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POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR ESCOLA DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS O ENSINO DE HISTÓRIA DA PMMG COMO ELEMENTO FORMADOR DA IDENTIDADE POLICIAL MILITAR DECIO VERNAY DA SILVA JÚNIOR Belo Horizonte 2012

O ENSINO DE HISTÓRIA DA PMMG COMO ELEMENTO …cia militar de minas gerais academia de polÍcia militar escola de formaÇÃo de oficiais curso de formaÇÃo de oficiais o ensino de

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POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

ESCOLA DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS

CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS

O ENSINO DE HISTÓRIA DA PMMG COMO ELEMENTO

FORMADOR DA IDENTIDADE POLICIAL MILITAR

DECIO VERNAY DA SILVA JÚNIOR

Belo Horizonte 2012

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Decio Vernay da Silva Júnior

O ENSINO DE HISTÓRIA DA PMMG COMO ELEMENTO

FORMADOR DA IDENTIDADE POLICIAL MILITAR

Monografia apresentada à Escola de Formação de Oficiais da Academia de Polícia Militar de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Militares com ênfase em Defesa Social. Orientador: Carlos José Giudice dos Santos

Belo Horizonte 2012

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Dedico este trabalho a todos os policiais

militares de Minas Gerais, escritores da

História de sua honrada Corporação, e aos

professores que compõem a Educação da

Polícia Militar, principais atores na formação

do saber profissional.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me conduzir nas palmas de Suas

mãos, quando me faltou força para caminhar

com minhas próprias pernas.

Aos meus pais, minha maior influência, por

darem suporte ao meu crescimento, por terem

me formado um homem e pelo amor

incondicional.

A minha família, pelo apoio irrestrito, pelo

carinho, pelo exemplo de amor e pelos

momentos felizes que me proporcionaram.

Ao meu orientador, pelo empenho e dedicação,

pelo exemplo de educador, pelos rumos certos

e pela sabedoria e conhecimento repassados.

Aos meus amigos e colegas de trabalho, pelos

conselhos sábios, pela convivência e por

dividir as lutas e vitórias ao longo do caminho.

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Nem cora o livro de ombrear co'o sabre,

nem cora o sabre de chamá-lo irmão.

Castro Alves

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RESUMO

Nesta monografia são apresentadas algumas reflexões a respeito das questões que

permeiam o ensino de História da Polícia Militar de Minas Gerais no Curso de

Formação de Oficiais desta instituição. Destaca-se, neste trabalho, a temática

pertinente à formação da identidade entre sujeito (discente) e objeto (Polícia Militar)

a partir da criação de sentido na contextualização do ensino histórico. O objetivo

geral deste estudo foi fazer uma análise do ensino de História da PMMG no Curso

de Formação de Oficiais. Utiliza-se, nesta pesquisa, subsídios obtidos em obras

relativas ao tema. A metodologia de pesquisa utilizada foi explicativa em relação aos

objetivos. Quanto aos procedimentos de coletas de dados, utilizou-se de um

levantamento censitário. Para esta investigação foram aplicados questionários a

todos os discentes que cursaram a disciplina História da PMMG nos anos de 2010 e

2011. Em relação aos procedimentos de análise, utilizou-se pesquisa qualitativa

para análise dos dados quantificados. As questões objetivas foram tabuladas e

colocadas sob a forma de gráficos para facilitar a interpretação e análise. A análise

destes questionários foi circunstanciada por reflexões sobre enunciados dos campos

de conhecimento que se referem à formação do professor, ao ensino patrimonial e

ao método de história oral. A pesquisa salienta a importância da disciplina História

da PMMG para o futuro oficial. A pesquisa mostrou que o professor é influenciado

por sua trajetória pessoal e profissional, tendo a formação continuada papel central

na constituição de identidade e no modo de condução da disciplina. Os principais

resultados sugerem uma revisão da disciplina em relação ao conteúdo e aos

métodos de ensino como forma de favorecer a produção de conhecimento e as

relações de identidade.

Palavras-chave: Ensino de História; ensino patrimonial; formação de identidade;

história oral; Polícia Militar de Minas Gerais.

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ABSTRACT

This monograph presents some reflections on the issues that permeate the History

teaching of the Military Police of Minas Gerais in the Officers Formation Course of

that institution. It is noteworthy, in this work, the theme relevant to the formation of

identity between subject (student) and object (Military Police) from the creation of

meaning in the context of history teaching. The aim of this study was to analyze the

history teaching in PMMG Officers Formation Course. It is used in this research

grants obtained in works on the subject. The research methodology was used in

relation to explanatory goals. The procedures for data collection, we used a census

survey. For this research questionnaires were administered to all students taking this

course of history PMMG in the years 2010 and 2011. Regarding the analysis

procedures, we used qualitative research to analyze the figures. The objective

questions were tabulated and placed in the form of graphs for easy interpretation and

analysis. A detailed analysis of these questionnaires was set out by reflections on the

theme of knowledge that relate to teacher formation, patrimonial teaching and the

method of oral history. The research highlights the importance of the History of

PMMG to the future officers. Research has shown that the teacher is influenced by

his personal and professional, and continuing education central role in the formation

of identity and the driving mode of discipline. The main results suggest a review of

discipline in relation to the content and teaching methods as a way to encourage the

production of knowledge and relations of identity.

Keywords: History teaching; patrimonial teaching; identity formation; oral history;

Military Police of Minas Gerais.

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Situação do discente em relação ao curso ..................................... 40

GRÁFICO 2 – Contribuição das aulas de História da PMMG para a formação .... 41

GRÁFICO 3 – Motivação nas aulas de História da PMMG .................................... 42

GRÁFICO 4 – O aluno já visitou o museu da PMMG? .......................................... 44

GRÁFICO 5 – A importância do contexto político-social para a PMMG................ 45

GRÁFICO 6 – Você consegue avaliar as transformações estruturais

pelas quais a PMMG passou ao longo da história? ....................... 46

GRÁFICO 7 – O aluno se considera parte da história da PMMG?........................ 48

GRÁFICO 8 – Importância do professor de História da PMMG ser

licenciado em História ...................................................................... 49

GRÁFICO 9 – Importância do professor de História da PMMG ser policial militar 50

GRÁFICO 10 – Importância do professor de História da PMMG ter

longa trajetória e experiência na instituição .................................... 52

GRÁFICO 11 – Livros lidos pelos alunos.................................................................. 53

GRÁFICO 12 – Livro que mais colaborou para a formação do aluno ..................... 54

GRÁFICO 13 – A importância de conhecer a história da Corporação .................... 55

GRÁFICO 14 – Conhecimento sobre a data de criação do Regimento

de Cavalaria de Minas ..................................................................... 55

GRÁFICO 15 – Conteúdo a ser priorizado nas aulas de História da PMMG .......... 57

GRÁFICO 16 – Método que mais estimula o estudo de História da PMMG ........... 58

GRÁFICO 17 – Percepção sobre a forma e o conteúdo da disciplina

História da PMMG ............................................................................ 60

GRÁFICO 18 – Você sabe o nome de quantos ex-comandantes gerais? .............. 61

GRÁFICO 19 – Conteúdo cobrado prioritariamente na avaliação da disciplina ..... 63

GRÁFICO 20 – Meios didáticos utilizados nas aulas de História da PMMG........... 64

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Notas na disciplina História da PMMG – CFO – 2010-2011 ................. 62

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APM - Academia de Polícia Militar

CFO - Curso de Formação de Oficiais

CFSD - Curso de Formação de Soldados

CTPS - Curso Técnico em Segurança Pública

DEPM - Diretrizes de Educação da Polícia Militar

EFO - Escola de Formação de Oficiais

EPM - Educação de Polícia Militar

MEC - Ministério da Educação

PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais

PMMG - Polícia Militar de Minas Gerais

RUIPM - Regulamento de Uniformes e Insígnias da Polícia Militar de Minas Gerais

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11

2 GÊNESE DO PROBLEMA ....................................................................................... 13

2.1 O Programa de Disciplina ................................................................................... 14

3 O PROFESSOR ........................................................................................................ 17

3.1 O papel do professor ........................................................................................... 17

3.2 Características do professor .............................................................................. 20

3.2.1 Formação e identidade ....................................................................................... 22

4 A DISCIPLINA HISTÓRIA DA PMMG ..................................................................... 26

4.1 Método patrimonial do ensino de História ....................................................... 30

4.2 Método de História Oral ...................................................................................... 32

5 METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................................. 35

5.1 Contextualização do objeto de estudo ............................................................. 35

5.2 Definição dos procedimentos metodológicos ................................................. 36

5.3 Procedimentos de coleta de dados da pesquisa............................................. 38

6 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA ........... 40

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 67

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 70

APÊNDICE - QUESTIONÁRIO ................................................................................... 73

ANEXO A - PROGRAMA DE DISCIPLINA ................................................................ 78

ANEXO B - AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA HISTÓRIA DA PMMG – 2010 .............. 83

ANEXO C - AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA HISTÓRIA DA PMMG – 2011 .............. 88

ANEXO D - NOTAS DA DISCIPLINA HISTÓRIA DA PMMG - 2010 – 2011 ........... 92

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1 INTRODUÇÃO

O presente estudo está estruturado em seis capítulos e teve como objetivo analisar

a função e o aproveitamento da disciplina História da PMMG, ministrada no Curso

de Formação de Oficiais da Polícia Militar de Minas Gerais. Tal análise visa verificar

se a disciplina, como tem sido ministrada atualmente, tem cumprido sua finalidade

de contribuir para a formação do Oficial da PMMG e para a melhoria do serviço

prestado por ele frente às novas demandas da sociedade.

No item de nº 2 é apresentada a gênese do problema, ou seja, de que maneira a

curiosidade do pesquisador foi despertada para esse estudo. Nesse capítulo,

questiona-se a ementa e os objetivos propostos no Programa de Disciplina,

avaliando se o referido documento tem sido cumprido e se sua redação está

alinhada com as Diretrizes de Educação da Polícia Militar, fazendo esta análise a

partir da bibliografia estuda.

O item nº 3 foca o professor da disciplina História da PMMG, tentando estabelecer

um perfil condizente com a proposta da disciplina, de modo a se obter um melhor

aproveitamento. Ressalta-se aqui a formação e identidade do professor em

consonância com os princípios da Polícia Militar.

No item de nº 4 são apresentadas algumas considerações sobre o conteúdo

programático que deveria ser tratado na disciplina, bem como algumas sugestões de

estratégias de trabalho para cumprir de forma mais efetiva os objetivos da disciplina.

Neste sentido, são apresentados dois métodos de ensino de História que buscam

favorecer as relações de identidade entre o discente e a instituição por meio da

construção de conhecimento.

O item nº 5 apresenta a metodologia utilizada nesta investigação, dividida em três

partes: a contextualização do objeto de estudo, o delineamento dos objetivos

metodológicos e o detalhamento dos procedimentos técnicos utilizados para a coleta

de dados.

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No item de nº 6 apresentam-se os resultados e a análise qualitativa dos dados

quantitativos, construída a partir do diálogo com diversos autores. Tal análise é

necessária para fundamentar as hipóteses decorrentes dessa investigação.

No sétimo e último item são apresentadas as conclusões parciais deste estudo. A

partir da análise dos dados coletados foram construídas algumas hipóteses, que,

todavia, carecem de uma investigação mais profunda para serem confirmadas.

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2 GÊNESE DO PROBLEMA

A Polícia Militar de Minas Gerais - PMMG, assim como outras instituições militares,

tem como uma de suas principais características o culto ao seu passado histórico.

Podemos perceber esse comportamento por meio de canções, fardamentos,

insígnias e solenidades comemorativas, entre outros aspectos, que remontam a

memória dos grandes fatos e nomes que fizeram parte da construção desta

Corporação bissecular.

Visando a perenidade das tradições da caserna, sentiu-se a necessidade de, no ano

de 1987, criar, no Curso de Formação de Oficiais – CFO, a disciplina de História da

Polícia Militar de Minas Gerais (MARCO FILHO, 2005). Por meio desta disciplina, a

Corporação incutiria os valores militares nos futuros comandantes, de forma a

fortalecer uma identidade cultural entre o novo policial e a Instituição.

Com o passar dos anos, a disciplina História da PMMG, objeto desse estudo, não

passou por nenhuma revisão significativa, mantendo o ensino tradicional de História

ao longo destes vinte e quatro anos, seguindo um modelo factual pautado pela

memorização de datas e nomes considerados importantes. Durante este tempo, a

sociedade brasileira passou por diversas mudanças, exigindo da polícia, filha de seu

tempo-espaço, uma adaptação ao contexto em que ela estava inserida. Essa

necessidade levou a Polícia Militar a revisar o sistema de educação, de modo a

alinhar o conhecimento e o comportamento dos novos policiais ao novo modelo de

policiamento empregado, porém não se envolveu, nessas reformas, a revisão da

disciplina de História da PMMG.

É importante ressaltar que, desde a criação da disciplina História da PMMG até hoje,

o ensino de história tornou-se objeto constante de pesquisas e publicações

(TAMASO, 2011), proporcionando uma análise apurada e um aprimoramento

constante dos modelos educacionais, por meio de uma interação entre prática e

teoria, frente à necessidade de acompanhar o novo contexto da educação.

Por estas questões, a escolha do tema “O ensino de História da PMMG no Curso de

Formação de Oficiais” foi definida a partir dessa leitura crítica da disciplina em

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questão praticada no Curso, confrontada com o objetivo especificado no Programa

de Disciplina e com a demanda institucional, descrita na Diretriz de Educação da

Polícia Militar (DEPM) e no próprio Programa de Disciplina.

2.1 O Programa de Disciplina

As disciplinas ministradas na Escola de Formação de Oficiais têm um documento

denominado Programa de Disciplina, formado por cabeçalho, ementa, objetivos da

disciplina e conteúdo programático. Este último item, dividido em unidades de forma

a organizar os assuntos ministrados ao longo dos tempos de aula.

Na ementa da disciplina História da PMMG, temos que “A disciplina (História da

PMMG) visa não só preparar os futuros oficiais da Polícia Militar, mas também

infundir-lhes, no espírito o amor à Corporação, através do conhecimento do nosso

passado histórico” (ver ANEXO A).

