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Departamento de Estudos Germanísticos e Departamento de Estudos Anglo-Americanos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto O CONTRIBUTO DOS EXERCÍCIOS DE LACUNA DE INFORMAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO ORAL CRISTINA ALEXANDRA TABUADA DE ANDRADE Professor Orientador: Nuno Ribeiro 2010

O CONTRIBUTO DOS EXERCÍCIOS DE LACUNA DE INFORMAÇÃO … · 2012. 1. 21. · caso do 3ºB e o alemão, no caso do 10ºJ) é extremamente importante a diferenciação de . 3 sons,

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  • Departamento de Estudos Germanísticos e

    Departamento de Estudos Anglo-Americanos

    da Faculdade de Letras da Universidade do Porto

    O CONTRIBUTO DOS EXERCÍCIOS DE LACUNA DE

    INFORMAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA

    COMUNICAÇÃO ORAL

    CRISTINA ALEXANDRA TABUADA DE ANDRADE

    Professor Orientador: Nuno Ribeiro

    2010

  • Departamento de Estudos Germanísticos e

    Departamento de Estudos Anglo-Americanos

    da Faculdade de Letras da Universidade do Porto

    O CONTRIBUTO DOS EXERCÍCIOS DE LACUNA DE

    INFORMAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA

    COMUNICAÇÃO ORAL

    CRISTINA ALEXANDRA TABUADA DE ANDRADE

    Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Ingleses e Alemães

    Relatório apresentado para a obtenção do Grau de Mestre em

    Ensino de Inglês e de Alemão no Ensino Básico

    Professor Orientador: Nuno Ribeiro

    Professoras Co-Orientadoras: Maria Ellison e Simone Tomé

    Orientadoras de Estágio: Emília Gonçalves e Júlia Miranda

    2010

    II

  • RESUMO

    O presente trabalho é o resultado de um processo de investigação-acção

    desenvolvido na Escola Secundária de Ermesinde e na Escola Básica 1 de Santa Cruz,

    em Freamunde, no âmbito da Iniciação à Prática Profissional do Ensino do Inglês e do

    Alemão, durante o ano lectivo de 2009/2010.

    Após o contacto inicial com os discentes, o diagnóstico de áreas problemáticas,

    nomeadamente a relutância e inibição na expressão oral, e a definição de procedimentos

    a implementar para a obtenção de mudanças positivas, os exercícios com lacunas de

    informação foram encarados como uma estratégia eficaz para incentivar e desenvolver a

    expressão oral em língua estrangeira. Ao longo do ano lectivo foram aplicados, em

    contexto de sala de aula, dois ciclos de investigação e, de acordo com metodologias

    propostas por autores de renome na área em questão, foram analisados e interpretados

    os dados recolhidos. Os resultados obtidos confirmam a pertinência e eficácia da

    estratégia escolhida.

    O presente estudo apresenta-se como válido e como um reforço da pertinência

    dos exercícios de lacuna de informação no desenvolvimento de competências de

    expressão oral nas aulas de língua estrangeira.

    III

  • ABSTRACT

    The present work is the result of an action-research project carried through at the

    Secondary School of Ermesinde and in the Basic School 1 of Santa Cruz, in Freamunde,

    having as frame of reference the Initiation to the Professional Practice of Ensino of

    English and German, during the school year of 2009/2010.

    After the initial contact with the learners, the diagnosis of problematic areas,

    namely the reluctance and inhibition in the verbal expression, and the definition of

    strategies to obtain a positive change, the information gap exercises were chosen as an

    efficient qualified instrument to stimulate and to develop the verbal expression in

    foreign languages. Throughout the school year were applied in the classrooms two

    cycles of research, in agreement with methodology proposals of well known authors in

    the area in question. The collected data was analyzed and interpreted. The results

    confirm the relevancy and effectiveness of the chosen strategy.

    The present study is presented as valid and as a reinforcement of the relevancy of

    the information gap exercises in the development of communicative skills in the lessons

    of foreign languages.

  • IV

    PALAVRAS-CHAVE

    Exercícios de lacuna de informação; Expressão Oral; Trabalho de Pares; Ansiedade;

    Inibição; Abordagem Comunicativa

    V

  • Aos meus filhos.

    VI

  • AGRADECIMENTOS

    Aos meus filhos, a quem dedico este trabalho, como compensação pelos muitos

    momentos de ausência durante os dois anos passados.

    À minha mãe, pelo apoio incondicional em todos os momentos de dificuldade e em

    todas as decisões.

    Ao Doutor Nuno Ribeiro, pela orientação e pela tranquilidade que soube transmitir.

    À Drª Simone Tomé, pela disponibilidade constante e por todas as sugestões valiosas.

    À Drª Maria Ellison, pelo transtorno que lhe causei com as deslocações a Freamunde e

    pelas palavras de encorajamento.

    À Drª Emília Gonçalves e à Drª Júlia Miranda, professoras orientadoras de estágio, pelo

    apoio, acompanhamento, conselhos, compreensão e opiniões. Ficarão certamente

    guardadas na minha memória.

    Aos meus colegas de estágio, Clara Proença e Hugo Vieira, por terem contribuído

    também para o meu desenvolvimento profissional.

    Aos alunos de Alemão do 10º J e de Inglês do 3ºB (na Escola Secundária de Ermesinde

    e na Escola Básica 1 de Santa Cruz, respectivamente), pela colaboração e pelo carinho

    com que participaram neste trabalho.

    VII

  • 1

    SUMÁRIO

    Pág.

    Introdução ……….……………………………………………………………………. 2

    Capítulo I

    O contexto de investigação – acção

    1.1 Locais e participantes ……………………………………………………….…. 4

    1.1.1 Escola Secundária de Ermesinde ……………………..…………….….. 4

    1.1.2 Escola Básica 1 de Santa Cruz ……………..………………….……….. 5

    1.2 Definição da área de intervenção …………………………………….………... 6

    1.2.1 Quadro Estratégico para o Multilinguismo ……………….….…………6

    1.2.2 Observação simples ………………………………………….………… 7

    1.2.3 Grelhas de observação e questionários………………………………..…7

    Capítulo II

    A experiência comunicativa na lacuna de informação

    2.1 A abordagem comunicativa na sala de aula…………………………………. 12

    2.2 A ansiedade e relutância na expressão oral………………………………….. 13

    2.3 A pertinência da utilização de exercícios de lacuna de informação…………. 14

    Capítulo III

    A aplicação prática da estratégia seleccionada

    3.1 A lacuna de informação no contexto de sala de aula …………………..……. 16

    3.2 Planificação e decurso das aulas …………………………………….………. 18

    3.2.1 O primeiro ciclo de investigação acção: descrição e análise dos

    dados recolhidos …………….………………………………….……… 18

    3.2.2 O segundo ciclo de investigação acção: as alterações introduzidas

    e análise dos dados recolhidos…………………………………………22

    Capítulo IV

    A interpretação dos dados

    4.1 Interpretação dos dados………………………………………………………28

    4.1.1 A turma do 10ºJ de Alemão ……………………………………………28

    4.1.2 A turma do 3º B de Inglês………………………………………………29

    4.2 Confronto com previsões iniciais…………………..……………………….. 30

    Capítulo V

    Proposições conclusivas…………………………………………………………….. 32

    Referências Bibliográficas …………………………………………………………. 35

    Anexos

    Apêndices

  • 2

    INTRODUÇÃO

    O presente trabalho é o culminar de um processo de investigação – acção,

    desenvolvido no âmbito da Iniciação à Prática Pedagógica do Mestrado em Ensino de

    Inglês e Alemão no Ensino Básico em dois estabelecimentos de ensino distintos: a

    Escola Secundária de Ermesinde e a Escola Básica 1 de Santa Cruz, em Freamunde, no

    decurso do ano lectivo 2009/2010.

    Apesar do distanciamento geográfico e etário dos alunos das turmas observadas,

    sobressaía um problema comum em ambas as línguas: a relutância e inibição

    demonstrada por alguns alunos em intervir oralmente no decorrer da aula, apesar da

    notória motivação e interesse manifestados pelos temas trabalhados e pelas actividades

    propostas. Na oralidade, comunicamos sem rede: todo o tempo é pouco para organizar o

    pensamento, procurar as palavras, ordená-las e estruturá-las de forma a produzir

    expressões com significado e com sentido, para nós e para o nosso interlocutor. Por

    isso, quanto mais nos exercitarmos, mais probabilidades temos de bem falar. Parece-me,

    pois, fundamental ajudar o aluno a exercitar-se, orientando-o nas suas observações e na

    forma de as relacionar com as suas experiências e os seus conhecimentos. A

    comunicação faz parte da nossa vida social. Para comunicar oralmente temos, antes de

    mais, de respeitar o outro.

    Desta forma, após consulta do programa de Alemão do décimo ano, das

    Orientações Programáticas para o ensino do Inglês no 1º Ciclo do Ensino Básico, dos

    planos curriculares das escolas e do Quadro Europeu de Referência para o Ensino de

    Línguas Estrangeiras, os exercícios de lacuna de informação pareceram-me uma

    estratégia capaz de desenvolver a competência oral dos alunos em questão, quer em

    termos de fluência, como de pronúncia, de desenvoltura social e capacidade real de

    transmitir informação.

    Os exercícios de lacuna de informação promovem a comunicação entre pares,

    que são expostos à necessidade de receber e fornecer informação para que determinada

    tarefa seja cumprida com êxito. Na minha opinião, esta tipologia de exercícios é ideal

    para descentralizar a interacção da figura do professor, fomentando o processo de

    autonomia dos alunos, que se transformam no centro do processo de aprendizagem.

    Além disso, no ensino básico são determinantes as competências do falar e do ouvir.

    Para alunos que são, pela primeira vez, expostos a uma língua estrangeira (o inglês, no

    caso do 3ºB e o alemão, no caso do 10ºJ) é extremamente importante a diferenciação de

  • 3

    sons, o treino da pronúncia, o à-vontade e a vontade como utilizam oralmente essa

    língua estrangeira.

