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O Contrato de Trabalho do Atleta Profissional de Futebol

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O Contrato de Trabalho do Atleta Profissional de Futebol

1ª edição – Janeiro, 2009

2ª ediçao – Novembro, 2016

O Contrato de Trabalho do Atleta Profissional de Futebol

2ª edição

Jean Marcel Mariano de OliveiraJuiz do Trabalho do TRT da 2ª Região. Especialista em direito material e processual do trabalho

pelo Centro Universitário Padre Anchieta – Unianchieta de Jundiaí/SP e Pós-graduando em direito constitucional pela Universidade Estácio de Sá.

EDITORA LTDA.

Rua Jaguaribe, 571CEP 01224-003São Paulo, SP — BrasilFone (11) 2167-1151www.ltr.com.brNovembro, 2016

Produção Gráfica e Editoração Eletrônica: Pietra DiagramaçãoProjeto de capa: Fábio GiglioImpressão: Gráfica Paym

Versão impressa — LTr 5628.9 — ISBN 978-85-361-9053-2Versão digital — LTr 9058.4 — ISBN 978-85-361-9061-7

Todos os direitos reservados

Índice para catálogo sistemático:

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Oliveira, Jean Marcel Mariano de

O contrato de trabalho do atleta profissional de futebol / Jean Marcel Mariano de Oliveira. – 2. ed. – São Paulo : LTr, 2016.

Bibliografia

1. Direito do trabalho 2. Esportes - Leis e legislação 3. Futebol 4. Futebol - História 5. Jogadores de futebol I. Título.

16-07138 CDU-34:331:796.332.071.2

1. Futebol : Jogadores profissionais: Direito do trabalho 34:331:796.332.071.2 2. Jogadores profissionais de futebol: Direito do trabalho 34:331:796.332.071.2

Dedico este trabalho ao Autor da minha vida, meu querido e amado Senhor Jesus Cristo que, pelo Seu imenso amor, me deu a vida e me dará a salvação eterna.

Agradeço a Deus, que a mim tem dado todas as coisas, tanto materiais quanto espirituais e, principalmente, me sustentado nos momentos de dificuldades, e pela realização do meu grande sonho profissional de ser aprovado em concurso público para a carreira da Magistratura do Trabalho, a qual eu tenho a honra de pertencer nestes últimos dez anos.Ao meu professor-orientador, Dr. Paulo Eduardo Vieira de Oliveira, pela atenção e ajuda dispensadas, sem as quais este trabalho não poderia ser realizado.Ao meu pai, por desde criança ter me ensinado os primeiros detalhes sobre o futebol, este esporte maravilhoso que movimenta o mundo quase em sua integralidade.À minha mãe, por todo o carinho e dedicação durante a preparação deste trabalho desde sua primeira edição.À minha irmã, por suas palavras sempre presentes de incentivo.E, por fim, à minha amada esposa, a qual conheci depois de publicada a primeira edição. Com você, minha vida se tornou mais completa. Apesar de não ser tão fã do esporte bretão e, ainda por cima, torcer para o time rival, sua presença torna tudo mais fácil. Te amo.

Sumário

Apresentação da 2ª edição — Eduardo Berol da Costa ............................................................................ 11Prefácio da 2ª edição — Domingos Sávio Zainaghi .................................................................................. 13Apresentação da 1ª edição — Claudio Olimpio Lemos de Carvalho ..................................................... 15Prefácio da 1ª edição — Paulo Eduardo Vieira de Oliveira ..................................................................... 17Introdução........................................................................................................................................................ 21

Capítulo IA HISTÓRIA DO FUTEBOL NO MUNDO .................................................................................... 29

1.1 – A origem do futebol .......................................................................................................................... 291.2 – O futebol e a cultura ......................................................................................................................... 35

Capítulo IIA HISTÓRIA DO FUTEBOL NO BRASIL ...................................................................................... 37

Capítulo III

O CONTRATO DE TRABALHO DO ATLETA PROFISSIONAL DE FUTEBOL NO DIREITO ESTRANGEIRO..........................................................................................................................43

3.1 – Argentina ............................................................................................................................................ 433.2 – Itália .................................................................................................................................................... 443.3 – França ................................................................................................................................................. 453.4 – Bélgica ................................................................................................................................................. 453.5 – Portugal .............................................................................................................................................. 46

Capítulo IV

O CONTRATO DE TRABALHO DO ATLETA PROFISSIONAL DE FUTEBOL NO BRASIL ................................................................................................................................................. 48

4.1 – Breve histórico legislativo ................................................................................................................ 484.2 – O desporto e seus princípios ........................................................................................................... 504.3 – O contrato de trabalho do atleta profissional de futebol (atual regramento jurídico) ............ 524.4 – Elementos fático-jurídicos do contrato de trabalho do atleta profissional de futebol ............ 554.5 – Elementos jurídico-formais do contrato de trabalho do atleta profissional de futebol .......... 59