Neste contexto, a palavra ementa deriva do latim ementum, que significa

“pensamento”, “ideia”. Por definição “Ementa é uma descrição discursiva que

resume o conteúdo conceitual ou conceitual/procedimental de uma disciplina”

(SCARTON, 2002). Sobre suas características formais, o mesmo guia citado coloca

que os tópicos essenciais da matéria devem ser descritos em frases nominais, não

necessariamente em forma de itens.

Fazendo uma análise da ementa da disciplina História da PMMG, verifica-se que

esta é composta pela enunciação de dois objetivos: “preparar os futuros oficiais da

Polícia Militar” e “infundir-lhes, no espírito o amor à Corporação, através do

conhecimento do nosso passado histórico.” Estes “objetivos” não estão em

conformidade com os objetivos dispostos no item 3 “Objetivos da disciplina” (ver

ANEXO A), o que cria um dissenso no documento.

É importante ressaltar que o verbo preparar é um verbo transitivo direto, que tem

como objeto “futuros oficiais”. Contudo, preparar, neste contexto, significa “por em

condições adequadas (para atividade posterior)” (HOUAIS, 2009). Neste sentido a

ementa não diz para o que se objetiva preparar os futuros oficiais, o que se pode

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inferir com a observância da Diretriz de Educação da Polícia Militar: (MINAS

GERAIS, 2012)

Art. 2º A EPM será desenvolvida nas Unidades de Ensino, Treinamento e Pesquisa da Polícia Militar de Minas Gerais, nos ambientes de trabalho ou em instituições de interesse da Corporação, com a finalidade de proporcionar aos seus integrantes qualificação para o exercício de seus cargos (grifo nosso).

Em segundo lugar, o objetivo explicitado, de infundir, no espírito dos futuros oficiais,

o amor à Corporação, é algo bastante subjetivo, dificilmente alcançado por meio do

conhecimento factual do passado histórico, previsto como objetivo da disciplina.

Ainda que Marco Filho (2005, p.7) declare que “Não se ama o que não se conhece.”,

a frase na afirmativa seria uma inverdade. Assim sendo, o amor mencionado pelo

autor traz o sentido de uma identidade com a Corporação, um sentimento de

pertencimento.

Neste viés, a presente pesquisa faz uma análise do ensino de História da PMMG no

Curso de Formação de Oficiais, visando obter melhor aproveitamento da disciplina,

partindo de dois pontos principais que nortearão a pesquisa, a saber:

a) conteúdo a ser ensinado;

b) método de ensino.

A partir destas abordagens, procura-se atingir três objetivos principais:

a) identificar se o conteúdo ministrado está de acordo com o previsto no

Programa da Disciplina e alinhado ao que prevê a DEPM;

b) analisar o papel do professor e quais as características mais adequadas para

obter um melhor aproveitamento da disciplina;

c) analisar os métodos de ensino de História que melhor se amoldam às

peculiaridades da disciplina História da PMMG.

Considera-se importante o ensino de uma disciplina que ajude a instigar e criar nos

alunos um sentimento de pertencimento, aliado à identidade e cultura

organizacionais. Por outro lado, é importante destacar, que esta disciplina não pode

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ser acrítica, factual e não contextualizada. Há a necessidade de uma disciplina

ministrada de tal forma que conduza os discentes a compreender a polícia na

história de seu tempo-espaço, de forma a produzir um conhecimento real, ator de

mudanças.

Para isto, o presente trabalho acadêmico analisa a função e o aproveitamento da

disciplina, com o intuito de verificar se a disciplina de História da PMMG, como tem

sido ministrada atualmente, tem cumprido sua finalidade de contribuir para a

formação do Oficial da PMMG e para a melhoria do serviço prestado por ele frente

às novas demandas da sociedade. Observados tais objetivos propostos, resta o

entendimento sobre a relevância e atualidade do tema explorado, tendo em vista a

finalidade da Educação de Polícia Militar expressa na DEPM (MINAS GERAIS,

2012).

De forma a colaborar para o enriquecimento deste trabalho, foram pesquisadas

quais as características principais deve ter o professor da disciplina para ministrar a

disciplina de modo a buscar um melhor aproveitamento dos alunos. Buscou-se

ainda, com a interlocução com os autores lidos, analisar como o ensino de história

da PMMG poderia influenciar diretamente na prestação de um melhor serviço por

parte dos militares e no fortalecimento da cultura organizacional.

Trabalhando todos os argumentos estudados cientificamente, tem-se a pretensão de

criar um conhecimento novo sobre o ensino de História da PMMG, de modo que a

disciplina cumpra da melhor forma possível sua finalidade e venha a somar esforços

para fortalecer a cultura organizacional de uma maneira inteligente e real e prover o

futuro comandante de conhecimentos relevantes do passado histórico da sua

corporação, principalmente o passado recente, de uma maneira contextualizada.

Desta forma, estes argumentos serão tratados nos capítulos seguintes, iniciando

pelo estudo referente ao professor da disciplina História da PMMG.

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3 O PROFESSOR

Este capítulo se dedica a uma análise concisa sobre os aspectos que envolvem o

professor da disciplina História da PMMG no Curso de Formação de Oficiais (CFO).

Pretendeu-se dessa forma abordar o papel do professor no processo de ensino-

aprendizagem da disciplina e fazer um panorama sobre as qualidades necessárias

para ser um bom profissional.

Ressalta-se que o fazer do professor de História da PMMG não deve ser abordado

tal qual o do professor de História do ensino fundamental e do ensino médio, mas

que algumas das características são semelhantes. Assim sendo, a pesquisa baseia-

se em estudos sobre professores de História e os adapta para as necessidades da

disciplina ministrada no CFO.

Tais necessidades devem ser compreendidas, neste contexto, como o conjunto de

habilidades e conhecimentos que o professor da disciplina de História da PMMG

precisa ter para atingir os objetivos da disciplina de maneira satisfatória. Estas

características tornam-se indispensáveis na medida em que o conhecimento

compartilhado com os alunos dificilmente seriam os mesmos, caso os professores

não tivessem os requisitos próprios da função.

3.1 O papel do professor

O papel do professor de História da PMMG é algo que necessita de estudo mais

aprofundado, dada à natureza e complexidade ideológica da disciplina. Tendo em

vista a grande influência que o professor exerce sobre seus alunos, conclui-se que

disciplina de tamanha responsabilidade precisa receber atenção especial no que diz

respeito à definição do que é esperado do profissional que a lecionará.

Neste contexto, as características do CFO e a Diretriz de Educação da Polícia Militar

(DEPM) se apresentam como principais balizadoras da práxis acadêmica do

professor a disciplina História da PMMG. Longe de ser uma disciplina imparcial, a

disciplina de História da PMMG “visa não só preparar os futuros oficiais da Polícia

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Militar, mas também infundir-lhes, no espírito o amor à Corporação, através do

conhecimento do nosso passado histórico” (ver ANEXO A).

Com essa afirmativa, percebe-se o caráter ideológico da disciplina, inspirado na

visão de Marco Filho (2005, p.7), que ressalta:

[...] é missão da APM não só preparar futuros Oficiais policiais-militares, mas, para que o sejam ‘de verdade’, infundir-lhes, no espírito, o amor à Polícia Militar: do contrário, teríamos, apenas, técnicos em operações policiais-militares, ou melhor, mercenários e não Oficiais amantes de sua Corporação.

Por estas citações percebe-se que, mais que repassar um conteúdo ou construir um

conhecimento, a disciplina tem como objetivo a criação de uma forte identidade

entre o futuro oficial e a corporação que ora serve. Desta forma, o professor deve

estar totalmente alinhado com essa identidade organizacional, sob pena de não ter

condições de atingir o objetivo proposto para a disciplina.

Tal alinhamento se torna necessário haja vista ser o professor de História da PMMG

reconhecido como importante ator de influência na criação desta identidade. Embora

outros fatores sociais diversos também influenciem os discentes, o professor deve

estar à frente e ser capaz de, na medida do possível, orientar estas influências

buscando o melhor aproveitamento da disciplina.

Dentro desta linha, Azevedo (2010) ratifica a necessidade do alinhamento quando

corrobora com este entendimento na medida em que apresenta o professor como a-

sujeitado frente às dinâmicas sociais que o cercam, mas, por outro lado, como o

sujeito da ação, o protagonista da história ensinada, o agente primeiro e principal do

processo.

Entendendo então o professor de História da PMMG como uma grande influência

para os novos policiais, é importante haver declarada de início uma identificação

deste professor com a Corporação. Desta forma, o simples fato do professor de

História da PMMG estar fardado constitui forte simbologia para os novos discentes,

concedendo maior legitimidade para o professor. A farda, neste simbolismo, indica o

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alinhamento pretendido entre o professor e a Instituição, percebido que a utilização

dos uniformes fortalecem a disciplina e o conceito da Instituição, como dispõe o

RUIPM (MINAS GERAIS, 2001).

Outra necessidade atribuída ao professor de História da PMMG é a de saber educar

no sentido completo da palavra, no sentido de “dar a alguém todos os cuidados

necessários ao pleno desenvolvimento de sua personalidade” (HOUAISS, 2009)

Além de repassar o conteúdo programático, o professor deve ser capaz de, ao

mesmo tempo, incutir nos alunos um saber moral. Para isso é necessário que o

professor saiba qual a função da educação em si, para que ela serve e como deve

ser trabalhada.

Neste sentido, Tardif (2002, p.163-164) propõe sobre o “modelo de professor ideal”:

[...] o professor ideal fundamenta sua ação nas ciências da educação, principalmente na psicologia, e, ao mesmo tempo, orienta a sua ação de acordo com uma ordem de valores e de interesses chamada, nos anos 60, de “novo humanismo”. Sua prática educativa participa, portanto, a um só tempo, da ciência e da ação moral; conjuga os méritos das ciências do comportamento e da aprendizagem e as virtudes de uma ética da pessoa, de sua autonomia e de sua dignidade.

Outra atribuição dos professores do CFO, sobretudo do professor de História da

PMMG, conforme a DEPM expressa, é a de desenvolver e preparar o militar para o

exercício da profissão (MINAS GERAIS, 2012, p.2). Ainda segundo o mesmo

documento, o processo de aprendizagem deve ser intermediado pelo professor, que

deve construir a competência profissional. Neste sentido, competência profissional é

entendida pela DEPM como sendo “a capacidade de mobilizar conhecimentos,

habilidades e atitudes em situações reais necessárias ao exercício de cargos na

Polícia Militar” (MINAS GERAIS, 2012, p.1).

Após estas abordagens, temos que o papel do professor deve ser sobressaltado

sobre as demais funções, devido ao conjunto de atribuições e responsabilidades

envolvidas no ato de ensinar. Por esta questão torna-se necessário que o professor

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seja diferenciado dos demais, que possua características pessoais e profissionais

apropriadas à atividade.

3.2 Características do professor

Para bem cumprir os objetivos estipulados para a disciplina, haja visto o papel do

professor, explicitado no subitem anterior, é de extrema importância que este

profissional tenha um perfil adequado à atividade. Em que pese a existência de

documentos que fazem referência ao corpo docente do Ensino de Polícia Militar,

eles o fazem de uma maneira pouco objetiva, dando margem para interpretações

diversas.

Iniciando pela DEPM, esta trata de como deve ser constituído o corpo docente, do

que expõe:

Art. 193. O corpo docente será constituído por professores civis e militares, formados nas diversas áreas do conhecimento, observada a titulação mínima exigida, designados na forma da lei.

§ 1º A titulação mínima exigida para os professores dos cursos de nível superior será a pós-graduação lato sensu,

§ 4º Nos cursos de graduação da PMMG, para as disciplinas de conteúdo predominantemente técnico-policial ou militar, somente será exigida do professor a graduação, desde que não haja pós-graduação lato sensu na área específica da disciplina e mediante aprovação prévia do Conselho Estadual de Educação. (MINAS GERAIS, 2012, p.55)

Ainda tratando do mesmo tema, retomando a DEPM, temos no referido documento

que “Para as disciplinas típicas de Polícia Militar, deverá ser designado professor da

PMMG que comprove capacidade técnico-profissional pertinente.” (MINAS GERAIS,

2012, p.56, grifo nosso). Porém, tal diretriz não elucida quais são estas disciplinas,

apesar de dividir as disciplinas em áreas de conhecimento.

Em que pese a DEPM 2012 não tratar da Matriz Curricular do primeiro ano do CFO,

a DEPM 2010 apresenta, no seu ANEXO A (que trata das Matrizes Curriculares dos

Cursos da PMMG), a disciplina História da PMMG inserida na área de conhecimento

denominada “Missão Policial”. Fato é que, na mesma área de conhecimento, estão

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elencadas, paradoxalmente, as disciplinas de Ordem Unida e Filosofia (MINAS

GERAIS, 2010, p.101), ou seja, não se tem uma definição exata de quais entre as

disciplinas devem ter, necessariamente, um professor que seja policial militar.

Além da questão já citada com relação à área de estudo da disciplina História da

PMMG na DEPM, o Programa de Disciplina também trata do perfil do professor da

disciplina. O Programa de Disciplina, em alinhamento com a DEPM, dispõe que os

professores de História da PMMG devem ser, no mínimo, pós-graduados e ter

conhecimento e atuação na área da disciplina (ver ANEXO A). Por outro lado, o

documento não demonstra em qual área do conhecimento deve ser a graduação ou

pós-graduação, e o termo “conhecimento e atuação na área da disciplina” é amplo,

restando uma lacuna neste sentido.

Percebe-se então que falta uma definição objetiva de qual o perfil necessário para

lecionar História da PMMG no que tange à formação do candidato ao cargo. Esta

escolha então fica sem parâmetros objetivos, tornando a contratação de professores

mais sujeita a falhas quando da procura de um professor que possa conduzir a

disciplina de maneira próxima do ideal pretendido.

Conforme referenciado, se observado apenas o que dispõe os documentos

institucionais existentes, torna-se possível conceber um profissional com formação e

pós-graduação em qualquer área de conhecimento lecionando a disciplina de

História da PMMG no CFO. Contudo, nota-se a necessidade de dois pontos

essenciais para o ensino: saber educar e ter o domínio do conteúdo.

No processo de ensino-aprendizagem a aptidão e formação docente direcionada é

um fator imprescindível. É necessário que o educador tenha o domínio para ensinar,

não sendo permitidas situações evasivas ante ao conteúdo. Como dizem Freire e

Horton (2003, p.79): “[...] é impossível compreender o ensino sem o aprendizado e

ambos sem o conhecimento. No processo de ensinar há o ato de saber por parte do

professor. O professor tem que conhecer o conteúdo daquilo que ens ina”.

