pretendemexpressar a idia snscrita na atualidade. Com a ajuda do grego, que nos familiar,s vezes recebe-se melhor a nova doutrina ou, antes, a primitiva doutrina, talcomo ela foi revelada recentemente do que no Oriente se presumiu fossepossvel.

Ao LeitorTodos os que lerem hoje este livro devem lembrar-se de que ele foi publicadopela primeira vez em 1883, e constitui o mais primitivo esboo da doutrina esotricaj revelada ao pblico em geral, em linguagem simples. Desde que ele foi escrito, oestudo da teosofia e a posterior ajuda obtida dos Mestres originais ampliaram muitoo nosso conhecimento, e de muitas maneiras os pontos de vista que somos capazesde expressar a respeito da evoluo humana e da vida suprafsica so muito maisricos de detalhes que naquele esboo primitivo, que considerado agora comoincompleto, at certo ponto enganoso. Por exemplo, neste livro todos osconhecimentos da vida no Plano Astral (ou Kma-Ioka) esto inteiramentedesatualizados. Meu trabalho seguinte, O crescimento da alma, elucida o assunto dealguma forma. Um livro ulterior, No prximo mundo, aborda tambm outros aspectosdas condies variadas em que a Terra est dividida, com a prevalncia dossubplanos do vasto invlucro suprafsico. Do mesmo modo, todos os relatos nestetexto sobre o "Devachan" supervalorizam a importncia desse estado na verdade,apenas um dos aspectos da vida no plano do Manas e no propriamente umobjetivo a ser visado por toda a humanidade. Resumindo, a teosofia, consideradauma cincia espiritual, avanou e est progredindo to magnificamente que os seuslivros mais antigos so interessantes principalmente como registros de suas origens um prognstico incompleto da riqueza de conhecimentos, acumulada mais tardeem nossas mos. A primeira coleo dos Anais da Loja de Londres, publicadadurante os anos de 1884-1902, revelou grande parte do progresso obtido; a novacoleo (em circulao), de 1913-1916, j incorporou os resultados desse discretotrabalho posterior.A tica da Teosofia demasiado clara e simples para necessitar de revisoconstante. Em seu aspecto intelectual, a Teosofia uma cincia viva repleta depossibilidades futuras infinitas. Assim como o qumico moderno deve remontar apocas anteriores com interesse, no desprovido de humor, para a especulaotransata sobre o "flogisto" e o "ar sem flogstico", bem assim os teosofistas precisam,qualquer que seja seu estado, espero, ter uma espcie de tolerncia plos muitosequvocos contidos em O budismo esotrico, lembrando que, apesar deles, o livroteve a honra de inaugurar o grande movimento teosfico no plano fsico do mundoocidental.A.P.SINNETT 1918

1. INSTRUTORES ESOTRICOSAs informaes contidas nas pginas a seguir no so uma coleo deinferncias deduzidas de estudos. Aos leitores, apresento conhecimentos obtidosmais por generosidade que por esforos. Disso no decorre que seu valor sejamenor; ao contrrio, aventuro-me a declarar que ser incalculavelmente maior pelafacilidade com que os obtive, do que quaisquer resultados proporcionados plosmtodos ordinrios de pesquisas, mesmo se eu tivesse possudo, em seu grau maiselevado, o que no pretendo possuir de modo algum a Cincia Oriental.Todos os que se preocupam com a literatura indiana, e mais ainda, qualquerpessoa que na ndia tenha tratado de assuntos filosficos com nativos cultos,estaro cientes da convico geral no Oriente de que h homens que sabem maissobre filosofia, na acepo mais elevada da palavra a cincia, o verdadeiroconhecimento das coisas espirituais , do que se acha registrado em qualquer livro.Na Europa, a noo de segredo aplicada cincia repugna tanto ao instintodominante que a primeira tendncia dos pensadores europeus negar a existnciadaquilo com que antipatizam. Mas as circunstncias me deram a certeza cabal,durante minha estada na ndia, de que a convico que acabo de mencionar estperfeitamente bem fundamentada. Afinal, tive o privilgio de receber uma massaconsidervel de instruo sobre a at hoje cincia secreta, a respeito da qual osfilsofos orientais meditaram em silncio at agora. Essa instruo foi unicamentecomunicada a estudantes preparados para penetrar nas regies do segredo, epermanecendo seus instrutores muito tranqilos com relao dvida em que tmficado os demais investigadores, acerca da existncia ou no de algo de importnciaa aprender deles.Compartilhando em princpio essa grande antipatia pela antiga regra deconduta oriental, no que diz respeito ao conhecimento, cheguei, no entanto, aperceber que a antiga cincia oriental era efetivamente uma verdade Importante. Eescusvel considerar as uvas como verdes quando esto totalmente fora dealcance, mas seria loucura persistir nessa opinio se um amigo de estatura elevadapudesse apanhar um cacho e as achasse doces.Por razes que aparecero no decurso desta obra, a massa considervel deensinamentos at hoje secretos, que ela contm, me foi comunicada no s fora dascondies normais, mas com a finalidade explcita de que, de minha parte, eu ascomunicasse sem reservas ao mundo. Sem a luz da cincia oriental, at agora secreta, impossvel que apenaspelo estudo de sua literatura publicada em lngua inglesa ou em snscrito atmesmo os estudantes da melhor qualificao cientfica possam compreender asdoutrinas internas e o significado verdadeiro de qualquer religio oriental. Estaassertiva no envolve repreenso alguma aos escritores eruditos e laboriosos degrande gnio, que tm estudado as religies orientais em geral, e o Budismo demodo especial, em seus aspectos exteriores. O Budismo sobretudo uma religioque tem gozado de uma existncia dual desde o incio de sua introduo no mundo.O significado real interno de suas doutrinas foi mantido apartado dos estudantesno-inicia-dos, enquanto seus ensinamentos externos tm sido simplesmenteapresentados multido, como um cdigo de lies morais e com uma literaturasimblica e velada, que indicava a existncia de conhecimentos anteriores.Esta cincia secreta, na verdade, muito anterior passagem de GautamaBuda pela vida terrena. A filosofia bramnica, em pocas anteriores a Buda,compreendia a mesma doutrina que na atualidade pode ser chamada de Budismo Esotrico. Com efeito, os seus contornos haviam-se apagado e as suas formascientficas haviam sido parcialmente confundidas; mas a massa geral deconhecimentos j estava em poder de uns poucos eleitos antes que Buda viesse aparticipar dos mesmos. Buda, entretanto, empreendeu a tarefa de revisar e restaurara cincia esotrica do crculo interno de iniciados, bem como a moralidade domundo externo. As circunstncias em que esta tarefa foi feita foram muito mal-entendidas; uma verdadeira explicao no seria inteligvel sem as elucidaes, quedeveriam ser obtidas por um exame prvio da prpria cincia esotrica.Desde o tempo de Buda, at hoje, a cincia esotrica de que nos ocupamostem sido zelosamente guardada como uma preciosa herana, privativa to-s dosmembros regularmente iniciados das associaes misteriosamente organizadas.Estes, no que diz respeito ao Budismo, so os Arhats