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O canto justo, livre, limpo - SAPO Voucherfiles.sapo.pt/turma/Sophia_de_Mello_Breyner_A_Fada_Azul_8Jul04.pdf · o Terreiro do Paço e depois o transformou num parque de estacionamento.»

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ANA MARGARIDA DE CARVALHO

Gostava de luz, pedras, brisas, ondas e búzios. Gostava do «crescer do mar», do branco das espumas, do ritmo das pai-sagens, do perfume da tília e do orégão, do respirar da noite, «da casa branca frente ao mar enorme». Não gostava da cidade

suja («Cidade suja, restos de vozes e ruídos/ Rua triste à luz do cande-eiro/ Que nem a própria noite resgatou»).

Gostava do isolamento, do silêncio, do seu espaço de poesia. De alimentar o fogo quase sagrado que ardia na lareira, durante o Inverno. De se sentar à sombra do limoeiro, no quintal, no Verão. Gos-tava de ler poemas em voz alta, de dançar sozinha pela casa, de caligrafia em cadernos de capa preta oleada, de acompanhar a escrita com chá e cigarros. Não gostava de responder a perguntas de jornalistas, de explicar a sua obra, de desfiar datas e biografias.

Gostava de decassílabos como os de Camões, de escrever «dansa» assim, com «s», porque o «c» com cedilha ficava «uma letra sentada». Não gostava de muitas vírgulas e pontos de exclama-

ção, «o verso é uma linha, uma unidade».Gostava de Homero, da antiguidade clás-

sica, do azul do mar grego. Não gostava das pessoas «que não têm dentro. Só têm fora». Não gostava de burocracias, injustiças e ou-tras infâmias terrenas.

Gostava de ouvir o português do Brasil, «onde as palavras recuperam a sua substância total/ concretas como frutos nítidas como pás-saros». Gostava de ouvir a palavra «com as suas

sílabas todas/ sem perder sequer um quinto de vo-gal». («Quando Helena Lanari dizia o ‘coqueiro’/ O coqueiro ficava muito mais vegetal»). Gostava da depuração, de muito branco nas páginas dos seus livros. E de versos límpidos. Não gostava de decorativismos, de acrobacias e excessos estilísticos, que fazem pesar os poemas. Nem de palavras a mais.

E, talvez, no dizer de Gastão Cruz (in Revista Relâmpago, 10/2001),

gostasse mais de estar mergulhada no mundo dos elementos, do que no mundo dos ho-mens.

Sophia de Mello Breyner Andresen, um dos nomes maiores da literatura nacional, deixou o mundo dos homens, aos 84 anos, na passada

«Amei a vida como coisa sagrada/ e a juventude me foi eternidade.» Sophia de Mello Breyner Andresen,

1919-2004. Fazedora de poemas onde tudo está diante dos olhos – uns olhos imensos e azuis de mar.

Poeta do olhar – um olhar de frente

INFÂNCIA Conheceu a poesia antes de ler

LISBOA, 1964, RETRATADA POR EDUARDO GAGEIRO Chá e cigarros acompanhavam-lhe a escrita

SOPHIA, A FADA AZUL

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sexta, dia 2, depois de um internamento prolongado e de complicações pulmona-res. Como nos búzios de que falava nos seus poemas, quem o habita morre, per-manece para sempre a ressonância que torna o distante próximo. Uma ressonân-cia luminosa, solar, marítima. «Um dia serei eu o mar e a areia/ A tudo quanto existe me hei-de unir,/ E o meu sangue arrasta em cada veia/ Esse abraço que um dia se há-de abrir.»

Menina do mar altoE entre Sophia e poesia não há só a

coincidência da rima. Falar da sua obra é falar na própria essência da poesia. «Sempre a poesia foi para mim uma perseguição do real. Um poema foi sem-pre um círculo traçado à roda duma coisa, um círculo onde o pássaro do real fica preso», disse, no tão citado dis-curso, também ele obra de arte, quando, em 1964, recebeu o Grande Prémio de Poesia da SPE, atribuído a Livro Sexto, que era, afinal, o sétimo.

