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UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ Centro de Humanidades/ CH Coordenação das Ciências Sociais O CANTADOR QUE DIZIA A MENTIRA PARA FALAR A VERDADE: Um retrato social do sertanejo empobrecido através da literatura de cordel FORTALEZA/CEARÁ OUTUBRO/2008.

O CANTADOR QUE DIZIA A MENTIRA PRA FALAR A VERDADE+ilustra…

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UECE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

Centro de Humanidades/ CH Coordenação das Ciências Sociais

O CANTADOR QUE DIZIA A MENTIRA PARA FALAR A

VERDADE: Um retrato social do sertanejo empobrecido

através da literatura de cordel

FORTALEZA/CEARÁ OUTUBRO/2008.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ/UECE Centro de Humanidades/CH

Coordenação das Ciências Sociais

O cantador que dizia mentira para falar a verdade:

Um retrato social do sertanejo empobrecido através da

literatura de cordel

Pedro Jorge Chaves Mourão

Trabalho apresentado à disciplina de Sociologia III,

desenvolvida na Coordenação de Ciências Sociais

da Universidade Estadual do Ceará, período 2008.1,

ministrada pela Professora Dr. Celeste Cordeiro,

como requisito para obtenção da aprovação na

disciplina.

Fortaleza 2008.1.

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Posso dizer que cantei aquilo que observei; tenho certeza que dei aprova da relação. Nem tudo é tristeza e

amargura, indigência e desventura. —Mas veja, leitor, quanto é dura a seca no meu sertão.

Cantador anônimo

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1. INTRODUÇÃO

Por natureza o homem se difere dos animais dos quais transcendeu, mas como disse

Max Weber, a aranha criou teias para prender suas presas e o homem criou teias para se

prender neste mundo, e essas teias são a cultura. A principal ferramenta de sobrevivência do

homem é sua capacidade de pensar, e racionalizar o mundo que o cerca, traçar estratégias. É

nesse sentido que essa pesquisa trabalha, observando e analisando essa teia de sentidos e

estratégias que o personagem do sertanejo nordestino retratado na literatura de cordel tece

para se fixar nesse mundo, suas representações sobre a condição de pobreza, que aos nossos

olhos permeia seu viver.

Mas não a condição de pobreza das capitais do nordeste e sim a pobreza do campo, a

pobreza rural que se apresenta ao meu ver de forma mais explicita e crua para nossos olhos de

classe média urbana intelectualizada da capital. Pois os pobres que nos circundam já

calejaram nossas retinas e raciocínios resolutivos, a ponto de tornar a sua situação algo natural

e próprio da cidade grande. Onde a lógica do capitalismo “meritocrático” (erro crasso) os

torna o resultado de suas próprias falhas e liberta de culpabilidade a estrutura reprodutora das

desigualdades dentro das grandes cidades (urbe et ordine), porém este falso silogismo não

está estritamente vinculado ao foco desta analise, mas sim de maneira diluída do decorrer do

todo.

2. OBJETIVO

O método que se desenvolve no decorrer do trabalho remete a uma apreciação da obra

de Joel Rufino dos Santos, em Épuras do social como os intelectuais podem trabalhar para

os pobres. Rufino utiliza obras da literatura brasileira para extrair o retrato do pobre e a partir

deste construir uma reflexão sobre o papel do intelectual dentro dessa estrutura polarizadora

(pobres versus ricos, tendo a classe média à função de “entre-classe”). Longe da perspectiva

de desmerecer seu trabalho, irretocável, estou sim a procura da fonte mais apropriada para

compreender a pobreza, que são os que vivem nela. Os pobres. Mas quem são os pobres? Um

pobre nordestino ou um nordestino pobre? Eles vivem e morrem na condição da pobreza? As

pessoas nascem pobres ou ricas? E o que é a pobreza? Uma posição social, uma benção, uma

situação, uma condição, ou uma maldição?

Não se busca aqui fazer uma revisão literária do cordel. Longe disso, a reconstrução de

um quebra-cabeça a partir das peças espalhadas dentro dos cordéis é o desafio que move todo

o raciocínio empregado para a tecelagem do retratado na literatura de cordel. Partindo das

estórias para construir a História. Está é a melhor definição para o que a pesquisa deseja

conseguir com a sua investigação.

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3. JUSTIFICATIVA

A escolha do tema tem ligações com o senso-comum, pois o desejo aqui era de revelar a

relativização da pobreza e como esse fenômeno se apresenta de forma fluida, e difusa nas

sociedades.Cada grupo social produz suas idéias e concepções do mundo, algumas

intercambiáveis, mas nenhuma universal, pois o que se chama vulgarmente de realidade está

longe de ter tal abrangência. O fato que chamou minha a atenção em “Épuras do social: como

os intelectuais podem trabalhar para os pobres”foram os autores escolhidos que em parte são

de classes médias, letrados (intelectualizados), e que da condição de pobreza e de

miserabilidade só viram a passeio e nela não fizeram morada. O pobre é aquele que jaz na

miséria, não só na miséria material, mas também no esquecimento na memória oficial.