a que se refere a literaturabudista. So os iniciados que trilham a "quarta senda da santidade", de que se falanos escritos budistas. Mr. Rhys Davids, referindo-se multiplicidade de textosoriginais e s autoridades snscritas, diz: "Podem-se escrever pginas e pginascom os louvores impregnados de um sentimento temeroso e de xtase, de que soprdigos os escritos budistas a este estado da mente, o fruto da quarta senda, oestado de um Arhat, de um homem perfeito segundo a f budista." E depois de fazeruma srie de citaes oriundas de autoridades snscritas, expressa: "Para aqueleque chegou ao fim da senda e passou alm da tristeza; que se libertou por simesmo de tudo; que se desprendeu de todos os grilhes, no existe mais nem apaixo, nem o desgosto... Para ele no h mais nascimentos... acha-se no gozo doNirvana. Seu antigo karma est esgotado, no foi produzido nenhum novo karma;seu corao est livre de anseios por uma vida futura e, no gerando novosdesejos, eles, os sbios, se extinguiram tal o lume de uma vela." Estes e outros pargrafos semelhantes conduzem, de qualquer modo, os leitores europeus a umaidia completamente falsa no que concerne ao tipo de pessoa que um Arhat efetivamente, vida que leva enquanto est na Terra e que espera no futuro. Masa elucidao destes pontos pode ser adiada no momento. Primeiramente se podemexpor outros pargrafos procedentes de tratados esotricos, que demonstram o que que geralmente se supe ser um Arhat.Mr. Rhys Davids, falando de Jhana e Samadhi (a crena de que era possvel,por meio de intensa auto-absoro, atingir faculdades e poderes sobrenaturais) dizainda: "Tanto quanto do meu conhecimento, no se registra nenhum caso dealgum, seja um membro da ordem, ou um asceta brmane, que tenha adquiridoestes poderes. Um Buda sempre os possui; se os Arhats, como tais, realizam osmilagres especiais em questo, e se dentre os mendicantes somente os Arhats ouunicamente os Asekhas podem realiz-los, coisa que no est clara naatualidade." As fontes de informao que foram exploradas at agora sobre oassunto esclarecem muito pouco. Mas limito-me a mostrar que a literatura budista abundante em aluses relativas grandeza e aos poderes dos Arhats. Quanto a umconhecimento mais ntimo a respeito deles, circunstncias especiais nos devemapresentar explicaes cabveis.Mr. Arthur Lillie, em Buda e o budismo primitivo, nos relata: "Seis faculdadessobrenaturais se requerem do asceta antes que ele possa pretender o grau deArhat. A elas se alude constantemente nos Sutras como as seis faculdadessobrenaturais, em geral sem nenhuma outra especificao... O homem possui umcorpo constitudo dos quatro elementos... neste corpo transitrio est acorrentada asua inteligncia, e, achando-se assim confuso, o asceta dirige a sua mente criaodo Manas. Ele imagina a si mesmo, em pensamento, com outro corpo criado a partir desse corpo material um corpo com uma forma, com membros e rgos. Comrelao ao corpo material, este corpo o que a espada para a bainha, ou comouma serpente saindo de um cesto em que estivesse confinada. Ento o asceta,purificado e aperfeioado, comea a pr em prtica faculdades sobrenaturais.Encontra-se apto a passar atravs de obstculos materiais, como paredes,muralhas, etc.; capaz de lanar sua fantstica apario em muitos lugares aomesmo tempo... pode abandonar este mundo e at alcanar o cu do prprioBrahma... Adquire o poder de ouvir os sons do mundo invisvel de forma to ntidaquanto os do mundo fenomenal ainda mais nitidamente na realidade. Tambmpelo poder dos Manas, capaz de ler os pensamentos mais secretos dos outros ede dar conta de seus caracteres." E assim sucessivamente com os demaisexemplos. Mr. Lillie no adivinhou com exatido a natureza da verdade existenteatrs desta verso popular dos fatos; porm, a rigor, no necessrio citar mais,para demonstrar que os poderes dos Arhats e sua penetrao nas coisas espirituaisso respeitados pelo inundo budista do modo mais profundo, por mais que osprprios Arhats se tenham mostrado singularmente pouco dispostos a facilitar omundo com autobiografias ou relatos cientficos dos "seis poderes sobrenaturais". Algumas proposies da traduo recente feita por Mr. Hoey, da obra Buda:sua vida, sua doutrina, sua ordem, do Dr. Oldenberg, podem-se inserir neste local,aps o que seguiremos adiante. Nela lemos: "A proverbial filosofia budista atribui,em inmeras passagens, a posse do Nirvana ao santo que ainda pisa a Terra: 'Odiscpulo que se livrou da sensualidade e do desejo, rico em sabedoria, conseguiuaqui na Terra livrar-se da morte; atingiu o repouso, o Nirvana, o estado eterno.Aquele que escapou dos difceis labirintos do Samsara, que cruzou e chegou costa, absorvido em si mesmo, sem tropeos e sem dvidas, que se livrou por simesmo das coisas terrenas e alcanou o Nirvana, a esse eu chamo de umverdadeiro brmane.' Se o santo quer pr fim ao seu estado de existncia, podefaz-lo, mas muito continua nele, at que a Natureza tenha atingido sua meta; arespeito disso, cabem aquelas palavras postas na boca do mais eminente dosdiscpulos de Buda: 'No desejo a morte; no desejo a vida; espero que chegueminha hora, como um obreiro que aguarda o seu salrio'."A multiplicao de citaes semelhantes equivaleria a repetir, em formasvariadas, os conceitos exotricos sobre o Arhats. Como todos os fatos oupensamentos do Budismo, o Arhat tem dois aspectos: um sob o qual ele seapresenta ao mundo em geral, e o outro no qual vive, move-se e existe. No que serefere apreciao popular, ele um santo aguardando um galardo espiritual dognero que o vulgo pode entender um produtor de maravilhas graas a agentessobrenaturais. Na verdade, ele o guardio, por longo tempo provado, da filosofiamais profunda e secreta da religio fundamental que Buda renovou e restaurou; uminvestigador da cincia natural, situado no prprio cume do conhecimento humano,no s no que diz respeito aos mistrios do esprito, mas tambm em tudo o que serelaciona com a constituio material do mundo.Arhat uma designao budista. Na ndia, onde os atributos da ordem deArhat no esto necessariamente associados com as profisses do Budismo, adesignao mais familiar Mahtm. A ndia est saturada de narrativas sobre osMahtms. Os mais antigos Mahtms so, geralmente, chamados Rishis. Mas ostermos so permutveis, e ouvi aplicar o ttulo de Rishis a homens que esto vivoshoje. Todos os atributos dos Arhats, que se descrevem nos escritos budistas, somencionados com no menos reverncia na literatura indiana que os atributos Mahtms; e este volume poderia facilmente encher-se com tradues de livros do pas, referindo fatos milagrosos verificados por aqueles a quem a histria e atradio conhecem por tal nome.Com efeito, os Arhats e os Mahtms so os mesmos homens. Naquelaaltura de exaltao espiritual, o conhecimento supremo da doutrina esotricaharmoniza todas as distines sectrias originais. Seja qual for o nome que se d aesses illuminati [footnoteRef:1] [1: No original em italiano. Vale dizer: os Iluminados. (N. T.)]