Enquanto as elites literárias se arrebata-vam na denúncia da exploração do homem pelo homem, no auge do neo-realismo, Sophia continuava a falar de pedras, bri-sas, búzios e referências da Grécia Antiga, alheia à voragem dos tempos e das mo-das. Ou não tão alheia quanto isso, porque «aquele que vê o espantoso esplendor do mundo é logicamente levado a ver o es-pantoso sofrimento do mundo». Foi dela uma das mais corrosivas vozes contra o Estado Novo. Quando «nomeou» Salazar de «velho abutre», nos versos que todos sabiam de cor: «O velho abutre é sábio e alisa as suas penas/ A podridão lhe agrada e seus discursos/ Têm o dom de tornar as almas mais pequenas.» Ou chamou exí-lio à pátria: «Quando a pátria que temos não a temos/ Perdida por silêncio e por renúncia/ Até a voz do mar se torna exílio / E a luz que nos rodeia é como grades.» O 25 de Abril ficou, para sempre, «o dia inicial inteiro e limpo». O primeiro slo-gan do Primeiro de Maio, «A poesia está na rua» foi resgatado por Vieira da Silva. Tempos depois, Sophia fez um discurso: «A poesia estava na rua mas foi rapida-mente empurrada para dentro de casa.»

Ao marido, o advogado, monárquico e católico progressista Francisco Sousa Tavares, ficou a dever não só os cinco fi-lhos – entre eles, o escritor Miguel Sousa Tavares, a poetisa e professora universi-tária Maria e o artista plástico Xavier –, também a consciência política. Num

Tempo Dividido, em que os «homens re-nunciam», Sophia mostrava de que lado estava. Foi sócia fundadora da Comissão de Apoio aos Presos Políticos e, depois do 25 de Abril, deputada à Assembleia Constituinte, pelo PS. Emprestou o nome e a disponibilidade, sem hesitar, à denún-cia de opressões e ignomínias várias.

No perfil traçado por Inês Pedrosa, em 20 Mulheres para o Século XX, a jorna-

lista-escritora escreve: «Sophia recebeu o dom feliz de captar o essencial. O es-sencial, para ela, é o que impressiona a retina com a claridade de uma fotografia: casas lavadas, jardins secretos, janelas abertas sobre o mar.» Poesia é isto, a sua relação com o real, e a sua convivência com a beleza das coisas – e a dos seus nomes. Um dia, ensinou a uma empre-gada como ir a pé de sua casa de férias,

4Sophia, a Fada Azul

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A esta hora, Sophia já entrou no Céu dos poetas, de novo jovem, como se regressasse ao mar e à luz iniciais (tão reais, tão concretos), que nunca abandonou e lhe fo-ram razão do canto – canto do justo, do livre, do limpo. Distraída como de hábito pa-ra todo o acessório, a que escreveu «digo para ver» e «sirvo para que as coisas se vejam», a que escreveu «convém tornar claro o co-ração do homem», talvez ao chegar tenha dito, na sua voz nítida como os seus ver-sos, o final do poema «A Es-trela»: «Nesse lugar pensei: ‘Quanto deserto/ Atravessei para encontrar aquilo/ Que morava entre os homens e tão perto’.»Perto de nós, junto a nós, fica ela para sempre. Como em Cesário, há nos seus po-

emas «Ser e dizer na justa luz do dia/ Falar claro fa-lar limpo falar rente». Com a «nudez das palavras des-lumbradas», em simultâneo quotidianas, humaníssimas, e com o peso do sagrado, o brilho do visível.Sophia foi, Sophia é, diga-se deste modo directo, a maior poeta da nossa literatu-ra: poeta da essência e da transparência, da claridade e da liberdade, da evidên-cia e do mistério das coisas, da verdade, da beleza e do sentido da justiça como aspi-rações absolutas, mas sem-pre profundamente ligadas às pessoas (à «gente que tem/ o rosto desenhado/ por paciência e fome»), à pá-tria, ao mundo; à substância do tempo e ao nosso tempo concreto. Cidadã interveniente, para

quem a poesia era também uma ética, Sophia fica ainda como uma exemplar refe-rência humanista e cívica. Ela denunciou, com cora-gem, a ditadura e o ditador, cantou o 25 de Abril como ninguém, sem poupar, em versos de óbvia actualidade, o «capitalismo de palavras» do demagogo, «que diz da verdade a metade/(...) por-que pensa que o povo não percebe nem sabe». Uma vez, Sophia, que no meio da tal aparente distracção dizia coisas fantásticas, definiti-vas, observou: «Somos um povo que foi capaz de fazer o Terreiro do Paço e depois o transformou num parque de estacionamento.» E também contra isto ela levantou sem-pre a limpidez da sua voz e o esplendor do seu verso.

JOSÉ CARLOS DE VASCONCELOS

O canto justo, livre, limpo

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SOPHIA, 1940 Tinha um ar etéreo, «parecia que planava»

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no Algarve, até ao mercado, em Lagos. Enunciou-lhe o caminho, o que veria a cada passo. Percebeu que esta explicação era um poema (O Caminho da Manhã, em O Livro Sexto). A poesia espreitava-a em qualquer esquina, podia assaltá-la a cada instante. «O poeta é um escutador», disse, por oposição ao «fingidor» de Fer-nando Pessoa, ou ao «mostrador», de Nemésio. Mais não gostava de teorizar:

«É-me necessário escrever poemas, não me é necessário saber porquê.»