A partir desta visão, o professor de História da PMMG tem que ser conhecedor da

História da PMMG, como dispõe o Programa de Disciplina. Importante ressaltar que

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este conhecimento, devido ao caráter ideológico da disciplina, deve ser feito por

meio de uma narrativa da instituição. É importante que este conhecimento seja

crítico, porém produzido com caráter político.

Desta forma, com base nos documentos citados, percebe-se que há, por parte da

Corporação e da Escola de Formação de Oficiais (EFO), uma preocupação no

sentido de selecionar o melhor corpo docente para a formação dos futuros oficiais.

Por outro lado, falta uma definição de critérios mais pormenorizados e objetivos para

cada disciplina (que poderia constar no Programa de Disciplina), observadas suas

características próprias.

Demonstrada a peculiaridade da disciplina de História da PMMG, que tem como

objetivo infundir nos futuros oficiais o amor à Corporação, verifica-se a necessidade

de termos um profissional com sentimento de pertencimento em relação à

Corporação. Para que este educador seja capaz de atingir os objetivos propostos

pela disciplina, ele precisa reunir um conjunto de atributos que o permitam atuar num

processo de ensino - aprendizagem em sintonia com a EPM.

3.2.1 Formação e identidade

A formação do professor de história, sobretudo do professor de História da PMMG, é

algo que merece atenção especial deste trabalho. Esta atenção é necessária dada

às próprias características da disciplina. Um dos objetivos apresentados é infundir o

amor à Corporação, algo inimaginável para quem não foi formado a ponto de

estabelecer esse sentimento de pertencimento, visto que sentimentos não são

ensinados.

Conforme nos demonstram Santos e Cardôzo (2011, p.4):

O processo de formação tem um papel fundamental na construção da identidade profissional do educador e na constituição da disciplina de História ao longo dos anos, pois a formação vai definir traços no âmbito profissional. A formação inicial desempenha uma função mobilizadora e problematizadora, onde acontece a transmissão de saberes e constituição de posturas teóricas, enfim, é espaço de construção de identidades docentes.

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E ainda Cunha e Cardôzo (2011, p.146) complementam:

Tornou-se lugar-comum a noção de que a formação permanente do educador de história se faz ao longo de toda sua vida. O processo de formação permanente do professor, sempre inacabado, construído ao longo da trajetória pessoal e profissional, é multifacetado, dialógico e complexo.

Neste contexto, fica evidente que o professor de História da PMMG deve ter uma

formação inicial e contínua que o leve a ter uma maior identidade com a Corporação,

visando ter condições de incutir no aluno a visão institucional por meio do

conhecimento compartilhado do que faz parte da vida deste profissional. Um

professor que tenha sua formação dissociada da formação policial dificilmente terá

condições de ensinar algo que não faça parte da sua própria história pessoal e

profissional, tendo dificuldades de assumir a postura esperada do professor de

História da PMMG.

Colaborando com esta ideia, Veiga (2009, p.29) afirma que:

[...] a identidade docente é uma construção que permeia a vida profissional desde o momento da escolha do ofício, passando pela formação inicial e pelos diferentes espaços institucionais onde se desenvolve a profissão, o que lhe confere uma dimensão no tempo e no espaço.”

Pensando a Polícia Militar como o espaço institucional onde será desenvolvida esta

profissão, somada a compreensão contextualizada do tempo presente, temos que

esta dimensão de tempo-espaço será melhor compreendida e trabalhada na

disciplina por um profissional que viva o cotidiano das experiências policiais, devido

sua imersão na cultura institucional.

Ainda neste ponto, Azevedo (2010, p.15) demonstra que:

O ensinado se constitui de sentido no trabalho do professor, que opera com os múltiplos constrangimentos e cerceamentos que limitam seu ofício. Neste sentido, a produção de sentido na história ensinada é exercida em uma arena dialógica permeada por conflitos e relações de poder; entretanto, o professor, em sua ação, goza de uma autonomia parcial e uma criatividade limitada pelo tempo-

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espaço sócio-histórico que constitui o contexto em que os seus enunciados estão sendo produzidos.

Desta forma, nesta relação de ensino-aprendizagem percebe-se que apenas com a

imersão do professor neste contexto se conseguirá a necessária ligação com o

projeto educativo do estabelecimento, dadas as suas limitações, devida sua inserção

de tempo e espaço. Neste contexto, na visão de Charlier (2001, p.102), somente

este alinhamento permitirá aos professores encontrar o apoio necessário para

realizar as mudanças que desejam e, por outro, permitirá à escola tirar partido de

seu investimento.

A ideia de Nóvoa (1994, p.17) colabora com os autores citados, na medida que ele

explica que:

A maneira como cada um de nós ensina está diretamente dependente daquilo que somos como pessoa quando exercemos o ensino. [...] Eis-nos de novo face à pessoa e ao profissional, ao ser e ao ensinar. Aqui estamos. Nós e a profissão. E as opções que cada um de nós tem de fazer como professor, as quais cruzam a nossa maneira de ensinar a nossa maneira de ser. É impossível separar o eu profissional do eu pessoal

Adaptando esta última citação para a pesquisa, percebe-se que não tem como

separar o eu professor do eu policial quando do exercício do ensino de História da

PMMG. A identidade criada ao longo dos anos se torna muito forte e, se diferente do

que espera a Corporação, o ensino será prejudicado por ideais disformes, que não

convergem com os interesses da Instituição.

Retomando a visão de Azevedo (2010, p.7) “O professor é um sujeito do seu tempo-

espaço e seus enunciados são compostos por ecos que permeiam esta realidade.”

Neste mesmo raciocínio a autora ainda ressalta que “sua identidade é marcada

pelas relações sociais e de poder que constituem a realidade que a circunstancia.”

Corroborando com Azevedo, Cunha e Cardôzo (2011, p.159) postulam não ser

interessante que se ignore a história de vida de cada professor na produção dos

significados que eles atribuem ao fazer docente. Neste sentido, a formação de

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rofessores é um processo que extrapola os cursos frequentados, sendo então uma

formação permanente, tal qual a constituição da identidade profissional.

Nesta mesma linha de raciocínio, retoma-se Azevedo (2010, p.9) que expõe:

É inegável a relação do ensino de história com as questões de identidade e cultura. Da mesma forma, também não podemos negar seu compromisso de origem com a modernidade e os modos de pensar a realidade inerente a este pertencimento.

Entende-se então que, para o ensino de História da PMMG, o professor necessita

estar imerso na identidade e cultura organizacionais, porém não pode deixar de se

atualizar. É importante que o professor tenha total conhecimento do contexto onde

está inserido, sem deixar de observar os princípios basilares da Corporação.

Para que se tenha em mente os princípios basilares e a missão institucional, é

indispensável que o professor da disciplina de História da PMMG tenha um forte

sentimento de pertencimento, de forma a chegar o mais próximo possível dos

objetivos da disciplina.

Neste ponto Azevedo (2010, p.10) ainda ressalta que:

A concepção de tempo-espaço que adotamos também é marcada por nosso arcabouço conceitual e por nossa história de vida. Mesmo permeada pelas questões de cultura, não negamos nosso pertencimento e filiação a uma concepção de racionalidade processual, que se estabelece discursivamente no mundo da vida.

Acompanhando este raciocínio, tem-se que, para estar situado dentro do que

preveem os documentos institucionais, a formação deve ser dividida em dois pontos

principais: primeiramente uma formação como professor de História e conjuntamente

uma formação moral e cultural pautada nos valores institucionais da PMMG.

Desta forma, torna-se necessário a formação continuada de um profissional que seja

mais que somente um bom professor de História e mais que somente historiador ou

conhecedor da História da PMMG. É necessária uma formação completa, que

ensine a congregar estas duas características em um mesmo profissional.

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4 A DISCIPLINA HISTÓRIA DA PMMG

Desde o início do Curso de Formação de Oficiais (CFO), em 1934, já se

demonstrava a preocupação com o estudo da disciplina histórica. Na primeira turma

do CFO, curso entre 1934 e 1936, os discentes tinham aulas de História nos três

anos de curso, porém a disciplina não tinha caráter propriamente militar. No primeiro

e segundo anos, os cadetes tinham aulas de História do Brasil, e no último ano de

curso eles aprendiam sobre História da Civilização (COTTA, 2001, p.46).

Neste sentido, Azevedo (2010, p.9) afirma que “É inegável a relação do ensino de

história com as questões de identidade e cultura.” Por assim ser, em 1987 tomou

lugar no currículo do CFO a disciplina “História Militar da Polícia Militar do Estado de

Minas Gerais” (MARCO FILHO, 2005, p.7). Como ainda ocorre, a disciplina tinha o

caráter explícito de fazer com que o futuro oficial desenvolvesse um amor pela

Corporação a partir do conhecimento da História da Corporação.

Abordando a necessidade da disciplina na malha curricular do CFO, Marco Filho

(2005) demonstra o objetivo da disciplina quando em seu prefácio exclama “Não se

ama o que não se conhece”, e segue “Em boa hora, a Academia de Polícia Militar do

Prado Mineiro incluiu, no currículo do CFO, a disciplina ‘História Militar da Polícia do

Estado de Minas Gerais”(MARCO FILHO, 2005, p.7).

Desta forma, o autor acredita que, para formar o que ele denomina de oficial “de

verdade”, é necessário infundir-lhes o amor à Polícia Militar, para que esta não se

componha de “apenas, técnicos em operações policiais-militares, ou melhor,

mercenários e não Oficiais amantes de sua Corporação” (MARCO FILHO, 2005, p.7,

grifo do autor).

A ideia de Marco Filho (2005) foi toda transferida para o Programa de Disciplina, que

traz na ementa a mesma ideia demonstrada no livro do autor, de que: “A disciplina

visa não só preparar os futuros oficiais da Polícia Militar, mas também infundir-lhes,

no espírito o amor à Corporação, através do conhecimento do nosso passado

histórico.” (ver ANEXO A)

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Cabe ressaltar que a obra de Marco Filho “é um manual com fins pedagógicos”

(COTTA, 2006, p.25). Ressalta-se ainda que, desde quando foi escrito, o livro foi de

pronto recepcionado pela Instituição, tendo sido base para o ensino da disciplina

História da PMMG no CFO e com ela quase se confundir.

Sobre a recepção do livro pela instituição, no ano de sua publicação, o Comandante

Geral da Polícia Militar assina a Resolução Nº1.677, de 11 de março de 1987, com a

seguinte redação:

Art. 1º - Fica aprovada a obra “História Militar da PMMG”, de autoria do Ten-Cel PM QOR Pe. LUIS DE MARCO FILHO.

Art. 2º - Fica considerado Trabalho Técnico-Profissional nos termos da Relução nº1.573, de 07Jul86, a obra referida no artigo anterior (MINAS GERAIS, 1987).

Percebe-se pelo exposto que a disciplina da forma como foi concebida, em 1987,

retrata um contexto em que o ensino de história era conteudista e factual. Na visão

de Cunha (1989, p.29) esse ensino praticado é fruto de uma forte influência

positivista1 que definia as coordenadas da cultura brasileira de ensino, que, por sua

vez, ignoravam o condicionamento histórico-social do conhecimento.

Neste sentido Cunha (1989, p.30), apresenta que “o estado atual do conhecimento

que se desenvolve em nossas escolas é fruto, certamente, da influência positivista

sobre as práticas que lá se desenvolvem. E o professor é o principal veiculador

dessas práticas.”

Atualmente, o ensino de história se encontra numa outra fase, tendo passado por

diversas mudanças. Percebe-se que o âmbito da história da educação:

[...] passou por um verdadeiro processo de renovação. No Brasil, especificamente nos últimos vinte anos, esse campo de estudos aproximou-se de uma nova forma de escrever a história [...] os estudos passaram a ser mais localizados e contextualizados, lidando

1 O positivismo é uma corrente filosófica que surgiu na França e que chegou ao Brasil no começo do

Séc. XX, defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro, não considerando os conhecimentos ligados as crenças, superstição ou qualquer outro que não possa ser comprovado cientificamente.

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com períodos de tempo mais curtos. [...] Além das fontes oficiais, que têm recebido um novo olhar e um novo tratamento, outras fontes passaram a ser utilizadas, tais como a fotografia, a literatura, os manuais escolares, os jornais e revistas, a “história” oral etc. (GALVÃO; SOUZA JÚNIOR; 2005)

No mesmo sentido, Santos e Cardôzo (2011, p.9-10) trazem o entendimento que:

Nos anos 90 a historiografia e o Ensino de História no Brasil passam a admitir novos enfoques e novos temas com a contribuição da subjetividade, do cotidiano e da memória, A disciplina de história abriu espaço não só para aprender sobre uma memória nacional, enaltecer heróis, decorar datas, mas para aprender sobre memórias plurais, mentalidades e culturas diferentes. [...]

As renovações na historiografia, com a inclusão de novos métodos e fontes, possibilitaram mudanças na História Ensinada ao influenciar teoricamente os professores da disciplina.

De acordo com essa corrente temos que o ensino de história no Brasil passou por

modificações substanciais nos últimos vinte anos. Estas mudanças certamente

foram embasadas nas constantes pesquisas e publicações sobre o tema ensino de

história das últimas décadas (TAMASO, 2011). Desta forma, cabe uma análise do

ensino de História da PMMG, visando a evolução da disciplina dentro dos novos

moldes cientificamente propostos.

Nesta linha, é percebido que hoje, na Educação de Polícia Militar, é esperado mais

que um ensino puramente factual, na medida em que:

A EPM tem por finalidade o desenvolvimento e o preparo do militar para o exercício da profissão e, como parâmetros, os fundamentos institucionais de disciplina e hierarquia, direitos humanos, polícia comunitária, gestão por resultados e identidade organizacional (MINAS GERAIS, 2012, p.2).

A partir dessa afirmativa, entende-se que, muito mais que a pura transmissão de

dados, a disciplina, para preparar o militar para o exercício da profissão, precisa

favorecer a produção de um conhecimento de fato das dinâmicas que envolvem a

História da PMMG. Certamente este conhecimento não poderia ser adquirido por

meio do ensino de História da PMMG ministrado de uma forma factual.