, eles so os adeptos da cincia oculta, algumas vezes, na ndia de hoje, chamados Irmos e depositrios da cincia espiritual que lhes foi legada porseus predecessores.Seria em vo pesquisar a literatura antiga e moderna, em busca de qualquerexplicao sistemtica de sua doutrina ou cincia. Boa parte dela estobscuramente exposta nos escritos ocultos; mas muito poucos tm utilidade para osleitores que empreendem a tarefa sem um prvio conhecimento adquiridoindependentemente dos livros. Pelo fato de eu ter recebido instruo direta de umentre eles, posso agora tentar um esboo dos ensinamentos dos Mahtms, domesmo modo como adquiri o que sei relativo organizao a que pertence a maiorparte deles, bem como os maiores, da atualidade.Em todo o mundo h ocultistas de diversos graus de eminncia e, igualmente,h fraternidades ocultas que tm muito em comum com a fraternidade dirigenteestabelecida no Tibete. Mas todas as minhas investigaes sobre o assunto meconvenceram de que a Fraternidade Tibetana incomparavelmente a mais elevadadessas associaes, e como tal considerada por todas as demais dignas, porsua vez, de serem encaradas como "iluminadas", no sentido oculto da palavra. Naverdade, existem na ndia muitos msticos isolados, que receberam uma auto-educao integral sem vinculao com as associaes ocultas. Muitos destes dizemque atingem mais altos pinculos da iluminao espiritual do que os Irmos do Tibete, ou do que qualquer outra pessoa na Terra. Porm, o exame dessaspretenses, em todos os casos com que me deparei, creio que conduziria qualquerleigo imparcial, por pouco qualificado que estivesse em seu desenvolvimentopessoal para julgar sobre iluminao oculta, concluso de que so completamenteinfundadas. Por exemplo, conheo um natural da ndia, homem de educaoeuropia, que goza de alto prestgio no Governo, de boa posio social, de carterelevado e que respeitado de modo invulgar plos europeus que com ele serelacionam na vida oficial. Essa pessoa concede aos Irmos do Tibete apenas umsegundo lugar no mundo da iluminao espiritual. Considera o primeiro lugarocupado por uma pessoa que j no est neste mundo seu prprio mestre ocultona vida , que ele convictamente afirma ter sido uma encarnao do Ser Supremo.Seus prprios (do meu amigo) sentidos internos foram despertados por esse Mestre,de forma que as vises do estado exttico, em que pode imergir silenciosamente vontade, so para ele a nica regio espiritual digna de interesse. Convencido deque o Ser Supremo foi seu instrutor pessoal desde o incio, e que continua aindasendo no estado subjetivo, ele naturalmente inacessvel a sugestes de que suasimpresses podem ser deturpadas em vista de seu desenvolvimento psicolgico maldirigido. Por outro lado, os devotos de alta erudio, que eventualmente se podemencontrar na ndia, que erigem sua concepo de Natureza, do Universo e de Deussobre uma base completamente metafsica, e que desenvolveram seus sistemaspela fora pura do pensamento transcendental, tomaro algum reconhecido sistemade filosofia como fundamento e iro amplific-lo a um ponto que apenas ummetafsico oriental poderia sonhar. Conseguem discpulos que depositam neles umaf tcita e fundam a sua pequena escola, que floresce durante certo tempo dentro deseus prprios limites. Porm, uma filosofia especulativa dessa espcie antes uma ocupao para a mente do que um conhecimento. Esses "Mestres", comparadosaos Adeptos organizados da mais alta fraternidade, so como botes a remocomparados com os transatlnticos meios teis de locomoo em seu prpriolago ou rio, mas nunca uma embarcao em que se possa confiar para uma grandeviagem martima ao redor do mundo.Descendo a um nvel ainda mais baixo na escala, a ndia est saturada deioguins e faquires, em todos os graus de autodesenvolvimento, desde o dos maissujos selvagens, muito pouco superiores aos ciganos ledores de sorte que acorrems nossas corridas de cavalo, at o de homens em cuja recluso um estrangeirodificilmente penetraria, cujas anormais faculdades e poderes bastam ser vistos ouexperimentados para quebrar a incredulidade dos mais ardorosos representantes domoderno ceticismo ocidental. Os pesquisadores superficiais confundem comfacilidade tais pessoas com os Grandes Adeptos, dos quais ouviram falarvagamente.Entretanto, no que diz respeito aos verdadeiros Adeptos, no me aventuro adizer nada sobre o que a organizao tibetana, quanto s suas mais altasautoridades dirigentes. Esses prprios Mahtms sobre os quais os leitores quepacientemente me seguirem at o fim podero formar uma idia mais ou menosadequada esto subordinados, em seus diversos graus, ao chefe de todos.Tratemos, antes de tudo, das primeiras condies da instruo oculta, o que podeser entendido com mais facilidade.O grau de elevao que constitui um homem chamado no mundo exteriorMahtm ou "Irmo" s alcanado aps prolongada e penosa provao eansiosas provas de uma severidade realmente terrvel. H pessoas que passaramvinte, trinta ou mais anos de irrepreensvel e rdua devoo, dedicadas misso que empreenderam na vida, mas apesar disso, ainda se acham nos primeiros grausde seu chelado, contemplando as alturas do adeptado, que esto muito acima desuas possibilidades. E em qualquer idade que um garoto ou um homem se dedique carreira do ocultismo, dedica-se, entenda-se bem, sem reservas de nenhumgnero e por toda sua vida. A misso que leva a cabo o desenvolvimento em simesmo de muitas faculdades e atributos, de cuja existncia nem se suspeita devidoao fato de serem completamente latentes na massa da humanidade, sendo negadaa possibilidade de seu desenvolvimento. Estas faculdades e atributos devem serdesenvolvidos pelo prprio cheia, com muito pouca ajuda, se houver alguma, almda orientao e direo de seu mestre. Diz um aforismo oculto: "O Adepto se tornaum adepto: ele no convertido em um." Pode-se ilustrar isto com o que acontecenum exerccio fsico corriqueiro. Todo homem com o uso normal de seus membros capaz de nadar. Mas mergulhem aqueles que, segundo provrbio popular, nopodem nadar em guas profundas, e eles se afogaro. O simples procedimento demover os membros no um mistrio. Porm, a menos que o nadador, ao mov-los,acredite que tais movimentos produziro o resultado almejado, este no ser obtido.Nesse caso, ocupamo-nos com foras meramente mecnicas, mas o mesmoprincpio se aplica s foras mais sutis. A mera "confiana" conduz o nefito ocultomuito mais longe do que o vulgo geralmente imagina. Quantos leitores europeuspermaneceriam totalmente incrdulos se se relatassem a ele alguns resultados queos cheias ocultistas, dos graus mais incipientes de sua instruo, tm de obter porpura fora da confiana e, apesar disso, ouvem amide na igreja as familiaresafirmaes bblicas de que o poder reside na f, e permitem que as palavras passemcomo o vento, sem deixar qualquer impresso. O grande fim e propsito do Adeptado realizar o desenvolvimento espiritual,cuja natureza est velada e disfarada nas frases comuns da linguagem exotrica.Dizer que o Adepto procura unir sua alma com Deus, para poder, por esse meio,entrar no Nirvana, uma assertiva destituda de significao para o leitor comum, equanto mais examin-la, baseado em livros e mtodos elementares, tanto menosplausvel lhe ser a compreenso da natureza do processo observado, ou do estadodesejado. Em primeiro lugar, preciso conhecer o conceito esotrico de Natureza ea origem e os destinos do Homem, o que se diferencia por completo dos conceitosteolgicos, antes que se torne inteligvel uma explicao da meta que o Adeptopersegue. Enquanto isso, entretanto, desejvel, logo de incio, abrir os olhos doleitor para o falso conceito, que provavelmente possa ter formado, sobre os objetivosdo Adeptado.O desenvolvimento dessas faculdades espirituais, cujo cultivo se relacionacom os mais elevados objetivos da vida oculta, proporciona, medida que progride,um conhecimento casual, relativo s leis fsicas ainda no compreendidas daNatureza em geral. Esse conhecimento, e a arte prtica de manipular certas forasocultas da Natureza, como conseqncia, confere a um Adepto, e at aos discpulosde um Adepto, num estgio incipiente de sua instruo, poderes extraordinrios, cujaaplicao nos assuntos da vida diria gera, em algumas ocasies, resultados queparecem completamente milagrosos. Do aspecto habitual, a aquisio de um poderde aparncia milagrosa uma conquista to estupenda que as pessoas, s vezes,se sentem inclinadas a imaginar que o desgnio do Adepto, ao procurar osconhecimentos que obtm, no foi outro que ele prprio investir-se desses poderescobiados. Isso seria to racional como dizer de qualquer grande patriota da histria militar que o seu propsito, ao ser soldado, foi o de portar um vistoso uniforme eaguar a imaginao das amas-secas.O mtodo oriental para o cultivo do saber sempre diferiu diametralmente doseguido no Ocidente, durante