8 JEAN MARCEL MARIANO DE OLIVEIRA

Capítulo V

SISTEMA REMUNERATÓRIO DO CONTRATO DE TRABALHO DO ATLETA PROFISSIONAL DE FUTEBOL .......................................................................................................... 67

5.1 – Considerações gerais ........................................................................................................................ 675.2 – Luvas ................................................................................................................................................... 685.3 – Bichos .................................................................................................................................................. 695.4 – O passe e o seu regramento ............................................................................................................. 705.5 – Do direito de imagem lato senso.................................................................................................... 725.6 – Do direito de arena ........................................................................................................................... 735.7 – FGTS .................................................................................................................................................. 775.8 – Da mora salarial ................................................................................................................................ 785.9 – A bolsa-atleta ..................................................................................................................................... 79

Capítulo VI

JORNADA DE TRABALHO DO ATLETA PROFISSIONAL DE FUTEBOL ................... 806.1 – Considerações iniciais ...................................................................................................................... 806.2 – Intervalo interjornada ....................................................................................................................... 816.3 – Intervalo intrajornada ....................................................................................................................... 816.4 – Descanso semanal remunerado ...................................................................................................... 826.5 – Concentrações e viagens .................................................................................................................. 82

Capítulo VII

AS FÉRIAS DO ATLETA PROFISSIONAL DE FUTEBOL ..................................................... 867.1 – Período aquisitivo ............................................................................................................................. 867.2 – Período concessivo ............................................................................................................................ 877.3 – Remuneração das férias ................................................................................................................... 87

Capítulo VIII

O SISTEMA DE TRANSFERÊNCIA DO CONTRATO DE TRABALHO DO ATLETA PROFISSIONAL DE FUTEBOL NO BRASIL .............................................................................. 89

Capítulo IX

O PODER DISCIPLINAR DA ENTIDADE DE PRÁTICA DESPORTIVA ...................... 969.1 – Introdução .......................................................................................................................................... 969.2 – Deveres do atleta ............................................................................................................................... 999.3 – Deveres da entidade de prática desportiva ................................................................................... 100

9O CONTRATO DE TRABALHO DO ATLETA PROFISSIONAL DO FUTEBOL

Capítulo X

A RESCISÃO CONTRATUAL POR JUSTA CAUSA DO ATLETA E DA ENTIDADE DE PRÁTICA DESPORTIVA ............................................................................................................... 102

10.1 – A justa causa do atleta .................................................................................................................... 10210.2 – A justa causa da entidade de prática desportiva ........................................................................ 106

Capítulo XI

O ACIDENTE DO TRABALHO E A RESPONSABILIDADE CIVIL DA ENTIDADE

DE PRÁTICA DESPORTIVA .............................................................................................................. 10911.1 – O acidente do trabalho ................................................................................................................... 10911.2 – Do seguro-acidente ......................................................................................................................... 11711.3 – A responsabilidade civil da entidade de prática desportiva .................................................... 118

Capítulo XII

A JUSTIÇA DESPORTIVA NO BRASIL ......................................................................................... 13212.1 – Disposições legais (lei n. 9.615/98) ................................................................................................ 13212.2 – Considerações acerca da legislação .............................................................................................. 134

Capítulo XIII

OS DEMAIS TRABALHADORES QUE PARTICIPAM DE COMPETIÇÕES

DESPORTIVAS ......................................................................................................................................... 13713.1 – Árbitro de futebol ........................................................................................................................... 13713.2 – Treinadores de futebol ................................................................................................................... 142

CONCLUSÃO .............................................................................................................................................. 144

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................. 147ANEXO A – Lei n. 9.615, De 24 de março de 1998 ................................................................................... 149ANEXO B – Lei n. 10.891, De 9 de julho de 2004 ...................................................................................... 174ANEXO C – Projeto de lei do senado n. 522, De 2013 ............................................................................ 178ANEXO D – Lei n. 8.650, De 20 de abril de 1993 ...................................................................................... 180ANEXO E – As regras do jogo .................................................................................................................... 181ANEXO F – Regulamento da international football association board ............................................... 207ANEXO G – Regulamento nacional de registro e transferência de atletas .......................................... 210ANEXO H – Portaria n. 1, de 16 de março de 2016 ................................................................................. 218ANEXO I – Decreto n. 8.692, de 16 de março de 2016 ............................................................................ 255

APRESENTAÇÃO DA 2ª EDIÇÃO

Foi com grande alegria e uma considerável dose de preocupação que recebi o honroso convite do estimado Juiz Dr. Jean Marcel, para escrever a apresentação da 2ª edição atualizada desta respeitada obra, cuja edição anterior encontra-se totalmente esgotada.

