32
O DIÁLOGO ENTRE FÉ E CIÊNCIA O DIÁLOGO ENTRE FÉ E CIÊNCIA Prof. Nelber Ximenes Melo Prof. Nelber Ximenes Melo Universidade Federal do Ceará Universidade Federal do Ceará Campus de Sobral Campus de Sobral PROJETO CASA PROJETO CASA (Comunidade de Cooperação e Aprendizagem Significativa) (Comunidade de Cooperação e Aprendizagem Significativa)

O Diálogo entre Ciência e Fé

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Apresentação do Prof. Nelber ao Projeto Casa de Religião, da Universidade Federal do Ceará-Sobral.

Citation preview

  • O DILOGO ENTRE F E CINCIA

    Prof. Nelber Ximenes Melo Universidade Federal do CearCampus de Sobral

    PROJETO CASA (Comunidade de Cooperao e Aprendizagem Significativa)

  • A Casa de ReligioA CASa de Religio um espao hermenutico aberto e plural, destinado investigao dos valores e da formao mstica humana, particularmente nos modos de expresso para o sagrado e/ou espiritual compartilhados por diferentes tradies em seus saberes, suas experincias, seus horizontes de compreenso da experincia com o divino.

  • IntroduoNos ltimos anos, dezenas de associaes cientficas, departamentos de universidades na Europa e na Amrica e fundaes privadas iniciaram um movimento de dilogo crtico entre f e cincia, que j produziu centenas de livros e milhares de artigos, examinando a questo sob os mais diversos ngulos e especialidades.

    Presena no apenas de lderes religiosos, mas acima de tudo de cientistas, filsofos e estudiosos da religio.

  • Conflito

    Cincia e religio esto em conflito irreconcilivel... No h modo de manter uma mentalidade apropriadamente cientfica e ser, ao mesmo tempo, um crente religioso verdadeiro.Worral, J. Science Discredits Religion. In: Peterson, M. L. e Van Arragon, R. J., ed. Contemporary Debates in Philosophy of Religion. Blackwell (2004), p. 60.

    Eu retribuo s religies o cumprimento de consider-las teorias cientficas e [...] eu vejo Deus como uma explicao concorrente para os fatos do universo e da vida.Dawkins, R. River Out of Eden. Harper Collins (1995), p. 46-47. Em Portugus: O Rio que Saa do den. Rocco (1996).Modelos para relacionar f e cincia

  • E.O. Wilson sugere que todo conhecimento, sem exceo, incluindo a religio, pode ser transformado em conhecimento cientfico.Wilson, E.O. Consilincia; A Unidade do Conhecimento, Campus (1999).

    Nos Estados Unidos, no entanto, os dados sugerem que a crena em um Deus pessoal que responde a oraes permaneceu virtualmente inalterada, em torno de 40% dos cientistas entre 1916 e 1996.Larson, E. J. and Witham, L. Scientists are still keeping the faith, Nature (1997) 386, 435-436

  • MNI

    Stephen Jay Gould popularizou a noo de que cincia e religio pertenceriam a Magistrios No-Interferentes. Segundo ele, cincia e religio operam em compartimentos separados, lidando com questes de tipos muito diferentes; assim, por definio, no pode haver conflito entre elas. Gould sustentou ainda que a cincia lida com fatos, ao passo que a religio lida com tica, valores e propsito.Non-Overlapping Magisteria -- NOMA. Gould, S.J., Os Pilares do Tempo, Rocco (2002).

  • Fuso

    Tentativa de utilizar a cincia para construir sistemas religiosos de pensamento, ou vice-versa. Mais comum em sistemas monistas de pensamento. O empreendimento de hindustas de relacionar a fsica quntica com o pantesmo um exemplo de modelo de fuso.O criacionismo cientfico, hoje defendido por uma gama de cientistas de diversas especialidades, outro exemplo.Barbour, I. When Science Meets Religion. San Francisco: Harper (2000); Haught, J. F., Science and Religion; From Conflict to Conversation.Paulist Press (2005); Stenmark, M. How to Relate Science and Religion. Grand Rapids/Cambridge: Eerdmans (2004).Adaulto J. B.Loureno, Como Tudo Comeou. Editora Fiel. 2007.

  • Complementaridade

    Cincia e a religio referem-se mesma realidade a partir de diferentes perspectivas, provendo explanaes complementares, de modo algum rivais. Assim como bioqumica, a biologia celular, a fisiologia, a psicologia, a antropologia e a ecologia. Nenhuma dessas descries cientficas uma rival das outras - todas so necessrias nossa compreenso da complexidade dos seres humanos no contexto de seu ambiente.

    Einstein disse certa vez que "a cincia sem religio manca, a religio sem a cincia cega. Seminrio Teolgico Unionista em Nova York.Ensaio sobre Cincia e Religio. The New York Times, 1930.