o desenvolvimento da cincia moderna. Enquanto aEuropa pesquisou a Natureza da forma a mais pblica possvel, sendo discutidocada passo com a mais ampla liberdade e circulando de imediato cada recente fatoadquirido para o benefcio de todos, a cincia asitica foi estudada em segredo esuas conquistas zelosamente guardadas. No necessrio que eu tente nomomento a crtica ou a defesa desses mtodos. Mas, de qualquer modo, essesmtodos foram afrouxados at certo ponto em meu prprio caso, e como j afirmei,tenho o pleno consentimento de meus instrutores para seguir minhas inclinaescomo europeu, comunicando o que aprendi a todos os que desejarem receb-lo.Posteriormente se ver como a transgresso das regras elementares do estudoocultista, incorporada s concesses agora feitas, cai naturalmente no lugarapropriado do esquema completo da filosofia oculta. O acesso a essa filosofiaesteve sempre, de certo modo, aberto a todos. Atravs do mundo, por vrios meios,foi vagamente difundida a idia de que certos processos de estudo, que algunshomens realmente seguiram, aqui e acol, podiam conduzir aquisio de umgnero de conhecimento mais elevado do que o que geralmente ensinado humanidade nos livros ou por meio de pregadores pblicos religiosos. O Oriente,como j foi assinalado, esteve sempre mais que vagamente impressionado por essacrena, porm mesmo no Ocidente a massa inteira de literatura simblica, referente astrologia, alquimia e ao misticismo em geral, fermentou na sociedade europia,levando algumas poucas inteligncias, singularmente receptivas e qualificadas, convico de que detrs de toda essa falta de sentido, superficialmente incompreensvel, grandes verdades jazem ocultas. A essas pessoas, esse excntricoestudo revelou algumas vezes passagens ocultas que conduziam aos maioresreinos imaginveis da iluminao. Porm, at agora, em todos esses casos, deacordo com a lei dessas escolas, to logo o nefito forava passagem na regio domistrio, era-lhe imposto o segredo mais inviolvel a tudo o que se relacionasse comseu ingresso nessa regio e com os seus progressos ulteriores. Na sia, do mesmomodo, o cheia, ou discpulo de ocultismo, to logo se converte em um cheia, deixade ser testemunha da realidade da cincia oculta. Fiquei espantado ao ver, assimque comecei a tratar deste assunto, quo numerosos so os cheias. Mas impossvel imaginar algum ato humano mais improvvel do que a revelao noautorizada, por parte de qualquer cheia, aos profanos, de sua qualificao como tal.E assim como a grande escola esotrica de filosofia conserva com sucesso o seusegredo.Num livro anterior, O mundo oculto, apresentei um completo e fiel relato dascircunstncias sob as quais estive em contato com homens de dons elevados eprofundamente instrudos, de quem obtive as informaes contidas neste volume.No preciso repetir a histria. Agora tratarei do assunto sob novo ngulo. Aexistncia de Adeptos ocultistas e a importncia de suas aquisies soestabelecidas por intermdio de duas diferentes Unhas de argumento: em primeirolugar, considerando-se a evidncia externa o depoimento de testemunhasqualificadas, a manifestao de pessoas relacionadas com Adeptos de faculdadesanormais que proporcionem algo mais que mera suposio da existncia deconhecimentos de anormal amplitude; em segundo lugar, pela apresentao de umaparte considervel desses conhecimentos, suficiente para dar a seguranaintrnseca de seu prprio valor. Meu primeiro livro seguia o primeiro destes mtodos.Agora, enfrento um desafio maior, utilizando o segundo.

COMENTRIOSQuanto mais avanamos no estudo do ocultismo, tanto mais exaltadas setomam, sob muitos aspectos, as nossas concepes sobre os Mahtms. Acompreenso global da maneira como estas pessoas chegam, ao final de longotempo, a diferenciar-se da espcie humana no algo que se obtm apenas com aajuda do esforo intelectual. H aspectos na natureza do Adepto que se relacionamcom o extraordinrio desenvolvimento dos princpios superiores do homem, que nopodem ser compreendidos pela aplicao dos inferiores. Mas enquanto os conceitosincompletos, formados a princpio, por pouco no alcanam o nvel verdadeiro dosfatos, surge uma curiosa complicao do problema nesse caminho. A primeira idiaque fazemos de um Adepto que conquistou o poder de penetrar os tremendossegredos da natureza espiritual formulada de acordo com os nossos conceitos deum homem de cincia muito talentoso, em nosso prprio plano. Estamos aptos apensar que, uma vez Adepto, ele ser sempre um Adepto um ser humano muitodigno, que necessariamente deve usar, em todas as circunstncias de sua vida, asqualidades que lhe so pertinentes como um Mahtm. Desse modo como jindicamos no conseguiremos, certamente, por mais que nos esforcemos, fazerjustia em nossos pensamentos aos seus atributos s Mahtm. Podemos combastante facilidade incorrer no extremo oposto ao pensarmos nele em seu aspectohumano comum e, destarte, ficaremos perplexos, medida que comearmos a nosfamiliarizar com as caractersticas do mundo da cincia oculta. Precisamente porqueos mais elevados atributos do adeptado se relacionam com os princpios danatureza humana, que transcendem inteiramente os limites da existncia fsica, que o Adepto ou Mahtm apenas pode ser um Adepto, na mais alta acepo dotermo, enquanto est, como diz a expresso, "fora do corpo" ou, de qualquer modo,num estado anormal alcanado por sua prpria vontade. Quando no tem por queentrar em tal estado, nem sair completamente fora das limitaes de sua prisocarnal, parece-se muito mais com um homem comum, do que a experincia dosdiscpulos sobre algum de seus aspectos poderia faz-los supor.Uma apreciao correta desse estado de coisas explica a contradioaparente, com base na posio do discpulo de ocultismo diante de seus mestrescomparada com algumas das declaraes que o prprio mestre faz freqentemente.Por exemplo, os Mahtms asseveram que no so infalveis, que eles so homenscomo os demais, talvez com uma compreenso mais ampla da Natureza que ocomum da humanidade, mas, apesar de tudo, capazes de enganar-se tanto nadireo dos assuntos prticos com que podem estar relacionados, como naapreciao dos atributos de outros homens, ou na apreciao da capacidade doscandidatos para o desenvolvimento oculto. Mas como conciliarmos afirmaesdessa natureza com o princpio fundamental, existente no fundo de toda pesquisa doocultismo, que induz o nefito a confiar absolutamente e sem nenhuma reserva nosensinamentos e na orientao do mestre? A soluo da dificuldade est no estadode coisas, ao qual nos referimos anteriormente. Embora o Adepto possa ser umhomem capaz de enganar-se algumas vezes de modo surpreendente, quanto aosassuntos mundanos, do mesmo modo que entre ns alguns dos maiores gniosesto propensos a cometer erros em sua vida comum, que talvez no cometeriajamais o vulgo de outro lado, assim que um Mahtm se ocupa com os maiselevados mistrios da cincia espiritual, ele o faz devido ao exerccio de seusatributos de Mahtm, e, no que tange a estes, dificilmente considerado capaz deenganar-se.Esta considerao permite-nos sentir que a confiana que merecem osensinamentos derivados dessa fonte, em que se inspira o presente volume, estcompletamente fora do alcance dos pequenos incidentes que no progresso de nossaexperincia paream pedir a retificao dessa confiana entusistica na sabedoriasuprema dos Adeptos, que geralmente evoca as primeiras abordagens ao estudo doocultismo.Isso no quer dizer que esse entusiasmo ou reverncia diminua por parte dealgum cheia ocultista, proporo que cresa sua compreenso do mundo em quepenetra. O homem, que em um de seus aspectos um Mahtm, antes conduzidodentro dos limites do afetuoso respeito humano, do que privado de seus direitos reverncia, pela considerao de que em sua vida comum no est acima do nvelcomum dos sentimentos humanos, como algumas de suas nirvnicas experinciasnos levariam a crer.Se temos sempre presente na mente que um Adepto s verdadeiramenteum Adepto quando est exercendo as suas funes e que no exerccio destas podeelevar-se relao espiritual com tudo aquilo que , ao menos dentro dos limites denosso sistema solar, o que na prtica significa para ns a oniscincia, livrar-nos-emos ento de muitos de nossos erros gerados pelas dificuldades do assunto.Pode-se relatar aqui algo atinente intrincada natureza do Adepto, o queseria difcil compreender sem fazer referncia a alguns dos ltimos captulos destelivro. Mas, como isto tem um significado to importante para tudo quanto se refira compreenso do que o Adeptado, ser conveniente tratar dele de uma vez. Anatureza dplice do Mahtm to completa que algo de sua influncia ousabedoria, nos planos mais elevados da Natureza, pode atingir os que esto emsingulares relaes psquicas com ele, sem que o Mahtm-homem sequer percebano momento em que esse apelo lhe foi dirigido. Por essa via, estamos