Tempo feito de demorasNuma antológica entrevista a José Car-

los Vasconcelos, para o JL, em 1991, na sua casa, no bairro da Graça, Lisboa, en-tre a sombra do ex-presídio das Mónicas e a luz do Tejo e do jardim, Sophia conta como, em criança, ia para o quintal da

avó colher rosas. Depois, desfolhava-as e mastigava-as... «No fundo era a tentativa de captar qualquer coisa a que só posso chamar alegria do universo.»

Isto foi no tempo em que Sophia nem sabia que os poemas eram feitos por pes-soas: «Pensava que se conseguisse ficar completamente imóvel e muda em certos lugares mágicos do jardim, conseguiria ouvir um desses poemas que o próprio ar continha em si.» No tempo em que tudo se resumia ao escutar. Antes de saber ler, aos 3 anos, aprendeu de cor a Nau Catrineta, recitada por uma criada loura, que parecia uma princesa alemã. Um avô médico iniciou-a em Camões e Antero. Conheceu a poesia antes da literatura, e talvez isto lhe tenha dado a apuração de ouvido e o dom de atentar na musicali-dade que as palavras contêm, no poder dos nomes («Ia e vinha e a cada coisa perguntava que nome tinha.»)

Ao seu primeiro livro, em 1944, deu o nome exacto: Poesia. Uma edição fi-nanciada pelo pai, de 300 exemplares, cem deles para oferecer. Uma selecção do muito que tinha escrito entre os 14 e os 23 anos (a fase mais fértil da sua vida), com uma «depuração excepcio-nalmente acabada», notada por Óscar Lopes. Sophia enuncia aqui a sua defini-ção de tempo: «feito de demoras». Este é, porventura, o mais espantoso livro de estreia da história da nossa literatura.

Depois desse, vieram mais de duas de-zenas, entre poesia, ensaio e os celebriza-dos contos para crianças. Em todos eles, as suas palavras desarmavam de perfei-ção. E as coisas perfeitas em poesia não parecem esforçadas – mas inevitáveis. A crítica impressionava-se com o olhar de frente sophiniano, com a linguagem isenta e contida. David Mourão-Ferreira falava em «rara exigência de essencia-lidade»; Jorge de Sena em «fluente e escultural segurança expressiva»; Edu-ardo Lourenço em «mistério repassado de claridade»; Maria Velho da Costa, no discurso de despedida, no funeral, em «paixão da claridade e capacidade de confronto com o caos. Acho que foi essa a essência da sua vida e da sua obra: usar o gume da palavra clara e justa contra o horror e a espessura opaca do mundo que não cessaram de a incomodar».

Muitos lhe notavam a luminosidade colada às palavras. Ela achava que os seus versos também continham sombra. Tal como o fundo do mar, «por mais bela que seja cada coisa tem um monstro em si suspenso».

Dizia-se que era distraída. Que, às ve-

RODEADA POR ALGUNS DOS CINCO FILHOS Durante a última homenagem pública, no Centro Nacional da Cultura, com Maria (a seu lado) e Miguel. Em baixo, com Isabel, Miguel e Maria, em 1951

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zes, saía para a rua de chinelos de trazer por casa. Que, uma vez, (re)conta Inês Pedrosa, lhe apareceu um ladrão, por de-trás, a puxar-lhe da carteira e que Sophia sobressaltada sossegou-se: «Que susto! Pensei que fosse um fantasma» e quem se assustou foi o terreno ladrão. Que outra se esqueceu de um dos cinco filhos numa loja, depois a criança ressentida já não lhe queria falar e teve imenso trabalho a provar às pessoas que era sua mãe.

Dizia-se que tinha qualquer coisa de etéreo e evanescente. José Carlos de Vasconcelos confirmou-o: «Às vezes pa-rece que plana muito alto...». O mesmo testemunho de Eugénio de Andrade na Revista Relâmpago: «Foi sempre muito jovem de carácter irrepreensível e segura de si, mas também distante, como se ti-vesse chegado doutro país e não tivera tempo de se adaptar àquele em que vivia.» De poeta, Sophia converteu-se, ela pró-pria, em poesia: Jorge de Sena, António Ramos Rosa, Manuel Alegre buscaram, através dos seus versos, transmitir a sua singularidade. E a sua alma... marítima. «Quando eu morrer voltarei para buscar/ os instantes que não vivi junto ao mar».