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Para o ensino de história regular, afirma o Ministério da Educação (MEC) que é

importante, para a disciplina de História, o aprendizado dos alunos no que tange a

realização de pesquisas históricas, de forma que assim eles poderão “refletir sobre a

importância dos estudos históricos e assumir atitudes éticas, criteriosas, reflexivas,

de respeito e de comprometimento com a realidade social” (BRASIL, 1998).

Ainda nesta linha de raciocínio, Tamaso (2011, p.14) informa sobre a preocupação

no PCNs para o Ensino Médio, que

avança no sentido de propor que a disciplina histórica ofereça aos jovens condições para identificarem as relações que as diferentes experiências históricas guardam entre si e com outros sujeitos em tempos, lugares e culturas diversas. Essa concepção para o Ensino de História passa pela compreensão da historicidade e pela ressignificação das suas experiências – tempo (duração) e espaço (social) – concebidas por meio de uma perspectiva cultural da história.

Adaptando as tendências observadas para o ensino de história da PMMG no CFO,

nota-se que, para o bom aproveitamento da disciplina, é importante que se trabalhe

de forma contextualizada, levando o aluno à construção de um conhecimento que

produza a qualificação profissional pretendida.

A construção deste conhecimento então pode se dar de várias maneiras, de acordo

com métodos utilizados na disciplina. Como afirma Dubet (1997, p.226):

A gente vê professores que adotam métodos tradicionais que funcionam muito bem e outros que têm métodos ativos que funcionam. Mas a gente vê também professores que se obrigam a aplicar métodos que não são os seus e não dá certo. E aliás, os alunos são muito sensíveis a este tipo de adequação da personalidade do professor e de seu estilo pedagógico. Temos então interesse em deixar uma multiplicidade de métodos possíveis.

Contudo, dadas às características do ensino de História que se espera para CFO,

aliadas a grande burocracia e a questão da tradição fortemente difundida entre os

integrantes da Corporação, pode-se ressaltar dois métodos em especial como os

mais indicados para o ensino da disciplina História da PMMG: a História Patrimonial

e a História Oral.

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4.1 Método patrimonial do ensino de História

A Instituição Polícia Militar de Minas Gerais é burocrática e tradicionalista. Fatos que

demonstram essa afirmativa é, primeiramente, a quantidade de documentos que são

criados dia após dia para se conduzir os serviços de maneira organizada,

característica das instituições militares. Como outras instituições militares também o

fazem, a PMMG preza pela manutenção de sua memória e sua tradição. Isso se

percebe pela menção aos seus heróis, às batalhas que participou e a preocupação

em se manter uma identidade organizacional forte.

Toda esta preocupação com a guarda da memória conduz a Instituição a manter

grande fonte para pesquisas, seja por meio de documentos ou de objetos históricos.

Estes documentos, quando observados com olhar crítico, demonstram o contexto de

cada tempo-espaço e, quando estudados de forma dirigida, constituem importante

fonte de conhecimento historiográfico. Desta forma são grandes os benefícios de se

estudar a história da corporação pelo viés patrimonial.

Conforme nos informa Tamaso (2011, p.3) a respeito do que é a educação

patrimonial:

A educação patrimonial como metodologia de ensino é, assim, um processo constante de ensino-aprendizagem que tem por objetivo central e foco de ações o Patrimônio. Sendo assim, quanto mais próximos os objetos de estudo, maior será a chance para que as relações de identidade se estabeleçam entre sujeito e objeto de estudo. Logo, a história local e regional passa a ser o centro nas reflexões a serem desenvolvidas entre comunidade escolar – sociedade – história. (grifo nosso)

Analisando o conceito de Tamaso (2011) e as características já citadas sobre a

memória da Instituição, fica o entendimento de que o ensino de História da PMMG

por meio do método patrimonial é factível, visto que o patrimônio está à disposição

para ser estudado. Utilizando tal forma de estudo, este método auxiliar ia

sobremaneira no estabelecimento de uma maior identidade entre sujeito e objeto de

estudo, ou seja, o policial que cursa o CFO e a Polícia Militar de Minas Gerais.

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Identidade esta entendida como ponto alcançável mais próximo do “amor à

Corporação” objetivado no Programa da Disciplina.

Interessante demonstrar que Tamaso (2011) apresenta duas dificuldades para o

ensino de história pela perspectiva patrimonial. São essas dificuldades o tempo

limitado para o preparo das aulas, devido à carga elevada de aulas por parte dos

professores, e a dificuldade de acesso a documentos históricos ou a ausência deles.

Retornando à questão da guarda da memória pela PMMG, percebe-se que a

dificuldade para o acesso aos documentos e objetos históricos pode ser descartada.

Sobre o tempo limitado para preparo das aulas, que Tamaso (2011,p.15) coloca

como culpa a baixa remuneração e a consequente necessidade de dar aulas em

vários lugares, este trabalho apresenta que são apenas 20 horas aula por curso (ver

ANEXO A), o que possibilita ao professor preparar as aulas de todo o período. Por

outro lado, tal assunto não foi estudado neste trabalho, não podendo ser afirmado.

Desta forma, resta que o ensino de História da PMMG no CFO, por uma perspectiva

patrimonial, pode ser ministrado de forma a só trazer vantagens para os alunos e,

consequentemente, para a Instituição e para a sociedade em geral. Este ganho é

produzido a partir do momento que os alunos aprendem melhor e criam maior

identidade com a Polícia, o que resulta numa melhor prestação de serviços, alinhada

com a identidade organizacional.

Por outro lado, ainda como vantagens do ensino pelo método patrimonial, se

observado o ponto de vista dos alunos, Tamaso (2011, p.15) traz a seguinte

concepção:

[...] considero que a experiência com a educação patrimonial pode ser o caminho mais seguro para fazer do ensino de história, além de prazeroso, muito mais rico, já que permite ao aluno a possibilidade de conhecer documentos diversos e fazer leituras variadas sobre um mesmo fato, portando-se como um aprendiz de historiador.

A partir desta ideia, percebe-se que a pesquisa nas fontes primárias geram no

discente um maior interesse pelo estudo, o que o torna mais prazeroso, conduzindo

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a uma maior motivação e a maior produção de conhecimento. O discente enquanto

“aprendiz de historiador”, se vendo cercado de documentos e objetos históricos, tem

sua curiosidade aguçada e termina por fazer várias leituras sobre o mesmo fato,

levando a uma contraposição entre duas ou mais informações, criando o

conhecimento.

4.2 Método de História Oral

Sobre o ensino de história da PMMG, outro método capaz de criar uma maior

identidade entre sujeito e objeto é o método de ensino de História por meio da

História Oral. Para este entendimento, colabora Ricoeur (2007), defendendo a

relação da história e da memória por meio de uma perspectiva dialógica, em que

situa a memória sendo uma fonte privilegiada do conhecimento histórico.

Sobre a questão do início da história oral, Cunha e Cardôzo (2011) apresentam que

a história oral começou a ser trabalhada no Brasil a partir dos anos 1970, se

expandindo apenas na década de 1990, seja como metodologia, como técnica ou

fonte.

Neste sentido, tal método de ensino de História:

[...] dirige seu foco especialmente para a experiência pessoal do entrevistado, enfatizando sobremaneira seus processos subjetivos e sua(s) identidade(s). [...] Este depoimento oral, ao mesmo tempo em que reconstrói uma história pessoal, promove, também, um profundo processo de revisão, reconstrução e ressignificação do passado e do presente, resultando numa narrativa estruturada da própria história do entrevistado, agora apresentada com objetivos públicos (ATAÍDE, 2006, p.138, grifo nosso).

Pelo entendimento desta citação, compreende-se que a utilização da história oral

como método de ensino da disciplina História da PMMG seria de grande valor para a

produção de conhecimento do aluno. Trabalhando com a memória do entrevistado,

previamente escolhido pelo professor, dadas suas características pessoais, se teria

condições de rever o passado pelos olhos de alguém que o viveu, podendo-se

observar rupturas e continuísmos ao longo da História Institucional.

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Cabe fazer uma ressalva no que tange ao entendimento destas narrativas, uma vez

que, como ressalta Ataíde (2006, p.138), “nessas entrevistas, o narrador está livre

para construir a sua própria versão, na qual poderá ocultar, revelar e recriar sua

experiência pessoal.” Por conta desta observação que o professor deverá se

empenhar em convidar para o debate em sala de aula alguém que seja um

referencial e que tenha em mente os objetivos de sua colaboração no processo

ensino-aprendizagem.

Ainda neste contexto é importante que o professor saiba como conduzir as

entrevistas e como trabalhar as narrativas com os alunos, pois como afirma Samuel

(1989, p. 237-239):

O valor dos testemunhos depende do que o historiador traz, assim como daquilo que ele leva, da precisão das perguntas e do contexto mais extenso de conhecimento e entendimento do qual elas derivam. O relato vivo do passado deve ser tratado com respeito, mas também com crítica: como o morto.

Esta citação conduz ao entendimento de que o professor precisa de preparo e

conhecimento para trabalhar com História Oral, pois é necessário contextualizar o

que foi narrado ao tempo-espaço onde tais acontecimentos foram vividos. Esta

contextualização torna-se necessária na medida em que o narrador busca “a

constituição de um sentido que transcende o evento em si, recorrendo-se

inevitavelmente à imaginação e à interpretação do mundo” (CUNHA; CARDÔZO,

2011, p.143). Por assim ser, toda a entrevista ou testemunho que venha constituir

fonte historiográfica deve ser acompanhado e posteriormente analisado criticamente

pelo professor juntamente com os alunos.

Neste viés, poderiam ser criadas aulas e propostas de trabalhos nas quais os alunos

ouviriam relatos de militares que vivenciaram importantes momentos para a

Corporação, como as experiências do policiamento nas ruas de Belo Horizonte, na

década de 1950, a Revolução de 1964 ou a Guerrilha do Parque Nacional do

Caparaó, entre outros. Desta forma também poderiam ser abordados temas mais

recentes, como a recepção da Constituição de 1988 ou a busca de uma nova

identidade Institucional a partir da filosofia de Polícia Comunitária.

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Por meio destas conversas direcionadas, os cadetes poderiam observar rupturas e

continuidades durante as transformações estruturais e conjunturais passadas pela

PMMG desde a segunda metade do século XX até a contemporaneidade. Com esta

observação, se poderia chegar até temas atuais, quando se incluiria o discente,

situando-o historicamente, o que desenvolveria nele o sentido de pertencer

(Zamboni, 1993), buscado pela disciplina História da PMMG.

Interessante ressaltar que o ensino por meio da História oral ainda beneficia, em

segundo plano, os policiais da reserva e reformados2. Estes experientes policiais, a

partir do momento que contribuem para a produção do conhecimento histórico,

prestam um serviço que os engrandece pessoalmente e os colocam novamente no

ambiente da caserna, que costumam lembrar com muito saudosismo.

Por um lado os discentes ganham por meio da experiência e da narrativa daqueles

que serviram antes deles, por outro lado ganham os narradores, na medida em que

são valorizados e reforçam a identidade que têm com a Instituição. Consequência

desta troca de experiências são a manutenção das tradições policiais militares

repassadas através das gerações e a produção do conhecimento histórico, de forma

a criar uma maior identidade entre o policial e a Instituição.

2 Militar da reserva e reformado são os policiais que não prestam serviço na ativa (MINAS

GERAIS,1969). Geralmente são policiais com idades superiores a 50 anos de idade.

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5 METODOLOGIA DA PESQUISA

Visando à cientificidade desta pesquisa, ela foi estruturada com base em métodos

científicos de estudo; métodos estes imprescindíveis em todos os estudos científicos

e em quaisquer áreas nas quais o pesquisador pretende se aprofundar, na medida

em que permitirão alcançar o objetivo final com maior segurança, por traçarem o

caminho a ser seguido pelo cientista, detectando erros e auxiliando suas decisões

(MARCONI e LAKATOS, 2010, p.65).

Por outro lado, não se pode negar a visão posta por Cunha (1989, p.42-43) de que

“o pesquisador, como membro de uma sociedade localizada no tempo e no espaço,

reflete, no seu trabalho, também os valores que traz consigo, analisando os dados e

mapeando a realidade de acordo com seu referencial.”

5.1 Contextualização do objeto de estudo

O curso que constituiu a delimitação espacial desta pesquisa foi o Curso de

Formação de Oficiais (CFO). Este curso é ministrado na Escola de Formação de

Oficiais (EFO), hierarquicamente subordinada à Academia de Polícia Militar (APM),

que abriga espacialmente a Escola, localizada na rua Diabase, nº320, no bairro

Prado, em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais.

O CFO da Polícia Militar de Minas Gerais é um curso de referência entre as polícias

brasileiras, sendo o curso responsável por formar os oficiais que compõem o Quadro

de Oficiais da Polícia Militar, recebendo então civis e praças de toda Minas Gerais,

que fazem o curso na APM, após concurso público, e, depois de formados, são

declarados Aspirantes e transferidos para as várias localidades do Estado de Minas

Gerais, de acordo com a necessidade do serviço.

Por ser uma instituição de referência, a APM também recebe militares e civis de

outras polícias para realizar os vários cursos oferecidos pela PMMG. Atualmente a

PMMG tem convênio firmado com a Polícia Militar do Espírito Santo, que enviou

cadetes para cursarem o CFO juntamente com os militares da PMMG. Estes cadetes

são em número de 45 divididos entre o último e o segundo anos, porém não

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responderam a pesquisa por se tratar de uma disciplina de interesse particular dos

discentes da PMMG, em que pese os cadetes do Estado do Espírito Santo também

tenham cursado a disciplina.3

O Curso de Formação de Oficiais necessita de dedicação exclusiva do cadete em

período integral. O Curso tem uma média de oito aulas por dia, com disciplinas

variadas que compõem o currículo dos três anos do CFO4. Por ser uma escola de

formação Policial Militar, suplementa o ensino diversas atividades extracurriculares,

principalmente os estágios supervisionados dos cadetes em serviços internos e

externos durante os períodos de aula.

A ideia desta pesquisa surgiu após a observação crítica da disciplina História da

PMMG, ministrada no primeiro ano do CFO, uma vez que o pesquisador é bacharel

e licenciado em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora e percebeu que

a disciplina tem grande potencial e poderia contribuir mais para a formação dos

futuros oficiais e para a Corporação em geral.