livres paraespecular sobre a possibilidade de que a relao entre o Mahtm espiritual e oMahtm-homem algumas vezes pertena antes Natureza do que s vezes semenciona nos escritos esotricos como um obscurecimento (overshadowing), emvez de uma encarnao no amplo sentido da palavra.Alm disso, como outra complicao independente do assunto, devemosapreciar o fato de que cada Mahtm no meramente um ego humano num estadomuito exaltado, mas pertence, por assim dizer, a algum departamento especfico dagrande organizao da Natureza. Cada Adepto deve pertencer a um ou a outro dossete grandes tipos do Adeptado. Mas embora possamos, quase com certeza, inferirque existam correspondncias entre esses vrios tipos e os sete princpios dohomem, eu evitaria tentar a elucidao completa desta hiptese. Ser suficienteaplicar a idia ao que conhecemos vagamente sobre a organizao ocultista emsuas mais altas regies. H algum tempo, afirmou-se que nos escritos esotricosexistem cinco grandes Chohans ou Mahtms superiores, que presidem sobre todaa fraternidade dos Adeptos. Quando foi escrito o captulo precedente deste livro, eutinha a impresso de que um chefe supremo, situado num nvel diferente, exerciaautoridade sobre esses cinco Chohans. Agora, parece-me que este personagemdeve antes ser considerado como um sexto Chohan, cabea de um sexto tipo deMahtm. Esta conjectura conduz, de uma vez, a outra inferncia: deve existir umstimo Chohan para completar as correlaes que assim discernimos. Mas como ostimo princpio na Natureza ou no homem um conceito de ordem maisinacessvel, que escapa ao poder de qualquer inteligncia e que seria descrito emnebulosas frases ininteligveis sobre metafsica, podemos portanto estar seguros deque o stimo Chohan est fora de toda compreenso dos intelectos no versados namatria. Mas ele, fora de dvida, desempenha um papel naquilo que pode serchamado a mais elevada organizao da Natureza espiritual, sendo que talpersonagem , s vezes, visvel para alguns dos outros Mahtms. Mas aespeculao que lhe diz respeito valiosa, principalmente para ratificar a idiasegundo a qual os Mahtms podem ser compreendidos em seu verdadeiroaspecto, como fenmenos necessrios da Natureza, sem os quais a evoluo dahumanidade dificilmente seria imaginada como avanando, e no como homensexcepcionais que atingiram um estado de grande exaltao espiritual.

2. A CONSTITUIO DO HOMEMUm exame da Cosmogonia, tal como a compreende a cincia oculta, devepreceder toda tentativa de explicao dos meios plos quais se chegou a obter oconhecimento dessa mesma Cosmogonia. Os mtodos de pesquisa esotrica so oresultado de fatos naturais, que a cincia exotrica desconhece totalmente. Estesfatos naturais relacionam-se ao desenvolvimento precoce de faculdades nosAdeptos ocultos, que a humanidade em geral no desenvolveu ainda. Estasfaculdades, por sua vez, capacitam seus possuidores explorao dos mistrios daNatureza e comprovao das doutrinas esotricas, na manifestao vindoura deseu sublime desgnio. O estudante prtico de ocultismo pode desenvolverprimeiramente suas faculdades e aplic-las depois observao da Natureza. Mas,para os leitores ocidentais, que s procuram a compreenso intelectual, devepreceder a considerao dos sentidos internos utilizados pela pesquisa oculta, antesde expor a teoria da Natureza. Por outro lado, o exame da Cosmogonia, tal como compreendida pela cincia oculta, s pode ser sistematizado cientificamente emdetrimento da inteligibilidade para os leitores europeus. Antes de mais nada,devemos tentar entender o estado do Universo anterior ao incio da evoluo. Issono foi negligenciado de modo algum plos estudantes esotricos, e, mais adiante,no curso deste esboo, sero feitas algumas sugestes relativas opinio que oocultismo sustenta sobre os processos primitivos, atravs dos quais a matriacsmica passa em seu percurso evolutivo. Mas uma ordenada exposio dosprocessos mais primitivos da Natureza incluiria indicaes constituio espiritualdo homem, que no seria entendida sem alguma explicao preliminar.A cincia esotrica reconhece sete princpios distintos na constituio dohomem. A classificao difere de um modo to absoluto de tudo aquilo com que osleitores europeus esto familiarizados que, naturalmente, me questionaro sobre asbases em que o ocultismo se apia para chegar a essa concluso. Porm, devido speculiaridades inerentes ao assunto, que mais adiante serio compreendidas, devopedir para esta cincia oriental que dou a conhecer, certa ateno, por assim dizer,de tipo oriental. Os sistemas oriental e europeu de transmitir conhecimento diferemcompletamente em seus mtodos. O mtodo ocidental instiga e provoca, a cadamomento, o instinto da controvrsia do discpulo. Ele animado a debater e a opor-se evidncia. Probe-se-lhe aceitar qualquer afirmao cientfica to-somente porsua autoridade.Pari passu, medida que adquire conhecimentos, deve aprender omodo como eles so adquiridos e faz-lhe sentir que nenhum fato digno de serconhecido, a menos que se conhea ao mesmo tempo a maneira de se demonstr-lo como tal. O mtodo oriental dirige seus discpulos de uma forma bem diferente.Est atento necessidade de demonstrar seus ensinamentos como o Ocidente, masfornece provas de um gnero bem diferente. D poder ao estudante de pesquisarpor si mesmo a Natureza e de comprovar seus ensinamentos naquelas regies emque a filosofia ocidental s pode penetrar por intermdio da especulao e doargumento. Jamais se d ao trabalho de questionar sobre nada. Afirma: "O fato assim e assim; eis a chave dos conhecimentos; agora vai e observa por ti mesmo."Assim ocorre que o ensinamento per se no nada mais que ensinamento pelaautoridade. O ensinamento e a demonstrao no vo de mos dadas. Seguem-seum ao outro na devida ordem. Outra conseqncia deste mtodo que a filosofiaoriental emprega o mtodo que no Ocidente foi afastado, por boas razes, comoincompatvel com nossa prpria atitude de desenvolvimento intelectual: o sistema de raciocinar do geral ao particular. Os objetivos que a cincia europia costuma ter emmente no seriam resolvidos por esse plano, porm penso que qualquer pessoa quese adiante na presente questo sentir que esse sistema, de partir dos detalhespara chegar s concluses gerais, no se aplica ao assunto que ora discutimos. Nose pode compreender pormenores neste ramo de conhecimentos, at que seadquira um discernimento geral do esquema completo das coisas. At o fato decomunicar esta compreenso apenas por meio da linguagem uma tarefa enorme enada fcil. Deter-se a cada momento da exposio, a fim de recolher toda evidnciacapaz de provar cada afirmativa de per se, seria praticamente impossvel. Talmtodo acabaria com a pacincia do leitor e o impediria de deduzir, como o faria deum estudo sinptico, esse conceito definido sobre o que a doutrina esotrica querensinar e que me toca evocar.Esta reflexo pode sugerir, de passagem, uma nova luz que guarda umantima vinculao com o assunto presente dos sistemas de raciocnio platnico earistotlico. O sistema de Plato, descrito grosseiramente como raciocinando douniversal ao particular, condenado plos hbitos modernos em prol do segundo eexatamente sistema inverso. Mas Plato se restringia tentativa de defender o seusistema. Todas as razes nos levam a crer que sua familiaridade com a cinciaesotrica o que movia seu mtodo e que as habituais restries que sobre elepesavam, como ocultista iniciado, proibiam-no de dizer tudo o que poderia t-lojustificado. Ningum que estude a cincia oculta, contida neste volume, e que logose direcione para Plato, ou para qualquer resumo inteligente de seu sistema,deixar de encontrar correlaes colhidas em cada passagem.Os mais elevados princpios da srie que forma o homem no estodesenvolvidos na humanidade que conhecemos, mas um homem completo ouperfeito poderia ser determinado nos elementos seguintes. Para facilitar a aplicaodestas explicaes aos usuais escritos exotricos budistas, so dados tambm osnomes snscritos desses princpios, assim como os termos adequados em nossalinguagem2[footnoteRef:2] [2: A nomenclatura aqui adotada difere ligeiramente da que apareceu naTheosophist, quando alguns fragmentosdos presentes ensinamentos foram expostos pela primeira vez. Depois se ver que os nomes, atualmentepreferidos, incluem um conceito mais completo de todo o sistema e evitam algumas dificuldades a que nosnomes primitivos davam origem. No se deve estranhar que as primeiras exposies da cincia esotrica fossemimperfeitas, pois eram uma conseqncia natural das dificuldades com que os expositores ingleses lidavam. Masno h que confessar, nem deplorar erro algum substancial. As conotaes dos nomes atuais so mais precisas doque as escolhidas de incio; porm, as explicaes dadas originariamente, quanto a seu alcance, estavam emcompleta harmonia com as que se desenvolvem na atualidade.]

