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O Discipulo radical - John Stott

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John Stott

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JOHNSTOTTTraduzidopor MEIREPORTESSANTOSultimatoVIOSAIMGO DISCPULO RADICALCategoria:Vida crist/ Espiritualidade /LideranaS888d20HCopyright J . R. W. Stott 2010Publicado originalmente por I nter-Varsity Press, Nottingham, Reino UnidoPrimeira edio: Maro de 2011 Coordenao editorial: Bernadete Ribeiro Traduo: Meire Portes Santos Reviso: Paula Mazzini Mendes Diagramao: Editora Ultimato Capa: Ana Cludia NunesFicha catalogrfica preparada pela Seo de Catalogao e Classificao da Biblioteca Central da UFVStott, John W.R.,1921-O discpulo radical / John W.R. Stott; traduzido por Meire Portes Santos. Viosa, MG : Ultimato, 2011.120p.; 21cm.Ttulo original: The Radical DiscipleI SBN 978-85-7779-044-9 1. Vida crist. I. Ttulo.C DD 22. ed.248.4Pu bl i c a d o n o Br a s i l c o ma u t o r i z a o ec o mt o d o s o sd i r ei t o s r es er v a d o sEd i t o r a U l t i ma t o Lt d a .Caixapostal43 36570- 000 Viosa,MGTelefone:313611- 8500Fax:313891- 1557 www .ultimato .com. brA marca FSC a garantia de que a madeira utilizada na fabricao do papel deste livro provm de florestas que foram gerenciadas de maneira ambientalmcnte correta, socialmentejustaceconomicamentevivel,almde outras fontes de origem controlada.&FSCmm fSC.orgMISTOProveniente de fontes responsveisFSCC100558SUMRIOPrefcio: Discpulos ou cristos?91.Inconformismo132. Semelhana com Cristo233.Maturidade334. Cuidado com a criao435. Simplicidade536.Equilbrio717.Dependncia858.Morte95Concluso113Posfcio: Adeus!115Notas117Todos os direitos autorais deste livro foram cedidos de forma irrevocvel Langham Literature (antiga Evangelical Literature Trust).A Langham Literature um programa da Langham Partnership I nternational (LPI), fundada por John Stott. Chris Wright o diretor internacional.A Langham Literature distribui livros evanglicos para pastores, estudantes de teologia e bibliotecas de seminrios em quase todo o mundo, e patrocina a escrita e a publicao de literatura crist em muitas lnguas regionais.Para maiores informaes sobre a Langham Literature e outros programas da LPI, visite www.langhampartnership.org.Nos Estados Unidos, o membro nacional da Langham Partnership I nternational o John Stott Ministries.Visite o site do JSM: www.johnstott.org.AGRADECIMENTOSC omoa produo deste livro teve incio,conti nui dade etrmi nosobotetohospi tal ei rodaUni versi dadede Sai ntBarnabas,oprimeiroagradecimentoparaocorpo de funcionrios, para o diretor, Howard Such, e sua esposa, Lynne Such,para os residentes e pacientes,e para a equipe deenfermagem,cuidados,administrao,alimentaoe limpeza, pois juntos criaram uma rica comunidade crist de cultoecomunho um contextoadequado reflexoe escrita. Quando por vezes preocupei-me com tais atividades, devo ter parecido uma criatura antissocial; mas eles compre- enderam e me perdoaram.Outra comunidade qual sou devedor a I greja St. J ohn, Felbridge;ao ministro Stephen Bowen, sua esposa, Mandy, eaosadministradoresdaigreja,AnneButlereMalcolm Francis. Quando me sentia forte o suficiente, eles providenciavam uma maneira de me transportar para l e me trazer de volta,aos domingos. Eles sabiam que um livro estava sendo preparado e me incentivaram durante o processo.Aprecioa habilidade editorial deDavid Stone,assistido por Eleanor Trotter,apesar deoutraspessoasteremcontribudocom o texto,como J ohn Wyatt eSheila Moore,queenriqueceram ocaptulo7comsuasexperinciaspessoais. Peter Harris e Chris Wright me auxiliaram com o captulo 4, e GraceLamme deuinformaes vitaissobreoministrio de seu falecido marido (captulo 5).Receber a visita quinzenal de minhas sobrinhas Caroline eSaraheafreqente visitademeuamigoPhillipHerbert temsidoumencorajamentoregular.Outrostrabalharam nosbastidores,comoJ ohnSmith,porexemplo,quetem pacientemente feito pesquisas na internet para mim.Por ltimo, mas no menos importante, Francs Whitehead tem conseguido fazer visitas semanais e lidar com a enorme quantidade dee-mails,que ela administra com uma habili' dade extraordinria, juntamente com este manuscrito.8[ 0DISCPULORADICALJ o h n S t o t tPscoa de 2009PREFCIODISCPULOSOUCRISTOS?Ueixe-me explicar e justificar o ttulo deste livro, O Discpulo Radical.Em primeiro lugar,por quediscpulo?Paramuitos,descobrir que,no Novo Testamento,osseguidores de J esus Cristo so chamados decristosapenas trs vezes, uma grande surpresa.Aocorrncia mais significativa o comentrio de Lucas explicando que foi em Antioquia da Sria que os discpulos deJ esusforamchamadosdecristospelaprimeira vez .(At 11.26). Antioquia era conhecida como uma comunidade internacional. Consequentemente, a igreja tambm era uma comunidade internacional e seus membros eram adequadamente chamados de cristos para indicar que as diferenas tnicas eram superadas por sua lealdade comum a Cristo.As outras duas ocorrncias da palavra cristo evidenciam que seu uso estava ficando mais comum. Assim, quando Paulo, que estava sendo julgado diante do rei Agripa, o desafiou diretamente, Agripa clamou: Por pouco me persuades a me fazer cristo(At 26.28).Depois,oapstoloPedro,cuja primeira carta foi escrita em um contexto de perseguio crescente, achou necessrio0DISCPULORADICALfazer distino entre aqueles que sofriam como criminosos e aqueles que sofriam como cristos (lPe 4.15-16), isto , por pertencerem a Cristo. Ambas as palavras (cristo e discpulo) implicamrelacionamentocomJ esus.Porm,discpulo talvezseja maisforte,poisinevitavelmenteimplica relacio- namentoentrealunoeprofessor.Duranteostrsanosde ministrio pblico, os doze foram discpulos antes de serem apstolos e, como discpulos, estavam sob a instruo de seu Mestre e Senhor.Talvez,dealgumaforma,deveramostercontinuadoa usar a palavra discpulo nos sculos seguintes, para que os cristos fossem discpulos de Jesus de maneira consciente e levassem a srio a responsabilidacie de estar sob disciplina.Meuinteressecomestelivroquens,queafirmamos ser discpulos do Senhor Jesus, no o provoquemos a dizer: Por que me chamais Senhor, Senhor, e no fazeis o que vos mando? (Lc 6.46). O discipulado genuno um discipulado sincero e da que surge a prxima palavra.Em segundo lugar, por que radical? Sendo esse o adjetivo usado para descrever nosso discipulado, importante indicar o sentido no qual o utilizo.A palavraradical derivada do latim radix,raiz.Originalmente, parece ter sido utilizada como rtulo poltico para pessoas como WilliamCobett, poltico do sculo19,e seus pontos de vista extremos, liberais e reformistas. Assim, vem da ouso geral para se referir quelescujas opinies vos razes e que so extremos em seu compromisso.Agora estamos prontos para unir o substantivo e o adjetivo e fazer a terceira pergunta: por que discpulo radical? A resposta bvia. Existem diferentes nveis de comprometimento na comunidade crist. O prprio Jesus ilustra isso ao explicarPREFCIOo que aconteceu com as sementes que descreve na Parbola do Semeador.1A diferena entre as sementes est no tipo de solo que as recebeu. Arespeito da semente semeada em solo rochoso, Jesus diz:No tinha raiz.Geralmente evitamos o discipulado radical sendo seletivos: escolhemosasreasnasquaisocompromissonosconvm e ficamosdistantes daquelasnas quaisnossoenvolvimento nos custar muito.Porm,por Jesus ser Senhor,no temos odireitodeescolherasreasnasquaisnossubmetemos sua autoridade.Jesus digno de receber Honra e poder divino E bnos mais que no podemos dar Sejam, Senhor, para sempre tuas.2Assim, meu propsito neste livro considerar oito caractersticas do discipulado cristo que, apesar de serem frequentemente negligenciadas,merecem ser levadas a srio.Captulo 1INCONFORMISMOA primeiracaractersticaquequeroconsiderarsobreo discpulo radical oinconformismo.Deixe-me explicar.A igreja tem uma dupla responsabilidade em relaoao mundoaoseuredor.Porumlado,devemosviver,servir etestemunharnomundo.Poroutro,devemosevitarnos contaminarporele.Assim,nodevemospreservarnossa santidadefugindodomundo,nemsacrific-lanosconformando a ele.Tanto o escapismo quanto o conformismo so proibidos para ns.Esse um dos temas principais da Bblia,ou seja, Deus est convocando um povo para si e o desafiando a ser diferente de todos. Sejam santos, diz ele repetidamente ao seu povo,porque eu sou santo(Lv11.45;lPe1.15-16).No devemos preservar nossa santidade fugindo do mundo,nem sacrific-la nos conformando a ele0 DISCPULORADICALEssetemafundamentalserepetenasquatroprincipais seesdaBblia:alei,osprofetas,oensinodeJesuseo ensino dos apstolos. Darei um exemplo de cada. Primeiro, a lei.Deus diz ao seu povo por meio de Moiss:NofareissegundoasobrasdaterradoEgito,emque habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Cana, para a qual eu vos levo, nem andareis nos seus estatutos. Fareis segundo os meus juzos e os meus estatutos guardareis, para andardes neles. Eu sou o Senhor, vosso Deus.Levticos18.3-4Semelhantemente, a crtica de Deus ao seu povo por meio do profeta Ezequiel que no andastes nos meus estatutos, nemexecutastesosmeusjuzos;antes,fizestessegundoos juzos das naes que esto em redor de vs(Ez11.12).OmesmoacontecenoNovoTestamento.NoSermo doMonte,Jesusfaladoshipcritasepagoseacrescenta: No vosassemelheis,pois,a eles(Mt 6.8).Finalmente,o apstoloPauloescreveaosromanos:Novosconformeis com este sculo, mas transformai-vos pela renovao da vossa mente(Rm12.2).Aqui est o chamado de Deus para um discipulado radical,para uminconformismo radical cultura circundante. Oconviteparadesenvolverumacontraculturacrist,para um engajar-se sem comprometer-se.Assim,quaisastendnciascontemporneasqueameaamnostragar,squaisdevemosresistir?Consideraremos quatro. Aprimeira delas o desafio do pluralismo.O pluralismo afirma que todo ismo tem seu valor e merece nosso respeito. Portanto, ele rejeita as alegaes crists de perfeio e singularidade, e entende a tentativa de converter qualquerINCONFORMISMOpessoa (que dir todas) ao que julga ser simplesmente nossa opinio, ou seja,uma atitude de arrogncia total.Comoentodeveramosresponderaoespritodepluralismo?Com muita humildade e sem qualquer indciode superioridade pessoal.Porm, devemos continuar a afirmar a imparidade e perfeio de J esus Cristo.Pois ele singular em sua encarnao (o nico Deus homem); singular em sua expiao (somente ele morreu pelos pecados domundo);e singular em sua ressurreio (somente ele venceua morte). E sendo que em nenhuma outra pessoa,a no ser em Jesus deNazar,Deussetornouhumano(emseunascimento), carregouosnossospecados(emsuamorte),etriunfou sobreamorte(emsuaressurreio),elesingularmente competenteparasalvarospecadores.Ningummaistem suasqualificaes.Assim,podemosfalarsobre Alexandre, o grande,Charles,o grande,Napoleo,o grande,masno Jesus,ogrande.Elenoograndeeleonico.No existe ningum como ele.Ele no tem rival nem sucessor.Asegundatendnciasecularmuitodifundidaeaqual os discpulos cristosdevem resistir o materialismo.Oma- terialismonosimplesmenteumaaceitaoda realidade do mundo material. Se assim fosse, todos os cristos seriam materialistas,poisacreditamosqueDeuscriouomundo material e disponibilizou suas bnos a ns. Deus declarou a ordem material tambm por meio da encarnao e ressurreio do seu Filho, na gua do batismo e no po e vinho da Santa Comunho. No de se admirar que William Temple tenha descrito o cristianismo como a religio mais material de todas.Porm,ela no materialista.Poismaterialismoumapreocupaocomcoisasmateriais, que podem abafar a nossa vida espiritual. No entanto,0DISCPULORADICALJesusnosdizparanoarmazenartesourosnaterraenos adverte contra a avareza. O mesmo faz o apstolo Paulo, nos impelindo a desenvolver um estilo de vida de simplicidade, generosidade e contentamento,extraindo tal padro de sua prpriaexperinciadeteraprendidoaestarcontenteem quaisquer circunstncias (Fp 4.11).Paulo acrescenta que grande fonte de lucro a piedade comocontentamento(l Tm6.6)econtinua,explicando quenada temos trazido para omundo,nem coisa alguma podemos levar dele. Talvez, de forma consciente, ele estivesse repetindooquediz J :Nusa do ventre deminhame e nuvoltarei(J1.21).Emoutraspalavras,avidanaterra umabreveperegrinaoentredoismomentosdenudez. Assim,seriamossbiosseviajssemoscompoucacarga. Nadalevaremosconosco.