5.2 Definição dos procedimentos metodológicos

Uma vez que o objetivo da pesquisa é analisar o ensino de História da PMMG

ministrado por meio da disciplina de mesmo nome nos anos de 2010 e 2011, optou-

se pela realização de uma pesquisa explicativa, pois de acordo com Gil (2008, p.

47), essa abordagem “[...] tem como objetivo primordial identificar fatores que

determinam ou que contribuem para a ocorrência de fenômenos”. Além disso, o

mesmo autor destaca que a pesquisa explicativa é a que mais aprofunda o

conhecimento da realidade.

A partir do delineamento dos objetivos da pesquisa, definiram-se os procedimentos

metodológicos para coleta de dados. Neste sentido, por meio da documentação

direta extensiva, optou-se por um levantamento (pesquisa quantitativa) de caráter

3 Os cadetes do Espírito Santo são os que estão listados no ANEXO D que têm o número de polícia indicado por três dígitos apenas. As notas deles não foram analisadas nesta pesquisa.

4 Os Cursos a partir de 2012 terão duração de um ano e meio, devido à Emenda à constituição nº 83, de 3 de agosto de 2010 (MINAS GERAIS, 2010) que modificou o critério de admissão no

Curso. Na nova redação, um dos pré-requisitos para o Curso é ser bacharel em Direito, o que reduziu o tempo de curso.

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censitário, uma vez que foi entregue o questionário a todos os cadetes que estão

atualmente no CFO e que fizeram esta disciplina nos anos de 2010 e 2011. O

questionário então configura-se como um importante instrumento de coleta de

dados, aplicado diretamente aos discentes, constituído por uma sequência ordenada

de perguntas.

Essa opção pelo levantamento se justifica pelo fato de termos um objeto de estudo

suficientemente delimitado e calcado em perspectivas teóricas consistentes. Nesse

sentido, Gatti (2006, p.31) reitera e confirma a opção pelo delineamento utilizando

também um levantamento, próprio de pesquisas quantitativas:

Verificamos que os estudos com dados quantificados, com estas características e contextualizadas por perspectivas teóricas, com escolhas metodológicas cuidadosas, trazem subsídios concretos para a compreensão de fenômenos educacionais indo além dos casuísmos e contribuindo para a produção/enfrentamento de políticas educacionais, para planejamento, administração/gestão da educação, podendo ainda orientar ações pedagógicas de cunho mais geral ou específico. Permitem ainda desmistificar representações, preconceitos, “achômetros”, sobre fenômenos educacionais, construídos apenas a partir do senso comum do cotidiano, do marketing ou dos slogans.

É importante ressaltar que o questionário foi validado após a sua elaboração. Para

isto, aplicou-se este questionário a seis cadetes da Polícia Militar do Estado do

Espírito Santo, com o objetivo de identificar e corrigir falhas antes de sua aplicação

ao público-alvo deste estudo.

O modo de apresentação dos dados da pesquisa foi descritivo, usando-se a

quantificação nos casos em que foi necessário caracterizar os sujeitos e quando a

quantificação acrescentou relevância para a compreensão do fenômeno. Portanto, o

esforço desta pesquisa ultrapassa a mera descrição, buscando produzir análise

sobre o assunto focalizado.

Em relação aos procedimentos de análise, optou-se pela análise qualitativa dos

dados quantificados, a partir do diálogo com diversos autores. Assim, a pesquisa

bibliográfica surge como importante ferramenta pois, segundo Lakatos e Marconi

(2007, p.185), “a pesquisa bibliográfica [...] envolve toda bibliografia já tornada

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pública em relação ao tema de estudo [...].” Os mesmos autores complementam que

a referida forma de pesquisa tem como finalidade colocar o pesquisador em contato

direto com todo o material que já foi escrito, dito ou filmado a respeito de um

determinado assunto.

Ainda em relação aos procedimentos de análise, utilizou-se também a pesquisa

documental, que utiliza com fonte de coleta de dados “[...] documentos escritos ou

não, constituindo o que se denomina de fontes primárias” (LAKATOS e MARCONI,

2007, p.176). No caso deste estudo, as fontes documentais foram documentos

normativos e de registros acadêmicos.

5.3 Procedimentos de coleta de dados da pesquisa

Para o público alvo, foram aplicados 121 questionários, para todos os cadetes do

segundo e último anos do CFO, excluído este pesquisador, dos quais só foram

devolvidos 113, sendo um deles anulado devido à grande quantidade de questões

não respondidas e de questões respondidas incoerentemente.

Ao final, trabalhou-se com 112 questionários, o que corresponde a 92,6% do total de

cadetes. Este percentual está bem acima daquele proposto por Lakatos e Marconi

(2007) para pesquisas com questionários (25% de retorno), o que eleva o grau de

cientificidade desta pesquisa.

Cabe ressaltar que os cadetes do último ano tiveram dúvidas para responder a

algumas das perguntas do questionário, visto que tiveram aulas com dois

professores diferentes durante a disciplina História da PMMG. Nestes casos, os

cadetes que fizeram a disciplina em 2010 não sabiam em quais das aulas eles se

baseariam para as respostas. O professor substituto assumiu as três turmas poucas

aulas antes do término da disciplina, devido a problemas de saúde do professor

titular. Importante dizer que o professor substituto foi responsável por elaborar a

avaliação deste ano, fato que gerou maior diversidade nas respostas, em relação

aos cadetes que fizeram a disciplina em 2011.

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Após a aplicação do questionário mencionado e da tabulação dos resultados, foi

organizada uma apresentação com os resultados preliminares dessa tabulação,

colocados sob a forma de gráficos de modo a favorecer a visualização das

informações para posterior análise baseada na bibliografia estudada. Estes

resultados serão apresentados e discutidos na seção seguinte.

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6 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA

Para dar suporte à investigação, foi elaborado e aplicado aos alunos do Curso de

Formação de Oficiais (CFO) que estudaram a disciplina em foco nos anos de 2010 e

2011, um questionário composto por vinte questões com o intuito de suscitar

reflexões para suporte à análise do ensino de História da PMMG no CFO. Os

resultados das questões, obtidos nesse questionário, serão abordados abaixo com o

suporte de gráficos ilustrativos.

A primeira questão do questionário visa demonstrar a composição dos cadetes

quanto à separação entre cadetes do último ano de curso e cadetes do segundo ano

de curso5 (GRAF. 1). Dentro desta divisão, os cadetes ainda foram subdivididos

entre aqueles que já eram policiais da PMMG anteriormente, ou seja, estudaram

História da PMMG em outro Curso de Formação, e os que não eram policiais

militares antes de entrar no CFO.

GRÁFICO 1 – Situação do discente em relação ao curso

Fonte: Dados da pesquisa.

5 Os cadetes do último ano tiveram a disciplina História da PMMG no ano de 2010, enquanto os

alunos do segundo ano concluíram a disciplina em 2011, sabendo-se que o Curso de Bacharelado em Ciências Militares tem a duração de três anos e a referida disciplina é ministrada no primeiro ano de curso.

33,9%

16,1% 35,7%

14,3% CFO 3 e fez CTSP (CFSD)

CFO 3 e era civil

CFO 2 e fez CTSP (CFSD)

CFO 2 e era civil

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Verifica-se no gráfico a tendência observada nas últimas turmas do CFO, onde a

maioria dos aprovados no concurso6 é formada por candidatos que já eram policiais.

Cabe ressaltar que os candidatos civis e militares disputam as vagas em igualdade

de condições, o que demonstra bom nível cultural dos servidores policiais e a busca

pela ascensão na carreira.

Nesta questão, também foi pesquisado em qual ano o discente que era praça7

entrou na polícia militar, dado esse que contribuirá para outros pontos de análise

posteriormente.

A segunda questão procurou saber em que grau as aulas da disciplina História da

PMMG contribuíram para a formação do respondente como oficial. O GRAF. 2

demonstra que mais de 75% dos cadetes consideram que as aulas contribuíram

pouco ou não contribuíram para a formação deles.

GRÁFICO 2 - Contribuição das aulas de História da PMMG para a formação

Fonte: Dados da pesquisa.

Esses dados apontam para uma deficiência em relação ao cumprimento do

Programa de Disciplina na visão dos discentes. A ementa deste documento traz que

“A disciplina visa não só preparar os futuros oficiais da Polícia Militar, mas também

6 “O ingresso nas instituições militares estaduais dar-se-á por meio de concurso público, de provas ou

de provas e títulos.” (MINAS GERAIS, 1969). 7 Praça é o nome dado ao servidor militar das seguintes graduações: Subtenente, Sargento, Cabo e

Soldado. Graduação é o grau hierárquico das praças (MINAS GERAIS, 1969).

5,4% 17,0%

67,9%

9,8% Indispensável

Contribuiu muito

Contribuiu pouco

Não contribuiu

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infundir-lhes, no espírito o amor à Corporação, através do conhecimento do nosso

passado histórico”(ver ANEXO A). Ainda neste sentido, a baixa contribuição vai de

encontro à Diretriz de Educação da Polícia Militar que em seu artigo 6º, parágrafo

único expõe que “A EPM tem por finalidade o desenvolvimento e o preparo do militar

para o exercício da profissão [...]” (MINAS GERAIS, 2012, p.2).

Diante dos documentos mencionados em contraste com o avaliado no questionário,

percebe-se que a disciplina não tem cumprido sua finalidade na medida em que os

policiais não verificam contribuição significativa para sua formação após conclusão

da disciplina.

A terceira questão visa aferir se as aulas de História da PMMG despertaram a

motivação dos alunos. Os dados (GRAF. 3) demonstraram que mais de 90% dos

cadetes consideraram as aulas como pouco ou nada motivadoras.

GRÁFICO 3 – Motivação nas aulas de História da PMMG

Fonte: Dados da pesquisa.

Dentro dessa perspectiva, Cunha (1989, p.120) demonstra pela pesquisa retratada

em sua obra que a “prática pedagógica só tem sentido a partir da motivação dos

alunos.” Para reforçar esta ideia, ela cita um dos docentes pesquisados que

0,9% 8,0%

42,0%

49,1%

Muito motivadoras

Motivadoras

Pouco motivadoras

Nada motivadoras

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“relacionou a motivação do aluno ao professor, ressaltando o quanto é influente o

comportamento docente neste sentido”.

Corroborando com a ideia de Cunha, verifica-se em Dubet (1997, p.231), que “é

preciso uma forte maturidade intelectual para distinguir o interesse pela disciplina do

interesse por quem a ensina.”. Logo, é razoável supor que parte desta falta de

motivação pode ter origem na prática docente.

Por outra análise, elaborada a partir do cruzamento de dados do questionário, é

possível relacionar o desinteresse dos alunos como uma provável consequência dos

métodos de ensino utilizados na condução da disciplina (GRAF. 20). Além disso,

verifica-se que apenas um dos alunos não considera importante conhecer a história

da Corporação (GRAF. 12) e que apenas dois alunos pensam que a disciplina

deveria ser retirada do currículo do CFO (GRAF. 16). A partir destes dados conclui-

se que, apesar da baixa motivação, os discentes reconhecem o valor da disciplina.

Nesta linha, Libâneo demonstra:

A aprendizagem não é uma atividade que nasce espontaneamente dos alunos; o estudo muitas vezes não é uma tarefa que eles cumprem com prazer. Por mais que o professor consiga a motivação e o empenho dos alunos e os estímulos com elogios e incentivos, frequentemente deverá obrigá-los a fazer o que eles não querem. Nesse caso, os alunos devem estar cientes de que o não cumprimento das exigências terá consequências desagradáveis. (LIBÂNEO, 1994, p.235)

A afirmativa do autor revela que, mesmo que as aulas fossem em geral motivadoras,

isso não constituiria a certeza de que todas as tarefas seriam cumpridas com prazer

pelos alunos. Neste caso, (GADOTTI, 2002) reflete que para isso é importante o

trabalho de sedução do professor em relação ao aluno, no sentido de mostrar para

ele que o aprendizado exige esforço, mas é compensador.

O GRAF. 4 apresenta que 84,8% dos discentes nunca foram ao Museu Histórico da

PMMG, sendo que 8,9% afirmaram não saber da existência desta importante

ferramenta não só para o ensino de historia da PMMG, como também a preservação

do patrimônio material e imaterial de toda trajetória da PMMG. Em contrapartida,

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mais de 50% dos respondentes afirmaram não terem visitado o museu por estar

sempre fechado, o que leva ao entendimento de que o visitariam se tivessem esta

possibilidade.

GRÁFICO 4 – O aluno já visitou o museu da PMMG?

Fonte: Dados da pesquisa.

Cabe observar que esta questão levou à verificação de uma falha no cumprimento

do Programa de Disciplina, uma vez que a visita ao Museu Histórico da PMMG está

prevista como plano de ação no subitem 2.15 do referido documento. (ver ANEXO

A) Mesmo não sendo realizada a visita ao Museu, conforme mencionado, a previsão

de tal item aponta para um interesse dos professores e da EFO para um ensino de

História da PMMG por um viés patrimonial.

Em uma análise mais detalhada, após cruzar os dados da questão 4 com as

respostas da questão 1 do questionário, chega-se a conclusão de que dos dezesseis

respondentes (14,3%) que já visitaram o museu, três (18,7% dos dezesseis) eram

civis antes de entrarem no CFO. Esta informação leva à percepção de que, quando

em funcionamento, o museu era aberto ao público externo e suscitava interesse.

Em outra análise conclui-se que, como o museu esteve fechado desde o ingresso

dos cadetes do 3º ano no CFO, em 2010, e que 6,3% dos respondentes afirmaram

já ter visitado o museu para estudo referente à disciplina, estes militares se referiram

a alguma visita ao museu realizada durante as aulas de História da PMMG

6,3% 8,0%

50,9%

25,0%

8,9% 0,9%

Já, durante aulas de história do CFO

Já, para estudo referente à disciplina

Já, durante a folga por interesse próprio

Não, pois estava sempre fechado

Não, não teve interesse

Não sabia que existia este Museu

Nulos

Não respondeu

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ministradas na formação de soldado. Este dado confirma a ideia já apresentada do

interesse pela educação patrimonial por parte dos professores que compõem a

Educação de Polícia Militar - EPM.

Em resposta à questão 5, mais de 95% dos respondentes (GRAF. 5) responderam

que o contexto político-social é indispensável ou muito importante para a PMMG.

Esta opção é ratificada no GRAF. 15, em que a pesquisa demonstra que 75,9% dos

respondentes escolheram a “atuação da polícia dentro do contexto político-social ao

longo da história” como o conteúdo que deveria ser priorizado nas aulas.