1 O Corpo: Rpa2 Vitalidade: Prana ou Jva3 Corpo Astral: Linga-sharra4 Alma Animal: Kma-rpa5 Alma Humana: Manas6 Alma Espiritual: Buddhi7 Esprito: tma

Quando conceitos to transcendentais, como alguns dos includos nestaanlise, so expostos de forma tabular, incorre-se, ao que parece, em certadegradao contra a qual devemos estar sempre prevenidos, tratando decompreender com clareza o que se pretende significar. De fato, seria impossvelmesmo para o mais hbil professor de cincia oculta exibir cada um dessesprincpios, isolada e distintamente dos outros, como se procede com os elementosfsicos de um corpo composto, ao separ-los por meio da anlise e conserv-losindependentes uns dos outros. Os elementos de um corpo fsico esto todos nomesmo plano de materialidade, mas os elementos do homem esto em planos muitodiferentes. Os gases mais sutis, capazes de entrar na composio qumica do corpohumano, acham-se ainda, ao menos proporcionalmente, quase no nvel mais material de todos os elementos. O segundo princpio, por sua associao com amatria grosseira, transforma-a, do que de costume chamamos matria inorgnica(o que com mais propriedade seria cham-la inerte), em matria viva, sendo algobem diverso da matria mais inferior que conhecemos. Constitui, portanto, osegundo princpio algo que possamos chamar verdadeiramente de matria? Aquesto nos conduz, assim, ao princpio desta indagao, ao centro da sutildiscusso metafsica sobre se a fora e a matria so diferentes ou idnticas. Basta,no momento, assentar que a cincia oculta as considera idnticas e que noobserva nenhum princpio da Natureza como totalmente imaterial. Desse modo,embora nenhum conceito do Universo, do destino do homem ou da Natureza emgeral seja mais espiritual do que os da cincia oculta, esta cincia estcompletamente livre do erro lgico de atribuir resultados materiais s causasimateriais. A doutrina esotrica , portanto, na realidade, o elo que falta entre omaterialismo e a espiritualidade.A chave do mistrio que isso envolve encontra-se no fato, diretamentereconhecvel plos ocultistas versados, de que a matria existe sob outros estadosalm dos que podem ser reconhecidos plos cinco sentidos.O segundo princpio do Homem, a Vitalidade, consiste, portanto, na matriaem seu aspecto como fora. Sua afinidade com o estado mais grosseiro da matria to grande que no pode ser separada de qualquer partcula ou massa da mesma,salvo por instantnea translao para alguma outra massa ou partcula. Quando ocorpo do homem morre, por abandono de seus princpios superiores que o haviamconvertido numa realidade viva, o segundo, ou seja, o princpio da vida, noconstituindo mais uma unidade por si mesma, ainda inerente, contudo, spartculas do corpo enquanto este se decompe, unindo-se a outros organismos aos quais d origem o mesmo processo de decomposio. Enterre-se o corpo na terra eseu Jva se unir por si vegetao que brota na superfcie, ou s formas animaisinferiores que se desenvolvem de sua substncia. Queime-se o corpo, e oindestrutvel Jva voa no menos instantaneamente ao mesmo planeta donde foioriginalmente tomado, entrando em alguma nova combinao determinada por suasafinidades.O terceiro princpio, o Corpo Astral ou Linga-sharra, um duplo etreo docorpo fsico, seu desenho original. Ele quem guia o Jva em seu trabalho sobre aspartculas fsicas e a origem para que este construa a forma que aquelasassumem. Vitalizado plos princpios mais elevados, sua unidade conservadaapenas pela unio de todo o grupo. Na ocasio da morte, desencarna-se por umbreve perodo, e sob condies anormais transitoriamente visvel para algumaspessoas. Sob tais condies, tomado naturalmente pelo espectro da pessoamorta. As aparies espectrais podem, s vezes, ter outras causas, mas o terceiroprincpio, quando isso se apresenta como um fenmeno visvel, mera agregaode molculas num estado particular, destitudo de toda espcie de vida ouconscincia. J no um Ser, como no o qualquer nuvem suspensa que noespao casualmente tome a semelhana de algum animal. Em termos gerais, oLinga-sharra jamais abandona o corpo, exceto morte, nem mesmo neste casomigra muito longe dele. Quando visto, o que s pode ocorrer raramente, serunicamente percebido perto do lugar onde o corpo fsico ainda permanece. Emalguns casos muito peculiares de mediunidade esprita, pode, durante um brevetempo, sair do corpo fsico e ser visvel perto deste, mas o mdium, nesse caso,permanece todo o tempo em perigo iminente de vida. Perturbem-seinconscientemente as condies nas quais o Linga-sharra se libertou e sua volta pode ser impedida. Ento, o segundo princpio logo deixaria de animar o corpo fsicocomo uma unidade e se seguiria a morte. Durante os dois ltimos anos, enquanto indcios e fragmentos de cinciaoculta se difundiram pelo mundo, a expresso"Corpo Astral" vem sendo aplicada acerta semelhana da forma humana plenamente habitada por seus mais elevadosprincpios, podendo projetar-se a qualquer distncia do corpo fsico, lanadaconscientemente e com inteno precisa por um Adepto vivo, ou semintencionalidade, por meio da aplicao acidental de certas foras mentais a seusprincpios desprendidos por alguma pessoa no momento da morte. Para usocomum, no h inconveniente prtico no uso da expresso "Corpo Astral" para aaparncia assim projetada. De fato, qualquer expresso mais estritamente rigorosa,como se v, seria embaraosa e devemos empregar a expresso em ambos ossignificados. No preciso criar-se nenhuma confuso. Porm, estritamente falando,o Linga-sharra ou terceiro princpio o corpo astral, e no pode ser lanado parafora como veculo dos princpios superiores.Os trs princpios inferiores, como se v, pertencem Terra. Perecveis pornatureza, como entidade isolada, embora sejam indestrutveis com relao s suasmolculas e em absoluto dissociados do homem em sua morte.O quarto princpio o primeiro dos que pertencem natureza superior dohomem. A denominao snscrita Kma-rpa com freqncia traduzida por "Corpode Desejo", o que parece antes uma expresso confusa e pouco exata. Talvez "Veculo da Vontade" seria uma traduo mais aproximada, se relacionando melhorao significado do que s palavras. Porm, o nome adotado anteriormente, "AlmaAnimal" o que sugere uma idia mais exata.Na Theosophist de outubro de 1881, quando se divulgaram as primeirasindicaes sobre a constituio setenria do homem, o quinto princpio era chamado"alma animal", para distingui-lo do sexto, "alma espiritual". Embora essanomenclatura fosse suficiente para fixar a distino exigida, degradava-se o quintoprincpio, que essencialmente o princpio humano. Apesar de a humanidade seranimal em sua natureza, se ela for comparada com o esprito, em todos os outrosaspectos acha-se acima da criao propriamente animal. Introduzindo um novonome para o quinto princpio, fazemos retroceder a denominao "alma animal" a seu lugar devido. Esta classificao no se ope, entretanto, apreciao do modocomo o quarto princpio constitui o centro da vontade ou do desejo a que o nomesnscrito se refere. O Kma-rpa a alma animal, o princpio mais desenvolvido dacriao bruta, suscetvel de evoluir e converter-se em algo mais elevado, por suaunio com o crescente quinto princpio no homem. Mas, de todo modo, a almaanimal, da qual nenhum homem prescinde, o centro de todos os desejos animais euma potente fora no corpo humano, atuando, por assim dizer, tanto para cima comopara baixo, e capaz de influenciar o quinto princpio, para fins prticos, bem comoser influenciada por ele, para o seu domnio e aperfeioamento. O quinto princpio, a"alma humana" ou Manas (como descrito em snscrito por um de seus aspectos), a sede da razo e da memria. Uma parte deste princpio, animada pelo quarto, o que em realidade se projeta a lugares distantes por um Adepto, quando faz suaapario no que se chama comumente seu corpo astral.O quinto princpio, ou "alma humana", no est ainda plenamentedesenvolvido na maior parte da humanidade. Este fato, sobre o desenvolvimentoimperfeito dos princpios superiores, muito importante. No podemos concebercom exatido o lugar atual do homem na Natureza, se cometemos o erro de encar-lo como um ser j completamente aperfeioado. E esse erro seria fatal paraqualquer previso razovel relativa ao futuro que o aguarda fatal tambm paraqualquer apreciao do verdadeiro carter do futuro, que a doutrina esotrica nosexplica e que efetivamente o espera.Uma vez que o quinto princpio no est plenamente desenvolvido, ficasubentendido que o sexto princpio ainda est em estado embrionrio. Essa idia foiindicada de variadas maneiras em recentes previses da grande doutrina. Algumasvezes, foi dito que no possuamos, a rigor, nenhum sexto princpio, porm quesimplesmente temos o seu germe. Tambm foi dito que o sexto princpio no estem ns, mas adeja sobre ns. algo para onde se devem dirigir as mais altasaspiraes de nossa natureza. Mas tambm foi dito: Todas as coisas, no apenas ohomem, cada animal, planta e mineral, tem os seus sete princpios, e o mais elevadoprincpio de todos o stimo vitaliza aquele fio contnuo de vida que passaatravs de toda a evoluo, unindo em sucesso definida as quase inumerveisencarnaes daquela vida que forma uma srie completa. Devemos assimilar todosesses diferentes conceitos e uni-los uns com os outros, ou extrair a sua essncia,para aprender a doutrina do sexto princpio. Seguindo a ordem de idias que agoramesmo nos sugere a aplicao do termo "alma animal" ao quarto princpio, e "almahumana" ao quinto, pode o sexto ser denominado a "alma espiritual" do homem, e ostimo, por conseguinte, o prprio esprito.Sob outro aspecto da idia, o sexto princpio pode ser chamado o veculo dostimo, e o quarto, o veculo do quinto. Contudo, outra forma de focalizar o problemanos ensina a considerar cada um dos princpios superiores, a contar do quarto paracima, como um veculo do que na Filosofia Budista se chama de Vida Una ouEsprito. Segundo este modo de abordar o assunto, a Vida Una aquilo que se aperfeioa, ao habitar os diferentes veculos. No animal, a Vida Una estconcentrada no Kma-rpa. No homem, comea do mesmo modo a penetrar oquinto princpio. No homem aperfeioado penetra o sexto, e quando penetra ostimo princpio o homem deixa de ser homem, atingindo uma condio deexistncia completamente superior.Este ltimo modo de situar a questo especialmente valioso, por prevenir-nos contra a noo de que os quatro princpios superiores so como um feixe devaras, atadas juntas, mas possuindo cada uma a sua individualidade, no caso de sedesatarem. Nem a "alma animal" sozinha nem a "alma espiritual" sozinha tmqualquer individualidade. Por outro lado, o quinto princpio no poderia separar-sedos outros, em tal grau que conservasse sua individualidade, ao passo que osoutros dois princpios ficassem inconscientes. Foi dito que mesmo os princpios maissutis so materiais e moleculares em sua constituio, embora compostos por umaordem de matria muito mais elevada do que podem captar os sentidos fsicos.Portanto, so dissociveis, e o mesmo sexto princpio pode ser imaginado comodivorciando-se de seu vizinho inferior. Neste estado de separao, porm, e no grauatual de desenvolvimento da humanidade, poderia em semelhante circunstnciasimplesmente reencarnar-se e desenvolver um novo quinto princpio, por contatocom um organismo humano. Neste caso, o quinto princpio se apoiaria no quarto,sendo proporcionalmente degradado. Apesar de tudo, este quinto princpio, que nopode permanecer s, o que constitui a personalidade do homem e a sua essncia,em unio com o sexto, a sua contnua individualidade atravs das vidas sucessivas.As circunstncias e as atraes, sob cuja influncia os princpios se dividem,e o modo como a conscincia do homem atua sobre eles, sero objeto de discussomais adiante. Entrementes, compreenderemos melhor o aspecto geral da questoocupando-nos de incio dos processos de evoluo por meio dos quais sedesenvolvem os princpios do homem.