(Direimaissobrematerialismo no captulo 5.)A terceiratendnciacontemporneaquenosameaa equalnodevemosnosrenderoespritoprfidodo relativismo tico.Todos os padres morais que nos cercam esto se desfazendo. I ssoverdadeespecialmentenoOcidente.Aspessoasse confundem diante da existncia de quaisquer absolutos.O relativismo permeou a cultura e tem se infiltradona igreja.Em nenhuma esfera esse relativismo mais bvio do que na da tica sexual e na revoluo sexual vivenciada desde os anos60.Pelomenosondeatica judaico-cristeralevada asrio,ocasamentoerauniversalmenteaceitocomouma uniomonogmica,heterossexual,amorosaevitalcia,e comoonicocontextodadoporDeusparaaintimidade sexual.Atualmente,porm,mesmoemalgumasigrejas,a relaosexualforadocasamentolargamentepraticada,INCONFORMISMOdispensandoocompromissoessencialcomumcasamento autntico.A l mdi sso,rel aci onamentosentrepessoas domesmosexosovistoscomoalternativaslegtimasao casamento heterossexual.Paracombatertaistendncias,JesusCristochamaseus discpulos obedincia e a se conformarem aos seus padres. Alguns dizem que Jesusnofaloua respeitodisso.Masele ofez.CitouGnesis1.27(homememulheroscriou)e Gnesis 2.24 (deixa o homem pai e me e se une sua mulher, tornando-se os dois uma s carne), dando a definio bblica de casamento. E depois de citar esses versculos, Jesus deu-lhes seu prprio endosso pessoal, dizendo:o que Deus ajuntou no o separe o homem(Mt19.4-6).Esse ponto de vista foi avaliado criticamente pelo distinto filsofomoral e social,oamericano Abraham Edel (1908- 2007), cujo principal livro chama-se Ethical Judgment.1A moralidadebasicamentearbitrria,escreveele, complementando em versos livres:Tudo depende de onde voc est,Tudo depende de quem voc ,Tudo depende do que voc sente,Tudo depende de como voc se sente.Tudo depende de como voc foi educado,Tudo depende do que admirado,O que correto hoje ser errado amanh,Alegria na Frana, lamento na Inglaterra.Tudo depende do seu ponto de vista,Austrlia ou Tombuctu,Em Roma faa como os romanos.Se os gostos acabam coincidindo Ento voc tem moralidade.80 DISCPULORADICALMas onde existem tendncias conflitantes,Tudo depende, tudo depende...Osdiscpuloscristosradicaisdevemdiscordardisso. Certamente no devemos ser totalmente inflexveis em nossas decises ticas, mas devemos procurar, com sensibilidade, aplicar princpios bblicos em cada situao. O senhorio de J esusCristo fundamental para o comportamento cristo. J esus Senhorcontinua sendo a base da nossa vida.Assim,a pergunta fundamental para a igreja :Quem Senhor? Ser que a igreja exerce o senhorio sobre Jesus Cristo, tornando-selivrepara alterar emanipularaoaceitar oque gostae rejeitar oque no gosta? Ou J esusCristoonosso Mestre e Senhor, de maneira que cremos nele e obedecemos ao seu ensinamento?Ele nos diz tambm: Por que me chamais Senhor, Senhor, enofazeisoque vosmando?(Lc6.46).Confessar Jesus comoSenhor,masnoobedeceraele,comoconstruir a vidasobreaareia.Novamente:Aquelequetemosmeus mandamentose os guarda,esse oqueme ama,disse ele no Cenculo (Jo14.21).Aqui esto duas culturas e dois sistemas de valores;dois padresedoisestilosde vida.Porumlado,hoestilodo mundo ao nosso redor; por outro, a vontade revelada, boa e agradvel de Deus. Discpulos radicais tm pouca dificuldade de fazer suas escolhas.Chegamosagora quarta tendncia,que o desafio do narcissmo.Narciso,namitologiagrega,foiumjovemqueviuseu reflexo em um lago,apaixonou-se por sua prpria imagem, caiudentrodguaeseafogou.Assim,narcisismoum amor excessivo,uma admirao desmedida por si mesmo.INCONFORMISMO1Nosanos70,onarcisismoseexpressoupormeiodo MovimentoPotencialHumano,queenfatizavaanecessidade daautorrealizao.Nosanos80e90,oMovimentoda Nova Era imitou o MovimentoPotencialHumano.Shirley MacLainepodeserconsideradasmbolodomovimento, pois era cega de paixo por si mesma. De acordo com ela,a boa notcia essa:Sei que existo; portanto, eu sou.Sei que a fora divina existe; portanto, ela .J que sou parte dessa fora, sou o que sou.Parece uma pardia deliberada da revelao que Deus faz de si mesmo a Moiss:Eu sou o que sou(Ex 3.14).Assim, o Movimento da Nova Era nos convida a olhar para dentro de ns mesmos e nos explorar, pois a soluo para os nossos problemas est em nosso interior. No precisamos que um salvador surja em algum lugar e venha at ns; podemos ser o nosso prprio salvador.I nfelizmente, uma parte desse ensinamento tem permeado a igreja e h cristos recomendando que devemos no somenteamar a Deuse ao prximo,mas tambma nsmesmos. Noentanto,issoumerroportrsrazes.Emprimeiro lugar, Jesus falou do primeiro e grande mandamento e do segundo,masnomencionouumterceiro.Emsegundo lugar,amorprprioumdossinaisdosltimostempos (2Tm3.2).Emterceirolugar,osignificadodoamor gape osacrifcioprprioembenefciodeoutros.Sacrificar-se aserviodesimesmo,nitidamente,umcontrassenso. Ento,qual deveser aatitudepara conosco?Ummistode autoafirmaoeautonegaoafirmartudoemnsque20ODISCPULORADICALvem da nossa criao e redeno, e negar tudo que pode ser ligado queda. aliviador se livrar de uma preocupao doentia consigo mesmo e voltar-se para os saudveis mandamentos de Deus (incorporados e reforados por Jesus): amar a Deus de todo ocoraoeaonossoprximocomoa nsmesmos.Poisa inteno de Deus para a sua igreja que ela seja uma comunidade de amor, de adorao e de servio.Todos sabem que o amor a maior virtude do mundo, e os cristos sabem o motivo: porque Deus amor.O corteso espanhol do sculo13, Raimundo Llio (missionrio entre os muulmanos no Norte da frica), escreveu que aquele que no ama, no vive. Pois viver amar, e sem amor a personalidade humana se desintegra. por isso que todos procuram autnticos relacionamentos de amor.Atagora,consideramosquatrotendnciasseculares que ameaam subjugar a comunidade crist.Em face dessas tendncias,somos chamadosa um inconformismo radical, noaumconformismomedocre.Diantedodesafiodo pluralismo, devemos ser uma comunidade de verdade, declarando a singularidade de J esus Cristo. Diante do desafio do materialismo, devemos ser uma comunidade de simplicidade, considerando que somos peregrinos aqui. Diante do desafio do relatvismo, devemos ser uma comunidade de obedincia. Diante dodesafio do narcisismo,devemos ser uma comunidade de amor.Nodevemossercomocaniosagitadospelovento, dobrando-nos diante das rajadas da opinio pblica; mas to inabalveis quanto pedras em uma correnteza. No devemos ser comopeixesqueflutuamna correntedorio(comodiz Malcolm Muggeridge,somente peixes mortos nadam comINCONFORMISMOa corrente);devemosnadar contra ela,contra a tendncia cultural. No devemos ser como camalees, que mudam de cor de acordo com o ambiente; devemos nos opor de forma visvel ao ambiente em que estamos.No devemos ser como canios agitados pelo vento,dobrando-nos diante das rajadas da opinio pblica,masto inabalveis quanto pedras em uma correntezaEnto,a que os cristos devem se assemelhar, se no de- vemos ser como canios,peixesmortos ou camalees? Ser queaPalavradeDeustotalmentenegativa,nosdizendo simplesmente para no sermosmoldados forma daqueles que esto no mundo ao nosso redor? No. Ela positiva. Devemos ser como Cristo, conformes imagem de seu Filho (Rm 8.29).E isso nos leva ao segundo captulo.Captulo 2SEMELHANA COMCRISTOl i m abril de 2007, comemorei meu 86" aniversrio e usei a oportunidade para anunciar minha aposentadoria do mnis- trio pblico ativo. Apesar de recusar todos os compromissos subsequentes,jtinhaemminhaagendaumconvitepara falar na Conferncia de Keswick,1em julho daquele ano. Este captulo baseado no texto daquele ltimo sermo.Lembro-me claramente da pergunta que mais incomodava meus amigos e eu quando ramos jovens: qual o propsito deDeus para o seu povo? O que vem depois de nos convertermos?claroqueconhecamosa famosadeclaraodoBreve CatecismodeWestminster,dequeofimprincipaldo homemglorificaraDeusegoz-loparasempre.Enos entretnhamos com uma declarao ainda mais breve: Ame a Deus,ame o seu prximo.Porm, nenhuma delas parecia ser totalmente satisfatria. Assim, gostaria de compartilhar o que tem feito minha mente descansar aomeaproximar dofim cieminha peregrinao pela terra. o seguinte:Deus quer que o seu povo se torne comoCristo,poissemelhanacomCristoavontadede Deus para o povo de Deus.0DISCPULORADICALI nicialmente,apresentarei um fundamento bblico para oconvitesemelhanacomCristo;depois,dareialguns exemplosdoNovoTestamento;efinalmente,partilharei algumas concluses prticas.BasebblicaAbase bblica no um simples texto, pois ela mais substan- ciai do que podemos resumir em um texto. Consiste de trs versculos que ser bom mantermos relacionados: Romanos8.29,2 Corntios 3.18 e1 J oo 3.2.O primeiro texto Romanos 8.29: Deus predestinou [seu povo] para serem conformes imagem de seu Filho. Quando Adocaiu,perdeumuito(apesardenotudo)daimagem divina na qual ele havia sido criado. Porm, Deus a restaurou emCristo.ConformidadeimagemdeDeussignificaser como Jesus, e a semelhana com Cristo o propsito eterno para o qual Deus nos predestinou.Osegundotexto2Corntios3.18:Etodosns,com orostodesvendado,contemplando[ourefletindo],como por espelho,a glria doSenhor,somostransformados[ou mudados], de glria em glria, na sua prpria imagem, como pelo Senhor, o Esprito.Aperspectivamudou dopassadoparaopresente;da predestinao eterna de Deus para a transformao que ele realiza em ns no presente por meio do seu Esprito Santo; do propsito eterno de Deus de nos fazer como Cristo, para a obra histrica de nos transformar imagem de Cristo mediante o seu Esprito.Oterceirotexto1 J oo3.2:Amados,agora,somos filhos de Deus, e ainda no se manifestou o que haveremosSEMELHANA COM CRISTOdeser.Sabemosque,quandoelesemanifestar,seremos semelhantesa ele,porquehaveremosde v-locomoele. E seDeusest trabalhandocom essa finalidade,no surpresa que ele nos chame para cooperar com ele.Siga-me, diz ele,imite-me.Muitos j ouviram falar dolivroImitao deCristo,escrito no incio do sculo15 por Thomas Kempis. Tantas edies e tradues foram publicadas que, depois da Bblia, ele provavelmente o best-seller mundial. Na verdade ele no fala sobre imitar a Cristo, pois seu contedo bem mais diverso. Porm, o ttulo se originou das primeiras palavras do livro, e sua enorme popularidade uma indicao da importncia do assunto.Assim, retornando a1 J oo 3.2;ns sabemos e no sabemos; no sabemos com detalhes