    Para o desenvolvimento global dos alunos muito contribuem certamente as

    línguas estrangeiras: na responsabilização e autonomização dos alunos, na promoção de

    uma consciência pluricultural e plurilingue, na apreciação de novas línguas como

    veículos de comunicação efectiva com o mundo que os rodeia e no fomento de atitudes

    de auto-confiança, empenho, ajuda mútua e respeito pelas idiossincrasias do outro. Na

    minha opinião, em todas estas vertentes são eficazes os exercícios de lacuna de

    informação.

    Este relatório está dividido em cinco partes. Na primeira, faço uma descrição do

    contexto das escolas e das turmas participantes deste projecto. Na segunda parte, abordo

    as competências comunicativas em que me apoiei durante este período de investigação-

    acção. A terceira parte descreve as opções metodológicas escolhidas, a sua aplicação em

    contexto de sala de aula, bem como os instrumentos de investigação utilizados na

    recolha e confirmação de dados. A quarta parte é dedicada à análise e interpretação dos

    dados recolhidos. Apesar das limitações associadas aos contextos em que este trabalho

    foi desenvolvido (nomeadamente a limitação temporal e contacto intermitente com uma

    das turmas), a quinta e última parte é constituída por uma reflexão sobre a validade do

    estudo apresentado e o efeito que o projecto revelou nas turmas.

  • 4

    Capítulo I

    O contexto de investigação – acção

    1.1 Os locais e os participantes

    1.1.1 Escola Secundária de Ermesinde

    A Escola Secundária de Ermesinde situa-se na zona do Grande Porto, no

    concelho de Valongo, tem uma gestão independente e é frequentada por cerca de 2000

    alunos. É uma escola sobrelotada, que no presente ano lectivo se viu obrigada a recusar

    matrículas, e oferece escassos recursos informáticos. Caracteriza-se pela

    heterogeneidade social dos seus alunos e procura respeitar estas diferenças,

    estimulando a aquisição de novas competências e conhecimentos, tendo em vista a

    formação de cidadãos activos e responsáveis. O Departamento de Línguas Estrangeiras

    é bastante dinâmico, tendo durante o ano lectivo realizado actividades como o Peddy

    Paper, o Dance 4 All with English Songs e a dedicatória de canções no Polivalente para

    celebrar o Valentine’s Day.

    Na impossibilidade de leccionar Alemão no ensino básico nesta escola, por não

    existirem turmas de Alemão formadas, a solução encontrada foi realizar um trabalho

    contínuo com a turma do 10ºJ que, apesar de ser uma turma do ensino secundário,

    frequenta o nível de iniciação à língua, e paralelamente propor ao Conselho Executivo a

    abertura de um Clube de Alemão, dirigido exclusivamente a alunos do ensino básico,

    onde fosse possível leccionar a língua alemã em regime aberto. Para além da oferta

    curricular habitual, a escola promove actividades de complemento em diversas áreas, as

    quais funcionarão em cada ano lectivo em função das opções da escola e em função do

    Projecto Educativo aprovado para a escola (Regulamento Interno: 42). A

    disponibilidade demonstrada pelo Conselho Executivo e o entusiasmo com que uma

    turma do 8º ano aderiu ao projecto permitiram que o Clube de Alemão entrasse em

    funcionamento em Novembro, o que sem dúvida contribuiu para o alargamento da

    minha experiência pedagógica.

    A turma do 10ºJ de Alemão era constituída por seis alunos, quatro raparigas e

    dois rapazes, que optaram pela vertente de Línguas e Humanidades do Curso de

    Científico-Humanísticos. Esta turma caracterizava-se pelo interesse moderado, quer

  • 5

    pela escola em geral quer pela língua alemã em particular. Demonstrava poucos hábitos

    de estudo, fraca capacidade de memorização e fracas expectativas relativamente a

    objectivos a atingir.

    O Clube de Alemão começou com duas alunas apenas, cujo entusiasmo e

    motivação contribuíram para a frequência de mais três alunos de forma assídua, pontual

    e interessada.

    Além das turmas anteriormente apresentadas, na Escola Secundária de

    Ermesinde desenvolvi o meu trabalho também com duas turmas de Inglês, o 8ºA e o

    9ºA.

    1.1.2 Escola Básica 1 de Santa Cruz

    Ao contrário da primeira, esta escola do ensino básico caracteriza-se pela

    envolvência rural. Fica situada em Freamunde, no concelho de Paços de Ferreira, a 30

    km do Porto e pertence ao Agrupamento Vertical de Escolas Dr. Manuel Pinto de

    Vasconcelos. Frequentam esta escola 202 alunos distribuídos por 9 turmas no primeiro

    ciclo do ensino básico e 48 crianças divididas por 2 turmas no pré-escolar. O corpo

    docente desta escola é estável, sendo a maioria efectivo e do sexo feminino.

    Um dos principais problemas com que se debate este Agrupamento é o insucesso

    e o abandono escolares; tratando-se de um concelho onde proliferam as pequenas

    indústrias familiares, o investimento na educação não é uma prioridade das famílias, que

    tendem a desvalorizar o percurso escolar dos jovens. Mesmo quando se trata de

    percursos de notável sucesso, a meta é a escolaridade mínima obrigatória, que muitos

    consideram já excessiva.

    Tendo eu escolhido um Mestrado em Ensino Básico, julgo ser relevante levar a

    cabo o meu projecto de investigação-acção também numa escola do 1º ciclo. Trata-se de

    um nível de ensino extremamente gratificante e envolvente, nomeadamente pela

    espontaneidade, curiosidade e pelo entusiasmo com que os alunos acolhem a língua

    estrangeira. Esta é uma das escolas onde lecciono Inglês como Actividade de

    Enriquecimento Curricular há já três anos.

    Nesta escola, o meu projecto de investigação-acção foi desenvolvido na turma

    do 3ºB, constituída por 22 alunos, 14 raparigas e 8 rapazes, com idades compreendidas

  • 6

    entre os 8 e os 9 anos. Frequentavam a disciplina de Inglês por vontade própria, eram

    assíduos, participativos e demonstravam entusiasmo pelas actividades propostas.

    1.2 Definição da Área de Intervenção

    1.2.1 Quadro Estratégico para o Multilinguismo (QEM)

    Como se lê no sítio do Ministério da Educação, “A aprendizagem de línguas

    estrangeiras é um pré-requisito essencial para o acesso ao conhecimento e um factor

    favorável à mobilidade pessoal e profissional. A par do domínio da língua materna, a

    capacidade de comunicar em outras línguas é, no mundo interdependente em que

    vivemos, uma mais-valia para o exercício da cidadania de forma activa e participada,

    pois que tal não se confina, hoje, às fronteiras nacionais. Além disso, o domínio de

    competências de comunicação em várias línguas potencia o alargamento das nossas

    mundividências, pois permite o acesso a outras culturas, outros valores, modos de viver

    e pensar” 1.

    O QEM descreve a importância da aprendizagem precoce das línguas,

    nomeadamente no seu registo oral, pelo que considero pertinente referi-lo no meu relatório.

    Dada a sua falta de inibição, as crianças são normalmente participantes entusiásticos em

    interacções orais, fazendo da aprendizagem precoce de línguas um excelente factor de

    desenvolvimento de competências orais receptivas e produtivas, bem como de fruição

    da aprendizagem das línguas e da comunicação.

    Porém, as vantagens da aprendizagem precoce de línguas só se concretizam se

    os professores tiverem sido formados especificamente para ensinar línguas a crianças

    muito jovens, se o número de alunos na classe for reduzido, se estiverem disponíveis os

    materiais didácticos adequados e se o programa escolar dedicar às línguas o tempo

    suficiente.

    1 http://www.min-edu.pt/outerFrame.jsp?link=http://www.dgidc.min-edu.pt/

  • 7

    1.2.2 Observação Simples

    Julgo que a observação na sala de aula é um dos instrumentos indispensáveis e

    incontornáveis no desenvolvimento profissional de um professor; todavia, há tantas

    manifestações de actividade a decorrer em simultâneo que se torna impossível registar

    tudo aquilo que se observa. Durante uma fase inicial de observação simples em ambas

    as turmas, apercebi-me de que os alunos eram muito conversadores e gostavam de

    partilhar informação pessoal com os seus pares, tendência que era invertida quando lhes

    era solicitada a participação em língua estrangeira ou a participação oral perante toda a

    turma. Além disso, quando lhes era solicitado que falassem abertamente sobre

    determinado tópico, acabavam por tornar-se pouco receptivos porque percebiam que o

    objectivo do professor não era o interesse real sobre os suas opiniões pessoais ou o seu

    sentido crítico, mas apenas obter, testar ou corrigir esse tópico específico.

    Deste modo, começou a ganhar alguma consistência a minha ideia de

    desenvolver um projecto relacionado com o desenvolvimento de competências orais,

    não só por ser uma área que me interessa particularmente, mas também por notar

    alguma relutância na capacidade de participação oral dos alunos, espontânea ou

    solicitada. Para obter uma oralidade eficiente, é necessário cumprir normas e padrões, o

    que faz da comunicação oral um suporte importante para o desenvolvimento da língua

    escrita.

    1.2.3 Grelhas de Observação e Questionários

    A validade e fiabilidade deste projecto não podiam sustentar-se apenas numa

    observação simples, individual e não sistematizada. Deste modo, optei pela elaboração

    de grelhas de observação, cujo objectivo era a recolha de dados passíveis de análise

    produtiva e que me permitissem a escolha de um tema pertinente, estimulante e, ao

    mesmo tempo, com resultados mensuráveis.

    A grelha que concebi (constante do Anexo I) inclui categorias que me pareceram

    pertinentes para o desenvolvimento do projecto em causa, categorias aplicáveis a ambas

    as turmas e línguas. O primeiro item da grelha de observação refere-se às intervenções

    espontâneas dos alunos e permitiu-me perceber se os alunos se sentiam motivados e

  • 8

    confiantes para participar de forma livre nas actividades propostas, ou se esperavam que

    o professor lhes pedisse para participar.