GRÁFICO 5 – A importância do contexto político-social para a PMMG

Fonte: Dados da pesquisa.

Os dados apresentados até este ponto demonstram que os respondentes tem a

percepção de que a instituição PMMG é filha de seu tempo e espaço. Neste sentido

é de fundamental importância conhecer qual a influência desse contexto, uma vez

que “nos últimos anos as polícias brasileiras estão passando por transformações

internas, fruto de mudanças estruturais e institucionais e, sobretudo, das exigências

de uma sociedade que segue por caminhos da democracia” (COTTA, 2006, p.11).

Para a compreensão da necessidade do estudo sobre a relação polícia-sociedade,

pode-se adaptar a proposta dos PCNs para o Ensino Médio, que preconiza que a

disciplina histórica tenha que oferecer:

46,4%

50,0%

3,6% Indispensável

Muito importante

Pouco importante

Não faz diferença

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[...] condições para identificarem as relações que as diferentes experiências históricas guardam entre si e com outros sujeitos em tempos, lugares e culturas diversas. Essa concepção para o Ensino de História passa pela compreensão da historicidade e pela ressignificação das suas experiências – tempo (duração) e espaço (social) - concebida por meio de uma perspectiva cultural da história. (TAMASO, 2011, p.14-15)

O GRAF. 6 demonstra que 62,5% dos cadetes não se sentem em condições de

avaliar as transformações pela quais a PMMG passou ao longo da história. Cabe

ressaltar que esta questão foi aberta, com duas linhas para responder (ver Apêndice

A), de modo a não conduzir o respondente.

GRÁFICO 6 - Você consegue avaliar as transformações estruturais pelas quais a

PMMG passou ao longo da história?

Fonte: Dados da pesquisa.

As respostas à questão 6 foram analisadas a partir do método de análise de

discurso de Bardin (1988), que propõe a divisão em categorias. Assim, dividiu-se as

respostas nas categorias “sim”, “não” e “pouco”, de modo a permitir a tabulação dos

dados e, consequentemente, a representação gráfica dos mesmos.

O GRAF. 6 ainda demonstra que menos de 20% dos respondentes afirmam ter

condições de fazer a referida avaliação. É interessante ressaltar que dos 20% de

respostas positivas, verificou-se que 66,6% iniciaram sua carreira como soldado,

número bem próximo dos 69,6%, do total dos respondentes, que compunham a

Corporação antes do concurso do CFO (GRAF. 1). Este dado conduz ao raciocínio

de que a simples vivência anterior na instituição não produz este conhecimento.

18,8%

62,5%

17,9%

0,9%

Sim

Não

Pouco

Nulos

Não respondeu

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A informação trazida no GRAF. 6 ratifica ainda a informação apresentada no GRAF.

2, quando observado o ponto de vista do Programa de Disciplina. Este documento

propõe o objetivo de “Conhecer o processo de formação da PMMG e as

transformações estruturais e conjunturais por que passou nos séculos XVIII, XIX e

XX.” (ver ANEXO A), porém tal objetivo só foi atingido por 18,8% dos alunos.

Continuando a análise do GRAF. 6, levantou-se a hipótese da questão 6 possuir

algum tipo de relacionamento de dependência com as questões 2 e 3. Para verificar

esta hipótese, cruzou-se os dados das três questões com o intuito de observar se o

fato conseguir avaliar as transformações estruturais guarda relação com o

entendimento de que as aulas contribuíram para a formação como oficial (questão 2)

até que ponto as aulas foram motivadoras (questão 3).

No cruzamento de dados das três questões, verificou-se que entre os alunos que

responderam “sim” à questão 6, mais da metade (55%) avaliaram que as aulas

foram indispensáveis ou contribuíram muito para a formação, e que um terço

(33,3%) avaliaram que as aulas foram motivadoras ou muito motivadoras.

Analisando estes mesmos dados cruzados em termos absolutos (considerando o

número total de respondentes). Verificou-se que apenas 22,4% consideraram que a

disciplina teve importante contribuição e apenas 8,9% consideraram as aulas

motivadoras ou muito motivadoras. Por estes dados subentende-se que apenas para

um pequeno grupo de discentes a disciplina foi de fato relevante.

Para a maior parte dos alunos fica a ideia de que a disciplina foi uma mera

internalização de informações, que Mendes (1983) entende como uma “consciência

passiva, implícita, acompanhada pela percepção difusa quanto aos fenômenos

culturais, econômicos e políticos.” Essas informações são logo esquecidas, por não

haver uma articulação delas com seu contexto de inserção, o que construiria o

conhecimento histórico pretendido para a disciplina, conhecimento capaz de avaliar

as transformações estruturais vividas pela PMMG.

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O GRAF. 7 apresenta o sentimento de pertencimento dos alunos em relação à

História da PMMG. Cruzando os dados da questão1 juntamente com os dados da

questão 7, nota-se que o tempo de serviço não tem relação direta com o

sentimento de pertencimento entre policiais e PMMG, tal hipótese é refutada na

medida em que os percentuais entre discentes que já eram policiais antes de iniciar

o CFO e os que ingressaram diretamente no Curso, que responderam “sim” a

questão 7, não se alteram sensivelmente.

GRÁFICO 7 – O aluno se considera parte da história da PMMG?

Fonte: Dados da pesquisa.

A única análise da GRAF. 7 que merece menção é o cruzamento de dados da

questão 7 com as respostas da questão 2. Esta análise demonstra que, dos alunos

que consideram que a disciplina História da PMMG foi indispensável ou que

contribuiu muito para a formação como oficial, apenas 8% não se sentem parte da

história, percentual baixo diante dos 19,6% apresentados no GRAF. 7 para todo o

conjunto analisado.

Desta forma, contrariamente ao que era esperado pelo pesquisador, não se

conseguiu, pelo cruzamento de dados com outras questões, chegar a apenas uma

relação concreta de causa e efeito para que os militares se sintam ou não parte da

história da PMMG. Resta o entendimento de que se trata de um sentimento

subjetivo, tal qual o amor pela Corporação. Por outro lado, as análises sinalizam

80,4%

19,6% Sim

Não

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que, com a contribuição da disciplina para a formação do oficial de maneira efetiva,

fica mais fácil criar o sentimento de pertencimento.

O GRAF. 8 demonstra que mais de 90% dos respondentes consideram importante

que o professor seja licenciado em História. Os dados desta questão foram

analisados sob duas óticas diversas: o conhecimento do conteúdo de história e a

licenciatura (entendida aqui como conhecimento didático-pedagógico).

GRÁFICO 8 – Importância do professor de História da PMMG ser licenciado em

História

Fonte: Dados da pesquisa.

Sobre o conhecimento do conteúdo, tem-se que, no processo de ensino-

aprendizagem, a aptidão e formação docente direcionada é um fator imprescindível.

Conforme menção anterior, é necessário que o educador tenha o domínio para

ensinar, não sendo permitidas situações evasivas ante ao conteúdo. Neste sentido,

Freire e Horton (2003, p.79) afirmam que “[...] é impossível compreender o ensino

sem o aprendizado e ambos sem o conhecimento. No processo de ensinar há o ato

de saber por parte do professor. O professor tem que conhecer o conteúdo daquilo

que ensina”.

Além do conhecimento do conteúdo, o professor precisa saber como ensinar. Para

isso é necessário formação na área da educação, de forma que o professor possa

43,8%

47,3%

5,4% 3,6%

Indispensável

Muito importante

Pouco importante

Não faz diferença

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50

aplicar as técnicas adequadas para o auxílio no aprendizado. Sem o conhecimento

teórico e uma formação como docente, há poucas condições de se realizar um bom

trabalho na área da educação.

Analisando o GRAF. 9, nota-se que 83,9% dos respondentes consideram importante

que o professor de História da PMMG seja policial militar. A DEPM preconiza no seu

Art. 195, §2º que “Para as disciplinas típicas de Polícia Militar, deverá ser designado

professor da PMMG que comprove capacidade técnico-profissional pertinente.”

(MINAS GERAIS, 2012, p.56). Por outro lado, não há regulamentação que conceitue

o que é “disciplina típica de polícia militar”, deixando este conceito passível de

interpretações variadas.

GRÁFICO 9 – Importância do professor de História da PMMG ser policial militar

Fonte: Dados da pesquisa.

A DEPM ainda traz em seu artigo 5º, fundamentos norteadores, que devem ser

trabalhados na Educação de Polícia Militar, fundamentos que necessitam do

conhecimento pleno do serviço policial militar para serem trabalhados.

Art. 5º A EPM fundamenta-se em:

III – valorização da cultura institucional;

VII – vinculação da educação com o trabalho policial e as práticas sociais;

Parágrafo único. A EPM tem por finalidade o desenvolvimento e o preparo do militar para o exercício da profissão e, como parâmetros, os fundamentos institucionais de disciplina e hierarquia, direitos

34,8%

49,1%

11,6% 4,5% Indispensável

Muito importante

Pouco importante

Não faz diferença

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humanos, polícia comunitária, gestão por resultados e identidade organizacional. (MINAS GERAIS, 2012, p.2, grifo nosso)

Importante ressaltar que disciplina História da PMMG é ministrada no primeiro ano

do CFO e visa preparar os futuros oficiais da Polícia Militar, infundindo-lhes, no

espírito, o amor à Corporação (ver ANEXO A). Percebe-se então a necessidade de

um profissional contextualizado com os ideais da Escola, haja vista a influência que

os professores exercem sobre seus alunos.

Neste sentido, não cabe entender o professor da EPM como um profissional

imparcial, ou seja, dentro deste contexto, o ensino deve ser entendido como uma

atividade política, alinhada com a identidade organizacional. Importante dizer que

esta identidade nasce a partir de vivências cotidianas, o que ratifica o resultado

demonstrado no GRAF. 9.

Corroborando com esta ideia, Nóvoa (1994, p.17) afirma que:

A maneira como cada um de nós ensina está diretamente dependente daquilo que somos como pessoa quando exercemos o ensino. [...] Eis-nos de novo face à pessoa e ao profissional, ao ser e ao ensinar. Aqui estamos. Nós e a profissão. E as opções que cada um de nós tem de fazer como professor, as quais cruzam a nossa maneira de ensinar a nossa maneira de ser. É impossível separar o eu profissional do eu pessoal. (grifos do autor)

Com entendimento semelhante, Cunha (1989, p.157-158) demonstra que:

Mesmo nesta perspectiva da sociedade moderna, continua-se reconhecendo no professor, além da capacidade de ensinar conhecimentos especializados, a tarefa de transmitir, consciente ou inconscientemente, valores, normas, maneiras de pensar em padrões de comportamento que contribuem eficazmente para a permanência da vida social.

Sabendo-se que os ensinamentos da caserna apontam para uma diferença entre

militares e “paisanos”, e que “frente ao eu ou nós do pertencimento se coloca a

estrangeiridade do outro” (Cotta, 2006, p.17, grifo do autor), os dados apresentados

(GRAF. 9) conduzem ao entendimento de que o militar se vê tão inserido nesta

identidade cultural, que teria dificuldades em legitimar um professor de História da

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PMMG que não estivesse inserido neste contexto. Desta forma, percebe-se a

necessidade de um professor que partilhe desse pertencimento pretendido para os

discentes.

O GRAF. 10, trata da importância da longa experiência do professor como policial

militar. Entre os respondentes, a minoria (45,3%) dos discentes acreditam ser

indispensável ou muito importante que o professor de História da PMMG tenha uma

larga experiência na Corporação.

GRÁFICO 10 – Importância do professor de História da PMMG ter longa trajetória e experiência na instituição

Fonte: Dados da pesquisa.

Estes dados vem a contrapor a ideia de que o professor policial, com mais tempo e

experiência, seria mais eficiente enquanto professor de História da PMMG. Percebe-

se então que, na visão dos alunos, é mais importante que o professor seja licenciado

em História (GRAF. 8) e policial (GRAF. 9) que o fato dele ter uma larga experiência

na Corporação (GRAF. 10).

De uma forma ou de outra, as experiências destes profissionais com mais tempo de

profissão enriquece sobremaneira a disciplina História da PMMG no caso da

utilização da História Oral como método de ensino. Na medida em que o professor

da disciplina trabalhasse com as narrações destes profissionais com mais vivência

12,5%

34,8% 44,6%

8,0% Indispensável

Muito importante

Pouco importante

Não faz diferença

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53

na Instituição, se poderia estimular discussões dirigidas e grande aprendizado por

meios destas fontes de consulta, visto que este método

[...] dirige seu foco especialmente para a experiência pessoal do entrevistado, enfatizando sobremaneira seus processos subjetivos e sua(s) identidade(s). [...] Este depoimento oral, ao mesmo tempo em que reconstrói uma história pessoal, promove, também, um profundo processo de revisão, reconstrução e ressignificação do passado e do presente, resultando numa narrativa estruturada da própria história do entrevistado, agora apresentada com objetivos públicos (ATAÍDE, 2006, p.138, grifo nosso).

O GRAF. 11 apresenta quantos e quais livros os discentes já leram. A pesquisa

demonstra que são poucos os que conhecem mais de um livro. Dos livros

mencionados, os livros “História Militar da PMMG”, “A Polícia Militar de Minas” e “A

Revolução de 30 e o Município” constam na bibliografia do Plano de Disciplina,

sendo que os alunos deveriam ter o livro “História Militar da PMMG” em mãos,

durante as aulas, para procederem à leitura.

GRÁFICO 11 – Livros lidos pelos alunos

Fonte: Dados da pesquisa.

O questão. 11 demonstra que mais de 80% dos respondentes leram apenas um

entre os livros citados. De certa forma, essa pouca leitura, centralizada, restringe o

aprendizado, na medida em que os cadetes não produzem conhecimento baseado

94

0 0

52

7

0 1

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100 1.Historia da PM

2.A PMMG

3.A Revolução de 30 e o município

4.Breve história da PM

Não conheço nenhum dos livros

Nulos

Não respondeu

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54

numa discussão do tema, mas passam a conhecer apenas uma visão dos fatos de

forma pouco crítica.