o que seremos, mas sabemos que seremos como Cristo. E, na verdade, no h necessidade desabermosmaisnada.Estamoscontentescoma gloriosa verdade de que estaremos com Cristo e seremos como ele.Aqui,ento,estotrsperspectivas(passado,presente efuturo)etodasapontamparaamesmadireo:oeterno propsitodeDeus(nsfomospredestinados);opropsito histricodeDeus(estamossendomudados,transformados pelo Esprito Santo); e o propsito escatolgico de Deus (seremos como ele). Tudo isso contribui para a mesma finalidade de semelhana com Cristo, pois esse o propsito de Deus para o seu povo.Se afirmamos ser cristos,devemos ser como Cristoo d i s c Ipu l o r a d i c a lTendo estabelecido a base bblica, ou seja,a semelhana comCristoopropsitodeDeusparaopovodeDeus, quero prosseguir ilustrando essa verdade com vrios exemplos do Novo Testamento. Antes,uma declarao geral de1J oo2.6:Aquele que diz que permanecenele,essedeve tambmandarassimcomoeleandou.Seafirmamosser cristos,devemos ser como Cristo.ExemplosdoNovo TestamentoDevemosser comoCristo emsua encarnaoAlguns podem recuar horrorizados ante a tal ideia.Ser que a encarnao foium evento totalmente nico e impos- svel de ser imitado?A respostasimeno.Sim,porqueoFilhodeDeus assumiunossahumanidadeparasimesmoemJ esusde Nazar,umavezportodasesemnecessidadederepetio.No,porquetodosnssomoschamadosaseguir oexemplodesuahumildade.Assim,Pauloescreveem Filipenses2.5-8:Tende em vs o mesmo sentimento que houve tambm em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, no julgou como usurpao o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou,assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhana de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente at morte e morte de cruz.Devemosser como CristoemseuservioPassaremosagora daencarnaopara a vida deservio. Assim, vamos para o Cenculo,onde Jesus passou a ltima noite com os discpulos. Durante a ceia, ele tirou a vestimentaSEMELHANA COM CRISTOdecima,cingiu-secomuma toal ha,col ocouguanuma baciaelavouospsdosdi sc pul os.Quandoterminou, eleretomouseulugarmesaedisse:Ora,seeu,sen- dooSenhoreoMestre,voslaveiosps,tambmvs deveislavarospsunsdosoutros.Porqueeuvosdeio exemplo,para que,comoeu vosfiz,faais vstambm (J o13.14-15).Algunscristosacatamaordemde Jesusliteralmentee muitas vezesfazemacerimniadolava-psporocasioda Ceia do Senhor. E talvez eles estejam certos. Porm, a maioria aplicaa ordemculturalmente.I sto,assimcomo J esusfez oque,emsuacultura,eraotrabalhodeumescravo,ns, em nossa cultura,no devemos considerar nenhuma tarefa simples ou humilhante demais.Devemosser como CristoemseuamorComoescreve Paulo:E andai em amor,como tambm Cristonosamouese entregoua simesmoporns,como oferta e sacrifcio a Deus, em aroma suave (Ef 5.2).Andar emamorumaordemparaquetodoonossocomportamentosejacaracterizadopeloamor.J entregar-sepor ns,umarefernciaclaracruz.Assim,Pauloestnos incentivando a ser como Cristo em sua morte;a amar com o amor do Calvrio.Percebe o que est acontecendo? Paulo nos est impelindo a ser como o Cristo da encarnao, o Cristo do lava-ps e o Cristo da cruz.Tais eventos indicam claramente o que significa, na prtica, ser semelhante a Cristo. Por exemplo, no mesmo captulo, Paulo estimula os maridos a amarem as esposas como Cristo amou a igreja e se deu por ela (Ef 5.25).0DISCPULORADICALDevemosser comoCristo emsua longanimidadeAquiconsideramosoensinodePedroenodePaulo. TodososcaptulosdaprimeiracartadePedrofalamdo sofrimentode Cristo,poisocontextoda carta ocomeo da perseguio.Nocaptulo2,emespecial,Pedroincentivaosescravos cristos(se punidosinjustamente)asuportar osofrimento sem pagar omal com o mal (lPe2.18). Somos chamadosa agirassimporqueCristotambmsofreu,deixando-noso exemplo para que sigamos seus passos (lPe2.21).TalchamadosemelhanacomCristonosofrimento injusto pode se tornar cada vez mais significante em muitas culturas nas quais a perseguio tem crescido.Devemosser comoCristo emsuamissoTendo observado o ensino de Paulo e de Pedro, observaremos o ensino de Jesus registrado por J oo (Jo17.18;20.21).Em orao, Jesus diz ao Pai: Assim como tu me enviaste ao mundo, tambm eu os enviei ao mundo; e, ao comission- los,elediz:AssimcomooPaimeenviou,eutambm vos envio.Essas palavras tm um significado profundo.NosetrataapenasdaversodaGrandeComi sso registradanoEvangelhode J oo;tambmumainstruoparaqueamissodosdiscpulosseassemelhasse deCristo.Em quesentido? As palavras-chave soenviei aomundo.I sto,comoCristoteve deentrar emnosso mundo,nstambmprecisamosentrarnomundode outraspessoas.I sso foi explicado com eloqncia pelo arcebispo Michael Ramsay, que disse: Ns declaramos e recomendamos a f medida que samos e penetramos nas dvidas dos duvidosos,SEMELHANA COM CRISTOnas perguntas dos questionadores e na solido daqueles que perderam o rumo.2Essa entrada nomundo de outraspessoas exatamente oquequeremosdizerpormissoencarnacionaletoda misso autntica encarnacional.Aquiesto,talvez,ascincoprincipaismaneiraspelas quais devemos nos assemelhar a Cristo: em sua encarnao, em seuservio,emseuamor,em sua longanimidadeeem sua misso.TrsconseqnciasprticasConcluiremosagoracomtrsconseqnciasprticasdas bases e exemplos de semelhana com Cristoqueacabamos de considerar.Semelhana comCristoeomistrio dosofrimentoOsofrimentoumassuntovastoeoscristostentam entend-lo de muitas formas. Porm, a que se destaca a que diz que o sofrimento parte do processo deDeus para nos fazer como Cristo. Seja um desapontamento ou uma frustrao,precisamos tentar v-lo luz de Romanos 8.28 e 29.Deacordocom Romanos8.28,Deusest sempretrabalhando para o bem de seu povo, e de acordo com Romanos8.29,esse bom propsito nos fazer como Cristo.Semelhana comCristo eo desafiodoevangelismoPor que nossos esforos evangelsticos so frequentemente desastrosos?H vriasrazes,enopossosimplificar,mas uma das principais que noparecemos com oCristoque proclamamos.0DISCPULORADICALSe vocs,cristos,vivessem como Jesus Cristo, a ndia estaria aos seus ps amanhJ ohnPoultonescreveusobredissoemseubreve,mas perceptivo livro A Today Sort of Evangelism:A pregao mais eficaz provm daqueles que vivem conformeaquilo quedizem.Elesprpriosso a mensagem.Os cristos tm de ser semelhantes quilo que falam. A comunicao acontece fundamentalmente a partir da pessoa, no de palavras ou ideias. E no mais ntimo das pessoas que a autenticidade se faz entender; o que agora se transmite com eficcia , basicamente, a autenticidade pessoal.3Semelhantemente, um professor hindu, identificando um dos alunos como cristo, disse:Se vocs, cristos, vivessem como J esus Cristo, a ndia estaria aos seus ps amanh.OutroexemploodoreverendoI skandar Jadeed,um ex-muulmano rabe, que disse:Se todos os cristos fossem cristos, hoje no haveria mais islamismo. No conheo pessoalmente os autores desses dizeres, mas creio serem genunos.Semelhana comCristoea habitao doEspritoJ falei bastante sobre semelhana com Cristo, mas como ela possvel para ns? Claramente no pela nossa prpria fora,jqueDeusnosdeuoseuEspritoSantoparanos capacitar a cumprir seu propsito.SEMELHANA COM CRISTOW illiamTemplecostumavailustrarissoaparti rde Shakespeare:No adianta me dar uma pea como Hamlet ou Rei Lear e me dizer para escrever algo assim. Shakespeare podia fazer isso, eu no posso. E no adianta me mostrar uma vida como a de Jesus e me dizer para viver como ele. Jesus era capaz, eu no. Porm, se o gnio de Shakespeare pudesse vir morar em mim, ento eu poderia escrever peas como as dele.E se o Esprito de Jesus pudesse vir morar em mim, ento eu viveria uma vida como a dele.OpropsitodeDeusnosfazercomoCristo.EaformacomoelefazissonosenchendocomoseuEsprito Santo.Captulo 3MATURIDADEN adcadade90,quando viajavaemnomedaLangham PartnershipI nternational,sempreperguntavaaosqueme ouviamcomoelesdefiniriamocenriocristonomundo atual.Erecebiauma variedadederespostas.Quandoconvidadoadarminhaopinio,euaresumiaemapenastrs palavras:crescimento sem profundidade.Ningum duvida do crescimento fenomenal da igreja em vrias partes do mundo. As estatsticas so surpreendentes. No exagero descrever esse crescimento como exploso. Por exemplo, a igreja na China cresceu pelo menos cem vezes desde a metade do sculo20.Hoje,mais cristos adoram a Deus todos os domingos na China do que em todas as igrejas da Europa Ocidental juntas.Aomesmotempo,nodevemoscederaotriunfalismo, poisnamaioria doscasostrata-sedecrescimentosemprofundidade.Asuperficialidade no discipulado existe em todo lugar, e os lderes eclesisticos lamentam essa situao. Um lder do sul da sia disse-me recentemente que, apesar de a igreja em seu pas estar crescendo numericamente, existe um enorme0DISCPULO RADICALproblema de falta de consagrao eintegridade. De modo semelhante, um lder africano disse-me que,apesar de estar consciente do rpido crescimento da igreja africana,ele , em grande parte,numrico [...]. Aigreja est sem uma base bblica e teolgica forte que provenha dela mesma.Mais impressionante a declarao feita em abril de 2006, em Los Angeles,por Cao Shengjie,na poca presidente do Conselho Cristo Chins:Algunsdizemqueaigrejaestindobemquandoh crescimentonumrico[...]equeremos ver pessoassendo acrescidas igreja todos os dias.Porm,no estamos buscando apenas nmeros, mas que o aumento nos nmeros corresponda confirmao de f da igreja.Essas trs citaes de lderes de pases em desenvolvimento sosuficientes para mostrar quecrescimento sem profundidade,ou crescimento estatstico sem o desenvolvimento de um discipulado, no uma concluso imposta pelo resto do mundo a viso dos prprios lderes.Alm disso, a situao sria porque desagrada a Deus. Ousamosdizerissoporqueosapstoloscujascartasencontramosno Novo Testamentocensuraramseusleitores pela imaturidade deles e osimpeliram a se tornarem adultos.Considere,por exemplo,a crtica dePauloigreja de Corinto:Eu, porm, irmos, no vos pude falar como a espirituais, esimcomoacarnais,comoacrianasemCristo.Leite vos dei a beber, no vos dei alimento slido; porque ainda nopodeissuport-lo.Nemainda agorapodeis,porque ainda sois carnais. Porquanto, havendo entre vs cimes e contendas,no assim que sois carnais e andais segundo0 homem?1Corntios 3.1-3MATURIDADEPorm,houtrapassagemescritaporPaulosobre maturidade,e so esses versculos que querodestacar neste captulo:Anunciamos[CristoJ,advertindoatodohomemeensinando a todo homem em toda a sabedoria,a fim de que apresentemos todo homem perfeito (teleios) em Cristo; para issoqueeutambmmeafadigo,esforando-meomais possvel,segundo a sua eficcia que opera eficientemente em mim.Colossenses1.28-29OadjetivogregoteleiosocorredezenovevezesnoNovo Testamento e pode ser traduzido por perfeito ou por maduro,dependendo docontexto.Raramente significaperfeitonum sentido absoluto.Em vez disso, o teleios (pessoa) contrasta com a criana ou beb (por exemplo,I Co13.10-11). Assim, melhor entendermos teleios comomaduro.Para entender o significado de um texto, normalmente bom fazer com ele uma espcie de interrogatrio e importun- lo com perguntas investigativas. o que proponho fazer com Colossenses1.28-29.Aprimeira emais bsica pergunta sobrea essncia da maturidade.Oquematuridadecrist?Ofatoqueela algodifcil de ser obtido. A maioria de ns sofredeimatu- ridadesprolongadas.Mesmonoadulto,a pequena criana ainda se esconde em algum lugar.Alm disso, existem diferentes tipos de maturidade. Existe a