    Os dois itens seguintes referem-se ao tipo de respostas dadas pelos alunos, se

    eram respostas curtas ou completas; pretendia mais uma vez confirmar se os alunos se

    sentiam confiantes para formular respostas longas, nas quais utilizariam mais

    vocabulário, ou se optariam por respostas curtas, frequentemente de uma palavra só,

    indicando compreensão da pergunta mas inibição na resposta.

    Na categoria seguinte inclui as intervenções relevantes, já que são comuns,

    principalmente com alunos do 1º CEB, as participações irrelevantes, despropositadas e

    potenciais destabilizadoras do ritmo da aula. Pretendia com este item verificar se a

    participação oral por parte dos alunos se adequava ao tema da aula e se estes recorriam a

    estruturas e léxico pertinentes naquele contexto específico.

    Como já referi, o que pretendo com o meu projecto de investigação-acção é o

    desenvolvimento de competências orais dos alunos em língua estrangeira, de cujo

    aumento dependerá o êxito deste projecto. A inclusão da categoria “utilização da língua

    materna” na grelha de observação tinha como objectivo registar o uso do português na

    sala de aula, em que momentos e porquê.

    As duas categorias seguintes, “auto-corrige as suas intervenções” e “produz

    frases correctas e compreensíveis” almejava obter dados sobre a fluência, consciência

    linguística e segurança comunicativa dos alunos. Finalmente, o último item da grelha de

    observação forneceria dados sobre a memória linguística dos alunos, permitindo

    verificar se utilizavam outros itens lexicais apresentados anteriormente, não

    directamente relacionados com o tema em questão, mas reveladores de pertinência e

    sentido.

    Os dados obtidos através desta grelha de observação foram comparados com os

    dados obtidos por um questionário (Anexo II), de forma a verificar a sua validade. A

    utilização de questionários torna-se proveitosa na medida em que permite a sua

    aplicação a todos os alunos em simultâneo, permitindo-lhes expressar a sua opinião de

    forma anónima e confidencial e permitindo uma rápida obtenção de dados. Assim, como

    forma de testar o questionário que elaborei, foi distribuído numa outra turma um

    questionário-piloto, não só para saber quanto tempo demorariam os alunos a responder-

    lhe, mas também para me certificar que as instruções eram claras e eliminar ou alterar

    questões que pudessem ser geradoras de dados pouco relevantes.

  • 9

    Após ter sido submetido aos alunos das turmas do 10ºJ de Alemão e 3ºB de

    Inglês, os dados do questionário foram analisados considerando a percentagem de

    respostas da globalidade das turmas.

    Deste modo, a prioridade foi saber qual a competência que os alunos

    consideravam mais importante numa aula de língua estrangeira, ao que 44% dos alunos

    responderam “FALAR”.

    Seguidamente, inquiri os alunos sobre a sua forma preferencial de interacção, sendo que

    também 44% dos alunos referiu gostar de trabalhar em grupo.

    Trabalho de grupo 44% Trabalho

    de pares 30%

    Trabalho Individual

    22%

    Professor - Turma

    4%

    Interacção

    Falar 44%

    Ler 13%

    Ouvir 26%

    Escrever 17%

    Competências

  • 10

    No que diz respeito a estratégias que os alunos consideram ser eficazes para

    desenvolver a sua capacidade de comunicação oral, 48% dos alunos referiu preferir

    “CANÇÕES”.

    Apesar de 44% dos alunos mencionar a competência Falar como a mais importante

    numa aula de língua estrangeira, uma percentagem significativa de alunos admitia falar apenas

    quando era solicitado, evitando as participações orais espontâneas por vergonha do professor ou

    dos colegas, receio de cometer erros ou simplesmente por timidez, e falando de forma mais

    desinibida apenas com um colega do que perante toda a turma.

    Perante as respostas obtidas no questionário, começou a ganhar consistência a minha

    ideia inicial de um projecto de investigação-acção relacionado com o desenvolvimento da

    oralidade e do à-vontade com a língua estrangeira. Deparei-me contudo com algumas

    contrariedades, nomeadamente com o facto de um dos meus colegas de núcleo pretender

    conduzir o seu projecto de investigação-acção com o tema “Música”. Apesar de a estratégia

    preferida pelos alunos para desenvolver as macro-capacidades de Ouvir/Falar serem as canções,

    optei pelos jogos comunicativos, escolhidos por 30% dos alunos, como actividade para

    implementar o meu projecto de investigação-acção, evitando assim que os nossos projectos

    colidissem.

    Por outro lado, apesar de a maioria dos alunos indicar o trabalho de grupo como a

    forma preferida para trabalhar em sala de aula, creio que esta forma de interacção apresenta

    algumas desvantagens, particularmente a afirmação exclusivista por parte de alguns alunos e

    correlativa anulação de outros, o que resulta normalmente em prejuízo daqueles que mais

    precisariam de praticar e participar, ou favorece simplesmente a propensão à preguiça. Deste

    Canções 48%

    Jogos

    Comunicativos 30%

    Diálogos 13%

    Dramatizações 9%

  • 11

    modo, foi necessário encontrar uma estratégia que fosse ao encontro dos interesses dos alunos e

    que, simultaneamente, me permitisse conduzir de forma eficaz o projecto de investigação-acção.

    A escolha acabou por recair no trabalho de pares, escolhida por 30% dos alunos como forma

    preferida de interacção na sala de aula.

  • 12

    Capítulo II – A experiência comunicativa na lacuna de informação

    2.1 A abordagem comunicativa na sala de aula

    Um dos pressupostos da abordagem comunicativa no processo de ensino /

    aprendizagem é atingir a competência de comunicação em língua estrangeira em todas

    as suas componentes. Assim, ao lado de uma competência gramatical existe a

    competência do uso, que permite adequar os enunciados às situações (Hymes, 1972).

    Comunicar é utilizar todo um conjunto de conhecimentos, de saber fazer e de atitudes.

    A competência comunicativa de um falante está condicionada pelo conhecimento de um

    amplo vocabulário, de vários itens sintácticos e de aspectos paralinguísticos da língua-

    alvo. Somente assim um falante é capaz de actuar com sucesso num contexto

    eminentemente comunicativo.

    No âmbito das competências comunicativas em língua estrangeira, o Quadro

    Europeu Comum de Referência (QECR) refere que, a fim de realizar as intenções

    comunicativas, os aprendentes mobilizam capacidades gerais e combinam-nas com

    uma competência comunicativa mais especificamente relacionada com a língua. Neste

    sentido mais restrito, a competência comunicativa compreende componentes

    linguísticas, sociolinguísticas e pragmáticas. A competência comunicativa deve

    englobar conhecimento e desempenho porque, na prática, estes termos não se separam.

    A competência comunicativa compreende regras gramaticais, regras contextuais, noções

    de conhecimento do mundo e componentes afectivos, como a ansiedade e o interesse.

    Num artigo sobre tarefas comunicativas, Nunan (1991, p. 279) apontava como

    características da abordagem comunicativa a ênfase no aprender a comunicar através da

    interacção na língua estrangeira, a introdução de materiais autênticos no contexto de

    aprendizagem, a criação de oportunidades para que os alunos focalizem não só a língua,

    mas também o processo de aprendizagem em si, o aproveitamento das experiências

    pessoais do aluno como contribuições importantes na sala de aula e a tentativa de ligar a

    aprendizagem de língua dentro da sala de aula com a sua activação fora dela. Apesar

    destes parâmetros, o trajecto que segui ao desenvolver o meu projecto não foi o de

    tentar ir ao encontro do que os alunos potencialmente ou realmente precisam e querem

    saber na língua estrangeira. Contrariando o princípio da abordagem comunicativa, as

    tarefas que dei aos alunos não foram escolhidas de acordo com uma situação real fora

    do contexto de sala de aula. Cumprindo o programa curricular de Alemão do 10º ano e

  • 13

    seguindo as Orientações Programáticas para o Inglês do 3º ano, parti dos itens

    gramaticais e lexicais a trabalhar e a partir daí seleccionei os materiais e actividades que

    julguei serem mais eficazes para atingir os meus objectivos.

    Long, citado por Pica (1988: 307), define os exercícios de lacuna de informação

    como aquelas tarefas que exigem a troca de informação entre os participantes, sendo

    que cada um deles possui informação que o outro desconhece, mas de que necessita

    para cumprir a tarefa de que foi incumbido. É enfatizada a natureza obrigatória da troca

    de informação, que ocorre de forma recíproca, criando assim condições propícias a que

    os alunos ajustem o seu discurso e mantenham a coerência do conteúdo.

    Assim, o que pretendo com o meu projecto de investigação-acção é desenvolver

    nos alunos a consciencialização de que o que eles já conhecem sobre o sistema

    linguístico da língua estrangeira se pode aplicar em contextos comunicativos na vida

    real. Na posse de conhecimentos linguísticos básicos, nomeadamente algum vocabulário

    e estruturas, pretendo que os alunos se sintam confiantes e capazes de estabelecer

    diálogos / conversas na língua alvo, proporcionando-lhes para isso, em contexto de sala

    de aula, situações em que possam desenvolver esse à vontade com a língua estrangeira,

    ultrapassando dificuldades de inibição ou vergonha.

    2.2 A ansiedade e relutância na expressão oral

    Um estudo de MacIntyre & Gardner (1989) demonstra que a ansiedade afecta

    negativamente a aprendizagem e o desempenho, evidenciando uma estreita relação entre

    os níveis de ansiedade dos alunos e a sua proficiência na aquisição de uma língua

    estrangeira. De acordo com Tobias (1986), citado por MacIntyre & Gardner, a

    ansiedade pode trabalhar como um bloqueio mental ao desempenho cognitivo nas suas

    três fases: input, processamento e output. O aumento da ansiedade, que é associado

    tipicamente a sentimentos de baixa auto-estima e ao medo de falhar, pode prejudicar o

    desempenho na língua estrangeira.

    A ansiedade de língua, um tipo de ansiedade especificamente associado a contextos

    de aprendizagem de línguas estrangeiras, pode advir de vários factores, de acordo com

    os quadros de referência específicos de cada aprendente. O contexto de sala de aula, por

  • 14

    si só, pode representar um ambiente propenso a causar ansiedade em alguns alunos, já

    que envolve frequentes avaliações, quer dos outros quer de nós próprios. Tal como

    apontado por Horowitz et al. (1986: 128) “qualquer desempenho na língua estrangeira

    pode desafiar a auto-avaliação do aluno como comunicador competente e pode causar

    renitência, auto-consciencialização, medo ou mesmo pânico”.

    No que diz respeito à ansiedade do desempenho, Novo (1991) oferece também uma

    lista de potenciais fontes da ansiedade da língua, que podem ser ansiedades pessoais e

    interpessoais; a opinião do aprendente sobre a aprendizagem de línguas estrangeiras; a

    opinião do professor sobre o ensino de línguas estrangeiras; as acções do professor e do

    aluno; os procedimentos da sala de aula; e a avaliação na língua estrangeira.

    No processo de ensinar e aprender uma nova língua concentram-se desafios à

    identidade pessoal, social e cultural do aprendente, nos quais se fundem factores

    cognitivos e afectivos, directamente vinculados à sua personalidade. A tolerância das

    diferenças, a disponibilidade para correr riscos e para se expor perante o outro, a

    predisposição auditiva, a ansiedade, a inibição, a motivação e a auto-estima compõem

    alguns desses factores, permanentemente presentes no convívio com uma nova língua.

    Não pretendendo de forma alguma desrespeitar os traços pessoais de cada um, forçando

    aqueles alunos que não gostam mesmo de falar, nem na sua língua materna, a fazê-lo,

    parece-me extremamente importante fortalecer a desenvoltura oral. Ao desenvolver a

    oralidade, mesmo os alunos inibidos observam e desenvolvem a gramática, a pronúncia,

    a fluência, a postura facial e corporal.

    2.3 A pertinência da utilização de exercícios de lacuna de informação

    Os exercícios de lacuna de informação, predominantemente desenvolvidos em

    pares, envolvem a troca de informação de um elemento para o outro, isto é, cada aluno

    possui informação que terá de partilhar com o colega para que a tarefa que lhes foi

    proposta se realize com êxito. Esta foi a estratégia que escolhi para desenvolver o à-

    vontade dos alunos na produção de discurso oral, por variadas razões. Além de permitir

    uma troca alargada de informação, fazem com que os alunos se concentrem nessa

    informação que são encorajados a partilhar, tornando-os simultaneamente produtores e

    receptores de discurso.

  • 15

    Favorecem também o desenvolvimento de competências de socialização, muito

    importantes no 1º ciclo do ensino básico, promovendo o espírito de entre-ajuda e de

    solidariedade. A motivação durante a realização deste tipo de exercícios é alta, uma vez

    que os alunos têm uma razão para falar uns com os outros, estimulando-os na utilização

    de estruturas e vocabulário que já conhecem, e oferecem as mesmas oportunidades de

    discurso a todos os alunos.

    Uma outra razão de extrema importância é o facto de estes exercícios se

    desenvolverem em pares, sendo por isso menos intimidatórios para alunos tímidos ou

    envergonhados, que não se expõem perante toda a turma. Facilitam a criação de um

    ambiente confortável e desinibido, aumentando deste modo a auto-confiança do aluno e

    o bem-estar em relação à língua alvo.

    De acordo com as Orientações Programáticas para o Ensino do Inglês no 1º

    Ciclo, o ensino e aprendizagem da língua estrangeira visam a apropriação progressiva

    de competências específicas da disciplina, respeitando e promovendo o

    desenvolvimento de competências gerais e transversais do Ensino Básico e fomentando

    a integração da língua nas outras áreas curriculares (OP:9-10). Também neste sentido os

    exercícios com lacuna de informação revelam a sua pertinência, já que são de fácil

    adaptação a uma variedade de actividades que incluem vocabulário, interpretação ou

    matemática.

    No que diz respeito ao papel desempenhado pelo professor, este torna-se apenas

    facilitador da comunicação, fornecendo o material necessário para que a actividade se

    desenrole e dando-lhe início. Depois disso, é o organizador da actividade, porque dá

    instruções aos alunos, corrige eventuais incorrecções e se assegura de que a actividade

    está a decorrer conforme o previsto. Em termos de comunicação efectiva, de realização

    da actividade, a figura do professor recua para assumir o papel de moderador para

    alunos mais inseguros ou pouco autónomos, sendo a principal interacção a que se

    estabelece entre os alunos.

    Apesar de na turma do 3ºB os exercícios com lacuna de informação se

    transformarem em actividades por norma barulhentas, já que estavam 22 alunos a falar

    quase em simultâneo, a interacção entre eles foi muito positiva.

  • 16

    Capítulo III

    A aplicação prática da estratégia seleccionada

    3.1 A lacuna de informação no contexto de sala de aula

    Os exercícios de lacuna de informação foram introduzidos no quadro de

    investigação da aquisição de línguas estrangeiras por Long (1980), numa tentativa de

    esclarecer questões relacionadas com o input e a interacção. Desde essa data têm sido

    instrumentos fiáveis de recolha de informação. As origens dos exercícios de lacuna de

    informação podem designar-se por pedagógicas, por se enraizarem na sala de aula, em

    actividades que peçam aos alunos, por exemplo, que encontrem diferenças em imagens,

    que ordenem frases em histórias ou que completem mapas e tabelas (Brumfit &

    Johnson, 1979; Ur, 1981, 1988, citados por Pica, 2006: 302). À medida que executam

    estas actividades, os alunos envolvem-se na língua estrangeira de uma forma funcional,

    focalizando o significado e o uso da língua alvo, cultivando a apetência pela

    aprendizagem. Numa vertente que privilegie a utilidade da forma, os exercícios de

    lacuna de informação podem ser desenvolvidos para encorajar os alunos a prestar maior

    atenção a estruturas linguísticas específicas.

    Não raras vezes em sala de aula, durante a realização de determinadas tarefas, os

    alunos que estão a ouvir não estão a participar efectivamente, partilhando ou trocando

    entre eles informações e praticando a sua destreza linguística; pelo contrário, tendem a

    dispersar a sua atenção, principalmente se a interacção que está a decorrer está para lá

    da sua capacidade de processamento linguístico. Contudo, se todos os alunos, sem

    excepção, sentirem necessidade de conhecer a informação que os outros detêm, a sua

    atenção não se dispersa e o seu tempo útil de prática de língua será alargado.

    Segundo van Lier, Tyler e Nakahama (2001: 378), um determinado número de

    estudos sobre a interacção nas aulas de língua estrangeira reclama que, tratando-se de

    falantes não nativos, a interacção não estruturada propicia poucas oportunidades de

    desenvolvimento de língua quando comparada com uma interacção mais controlada,

    que converge para um objectivo específico bem definido. De facto, numerosos estudos

    constataram que interacções controladas, com base em tarefas, particularmente as que

    têm um resultado único e convergente, promovem mais oportunidades de

  • 17

    desenvolvimento linguístico do que actividades menos estruturadas, cujo objectivo é

    mais aberto. A explicação apontada é que a realização com êxito de certas tarefas com

    interacção controlada, nomeadamente os exercícios de lacuna de informação, requer um

    resultado também ele controlado, de produção precisa. Ao contrário, nos exercícios

    pouco estruturados os alunos podem sentir dificuldades de comunicação por lhes faltar

    o conhecimento lexical ou formal, o que os inibe e retrai, causando frustração e

    resistência ao uso da língua alvo.

    A interacção verbal é um aspecto importante no processo de aquisição de uma

    língua estrangeira. Por exemplo Long (1985) e Ellis (1994), citados por van Lier, Tyler

    e Nakahama (p. 379) concluíram que esta interacção é importante para que a informação

    linguística se torne mais evidente para o aprendente. Mais recentemente, Izumi &

    Bigelow (2000), citados também pelos autores acima mencionados (p. 379),

    acrescentaram dois factores adicionais envolvidos na interacção verbal e na aquisição

    linguística, a atenção do aluno e a produção. Os exercícios de lacuna de informação

    focam em primeira instância o plano informacional. Há informação que vai ser trocada,

    através da utilização de aspectos primários como os itens lexicais ou uma determinada

    estrutura. O resultado final deste tipo de exercício é único, comum e convergente, dando

    pouco espaço para a existência de dúvidas ou incertezas.

    Assim, pretendeu-se com este trabalho centrado na realização de exercícios de

    lacuna de informação com falantes não nativos de língua inglesa e alemã de nível

    inicial, activar a atenção quanto à forma e ao significado, com exercícios que

    pressupunham interacção oral e o desenvolvimento de cinco aspectos distintos: a)

    léxico: grupos de palavras, vocabulário relacionado com um tópico definido; b)

    morfosintaxe: estruturar perguntas e respostas; c) pronúncia; d) competência global,

    referente a um conteúdo e capacidade de discurso; e) diminuir a ansiedade e aumentar a

    auto-confiança. Visto que o objectivo dos exercícios que propus era, na maioria dos

    casos, completar tabelas, os alunos concentravam-se em entender os itens lexicais

    vocalizados pelo seu par e em produzir correctamente os seus enunciados, para se fazer

    entender. Dado que as intervenções de cada elemento do par são curtas e se

    caracterizam pela repetição de itens lexicais e estruturas, ambos tiveram a oportunidade

    de interagir várias vezes durante a realização da actividade.

  • 18

    O ambiente em que foram desenvolvidos os exercícios de lacuna de informação, em

    sala de aula, foi um ambiente controlado, em que as tarefas foram cuidadosamente

    explicadas e os resultados esperados eram uniformes e facilmente verificáveis.

    3.2 Planificação e decurso das aulas

    3.2.1 O primeiro ciclo de Investigação Acção: descrição e análise dos dados

    recolhidos

    Após uma primeira fase de contacto com as escolas e com as turmas, de

    observação informal e simples, entre os meses de Outubro e Novembro de 2010, e

    de uma segunda fase, de elaboração de um plano de recolha de dados, na qual

    utilizei questionários e grelhas de observação como instrumentos de investigação

    que me permitissem formular algumas conclusões (Dezembro e Janeiro de 2010),

    tornou-se mais fácil a definição do tema a trabalhar e do método seleccionado para o

    fazer.