Na visão de Cunha (1989), o comportamento de fazer referência a materiais de

consulta, de obras e de autores que aprofundam determinado conhecimento dá

margem para que o aluno procure as fontes, influenciando positivamente a pesquisa

e o interesse dos alunos (CUNHA, 1989, p.139). Dentro desta ideia, percebe-se que,

se os discentes lessem mais de um livro, teriam mais linhas de raciocínio e

entendimentos sobre um mesmo assunto, aguçando a curiosidade e produzindo

conhecimento real a partir de novas pesquisas e descobertas.

Entre os livros mencionados, o livro “História Militar da PMMG”, foi tido como o mais

lido. Entre os respondentes, 82,1% afirmam ter lido esta obra, considerada trabalho

técnico-profissional e aprovada pelo Comando Geral. Outra situação que merece

atenção é que mais de 45% dos respondentes afirmam ter lido o livro 4, “Breve

História da Polícia Militar de Minas Gerais”, sendo que este livro não compõe a

bibliografia referenciada no Plano de Curso. (ver ANEXO A).

A análise da questão 12 mostra que dos 34 alunos que leram os livros “História

Militar da PMMG” e “Breve História da Polícia Militar de Minas Gerais” e optaram por

um entre os dois livros.como o maior colaborador para a formação, quase três

quartos (73,5%) optaram pelo livro “Breve História da Polícia Militar de Minas

Gerais”. Sendo este livro tão influente entre os estudantes, não foi possível o

entendimento do por quê deste livro não constar na bibliografia básica da disciplina.

GRÁFICO 12 – Livro que mais colaborou para a formação do aluno

Fonte: Dados da pesquisa.

36,6%

0,9%

32,1%

23,2%

1,8% 5,4%

1.Historia da PM

2.A PMMG

3.A Revolução de 30 e o município

4.Breve história da PM

Nenhum livro

Outros livros

Nulos

Não respondeu

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55

Analisando o GRAF. 13, percebe-se que entre os respondentes, quase a totalidade

(99,1%) considera importante conhecer a história da corporação. Este entendimento

vem ratificar a ideia inicial desde a criação da disciplina História da PMMG, em 1987,

quando Marco Filho afirma que “Em boa hora, a Academia de Polícia Militar do

Prado Mineiro incluiu, no Currículo do CFO a disciplina “História Militar da Polícia do

Estado de Minas Gerais.” (MARCO FILHO, 2005, p.7)

GRÁFICO 13 – A importância de conhecer a história da Corporação

Fonte: Dados da pesquisa.

O GRAF 14. referente à questão 14 visa avaliar se os discentes sabem qual a data

de criação do Regimento de Cavalaria de Minas. Cabe ressaltar que, para

observação mais crítica do GRAF. 14, é necessário fazer a observação de que

Marco Filho (2007) e Cotta (2006) divergem sobre a referida data.

GRÁFICO 14 – Conhecimento sobre a data de criação do Regimento de Cavalaria de Minas

Fonte: Dados da pesquisa.

56,3% 42,9%

0,9% Indispensável

Muito importante

Pouco importante

Não faz diferença

38,4%

26,8%

6,3%

22,3%

6,3% Resposta certa

Ano certo

Dia e mês certos

Resposta errada

Não respondeu

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56

A data apresentada na obra de Marco Filho (2007) é 09 de junho de 1775, data em

que se comemora oficialmente o aniversário de criação da Polícia Militar de Minas

Gerais. Contrapondo este autor, Cotta (2006) traz duas datas para a criação do

Regimento: a primeira é 24 de janeiro de 1775, data em que houve a Instrução para

se regular a Tropa Paga, e a segunda é 1 de julho de 1775, dia da instalação de fato

do Regimento Regular de Cavalaria de Minas (COTTA, 2006, p.67). Desta forma,

para os que marcaram o livro de Cotta (2006) como o mais influente, as datas

apresentadas de acordo com o entendimento deste autor foram computadas como

corretas para a análise da questão 14.

Sobre a diferença entre as datas, Cotta (2006) considera a data de 09 de junho “um

equívoco de transcrição paleográfica”. O autor ainda afirma que “Após estudo

científico, baseado em fontes primárias, uma comissão do Estado-Maior da PMMG

emitiu novo parecer sobre o processo inicial de institucionalização da PMMG” (ver

ANEXO C ). Discussões a parte, a data oficial de criação do Regimento Regular de

Cavalaria de Minas é 09 de junho de 1775.

Analisando os dados apresentados no GRAF. 14, verificou-se que apenas 38,4%

dos respondentes souberam informar a data de criação do Regimento Regular de

Cavalaria de Minas, atualmente a data mais importante para a Polícia Militar. É

importante frisar que nesta data ocorrem várias solenidades e comemorações

institucionais, além de ser a época do ano em que ocorrem as promoções dos

Aspirantes ao posto de 2º Tenente.

Ainda sobre o GRAF. 14, se observados os cadetes que cursaram a disciplina em

2010 e os que o fizeram em 2011, percebe-se que entre os cadetes deste período

houve mais acertos em relação àqueles. Entre os cadetes de 2011, 50%

responderam corretamente, enquanto entre os cadetes de 2010 apenas 26,8%

reponderam a questão da forma prevista. A partir do momento que se verifica que

esta mesma questão foi alvo de avaliação na prova de 2010 (ver ANEXO B), e que a

média das notas da disciplina em 2010 alcançou 99,5% de aproveitamento (ver

ANEXO D), conclui-se que a simples memorização nem sempre resulta em

conhecimento adquirido.

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O GRAF. 15 apresenta que 75,9% dos respondentes acreditam que a disciplina

História da PMMG deveria abordar a atuação da polícia dentro do contexto político-

social ao longo da história. Esta informação ratifica a análise realizada a partir do

GRAF. 5, o qual trata da importância do contexto político-social para a PMMG.

GRÁFICO 15 – Conteúdo a ser priorizado nas aulas de História da PMMG

Fonte: Dados da pesquisa.

Nesta linha, Tamaso (2011, p.14) ratifica o entendimento dos alunos afirmando que:

História local-regional, preservação da memória e desenvolvimento da cidadania são pontos de uma mesma reta que podem transformar o aluno, tornando-o sujeito histórico, agente em seu tempo espaço.

Cabe ao professor, na elaboração de seu planejamento anual e à escola em seu projeto político-pedagógico priorizarem tais ações. O estreito vínculo entre conteúdos , temas e realidade local, a partir das características socioculturais locais, deve incluir e valorizar questões imediatas à escola e ampliá-las num quadro mais complexo para a realidade nacional. (grifo nosso).

Por esta visão podemos aferir duas situações principais. Primeiramente, temos a

modificação do aluno por meio do conhecimento histórico local e a preservação da

memória. Numa segunda visão, adaptando-se a palavra “escola” para “serviço

policial militar”, pode-se inferir que o conhecimento histórico deve ser construído a

partir do contexto de atuação da PMMG para então se ampliar os horizontes de

conhecimento.

75,9%

23,2%

0,9%

Nomes e datas relacionadas com a História da PMMG

Atuação da polícia dentro do contexto político-social ao longo da

história

A importância do passado histórico para a formação do policial

de hoje

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No GRAF. 16, percebe-se que mais de 80% dos discentes responderam ter maior

estímulo para o estudo de história quando utilizada a educação patrimonial como

metodologia de ensino. Entre as questões, a educação patrimonial foi dividida em

dois vetores: estudo por documentos e estudos por objetos. O restante dos

respondentes, com exceção do questionário que teve a questão anulada por

responder duas entre as alternativas, optou pelo ensino por meio da história oral.

GRÁFICO 16 – Método que mais estimula o estudo de História da PMMG

Fonte: Dados da pesquisa.

Os dados apontam para a tendência defendida por Tamaso (2011) que demonstra

os benefícios de se desenvolver uma metodologia de ensino pautada na educação

patrimonial centrada nos bens culturais:

Na minha concepção, considero que a experiência com a educação patrimonial pode ser o caminho mais seguro para fazer do ensino de história, além de prazeroso, muito mais rico, já que permite ao aluno a possibilidade de conhecer documentos diversos e fazer leituras variadas sobre um mesmo fato, portando-se como um aprendiz de historiador (TAMASO, 2011, p.15).

17,9%

56,3%

25,0%

0,9%

Ouvir relatos de policiais que trabalharam em diferentes contextos

Estudar o perfil de cada época por meio de documentos institucionais

Memorizar datas e nomes a partir da leitura de apostilas e manuais

Estudar por meio de objetos e suas significações

Nulos

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59

É importante ressaltar que além deste método de educação ser o mais estimulante,

ele ainda é responsável por criar uma maior identidade entre sujeito e objeto de

estudo, uma vez que os objetos estão próximos do sujeito, tornando a história local,

aqui entendida como a História da PMMG, o centro nas reflexões a serem

desenvolvidas entre os discentes do CFO e a história estudada (TAMASO, 2011,

p.3).

O estudo por meio da história oral também apresenta uma parcela considerável

entre os métodos preferidos. Este modo do ensino de história é também muito

proveitoso, na medida em que traz a experiência dos policiais que viveram a

evolução observada ao longo dos anos de serviço.

Neste contexto, o ensino por meio da história oral poderia se valer dos policiais mais

experientes, com seus conhecimentos, vivências e narrativas adquiridos ao longo do

tempo de serviço. Um bom exemplo de fonte oral seria o Ten Cel Capelão Luiz de

Marco Filho, professor e estudioso da História da PMMG, que “participou de

momentos representativos da história da polícia na segunda metade do século XX”

(COTTA, 2006, p.25).

Sobre o uso da história oral colaboram Santos e Cardôzo (2011) demonstrando que

houve um deslocamento na historiografia, que passou a utilizar também a memória

como estrutura narrativa para escrever a história. Cabe ressaltar que os autores

entendem a “memória como uma fonte privilegiada do conhecimento histórico”

(SANTOS e CARDÔZO, 2011, p.2).

O GRAF. 17 mostra que 54,5% dos respondentes consideram que o conteúdo e a

forma de ensino da disciplina História da PMMG deveriam passar por uma

reformulação. Outra informação importante exposta no GRAF. 17 é a de que apenas

1,8% dos cadetes pensam que a disciplina deveria ser retirada do currículo,

demonstrando mais uma vez, por parte dos discentes, a importância da disciplina

História da PMMG.

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60

GRÁFICO 17 – Percepção sobre a forma e o conteúdo da disciplina História da

PMMG

Fonte: Dados da pesquisa.

Observando-se o GRAF. 17 juntamente com o GRAF. 13 (que demonstra a

importância de conhecer a história da corporação) pode-se inferir que a disciplina é

considerada importante por parte dos discentes, mas que poderia ser ministrada de

forma a produzir um conhecimento real, focado principalmente na atuação policial

dentro do contexto político-social ao longo da história (conforme análise do GRAF.

15).

O GRAF. 18 demonstra uma deficiência dos discentes em manter uma memória de

nomes, ratificando a deficiência de memória em relação às datas demonstrada no

GRAF. 14. Importante ressaltar aqui que, quando não são vividos, conhecidos ou

contextualizados, nomes e datas, se decorados, são logo esquecidos depois das

provas.

6,3%

33,0%

54,5%

1,8%

2,7%

1,8%

Deveria ser alterado o conteúdo da disciplina

Deveria mudar a forma como a disciplina é ensinada

Deveriam ser modificados o conteúdo e a forma de ensino

A disciplina deveria ser retirada do currículo

A disciplina deveria ser mantida tal como está

Nulos

Não respondeu

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61

GRÁFICO 18 – Você sabe o nome de quantos ex-comandantes gerais?

Fonte: Dados da pesquisa.

A questão 18, perguntada no questionário por meio de questão aberta, mostra que

apenas nove (8,1%) dos respondentes conhecem quatro ou cinco ex-comandantes

gerais. Analisando esses dados mais detalhadamente, a partir do cruzamento dos

dados desta questão com a questão 1, verifica-se que sete destes nove discentes,

que escreveram o nome de mais de quatro ex-comandantes gerais, fizeram o Curso

de Formação de Soldado em 2002 ou 2004, ou seja, foram contemporâneos dos ex-

comandantes gerais que citaram. Os outros dois policiais que souberam o nome de

quatro e cinco ex-comandantes gerais, que não eram policiais antes do CFO, não

citaram os quatro e cinco últimos ex-comandantes em ordem, como os demais, mas

sim aqueles que tiveram notícia por outros meios

Cabe ressaltar ainda que o Programa de Disciplina, em sua Unidade III, apresenta

no item 3 o título “Nomes e Datas da PMMG”. A Unidade 4 do mesmo documento,

tem ainda o subitem 4.5 intitulado “Comandantes Gerais nos Períodos Colonial,

Imperial e Republicano”. Por outro lado, o livro-texto utilizado na disciplina “História

Militar da PMMG”, lido por 44,6% dos respondentes (GRAF. 11), traz, no Capítulo

“Comandantes da Polícia Militar”, o rol dos Comandantes Gerais da PMMG até 2005

(MARCO FILHO, 2005, p.41-46).

5,4%

29,5%

29,5%

27,7%

5,4% 2,7%

Nenhum

Um

Dois

Três

Quatro

Cinco

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62

Neste sentido, Libâneo (1994, p.78) define bem essa prática quando descreve:

A atividade de ensinar é vista, comumente, como transmissão da matéria aos alunos, realização de exercícios repetitivos, memorização de definições e formulas. O professor “passa” a matéria, os alunos escutam, respondem o “interrogatório” do professor para reproduzir o que está no livro didático, praticam o que foi transmitido em exercícios de classe ou tarefas de casa e decoram tudo para a prova. Este é o tipo de ensino existente na maioria das nossas escolas, uma forma peculiar e empobrecida do que se costuma chamar de ensino tradicional (LIBANEO, 1994, p. 78, grifo nosso).

Seguido a linha de raciocínio de Libâneo (1994), conclui-se que a maioria dos

discentes não assimilam o conteúdo ensinado. Na verdade, os alunos memorizam

tudo aquilo que acreditam que será cobrado e depois despejam o conteúdo

memorizado na avaliação, esquecendo logo em seguida. Este fato pode ser

demonstrado quando comparados os gráficos sobre conteúdo da disciplina (GRAF.

6, GRAF. 14 e GRAF. 18), as provas dos dois anos analisados (ANEXO B e ANEXO

C) e a média notas da Disciplina História da PMMG dos dois anos analisados (TAB.

1). Nesta comparação, fica evidente que os discentes sabiam o conteúdo na hora da

prova, mas que estas informações foram logo esquecidas.