fsica (ter um corpo saudvel e bem desenvolvido), a intelectual (ter uma mente disciplinada e uma cosmoviso coerente), a moral (aqueles que tm as suas faculdades exercitadas para discernir no somente o bem, mas tambm o mal, Hb 5.14), aemocional(terumapersonalidadeequilibrada,capazde360DISCPULORADICALestabelecerrelacionamentoseassumirresponsabilidades). Porm, acima de tudo, existe a maturidade espiritual.E isso oque oapstolo chama dematuridade em Cristo,isto ,ter um relacionamento maduro com Cristo.A formamaiscomumusadaporPauloparadefinir cristos dizer que elesso homens e mulheresem Cris- tonodentrodeCristo,comoroupasemumarmrio ouferramentasemumacaixa,mascomoosramosque estonavideiraecomoosmembrosqueestonocorpo, ou seja, unidos em Cristo. Assim, estar em Cri sto estar relacionado a ele de forma pessoal, vital e orgnica.Nesse sentido, ser maduro ter um relacionamento maduro com Cristo,noqual oadoramos,confiamosnele,oamamose lhe obedecemos.Aprxima pergunta a fazer como os cristos se tornam maduros.Otextonosforneceumarespostaclara.Considereabasedo versculo28:Nsanunciamos[Cristo] [...]a fimdequeapresentemos todo homem perfeitoem Cri sto.Ser maduro ter um relacionamento maduro com Cristo,no qual o adoramos,confiamos nele,o amamos elhe obedecemosE lgico que, se maturidade crist maturidade em nosso relacionamento com Cristo, no qual o adoramos, confiamos nele e lhe obedecemos, ento, quanto mais clara for a nossaMATURIDADEviso de Cristo,mais convencidos nos tornamos de que ele digno de nossa dedicao.NaintroduodolivroOConhecimentodeDeus,1J .I. Packerescrevequesomoscristospigmeusporquetemos umDeuspigmeu.Podemosdizer,igualmente,quesomos cristos pigmeus porque temos um Cristo pigmeu. A verdade que existem muitos Cristos sendo oferecidos nas religies comerciaisdomundo,emuitosdelessofalsosCristos, Cristos distorcidos,caricaturas cio Jesus autntico.Atualmente, por exemplo, encontramos o Jesus capitalista competindo com o Jesus socialista. H tambm o Jesus asceta se opondo ao J esus gluto.Sem falar nosfamososmusicaisGodspell,comoJ esuspalhao,eJesusCristoSuperstar. Existirammuitosoutros.Porm,todoseramdistorcidose nenhum deles merece nossa adorao e culto. Cada um o que Paulo chama de outro J esus, diferente do Jesus que os apstolos proclamaram.Assim,sequeremosdesenvolver umamaturidade verdadeiramentecrist,precisamos,acima de tudo,deuma visorenovadaeverdadeiradeJ esusCristoprincipalmente de sua supremacia absoluta, cia qual Paulo fala em Col ossenses1.15-20.Eumadaspassagenscristolgicas maissublimesde todo o Novo Testamento.Eisuma simplesparfrase:Jesusaimagem visveldoDeusinvisvel(v.15);assim, quem o vir, ter visto o Pai. Ele tambm o primognito sobretodaacriao.Noqueeleprpriotenhasido criado,mas ele tem os direitos de um primognito,e por isso o Senhor e cabea da criao (v.16). Por meio dele ouniversofoicriado.Todasascoisasforamcriadaspor meio dele como agente e para ele como cabea. A unidade e a coerncia das coisas so encontradas nele. Alm disso,0DISCPULORADICAL(v.18) ele a cabea do corpo,a igreja.Ele o princpio eoprimognitodeentreosmortos,detalmaneiraque em todas as coisas ele possa ter a preeminncia. Pois Deus se agradou (v.19-20) ao fazer habitar toda a sua plenitude em Cristo e tambm ao reconciliar todas as coisas consigo mediante Cristo, alcanando a paz por meio do sangue de sua cruz.FoidessaformaquePauloproclamouCristocomo SenhorcomoSenhordacriao(aquelepormeiode quem todas as coisas foram feitas) e como Senhor da igreja (aquelepormeiodequemtodasascoisasforamreconciliadas).Por causadequemele(aimagem e plenitude deDeus)eporcausadoqueelefez(aquelequecrioue reconciliou),J esusCristotemumadupl asupremacia. Ele ocabea douniversoe da igreja.EleoSenhor de ambasascriaes.Essa a descrio exata que o apstolo faz de Jesus Cristo. Onde deveramos estar seno com os rostos em terra diante dele? Afastemos de ns o Jesus insignificante, fraco, pigmeu. Afastemos de ns o Jesus palhao e pop star. Afastemos tambm o Messias poltico e revolucionrio. Eles so caricaturas. Se assim que o enxergamos, no surpreende a persistncia de nossa imaturidade.Onde,ento, encontraremos o Jesus autntico? Ele deve ser encontrado na Bblia o livro que pode ser descrito como o retrato que o Pai fez do Filho, colorido pelo Esprito Santo. A Bblia repleta de Cristo. Como ele prprio diz, as Escriturastestificam de mim(Jo5.39). Jernimo,oantigoPai da I greja,escreve que ignorncia da Escritura ignorncia de Cristo.Da mesma forma,podemos dizer que conhecer a Escritura conhecer a Cristo.MATURIDADENada mais importante para um discipulado cristo maduro do que uma viso renovada, clara e verdadeira do Jesus autnticoSe a venda fosse retirada dos nossos olhos, se pudssemos ver Jesus na plenitude de quem ele e do que ele tem feito, certamente veramos o quanto ele digno da nossa dedicao apaixonada. Af, o amor e a obedincia brotariam de ns e cresceramos em maturidade. Nada mais importante para um discipulado cristo maduro do que uma viso renovada, clara e verdadeira do Jesus autntico.Agoraquejdefinimosoquematuridadecriste vimoscomoos discpulos setornammaduros,chegamos terceira pergunta:para quem esse chamado maturidade direcionado? E notvel que nesse texto Paulo repete a palavra todo: o qual ns anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo (Cl1.28). O contextodessa tripla repetio provavelmente a chamada heresia colossense. Os estudiosos ainda debatem sua forma exata, mas quase certo que foi um gnosticismo embrionrio que chegou ao auge na metade do sculo 2.Esses primeiros gnsticos parecem ter ensinado que havia duas classes ou categorias de cristos.Por um lado,havia os hoi pollo,o rebanho comum, que era unido pela pistis,a f.40ODISCPULORADICALPor outro, havia os hoi teleioi, a elite, que havia sido iniciada pela gnosis, o conhecimento especial. Paulo ficou horrorizado com esse elitismo cristo e se ops firmemente a ele. Ao pro- clamar a Cristo, ele tomou a palavra dos gnsticos, teleios, e aplicou-a a todos.Ele alertou e ensinou a todos, rogou para que pudesseapresentar todosmaduros(teleios)em Cristo. A maturidade em Cristo est enfaticamente disponvel no somente a um seleto grupo de pessoas; mas a todos. Ningum precisa fracassar em obt-la.Einteressanteperguntar senainterpretao(aoestudarmosumtexto bblico)nosidentificamoscom oautor oucom osleitores. Algumas vezes(comoemnossocaso) razovelfazerambos.Eapropri adonoscolocarmos nolugardoscristoscolossensesquandorecebiamessa mensagemdePauloedeixarqueelefaletambmans. Assim,ouviremosoapstolocomateno,receberemos sua admoestao sobre crescer em maturidade, tomaremos adecisodelevaraleiturabblicaaindamaisasrioe, aolermosaEscritura,olharemosparaCristodemodo aam-lo,confiarneleeobedecer-lhe.Poisoprincpio dodiscipuladoclaro:quantomaispobreforonosso conceitodeCristo,maispobresernossodiscipulado. Equantomaisricafor a nossa visodeCristo,maisrico ser nossodiscipulado.Porm,legtimotambmnoscolocarmosaoladodo apstoloPauloenquantofalaaoscristoscolossenses,especialmente se estivermos em posio de liderana crist. E verdadeque,diferentedens,elefoiumapstolo. Assim, notemossuaautoridade.Noentanto,temosresponsabilidadespastoraiscomparveissdele,quer sejamoslderes ordenados ou leigos.MATURIDADEAssim,precisamosobservaroalvopastoraldePaulo. Popularmente,elevistocomoumevangelista,ummis- sionriopioneiroeplantadordeigrejascujoobjetivoera converter pessoas, estabelecer uma igreja e seguir em frente. No entanto, essa apenas uma de suas descries. Ele se descreve tambm como um pastor e mestre. Seu grande desejo, escreve ele, transpor o evangelismo, chegar ao discipulado e apresentar todos maduros em Cristo. E como esse o alvo no qual ele gasta suas energias, ns devemos fazer o mesmo. Para isso que eu tambm me afadigo, esforando-me o mais possvel, segundo a sua eficcia que opera eficientemente em mim (Cl1.29). Em grego, tanto o verbo afadigar quanto o verbo esforar-se expressam metforas que implicam empenho fsico.O primeiro usado para o trabalhador rural e o segundo para o competidor nos jogos gregos. Ambos evocam a imagem de msculos enrijecidos e suor escorrendo.E claro que Paulo poderia lutar contando somentecom a fora de Cristo. Mesmo assim, ele ainda precisou labutar e se empenhar em orao e estudo. No pode haver alvo mais altonoministrio.Quelemamaravilhosoparaqualquer umchamadoparaalideranadesejarapresentartodos aquelesporquem,dealgumaforma,somosresponsveis, como maduros em Cristo.Vimos ento uma responsabilidade dupla: a maturidade em Cristooalvo tanto para nsquanto para onossoministrio.QueDeuspossanosdar uma visocompletaeclara de Jesus Cristo,primeiro para que possamos crescer em maturidade,e segundo para que,pela nossa proclamao fiel de Cristo em sua plenitude,outras pessoas tambm possam se apresentar maduras.Captulo 4CUIDADO COM A CRIAOA oidentificarosaspectosqueconsideronegligenciados em um discipulado radical,no devemos supor que eles se limitam s esferas pessoais e individuais. Devemos considerar tambm a perspectiva mais ampla, que a dos nossos deveres para com Deus e nosso prximo.Este captulo trata de um deles: o cuidado com o meio ambiente.A Bblianosdizque,nacriao,Deusestabeleceutrs tiposfundamentaisderelacionamento:primeirocomele mesmo, pois ele fez o homem sua prpria imagem; segundoentre si,poisa raa humana plural desde oprincpio; e terceiro para com a boa terra e ascriaturas sobre as quais ele os estabeleceu.Noentanto,ostrsrelacionamentosforam distorcidos pelaqueda.AdoeEvaforambani dosdapresenado SenhorDeusnojardim,elesculparamumaooutropelo queaconteceuea boaterrafoiamaldioadadevidodesobedincia.E plausvel, portanto, que o plano de Deus de restaurao inclua no apenas a nossa reconciliao com Deus e com oprximo,mas tambm,de alguma maneira,a li bertao dacriaoquegeme.Podemosafirmarqueumdiaha- vernovo cuenova terra(2Pe3.13; Ap21.1),poisessa umaparteessencialdaesperanadefuturoperfeito quenosaguardanofi nal ciostempos.Porm,enquanto isso,todaacriaoest gemendo,passandopelasdores departodanovacriao(Rm8.18-23).Oqueainda di scutimos o quanto do desti no fi nal da terra pode ser vivenciado agora. No entanto, podemos dizer com certeza que,assimcomoanossacompreensododesti nofinal denossocorporessurretoinfluenciaoquepensamos sobreocorpoquetemosnopresenteeaformacomoo tratamos,nossacompreensodonovocuenovaterra devei nfluenciareaumentaraconsideraoquetemos pela terraagora.Qual,ento,deveriaseranossaatitudeparacoma ela? A B bli a aponta ocaminhoaofazer duasafirmaes fundamentais: Ao Senhor pertence a terra (SI24.1), e a terra,deu-a eleaosfilhosdos homens(SI 115.16).Emmaiode1999,tiveoprivilgiodeparticiparde umaconfernciadeumdiaemNairobisobrecristos eomeioambiente.Compartil handooplpitocomigo estavamCalvinDeWitt,doAuSableI nstitute,emMi- chigan,ePeterHarris,de A RochaI nternacional.Entre osparticipantesestavamlderesdogovernoqueni ano, representantesdeigrejas,organizaesmi ssi onri ase ONGs.Oencontrofoiamplamentedivulgado.Ficou evidente que o cuidado com a criao no um interesse egostadoOcidentedesenvolvido,nemuma singela paixo caracterstica dos ornitlogos ou botnicos,mas uma preocupaocrist crescente.j0DISCPULORADICALCUIDADO COM A CRIAOAs afirmaes de queao Senhor pertence a terra ea terra deu-a ele aos filhos dos homens se complementam,no se contradizemLogo aps a publicao da Declarao Evanglica sobre o Cuidado com a Criao (1999), surgiu, no ano seguinte, um importante comentrio organizado por R. J. Berry e intitula- do The Care of Creation (o cuidado com a criao).1Asafirmaesde queao Senhor pertencea terraea terradeu-aeleaosfilhosdoshomenssecomplementam, no se contradizem.Pois a terra pertence a Deus por causa da criao e a ns por causa da delegao. No significa que, aodeleg-laans,eleabdicoudeseusdireitossobreela. Deus nos deu a responsabilidade de preservar e desenvolver a terra em seu favor.Como ento devemos nos relacionar com a terra? Se lembrarmos que ela foi criada por Deus e delegada a ns, evitaremos dois extremos opostos e desenvolveremos um terceiro posicionamento e uma melhor relao com a natureza.Primeiro, devemos evitar a deificao da natureza. Esse o erro dos pantestas, que unificam o Criador e a criao, dos animistas, que povoam o mundo natural com espritos, e do movimentoGaiada Nova Era,queatribui osprocessosde adaptao, ordem e perpetuao da natureza a ela prpria. Porm,todasessasconfusessoinsultosaoCriador.A0DISCPULORADICALcompreenso crist de que a natureza criao e no criadora foi um preldioindispensvel a toda iniciativa cientfica ehojeessencialparaodesenvolvimentodosrecursosda terra.NsrespeitamosanaturezaporqueDeusafez;noa reverenciamos como se ela fosse Deus.Segundo, devemos evitar o extremo oposto, que a explorao exaustiva da natureza. No significa trat-la com venerao, como se ela fosse Deus, nem trat-la com arrogncia, como se ns fossemos Deus. Aculpa pela irresponsabilidade ambiental tem sido injustamente posta em Gnesis 1. E verdade que Deus comissionoua raa humana paradominarsobrea terrae sujeit-la (Gn 1.26-28), e que esses dois verbos hebraicos so enfticos.Porm, seria um absurdo imaginar que aquele que criou a terra entregou-a a ns para que fosse destruda. No,o domnio que Deus nos deu deve ser visto como uma mordomia responsvel, no como um domnio destrutivo.O terceiro relacionamento correto entre os seres humanos e a natureza o de cooperao com Deus. Ns mesmos fazemos parte da criao e somos to dependentes do Criador quanto todas as criaturas. Porm, ao mesmo tempo, ele se humilhou deliberadamenteparafazeraparceriadivino-humananecessria.Elecrioua terra,masdisse-nospara sujeit-la.Ele plantou o jardim,mas colocou Ado nele para o cultivar e o guardar (Gn 2.15). I sso normalmente chamado mandatocultural.Pois o queDeusnos deufoi a natureza,e o que fazemoscomelacultura.Nodevemosapenasconservar oambiente,mastambmdesenvolver seusrecursospara o bem comum.E um chamado nobre para cooperar com Deus no cumprimentodeseuspropsitos,paratransformaraordem criada de forma que agrade e beneficie a todos. Assim, nossoCUIDADO COM A CRIAOtrabalho ser uma expresso de adorao, j que o cuidado com a criao refletir o amor pelo Criador.Porm, possvel exagerar ao enfatizar o trabalho huma- no de conservao e transformao do ambiente.Em sua excelenteexposiosobreostrsprimeiroscaptulosde Gnesis (In The Beginning),2Henri Blocher argumenta que o clmax de Gnesis1no a criao dos seres humanos comotrabalhadores,masa instituiodosbado para os sereshumanoscomoadoradores.Oobjetivofinalno nosso trabalho (sujeitar a terra),mas deixar o trabalho de ladonosbado.Poisosbadocolocaaimportnciado trabalho na perspectiva correta. Ele nos protege de imergir completamente no trabalho,como se ele fosse o objetivo final da nossa existncia. No . Ns,seres humanos,encontramosnossa humanidade nosomenteem relao terra,quedevemos transformar,mas tambmem relao aDeus,aquemdevemosadorar;noapenasem relao criao,mastambm,eespecialmente,emrelaoao Criador. Deus cieseja que nosso trabalho seja uma expressodeadorao,equeocui dadocomacriaoreflita oamor peloCriador.Somenteassim seremoscapazesde fazer qualquer coisa, em palavra ou em obra, para a glria deDeus(I Co10.31).Esseseoutrostemasbblicossoabordadostantona Declarao quanto em seu comentrio.Eles merecem nosso estudo cuidadoso.3A criseecolgicaE por causa da contradio com esse ensino bblico irrepreensvel que atualmente precisamos nos opor crise ecolgica0 DISCPULO RADICALatual.Elatemsidoexploradadevriasformas,mastoda anlise provavelmente conter os quatro aspectos a seguir.Primeiro, o crescimento populacional acelerado do mundo. De acordo com a subdiviso populacional da ONU, os clculos comearam em1804, quando a populao mundial chegou a1bilho.4No comeo do sculo21, ela j havia chegado a 6,8 bilhes,e estima-se que,emmeadosdomesmo sculo, ter alcanado a incrvel marca de 9,5 bilhes.Comodifcilnoslembrardeestatsticas,umsimples mnemnico pode ajudar:Passado18041bilhoPresente20006,8 bilhesFuturo20509,5 bilhesComo ser possvel alimentar tantas pessoas, especialmentequandocerca deumquintodelasnopossuicondies bsicas de sobrevivncia?Segundo, a depleo dos recursos da terra. Foi E. F. Schu- macherquem,emseuconhecidolivroONegcioSer Pequeno, 5chamouaatenodomundoparaadiferena entre patrimnio e renda.Por exemplo, combustveis fsseissopatrimniouma vezconsumidos,nopodem ser repostos. Os apavorantes processos de desflorestamentoedeserti ficaosoexemplosdomesmoprinc pi o. Etambmadegradaooupoluiodopl nctondos oceanos,dasuperfcieverdedaterra,dasespciesvivas edoshabitatsdosquaiselasdependemparateremare gua puros.Terceiro, o descarte do lixo. Uma populao em crescimento traz consigo um problema em crescimento quando setrataCUIDADO COM A CRIAOde descartar de forma segura os subprodutos da fabricao, do empacotamento e do consumo.No Reino Unido, a cada trs meses, uma pessoa comum produz o equivalente ao seu prprio peso em lixo. Em1994, umrelatriointituladoSustainableDevelopment:theUK strategy(desenvolvimentosustentvel:a estratgia doReino Unido) recomendava uma hierarquia de gerenciamento do lixo dividida em quatro etapas, num esforo para conter esse problema que se torna cada vez maior.Quarto, a mudana climtica. De todas as ameaas globais que o nosso planeta enfrenta,essa a mais sria.Aradiaoultravioleta na atmosfera nosprotege,e seo oznio for deteriorado, somos expostos ao cncer de pele e a distrbios em nosso sistema imunolgico. Assim, quando em1983 um enorme buraco na camada de oznio apareceu sobre a regio Antrtica e os pases vizinhos, houve um grande alarme pblico.Poucos anos mais tarde, um buraco semelhante apareceu sobre o hemisfrio Norte. Na poca reconheceu-se que a deterioraodooznioera causada pelosclorofluorcarbonos (CFCs),oscompostos qumicos utilizados em aparelhos de ar-condicionado,refrigeradorese propulsores.OProtocolo de Montreal convocou as naes a reduzirem pela metade a emisso de CFCs at1997.A mudanaclimticanoumproblemaisolado.O calordasuperfciedaterra(essencialparaasobrevivncia do planeta) mantido por uma combinao da radiao do sol e da radiao infravermelha que ele emite no espao. o chamado efeito estufa. Apoluio da atmosfera por gases da estufa (especialmente dixido de carbono) reduz as emissesinfravermelhaseaumenta a temperatura da superfcie50ODISCPULORADICALda terra. Esse o fantasma do aquecimento global, que pode ter conseqncias desastrosas na configurao geogrfica do mundo e nos padres do clima.6Refletindo sobre esses quatro riscos ambientais, impossvel no perceber que todo o nosso planeta est ameaado. Noexagerofalarmosemcrise.Masoquedeveramos fazer? Para comear, podemos ser gratos, pois, finalmente, em 1992, a Conferncia cias Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco 92) aconteceu no Rio de Janeiro e resultou em um compromisso para um desenvolvimento global sustentvel.Outrasconfernciastmafirmadoque asquestesambientaismerecemaatenoconstantedas principais naes do mundo.E lado a lado com essas conferncias oficiais, vrias ONGs tm surgido. Mencionarei apenas as duas organizaes crists explicitamentemaisproeminentes,a Tearfunde ARocha, querecentementecelebraramaniversriossignificativos (40 e 25anos, respectivamente).ATearfund, fundada por George Hoffman, comprometida com o desenvolvimento no sentido mais amplo e trabalha em cooperao com scios nos pases em desenvolvimento. A maravilhosahistriadaTearfundrelatadaporMike Hollow em seu livro A Future and a Hope,7ARochadiferenteemuitomenor.Foifundadaem 1983porPeterHarris,quedocumentouseucrescimento emdoislivros:ARocha:umacomunidadeevanglicalutando pela conservao do meio ambiente (relatando os dez primeiros anos) e Kingfishers fire (atualizando a histria).8Seu contnuo desenvolvimentonotvel,eatualmenteelatrabalhaem dezoitopases,estabelecendocentrosdeestudodecampo em todos os continentes.CUIDADO COM A CRIAO muito bom dar suporte a ONGs ambientais crists, mas quaissoasnossas responsabilidadesindividuais?Oqueo discpulo radical pode fazer para cuidar da criao? Deixarei queChris Wright responda.Ele sonha com umamultido decristosqueseimportamcomacriaoelevamasua responsabilidade ambiental a srio:Elesescolhemformassustentveisdeenergiaquando vivel. Desligam aparelhos em desuso. Sempre que possvel, compramalimentos,mercadoriaseserviosdeempresas quetenhamdiretrizesambientaiseticamentesaudveis. Eles se aliam a grupos de conservaao. Evitam o consumo demasiado e o desperdcio desnecessrio e reciclam o mximo possvel.9O que o discpulo radical pode fazer para cuidar da criao1Chrisdesejatambm verumnmerocrescentedecristosincluindoocuiciadoda criaoem seuentendimento bblico de misso:No passado, os cristos eram instintivamente interessados nas grandes e urgentes questes de cada gerao [...]. Isso inclui os males causados por doenas, ignorncia, escravido e muitas outras formas de brutalidade e explorao.Os cristos tm defendido a causa das vivas, dos rfos, dosrefugiados,dosprisioneiros,dosdoentesmentais, dosfamintos e,mais recentemente,tm aumentado o nmerodaquelescomprometidosemfazerdapobreza passado.0DISCPULORADICALDesejo ecoar a eloqente concluso de Chris Wright: totalmente inexplicvel ouvir alguns cristos afirmarem que amam e adoram a Deus,que so discpulos de Jesus, mas,mesmoassim,nosepreocupamcomaterra,que carregaseuselodepropriedade.Elesnoseimportam com o abuso que a terra sofre e, realmente, considerando seus estilos de vida esbanjadores e por demais consumistas, conspiram contra isso. Deus deseja [...] que nosso cuidado com a criao reflita nosso amor pelo Criador.10EisqueoscuseoscusdoscussodoSenhor,teu Deus,a terra e tudo o que nela h (Dt10.14).Captulo 5SIMPLICIDADEA quinta caracterstica de um discpulo radical a simplicidade especialmente em questes que envolvem bens e dinheiro. Mencionamos algo sobre materialismo no captulo1.Emmarode1980,naI nglaterra,houveaConsulta I nternacionalSobreEstilodeVidaSimples.Seuimpacto foipequenoeoassuntonorecebeuadevidaatenona poca ou desde ento. Assim, quero apresentar algumque participou da consulta e cuja vida foi influenciada por ela.Uma vidasimplesDan Lam nasceu e cresceu em um lar cristo em Hong Kong. Seupaimorreuquandoeleerameninoesuamecrioua famliasozinha.Elaeraumamulherboaepiedosa.Aos domingos, apesar de serem pobres, ela dava algum dinheiro a cada um dos filhos para eles darem de oferta. No entanto, Dan pegava sua parte, saia sorrateiramente da igreja, alugava uma bicicleta e andava pela cidade inteira. Quando o culto terminava, ele aparecia e voltava para casa com a famlia. De acordocomumdeseusex-colegasdeclasse,eleerauma criana muito difcil.540DISCPULORADICALNa adolescncia, ele ficou to doente que quase morreu. Foi entoqueentendeuqueDeusqueria oseubem,no oseumal,esubmeteua vidaaoSenhor JesusCristo.Ele nuncaolhouparatrs.Foiumamudanaradicalemsua vida, para a surpresa e o alvio da famlia.Quandochegouahoradetrabalhar,elefoiempregado pelaCorporaoBechtel,umamultinacionaldedicada engenharia pesada.Em momentos diferentes,eles se envolveram na construo de aeroportos e portos,no suporte s vtimasdefuraces,naconstruodoChunnel(oEuro- tnel queligaaI nglaterra Frana)enoBART,osistema detrnsito quecobrea baade SoFrancisco.Danno se envolveu pessoalmente com todos esses projetos, mas chegou a ser responsvel por centenas de empregados.Em1976,a companhia o transferiucom a famlia para aArbiaSauditae,em1978,paraLondres.Foiquando meencontreicomeleesuaesposa,Grace,pelaprimeira vez,poisse filiaram I greja Ali Souls,LanghamPlace,da qual eu era reitor.E ramos membros do mesmo grupo de comunho.Dantinhamuitapreocupaocom ospobresenecessitados e era generoso com a famlia e coma igreja, apesar de seuestilode vida moderado.Porm,eleestava comeando a sentir a presso dos negcios.Foi nessa poca que aconteceu a Consulta Sobre Estilo de Vida Simples.E os desafios surgiram.Apesardesempreentregarodzimodosalrio, Dan entendeu que deveria simplificar ainda mais seu estilo devida.Emvisitandia,eleviua verdadeirapobrezae observou que uma porcentagem muito elevada dos fundos damissoeragastacomdespesasgerais.Eleresolveuno acumular riqueza,mas ofert-la.SIMPLICIDADEEm1981, pediu demisso da Bechtel. No que se sentisse incapaz de servir a Deus em uma corporao multinacional, pois JesusCristoera oSenhor de todaa vida. Aquesto queelesesentiaespecificamentechamadoparaospases dosudeste da sia, qual ele prprio pertencia: Tailndia, Laos e Camboja, juntamente com Mianmar e Monglia. Ele compreendeu e aplicou os princpios nativos na misso. Ele criafirmementenoensinoenotreinamentodeasiticos paraganharasiticoseprepar-losparamisses.Eleficou motivado ao saber que a maioria da populao do mundo vive na sia. Alm do mais, muito mais econmico e eficiente paraosnacionaisasiticosganharemasiticos,jqueeles no tm problemas com a cultura,o idioma,a alimentao e as restries de viagens.Dan comeoua primeiraEscola Bblica da Monglia;e aEscolaBblicaemPhnomPenh(Camboja)foi registrada em seu nome, apesar de atualmente se chamar Phnom Penh BibleSchool.Asexpectativasemtornodessecrescimento significativo eram altas.Porm,elas no durariam muito.Dan foi subitamente tirado da liderana. Em 22 de maro de1994,envolveu-se em um acidente areo fatal. Ele estava voando em um Airbus russo (Aeroflot, voo 593 de Moscou paraHongKong)quebateuemumamontanha.Os75 passageiros e a tripulao morreram.Oacidente aconteceu porque o filho de um dos pilotos estava na cabine brincando com os controles.Grace,vivadeDan,eosdoisfilhospequenos(Wei Wei e J ustin) ficaram devastados.Porm,a obra do Senhor continuou.Providencialmente,airmmais velhadeDan,Winnie, e o marido, Joseph,estavam em condies de assumir.Eles0 DISCPULO RADICALhaviamviajadoparaoscamposdamissonaqualDan trabalhava e conheciam pessoalmente os lderes asiticos com os quais ele cooperava. E Dan havia estabelecido duas bases uma privada, que ele comeou com fundos prprios, e uma entidadepblicadecaridadechamadaCountryNetwork. Por meio dessas fundaes,otrabalhosingular doqual ele havia sido pioneiro pde continuar.EolegadodeDancontinuarnasiapormeiodos cristosqueeleinfluenciou,etudoporcausadoestilode vidasimplesadotadoporele.Oseminriosobreestilo de vida simples,disse-meGraceem umacarta,mudoua todos ns.Assim,deixe-meapresentaraConsultaSobreEstilode Vida Simples e o compromisso evanglico com um estilo de vida simples que tanto influenciou Dan.Compromissoevanglicocomumestilode vidasimplesIntroduoV i da e estilo devi da so expresses que obviamente sepertencem,nopodendo,portanto,separar-seumada outra. Todos os cristos dizem ter recebido de J esus Cristo umanova vida.Masqualoestilode vidacerto?Sea vida nova,o estilo de vida precisa ser novo tambm.Mas que caractersticas ele precisa ter? Como distingui-lo em particular do estilo de vida dos que no professam o cristianismo? Edequemaneiraeledeverefletirosdesafiosdomundo contemporneo:suaalienaotantoemrelaoaDeus como em relaoaos recursos da Terra,que ele criou para gozodetodos?SIMPLICIDADETodos os cristos dizem ter recebido de Jesus Cristo uma nova vida.Mas qual o estilo de vida certo?Foram questes como essas que levaram os participantes doCongressodeLausannesobreEvangelizaoMundial (1974)aincluirnopargrafo9doseuPactooseguinte texto:Todos ns estamos chocados com a pobreza de milhes de pessoaseabaladospelasinjustiasque aprovocam.Ns, quevivemosemsociedadesafluentes,aceitamoscomo obrigaodesenvolver um estilode vida simplesafim de contribuirmos mais generosamente tanto para a assistncia social como para a evangelizao.Essas palavras tm sido muito debatidas, e tornou-se claro que suas implicaes carecem de exame cuidadoso.Demaneira queoGrupode Trabalhosobre Teologiae EducaodaComissodeLausanneparaaEvangelizao Munciial eoGrupo de Estudossobretica e Sociedade da Comisso Teolgica da Aliana Evanglica Mundial concordaram em patrocinar um programa de estudos de dois anos, culminandonumencontrointernacional.Gruposlocais reuniram-seemquinzepases.Congressosregionaisforam realizados na ndia, na I rlanda e nos Estados Unidos. Ento, de17a21demarode1980,noCentrodeConferncias58O DISCPULORADICALdeHighLeigh(cercade25quilmetrosaonortedeLon- dres, I nglaterra), realizou-se a Consulta I nternacional Sobre Estilo de Vida Simples,tendoa ela comparecido 85lderes evanglicos de 27pases.Nossopropsitoeraestudaroviversimplesemrelao evangelizao,assistnciae justia,considerandoque todos essesitens constam na declarao de Lausanne sobre estilo de vida simples. Nossa perspectiva, por um lado, era o ensinoda Bblia;por outro,omundosofredor,ouseja,os bilhes de pessoas, homens, mulheres e crianas que, embora criados imagemde Deus e por ele amados,ou no so evangelizados, ou so oprimidos, ou ambas as coisas juntas, sendo pois destitudos do evangelho da salvao, bem como das necessidades bsicas da vida humana.Durante os quatro dias de durao da Consulta, vivemos, louvamos e oramos juntos;estudamos asEscrituras juntos; ouvimos a leitura de vrios trabalhos (a serem reunidos em livro)ealgunstestemunhoscomoventes;esforamo-nos porinter-relacionarasquestesteolgicaseeconmicas, debatendo-astantonassessesplenriascomoempequenos grupos; rimos, choramos, arrependemo-nos e tomamos resolues. Embora no incio sentssemos certa tenso entre representantesdoPrimeiroe TerceiroMundos,nofinalo Esprito Santo,que cria a unidade,encaminhou-nos a uma nova solidariedade de respeito e amor mtuos.Acima de tudo, empenhamo-nos em nos expor com honestidade aos desafios tanto da Palavra de Deus como do mundo necessitado, a fim de discernir a vontade de Deus e procurar sua graa para cumpri-la. Ao longo desse processo nossas mentes se desdobraram, nossa conscincia tornou-se mais aguda, agitaram- se nossos coraes e nossa vontade saiu fortalecida.SIMPLICIDADEReconhecemos que outros j vm discutindo esse assuntoh vriosanose,constrangidos,noscolocamosaolado deles. Por isso no desejamos sobrevalorizar nossa Consulta enossocompromisso.Nemtemosrazoparanosvangloriar.Todavia,aquelafoiparansumasemanahistricae transformadora. De maneira que, ao colocarmos este livreto em circulao,nointuitodecomeleauxiliarmosoestudo deindivduos,gruposeigrejas,fazmo-locomoraoena maisfirmeesperana dequenumerososcristossesintam movidos,assim como ns tambm ofomos,a uma deciso que leva ao compromisso e ao.J ohn St o t tPresidente do Grupo de Trabalho sobre Teologia e Educao da Comisso de Lausanne para a Evangelizao MundialRo NALD ).SlDERPresidentedoGrupodeEstudossobreticaeSociedadeda Comisso Teolgica da Aliana Evanglica MundialOutubro de1980PrefcioDuranteosquatrodiasemqueestivemosreunidos,85 cristos de 27 pases, refletimos sobre a deciso expressa no PactodeLausannededesenvolverumestilode vidasimples.Procuramosouvira vozdeDeusatravsdaspginas da Bblia,dos gritos dos pobres famintos,e atravs uns dos outros.E cremos que Deus falou conosco.AgradecemosaDeusporsuasalvaoatravsdeJesus Cristo,por sua revelao na Escritura,que a luz de nosso caminho,e pelopoder do Esprito Santoque nos faz testemunhas e servos no mundo.60O DISCPULORADICALEstamos perturbados com a injustia que existe no mundo, preocupados por suas vtimas, e arrependidos por nossa cumplicidade nisso tudo. Tambm fomos movidos a tomar novas decises, cujo contedo expressamos neste Compromisso.1.CriaoAdoramosaDeuscomooCriador detodasascoisase celebramos a bondade de sua criao. Em sua generosidade, ele nos tem dado tudo para desfrutarmos, e recebemos tudo de suas mos com humildade e ao de graas (l Tm 4.4). A criao de Deus caracterizada pela diversidade e rica abundncia. Ele quer que seus recursos sejam bem administrados e repartidos para o benefcio de todos.Portanto, denunciamos a destruio ambiental, o desperdcio e a acumulao. Deploramos a misria dos pobres que sofrem em conseqncia desses males. Tambm discordamos da vida inspida do asceta. Pois tudo isso nega a bondade do Criador e reflete a tragdia da queda. Reconhecemos nosso envolvimento nestes males e nos arrependemos.2.MordomiaQuando Deus fez o homem, macho e fmea, sua prpria imagem, lhe deu o domnio sobre a Terra (Gn 1.26-28). Ele os fez mordomos de seus recursos, e eles se tornaram responsveis perante ele como Criador, diante da Terra que lhes cabia desenvolver, e diante de seus semelhantes, com quem haveriam de partilhar suas riquezas. Essas verdades so to fundamentais quea verdadeiraautorrealizaohumanadependedeuma relao justa com Deus, com o prximo e com a terra e todos os seus recursos. A humanidade das pessoas reduzida quando elas no participam desses recursos na justa medida.SIMPLICIDADESeformosmordomosinfiis,deixandodeconservaros recursos finitos da Terra, de desenvolv-los ou de distribu-los com justia, tanto desobedecemos a Deus como alienamos as pessoas de seu propsito para com elas. Portanto, resolvemos honrar aDeuscomodonodetodasascoisas;lembrar que somosmordomosenoproprietrios de qualquer terra ou propriedade que possumos, e queremos us-las a servio de outros;e resolvemos trabalhar para que haja justia para os pobres,quesoexploradoseimpossibilitadosdesedefenderem.Esperamosarestauraodetodasascoisasna voltade Cristo (At 3.21). Nessa ocasio nossa humanidade ser plenamenterestaurada,demodoqueprecisamospromovera dignidade humana hoje.3.Pobreza eriquezaAfirmamos que a pobreza involuntria uma ofensa contra a bondade de Deus. Na Bblia, a pobreza aparece associada impotncia, pois os pobres no tm meios de se proteger. O apelo de Deus s autoridades no sentido de que usem sua fora para defender os pobres, no para explor-los. Aigreja precisa ficar ao lado de Deus e dos pobres contra a injustia, sofrer com eles e apelar s autoridades para que cumpram o papel que lhes foi determinado por Deus.Muito nos esforamos para abrir nossas mentes e nossos coraesspalavrasincmodasde Jesusacerca da riqueza. Disse ele:Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida cie um homem no consiste na abundnciadosbensqueelepossui(Lc12.15).Ouvimossua advertncia acerca dos perigos da riqueza. Pois a riqueza traz tribulao, vaidade e falsa segurana, a opresso dos pobres62|0DISCPULO RADICALeaindiferenaparacomosofrimentodosnecessitados. Demanei raquefci l umricoentrarnorei nodo cu(Mt19.23),e de l ser excludo oavarento.O reino uma ddiva oferecida a todos,maso queele ,de maneira especial,soboasnovasparaospobres,dadoquesoeles que recebem mais benefcios em conseqncia das mudanas implantadas pelo reino.Cremos que J esus chama algumas pessoas (talvez at mesmo ns) para segui-lo num estilo de vida que inclui a pobreza total e voluntria. Ele chama todos os seus seguidores a buscar uma liberdade interior em face da seduo das riquezas (pois impossvel servir a Deus e ao dinheiro) e a cultivar uma generosidade sacrificial (sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir,1 Timteo 6.18). De fato, a motivao e modelo da generosidade crist nada menos que o exemplo do prprio Jesus Cristo,que,embora rico,se tornou pobre paraque,atravsdesuapobreza,pudssemosnostornar ricos(2Co8.9).Foiesseumgrandesacrifciointencional. Nosso propsito buscar sua graa para segui-lo. Resolvemos conhecer pessoalmente pessoas pobres e oprimidas, e ouvir o que elas podem nos dizer sobre injustias especficas, para depoisprocuraraliviarseusofrimentoeinclu-lasregularmente em nossas oraes.4.A nova comunidadeRegozijamo-nosporseraigrejaanovacomunidadeda nova era, cujos membros gozam de vida nova e de novo estilo de vida. Aigreja crist primitiva,constituda em Jerusalm nodia dePentecostes,caracterizava-se por um tipode vida comunitria at ento desconhecida. Aqueles crentes cheios do Esprito amavam uns aos outros a ponto de venderem eSIMPLICIDADErepartirem seus bens.Embora ofizessem voluntariamente, e algumas propriedades privadas fossem retidas (At 5.4), isso foi feitoemsubservinciasnecessidadesdacomunidade. Nenhum deles dizia ser seu o que possua (At 4.32). I sto , eram livres da afirmao egosta dos direitos de propriedade. E como resultado de suas relaes econmicas transformadas, no havia um necessitado sequer entre eles(At 4.34).Esse princpio de diviso generosa e despojada, expressado no ato de nos colocarmos a ns e aos nossos bens disponveis aos necessitados, uma indispensvel caracterstica de toda igreja cheia do Esprito. De maneira que ns, que temos tudo que precisamosem abundncia,seja qual for nossopas de origem, resolvemos fazer mais para aliviar as necessidades cios crentesmenosprivilegiados.Docontrrio,seremoscomo aquelesricoscristosemCorintoquecomiamebebiam demais enquanto seus pobres irmos e irms passavam fome, e entomereceremos a firme reprovaocom que Paulo os admoestou, por desprezarem a igreja de Deus e profanarem oCorpodeCristo(I Co11.20-24).Aoinvsdisso,resolvemosimit-losnumestgioposterior,quandoPauloos instigouapartilharsuaabundnci aderecursoscomos cristosempobrecidosdaJ udei a,paraquehajaigualdade(2Co 8.10-15).Foi uma bela demonstrao de amor e compaixo, e de soliciariedade gentlico-judaica em Cristo.Nomesmoesprito,devemosprocurar meiosde tocar a vida comunitria da igreja com o mnimo de gastos em itens como viagens, alimentao e acomodao. Conclamamos as igrejas e as agncias paraeclesisticas para que,em seus planejamentos,seconscientizemdanecessiciadede semanter a integridade tanto no estilo de vida da comunidade quanto no testemunho.0DISCPULO RADICALCristo pede que sejamos sal e luz do mundo, a fim de impe- dirmos sua decadncia social e iluminarmos suas trevas. Mas nossa luz precisa brilhar e nosso sal precisa reter seu sabor. Squandoa nova comunidadesemostramaisclaramente distinta do mundo em seus valores, padres e estilo de vida, que ela apresenta ao mundo uma alternativa radicalmente atraente,eassimexercesuamaiorinflunciaporCristo. Comprometemo-nosaoraretrabalharpelarenovaode nossas igrejas.5.Estilode vidapessoaljesus nosso Senhor nos convoca a abraar a santidade,a humildade, a simplicidade e o contentamento. Ele tambm nos promete seu descanso. Confessamos, entretanto, que s vezes permitimos que desejos impuros perturbem nossa paz interior. De maneira que, sem a renovao constante da paz de Cristo em nossos coraes, nossa nfase no viver simples ser desequilibrada.Nossa obedincia crist exige um estilode vida simples, mesmosemlevar emconsideraoas necessidadesdosou- tros.Entretanto,o fatode800milhes de pessoasestarem na pobreza mais absoluta e10 mil morrerem de fome todo dia,torna invivel qualquer outro estilo de vida.Enquanto s alguns de ns fomos chamados a viver entre os pobres, e outros a abrir seus lares aos necessitados, todos esto determinados a desenvolver um estilo de vida simples. Tencionamos reexaminar nossa renda e nossos gastos, e fim de gastar menos,para que possamosdoar mais. No baixamos normas nem regulamentos, quer seja para ns mesmos, quersejaparaoutros.Contudo,resolvemosrenunciarao desperdcio,eopormo-nosextravagnciaemnossavidaSIMPLICIDADEpessoal, em matria de roupas e de moradia, de viagens e de templos. Tambm aceitamos a distino entre necessidades e luxo,hobbiescriativos e smbolos de status vazios,modstia e vaidade, celebraes ocasionais e o nosso dia-a-dia, e entre o servio de Deus e a escravido moda. Onde traar odivisor deguas eisoquerequermaisreflexoemais decisodenossaparte,juntamentecomnossosfamiliares. Aqueles dentre ns que pertencem ao Ocidente necessitam daajudadenossosirmosdoTerceiroMundoafimde avaliarem seus gastos. Ns que vivemos no Terceiro Mundo reconhecemosquetambmestamosexpostostentao daavareza.Demaneiraqueprecisamosdacompreenso, estmulo e oraes uns dos outros.6.DesenvolvimentointernacionalEcoamosaspalavrasdoPactodeLausanne:Estamos chocados com a pobreza de milhes, e perturbados com as injustias que a produzem. Um quarto da populao mundial goza de prosperidade sem paralelo,enquantooutroquarto padece da mais opressiva pobreza. Essa brutal disparidade uma injustia;recusamo-nosa nosconformarmoscomela. OapeloporumaNovaOrdemEconmicaI nternacional expressa a justificada frustrao do Terceiro Mundo.Chegamos a um entendimento mais claro da ligao entre recursos, renda e consumo: as pessoas com frequncia morrem de fome porque no podem comprar comida, porque no tm rendimento,no tm oportunidade para produzir,e porque notmacessoaopoder.Portanto,aplaudimosacrescente nfase das agncias crists no desenvolvimento, de preferncia ajuda simplesmente. Pois a transferncia de pessoal e tecnologia apropriada pode capacitar as pessoas a fazerem bom uso de0 DISCPULORADICALseus prprios recursos, enquanto ao mesmo tempo respeita sua dignidade. Resolvemos contribuir mais generosamente para os projetos de desenvolvimento humano.Onde vidas humanas esto em jogo, nunca deveria haver carncia de fundos.Mas a ao governamental essencial. Aqueles dentre ns que vivem nos pases mais ricos sentem-se constrangidos pelo fato de que a maioria cie seus governos fracassou no propsito de atingir seus alvos no tocante assistncia oficial ao desenvolvimento, manuteno de vveres estocados para casos de emergncia ou liberalizao de sua poltica comercial.Chegamosconclusodequeemmuitoscasosasmultinacionaisreduzemainiciativa local nospasesondeoperam,e tendem a opor-se a qualquer mudana fundamental nogoverno.Estamosconvencidosdequeelasdeveriam submeter-se mais ao controle e serem mais responsveis pelo que fazem.7. Justia epolticaTambm estamos convencidos de que a presente situao de injustia social to repulsiva a Deus, que uma mudana bemampla necessria.Noquecreiamosemutopias terrestres. Mas tampouco somos pessimistas. A mudana pode vir, embora no simplesmente atravs do compromisso com um estilo de vida simples ou atravs de projetos de desenvolvimento humano.Pobrezaeriquezaexcessiva,militarismoeindstriaar- mamentista, e a distribuio injusta de capital, de terra e de recursosconstituemproblemasquetma verdiretamente com poder e impotncia. Sem uma mudana de poder atravsdemudanasestruturais,essesproblemasnopodero ser resolvidos.SIMPLICIDADEAigreja,juntamentecomorestodasociedade,est inevitavelmente envolvida na poltica, que a arte de viver em comunidade.Os servos de Cristo precisam expressar o senhorio dele em seus compromissos polticos, econmicos e sociais,e em seuamor por seuprximo,participandodo processo poltico. Como, ento, podemos contribuir para a mudana?Em primeiro lugar, oraremos pela paz e pela justia, como Deusordena.Emsegundolugar,procuraremoseducaro povocristonasquestesmoraisepolticasenvolvidas,esclarecendoassimsua visoelevantandosuasexpectativas. Emterceirolugar,agiremos.Algunscristossochamados aexercertarefasimportantesjuntoaogoverno,nosetor econmicoouemassuntosdedesenvolvimento.Todosos cristos devem participar ativamente do esforo pela criao de uma sociedade justa e responsvel. Em algumas situaes, a obedincia a Deusexige resistncia a um sistemainjusto. Emquartolugar,precisamosestarpreparadosparasofrer. Comoseguidoresde Jesus,oServoSofredor,sabemosque o servio sempre envolve sofrimento.O compromisso pessoal em termos de mudana de estilo de vida no ser eficaz se no houver ao poltica, visando mudanadossistemasinjustos.Masaaopolticasem compromisso pessoal inadequada e incompleta.8.EvangelizaoEstamos profundamente preocupados com os muitos milhes de pessoas no evangelizadas espalhadas pelo mundo. Nada do que foi dito sobre estilo de vida ou justia diminui a urgncia do desenvolvimento de estratgias evangelstcas apropriadasaosdiferentesmeiosculturais.Nodevemos0DISCPULORADICALdeixardeproclamarCristocomoSalvadoreSenhorde todo o mundo. Aigreja ainda no est levando a srio sua missodeagircomotestemunhadeleatosconfinsda terra(At1.8).Quando os cristos se importam uns com os outros,e com os pobres, JesusCristo se torna mais visivelmente atraenteDe maneira que o apelo por um estilo de vida responsvel no deve estar divorciado do apelo por um testemunho responsvel.Poisa credibilidade denossa mensagem diminui seriamente sempre que a contradizemos com nossas vidas. E impossvel proclamar, com integridade, a salvao de Cristo, se ele,evidentemente,nonos salvou da cobia,ou proclamar seu senhoriosenosomos bons mordomosde nossas posses; ou proclamar seu amor se fecharmos nossos coraes paraosnecessitados.Quandooscristosseimportam uns com osoutros,e com os pobres, JesusCristose torna mais visivelmente atraente.Contrastando com isso, o estilo devida afluente de alguns evangelistas ocidentais, quando em visita ao Terceiro Mundo, compreensivelmente ofensivo a muita gente.Acreditamos que o viver simples da parte dos cristos em geral liberaria considerveisrecursos financeirose pessoais tantoparaaevangelizaocomoparaatividadesdesenvol- vimentistas.De maneira que,atravs do compromisso comSIMPLICIDADEum estilo de vida simples, reassumimos novamente, de todo o corao, a evangelizao mundial.9.0retornodo SenhorOsprofetasdoVelhoTestamentodenunciaramaidolatria e asinjustias dopovo deDeus,e advertiram para a vinda do juzo.Dennciase advertncias semelhantesso encontradasnoNovoTestamento.OSenhorJ esusvir embrevejulgar,salvarereinar.Seujuzocairsobreos cobiosos(quesoidlatras)esobretodososopressores. Pois,nessedia,oReisentaremseutronoesepararos salvosdosperdidos.Aquelesque servirama ele,servindo aos mais pequeninos de seus irmos carentes, sero salvos, poisa realidadeda fquesalva visvel noamor servial. Masosquesemantmpersistentementeindiferentes situaodosnecessitados,eassimaCristoneles,essesestaroirreversivelmente perdidos (Mt 25.31-46). Todos ns precisamos ouvir de novo essa solene advertncia de J esus, eresolverdenovoserviraelenapessoadonecessitado. Portanto, conclamamos nossos irmos em Cristo, em toda parte,a fazer omesmo.NossaresoluoTendo,pois,sidolibertadospelosacrifciodenosso Senhor JesusCristo,emobedinciaaseuchamado,eem sinceracompaixopelospobres,preocupadoscomaevangelizao,comodesenvolvimentoecomajustia,eem soleneantecipaodoDiadoJuzo,ns,humildemente, noscomprometemosa desenvolver umestilode vida justo e simples,a apoiar uns aos outrosnele e a estimular outras pessoas a se unirem a ns nesse compromisso.ODISCPULORADICALSabemosqueprecisaremosdetempoparalevaracabo suasimplicaes,equea tarefa noser fcil.Que oDeus Todo-Poderoso nos conceda sua graa para permanecermos fiis! Amm.***OCompromisso evanglico com um estilo de vida simples um documento longo. Assim, deixe-me destacar suas nfases:1. A nova comunidade: Alegramo-nos porque a igreja destinada a ser a nova comunidade de Deus,a qual demonstra novos valores,novos padres e um novo estilo de vida.2. Estilo de vida pessoal: no estabelecemos regras ou regulamentos.Porm, como cerca de10 mil pessoas morrem de fometodososdias,nosdeterminamosasimplificarnosso estilo de vida.3.Desenvolvimento internacional:estamos chocados com a pobrezademilhesedecidimoscontribuirmaisgenerosamente com projetos de desenvolvimento humano. Porm, a ao governamental essencial.4.Justiaepoltica:acreditamosqueasituaoatualde injustia social detestvel para Deus e que mudanas podem e devem acontecer.5. Evangelismo: estamos profundamente preocupados com osmilhesdepessoasnoevangelizadas.Odesafiodeum estilo de vida simples no deve estar separado do desafio de um testemunho responsvel.6.OretornodoSenhor:acreditamosque,quandoJesus retornar,aquelesqueoservirampormeiodoservioaos pequeninosserosalvos,poisa realidadeda fsalvadora demonstrada no amor servil.Captulo 6EQUILBRIOantigoDuquedeWindsor,queporumcurtoperodo detempofoioReiEduardo8,morreuemParisemmaio de1972.Naquela noite,uminteressantedocumentriofoi apresentado na televiso britnica. I nclua partes extradas de filmes quemostravamEduardo8sendoquestionadoa respeito de sua educao, seu breve reinado e sua abdicao.Lembrando-sedeseupassado,eledisse:Meupai[o rei George 5]foi um rgidodisciplinador.Quandoeufazia algo errado,ele s vezes me advertia dizendo:Meu querido menino,vocdevesempreselembrardequem.Seele apenas se lembrasse cie que eraum prncipe real destinado ao trono,no se comportaria de forma inadequada.Apergunta :quem somosns?Enoh no Novo Testamentoumtextoqueapresenteumregistromais variado eequi l i bradodoquesigni ficaserumdisc pul odoque1Pedro2.1-17:Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda sorte de maledicncias, desejai ardentemente,comocrianasrecm-nascidas,ogenuno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento0 DISCPULORADICALparasalvaao,sequejtendesaexperinciadequeo Senhor bondoso.Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, tambm vsmesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdcio santo, a fim de oferecerdes sacrifcios espirituais agradveis a Deus por intermdio de Jesus Cristo. Pois isso est na Escritura:Eis que ponho em Sio uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer no ser, de modo algum, envergonhado. Para vs outros, portanto, os que credes, a preciosidade; mas, para os descrentes, A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular e: Pedra de tropeo e rocha de ofensa.So estes os que tropeam na palavra, sendo desobedientes, paraoquetambmforampostos. Vs,porm,soisraa eleita,sacerdcioreal,naosanta,povodepropriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtucies daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vs, sim,que,antes,noreispovo,mas,agora,soispovode Deus, que no tnheis alcanado misericrdia, mas, agora, alcanastes misericrdia.Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, avos absterdes das paixes carnais, que fazem guerra contra a alma, mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vs outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitao.Sujeitai-vos a toda instituio humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano, quer s autoridades, como enviadas por ele,tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem. Porque assim a vontade de Deus, que, pela prtica do bem, faais emudecer aEQUILBRIOignorncia dos insensatos; como livres que sois, no usando, todavia,a liberdade por pretexto cia malcia,mas vivendo comoservosdeDeus.Trataitodoscomhonra,amaios irmos, temei a Deus, honrai o rei.Emumasriedemetforasvariadas,oapstoloilustra quemsomosns.Cadaumadelascarregaconsigouma obrigao correspondente. J untas elas podem ser chamadas cristianismo,de acordo com Pedro.BebsPedro compara seus leitores a bebsrecm-nascidos porque eles nasceram de novo (l Pe1.23). Mas o que o novo nascimento? Dizer que o que acontece quando somos batizados como membros da igreja um erro.De fato,o batismo o sacramentodonovonascimento.I sto,eleumadramatizaoexternaevisveldonovonascimento.Porm,no devemosconfundirosmbolocomarealidade,ouaplaca com o que representado.O novo nascimento uma mudana profunda, interior e radical, realizada pelo Esprito Santo em nossa personalidade humana, que nos concede um novo corao e uma nova vida e nos faz uma nova criatura. Alm do mais, como J esus afirmou em sua conversa com Nicodemos,ele indispensvel. I mporta-vos nascer de novo Qo 3.7), disse ele.Oproblemaquenoemergimosdonovonascimento comoentendimentoeocarterdeumcristomaduro, nemcom asasangelicaistotalmentedesenvolvidas(!),mas, emvezdisso,comocrianasrecm-nascidasfracas, imaturas, vulnerveise,acima detudo,precisandocrescer. EporissoqueoNovoTestamentofaladanecessidadede0 DISCPULORADICALcrescer emconhecimento,santidade,f,amor e esperana. Assim,Pedroescrevequeseusleitoresdevemcrescerem sua salvao (v. 2). I sso quer dizer que eles devem se desfazer detoda maldade e dolo,dehipocrisias einvejase de toda sortedemaledicncias(v.1),pois(deduzele)essascoisas so infantis. Ento devemos deix-las e crescer na semelhana com Cristo.Porm, como devemos crescer? Tendo em mente a figura deumbebrecm-nascido,observamosnoversculo2a refernciadePedroaogenunoleiteespiritual:Desejai arcientemente,comocrianasrecm-nascidas,ogenuno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento pata salvao.Emoutraspalavras,assimcomo,paraumacriana,o segredodocrescimentosaudvelaregularidadedeuma dieta correta, a alimentao diria e disciplinada a principal condio para o crescimento espiritual.Entoqueleitedevemosconsumir paracresceremmaturidadecrist?DeacordocomaBblia AlmeidaRevista e Atualizada, o genuno leite espiritual. O adjetivo grego logikos. Essa palavra pode ter o significado literal de metafsico, oposto ao leite da vaca, ou racional, que quer dizer alimento para a mente e para o corpo, ou a palavra de Deus, como em1Pedro1.23. A Palavra de Deus certamente to indispensvel para o nosso crescimento espiritual quanto o leite materno para o crescimento do beb.Deseje-o ardentemente,incentiva Pedro,se que j tendes a experincia dequeoSenhor bondoso(lPe2.3).OtelogoEdward Gordon Selwyn, em seu comentrio,1sugere que Pedro tem emmenteoardordeumacrianaamamentada.Pedro parece dizer:Vocs j provaram,agora saciem-se.EQUILBRIONa vida crist a disciplina diria uma profunda necessidade. William Temple, arcebispo de Canterbury durante a Segunda Guerra Mundial, disse para uma multido de jovens:A lealdadedos jovenscristosdeveser primeiraeprincipalmente ao prprio Cristo. Nada pode tomar o lugar do tempo dirio de comunho ntima com o Senhor [...].De alguma forma,encontretempoparaissoeassegure-sede que uma experincia verdadeira.PedrasAsegunda metfora quePedro apresenta a de pedras vivas (lPe2.4-8).Elesaidomundodabiologia(nascimentoe crescimento)e vaiparaomundodaarquitetura(pedrase construes). Estivemos na enfermaria de uma maternidade observando um recm-nascido ter sede de leite; agora, vamos observar um prdioemconstruo.Elefeitodepedrase no temos dificuldade de reconhecer que uma igreja. No o tipo de prdio ao qual damos o nome de igreja hoje,mas aI greja doDeus vivente,opovode Deus.Comoas pedras naconstruosopessoas,Pedroaschamapedrasque vivem.importante nosalegrarmos ao perceber que Deus est construindoa suaigreja ao redor domundo.Pode ser que algumasreligies(antigasemodernas)vivenciemumrenascimento,podeser que osecularismoinvada aigreja do Ocidente, e pode ser que grupos e governos hostis persigam a igreja e ela seja forada a se esconder. No entanto,a igreja continua crescendo.Na verdade,naciapodedestruiraigrejadeDeus.Jesus prometeu que as portas do inferno no prevalecero contra0DISCPULORADICALela(Mt16.18).I sto,a igreja temum destinoeterno.Ela indestrutvel.Oprdiocrescepedraporpedra,atque um dia a cumeeira colocada nolugar ea construoest completa.Como,ento,nosunimosigreja?I ngressamosexpressovisvel,externadaigrejapelobatismo.Mascomo nos tornamos parte do povo de Deus? Observe1Pedro 2.4: Chegando-vos para ele, para a Pedra Viva, isto , J esus Cristo, rejeitado pelos homens, mas precioso para Deus, e sendo edificadoscomocasaespiritual.Nosversculos6-8,Pedro rene uma srie de textos do Antigo Testamento (de Jeremias e dos Salmos) sobre pedras e rochas. Significativamente, ele as aplica a Cristo, no a si prprio. Pois Pedro no a rocha na qual edificamos nossa vida:Cristo a Pedra Viva, rejeitado por I srael,mas escolhido por Deus e precioso para ele.A implicaodissoquecertamentesomosmembros unsdosoutros.Seosbebsprecisamdeleitepara crescer, as pedras precisam de argamassa para se ligarem mutuamente.I magineumprdio.Cadapedracimentadasoutras eassimsetornapartedaconstruo.Nenhumadelasfica suspensanoar.Todaspertencemaoprdioenopodem ser retiradas dele.Refletindosobreisso,apliquemosoensinodePedroa nsmesmos.OqueJesusCristosignificaparans?Ele uma pedra de tropeo na qual esfolamos a canela e camos? Ou a pedra fundamental sobre a qual estamos construindo a vida?Algunsanosatrstiveaoportunidadedemeencontrar econversarcomHobartMowrer,2 professoremritode psiquiatriadaUniversidadedeI llinoisenapocaalgum muito conhecido. Ele no era cristo e me disse ter tido umaEQUILBRIObriga com a igreja.Segundo Mowrer,a igreja havia falhado com ele em sua juventude e continuava falhando com seus pacientes. E acrescentou: Aigreja nunca aprendeu o segredo da comunidade. Essa uma das crticas mais condenatrias igreja que j ouvi. Pois a igreja comunidade, pedras vivas no prdio de Deus.Precisamos resgatar a viso comunitria da igreja, das pedras que vivem no prdio de Deus. Alm do mais, preciso uma argamassa da melhor qualidade.SacerdotesAt aqui, Pedro nos comparou a recm-nascidos cujo dever crescer e a pedras vivas cujo dever amar e apoiar-se mutuamente. Agora ele chega terceira metfora e nos compara a sacerdotes santos cujo dever adorar a Deus.Paramuitoscristos,talmetforacausasurpresaeat mesmochoque.A pesardisso,nopodemosignor-la. PedroescrevequeDeusnosfeztantosacerdciosanto (v. 5) comosacerdcio real(v. 9). O que o apstolo quer dizer?Na poca do Antigo Testamento, os sacerdotesisraelitas possuamdoisprivilgios.Primeiro,elesdesfrutavamdo acesso a Deus. O Templo de Herodes era rodeado pelo trio dos sacerdotes, de onde o povo era rigorosamente excludo. Apenas os sacerdotes tinham permisso para entrar no templo,esomenteosumosacerdote pod