    Deste modo, entre Fevereiro e Maio de 2010 tive a oportunidade de aplicar, nas

    turmas dos 10ºJ de Alemão e do 3º B de Inglês, exercícios de lacuna de informação,

    numa tentativa de obter respostas para a questão que me propus investigar: qual o

    contributo dos exercícios de lacuna de informação para o desenvolvimento de

    competências orais nos alunos?

    Embora a faixa etária dos alunos fosse muito distante, optei, conforme

    demonstrado no capítulo I do presente relatório, por um paralelismo na escolha da

    metodologia e dos materiais a utilizar com ambas as turmas.

    O primeiro ciclo de investigação acção decorreu durante os meses de Fevereiro e

    Março de 2010. As aulas tinham início com a apresentação de um tema, que incluía

    léxico e estruturas gramaticais (Anexo III). Começarei por descrever a actividade

    que implementei na turma de Alemão.

    A actividade objecto de estudo, executada na parte final da aula, consistia num

    jogo comunicativo, conhecido dos alunos por ser um jogo usual em momentos de

  • 19

    lazer fora do contexto escolar. Pretendia activar o interesse e motivação dos alunos e

    simultaneamente maximizar o tempo de prática de língua. Para implementar esta

    actividade na aula, elaborei cartas com diferentes peças vestuário, pintadas com

    quatro cores diferentes (Apêndice A). O objectivo do jogo, jogado em pares, era que

    cada jogador obtivesse um conjunto da mesma peça de vestuário, nas quatro cores

    possíveis. Para isso, cada aluno tinha que perguntar ao colega, por exemplo, Hast du

    einen roten Rock? (Tens uma saia azul?). Se o jogador tivesse a peça de roupa

    solicitada, teria de a entregar ao colega, caso contrário indicar-lhe-ia o baralho para

    que tentasse a sua sorte. Cada aluno faria uma pergunta de cada vez.

    As intervenções dos alunos foram registadas numa grelha de observação, em

    tempo real, pelos colegas de estágio (Clara Proença e Hugo Vieira) e pela

    orientadora de estágio (Drª Júlia Miranda). As categorias utilizadas na grelha de

    observação foram criadas de forma a registar comportamentos concretos dos alunos,

    relevantes para o objecto de estudo deste projecto, nomeadamente o interesse e à-

    vontade dos alunos perante uma actividade eminentemente comunicativa, em que se

    pretendia verificar se conseguiam aplicar o vocabulário relacionado com vestuário e

    a estrutura apresentados durante a aula.

    Nome do

    Aluno

    Número de

    intervenções

    Reagiu positivamente à actividade,

    demonstrando interesse e à vontade

    Fez pergunta com

    correcção gramatical

    Fez pergunta com

    boa pronúncia

    Utilizou a

    língua materna

    1 10 Sim 4 em 10 6 em 10 Nunca

    2 10 Sim 4 em 10 4 em 10 1 em 10

    3 10 Sim 7 em 10 10 em 10 Nunca

    4 10 Sim 3 em 10 4 em 10 4 em 10

    5 10 Sim 4 em 10 7 em 10 1 em 10

    6 10 sim 3 em 10 5 em 10 Nunca

    Tabela 1: dados da grelha de observação (Anexo IV) na turma do 10ºJ - Alemão

  • 20

    Após análise das grelhas de observação referentes à actividade e conversão dos

    resultados no gráfico aqui inserido, foi necessário re-avaliar a estratégia aplicada e o

    grau de dificuldade que apresentou aos alunos. A turma revelou enorme interesse pela

    actividade, demonstrando compreender as instruções do jogo e conseguir cumprir as

    regras estipuladas previamente pelo professor. Relativamente ao número de

    intervenções, os alunos revelaram-se participativos e interventivos, nunca tentando

    protelar ou evitar a sua vez de falar nem comprometendo o normal desenrolar do jogo;

    todos reagiram positivamente, revelando à-vontade e desinibição. Contudo, no que

    respeita à correcção gramatical com que formularam as perguntas, os resultados

    demonstram que apenas um aluno conseguiu fazê-lo maioritariamente de forma

    correcta, enquanto três alunos erraram 4 em 10 perguntas e dois alunos erraram 3 em 10

    perguntas que formularam.

    Analisando a pronúncia conseguida pelos alunos durante a realização do jogo,

    quatro deles registaram 50% ou mais intervenções com boa pronúncia e apenas dois

    cometeram erros de pronúncia em 6 das 10 perguntas que fizeram ao seu par. Saliento

    ainda a utilização da língua materna, à qual não recorreram três alunos, que foi pouco

    utilizada por dois alunos e utilizada quatro vezes nas dez em que participou o sexto

    aluno alvo deste estudo.

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    Demonstrouinteresse e à

    vontade

    Correcçãogramatical

    Boa pronúncia Utilizou LM Actividade foicomprometida

    por erros

    Sim

    Não

    Mais ou Menos

  • 21

    No que diz respeito à actividade desenvolvida pelos alunos de Inglês do 3ºB,

    tratou-se de um exercício de lacuna de informação no qual os alunos, interagindo em

    pares, tinham por tarefa completar uma tabela com o número de frutos que o colega

    afirmava possuir. Pretendia com esta tarefa promover a prática da estrutura “How many

    … have you got?” / “I’ve got …”, consolidar os plurais e vocabulário relacionado com

    números e frutos.

    A turma do 3ºB, já apresentada anteriormente, é constituída por 22 alunos.

    Tendo por base os dados recolhidos através da grelha de observação preenchida no

    início do ano lectivo, concluí que apenas seis se sentiam inibidos e ansiosos quando se

    expressavam oralmente em inglês. Deste modo, apesar de a totalidade da turma realizar

    o exercício com lacuna de informação, no instrumento de recolha que elaborei para

    obter dados para análise só constam estes seis alunos, que entendi precisarem de

    intervenção mais focalizada.

    Nome do Aluno

    Número de intervenções

    Reagiu positivamente à actividade, demonstrando interesse e à vontade

    Reconhece o vocabulário

    Utilizou correctamente a

    estrutura

    Utilizou a língua materna

    1 4 Sim Sim Sim Sim

    2 4 Sim Sim Sim Sim

    3 4 Não Sim Sim Sim

    4 4 Sim Sim Sim Não

    5 4 Não Não Não Sim

    6 4 sim Sim Sim Sim

    Tabela 2: dados da grelha de observação (Anexo V) na turma do 3ºB - Inglês

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    Interesse e à-vontade

    Reconhecevocabulário

    Utilizaestrutura c/correcção

    Utiliza LM

    Sim

    Mais ou Menos

    Não

  • 22

    O gráfico acima exibido resulta da análise da grelha de observação preenchida

    durante o decorrer da actividade. Conforme demonstrado, dos seis alunos que

    constituíam a totalidade da amostra, dois demonstraram alguma inquietação com o facto

    de terem de formular a pergunta e dar a resposta em inglês, demonstrando insegurança e

    relutância no uso da língua. Curiosamente, apenas um desses alunos demonstrou não

    reconhecer o nome dos frutos constantes da tabela, o que o impossibilitava de entender

    a pergunta e, consequentemente, o levava a falhar na elaboração da resposta. Para

    ultrapassar essa dificuldade, recorria à língua materna. Creio que a utilização da língua

    materna pode, principalmente com alunos do 1ºCEB, ser um recurso auxiliador no

    processo de ensino / aprendizagem. Aliás, mesmo em alunos com mais anos de

    aprendizagem, o recurso à língua materna ou à tradução pode ajudar os alunos a

    compreender que não há total paralelismo entre as línguas. Nesta turma do 3ºB, e estes

    seis alunos em particular, demonstravam uma dependência excessiva do recurso à

    língua materna, que utilizavam como uma espécie de confirmação, como se tudo o que

    dissessem tivesse de passar pelo português para que houvesse entendimento. Mesmo

    que o professor não encorajasse este comportamento, estes alunos dirigiam-se ao

    professor na língua materna, por comodismo ou sensação de incapacidade na utilização

    da língua estrangeira. Na minha opinião, a língua materna pode ser co-construtora da

    língua estrangeira em sala de aula, já que traduzir os enunciados os torna mais

    controláveis e conscientes. Apesar de o meu objectivo primordial ser o desenvolvimento

    de capacidades orais em língua estrangeira, a utilização ocasional do português

    tranquilizava estes alunos, e quando transpunham para a língua materna o que ouviam

    em língua estrangeira era notória uma sensação de conforto e até de vitória.

    3.2.2 O segundo ciclo de Investigação Acção: alterações introduzidas e análise

    dos dados recolhidos

    Por condicionalismos inerentes ao núcleo de estágio, só foi possível realizar o

    segundo ciclo desta investigação acção em Abril de 2010. Respeitando o programa de

    Alemão do 10º ano, o tema que trabalhei com a turma foi das Wetter (o Tempo), o que

    constituiu uma vantagem em termos de grau de dificuldade e aumento da auto-confiança

    dos alunos. Insistindo na interacção aluno - aluno, propus a realização de duas

  • 23

    actividades distintas. Na primeira (Anexo VII), os alunos, na posse de pequenos cartões

    com imagens alusivas a condições atmosféricas, perguntavam a um colega à sua escolha

    “Wie ist das Wetter heute?”, (Como está o tempo hoje?) e esperavam encontrar no

    colega um cartão com uma imagem semelhante à sua. Na segunda actividade (Anexo

    VIII), foi entregue a três alunos a grelha A e aos restantes três alunos a grelha B, ambas

    incompletas, nas quais constavam os meses do ano e três cidades mundiais, com

    diferentes condições atmosféricas nas diferentes estações do ano. A tarefa dos alunos

    era perguntar ao seu par “Wie ist das Wetter im Januar in Berlin?” (Como está o tempo

    em Janeiro em Berlim?), desenhando no espaço correspondente o símbolo que o par lhe

    indicasse, por exemplo, “Es regnet.” (Está a chover).

