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A G.·.D.·.G.·.A.·.D.·.U.·. GRANDE LOJA MAÇÔNICA DO ESTADO DO TOCANTINS A.·.R.·.L.·.S.·. MORAL E VIRTUDE Nº 24 PALMAS-TO O CULTO SOLAR E SUA INFLUÊNCIA NA MAÇONARIA Aurivan de Castro 1 Ao estudarmos as civilizações antigas e, considerando suas crenças, lendas e mitos, verifica-se que o culto solar tem certa predominância, pois era tido como uma representação da divindade principal, tendo no disco solar, o princípio criador, aquele do qual emanava a vida. Nos dias atuais, observamos o Sol e o comparamos a qualquer outro astro, perante o Universo. Mas os antigos tinham medo das trevas, da noite fria e adoravam o Sol. Os ciclos diários de aparecimento e ressurgimento do Sol deu aos sacerdotes desses povos, a idéia de ressurreição, sendo adorado em sua trajetória, estabelecendo aspectos místicos, religiosos, alegóricos e simbólicos. Assim, o Sol era observado, reforçando a crença que ao renascer diariamente, sendo um novo Sol, que do nascente atingia o esplendor no zênite para depois declinar no poente, sendo vencido pelas trevas, para ressurgir vitorioso, ressuscitado todos os dias. Dando continuidade às suas observações, o homem aprendeu sobre as estações e a importância do Sol nesse ciclo, nascendo naturalmente uma religião que satisfazia o ser humano, que ainda se desenvolvia intelectualmente, mas que já tinha um desenvolvimento espiritual, uma ligação com a Fonte Universal. 1 M.·.M.·. Exaltado em 14/04/2010, na Loj.·. Moral e Virtude nº 24, Or.·. de Palmas -TO, desenvolveu essa peça de arquitetura em 25 de Novembro de 2012.

O CULTO SOLAR E SUA INFLUENCIA NA MAÇONARIA

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    GRANDE LOJA MANICA DO ESTADO DO TOCANTINS A..R..L..S.. MORAL E VIRTUDE N 24

    PALMAS-TO

    O CULTO SOLAR E SUA INFLUNCIA NA MAONARIA

    Aurivan de Castro1

    Ao estudarmos as civi l izaes antigas e, considerando

    suas crenas, lendas e mitos, verif ica -se que o culto solar tem

    certa predominncia, pois era t ido como uma representao da

    divindade principal, tendo no disco solar, o princpio criador,

    aquele do qual emanava a vida.

    Nos dias atuais, observamos o Sol e o comparamos a

    qualquer outro astro, perante o Universo. Mas os antigos tinham

    medo das trevas, da noite fria e adoravam o Sol. Os cic los dirios

    de aparecimento e ressurgimento do Sol deu aos sacerdotes

    desses povos, a idia de ressurreio, sendo adorado em sua

    trajetria, estabelecendo aspectos msticos, religiosos, alegricos

    e simblicos. Assim, o Sol era observado, reforando a cre na que

    ao renascer diariamente, sendo um novo Sol, que do nascente

    atingia o esplendor no znite para depois declinar no poente,

    sendo vencido pelas trevas, para ressurgir vitorioso, ressuscitado

    todos os dias. Dando continuidade s suas observaes, o ho mem

    aprendeu sobre as estaes e a importncia do Sol nesse ciclo,

    nascendo naturalmente uma religio que satisfazia o ser humano,

    que ainda se desenvolvia intelectualmente, mas que j t inha um

    desenvolvimento espiritual, uma l igao com a Fonte Universal.

    1 M..M.. Exaltado em 14/04/2010, na Loj.. Moral e Virtude n 24, Or.. de Palmas -TO, desenvolveu

    essa pea de arquitetura em 25 de Novembro de 2012.

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    Os egpcios t inham seus deuses solares, sendo que

    Akhenaton estabeleceu o culto ao deus nico, Aton, que era

    representado pelo Disco Solar, tendo sido esse, em sua opinio

    autocriado. Adorava a energia vivif icadora e radiante do Sol.

    Posteriormente, na f igura do deus solar Osris, que serviu de

    arqutipo para a Lenda manica de Hiran.