  • No h um modelo nico que abranja adequadamente todas as complexidades das interaes variadas entre a cincia e a religio. A despeito disso, um modelo parece ser claramente mais til. Para aqueles interessados em dados, mais do que em retrica, o modelo do Conflito carece de plausibilidade, embora a sua excluso no implique a ausncia de frico ocasional. Igualmente, o modelo MNI no convence, ao menos em sua forma forte. Os modelos de Fuso correm o risco de apagar os limites entre diferentes corpos de conhecimento, que deveriam ser mantidos distintos a bem da clareza. O modelo da complementaridade no d conta de todas as interaes entre a cincia e a religio, mas vlido para muitas delas, reconhecendo que a realidade multifacetada.

  • Baseado na obra Rebuilding the Matrix Science and Faith in the 21th Century (Lion, 2001), de Denis Alexander.

    Denis Alexander diretor do Faraday Institute for Science and Religion, e Fellow do St Edmunds College, em Cambridge; tambm Senior Affiliated Scientist no Babraham Institute, em Cambridge, onde foi anteriormente chefe do Programa de Imunologia Molecular e do Laboratrio de Sinalizao e Desenvolvimento de Linfcitos. O Dr. Alexander tambm editor da revista Science & Christian Belief e autor de

  • At o sculo XIX, a maioria dos cientistas eram testas. A partir da 2 metade do sculo XIX, a posio de conflito tem sido a mais frequente na comunidade cientfica.O que aconteceu, ento?

  • O relacionamento entre f e cincia Civilizaes antigas: relao direta e inseparvel entre o secular e o sagrado-filosofia grega-pensamento judaico-cristo

    Filosofia medieval: buscava relacionar conhecimento secular e o sagrado -patrstica

    Fundamentos para a atual filosofia moderna: separao entre o secular e o sagradoAt Hegel: Estrutura do raciocnio girava entre tese e anttese. Aquilo que no verdadeiro falso.Hegel (1770-1831): Pensamento dialtico. Kierkegaard (1813-1855): idia de salto de f; f e razo se complementam, formando uma sntese

  • Hegel

    Kierkegaard

    TeseAntteseSntese

    Jean Paul Sartre (1905-1980) Albert Camus (1913-1960) Martin Heidegger (1889-1976)

    Karl Jaspers (1883-1969) Paul Tillich (1886-1965) Karl Barth (1886-1968)FRazoExistencialismo SecularExistencialismo Religioso

  • existencialismo religioso (sec XIX) - o significado da vida apenas pode ser encontrado na prpria vida em si.

    existencialismo secular (sec XIX) - o indivduo o nico responsvel em dar significado sua vida

    niilismo (sec XX) - desvalorizao e a morte do sentido

    racionalismo (sec XX) - tudo que existe tem uma causa inteligvel; descarta-se qualquer pressuposto sobrenaturalista.

    empirismo (sec XIX) - as teorias cientficas devem ser baseadas na observao do mundo, em vez da intuio ou da f

    cientificismo (sec XX) - aceita apenas a cincia empiricamente verificvel como fonte de explicao de tudo que existe

  • F, Cincia, Epistemologia, Ideologias e CosmovisoFCosmovisoEPISTEMOLOGIAIdeologias

  • Todo o nosso modo de pensar e fazer cincia tem relao direta ou indireta com questes relacionadas nossa cosmoviso.

    A ideia de leis cientficas, articulada claramente pela primeira vez nosescritos de Newton, Boyle e Descartes, foi nutrida pela idia bblica de Deus como legislador.Brooke, J. H. Cincia e Religio; Algumas Perspectivas Histricas. Porto Editora, 2005.Harrison, P. The Bible, Protestantism and the Rise of Natural Science. Cambridge University Press (1998).

  • No sculo XX,Gaston Bachelard,Karl Popper,Thomas Kuhn,Paul Feyerabend,Imre LakatosEsses filsofos da cincia levantaram a presena de diversos fatores subjetivos na forma de pensar dos cientistas que acabaram por propiciar inclusive os enganos a respeito da natureza. Assim, a imaginao, a viso da pessoa sobre deus ou os deuses e aorigem do universo, seu contexto social, poltico, suas premissas sobre eficcias de dispositivos e aparatos experimentais (e de que esses reproduzem com fidelidade a natureza, suas pr-concepes ou crenas acerca do comportamento da natureza, so elementos que devem ser considerados ao analisar-se o processo de fazer cincia - mesmo que ao rigor da definio moderna de cincia estes devam ser excludos do referido processo.Serres,M. Elementos para uma Histria das Cincias-volume II -Terramar Edies, Lisboa(1989)

  • abolio da filosofia como projeto doutrinal e terico, em favor da filosofia como processo de elucidao. Conant, James F. Putting Two and Two Together: Kierkegaard, Wittgenstein and the Point of View for Their Work as Authors. Em: Philosophy and the Grammar of Religious Belief, ed. Timothy Tessin and Marion von der Ruhr, St. Martins Press, 1995.

  • A minha cosmoviso pode influenciar em meu modo de interpretar a cincia? E quanto ao meu modo de realiz-la?