    Pretendia-se com esta actividade que os alunos formulassem correctamente a

    pergunta, fazendo a distinção na preposição in seguida de artigo com os meses do ano e

    in sem artigo com o nome das cidades, reconhecessem o símbolo meteorológico e o

    desenhassem, de forma a completar a tabela.

    Uma vez mais, a execução da actividade foi registada pelos meus colegas de

    estágio e pela orientadora de estágio numa grelha de observação (Anexo IX) cujos

    resultados apresento de seguida. Parece-me pertinente referir que as alterações

    efectuadas na terminologia da grelha de observação tiveram o propósito de as tornar

    mais precisas e concisas, não invalidando a comparação entre os resultados, já que as

    categorias se mantiveram ao longo dos dois ciclos.

    Nome

    do Aluno

    Atitude:

    O aluno reagiu positivamente à actividade, demonstrando

    interesse e à vontade

    (expressão facial, motivação geral)

    Fluência:

    O aluno demonstra segurança na

    utilização das

    estruturas linguísticas envolvidas

    O aluno faz a pergunta e dá a resposta

    gramaticalmente correcta

    (im / in)

    Pronúncia:

    O aluno faz a pergunta e dá a

    resposta com boa

    pronúncia

    O aluno utilizou a

    língua

    materna

    1

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Não

    2

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Não

    3

    Sim

    Sim

    Sim

    Mais ou menos

    Não

    4

    Sim

    Sim

    Sim

    Mais ou menos

    Não

    5

    Sim

    Mais ou Menos

    Sim

    Sim

    Não

    6

    Sim

    Sim

    Sim

    Mais ou menos

    Não

    Tabela 3: dados da grelha de observação (Anexo IX) na turma do 10ºJ - Alemão

  • 24

    Como pode verificar-se pelos dados da grelha da tabela e do gráfico, a totalidade

    da turma de Alemão reagiu favoravelmente aos jogos comunicativos, demonstrando

    interesse, à-vontade e participando nas actividades com uma postura que denotava

    motivação. Cinco dos seis alunos demonstraram segurança na utilização dos itens

    lexicais e das estruturas envolvidas; apenas uma aluna evidenciava alguma insegurança

    na identificação dos símbolos meteorológicos. Os seis alunos conseguiram formular a

    pergunta e dar a resposta sem cometer incorrecções gramaticais, demonstrando estar

    conscientes da diferença preposicional. Metade a turma, isto é, três alunos, realizaram as

    actividades com pronúncia adequada e nenhum deles recorreu à língua materna durante

    a realização das tarefas, o que denota algum crescimento e maturidade em termos de

    língua estrangeira e de percepção do objectivo da actividade comunicativa.

    No final deste segundo ciclo de investigação-acção, foi solicitado aos alunos o

    preenchimento de um questionário (Anexo X) no qual tiveram a oportunidade de

    expressar a sua opinião sobre as actividades comunicativas que lhes foram propostas,

    mantendo o princípio da confidencialidade e do anonimato. Juntamente com as grelhas

    de observação, este questionário representou um importante instrumento de avaliação

    para a percepção do efeito dos exercícios de lacuna de informação no desenvolvimento

    oral dos alunos.

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    Reagiupositivamente à

    actividade

    Demonstrasegurança e

    fluência

    Pergunta /reposta correctas

    Boa pronúncia Utiliza LM Comunicação foicomprometida

    pelos erroscometidos

    Sim

    Mais ou Menos

    Não

  • 25

    Deste modo, a primeira questão referia-se ao balanço que os alunos fizeram da

    aula com aplicação de exercícios de lacuna de informação, ao que todos responderam

    fazer um balanço "Positivo"; na segunda questão, os alunos deviam pronunciar-se sobre

    como se sentiram ao realizar a actividade comunicativa em pares, ao que também a

    totalidade da turma respondeu “Motivado”; na terceira questão, mais uma vez todos os

    alunos afirmaram sentirem-se “Mais seguros na expressão oral” ao desenvolverem a

    actividade proposta; na quarta questão, que inquiria os alunos sobre a potencial

    utilização mais intensiva da língua através de actividades com lacuna de informação,

    cinco responderam “Concordo” e apenas um aluno referiu ser "Uma actividade como

    outra qualquer".

    As questões cinco e seis deste questionário eram de resposta aberta, para

    permitir uma resposta mais livre aos alunos. Na questão cinco, os seis alunos

    responderam que este tipo de actividades deviam ser feitas mais vezes, porque "ajudam

    a comunicar em Alemão", "aumentam a compreensão da língua estrangeira" e

    “aumentam a motivação e as oportunidades de expressão oral”; Um aluno referiu

    “aprender mais quando comunica com os colegas”. Na sexta e última questão, foi

    perguntado aos alunos se sentiam que evoluíram na capacidade de falar alemão e foram-

    lhes pedidas sugestões para realizar em futuras oportunidades. Apenas três alunos

    responderam afirmativamente à primeira parte da questão, não tendo os restantes três

    alunos expressado a sua opinião quanto à sua evolução e deixado apenas a sugestão para

    outras actividades com propósitos comunicativos, nomeadamente filmes e canções.

    As actividades propostas no 3º B de Inglês neste segundo ciclo de investigação –

    acção ocorreram em Maio de 2010, tendo em vista a recolha de dados passíveis de

    análise, procedeu-se à entrega de fichas de trabalho aos alunos, constituídas uma vez

    mais por grelha A e grelha B (Anexo XI). Decidi manter a tipologia dos exercícios

    porque, especialmente com os alunos mais jovens, o estabelecimento de hábitos e

    rotinas é extremamente importante. Neste aspecto em particular, não me refiro a rotinas

    sociais ou socializadoras, mas a rotinas com função cognitiva, que segundo Vygotsky

    funcionam como organizadoras da cognição do duplo ponto de vista da representação da

    tarefa e do seu modo de resolução.

  • 26

    O exercício apresentado era mais ambicioso do ponto de vista do conhecimento

    da língua, já que pressupunha o domínio de vocabulário relacionado com jogos,

    passatempos e desportos, que os alunos deveriam reconhecer através de imagens,

    envolvendo também os dias da semana e a capacidade de exprimir preferências

    utilizando a estrutura "Do you like...". Assim, na fase inicial da aula, servindo de revisão

    a tópicos que vinham sendo trabalhados nas últimas aulas, era pedido aos alunos que,

    respeitando a sua vez, fossem completando os espaços em branco da sua grelha,

    perguntado ao seu par, por exemplo, "Do you like playing computer games on

    Monday?" e desenhando o símbolo que correspondia à resposta obtida, “I love / I like / I

    don’t like”.

    À semelhança do procedimento adoptado no primeiro ciclo de investigação –

    acção, a totalidade da turma realizou a actividade, apesar de, para efeitos de

    investigação, apenas ter sido registado o desempenho do mesmo grupo alvo constituído

    por seis alunos. Mantendo as opções metodológicas seleccionadas no início deste

    projecto, a execução da actividade foi registada por mim numa grelha de observação

    (Anexo XII), cujos resultados se apresentam na tabela seguinte. As alterações

    terminológicas introduzidas na grelha de observação utilizada no 10ºJ de Alemão foram

    também seguidas na grelha utilizada no 3ºB de Inglês, mantendo-se o propósito de

    aumentar a precisão e concisão da mesma.

    Nome

    do

    Aluno

    Atitude:

    O aluno reagiu

    positivamente à actividade, demonstrando interesse e à

    vontade (expressão facial,

    motivação geral)

    Fluência:

    O aluno demonstra

    segurança na utilização das

    estruturas

    linguísticas envolvidas

    O aluno faz a pergunta e

    dá a resposta gramaticalmente correcta

    (Do you like… on… ?)

    (Yes, I love …)

    Pronúncia:

    O aluno faz a

    pergunta e dá a resposta com boa

    pronúncia

    O aluno

    utilizou a língua

    materna

    1

    Sim

    Sim

    Não

    Mais ou menos

    Sim

    2

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Não

    3

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Não

    4

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Não

    5

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Não

    6

    Sim

    Sim

    Não

    Sim

    Não

    Tabela 4: dados da grelha de observação (Anexo XII) na turma do 3ºB - Inglês

  • 27

    A análise que os dados permitem demonstra que a actividade foi bem acolhida,

    despertando o interesse e a motivação na totalidade dos alunos. Os dois alunos que, no

    primeiro ciclo desta investigação-acção, tinham evidenciado desinteresse e insegurança

    mostraram-se agora muito receptivos à tarefa. A totalidade dos alunos revelou também

    dominar o campo lexical trabalhado no exercício, creio que por se relacionar ele com

    um tema que toca a esfera dos interesses pessoais dos alunos, sempre muito absorvidos

    pelos jogos e pelas actividades desportivas. Apenas um aluno não conseguiu utilizar a

    estrutura com correcção, o mesmo aluno que não conseguia verbalizar a estrutura no

    primeiro ciclo de investigação-acção, fazendo a pergunta de forma incorrecta e

    mantendo o erro, apesar de ouvir o par a utilizar a estrutura correcta. Apenas um aluno

    recorreu à língua materna, o que representa uma diminuição significativa em relação ao

    primeiro ciclo de investigação-acção, no qual cinco alunos recorriam insistentemente ao

    português durante a realização da actividade.

    Com a turma do 3º B não foi oferecido o questionário final por se ter

    considerado que a aplicação desta etapa de debriefing nem sempre é linear com alunos

    do 1º ciclo do ensino básico, que muitas vezes não demonstram capacidade de reflectir

    sobre a sua própria actuação ou sobre os efeitos produzidos por determinada actividade.