Quando vamos ao médico nos consultar, a primeira coisa que o profissional faz é nos

indagar a respeito do que sentimos, salvo as exceções em que o paciente não tem capacidade

para descrever seus sintomas. Acredito que os que estão na condição de pobreza podem muito

bem ser ouvidos a respeito de seus interesses, sensações, ódios e amores, mesmo que uma das

condições para ser pobre seja a escassez de ferramentas de representação institucionalizadas.

Logo, quem melhor do que eu para falar o que sinto? Quem melhor que eu para falar sobre o

que vi e vivi? O olhar que Rufino utilizou como base de sua obra foi o olhar de autores quem

não necessariamente comungaram da experiência de uma vida na pobreza, mas sim próxima

aos pobres, ou seja, é um olhar sobre o olhar de alguém que esteve sobre o objeto pesquisado

e por isso. Porém esse não foi o objetivo central de sua obra, mas é o objetivo desta.

4. METODOLOGIA

Esse fato não chega a descreditar a obra, mas interfere de maneira crucial para a

percepção do fenômeno chamado: pobreza, aqui abordado, digo fenômeno da maneira

durkheimiana de perceber o fato social, como coisa, longe de naturalizar o objeto, trazendo-o

para a luz da alteridade antropológica ao melhor estilo weberiano de analisar os sentidos das

ações dos agentes sociais, e contextualizando dentro do olhar materialista histórico de

marxiano. Porém sem jamais esquecer a subjetividade que está embutida na matéria.

O motivo pelo qual digo no subtítulo desse artigo as palavras “retrato social” estão

diretamente vinculadas ao modo de olhar para o objeto. Como um olhar panorâmico, que

auxilia o observador á ver as ações e os objetos de um ponto de vista mais generalista, no alto

de uma montanha. O olhar generalista aqui empregado não necessariamente está vinculado a

ausência de conhecimentos específicos sobre o objeto estudado (realidade, cultura popular).

Farei uso da pesquisa documental à luz da sociologia reflexiva, através da literatura de cordel,

cujos autores são em sua maioria indivíduos que “residiram na pobreza” grande parte de suas

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vidas, ou que estiveram na condição de pobreza durante a maior parte de sua formação.

Entretanto, sem largar mão de utilizar outras fontes como vídeos e músicas para uma

representação (ou tradução) do fenômeno da pobreza. Essas fontes juntamente com a idéia de

“pobreza relativa”, de que a pobreza é uma posição simétrica á riqueza e de que a pobreza não

é, ela está em relação ao observador, são o ponto de partida para o pensamento e método

reflexivo. Quebrando com a lógica de “tratar os pobres como feridas”, ou que “cabeça de

pobre é para-raio”. Pois os mesmos pobres de antemão já descrevem em seus relatos que não

compartilham da mesma visão.

No ano noventa e seis Meu pai foi assassinado Pela família dos Ramos, Já sendo nosso intrigado, Que era subdelegado. ...................... Para punir esse crime Ninguém se apresentou; A Justiça do lugar Também não se interessou; Aos bandidos a policia Pareceu que auxiliou... ........................ E eu, que vi a Justiça Mostrar-se de fora à parte Murmurei com meus botões: - Também eu hei de arrumar-te Não quero código melhor Do que seja o bacamarte.

Eu chamei pela justiça, Esta não quis me escutar, Vali-me do bacamarte, Que me veio auxiliar. Nele achei todas as penas Que um código pode encerrar! .......................... No bacamarte eu achei Leis que decidem questão, Que fazem melhor processo Do que qualquer escrivão, As balas eram soldados Com que eu fazia prisão. .......................... Minha justiça era reta Para qualquer criatura, Sempre prendi os meus réus Em casa muito segura: Pois nunca se viu ninguém Fugir duma sepultura!(1)

O trecho acima revela que as percepções que colocam as camadas mais baixas da

população como meros expectadores do cotidiano estão marcadas por um sentimento

paternalista romântico.

Ou seja, já que “para punir esse crime ninguém se apresentou” “também hei de

arrumar-te”. Valores como: a ordem, a justiça e a liberdade do ponto de vista das pessoas em

situação de pobreza (em relação ao resto da sociedade) são valores que podem ser adquiridos

pelos meios institucionalizados (como voto, representação política, policia, poder judiciário e

todo o aparato estatal), mas caso falhem (e geralmente falham para esses grupos sociais por

múltiplos fatores conjunturais e estruturais) eles as buscaram através de alternativas sociais

historicamente construídas (como banditismo, contrabando, linchamentos, dentre alternativas

de vivência e sobrevivência).

O legal e o ilegal são as duas faces de uma mesma moeda. Ambas se apresentam como

meios para fins, que individualmente são julgados de maneira maniqueísta como certo e

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errado, mas se observadas do ponto de vista do coletivo podem representar algo bem mais

complexo real do que “um mundo dividido entre pessoas boas e más”.