COMENTRIOSAlguma objeo foi levantada ao mtodo de como a Doutrina Esotrica apresentada ao leitor, neste livro, com o fundamento de que materialista. Duvidoeu que, por qualquer outro procedimento, as idias de que trato pudessem serpostas ao alcance da inteligncia, sendo fcil, uma vez entendidas, traduzi-las nostermos prprios de seu idealismo. Os princpios superiores podero serconsiderados melhor como outros tantos estados diferentes do Ego, quando osatributos destes estados forem considerados separadamente como princpiossubmetidos evoluo. Mas vale frisar algo sobre o aspecto da constituio humanaque apresenta a conscincia da entidade, emigrando sucessivamente atravs dosdistintos graus de desenvolvimento que os diferentes princpios significam.Quanto evoluo mais elevada, da qual temos de ocupar-nos agora a doMahtm perfeito , declarou-se algumas vezes, nos ensinamentos ocultos, que aconscincia do Ego adquiria o poder de viver integralmente no sexto princpio. Seria,porm, uma maneira errnea, alm de crassa, de considerar o assunto, supor que oMahtm tenha descartado por completo, como inteis, os invlucros do quarto e doquinto princpios, nos quais sua conscincia pode haver morado durante osanteriores estados de sua evoluo. A entidade que era antes o quarto ou quintoprincpio, chegou agora a ser diferente em seus atributos e a ficar divorciada porcompleto de certas tendncias ou disposies, e , portanto, um sexto princpio. Amudana pode ser descrita, em termos mais gerais, como uma emancipao danatureza do Adepto da servido de seu eu inferior aos desejos da vida terrena comum e mesmo das limitaes dos afetos. Porque o Ego, que estcompletamente consciente em seu sexto princpio, realizou sua unidade com osverdadeiros Egos de toda humanidade, no plano superior, e no pode mais seratrado plos laos de simpatia mais para uns do que para outros. Atingiu aqueleamor pela humanidade como um todo, que transcende o amor de My ou iluso,que constitui a criatura humana e a causa do sentimento de separao do serlimitado nos planos inferiores da evoluo. No que tenha perdido seus quarto equinto princpios mas estes alcanaram o Mahatmado. Do mesmo modo como aalma animal do reino inferior, ao alcanar a humanidade, floresce no quinto estado.Aquela considerao nos ajuda a entender com maior exatido a passagem dosseres humanos comuns atravs de longas sries de encarnaes no plano humano.Tendo penetrado diretamente naquele plano de existncia, a conscincia do homemprimitivo vai gradualmente adquirindo os atributos do quinto princpio. Mas o Ego, aprincpio, permanece , um centro de atividade mental trabalhando principalmentecom impulsos e desejos pertencentes ao quarto estgio da evoluo. Lampejos darazo humana superior iluminam-no com intermitncia no incio, mas, por graus, ohomem mais intelectual atinge a plena posse daquela. Os impulsos da razohumana afirmam-se cada vez mais vigorosamente. A mente fortalecida converte-seem fora predominante na vida. A conscincia transferida ao quinto princpio,oscilando, entretanto, durante muito tempo, entre as tendncias da natureza inferiore as da superior, ou seja: durante vrios perodos evolutivos e vrias centenas devidas e assim purificando e exaltando o Ego. Durante esse tempo, o Ego constituiassim uma unidade, tomado deste ponto de vista, enquanto o sexto princpio apenas uma potencialidade de desenvolvimento posterior. No tocante ao stimoprincpio, este o verdadeiro Incognoscvel, a causa suprema reguladora de todas as coisas, o mesmo em todos os homens, o mesmo tanto para a humanidade., comopara o reino animal, o mesmo para todos os planos de existncia: fsico, astral,devachnico ou nirvnico. Nenhum homem adquiriu um stimo princpio, naconcepo superior do assunto: todos ns somos encobertos, do mesmoincompreensvel modo, pelo stimo princpio do cosmos.Como se harmoniza esta forma de encarar o assunto com a assero feita nocaptulo anterior de que, em certo sentido, os princpios so dissociveis e que atpode imaginar-se o sexto como se divorciando de seu prximo e inferior vizinho edesenvolvendo, por reencamao, um novo quinto princpio por meio do contatocom um organismo humano? No existe qualquer incompatibilidade no esprito deambas as opinies. O stimo princpio uno e indivisvel em toda a Natureza; mas,por intermdio dele, existe uma misteriosa persistncia de certos impulsos de vida,os quais constituem assim fios em que sucessivas existncias podem estarengastadas. Tal impulso de vida no expira, nem mesmo no caso hipoteticamenteextraordinrio em que um Ego, por ele projetado e desenvolvido, at certo ponto, sedesprenda dele totalmente e como um todo completo. No irei expressarprecisamente o que ocorre em caso semelhante, mas as subseqentes encarnaesdo esprito ao longo daquela linha de impulso se devem, claro, seqnciaoriginal. E, destarte, dado o modo materialista de abordar a idia, pode-se dizer,aproximando-nos da preciso tanto quanto nos permita a linguagem, que o sextoprincpio da entidade cada separa-se do quinto original e se reencarna por suaprpria conta.Mas no necessrio que nos ocupemos demasiadamente desses processosanormais. A evoluo normal o problema que temos de resolver primeiro. Aconsiderao dos sete princpios como tais , a meu ver, o mtodo mais instrutivopara abordar o problema. E convm considerar sempre que o Ego uma unidadeque progride atravs de vrias esferas ou estados de existncia, sofrendomudanas, crescimentos e purificaes durante o curso de sua evoluo ou seja,uma conscincia que reside neste, naquele ou em outro dos atributos potenciais deuma entidade humana.

3. A CADEIA PLANETRIAA cincia esotrica, apesar de ser o sistema mais espiritual que se possaimaginar, nos apresenta, ao atuar em toda a Natureza, o sistema de evoluo maiscompleto que a inteligncia humana possa conceber. A teoria darwiniana daevoluo simplesmente o descobrimento independente de uma parte infelizmente s de uma pequena parte de uma vasta verdade natural. Porm, osocultistas sabem explicar a evoluo sem degradar os mais elevados princpios dohomem. A doutrina esotrica no tem nenhuma obrigao de manter a sua cincia ereligio em compartimentos estanques. Sua teoria da fsica e sua teoria daespiritualidade no so irreconciliveis; esto intimamente vinculadas e dependemuma da outra. E o primeiro grande fato que a cincia oculta nos exibe, com relao origem do homem neste globo, vem em auxlio da imaginao para alguns sriosproblemas da noo cientfica familiar de evoluo. A evoluo do homem noconsiste num processo que apenas acontece neste planeta. um resultado para oque contribuem muitos mundos em condies diferentes de desenvolvimentomaterial e espiritual. Se esta assero fosse exposta apenas como uma conjectura, certo que forosamente se recomendaria por si mesma s inteligncias racionais.Pois existe uma irracionalidade manifesta na noo banal de que a existncia dohomem est dividida num comeo material, que dura sessenta ou setenta anos, enum resto espiritual de eterna durao. O irracional converte-se em absurdo quandose pretende que os atos dos sessenta ou setenta anos as confusas e frvolasaes da ignorante vida humana sejam consentidos pela perfeita justia de umasapientssima Providncia, para definir as condies daquela vida pstuma dedurao infinita. No menos disparatado imaginar que, excetuada a questo dejustia, a vida do alm deva estar isenta da lei da mudana, do progresso e doaperfeioamento, que todas as analogias da Natureza indicam como funcionandoprovavelmente em todas as variadas existncias do Universo. Mas abandone-se deuma vez por todas a idia de uma vida do alm uniforme, invarivel e noprogressiva admita-se por um instante o conceito de mudana e progressonaquela vida e conceba-se a idia de uma variedade dificilmente compatvel comqualquer outra hiptese seno a do progresso atravs de mundos sucessivos. Comoafirmamos antes, no isto, de modo algum, uma hiptese para a cincia oculta,mas um fato determinado e comprovado (por ocultistas) fora de qualquer dvida oucontradio.A vida e os processos evolucionrios deste planeta numa palavra, tudo oque faz dele algo mais que uma massa inerte de matria catica estoencadeados com a vida e os processos evolucionrios de vrios outros planetas.Mas no v supor-se a inexistncia de finalidade no que se refere ao esquema destaunio planetria a que pertencemos. A imaginao humana, uma vez posta emliberdade, s vezes arremessa-se bem longe. Aceite-se plenamente como provvelou verdadeira esta noo de que a Terra constitui meramente um elo na grandecadeia de mundos, e poderia originar a idia de que a totalidade dos cus estrelados a herana da famlia humana. Tal idia implicaria um erro grave. Um s globo nooferece lugar Natureza para os processos mediante os quais o gnero humano foievocado do caos. Estes processos exigem apenas um nmero limitado e definido deglobos. Separados como esto no tocante grosseira matria fsica de que soformados, os globos se acham estreita e intimamente unidos por meio de sutiscorrentes e foras, cuja existncia no requer muito esforo racional para seradmitida, desde o momento em que a existncia de alguma conexo de fora oumeios etreos que une todos os corpos celestes visveis, prova-se pelo mero fatode que so visveis. Por intermdio dessas correntes sutis como os elementos devida passam de um mundo a outro.Entretanto, o fato , ao mesmo tempo, suscetvel de m interpretaodecorrente de opinies preconcebidas. Alguns leitores imaginaro que queremosafirmar que, aps a morte, a alma ser arrastada pelas correntes daquele mundocom o qual as suas afinidades se relacionam. O processo real mais metdico. Osistema de mundos um circuito em torno do qual todas as entidades espirituaisindividuais devem passar igualmente, e esta passagem constitui a Evoluo doHomem. Deve-se entender, portanto, que essa evoluo um processo ainda ematividade e que de modo algum ele est completo. Os escritos darwinianosensinaram o mundo moderno a encarar o macaco como um antecessor, mas asimples vaidade da especulao ocidental raras vezes permitiu que osevolucionistas europeus des