Os anos de convivência na Justiça do Trabalho fizeram com que encontrássemos mais em comum do que os atos inerentes a uma reclamatória trabalhista: a paixão pelo Direito do Trabalho, pelo futebol e pelo nosso Paulista Futebol Clube, orgulho da cidade de Jundiaí. Porém, as coincidências terminam aí, assumimos então nossos lados opostos: o autor Juiz e eu Advogado, ele Palmeirense e eu São–Paulino.

A reedição dessa excelente obra consegue unir em um só texto duas das grandes paixões do es-critor e a qualidade de seu texto nos faz percorrer, por meio de uma agradável leitura, a realidade e as principais características do contrato de trabalho do atleta profissional de futebol na Argentina, Itália, França, Portugal e Bélgica, país esse que mudou para sempre a relação laboral de praticamente todos os atletas profissionais de futebol em todo o mundo.

Posteriormente somos levados ao estudo aprofundado e atualizado do contrato de trabalho do atleta profissional de futebol no Brasil, sua história e seus direitos atuais, incluindo-se nesse estudo uma necessária e importante análise sobre o histórico legislativo nacional.

Por fim, o autor ainda estende seus estudos a duas importantes relações de trabalho no futebol atual: a dos treinadores e a controversa relação dos árbitros.

Certamente a experiência na Magistratura fez com que o autor conseguisse, com a reedição dessa elogiável obra, transmitir ao interessado no Direito Desportivo do Trabalho, um retrato fiel das relações entre atletas empregados e clubes empregadores, ou seja, tenha acesso a mais uma “partida” derivada do mundo do futebol profissional.

Olho no livro, boa leitura e “bola pra frente”!

Eduardo Berol da Costa

Advogado

Diretor-Tesoureiro do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo

PREFÁCIO DA 2ª EDIÇÃO

As relações de trabalho no desporto ganharam especial relevo a partir da edição da Lei n. 9.615/98, popularmente conhecida como Lei Pelé, a qual teve como principal preocupação extinguir o “passe”, instituto que prendia o atleta trabalhador ao clube empregador, mesmo após a extinção do contrato de trabalho.

Com tal espada de Dâmocles sobre a cabeça, poucos foram os atletas que buscaram na Justiça a reinvidicação de direitos trabalhistas, pois tinham receio de o fazendo, terem suas carreiras interrom-pidas. E, a bem da verdade, em vários casos isso aconteceu, pois os clubes não ofereciam um novo contrato ao atleta e não vendiam o seu “passe”, sepultando a carreira de atleta profissional de futebol de um jogador, tendo este que buscar outra forma de ganhar a vida.

O advento da Lei n. 9.615/98, além da extinção do famigerado “passe”, trouxe outros direitos aos ateltas, além de estes reinvidicarem direitos que constavam da Lei n. 6.354/76 (Lei do Atelta profissional de Futebol), os quais não eram cumpridos pelos empregadores, e muito menos cobrados pelos empegados.

Um exemplo do afirmado acima era o direito de férias dos atletas, cuja lei de 1976 determinava o prazo de 30 dias para gozo do descanso, e, ainda, determinava que os atletas só poderiam atuar em competições após 10 dias de preparação. Na prática, muitas vezes os atletas não gozavam dos trinta dias de férias, e muito menos os dez dias de preparação antes de disputar partidas.

A Lei Pelé sofreu várias alterações desde sua edição, sendo a mais recente ocorrida em 2011, que modifica vários pontos importantes, como, por exemplo, a substituição da cláusula penal pelas cláu-sulas indenizatória e compensatória, bem como reduziu o percentual do Direito de Arena, e deu-lhe natureza jurídica de instituto civil e não trabalhista, como já estava consagrado na jurisprudência e na doutrina e, ainda, dá novo tratamento ao chamado Direito de Imagem.

Apesar de todo o glamour que reveste a atividade de jogador profissional de futebol, para quem é militante do Direito do Trabalho o atleta é visto como um trabalhador como qualquer outro.

Vale destacar que 82,40% dos jogadores de futebol do Brasil recebem salários de até R$ 1.000,00 por mês (!), sendo, portanto, pequena a parcela dos que recebem valores astronômicos como a mí-dia divulga.

Logo, a preocupação dos operadores do Direito Laboral não é despicienda, pois a esmagadora maioria dos jogadores são verdadeiros proletários da bola.

Este livro, que tenho a honra de prefaciar, traz, de forma exaustiva, o estudo dos principais insti-tutos jurídicos que versam sobre a profissão de atleta de futebol.

Nos apresenta uma rica pesquisa histórica sobre o surgimento do futebol no mundo e no Brasil, depois um estudo sobre a legislação desportiva em outros países, para em seguida enfrentar todos os principais institutos inerentes à profissão de atleta de futebol.

Ainda no final, traz dois capítulos sobre a Justiça Desportiva e as atividades de treinador e árbitro de futebol.