    O senso comum e a religio, assim como a cincia, so reas de conhecimento autnticos?

    O dilogo entre f e cincia relevante?

  • A cincia incapaz de resolver os mistrios finais da natureza, porque ns somos parte da natureza e, portanto, do mistrio que tentamos resolver Max Planck

    "As futuras geraes algum dia vo rir da tolice dos filsofos materialistas modernos. Quanto mais estudo a natureza, mais fico maravilhado com os feitos do Criador. Oro enquanto estou trabalhando no laboratrio.Lois PasteurFrases de Grandes Cientistas

  • Quando, em 1921, perguntado pelo rabino H. Goldstein, de New York, se acreditava em Deus, o fsico Albert Einstein respondeu: "Acredito no Deus de Espinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e no no Deus que se interessa pelo destino e pelas aes dos homens".

    Galileu Galilei, pai dacinciamoderna e doMtodo Cientfico: cincia cabe dizer como vai o cu, e religio como se vai ao cu.

  • O geneticistaFrancis Collins, que no v incompatibilidade entre ser um cientista e ter f:Percebi que a cincia no substitui a religio."Submeti a um estudo profundo as verdades fundamentais da f, e desse modo encontrei eloqentes testemunhos que tornam a religio acreditvel a quem use apenas a sua razo". Alessandro Volta"A maravilhosa disposio e harmonia do universo s pode ter tido origem segundo o plano de um Ser que tudo sabe e tudo pode. Isso fica sendo a minha ltima e mais elevada descoberta. Isaac Newton

  • "Tenho enorme respeito e a mais elevada admirao por todos os engenheiros, especialmente pelo maior deles: Deus. Tomas Edson

    " Estamos cercados de assombrosos testemunhos de inteligncia e benvolo planejamento: eles nos mostram atravs de toda a natureza a obra de uma vontade livre e ensinam-nos que todos os seres vivos so dependentes de um eterno Criador e SenhorWilliam Thomson Kelvin

  • "A prova mais imediata da compatibilidade entre religio e cincia natural, mesmo sob anlise detalhada e crtica, o fato histrico de que justamente os maiores cientistas de todos os tempos, homens como Kepler, Newton, Leibniz, estavam imbudos de profunda religiosidade.Max Planck

    "O primeiro gole do copo das cincias naturais torna ateu; mas no fundo do copo Deus aguarda. Werner Heisenberg

  • O Cristianismo e a Educao

  • Universidades de origem crist

  • Grandes Pesquisadores Cristos

  • O Movimento Estudantil Alfa e megaMovimento cristo internacional e interdenominacional, iniciado na Universidade da Califrnia em 1952, presente em mais de 190 pases, que valoriza o dilogo entre f e cincia e procura incentivar a vida piedosa e a f consciente, reflexiva e transformadora da realidade, no contexto acadmico.

  • Japiassu, Hilton F.O mito da neutralidade cientfica. Rio, Imago, 1975 (Srie Logoteca)Alexander, D.R., Rebuilding Matrix ; science and faith in the 21st century, Oxford: Lion, 2001.Polkinghorne, J.C. Science and theology, London: SPCK, 1998.Polkinghorne, J.C. Questions of Truth: God, Science and Belief

    Bibliografia recomendada

  • Polkinghorne, J.C., Beyond science; the wider human context, Cambridge: CUP, 1996. Dr. John Polkinghorne trabalhou com fsica terica de partculas elementares por 25 anos; foi professor de fsica matemtica na Universidade de Cambridge e presidente do Queens College, em Cambridge. membro da Royal Society, foi o presidente fundador da International Society for Science and Religion (2002-2004) e autor de vrios livros sobre cincia e religio.

  • Ernst L. Freud e Henrich Meng. Cartas entre Freud & Pfister: um dilogo entre a psicanlise e a f crist.No prefcio o veredicto da prpria filha do pai da psicanlise, Anna Freud: Se voc quiser conhecer o meu pai, no leia a sua biografia: leia as suas cartasFreud cita frequentemente a Bblia [...]. As cartas so repletas de se Deus quiser; 'o bom Senhor'; 'a vontade de Deus'; 'pela graa de Deus'; 'minha orao secreta' [...]

  • Armand Nichole. Deus em Questo: C.S. Lewis e FreudJ.D. Thomas. Razo, Cincia e FA Religio e o Desenvolvimento da Cincia Moderna, de Robert Hooykaas (Braslia: Editora da UNB, 1988).Richard Dawkins. Deus, um Delrio e O Relojoeiro CegoAlister MacGrath. O Delrio de Dawkins

  • Phillip Johnson. Cincia, Intolerncia e FFrancis Collins. A Linguagem de DeusAdauto Loureno. Como Tudo Comeou

  • OBRIGADO!

    *

    *

    *

    *

    *

    *

    *

    *

    *

    *

    *

    *

    *

    *

    *

    *

    *

    *

    *