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    Interesse e àvontade

    Reconhecevocabulário

    Utiliza estruturac/ correcção

    Utiliza LM Comunicaçãocomprometida

    pelos erros

    Sim

    Mais ou Menos

    Não

  • 28

    Capítulo IV

    A interpretação dos dados

    4.1 Interpretação dos dados

    Este capítulo pretende interpretar os dados obtidos a partir das grelhas de

    observação e do questionário aplicado aos alunos de Alemão na última fase deste

    processo de investigação – acção. Desta forma, procederei à explicação das decisões

    tomadas e dos comportamentos observados nos alunos.

    4.1.1 A turma do 10º J de Alemão

    Os resultados pouco encorajadores obtidos no primeiro ciclo de investigação –

    acção com a turma do 10ºJ encontram explicação no facto de a actividade ter sido

    demasiado ambiciosa para alunos neste nível de ensino. De facto, para formular

    correctamente a pergunta, era imperativo que os alunos reconhecessem a peça de

    vestuário, reconhecessem a cor, conseguissem identificar o género do substantivo em

    questão, que poderia ser feminino, masculino ou neutro e, finalmente, fossem capazes

    de declinar a pergunta utilizando o caso acusativo, uma vez que os substantivos

    precedidos pela cor iriam ser utilizados como complemento directo. Eram efectivamente

    demasiados aspectos a ter em conta para alunos de iniciação, que apesar de terem nesta

    fase percebido já algumas particularidades da língua alemã, carecem ainda de

    oportunidades para uma maior prática.

    Como apreciação global da actividade, considero que os erros gramaticais e de

    pronúncia cometidos pelos alunos não comprometeram a actividade comunicativa.

    Todos, sem excepção, conseguiram interagir com o seu par de forma motivada.

    Todavia, foi notória a renitência em fazer a pergunta por parte dos alunos que não se

    sentiam confiantes, tinham dúvidas em relação à estrutura gramatical ou estavam

    conscientes de que não a dominavam, pelo que considerei que este primeiro ciclo de

    investigação acção não atingiu totalmente os objectivos previamente estabelecidos.

    Deste modo, a opção tomada para executar no segundo ciclo de investigação-

    acção foi a de simplificar o exercício de lacuna de informação, fundamentada em duas

    razões. A primeira, os resultados obtidos no primeiro ciclo de investigação-acção, que

    não tinham apresentado resultados inteiramente positivos. A segunda, o decréscimo de

  • 29

    motivação dos alunos, entretanto já conhecedores das classificações por eles obtidas no

    segundo período, e a consequente necessidade de evitar o alastramento da crença que o

    alemão é uma língua "difícil".

    A interpretação que faço deste segundo ciclo de investigação – acção permite-

    me tecer uma apreciação global muito satisfatória, já que foi possível registar um

    aumento da segurança com a língua e uma diminuição muito substancial da utilização

    da língua materna como estratégia de suporte ou recurso de aprendizagem e de

    execução de tarefas.

    Também os dados apurados no questionário referido no capítulo anterior

    permitiram corroborar a interpretação que tinha sido feita a partir dos dados recolhidos

    pelas grelhas de observação, confirmando os resultados positivos das actividades com

    lacuna de informação como potenciadoras de desenvolvimento de competências orais

    nos alunos de língua estrangeira, nomeadamente no aumento de níveis de confiança e à-

    vontade, fluência e predisposição para a comunicação oral.

    4.1.2 A turma do 3ºB de Inglês

    Os dados obtidos no primeiro ciclo de investigação – acção permitem um

    balanço positivo da actividade, que foi muito bem acolhida pela totalidade da turma e

    pela maioria dos seis alunos alvo deste estudo, que conseguiram uma interacção

    desinibida e consciente com os seus pares.

    O resultado animador obtido no primeiro ciclo deste projecto levou-me a

    aumentar o grau de dificuldade dos exercícios propostos no segundo ciclo de

    investigação-acção, quer em termos de exponentes linguísticos quer em extensão do

    exercício.

    A prestação dos intervenientes neste estudo durante o segundo ciclo de

    investigação-acção revelou-se ainda mais positiva do que a registada no primeiro ciclo.

    A desinibição com a língua que todos os alunos foram desenvolvendo ao longo do ano

    lectivo foi notória na execução dos exercícios de lacuna de informação propostos, cujo

    modo de funcionamento foi muito bem aceite e assimilado pelos alunos. A apetência

    natural para a comunicação oral manifestada por alunos nesta faixa etária aliou-se à

    interiorização da língua inglesa como língua de comunicação na sala de aula.

  • 30

    O aumento dos níveis de confiança linguística, a tentativa de aperfeiçoamento a

    nível de utilização de estruturas e a diminuição no recurso à língua materna permitem-

    me concluir que este segundo ciclo de investigação – acção também constituiu um

    contributo positivo no desenvolvimento das competências orais dos alunos do 3ºB.

    4.2 Confronto com previsões iniciais

    O receio inicial de que os alunos não interagissem não se confirmou. Os

    exercícios de lacuna de informação demonstraram ser um recurso que motivou a

    generalidade dos alunos, ajudando-os a desenvolver as suas capacidades comunicativas

    e, consequentemente, tornando-os mais confiantes para se fazerem valer dos seus

    conhecimentos em língua estrangeira.

    Os objectivos traçados inicialmente, de desenvolvimento de léxico,

    morfosintaxe, pronúncia, competência global, diminuição da ansiedade e aumento da

    auto-confiança foram atingidos na generalidade. Numa fase posterior à realização dos

    exercícios com lacuna de informação tentava, de forma discreta, repetir as perguntas e

    respostas trabalhadas anteriormente, utilizando uma interacção diferente, de diálogo

    conduzido pela professora, o que resultava numa activação relevante e notória da

    memória linguística dos alunos, que não se coibiam de participar e interagir. Também

    este procedimento confirmou a eficácia do procedimento adoptado no fomento da

    desenvoltura oral dos aprendentes.

    Confirmou-se também a pertinência de utilizar exercícios de resposta fechada,

    única e precisa como forma de aumentar a segurança e a consciência de que o

    conhecimento que se tem, mesmo que pareça incipiente, é já suficiente para manter uma

    conversação em língua estrangeira.

    Creio ter sido também confirmada a possibilidade de utilização dos exercícios de

    lacuna de informação em diferentes fases da aula, seja no lead-in para revisão da aula

    anterior, seja na fase de consolidação de tópicos ou de produção final. O seu carácter

    eclético revela-se também na facilidade com que permite a interdisciplinaridade,

    permitindo o cruzamento de diferentes áreas do saber e do conhecimento, característica

    importante quando trabalhamos com alunos do 1º ciclo do ensino básico.

    No que diz respeito às planificações, de unidade ou de aula, considero que não

    houve diferenças significativas entre as duas línguas. Numa primeira fase é

  • 31

    imprescindível apresentar e consolidar os exponentes que se pretendem utilizar no

    exercício de lacuna de informação. É muito importante que as instruções sejam precisas

    e claras, para evitar a ocorrência de constrangimentos por parte dos alunos que

    queremos à partida evitar.

  • 32

    Capítulo V

    Proposições conclusivas

    Este projecto de investigação – acção teve na sua génese uma situação

    problemática comum, observada na Escola Secundária de Ermesinde e na EB1 de Santa

    Cruz, em duas turmas distintas, o 10ºJ e o 3ºB. Essa situação problemática traduzia-se

    na relutância evidenciada por alguns alunos em exprimir-se oralmente, quer evitando as

    participações espontâneas, quer não respondendo favoravelmente a participações

    solicitadas. Mesmo que o ambiente criado na sala de aula fosse acolhedor e

    descontraído (lúdico até, na turma do 3º ano), alguns alunos evidenciavam um

    constrangimento notório quando interpelados directamente pelo professor. Contudo,

    apesar desta resistência à oralidade, verificou-se na fase de observação inicial que os

    alunos consideravam que falar era a competência mais importante no processo de

    aprendizagem de uma língua estrangeira. Verificou-se também ser opinião convergente

    em ambas as turmas que era mais fácil falar com o colega ou com um grupo de colegas

    do que com o professor e que era sentida como intimidante a exposição oral perante a

    totalidade da turma. Inquiridos os alunos sobre as estratégias que teriam repercussões

    positivas no desenvolvimento das suas capacidades orais, uma elevada percentagem

    referiu que gostaria de trabalhar com canções e jogos comunicativos. Para evitar uma

    colisão de temas no mesmo núcleo de estágio, optei por seleccionar os jogos

    comunicativos como estratégia potenciadora de envolvimento dos alunos nas tarefas na

    língua estrangeira.

    Os resultados demonstram que os exercícios de lacuna de informação foram uma

    ferramenta eficaz no desenvolvimento das competências orais dos alunos do 10º e do 3º

    ano. As estratégias utilizadas em ambas as turmas foram similares, o que indicia serem

    exercícios transversais a diferentes níveis de ensino e faixas etárias muito distintas,

    afirmando-se por isso como uma ferramenta de trabalho útil e proveitosa. Os alunos

    beneficiam deste tipo de actividades, que devem ser prática comum nas aulas de língua

    estrangeira.

    Foram proporcionadas aos alunos situações que desenvolviam a capacidade

    comunicativa através da interacção na língua estrangeira, aproveitando os interesses

    pessoais dos alunos como forma de motivação, tentando ligar a aprendizagem de língua

  • 33

    dentro da sala de aula com a sua activação fora dela. Com as tarefas que propus, não

    trouxe a vida real para a sala de aula. Contudo, foi construída uma complexidade real de

    vocabulário e estruturas, que os alunos utilizarão em situações comunicativas reais.

    Deste modo, parece-me que o aspecto pragmático não se pode medir neste projecto de

    investigação – acção, na medida em que a interacção não é verdadeira. Todavia,

    pequenos episódios ocorridos fora do contexto de sala de aula demonstram desinibição

    com a língua alvo e vontade de comunicar. Refiro a este propósito um episódio ocorrido

    com uma aluna do 10º J, que ao passar por mim no recinto escolar me disse "Es is kalt

    heute" (Hoje está frio), demonstrando saber aplicar o conhecimento adquirido em sala

    de aula ao contexto real, já que efectivamente se tratava de um dia muito frio, e ter

    ultrapassado a ansiedade que lhe provocavam os enunciados orais no início do ano

    escolar. Também os alunos do 3º B revelaram, em contextos reais como visitas de

    estudo, motivação e vontade em exibir os conhecimentos adquiridos nas aulas de Inglês,

    quando, ao cruzarem-se com um casal de falantes nativos, não hesitaram em interpelá-

    los e manter um diálogo, evidenciando uma espontaneidade e desenvoltura linguística

    que não revelavam uns meses antes.