O autor deste excelente trabalho, é juiz do trabalho, e traz no estudo suas experiências na profissão que exerce, ou seja, a qualidade de um pesquisador e a experiência de um aplicador do Direito.

14 JEAN MARCEL MARIANO DE OLIVEIRA

Trata-se de um brilhante magistrado, o qual, podemos atestar, sempre trata partes, testemunhas e advogados, com lhaneza, e aplica o Direito do Trabalho levando em consideração seu aspecto social.

Tivemos oportunidade de entrevistá-lo no nosso programa Direito Desportivo em Debate da TV Justiça há alguns anos, e sua desenvoltura, segurança e simpatia foram notadas pelos telespectadores que, inclusive alguns, fizeram questão de destacar por emails enviados à produção do programa.

Por isso, não temos qualquer dúvida em afirmar que você, leitor, tem em mãos uma obra de exce-lência, cujo sucesso se demonstra por esta nova edição.

Felicito a editora LTr por mais uma vez publicar o trabalho do magistrado Jean Marcel, e consigno meus agradecimentos a este pela honra de prefaciar esta obra.

Boa leitura!

Domingos Sávio Zainaghi

Pós-doutorado em Direito do Trabalho pela Universidad Castilla-La Mancha, Espanha. Doutor e mestre em Direito do Trabalho pela PUC-SP. Presidente honorário do Instituto Iberoamericano de Derecho Deportivo. Membro da

Academia Nacional de Direito Desportivo e da Academia Paulista de Direito.

APRESENTAÇÃO DA 1ª EDIÇÃO

Alguns homens são movidos por paixões. No caso de meu amigo Jean Marcel – a quem tive o pra-zer de receber na Judicatura do Trabalho – duas paixões levaram-no a escrever este livro: o Direito e o Futebol. Paixões destas arrebatadoras.

Jean Marcel abre seu trabalho expondo a importância do esporte na sociedade contemporânea. Sem deixar a bola cair, conta-nos a pouco conhecida história do futebol, desde suas inspirações e origens até sua acolhida pela civilização ocidental. Traz-nos o autor até os dias atuais, com a massificação e a profissionalização do velho esporte bretão. Não deixa de nos contar também a história de conquistas e frustrações do futebol no Brasil, o país do futebol.

Após esta introdução, já conhecedor do longo caminho que percorreu o futebol, o leitor é convida-do a ingressar no tema central do livro: o contrato de trabalho do atleta profissional. O autor discorre primeiramente sobre o contrato de trabalho do atleta de futebol pelo mundo e a evolução legislativa no Brasil. Explica em extensa análise, os elementos do contrato, o fim do passe, o sistema de transferências e a cláusula penal por rescisão antecipada do pacto, bem como os direitos e deveres dos dois pactuantes: o atleta profissional de futebol e a entidade de prática desportiva.

Jean Marcel também aborda a Justiça Desportiva, suas atribuições e limites diante da Constituição da República de 1988. Termina por trazer lições jurídicas de outros dois trabalhadores integrantes do espetáculo: os árbitros e os treinadores.

Após essa agradável leitura, conhecido o Direito do Trabalho aplicável às relações nascidas neste esporte, estará então o leitor apto a compreender o futebol não mais apenas como jogo e paixão, mas também como importante pelo produtor de relações jurídicas complexas. O espetáculo já pode começar. Que soe o apito.

Claudio Olimpio Lemos de Carvalho

Juiz do Trabalho, titular da 48ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro/RJ.

PREFÁCIO DA 1ª EDIÇÃO

Jean Marcel Mariano de Oliveira é Juiz do Trabalho em São Paulo e foi meu aluno no curso de pós-graduação em nível de especialização em Direito do Trabalho na Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. Nessa oportunidade demonstrou vivo interesse pelo Direito do Trabalho, tanto que era um dos melhores alunos e dos que mais participava das aulas.

Tive a felicidade de ser um dos incentivadores para seu ingresso na carreira da magistratura, sendo o mesmo aprovado ainda antes do término do curso de pós-graduação.

Fui seu professor e orientador no trabalho de conclusão do curso de pós-graduação, que serviu de base para a presente obra que ora apresento.

Jean Marcel foi aluno brilhante, companheiro e sempre disposto a ajudar as outras pessoas. Mesmo depois de aprovado no concurso da magistratura continuou a ajudar aqueles que ainda não tinham logrado êxito, com o mesmo desprendimento e disponibilidade.

O tema O Contrato de Trabalho do Atleta Profissional de Futebol envolve assunto importante e atual, no que se refere a essa categoria específica de trabalhadores.

A pesquisa sobre o tema foi muito bem feita pelo autor, pois trata-se de questão nova, atual e que precisa ser estudada ante os problemas que surgem dia a dia nessa categoria específica de trabalhadores.

A presente obra aborda os mais diferentes aspectos do atleta profissional de futebol, envolvendo desde a história do futebol até o regramento jurídico do contrato de trabalho do atleta profissional.