Assombros de criançaNasceu no Porto, frente ao Atlântico,

mas desde cedo se virou para as para-gens mediterrânicas: «A praia (e o mar) que eu frequentava, em-bora atlântica, tinha o mesmo som e calor que a da Odisseia.» Um dia, o filho Miguel Sousa Tavares perguntou-lhe o que encontrava ela de excepcional na Grécia. Sophia respondeu: «O azul do mar, o branco das paredes, o verde dos seus pinheiros, os templos e as estátuas, Delfos e as ilhas, o ar, a luz, a leveza de todas as coisa, até do vinho.»

«A coisa mais antiga de que me lembro é dum quarto em frente do mar dentro do qual estava, poisada em cima de uma mesa, uma maçã enorme e vermelha. Do brilho do mar e do vermelho da maçã er-guia-se uma felicidade irrecusável, nua e inteira.» Casas e mar, o perdurável e a in-constância, aparente antinomia mas que, em Sophia, se conciliaram e lhe acom-panharam a biografia e a poesia – desde sempre. A casa do Porto, onde passou a sua infância, com o mar da Foz a avistar-se entre os pinheiros, na enorme Quinta

de Campo Alegre, hoje tragada pela ponte da Arrábida e pela saída da auto-estrada. A moradia onde a família passava férias, na praia da Granja, «casa branca» dos seus versos (mas que também aparece a iniciar o conto infantil Menina do Mar, uma espécie de búzio), no meio das dunas: «Abria-se a porta da sala e dava directa-mente para a areia, tanto assim que se fartavam de entrar as pulgas do mar.»

Bisneta de um dinamarquês, Jan An-dresen, que um dia desembarcou no Porto para não mais regressar - talvez lhe venha das raízes nórdicas a constante busca de luz. Da mãe, Maria Amélia de Mello Breyner, herdou, diz o poeta e amigo de juventude Eugénio de Andrade (in Revista Relâmpago), «a curiosidade

intelectual, a nobreza de carácter e uma elegância de comportamento, já então raras». Ao seu amor pela mãe consagrou um dos seus mais extraordinários versos: «Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo.» Do pai, João Henrique Andresen, Eugénio de Andrade não sabe o que terá herdado. Conta-se na família que, no dia em que Sophia nasceu (6 de Novembro de 1919), o pai trouxe os cães de caça para dentro de casa: queria que a cheirassem e a conhecessem.

Estudou no Colégio Sagrado Coração de Maria do Porto, discutia Nietzsche com a professora de filosofia, enquanto perdiam sucessivos eléctricos, e, a par-tir dos 12, anotava poemas num cader-

ninho. A mãe lia «desabaladamente», criticava-a por ela ler pouco («o que era verdade», admitia Sophia) e responsabi-lizava o pai: «Se ela é poeta é por culpa tua.» O pai respondia: «Não, é tua.»

«Sophia era muito bonita e, mais do que isso, tinha esse encanto de quem está sempre em estado de graça. A graça da poesia», continua Eugénio de Andrade. «Filhos e versos, como os dás ao mundo», escreveu Jorge de Sena. Na sua época de maternidade (cinco filhos com idades próximas), Sophia esqueceu a poesia. Ou, pelo menos, deixou de a passar para o papel. «Estava cheia. Cheia demais para ter lugar para outra coisa. Às vezes, retomava velhos vícios, como ir à janela, antes de me deitar e fumar um cigarro, olhar para a noite e tinha a sen-sação de estar a traí-los, a evadir-me», confessou, numa entrevista muito reve-ladora a Ricardo Araújo Pereira (JL), em 1997. Quando quis contar histórias às crianças, e rapidamente viu que o stock existente não lhe servia, escreveu (para os seus filhos e para os filhos de todos os outros) alguns dos mais maravilhosos contos infantis da língua portuguesa.

A Menina do Mar e a Fada Oriana (1958) ocupam uma posição quase inaugural na bibliografia da autora, que até então não tinha publicado prosa. «Durante anos, levantou a cabeça das nossas crianças para o assombro» (nas palavras recentes de Maria Velho da Costa).

Recebeu prémios e distinções várias – o Prémio Vida Literária, da APE (1994), Prémio Camões (1999), Prémio Rainha Sofia da Poesia Ibero-Americana (2003) – homenagens sentidas e a admiração geral. Mas todas as palavras se enfraque-cem em contacto com as dos seus versos. E todos os elogios se estancam e tudo o que se possa dizer esmorece. Sophia não gostava de palavras desnecessárias. ■

4Sophia, a Fada Azul

‘Um dia serei eu o mar e a areia/ A tudo quanto existe me hei-de unir,/ E o meu sangue arrasta em cada veia/ Esse abraço que um dia se há-de abrir’

PRÉMIO CAMÕES, 1999 Sophia não gostava de pensar em prémios. «São maus pensamentos», dizia

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