O caminho que se pretende traçar para conceituar o sertanejo empobrecido

(empobrecido do ponto de vista histórico) tenta descobrir primeiramente o que é pobreza no

sertão nordestino e para seus agentes (vaqueiros, agricultores, cangaceiros, coronéis, etc), e

posteriormente quem é o pobre e quais suas percepções do mundo. É através da analise e

descrição dos agentes, mas como o foco voltado para os signos da pobreza e sua relação com

seus portadores. Ou seja, estrada que leva até a morada do homem sertanejo passa pela

“cidadezinha” onde ele mora, depois passa pela estrada de terra batida, entra em uma

bifurcação que eleva até sua casa no meio do roçado onde ele vive com sua família. Esse será

o percurso analítico que se pretende percorrer.

Sine ira et studio (sem cólera nem parcialidade), este é o caminho pelo qual busca se

descrever as representações da pobreza para a população nordestina do sertão. O método

reflexivo defendido em O Legado sociológico de Pierre Bourdieu: Duas dimensões e uma

nota (WACQUANT, 2002). É ilustrado na seguinte passagem:

“Se o modo de argumentar de Bourdieu é como uma teia, com ramificações, se seus conceitos - chave são relacionais (habitus, campo e capital são todos constituídos de ‘feixes’ de laços sociais em diferentes estados – personificados, objetivados, institucionalizados – e funcionam muito mais eficazmente uns em relação aos outros), é porque o universo social é constituído dessa maneira, segundo ele. Então nós procuramos reter a conectividade intrínseca da realidade social e o raciocínio sociológico enquanto desfazíamos os emaranhados de ambos, para habilitar os leitores e os usuários do livro a capturar o cerne da ontologia social, do método e das teorias substantivas de Bourdieu”. (WACQUANT, 2002:102).

As ferramentas epistemológicas de Bourdieu serão fundamentais para a desconstrução

de um saber imediato ilusório e a construção de um “reflexo” realista da pobreza no sertão

nordestino descrito em cordéis.

A caminhada até a “casa” do sertanejo empobrecido. (o homem e o meio natural)

“Nas estradas do Nordeste, temos muito o que ver: d’aurora ao anoitecer, é um verdadeiro teste, que temos que enfrentar, pra poder nos deslocar, desde o sertão ao agreste”. Cantador anônimo.

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O personagem da narrativa é João Grilo, um típico personagem da literatura nordestina.

Aqui o autor, João Martins, narra as condições nas quais nasceu o personagem da trama, o

sertanejo pobre. “João Grilo criou-se pequeno, magro e sambudo as pernas tortas e finas e

boca grande e beiçudo, no sítio onde morava dava notícia de tudo. João perdeu o seu pai com

sete anos de idade morava perto de um rio. Ia pescar toda tarde um dia fez uma cena que

admirou a cidade.” (2)

Deste trecho pode se extrair a relação da moradia onde João grilo nasceu e as

características naturais do relevo. A presença de água para a sobrevivência do sertanejo talvez

seja a base de referência mais adequada para sabermos a localização destes indivíduos. A

relação com a água é um fator já citado por inúmeros autores das ciências sociais como fator

marcante para o desenvolvimento e estabelecimento da raça humana em uma determinada

localidade, desde da antiga Mesopotâmia até a construção irrigação artificial para a

colonização judaica palestina durante as décadas de 1950-1970. Ou seja, agora pode se

afirmar com relativa segurança que já temos alguma pista do paradeiro do objeto de pesquisa.

Pois onde houver água e terra para lavrar ele possivelmente estará lá.

“Passou-se setembro, outubro e novembro. Me Deus que é de nós? Assim diz o pobre do seco Nordeste, com medo da peste e da fome feroz. A treze do mês fez a experiência de novo se agarra esperando a barra do alegre Natal. Passou-se o Natal e a barra não veio, o sol tão vermeio nasceu muito além na copa da mata. Buzina a cigarra, ninguém vê a barra, pois barra não tem”.(3)

Aqui percebe se mais uma vez a relação de dependência entre o sertanejo e o clima da

região do Nordeste brasileiro. O período chamado “inverno” pelo nordestino é o período de

maior incidência pluviométrica, é quando os rios temporários que irrigam a região interiorana

do sertão fluem e possibilitam a irrigação dos plantios e criações de bovinos, caprinos e

ovinos dos camponeses. A “barra” a qual o trecho do cordel se refere é o termo utilizado por

alguns nordestinos, sendo mais comuns no sertão paraibano para se referir às nuvens

carregadas que surgem no horizonte poente. A expectativa para o começo da estação chuvosa

e o inicio do plantio é ponto marcante para o estabelecimento destes indivíduos em seus

territórios de origem, fazendas, sítios e roçados. A sua relação com a natureza é expressa pela

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observação dos sinais da natureza que antecipam o inverno nordestino, como o canto da

cigarra. Em conseqüência de fenômenos próprios do clima da região acentua-se o êxodo rural,

fazendo os camponeses das caatingas do Nordeste brasileiro debandarem de lá em busca de

condições de sobrevivência nas grandes capitais. Os problemas sociais que surgem revelados

nesse processo são alavancados pela velha estrutura da sociedade colonial, dentro da lógica da

alta concentração de renda nas mãos de poucos (donos de fazendas e de antigos engenhos de

beneficiamento de produtos agrícolas, cana e milho), da política de baixos salários e associada

a sazonais períodos de seca que impossibilitam o homem do campo de produzir seu sustento e

por ocasião também à parte da produção destinada ao dono terra na qual trabalha.

Mas por hora, não se pode afirmar que o pobre foi conceituado dentro de um contexto

social. Neste primeiro momento o ideal talvez seja traçar grosso modo um esboço geral do

que seria da estrutura básica da sociedade na qual se situa o sertanejo nordestino

empobrecido, em situação de pobreza (e não o pobre sertanejo nordestino). Os fatores

estruturais serão a base da compreensão do contexto social, econômico e cultural onde se

produz e se reproduz o fenômeno observado, pois no nordeste seco (interior, não o litoral) o

primeiro conglomerado de fatores estruturais retirados dos cordéis diz respeito às condições

onde toda a sociedade sertaneja é submetida. Toda esta sociedade está à mercê do clima da

região, não determinada por ele de forma absoluta, mas de forma relativa. Primeiramente

extrínseca e depois intrínseca, pois durante a formação da sociedade sertaneja os fatores

climáticos foram se tornando o mote para o desenvolvimento deste grupo. A organização do

calendário, dos festejos, a religiosidade, a estrutura acaba por se modificar e se reorganizar em

função do clima da região. Um bom arquétipo disso está na relação entre os festejos de São

José que passou a indicar o inicio da estação chuvosa, e a crença de que caso chova no dia de

São José haverá quantidade de chuva em abundancia na região. Tal festejo não tinha este

significado originalmente quando foi introduzido na região pelos colonos portugueses, mas

adquiriu esse significado através do devir histórico. O que era extrínseco passou a ser

intrínseco devido ao processo de formação da sociedade nordestina. Uma maneira de tentar

apreender esse fenômeno é assumir a disposição de perceber que cada um deles que se

expressa em cada maneira diferente de perceber, interpretar e (nesse caso principalmente)

representar aquilo que se quer observar como as “coisas” do “sertanejo empobrecido”. Isto “é

uma estória que eles contam a eles próprios, sobre eles mesmos” (GEERTZ apud DA

MATTA, 1980: 52)

Repito aqui que, valores como: a ordem, a justiça e a liberdade do ponto de vista das

pessoas em situação de pobreza (em relação ao resto da sociedade) são valores que podem ser

estabelecidos através de escolhas sociais historicamente construídas (como banditismo,

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contrabando, linchamentos, vinganças, dentre alternativas de vivência e sobrevivência). As

regras que iram conduzir essa socialização do sertanejo são próprias da estrutura de sua

sociedade local e serão o literalmente o mote das canções, poesias, cordéis deles. Até quando

os elementos fictícios se apresentam dentro dessas tramas, eles estão ligados indireta ou

diretamente as sua “realidade”.

Um cabra de Lampião por nome Pilão Deitado que morreu numa trincheira um certo tempo passado agora pelo sertão anda correndo visão fazendo mal-assombrado. E foi quem trouxe a notícia que viu Lampião chegar o inferno nesse dia faltou pouco pra virar incendiou-se o mercado, morreu tanto cão queimado que faz pena até contar.(...). Vamos tratar da chegada quando Lampião. Bateu, um moleque ainda moço no portão apareceu: Quem é você, cavalheiro? Moleque, eu sou cangaceiro: Lampião lhe respondeu. - Moleque, não; sou vigia e não sou seu parceiro e você aqui não entra sem dizer quem é primeiro: - Moleque, abra o portão saiba que sou Lampião assombro do mundo inteiro. Então esse tal vigia que trabalha no portão dá pisa que voa cinza não procura distinção o negro, escreveu não leu o macaíba comeu lá não se usa perdão. (4)

No trecho acima citado, o autor narra a chegada de Lampião no inferno. Lampião foi

nos idos de 1930 um dos cangaceiros mais famosos no nordeste brasileiro, que por alguns era

admirado e por outros era odiado. A narrativa fantástica da chegada de Lampião ao inferno

revela pontualmente características básicas da sociedade sertaneja. A presença de hierarquia

do plano metafísico que expressa a própria hierarquia da terra, “Quem é você, cavalheiro?

Moleque, eu sou cangaceiro: Lampião lhe respondeu. - Moleque, não; sou vigia e não sou seu parceiro

e você aqui não entra sem dizer quem é primeiro”.O entender o conceito de pertencimento é

fundamental para estabelecer uma relação direta com o outro dentro desta sociedade. No trecho final

da obra o autor faz uma afirmação através do personagem de Lúcifer que pode nos fazer interpretar

bem melhor a socialização no interior do Nordeste: “Reclamava Lúcifer: horror mais não precisa, os

anos ruins de safra agora mais esta pisa, se não houver bom inverno tão cedo aqui no inferno ninguém

compra uma camisa”. A agricultura para o personagem é o ponto fundamental de seu mundo, que sem

um “bom inverno”, ou seja, sem uma boa estação de chuvas, todos, sem distinção iram pagar o preço

da miséria. O que se pode entender é que o fenômeno das secas no nordeste é também representado no

plano infernal, que a lógica da caatinga por permear todo a lógica da vivência desse povo também

permeia a lógica de sua criação imaginaria representada

aqui na literatura de cordel.

Bem, até então, pode-se afirmar que é através da

agricultura e da pecuária que o homem sertanejo se

relaciona como a natureza, e que é por meio dela que

essa sociedade obtém seu sustento e sua riqueza. A

variações do clima são um ponto de extrema relevância

para entender sua relação com o meio físico-natural,

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pois em períodos de seca o empobrecimento é generalizada e ultrapassa os que se situam abaixo do

nível de vida da comunidade, e alcança os demais membros da sociedade em grau proporcional a sua

posição dentro da mesma. Outra observação importante é a relação dessa sociedade com os recursos

hídricos, o estabelecimento de povoados é diretamente ligado a esses recursos. O meio natural é

representado na literatura de cordel como um agente crucial para a socialização dentro da comunidade,

como um agente invisível, com o qual não se pode negociar ou tratar diretamente. Os elementos de

mediação entre o homem sertanejo e a natureza podem ser pontos indiciários que a própria natureza

oferece como as aves de arribação, as nuvens, a coloração da lua em determinado período do ano, etc,

e os elementos de apelação divina, como preces aos santos e a Deus, festas religiosas, os padres,

beatos e beatas (lideres religiosos como um todo). Estes elementos de apelação divina e elementos

indiciários naturais se misturam e compõem o referencial simbólico místico e racionalizado

representado no folheto de cordel oriunda dessa sociedade.

“Ai, como é duro viver nos Estados do Nordeste quando o nosso Pai Celeste não manda a nuvem chover. É bem triste a gente ver findar o mês de janeiro depois findar fevereiro e março também passar, sem o inverno começar no Nordeste brasileiro. Berra o gado impaciente reclamando o verde pasto, desfigurado e arrasto, com o olhar de penitente; o fazendeiro, descrente, um jeito não pode dar, o sol ardente a queimar e o vento forte soprando, a gente fica pensando que o mundo vai se acabar. Caminhando pelo espaço, como os trapos de um lençol, pras bandas do pôr do sol, as nuvens vão em fracasso: aqui e ali um pedaço vagando... Sempre vagando, quem estiver reparando faz logo a comparação de umas pastas de algodão que o vento vai carregando.De manhã, bem de manhã, vem da montanha um agouro de gargalhada e de choro da feia e triste cauã: um bando de ribançã pelo espaço a se perder, pra de fome não morrer, vai atrás de outro lugar, e ali só há de voltar, um dia, quando chover”. (5)

As pelejas do sertanejo empobrecido. (o homem e o meio social)

O meu nome é Severino, não tem outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria deram então deram então de me chamar Severino de Maria. Como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo da Maria do finado Zacarias. Mas isso ainda diz pouco, há muitos na freguesia por causa de um coronel que se chamou Zacarias, que foi o mais antigo senhor dessa sesmaria. João Cabral de Melo Neto

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Como esse trabalho está voltado para a questão da pobreza no sertão nordestino

representado na literatura de cordel, a lógica da observação pede uma conceitualização básica,

do objeto estudado, a pobreza. Pobreza, segundo o dicionário de sociologia (GLOBO, 1961),

é a situação em que se encontra o que é (relativamente) pobre, situação abaixo do nível de

vida da comunidade em que o um agente ou grupo está. O que se qualifica como nível de

vida é um parâmetro socialmente regido que estabelece as condições medianas para a vida

dentro de uma comunidade grupo ou sociedade. Ou seja, pobre é a oposição geométrica social

na riqueza, da vida abastada.

Um fato ocorrido em uma outra pesquisa pode exemplificar bem o fenômeno essa

relação (fenômeno-lógica). Em Fevereiro de 2005, fui fazer uma pesquisa de intenção de voto

no distrito de Lagoinha, na cidade de Paraibapa, interior do Ceará e durante o processo

entrevistei um fazendeiro da região. Lembro que sua casa era feita com tijolos brancos

expostos sem reboco que davam a impressão de queimados pelo tempo de exposição ao sol,

havia três quartos e um que não tinha o teto e nem chão feitos, para o fazendeiro, a mulher, e

mais três filhos pequenos de 14, 10 e 9 meses respectivamente. Ele tinha estudado até a 8º

série do ensino fundamental, possuía a escritura de sua fazenda, um carro pequeno com

caçamba em péssimo estado de conservação (que chegava a ponto de o tanque de combustível

ter sido substituído por uma garrafa do tipo PET de dois litros, onde se põe bebidas

refrigerantes). Uma espingarda enferrujada, e duas cabras, pouco mais de oito galinhas e três

vacas. Aos meus olhos acostumados com os valores e costumes da grande metrópole aquele

homem era pobre. Porém ao terminar a entrevista e voltar para a cidade parei em um mercado

pequeno na beira da estrada de barro, e lá o dono me indagou se eu havia entrevistado o

senhor Pedro. Respondi que tinha acabado de sair de sua fazenda. O dono do mercado disse: -

Aquele é um dos homens mais ricos dessa região. Aquela afirmação me deixou

impressionado, pois se aquele homem era rico quem seriam os pobres delas?

Para os padrões daquele grupo meu entrevistado era rico, pois dentro daquela

comunidade ele tinha mais bens e capitais que lhe propiciavam uma condição melhor de vida

em relação à maioria das pessoas daquela comunidade.

“Meu avô foi muito rico e meu pai foi abastado, mas não me mandou educar porque onde eu fui criado o povo não aprecia o homem civilizado. Ali se aprecia muito um cantador, um vaqueiro, um amansador de potro que seja bem caatingueiro, um homem que mata onça ou então um cangaceiro”.(6)

Pela lógica dos espaços sociais o pobre nesse caso não tem tantas posses, nem ninguém

o menciona como alguém influente na região, nem a terra que ele lavra e nem a casa que ele

mora pertence a ele, menos ainda educação formal avançada. O capital simbólico é outro fator

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de suma importância, pois esse posicionamento dentro do espaço social está em função

diretamente proporcional aos capitais simbólicos e materiais de cada agente.

Agora o próximo passo é descrever as relações no meio social entre esse agente e a

partir daí interpretar sua estrutura de organização social.

“No ano noventa e seis meu pai foi assassinado pela família dos ramos, já sendo nosso

intrigado, um deles o José ramos, que era subdelegado”.(7) O trecho do cordel “Antonio

Silvino, vida, crimes e julgamento” mostra uma característica de como se estrutura as

comunidades do interior nordestino por meio de entroncamentos de parentelas que se aliam e

rivalizam umas com as outras em detrimento da disputa pelo poder e prestígio local. Que

analisa com propriedade essa teia de relações é a Socióloga Maria Isaura Pereira da Queiroz,

que em diversas obras analisa a cultura do cangaço do período de 1900-1940. Segundo Maria

Isaura, as questões entre vizinhos abundavam (no período do cangaço no nordeste), por

motivos os mais diversos: brigas por posse e gado e de terras; ambição de dominar

politicamente um povoado ou uma região; recusa de casamentos; crimes “contra a honra

masculina”, etc. Estes grandes troncos de parentelas encerravam em seu interior desde

fazendeiros abastados até o humilde morado, passando pelo vaqueiro, ligados ao chefe por

parentesco de sangue muitas vezes, ou por laços de compadrio, ou por sentimentos de

gratidão. (QUEIROZ, 1991: 60).

Exemplo.

Obs.:(observando que nas devidas medidas, mesmo dentro dos troncos das parentelas

existe a conflitualidade.)

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Aqui está uma instituição, básica para compreender a lógica das “coisas” no sertão

relatado pelos cordéis, essa é, a lógica do compadrio e da parentela, em que para sobreviver é

necessário um alinhamento com uma parentela. Maria Isaura diz mais, As barreiras entre

grupos sertanejos não eram horizontais, separando uma camada socioeconômica de outra;

eram verticais, afastando um grande tronco de parentela de outro tronco semelhante.

(QUEIROZ, 1991: 60).

É bom sublinhar que os relatos do cordel não necessariamente têm um vinculo com a

realidade dos fatos e que a tese aqui exposta é de que a estrutura dessa sociedade pode ser

compreendida através de suas obras literárias, que através das conseqüências podem-se

compreender as causas, pois ambas seguem um ciclo em espiral de resignificação (causa -

conseqüência - novas causas – novas conseqüências), e a partir da arte de uma determinada

cultura pode-se entender um pouco mais sobre seu funcionamento empírico.

O cordel “Antonio Silvino, vida, crimes e julgamento” foi escrito dentro de um período

circunscrito do tempo, (entre 1900 a 1930) a data está aberta, pois não se tem registro exato de

data de sua feitura, sendo somente publicado oficialmente por uma editora em 1975. Porém, a

estrutura que se deseja captar não se altera com grande facilidade. O que cabe neste trabalho é

a analise do arcabouço de composição desta sociedade, sendo assim deixa-se de lado os

fatores mais pontuais e conjunturais que são relatados nos cordéis.