TABELA 1

Notas na disciplina História da PMMG – CFO – 2010-2011

Ano de referência

2010 2011 2010 e 2011

Quantidade

de Alunos

Nota Quantidade

de Alunos

Nota Quantidade

de Alunos

Nota

51 10,00 65 10,00 116 10,00

5 9,75 - - 5 9,75

4 9,50 - - 4 9,50

Média 9,95 Média 10,00 Média 9,97

Fonte: PRODEMGE.

O GRAF. 19 mostra que mais de 80% dos discentes responderam que o conteúdo

prioritariamente cobrado nas avaliações foram os conhecimentos sobre datas,

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acontecimentos e nomes relacionados à PMMG. Assim, as respostas à questão 19

ratificam as análises anteriores feitas sobre a memorização como método de ensino.

GRÁFICO 19 – Conteúdo cobrado prioritariamente na avaliação da disciplina

Fonte: Dados da pesquisa.

Trabalhando os dados da questão 19 juntamente com os dados da primeira questão,

verificou-se que, dos 21 respondentes (18,7%) que não consideraram a prova como

factual, apenas um (0,9%) cursou a disciplina em 2011. Logo, percebe-se uma

diferença no estilo de prova dos dois anos. (ver ANEXO B e ANEXO C). Resta

observar que os cadetes que cursaram a disciplina em 2010 tiveram dois

professores durante a disciplina, sendo que o professor que planejou a avaliação

assumiu as turmas faltando poucas aulas para o término da disciplina.

Ainda analisando os dados da questão 19 a partir do cruzamento de dados com a

questão 1, verifica-se que, entre os que cursaram a disciplina em 2011 e que

responderam a questão sobre o conteúdo, a grande maioria (98,2%) confirmou que

a avaliação cobrou prioritariamente datas, acontecimentos e nomes (ver ANEXO C).

Fato é que 50% deste grupo respondeu corretamente à questão 14 do questionário

(GRAF. 14), ou seja, um percentual alto comparado aos discentes de 2010.

A última pergunta do questionário (GRAF. 20) visa levantar dados a respeito dos

meios didáticos utilizados pelo professor. É importante mencionar que os cadetes do

7,1% 11,6%

80,4%

0,9%

Conhecimento sobre a polícia inserida nos contextos político-sociais

Conhecimento sobre as transformações passadas pela PMMG

Conhecimento sobra datas, acontecimentos e nomes relacionados à PMMG

Nulos

Não respondeu

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64

último ano tiveram aulas com dois professores distintos durante o curso, o que leva

à pequena diferença entre as respostas dos cadetes do último ano, mais

diversificadas, e as respostas dos cadetes do 2º ano.

GRÁFICO 20 – Meios didáticos utilizados nas aulas de História da PMMG

Fonte: Dados da pesquisa.

Mesmo com essa alteração, foi verificado que 96 discentes (85% do total) indicaram

“a leitura e memorização de livro texto e/ou apostila com nomes e datas” como único

meio didático utilizado na disciplina. Somando este número com os que marcaram

mais de uma alternativa, tem-se que 102 cadetes (GRAF. 20) marcaram a mesma

resposta, referente à leitura e memorização.

Segundo pesquisa de Cunha (1989, p.119), o uso de apostila como material básico

é justificado pela dificuldade que os alunos têm para o acesso à bibliografia. Ainda

segundo a autora, mesmo não sendo a apostila a fonte mais adequada para a

aprendizagem, este método, em determinados contextos, favorece a qualidade do

ensino, sendo que o método utilizado pelo professor por vezes é limitado pelo

contexto do aluno e pelas condições do ambiente escolar.

12 3 3

102

0 0 0 0 0

20

40

60

80

100

120

1.Leitura de livros de diferentes autores contextualizados com a disciplina 2.Trabalho com filmes, documentários, artigos e músicas 3.Análise de objetos e documentos de diferentes períodos 4.Leitura e memorização de livro texto e/ou apostila com nomes e datas 5.Discussões dirigidas com a presença de profissionais experientes Outros Nulos Não respondeu

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65

No caso em questão, é razoável supor que os alunos não têm dificuldade para

acesso à bibliografia. Esta tese é facilmente refutada pelo grande acervo da

Biblioteca da APM e pelo fácil acesso à Internet por parte dos discentes. Por outro

lado, a pouca carga horária da disciplina e o excesso de atividades extracurriculares

durante o CFO levam alunos e professores a optarem por um método de ensino

mais objetivo.

Observando-se novamente o Programa de Disciplina, temos no item 5, intitulado

“Metodologia”, que o método utilizado pelos professores deve ser a “Aula expositiva

em sala”. (ver ANEXO A). Sobre o assunto, Cunha (1989, p.136) demonstra que:

[...] os estudantes, de acordo com estudos feitos, estão condicionados a ter um tipo de expectativa em relação ao professor. Em geral, ela se encaminha para que o professor fale, ‘dê aula’, enquanto ele, o aluno, escuta e intervém quando acha necessário. O fato de se achar na condição de ouvinte é confortável ao aluno, especialmente se o professor possui habilidades de ensino que fazem com que a aula não se torne maçante. Este comportamento ratifica a tendência de que o ritual escolar se dê em cima de aula expositiva.

Enfatizando estes aspectos, o mesmo autor considera provável que professores e

alunos se comportem desta maneira porque não têm vivência em outro tipo de

abordagem metodológica (CUNHA, 1989, p.136).

A percepção sobre a questão 20 ratifica o que foi percebido na questão 19, ou seja,

a disciplina História da PMMG tem sido ministrada por meio de aulas expositivas que

priorizam a memorização factual de nomes e datas.

Sobre a questão do método empregado na disciplina História da PMMG, que na

questão chamamos de meios didáticos, Dubet (1997, p.226) ressalta:

A gente vê professores que adotam métodos tradicionais que funcionam muito bem e outros que têm métodos ativos que funcionam. Mas a gente vê também professores que se obrigam a aplicar métodos que não são os seus e não dá certo. E aliás, os alunos são muito sensíveis a este tipo de adequação da personalidade do professor e de seu estilo pedagógico. Temos então interesse em deixar uma multiplicidade de métodos possíveis.

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66

A partir da afirmativa anterior, percebe-se que são vários os métodos de ensino, e

não há como distingui-los entre certos e errados. Por outro lado, quando os dados

das questões 16 e 17 são contrastados com o GRAF. 20, nota-se a insatisfação dos

discentes em relação ao método de ensino da disciplina, o que deixa os alunos

desmotivados (GRAF. 7), influenciando negativamente no aprendizado de fato do

conteúdo e na construção de conhecimento, mesmo que as notas da disciplina não

reflitam esta afirmação (TAB. 1).

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os cadetes do último e do segundo ano do Curso de Formação de Oficiais do ano

de 2012 foram os grandes responsáveis pelos resultados desta pesquisa. A análise

dos dados revelou que dos 112 cadetes que participaram desta pesquisa,

aproximadamente 70% (78 cadetes) eram policiais da PMMG antes de cursar o

CFO, enquanto que os 30% restantes (34 cadetes) não tinham experiência anterior

na Corporação. Esta divisão não representou diferenças significativas na análise dos

dados, a não ser pelo fato de que os cadetes com mais tempo de serviço na PM

conseguiram citar mais ex-comandantes gerais, por motivos óbvios.

Em geral, as aulas de História da PMMG não despertaram a motivação nos alunos.

Este fato pode ser resultado da disciplina ter como base métodos de leitura e

memorização de nomes e datas, visto que a grande maioria dos cadetes pensam

que a disciplina deveria ser modificada na forma de ensino e no conteúdo

repassado.

A análise dos dados revelou que os cadetes não se sentiram capazes de avaliar as

transformações estruturais passadas pela PMMG ao longo de sua história, mesmo

que praticamente todos os respondentes tenham a consciência de que o contexto

político-social é primordial para a Instituição, sendo responsável pelas

transformações ao longo do tempo. Essa afirmação vai ao encontro da percepção de

que a disciplina quase não contribuiu para a formação deles como oficiais, visto que

o conhecimento adquirido não foi o esperado.

Os cadetes consideraram importante que o professor da disciplina História da

PMMG fosse licenciado em História e, além disso, policial militar. Entretanto, não

atribuíram a mesma relevância à longa trajetória deste profissional dentro da PMMG.

Cabe ressaltar que os cadetes leem pouco sobre a História da PMMG (conforme já

mencionado na análise). Desse modo, os discentes ficam mais dependentes do

conhecimento do professor, que se torna o principal agente de mudanças no

processo ensino-aprendizagem.

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Em relação à leitura dos livros, a pesquisa conduz ao entendimento de que é

necessária uma revisão na bibliografia básica da disciplina. A bibliografia para o

estudo de História deve conter estudos mais localizados e contextualizados, com

períodos de tempos mais curtos. Somando-se a esta bibliografia a utilização de

outras fontes, como manuais, revistas, jornais, objetos e narrativas, a curiosidade

dos discentes seria aguçada, gerando novas pesquisas, criadoras de conhecimento

e de identidade entre o sujeito e o objeto.

Sobre o conteúdo da disciplina, a pesquisa demonstra que foi prioritariamente

factual. Mesmo assim, os cadetes não guardam a memória de datas e nomes que

viram durante a disciplina, ainda que os decorem para o dia da prova, por ser o tipo

de conteúdo mais avaliado na disciplina. Por outro lado, eles percebem a

importância de se conhecer a História da PMMG e reconhecem também a relevância

do contexto político social para a PMMG, conteúdo este que, na visão dos discentes,

deveria ser priorizado em sala de aula.

Em relação ao Museu da PMMG, verificou-se que pouquíssimos cadetes o

conhecem, sendo apresentado pela maioria dos respondentes o fato do Museu estar

sempre fechado. Esta ferramenta do ensino de História poderia ser mais útil na

disciplina, uma vez que os cadetes consideram a educação patrimonial, com o

estudo do perfil de cada época por documentos institucionais, como o método mais

estimulante para o estudo de História da PMMG.

Encerram-se aqui estas considerações com a percepção de que os cadetes têm

vontade de conhecer melhor a História da PMMG, a qual eles se consideram como

parte. Os resultados deste estudo sinalizam novos rumos para a disciplina, tendo

como base o ensino a partir da História Patrimonial e da História Oral. Neste

contexto, o professor da disciplina poderia se valer de documentos institucionais de

períodos anteriores, de objetos utilizados em outros contextos e, sobretudo, do

conhecimento e experiência de militares como o Ten Cel Capelão Luiz de Marco

Filho, reconhecido pesquisador e entusiasta da História da Polícia Militar Mineira.

Desta forma, ficaria mais fácil se estabelecer uma identidade entre o cadete e a

Instituição, baseada no sentimento de pertencimento, construído ao longo da

disciplina.

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Espera-se que os resultados deste trabalho agreguem conhecimento e sejam

relevantes para a Escola de Formação de Oficiais e para a Educação de Polícia

Militar, uma vez que a presente pesquisa pretendeu somar alguma contribuição para

a disciplina História da PMMG. Neste sentido, esta pesquisa pode se tornar uma das

fontes de informação para a reformulação da disciplina, se e quando a EFO

vislumbrar esta necessidade.

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REFERÊNCIAS

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http://www.periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/view/2009> Acesso em: 21 jun. 2012.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1988. Brasil. Parâmetros curriculares nacionais: história. Brasília: MEC/SEF, 1998. 108

p. Disponível em <http://pt.scribd.com/doc/57036817/3/OBJETIVOS-GERAIS-DE-HISTORIA> Acesso em 21 jun. 2012.

CHARLIER, Évelyne. Formar professores profissionais para uma formação contínua articulada à prática. In: PAQUAY, Léopold; PERRENOUD, Philippe, ALTET, Marguerite; CHARLIER, Évelyne Formando professores profissionais: quais

estratégias? Quais competências?. 2.ed. rev. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001, cap. 5, p.85-102.

COTTA, Francis Albert. Breve história da Polícia Militar de Minas Gerais. Belo Horizonte: Crisálida, 2006. 165 p.

COTTA, Francis Albert. Reflexões iniciais sobre as contribuições do corpo escola e escola de sargentos para o processo pedagógico policial-militar (1912-1931). O Alferes, Belo Horizonte, v. 16, n. 53, p. 25-66, jan./jun. 2001.

CUNHA, Jorge Luiz; CARDÔZO, Lisliane dos Santos. Ensino de História e formação de professores: narrativas de educadores. Educar em Revista, Curitiba, n. 42,

p.141-162, out./dez. 2011. CUNHA, Maria Isabel da. O bom professor e sua prática. 19. ed. Campinas:

Papirus, 1989. DUBET, François. Quando o sociólogo quer saber o que é ser professor. Revista

Brasileira de Educação, São Paulo, n. 5, p. 222-231, maio/ago. 1997. Entrevista concedida a Angelina Teixeira Peralva e Marilia Pontes Spósito.

FONSECA. Selva Guimarães. Caminhos da História Ensinada. São Paulo: Papirus, 1993.

GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho – aprender e ensinar com sentido. Fórum Educação. 2002. Disponível em: <http://www.slideshare.net/dvilardo/ boniteza-de-um-sonho>. Acesso em: 21 jun. 2012.

GALVÃO, A. M. de Oliveira; SOUZA JÚNIOR, Marcílio. História das disciplinas escolares e história da educação: algumas reflexões. Educação e Pesquisa, São

Paulo, v. 31, n. 3, p. 391-408, 2005. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua

portuguesa. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. 1986 p.

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LIBANEO, José Carlos. O processo de ensino na escola. In: _________. Didática.

São Paulo: Cortez, 1994. (Coleção Magistério 2º grau. Serie formação do professor) p. 77 – 102.

MARCO FILHO, Luiz de. História Militar da PMMG. 7. ed. Belo Horizonte: Centro de Pesquisa e Pós-graduação da PMMG, 2005.

MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia Científica. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2007.

MINAS GERAIS. Emenda à constituição nº 83, de 3 de agosto de 2010.

Disponível em: <http://www.aopmbm.org.br/downloads/Emenda_a_CE_n_83. pdf>. Acesso em 21 jun. 2012.

MINAS GERAIS. Resolução nº 1.677, de 11 de março de 1987. Aprova a obra “História Militar da PMMG” e a considera Trabalho Técnico-Profissional, Belo

Horizonte, 11 mar. 1987. 1 p.

MINAS GERAIS. