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O Encontro Setembro de 2014 A Luz no Caminho - Associação Espiritualista - Distribuição gratuita Bhagavan Sri Ramana Maharshi Coloca-te diante de Sua egrégora como se cada fração de segundo fosse o que em realidade é: Vida transbordante, parto da Consciên- cia, Gestação do Cristo, o brotar do mel, vitória sobre potestades. Deixa que Arunachala, solidamen- te imaterial, conduza tua geração de novas eras. Deixa-te tosquiar pelo Pastor do Real. Deixa que o podar do ego fortaleça e traga à luz todos os ramos do teu Ser. Não temas a momentânea treva e fixa o olhar na aurora. Bem-aventurado seja este nos- so saguão, onde a Presença é tão imensa quanto na Índia, pois Maharshi é mais que lugar, Mahar- shi é toda gente Texto de Estrela da Manhã, do conjunto de reflexões para hora da Bênção. O cheiro adocicado de óleo de coco e curry anuncia o preparati- vo da ceia. Arunachaleswara assiste imponente o pôr do sol. Velhos moradores do ashram voltam ao trabalho e saúdam, com sóbrio contentamento, os desconhecidos que ali chegam. Europeus, asiáti- cos, americanos e hindus rompem a Torre de Babel. Possuem o silên- cio dos Sábios. O corpo físico alto e azeitonado já foi. Ali, entre objetos simples, ficaram os olhos. Os olhos? Não! Ficou o olhar. Difuso, penetrante, sem dogmas, sem moralismo ou expectativa. Não entres se temes ver-te. Não entres se temes conhecer-te. Não Cheiro de Vayragia Editorial entres se temes calejar a mente no árduo trabalho de transcender. Não entres! Deixa o saguão intoca- do se não queres perguntar “Quem sou eu?” Estás avisado. Se queres repouso, terás que trabalhar pela tua paz. Se queres alegrias, terás que aprender a não ver tristeza. Se queres amor, terás que cremar paixões e desejos. Que estejas consciente, todavia, que jamais permanecerás só. Por vezes pressentirás os passos dele. Em outros momentos, nada ouvi- rás de Sua presença incorpórea. Tal qual no catre. Que importa que não estejas mais em Tiruvannamalai? Importa estar em Arunachala, mãe de sabedoria que se ergue no âmago de teu Ser. Sente teu coração e vivencia de vez que Ramana é Revolução Cósmi- ca dentro d’alma. Deixa-o imperar. A Primavera no coração dos homens é o momento em que, pela ação da Luz do Espírito, as flores da consciência desabrocham e o perfume liberado inunda o mundo dos sentidos e cala o ego. É Ramana a Primavera dos homens. É Ele a Luz que fará, sim, desabro- char as flores no coração espiritual dos devotos que se mantiverem sob a Sua benéfica influência, aqueles que se voltarem ininterruptamente a Ele, tal qual um girassol. É o Sad Guru que provê a Luz necessária para afastar a escuridão das almas e elevar a mente do homem ao silêncio profundo e fértil no qual brilha o reflexo do Ser. Sim é Ramana a Primavera do Espírito. Nesta edição convidamos os devotos do mestre a receber de braços abertos e coração em festa esta abençoada Primavera. Ramana a Primavera dos homens Reflexões Por Lêda Maria Fraga

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O EncontroSetembro de 2014A Luz no Caminho - Associação Espiritualista - Distribuição gratuita

Bhagavan Sri Ramana Maharshi

Coloca-te diante de Sua egrégora como se cada fração de segundo fosse o que em realidade é: Vida transbordante, parto da Consciên-cia, Gestação do Cristo, o brotar do mel, vitória sobre potestades.

Deixa que Arunachala, solidamen-te imaterial, conduza tua geração de novas eras.

Deixa-te tosquiar pelo Pastor do Real. Deixa que o podar do ego fortaleça e traga à luz todos os ramos do teu Ser. Não temas a momentânea treva e fixa o olhar na aurora.

Bem-aventurado seja este nos-so saguão, onde a Presença é tão imensa quanto na Índia, pois Maharshi é mais que lugar, Mahar-shi é toda gente

Texto de Estrela da Manhã, do conjunto de reflexões para hora da Bênção.

O cheiro adocicado de óleo de coco e curry anuncia o preparati-vo da ceia. Arunachaleswara assiste imponente o pôr do sol. Velhos moradores do ashram voltam ao trabalho e saúdam, com sóbrio contentamento, os desconhecidos que ali chegam. Europeus, asiáti-cos, americanos e hindus rompem a Torre de Babel. Possuem o silên-cio dos Sábios.

O corpo físico alto e azeitonado já foi. Ali, entre objetos simples, ficaram os olhos. Os olhos? Não! Ficou o olhar. Difuso, penetrante, sem dogmas, sem moralismo ou expectativa.

Não entres se temes ver-te. Não entres se temes conhecer-te. Não

Cheiro de Vayragia

Editorial

entres se temes calejar a mente no árduo trabalho de transcender. Não entres! Deixa o saguão intoca-do se não queres perguntar “Quem sou eu?” Estás avisado. Se queres repouso, terás que trabalhar pela tua paz. Se queres alegrias, terás que aprender a não ver tristeza. Se queres amor, terás que cremar paixões e desejos.

Que estejas consciente, todavia, que jamais permanecerás só. Por vezes pressentirás os passos dele. Em outros momentos, nada ouvi-rás de Sua presença incorpórea. Tal qual no catre.

Que importa que não estejas mais em Tiruvannamalai? Importa estar em Arunachala, mãe de sabedoria que se ergue no âmago de teu Ser. Sente teu coração e vivencia de vez que Ramana é Revolução Cósmi-ca dentro d’alma. Deixa-o imperar.

A Primavera no coração dos homens é o momento em que, pela ação da Luz do Espírito, as flores da consciência desabrocham e o perfume liberado inunda o mundo dos sentidos e cala o ego.

É Ramana a Primavera dos homens. É Ele a Luz que fará, sim, desabro-char as flores no coração espiritual dos devotos que se mantiverem sob a Sua benéfica influência, aqueles que se voltarem ininterruptamente a Ele, tal qual um girassol. É o Sad Guru que provê a Luz necessária para afastar a escuridão das almas e elevar a mente do homem ao silêncio profundo e fértil no qual brilha o reflexo do Ser.

Sim é Ramana a Primavera do Espírito. Nesta edição convidamos os devotos do mestre a receber de braços abertos e coração em festa esta abençoada Primavera.

Ramana a Primavera dos homens

Reflexões

Por Lêda Maria Fraga

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O Encontro Setembro, 2014

De autoria de Vera Carolina de Mello, o livro “A Índia Ancestral” aborda, de forma bastante acessível, alguns temas ligados ao hinduísmo e às tradições filosóficas hindus.

O livro pretende colaborar para que os iniciantes nesta seara pos-sam compreender alguns conceitos básicos e se sintam encorajados a aprofundar seus conhecimentos nos temas filosóficos-religiosos-doutrinrios relacionados a Sabedoria Eterna. Em especial, o livro é bas-tante útil para os devotos do Mes-tre, que, tendo nascido no ocidente, são pouco familiarizados a muitos dos termos e conceitos por vezes abordados nos textos que expõem os ensinamentos de Bhagavan Sri Ramana Maharshi.

Círculo de Estudos

A ilusão da experiência do egoPerguntador: “O Ego e o Ser são

a mesma coisa?”

Bhagavan: “O Ser pode existir sem o ego, ao passo que o ego não pode existir sem o Ser.

Egos são como borbulhas no oceano. As impurezas e os ape-gos mundanos afetam somente o ego. O Ser permanece sempre puro, nada pode afetá-lo.

Todas essas coisas são apenas conceitos mentais. Você agora está se identificando com o falso ‘eu’, com o pensamento ‘eu’. Esse pen-samento ‘eu’ surge e pensa; sem-pre está no vai e vem. Enquanto que o ‘Eu Sou’, no verdadeiro sig-nificado, não pode fazer isto. Não pode haver quebra no seu Ser.

O Pai de seu ‘eu’ pessoal é o

real Eu Sou - Deus. Procure en-contrar a fonte de seu eu Pesso-al e achará o outro ‘Eu’. Aonde os desejos vão o ‘eu’ pessoal vai.”

Perguntador: “Quando jovem, eu era muito autoconfiante. Mas agora, que estou velho, tenho medo. As pessoas riem de mim.”

Bhagavan: Mesmo quando você diz que era autoconfiante, não era assim como disse - você era ego confiante. No lugar disso, se eliminasse o ego, seria realmente Ser autoconfiante.

Seu orgulho era meramente o or-gulho do ego. Tanto quanto você se identificar com o ego, reconhecerá também seus outros egos pessoais, e lá haverá lugar para orgulho. Mas desligando-se do ego, os outros egos também se desligarão; assim, não haverá mais lugar para orgulho.

Estante

Próxima palestraTema: A Ser Definido

Palestrante: Lucíola Maria

Data e horário: 25 de Outubro, às 19h

O livro pode ser adquirido em A Luz no Caminho – Associação Espiritualista.

Tanto quanto permanecer na men-te o sentido da separação, os pensa-mentos serão aflitivos. Quando tornar a reaver a Fonte original, o sentido de separação irá desaparecer por completo. Sobreviverá então a Paz.

Procure a sua Fonte, mergulhe no Ser, no Eu-Sou, e permaneça UM.

Trechos do capítulo XI do livro “A Imortali-dade Consciente” de Paul Brunton que cons-tam da palestra feita por Telma Mohrstedt no Círculo de Estudos de Agosto de 2014.

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O EncontroSetembro, 2014

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Filosofia

Quinta essencial Ramana

Como o sol que brilha igual so-bre todos, Bhagavan amava todos os devotos por igual, todavia, di-ferentes pessoas absorviam Sua Graça de distintos modos e em diferentes graus. Eu desejo retratar aqui um notável devoto de Ra-mana, Ramanathan Dikshitar, tam-bém conhecido como Ramanathan Brahmachari. Uma figura humilde, cheia de fervor e devoção a Sri Bhagavan.

Ramanathan era estudante em Tiruvannamalai, quando veio a Sri Bhagavan na Caverna Virupaksha, em 1912. Apenas um olhar de Bhagavan, e este notável garoto, sentiu uma nascente de “amor” por Ele minando dentro de si!

Embora fosse muito pobre e pu-desse se beneficiar das saudáveis refeições fornecidas aos estudantes, pela instituição de ensino, o jovem Ramanathan, pedia por comida nas ruas, de modo que pudesse, assim que as aulas terminavam, subir a Colina e ficar com Bhagavan o maior tempo possível.

Depois do samadhi da Mãe, Bha-gavan veio para o presente Ashram. Ramanathan continuou ali seus ser-viços. Ele surpreendia a todos com a energia incansável que havia em seu pequenino corpo. Por sua pró-pria iniciativa, limpava o recinto e fazia todo tipo de pequenos tra-balhos para os residentes. Seu tra-balho autorresignado era esperar o trem das 8h30 da noite e manter a comida quente, depois dele e os outros terem jantado. Se chegavam alguns visitantes, ele os alimentava amorosamente.

Sua dedicação ao trabalho, só vendo para acreditar. Ele levantava em meio a um sono profundo se alguém perto murmurasse um pe-dido de água, à noite. Ele dizia: “É p’ra já”, e corria a buscá-la. Servi-

ço era seu segundo nome!

Ele tinha o hábito de usar li-beralmente a palavra “Aandavane” (significando “Deus”) quando falava. Ele até chamava outras pessoas de “Aandavane”; por isso, começaram a chamá-lo também “Aandavane”! Era uma estranha visão ver Aanda-vane voltando da cidade todos os dias! A mão direita empunhando uma sombrinha esfarrapada e uma vasilha com alimento na esquer-da. Às vezes, ele carregava tam-bém uma garrafa térmica (um luxo apreciado pela aristocracia naque-le tempo) contendo café quente para Bhagavan, enviado por meio dele por um ardoroso devoto da cidade. Isto não é tudo! Como não costumava carregar uma bol-sa, ele dobrava seu dothi nos jo-elhos e enfiava na parte traseira e dos lados verduras compradas no mercado. Com o dothi boju-do e caindo nos joelhos, ele an-dava bamboleando levantando em cada pé uma relíquia de chinelo, com várias camadas de remendos. A relutância de Aandavane em se desfazer daquele arcaico par de chinelos com frequência provocava zombarias, mas ele afetuosamente apegava-se a eles! Em Palakotthu, contígua ao ashram, ficavam na-quele tempo devotos como Muru-ganar, Kunju Swami e Viswanatha Swami. Por sua própria iniciativa, Ramanatha limpava o local dos devotos, colocava óleo nas lam-parinas e as acendia quando es-curecia. Sri Kunju Swami lembrou: “Naquele tempo, todos nós éra-mos bastante jovens e pensáva-mos que éramos ascetas. Não nos preocupávamos de varrer o recinto de Palakotthu, nem de acender as lâmpadas. Se não havia combustí-vel, nós deixávamos até de comer. Mas Ramanatha tomava conta de todas as tarefas!” Sri Kunju Swa-mi continuou: “Uma vez em que todos estávamos sentados diante

de Sri Bhagavan, foi recebida uma carta de Ekanatha Rao. Ele tinha feito perguntas sobre o ‘sarvadhi-kari (diretor de uma instituição) de Palakotthu’. Quando Sri Bhaga-van leu isso, perguntou: ‘Quem é? Eu não sabia disto’. Eu levantei e, com nervosismo, apontei para Ra-manatha Brahmachari e disse: ‘Nós o chamamos sarvadhikari de Pa-lakotthu. Ele compra coisas, limpa nossas lâmpadas, varre nosso chão. Por isso, o chamamos de sarva-dhikari de Palakotthu’. Bhagavan disse: ‘Por que não me disseram este tempo todo? Com um sarva-dhikari como esse, todos devem estar felizes!’ Ramanatha Brahma-chari levantou muito timidamente e disse: ‘Eu não sei, Bhagavan. Eles me chamam assim por brincadeira’. ‘Que há de errado nisso? Isso é bom’, disse Sri Bhagavan!”

Extraído e editado do livro “Momentos Re-cordados – Reminiscências de Bhagavan Ra-mana”, de V. Ganesan. Traduzido por José Stefanino Vega.

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O Encontro Setembro, 2014

A Luz no Caminho - Associação Espiritualista | Rua Maxwell, 145 - Vila Isabel - Rio de Janeiro, RJ - CEP 20541-100 | (21) 2208 5196 | Ho-rário de funcionamento (inclusive dias santos e feriados): segundas e quartas, das 14h30 às 20h30 - terças e quintas, das 14h30 às 21h00 - sábados, das 14h00 às 20h00 | Mais informações no site: www.aluznocaminho.org.br | Notícias da Casa: www.casaderamana.blogspot.com

Casa de Ramana

Primavera na Casa de Ramana..

Gostaríamos de agradecer a todos que colaboraram conosco na Festa da Prima-vera.

Com o esforço de todos, a nossa festa foi um sucesso e a arrecadação vai nos ajudar, e muito, a manter as nove senhoras residentes na Casa de Ramana e a garantir o auxílio aos trinta idosos externos. Mais uma vez, tivemos uma prova de fé, perse-verança e dedicação.

A primavera na Casa ainda nos trará muitas alegrias. Teremos a festa das crian-ças no dia 11 de outubro e o evento - Músicas Inesquecíveis - dia 18 de outubro de 2014. Informe-se na secretaria de Luz no Caminho ou na Casa de Ramana.

Alegria nunca se divide, ao contrário, quando se doa alegria ela se multi-plica.

Assim, no dia 24 de agosto alguns voluntários vieram trazer sua alegria para contagiar a Casa de Ramana.

Tivemos um evento para as senhoras residentes na Casa, preparado pelos fun-cionários da Souza Cruz, sob supervisão de Penha Bernardo. Houve cantoria, bingo e um lanche mara-vilhoso.

Por Marly Ribeiro Doação

Por Cristina Meirelles