Entre parentelas era que viviam esses homens retratados em cordéis, dentro desses

verticalização das camadas sociais. Outro exemplo dessa estrutura está na citação abaixo:

“Então a família ramos fugiu para Imaculada, onde por Delmiro Dantas foi protegida

e guardada, Nunca mais peguei um deles nem mesmo numa emboscada. Desde esse tempo

vivo sofrendo perseguição, mas com minha atividade evitei prisão, vendo-me, assim,

obrigado a fazer-me valentão! No ano noventa e sete um meu parente e amigo, o velho

Silvino Aires, dissera-me:- vem comigo ao Teixeira (cidade do Estado da Paraíba), que eu

preciso vingar-me de um inimigo”.(8)

O medo gera a necessidade de proteção a ataques de parentelas rivais tanto pela luta por

poder tanto pela sobrevivência, pois na sociedade sertaneja a presença do Estado, que seria o

árbitro entre os conflitos individuais não se mostrava presente e quando se apresenta está

vinculado ao interesse de particulares ao invés do coletivo. Durante o julgamento descrito no

cordel “Antonio Silvino, Vida, Crimes e Julgamento” é mostrado na narrativa do personagem

principal a parcialidade do Estado para com o sertanejo:

“-Concedo ao réu a palavra. Para ele se explicar; Dizendo quais as razões que teve para matar, e em que lei encontrou o direito de saquear. –Senhor juiz, eu criei-me

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como um bom sertanejo honrado, vivendo do meu trabalho sem a ninguém ser pesado. Quando atingi dezoito anos vi meu pai assassinado. Os que mataram meu pai em vez de perseguição da policia do lugar tiveram foi proteção, então resolvi matá-los e acho que com razão”.(9)

O individual ganha força sobre o coletivo, e o sertanejo empobrecido se vê obrigado a

colaborar dentro de uma “Família” que proteja a ele, e as suas posses do ataque de seus

vizinhos. A solidariedade das parentelas se torna o instrumento para a criação da desunião na

caatinga. Agora a descoberta do conceito de parentela pode dar-nos uma localização

conceitual aproximada do sertanejo empobrecido, que agora se sabe que faz provavelmente

faz exerce algum tipo de trabalho braçal, lavoura ou trato com o gado; não tem uma formação

educacional formal e quando tem não chega ao nível superior, pois o estudo não tem grande

valia dentro da lógica imediatista e utilitarista da sobrevivência; não tem grandes posses

materiais nem tem um grau elevado de capital social e quando tem é através da parentela a

qual faz parte e dentro dela está no mais baixo escalão estando ao dispor do senhor da

parentela (coronel) para formar milícia quando for necessário defender as posses do “coronel”

de alguma outra parentela. Para matar ou morrer. O processo inverso também ocorria, um

coronel defender seu “protegido” de acordo com sua conveniência. Entre lutas de coronéis,

beatos e cangaceiros, é ali que está o sertanejo empobrecido relatado pela literatura de cordel

aqui analisado.

O grande debate do sociólogo com

cantador de cordéis. (Observações

finais)

“Os códigos dominantes e a linguagem universal do poder

traduzem mal, ou não traduzem o cotidiano popular” Alfredo Bosi.

Através das imagens e do imaginário popular

retratado em vários folhetins de cordel buscou-se fazer a

o retrato do sertanejo empobrecido do Nordeste brasileiro. A escolha dos cordéis que foram

citados foi feita através de uma seleção que levava em conta o fato de terem suas narrativas

voltadas para o sertão nordestino e que seus autores pertencessem a comunidades do sertão,

que fossem nascidos (e) ou criados dentro desse universo de significados, e que não

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pertencessem a famílias abastadas. Esses critérios têm a função de “proteger” essa pesquisa de

qualquer experiência que não fosse a experiência na voz do nativo (vox populi), e repeti-se a

pergunta; quem é melhor para falar de mim do que eu? Por isso o trabalho aqui empregado foi

acima de qualquer coisa uma tradução, para a linguagem acadêmica, para uma linguagem dos

dominantes, para uma linguagem universal, mesmo que o nativo esteja nativo mentindo.

Dentre os autores pesquisados estão os poetas Leandro Gomes de Barros (1865-1918) e João

Martins de Athayde (1880-1959) que estão entre os principais autores da literatura de cordel.

A arte tem uma relação com seu tempo, porém a seleção aqui empregada se submete a

ele, pois as estruturas das sociedades se conservam e se resignificam através dos tempos, ou

seja, o fator tempo nessa pesquisa só tem a colaborar com analise sócio-lógica. Pois, foram

observados cordéis que vão desde 1900 a 2000 e os elementos da narrativa que descrevem as

estruturas elementares dessa sociedade só tornaram a se repetir, como o ciclo das secas, as

relações de parentelas e as brechas deixadas pelo Estado no sertão. Vale ressaltar que com o

massivo processo de penetração do Estado nas regiões afastadas do interior da caatinga,

através de serviços diversos, implica em um primeiro momento que para esse aparelhamento

externo à sociedade (juizados, destacamentos federais, repartições públicas) terá que fazer

laços com essas lideranças locais de base tradicionalista. Porém, cada vez mais esse aparelho

técnico-burocrático tende a relacionar com as antigas forças tradicionais, e por conseqüência

(re)-significando a estrutura social.

