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Dia 25 de julho é o dia fora do tempo, segundo o calendário Maia. Hoje é o dia entre dois anos. Amanhã começa um novo ano. Será por isso que eu estou assim tão introspectiva, com atenção tão completamente para dentro? Hoje está sendo um dia intenso, desde o princípio. Acordamos, compartilhamos café, e aí eu convidei a Bruna para conversarmos sobre relacionamentos. Saímos em direção à sauna, onde relaxei bastante pelo calor e pela massagem. Mergulho no Rio, sentindo lavar a alma. Com essa leveza, me sentei um pouco mais afastada, curtindo a liberdade de estar nua, com a pele respirando e sentindo o sol. Fechei os olhos e fiz uma meditação. Em pouco tempo, Bruna se juntou, e outros mais. Rafa, Cândido e um grupo de pessoas que ainda não conhecia. Não consigo lembrar as palavras exatas, o caminho que usamos para chegar aonde chegamos. Mas foi através do efeito dessa troca de energia que eu pude compreender, vivenciando, o porque de Yôga estar relacionado com perfeição. Enquanto Cândido falava, eu ia sendo guiada pra dentro, sentindo o ar levando oxigênio para as minhas células não oxigenadas, todos os meus bloqueios e travas se desfaziam. Senti levar a perfeição a cada célula, e ao fazer isso, naturalmente o próprio corpo se colocou na posição perfeita. Nesse momento, senti as linhas de força do ásana. Um fluxo vertical de energia. Senti entrar energia por meu sahasrara chakra, ao mesmo tempo que trocava energia com a terra pelo muladhara. Uma troca intensa e ininterrupta. Senti muito bem cada chakra, até o anáhata. Em pouco tempo, mas que internamente durou muito, compreendi que realmente o Yôga proporciona evolução independente de se conhecer o processo. Basta seguir as etapas do ásana, e naturalmente, ao se encaixar, respirar, localizar a consciência e mentalizar, vai-se desatando todos os condicionamentos registrados pelo corpo. Experimentei fazer ásanas. Nunca os vivi tão intensamente e profundamente. Percebi o estado de consciência de ásana alcançado. E comecei a vivenciá-lo em qualquer posição que meu corpo assumia. Qualquer uma. A frase de que existe um ásana para cada ser vivo sobre a terra é verdadeira. Basta estar consciente. O dia inteiro pode ser um sádhana. Percebi o quanto a minha coluna estava ereta e encaixada, sem esforço. Logo que me levantei e fui pra água, percebi que nesse nível de consciência, caminhar era natural, suave, prazeroso e perfeito. Cada passo lento me levava, e ao tocar o solo, eu

o dia fora do tempo

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texto descrevendo um estado de consciência atingido durante um Encontro de Comunidades Alternativas.

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Page 1: o dia fora do tempo

Dia 25 de julho é o dia fora do tempo, segundo o calendário Maia. Hoje é o dia entre dois anos. Amanhã começa um novo ano. Será por isso que eu estou assim tão introspectiva, com atenção tão completamente para dentro? Hoje está sendo um dia intenso, desde o princípio. Acordamos, compartilhamos café, e aí eu convidei a Bruna para conversarmos sobre relacionamentos. Saímos em direção à sauna, onde relaxei bastante pelo calor e pela massagem. Mergulho no Rio, sentindo lavar a alma. Com essa leveza, me sentei um pouco mais afastada, curtindo a liberdade de estar nua,  com a pele respirando e sentindo o sol. Fechei os olhos e fiz uma meditação. Em pouco tempo, Bruna se juntou, e outros mais. Rafa, Cândido e um grupo de pessoas que ainda não conhecia.  Não consigo lembrar as palavras exatas, o caminho que usamos para chegar aonde chegamos. Mas foi através do efeito dessa troca de energia que eu pude compreender, vivenciando, o porque de Yôga estar relacionado com perfeição. Enquanto Cândido falava, eu ia sendo guiada pra dentro, sentindo o ar levando oxigênio para as minhas células não oxigenadas, todos os meus bloqueios e travas se desfaziam. Senti levar a perfeição a cada célula, e ao fazer isso, naturalmente o próprio corpo se colocou na posição perfeita. Nesse momento, senti as linhas de força do ásana. Um fluxo vertical de energia. Senti entrar energia por meu sahasrara chakra, ao mesmo tempo que trocava energia com a terra pelo muladhara. Uma troca intensa e ininterrupta. Senti muito bem cada chakra, até o anáhata. Em pouco tempo, mas que internamente durou muito, compreendi que realmente o Yôga proporciona evolução independente de se conhecer o processo. Basta seguir as etapas do ásana, e naturalmente, ao se encaixar, respirar, localizar a consciência e mentalizar, vai-se desatando todos os condicionamentos registrados pelo corpo. Experimentei fazer ásanas. Nunca os vivi tão intensamente e profundamente. Percebi o estado de consciência de ásana alcançado. E comecei a vivenciá-lo em qualquer posição que meu corpo assumia. Qualquer uma. A frase de que existe um ásana para cada ser vivo sobre a terra é verdadeira. Basta estar consciente. O dia inteiro pode ser um sádhana. Percebi o quanto a minha coluna estava ereta e encaixada, sem esforço. Logo que me levantei e fui pra água, percebi que nesse nível de consciência, caminhar era natural, suave, prazeroso e perfeito. Cada passo lento me levava, e ao tocar o solo, eu me sentia tocando o planeta, sentia a Terra se tornando agradável ao toque. Assim como as pedras e a água. Não perdia o equilíbrio e nem titubeava sobre qual pedra pisar, nas margens. Foi como liberar o conhecimento do corpo, do organismo, e ele mesmo começar a fazer tudo de forma mais perfeita.