    Os povos da Mesopotmia tinham sua religio baseada

    em divindades csmicas e em especial o Sol. Dentre seus deuses

    astrais estava Chamac, o deus sol e Sin a deusa lua, alm de

    outros deuses referentes aos planetas. Possua ainda o deus

    Damuzi, uma espcie de deus agrrio que cuidava dos mortos e da

    ressurreio anual do Sol.

    A sumria foi a primeira a estudar a astronomia e a

    astrologia, sendo-lhes atribudos os doze signos do Zodaco. Os

    persas por sua vez, em seu panteo de deuses, t inha como seu

    deus supremo, Mazda, criador do mundo e logo em seguida Mitra,

    deus do dia, deus do Sol. Posteriormente Zoroastro ou Zaratustra

    modif icou sua doutrina, dando-lhe um carter mais monotesta

    pautado em um nico deus, Mazda. O culto solar mitra co similar

    aos demais existentes, sendo no hemisfrio norte a noite mais

    comprida do ano de 24 para 25 de dezembro no incio do solstcio

    de Inverno. Era celebrada nesta da ta a festa do natalis invict i solis

    (nascimento do Sol vitorioso). Esse culto inf luenciou a Maonaria

    atravs do Cristianismo, mas com outra roupagem.

    Quanto aos judeus construram seus templos voltados

    para o leste, maneira dos templos solares, com a a bertura frente

    ao Sol nascente. Saudavam o Sol com um sacrif cio matinal e

    tarde quando o Sol se punha se despediam dele com uma oblao

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    vespert ina e no seu sabbath faziam um sacrif cio adicional ao Deus

    da Raa Lunar, Jeovah.

    Dentre o povo judeu, inmeras so as alegorias que

    demonstram a inf luncia dos astros, como pode ser constatado em

    Gnesis, captulo 49, onde pela narrativa alegrica astronmica,

    em que Jac seria o Sol, as 04 (Quatro) esposas as fases da Lua e

    seus f i lhos se identif icariam com os signos do Zodaco, sendo:

    Ruben (Aqurio), Simeo e Levi representariam Gmeos e Dinhah

    (Virgem), nica f i lha de Jac, Jud (Leo), Zebulom (Peixes),

    Issachar (Touro), Assher (Libra), Gad (Aries), Benjamin (Cncer),

    Naftali (Capricrnio), Dan (Escorpio) e Jos (Sagitrio).

    Na Pscoa uma das festividades que fazem parte do

    calendrio dos judeus coincide quando o Sol deixa o hemisfrio sul

    onde hibernava e inicia a sua caminhada para o hemisfrio norte,

    sendo com alegria saudada pelos homens como, o Salvador.

    Na Grcia, Apolo era o deus Sol, esposo de Gia, a

    Terra. Em Roma, o deus Sol era Febo. No incio do Cristianismo

    Primitivo, os romanos disputavam espao e a aceitao com o

    mitraismo persa. Aps a converso de Constantino (313 A.C) o

    crist ianismo suplantou o mitraismo, tendo esse lt imo se

    ext inguido, mas deixando sua inf luncia simblica. Em anlise a

    esse perodo da histria, vale se ressaltar um ponto que nos

    desperta surpresa, uma vez que os cristos que ora eram

    perseguidos, se converteram a pe rseguidores dos pagos.

    Substituram o culto ao Sol por Jesus Cristo, como sendo a luz que

    se espargir por toda a humanidade e o deus mitraico Jnus que

    era representado em esculturas, contendo duas frontes que

    simbolizam os solstcios, foi substitudo pelos dois Joos, ou seja,

    o Batista e o Evangelista, que para alguns autores teriam o mesmo

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    signif icado que Jnus. Vale ressaltar uma curiosidade quanto a

    etimologia da palavra Joo, conforme nos esclarece Rizzardo da

    Camino (1999):

    Em efeito, o substantivo Joo, junto aos persas Jeha, os hebreus Johan e junto aos gregos Joannes tem por radical o hebreu Jom, de onde os romanos extraram Janus, nome sob o qual adoravam o Sol. Os Maons em muitas circunstncias e particularmente nessa, usaram a palavra Joo para representar alegoricamente o Sol. Logo, o Aprendiz cria o Nefito membro ativo da Loja do Sol e essa nova frmula comporta vrios significados simblicos. Porquanto o Sol tem por Loja, o mundo inteiro, o homem no pode vir a ser, realmente membro ativo de tal Loja, ou seja, do Mundo, que atravs do conhecimento que conquista atravs de Iniciao. Cada Oficina Manica denomina-se Loja do Sol porque constitui como um fulgor da Maonaria que ilumina o Mundo moral, como o Sol clareia o fsico (CAMINO, 1999:24).