O trabalho se concentra em saber o porque das mentiras, e mostrar as verdades para

desfazer os enganos. A proposta do trabalho foi se aproximar da “descrição densa” de Geertz,

e “também, seguir a trilha de Leskow e ouvir a ‘voz da natureza’ na expectativa de que a

narrativa deixe o leitor descobrir e interpretar o sentido da história” (CORTEZ, 2005: 21).

Algo que trouxe “surpresa” foi que durante a pesquisa para referências bibliográficas

em Literatura pouco se achou sobre o cordel, ou nomes de cordelistas em livros de literatura

clássica e de ensino médio. O que será que não os “qualifica” para estar entre os nomes dos

“imortais”? Por que a literatura de cordel não está presente nos livros de literatura? Talvez

seja um indicio como sugere Carlo Ginzburg e seu “paradigma indiciário” por se tratarem de

dominados dentre os dominados como relata Pierre Bourdieu. No entanto, acredito que cabe

aí uma outra investigação.

Citações de cordéis:

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(1) Trecho retirado do Cordel “Antonio Silvino, Vida, Crimes e Julgamento”, de Francisco das Chagas Batista, Luzeiro Ed, 1975, Pg 4. (2) Trecho retirado do Cordel “As proezas de João Grilo, de João Martins de Athayde. Juazeiro do Norte, pg. 01, s/d, 1981. (3) Trecho retirado do Cordel “A triste partida”, de Patativa do Assaré. Cordéis e outros poemas, EDUFC, pg. 09, fortaleza, 2006. (4) Trecho retirado do Cordel “A Chegada de Lampião no Inferno”, de José Pacheco, [S.l.: s.n.]. (5) Trecho retirado do Cordel “ABC do Nordeste Flagelado”, de Antônio Gonçalves da Silva, [S.l.: s.n.]. (6) Trecho retirado do Cordel “Antonio Silvino, Vida, Crimes e Julgamento”, de Francisco das Chagas Batista, Luzeiro Ed, 1975, Pg 4. (7) Trecho retirado do Cordel “Antonio Silvino, Vida, Crimes e Julgamento”, de Francisco das Chagas Batista, Luzeiro Ed, 1975, Pg 4. (8) Trecho retirado do Cordel “Antonio Silvino, Vida, Crimes e Julgamento”, de Francisco das Chagas Batista, Luzeiro Ed, 1975, Pg 5. (9) Trecho retirado do Cordel “Antonio Silvino, Vida, Crimes e Julgamento”, de Francisco das Chagas Batista, Luzeiro Ed, 1975, Pg 32.

Cordéis pesquisados: - AI, SE DESSE, Autor: Zé da Luz. -ANTONIO SILVINO, VIDA, CRIMES E JULGAMENTO, Autor: Francisco das Chagas Batista. -ABC DO NORDESTE FLAGELADO, Autor: Antonio Gonçalves da Silva. - BROSOGÓ, MILITÃO E O DIABO, Autor: Patativa do Assaré. - O CAVALO QUE DEFECAVA DINHEIRO, Autor: Leandro Gomes de Barros. - A CHEGADA DE LAMPIÃO AO INFERNO, Autor: José Pacheco. - LAMENTO DE CABOCLO, Autor: João Rodrigues. - A FESTA DOS CACHORROS, Autor: Jose Pacheco. - GRANDE DEBATE DE LAMPIÃO COM SÃO PEDRO, Autor: José Pacheco. -A HISTÓRIA DO ESPELHO QUE MOSTRAVA AS PESSOAS NUAS, autor: Anônimo.

-A SECA NO CEARÁ, Autor: Leandro Gomes de Barros. - O PEGA DO CORONEL COM CHICA BARROSA, Autor: Anônimo. -PELEJA DO CEGO ADERALDO COM O ÍNDIO AZUPLIM, Autor: Cego Aderaldo. - AS PROEZAS DE JOÃO GRILO, Autor: João Martins de Athayde. - ROMANCE DO PAVÃO MISTERIOSO, Autor: José Camelo. - O SABIDO SEM ESTUDO, Autor: Manuel Camilo. - A TERRA CAIU NO CHÃO, Autor: Zé da Luz. - A VIDA DE PEDRO CEM, Autor: Leandro Gomes de Barros.

Todos os cordéis supracitados disponíveis para baixar em http://www.4shared.com/file/37251377/f4254f3b/Literatura_de_Cordel.html?s=1 e http://www.esnips.com/web/bdo_cordel , acessado em 10 set. 2008. BIBLIOGRAFIA: ASSARÉ, Patativa do. Cordéis e Outros Poemas, Org. Gilmar de Carvalho. Fortaleza: ed. UFC, 2006.

AZEVEDO, Sânzio de. Aspectos da Literatura Cearense. Fortaleza, UFC/ Academia Cearense de Letras, 1982. BOSI, Alfredo.História concisa da Literatura brasileira, São Paulo: Cultrix, s/d.

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