    Um dos principais constrangimentos sentidos durante este processo de

    investigação – acção foi certamente o tempo disponível. Na turma de Alemão, porque

    havia três projectos diferentes a decorrer na mesma turma, cujo progresso curricular não

    podia ser comprometido; esta limitação temporal obrigou a uma delimitação deste

    projecto a dois ciclos apenas, com uma ou duas aulas somente. Na turma de Inglês, é

    enganosa a circunstância de se trabalhar a tempo inteiro com a turma. Há a registar

    como facto incontornável que o Inglês seja leccionado como Actividade de

    Enriquecimento Curricular, o que equivale a afirmar que não é encarado de forma séria

    e profissional por alguns intervenientes indirectos, nomeadamente os responsáveis pela

    escola e pela turma, que escolhem os tempos não curriculares para desenvolver outras

    actividades que não aquelas que lhes estão destinadas. Assim, principalmente no

    período compreendido entre Abril e Junho, numerosas vezes me vi privada da turma, o

    que me impossibilitou desenvolver o projecto contínuo e fluído que tinha idealizado

    para aqueles alunos e me obrigou a adiar planos de aula e a alterar tarefas, improvisando

    porque tinha apenas parte da turma. Todavia, estas condicionantes temporais não

    impediram a manutenção da coerência do projecto, permitindo a realização de dois

    ciclos de investigação.

  • 34

    Como docente – investigadora senti-me motivada com este projecto de

    investigação – acção, que considero ter sido bastante envolvente. Vi-me confrontada

    com a constante reflexão sobre as minhas práticas, tendo em conta as dificuldades

    detectadas nos discentes e os contextos específicos de cada turma, reflexões essas que se

    traduziram na tentativa de atingir melhores práticas. Acredito que o tipo de actividades

    que propus contribuiu eficazmente para o desenvolvimento de competências orais nos

    alunos. Contudo, em educação ou em qualquer outra área, o facto de um problema ser

    investigado não garante que se encontre a solução para ele, e deste modo não encaro

    este projecto como a solução para a dificuldade que detectei. Encaro-o antes como uma

    fonte de informação válida, útil e pertinente para a minha prática profissional.

    Gostaria de ter ido mais além. Gostaria de ter tido a oportunidade de propor

    exercícios de lacuna de informação menos estruturados, de produção mais livre, já que

    na recta final do ano lectivo os alunos se apresentam na posse de recursos linguísticos

    mais sólidos. Gostaria de ter analisado as suas reacções e o seu desempenho oral perante

    actividades mais desafiantes. Deste modo, do caminho percorrido surgem duas

    convicções. Por um lado, a confirmação de que os exercícios de lacuna de informação

    são um contributo positivo para o desenvolvimento da comunicação oral nos alunos de

    língua estrangeira, e neste sentido este projecto parece concluído. Por outro lado, ele

    surge como propulsor de perspectivas alternativas, abrindo novas possibilidades de

    estudo.

  • 35

    Referências Bibliográficas

    Brumfit, C.J. & Johnson, K. ( 1979). The communicative approach to language

    teaching. Oxford: Oxford University Press

    Doughty, C. & Long, M. (2003). The handbook of second language acquisition.

    Oxford: Blackwell Publishers

    Ellis, R. (1994). The study of second language acquisition. Oxford: Oxford

    University Press.

    Gass, S. & Madden, C. ( 1985). Input in second language acquisition. Rowley

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    (ed.). Sociolinguistics. Harmondsworth: Penguin Books

    Larsen-Freeman, D. & Long, M. (1991). An introduction to second language

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    MacIntyre, P.D. & Gardner, R.C. (1989). Anxiety and second language learning:

    toward a theoretical clarification. Language Learning. 32, 251-275

    Nakahama, Y., Tyler, A. & van Lier, L. (2001). Negotiation of Meaning in

    Conversational and Information Gap Activities: A Comparative Discourse Analysis.

    TESOL Quarterly, Vol. 35, Nº 3, 377- 405

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    TESOL Quarterly Vol. 25, No.2, 279 - 295

    Nunan, D. (2004). Task-Based Language Teaching. Cambridge: Cambridge

    University Press

    Pica, T. & Doughty, C. (1986). “Information Gap” Tasks: Do They Facilitate

    Second Language Acquisition?. TESOL Quarterly, Vol. 20, Nº2, 305- 325

  • 36

    Pica, T., Kang, H. & Sauro, S. (2006). Information Gap Tasks. Studies in Second

    Language Acquisition, Volume 28, Issue 2, 301-338

  •  

    37  

     

     

     

     

    Anexo I

  • Grelha de Observação Oralidade

    Escola Secundária de Ermesinde Turma 10ºJ Disciplina: Alemão

     

     

     

     

     

     

     

    38 

     

    Nome

    Intervém espontaneamente

    Dá respostas curtas

    Dá respostas completas

    Faz intervenções relevantes

    Utiliza língua

    materna

    Auto-corrige as suas

    intervenções

    Produz frases correctas e

    compreensíveis

    Utiliza vocabulário

    já aprendido

    1.

    2.

    3.

    4.

    5.

    6.

  •  

    Grelha Observação da Oralidade

    EB1 Santa Cruz Turma: 3ºB Disciplina: Inglês

    Nome Intervém espontaneamente

    Dá respostas curtas

    Dá respostas completas

    Faz intervenções relevantes

    Utiliza a língua

    materna

    Auto-corrige as suas

    intervenções

    Utiliza vocabulário

    já aprendido

    1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22.

     

    39 

  •  

    40  

     

     

     

    Anexo II

  • ____Ano:

    1

    2

    3

    4

    5

    __________ _________

    1. O que cde 1 (ma Falar  Ler  Ouvir  Escrev

     2. Para des

    forma dgosto me

     Traba

     Traba

     Traba

     Toda  

    3. Numa aua) Gb) Fc) F

    td) Fe) F

    sf) S

    og) S

    c  

    4. O que goNumera d

     Ouvir  Partic Fazer  Fazer 

    Outras? Q 

    5. Se responcolegas, m________________

    ___________   

    onsideras mais importan

    ver 

    senvolver ae  trabalho enos). 

    alhar individ

    alhar em pa

    alhar em gru

    a turma co

    ula de línguGostas de teFalas espontFalas apenai. Falas sobre Falas apenasobre determSentes‐te  àopinião peraSentes‐te à colega ou co

    starias de fade 1 (a que g

    canções 

    ipar em jogo

    diálogos 

    dramatizaçõQuais? _____

    ndeste “Nãomá pronúnci______________________

    MestBásicNúcleAno 

    __________  Q

    mais  importnte) a 4 (me

     tua capacique prefer

    dualmente

    res 

    upos 

    m a direcçã

    a estrangeie expressar taneamentes quando o

    qualquer tips se já tens minado ass  vontade ante toda a vontade quom um pequ

    zer na aula pgosto mais) a

    os comunicat

    ões ___________

    ” à questão ia, …). ______________________

    trado em Enco  eo de EstágLectivo 200__________Questionár

    tante numaenos import

    idade de cores? Numer

    ão do profes

    ra (rodeia aoralmente.e. o professor

    po de assun vocabuláriunto. para  expreturma. 

    uando falas ueno grupo

    para melhoraa 4 (a que go

    tivos 

    __________

    3. a), explica

    ______________________

    nsino de Ing

    gio: Escola S09 /2010 __________rio 

    a aula de  lítante). 

    omunicar ora de 1  (a q

    ssor 

    a resposta q. 

     se dirige a

    nto. o suficiente

    essar  a  tua

    só com umo. 

    ar a tua capaosto menos).

    ___________

    a porquê (ver

    ______________________

    O

    glês e Alemã

    Secundária d

    __________

    íngua estra

    ralmente eque gosto m

    que mais se Sim Sim 

    a  Sim 

    Sim e  Sim 

    a  Sim 

    m  Sim 

    acidade de co

    ___________

    rgonha do pr

    ______________________

    Obrigada pela

    ão no Ensin

    de Ermesin

    __________

    ngeira? Nu

    em  Inglês, qmais) a 4  (a

     adequa). Não  +Não  +Não  +

    Não  +Não  +

    Não  +

    Não  +

    omunicação 

    ___________

    rofessor, dos

    ______________________

    a tua colabo

    no 

    de 

    ____  

    umera 

    qual a a que 

    + ou ‐ + ou ‐+ ou ‐

    + ou ‐+ ou ‐

    + ou ‐

    + ou ‐

    oral?  

    ____ 

    __________ 

    41 ração. 

     

  • ____Ano:

    6

    7

    8

    9

    1

    __________ _________

    6. O que cde 1 (ma Falar  Ler  Ouvir  Escrev

     7. Para  des

    trabalhomenos). 

     Traba

     Traba

     Traba

     Toda  

    8. Numa auh) Gi) Pj) F

    tk) Fl) F

    sm) S

    on) S

    c  

    9. O que goNumera d

     Ouvir  Partic Fazer  Fazer 

    Outras? Q 

    10. Se responcolegas, m________________

    ___________   

    onsideras mais importan

    ver 

    senvolver  ao  que  prefe

    alhar sozinh

    alhar em pa

    alhar em gru

    a turma co

    ula de InglêGostas de faParticipas seFalas apenai. Falas sobre Falas apenasobre determSentes‐te  àopinião peraSentes‐te à colega ou co

    starias de fade 1 (a que g

    canções 

    ipar em jogo

    diálogos 

    pequenas peQuais? _____

    ndeste “Nãomá pronúnci______________________

    MestBásicE.B.1Ano 

    __________  Q

    mais  importnte) a 4 (me

    a  tua  capaceres?  Nume