    Dando continuidade, o Crist ianismo Primit ivo para

    suplantar os demais cultos, teve que assimilar a prtica dos

    antigos para que pudesse convert -los com maior facil idade e

    definiu uma data prxima do solstcio de inverno no hemisfrio

    norte, criando a data do nascimento de Cristo, que passaria a ser

    comemorada em 25 de Dezembro. A igreja agora fazendo o papel

    de rel igio of icial, queria apagar da memria do povo, os deuses

    mitracos. No sculo VI, em 535 D.C o Papa Joo I no ano 753 da

    fundao de Roma, transformou-o no sculo 1, a f im de of icial izar

    o nascimento de Jesus, como sendo o sculo do calendrio e

    assim o povo esquecer o Mitra menino. O Sol tambm foi adotado

    pelos Incas, Astecas dentre outros povos pr -colombianos.

    A Maonaria, pela sua Universalidade e origem, se formou

    por meio do conhecimento esotrico recebido de diversas

    civil izaes, associaes, fraternidades e ordens iniciticas. Dessa

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    forma, quando adentramos o Templo Manico, visualizamos uma

    representao desse Universo, do macrocosmo, sendo que dentre

    os astros presentes, esto o Sol e a Lua. O Sol nos conduz a

    considerar o aspecto masculino, olmpico, patriarcal , enquanto que

    a Lua telrica, feminina e mat riarcal. Na Loja vemos esses astros

    representados pelo Orador e Secretrio, no Painel de Aprendiz e

    na Abbada Celeste, somente para citar alguns exemplos.

    Quanto ao posicionamento do Companheiro em Loja em

    relao ao sistema solar, Camino (1999) nos esclarece

    exemplif icando que:

    o Companheirismo equivale ao posicionamento entre os equincios da primavera e do outono, vez que, a Terra fecundada das chuvas primaveris, desenvolve todos os frutos que garantem a continuidade das espcies.

    De acordo com Hercule Spolare, Ragon, pesquisador manico, diz que

    a maonaria totalmente solar, exemplificando por meio da Lenda de H..,

    descrita a seguir:

    A Lenda de Hiran representaria o Sol nos seu solst c io de vero. O Templo de Salomo seria o universo solar que para o maom signif ica grande fonte de estudos e evoluo, uma verdadeira escola de vida. Hiran Abif seria o Sol que transita atravs dos doze signos do Zodaco. No equincio da primavera, o Sol abandona o signo de Peixe entrando no signo de Aries onde a sua ao ser muito importante, porque com seu fogo criador ele fecundar com suas foras vivif icantes as sementes as quais germinaro. Durante o vero o Sol (Hi ran) passa a dar a palavra sagrada, isto a vida. Quando f inalmente o Sol entra nos signos austrais no equincio do outono, isto , quando ele voltar para o hemisfrio sul, o Sol j no poder dar a palavra, porque perdeu as suas foras que podem dar a vi da. Nesta fase encontrar os trs assassinos representados pelos signos de Libra, Escorpio e

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    Sagitr io. O pr imeiro signo o golpeia com uma rgua de vinte e quatro polegadas, s imbolizando as vinte quatro horas que a Terra gira em seu prprio eixo. O smbolo da segunda agresso dado pelas quatro estaes, quando o signo de Escorpio o golpeia com um esquadro de ferro e f inalmente o terceiro signo d- lhe o golpe mortal com um malho redondo, simbolizando que o Sol completou seu cic lo e morre para dar lugar a um novo Sol no prximo ano.