Enfoca, ainda, a questão mais polêmica do contrato do atleta de futebol relativa à remuneração, estudando temas fundamentais como luvas, bichos, passe e direito de arena.

Quanto ao conteúdo do contrato, ainda, Jean Marcel analisa com profundidade a questão da jornada de trabalho, férias e a transferência do atleta profissional de futebol.

A obra tem, também, análise da questão relativa à rescisão do contrato de trabalho, com enfoque para a justa causa e para os direitos e deveres do atleta e da entidade de prática desportiva.

Comenta ainda o autor a estrutura da Justiça Desportiva no Brasil, e analisa as figuras do árbitro e dos treinadores de futebol.

Conclui apresentando finalização sobre os temas abordados e apresentando soluções que enten-de cabíveis.

Entendo que a presente obra será muito útil para todos aqueles que pretendem entender melhor a questão do contrato do atleta profissional de futebol, pois estes encontrarão sólidos fundamentos jurí-dicos para resolver suas dúvidas.

Desejo muito sucesso ao autor e à obra.

Paulo Eduardo Vieira de Oliveira

Juiz do Trabalho Titular da Vara do Trabalho de Cajamar/SP e professor doutor do Departamento de Direito do Trabalho e da Seguridade Social da Faculdade de

Direito da Universidade de São Paulo – FADUSP e da Faculdade de Direito Padre Anchieta de Jundiaí/SP.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna”.

- Evangelho de João 3:16.

INTRODUÇÃO

PRIMEIRAS INFORMAÇÕES

Para a língua portuguesa, jogo é a “atividade física ou mental organizada por um sistema de regras que de-finem a perda ou o ganho”(1), enquanto competição é a “busca simultânea, por dois ou mais indivíduos , de uma vantagem, uma vitória, um prêmio, etc”(2).

Como assinala Domingos Sávio Zainaghi, “não se trata apenas de uma diferença lingüística. O jogo tem um caráter lúdico, ou seja, apenas um brinquedo, uma distração ou divertimento. Já competição é o jogo levado a sério. Competir não é brincar nem passar o tempo”.(3)

Destes conceitos, pode-se afirmar que toda competição é um jogo, mas nem todo jogo é uma compe-tição. O jogo somente será competitivo quando tiver relevante importância a supremacia do resultado a favor de um desportista ou equipe em relação ao elenco de desportistas.

Certo é que o esporte, além do seu possível caráter competitivo, proporciona também a prática de exercícios físicos, além de possuir funções higiênica, educativa, biológica e de promoção social, o que o tornou muito útil ao homem no final do século XVIII, quando este passou a ter seu trabalho realizado por meio de máquinas e, deste modo, tornou-se sedentário, já que ficava preso ao ar viciado nas fábri-cas e oficinas.

Falando sobre a importância da atividade física para a saúde, ensina o médico Dr. Victor Sorrentino(4) que “o ser humano foi criado para estar em movimento. Nossa estrutura biológica conta com um sistema muito bem organizado para possibilitar-nos mobilidade. Se pensarmos bem, o homem foi inserido em um mundo onde para tudo era necessário movimento. Alimentos vinham especialmente da caça e de vegetais, a locomoção dependia exclusiva-mente das pernas. Ou seja: sedentarismo era algo que simplesmente não tinha como existir”.

É de se assinalar ainda que o esporte, em razão de sua inegável função social, é elemento de inte-gração entre os grupos sociais, com forte influência no enriquecimento cultural da humanidade.

Tem também grande importância para o ser humano a participação deste como espectador de práticas esportivas, como assinala Zainaghi:

se na prática do esporte o homem foge do sedentarismo, melhora seu físico, interage com outros grupos sociais, como espectador ele participa mais sob o aspecto psicológico, fugindo da rea-lidade, identificando-se com os ídolos, experimentando emoções de sofrimento, stress, prazer, etc., as quais, muitas vezes, ficam represadas no cotidiano, principalmente nos grandes centros urbanos. Até mesmo instintos de violência são liberados nas praças esportivas. Por outro lado, preconceitos e divisões sociais são superados durante um espetáculo esportivo(5).

É exatamente neste contexto que, juntamente com as demais práticas esportivas, surgiu o futebol, modalidade esportiva que certamente mudou e ainda está mudando a história da humanidade, uma das melhores formas de integração social que existe nos dias de hoje.

(1) FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa, 3ª edição, revista e atualizada, Curitiba: Editora Positivo, 2004, p. 1158.(2) Ibidem, p. 508.(3) ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no direito do trabalho. 2ª edição. São Paulo: Editora LTr, 2015, p. 22.(4) SORRENTINO, Dr. Victor. Segredos para uma vida longa”, 2ª edição. Porto Alegre: TRX Estratégias de Comunição, 2014, p. 304.(5) ZAINAGHI, Domingos Sávio. Op. Cit., p. 27.

22 JEAN MARCEL MARIANO DE OLIVEIRA

EXPOSIÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO

O contrato de trabalho do atleta profissional de futebol é assunto de grande importância e interes-se por relacionar-se com algo que afeta o brasileiro culturalmente, sendo pouco debatido na doutrina no momento atual.

Em verdade, as relações de trabalho que chegam ao conhecimento popular dizem respeito aos grandes e famosos atletas, cujas relações são diametralmente opostas à regra geral do desporto no Bra-sil e no mundo.

Os referenciais teóricos do trabalho são, especialmente, as doutrinas de Domingos Sávio Zainaghi e Alice Monteiro de Barros, que concordam conceitualmente sobre o tema, mas divergem em diversos aspectos integrantes do contrato.

Já nesta segunda edição da obra, buscou-se um aperfeiçoamento jurídico e técnico, com a atualiza-ção legislativa e jurisprudencial, além do acréscimo de assuntos que, claramente, deixaram um vazio doutrinário na primeira edição, citando, por exemplo, o novo capítulo sobre acidentes do trabalho no ambiente da prática desportiva.

Com as recentes modificações na legislação desportiva, muitos assuntos abordados na 1ª edição deixaram de ser controvertidos, mas deram espaço ao surgimento de novas controvérsias.

O futebol na sociedade brasileira é visto como um espetáculo, capaz de integrar povos de culturas diversas. Contudo, dentro deste espetáculo estão presentes relações jurídicas de trabalho extremamen-te divergentes na doutrina e na jurisprudência, que, por envolver matérias que representam o sustento dos trabalhadores envolvidos, interferem diretamente na cultura do país.

O trabalho busca mostrar os itens que compõem as relações entre clubes e atletas, as controvérsias existentes, as posições majoritárias e minoritárias e a posição do autor. Tal abordagem será feita buscando deixar de lado a cultura brasileira no futebol, enfatizando os aspectos jurídicos com imparcialidade, con-siderando as diferenças econômicas existentes no contexto desta relação juslaboral.

Os anexos inseridos no final do trabalho irão servir de apoio ao leitor, para que os mesmos não tenham que trilhar o árduo caminho que este autor trilhou para localizar tal material. Infelizmente, apesar deste assunto ser interessantíssimo e atual, não tem recebido o tratamento que lhe seria devido, de modo que o conteúdo estudado é sempre de difícil localização.

A relação de trabalho do atleta profissional de futebol, como será demonstrado, é regida por legis-lação própria, com aplicação subsidiária, quando compatível, da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, sempre subordinados à Constituição Federal. Diante disso, as divergências doutrinárias são encontradas em quase todos os itens que compõem o contrato deste profissional, muitas ainda sem pacificação jurisprudencial.

Assim, a questão, se analisada simplesmente sob o ponto de vista do regramento infraconstitucio-nal da matéria, implica numa redução de garantias do atleta profissional de futebol. Caso feita a mesma análise sob o enfoque da proteção constitucional do trabalho e do trabalhador, muitas outras garantias serão conferidas a este profissional.

A metodologia utilizada (dialética) consiste numa abordagem histórica e contextual do futebol na cultura brasileira e a repercussão da abordagem jurídica nesse contexto, buscando, ainda, separar a figura do jurista da figura do torcedor, tarefa nem sempre muito fácil de ser realizada.

Assim, o trabalho será feito enfocando principalmente a doutrina e a jurisprudência acerca do assunto, especialmente o ordenamento infraconstitucional e constitucional a ele aplicável, buscando dessa forma melhor elucidar as controvérsias existentes e suas possíveis soluções.

23O CONTRATO DE TRABALHO DO ATLETA PROFISSIONAL DO FUTEBOL

Espera este autor, com este novo trabalho, suprir as lacunas e as mudanças ocorridas ao longo deste pouco tempo na história que separam a já esgotada primeira edição desta obra e esta nova segunda edição.

AS REGRAS DO FUTEBOL(6)

De acordo com o ex-árbitro de futebol Arnaldo César Coelho(7) “a diversidade de leis constituía enorme empecilho para o desenvolvimento do esporte. Em 1863, alunos e ex-universitários de Cambridge, sob a liderança do jornalista John Cartwright, iniciam uma campanha para a padronização das regras. Depois de muita discussão, finalmente representantes de várias escolas reúnem-se na Freemason´s Tavern, em Londres, em 26 de outubro, para criar a The Football Association (FA), que até hoje é a entidade responsável pelo futebol inglês. Na mesma reunião formou-se um comitê incumbido de redigir as novas regras. Em 24 de novembro, uma assembleia aprovou o texto e no dia 8 de dezembro a FA publicou-o na grande imprensa. Composto de 14 regras, o texto foi baseado nas Regras de Thring, código publicado em 1862, em Cambridge, que também era conhecido como The Simplest Play, ou seja, “o jogo mais simples”. Naquele momento nascia o futebol moderno”.

Na história dos esportes em geral, é comum se verificar diversas, constantes e até radicais modi-ficações nas regras dos jogos em relação àquelas que vigoravam nos primórdios de suas respectivas práticas, como no voleibol, por exemplo.

O futebol, contudo, não segue esta máxima. Suas regras sofreram pouquíssimas alterações desde a sua criação, de modo que o futebol ainda nos dias de hoje é praticado da mesma forma como era em tempos mais remotos de sua história.

Em verdade, o grande desafio dos treinadores nos dias de hoje, ante a estabilidade das regras do futebol, é buscar novas variações táticas para suas equipes, que consistem na forma como a equipe irá atuar numa determinada partida, correspondendo a quantos jogadores comporão a defesa, o meio--campo e o ataque da equipe. As formações táticas mais conhecidas nos dias de hoje variam entre três ou quatro jogadores na defesa, quatro ou cinco no meio-campo e dois ou três no ataque, formando os chamados “4–3–3”, “4–4–2” e “3–5–2”.

Treinadores tidos como “modernos” desenvolveram nos últimos três anos sistemas de jogo cha-mados de “4–1–4–1”, como o Corinthians do treinador Tite, campeão do Campeonato Brasileiro de 2015 e o “4–2–3–1” do Palmeiras treinado por Marcelo Oliveira, campeão da Copa do Brasil do mesmo ano, substituído no ano seguinte pelo treinador Cuca, o qual instituiu o chamado “porco doido”, em alusão à mascote da torcida palmeirense, uma equipe que aponta variações táticas a cada partida, le-vando em consideração o sistema usado pelo adversário.

O futebol, nos dias de hoje, pode ser praticado em campo com grama natural ou grama artificial (novidade introduzida pela FIFA nos últimos anos), o qual deverá possuir medidas máximas de 120 metros de comprimento e 90 metros de largura e mínimas de 90 metros de comprimento por 45 metros de largura, para partidas nacionais. Em se tratando de partidas internacionais, o campo de jogo deverá ter como medidas máximas 110 metros de comprimento e 75 metros de largura e mínimas 100 metros de comprimento e 64 metros de largura.

A área total do campo é dividida em duas partes iguais por uma linha transversal, que possui um círculo central de 18,30 metros de diâmetro, cujo centro serve de marca para as saídas nos começos de cada tempo de jogo ou recomeço após um gol.

(6) Anexo E, p. 291(7) COELHO, Arnaldo César. A regra é clara, 1ª edição. São Paulo: Editora Globo, 2002, p. 137.

24 JEAN MARCEL MARIANO DE OLIVEIRA

Gol, aliás, que é a finalidade principal do futebol, consistente em fazer ultrapassar totalmente uma bola pela linha localizada em cada uma das metas, as quais são constituídas por duas traves equidis-tantes das linhas laterais e unidas por um travessão. Estas traves possuem 7,32 metros de largura por 2,44 metros de altura.

São duas as metas localizadas dentro do campo, cada uma com sua respectiva trave, a qual se lo-caliza nas extremidades de cada lado. Em cada meta, existe também uma pequena e uma grande área. A pequena área, também conhecida com área do goleiro, tem 5,50 metros para cada lado, partindo de cada uma das traves e 5,50 metros para frente, partindo da linha de fundo. A grande área tem 16,50 metros para cada lado, partindo de cada uma das traves e 16,50 metros para frente, partindo da linha de fundo.

Dentro desta área há 11 metros da linha de fundo, numa linha perpendicular imaginária partindo do meio da linha de fundo, localiza-se a chamada “marca do pênalti”, de onde são cobrados os tiros livres diretos provenientes das faltas cometidas pela defesa dentro da sua respectiva grande área.

Fora da grande área localiza-se a chamada “meia-lua”, está que é um semicírculo com finalidade exclusiva de marcar a distância de 9,15 metros da marca do pênalti, delimitando o local onde os joga-dores poderão permanecer durante a cobrança do pênalti.

No campo, ainda, existem quatro bandeiras que são colocadas em cada um dos vértices formados pelo encontro das linhas laterais e linhas de fundo. Desses vértices são cobrados os escanteios, os quais são tiros livres diretos decorrentes das bolas lançadas pela linha de fundo por um atleta da equipe que defende a respectiva meta.

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A partida de futebol é disputada por duas equipes compostas por, no máximo 11 e no mínimo 7 atletas, sendo um deles obrigatoriamente o goleiro, o qual é o único que pode, validamente, tocar a bola com as mãos e, ainda sim, dentro da grande área da sua respectiva meta de defesa, prática vedada aos demais atletas, que poderão tocar a bola com os pés, com o tronco, com as pernas e com a cabeça.