    O Autor Manico Rizzardo de Camino (1999) esclarece

    que a Lenda de H.. nos oferece duplo aspecto: astrolgico e

    humanitrio. Em relao ao primeiro aspecto, esclarece que:

    No aspecto astronmico Hiram representa o Sol junto ao solst cio do inverno (para a Amrica, no solst c io do vero) quando parece morrer, ext inguindo, o calor e a luz. Segundo Jean Marie Ragon, Hiram, palavra que signif ica 'elevado", simbol izar ia o Sol; Hiram, heri da legenda com o. t itulo de "Arquiteto", seria Osr is (o Sol); sis, sua Viva, e a Loja, emblema da Terra (em snscr ito Loga = o mundo) e Horus, f i lho de Osr is (ou da Luz) e f i lho da Viva o maom, ou seja, o inic iado que habita a Loja Terrestre; da a def inio: Fi lho da Viva e da Luz. A dor dos Mestres lembra a dor de Isis pela morte de Osr is, aquela de Cibel is pela morte de At is e aquela de Vnus pela morte de Adnis.Isso representa a tr isteza dos primeiros homens quando do solst c io de inverno, quando as trevas faziam temer pela ext ino do mundo pela ausncia do Sol (CAMINO, 1999:45-46).

    Ele ainda nos esclarece sobre o Grau 28, chamado Cavaleiro do Sol

    ou Prncipe Adepto, dizendo:

    O Grau Cavaleiro do Sol, ou Prncipe Adepto, dedicado ao "culto do Sol", no como adorao ao Astro-Rei, mas um culto importncia do Astro, centro de nosso Universo e que d Terra a fora astronmica. Trata-se de um smbolo da Energia Suprema, sempre aqum da fora Divina (CAMINO, 1999:177).

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    O Grau 28 traz ao conhecimento dos Cavaleiros do Sol, a filosofia mstica dos povos antigos que uniformemente tinham no Sol a imagem materializada do Poder do Criador (CAMINO, 1999:182).

    Hercule Spolare em relao a importncia do simbolismo do Sol na

    maonaria e a est ser uma ordem solar, traa algumas consideraes:

    Em muitos r ituais, especialmente os antigos havia uma pergunta que o venervel fazia ao nef ito Que viste ao receber a luz? Este respondia: O Sol, a Lua e o Venervel da Loja. O Sol para governar o dia, a Lua a noite, e o Venervel para governar a Loja. Os maons que fundaram a Grande Loja de Londres em 1717, quando acendiam os trs cr ios (velas) os chamavam de Trs Grandes Luzes que representavam as trs posies do Sol durante o dia. Tambm af irmavam que elas simbolizavam o Sol, a Lua e o Venervel da Loja. A Maonar ia no prat ica o culto solar explicitamente, mas mostra em seus r ituais o curso e o esplendor do Sol quer no dia quer na noite, e nos solst c ios de vero e inverno. Usa esta alegoria como parte de seus trabalhos r itualst i cos. O curso do Sol durante o dia est muito bem lembrado nos r ituais de todos os r itos prat icados no Brasi l porque os trabalhos sempre so abertos simbolicamente ao meio -dia e terminam meia-noite. Nos r itos em que o Sol mencionado, ele representado pelo venervel, como o Sol nascente, ao meio dia, quando est no znite, pelo segundo vigi lante e quando est no poente ou acaso pelo primeiro vigi lante. No f inal no fechamento da loja o segundo vigi lante informa que meia-noite, que hora de descanso ho ra em que o Sol est no nadir, portanto hora do primeiro vigi lante anunciar que o Sol se esconde no Ocidente devendo, portanto fechar a loja por ordem do venervel.

    Constata-se assim que, o Sol tem grande importncia na

    Maonaria, no somente como astro vivif icante e smbolo do

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    princpio criador, mas que ns Maons, somos os Filhos da Luz,

    representados pelo Mestre Hiran Abiff . Alm disso, o Sol

    representa nossa Conscincia elevada, que nos guia diariamente

    em nossa jornada, nos auxiliando na construo de nosso Templo

    Interior (corpo), digno para o Deus Intimo, sendo a quietude no

    mundo interno, a origem de toda a obra espiritual.

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

    ADOUM, Jorge. Grau de Mestre Maom e seus Mistrios. So Paulo: Editora Pensamento - Cultrix Ltda.

    CAMINO, Rizzardo da. Rito Escocs Antigo e Aceito: 1 ao 33 . 2 Edio. So Paulo: Madras Editora Ltda, 1999.

    SPOLARE, Hercule. A Influncia dos Smbolos dos Povos Antigos na Maonaria: O Sol. Curit iba: Loja de Pesquisas Manicas Brasil. [s.n.t.p].

    STORNIOLO, Ivo; BALANCIN, Euclides Martins. Bblia Sagrada.

    So Paulo: Paulus, 1990.