Sobre a posição de goleiro, manifestou-se Paulo Guilherme, citando trecho da autobiografia de Lev Yashin, tido como um dos melhores goleiros de todos os tempos, este que defendeu a seleção da União Soviética nos anos de 1954 a 1971 e foi apelidado de “aranha negra”, em razão da cor da camisa com que jogava, dizendo que:

“O goleiro, sem dúvida, ocupa posição mais importante da equipe. Se for mau, pode prejudicar uma equipe magnífica. Se for bom, a equipe se anima e pode até ganhar de um time mais forte. Toda uma equipe joga contra você, de outra cidade, de outro clube, de outro país. Atrás de você não há mais ninguém. Você é o último obstáculo no caminho dos atacantes”.(8)

Cada equipe, ainda, poderá ter até sete atletas no banco de reservas, ou ainda mais, até um limite de doze atletas, dependendo do regulamento da competição disputada, os quais, em número máximo de três, poderão substituir algum atleta que iniciou a partida. Esse número de substituições foi um exemplo das poucas mudanças da regra do futebol ao longo dos anos, vez que houve época em que eram permitidas quatro substituições (uma de um goleiro, mais três de atletas “de linha”), duas subs-tituições sem distinção de atleta e, ainda, época em que não eram permitidas quaisquer substituições, nem mesmo em caso de contusão de um atleta que estava jogando.

A partida é disputada em 90 minutos, sem qualquer paralisação do relógio, divididos em dois tem-pos de 45, havendo 15 de intervalo para descanso dos atletas entre um tempo e outro. Em partidas que não pode haver empate, este tempo pode ser prorrogado, o que ensejará a chamada “prorrogação” de 30 minutos, também sem paralisação do relógio, divididos em dois tempos de 15 minutos sem intervalo para descanso.

(8) GUILHERME, Paulo. Goleiros, heróis e anti-heróis da camisa 1. São Paulo: Alameda, 2006. p. 16.

Largura – Max. 90cm Min. 45cm

9,15m

9,15m 14,5m 7,32m 5,5m

16,5m

5,5m

11m

9,15m

Raio 9,15m

1m de raio

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Em alguns casos, ainda, quando permanece o empate, há necessidade da “decisão por pênaltis”, consistente numa disputa em que cada equipe terá direito a cinco tiros livres da marca do pênalti, vencendo a partida aquela que, ao final das suas cobranças, tiver o maior número de gols. Terminando empatado, as cobranças continuam até que uma equipe acerte sua cobrança e a outra a erre, nas cha-madas “cobranças alternadas”.

Como já mencionado, o objetivo do jogo é a marcação de gols por meio da transposição integral da bola, esta que tem de 68 a 71 centímetros de circunferência e de 396 a 453 gramas de peso, pela linha das metas, vencendo a partida a equipe que fizer mais gols durante o tempo de jogo.

O responsável pela condução da partida é o árbitro, o qual será auxiliado por dois “bandeirinhas”, chamados oficialmente de árbitros auxiliares, os quais, como o próprio nome diz, auxiliam o árbitro em lances ocorridos em momentos em que este não pode ver, seja pela distância, seja por ter sua visão encoberta por jogadores.

A figura do árbitro, aliás, é outro exemplo que se tem de mudança na regra original do jogo, como explica Arnaldo César Coelho(9):

“Somente em 1878 é que alguém teve a brilhante ideia de dar um apito aos juízes. O primeiro jogo “apitado” na História ocorreu naquele ano entre Nottingham Forest e Sheffield Norfolk. Ainda sobre o principal instrumento de trabalho do juiz, ele foi inventado em Birmigham, também na Inglaterra, por um marceneiro chamado Joseph Hudson.

Por volta de 1881, finalmente as leis de jogo tratam dos árbitros (referee), que passam a ter mais atribuições, pois até então se limitavam a cronometrar o tempo de jogo e a se pronunciar mediante a

(9) COELHO, Arnaldo César. Op. cit, p. 139.

Não é gol

Gol

Não é gol

Não é gol

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reclamação de uma das equipes. No ano seguinte, institui-se o arremesso lateral com as mãos e decide-se criar um comitê independente para supervisionar as leis, que viria a ser o International Football Asso-ciation Board”.

O árbitro de futebol é a figura comumente chamada de “juiz” pelos torcedores e atletas e, embora haja uma enorme distinção desta figura com a dos Juízes de Direito, este autor pode afirmar com seguran-ça, exercendo a segunda tarefa como profissão e tendo exercido a primeira em jogos amadores, estudantis e de família, que chamar um árbitro de futebol de juiz não se trata de impropriedade absoluta.

Ou alguém imagina que marcar um pênalti aos 45 minutos do segundo tempo, estando o jogo empatado, em uma decisão de campeonato, num estádio repleto de torcedores, estando o jogo sendo transmitido pela televisão não é um verdadeiro exercício de “magistratura”, já que irá, com grande probabilidade, decidir o resultado daquela partida?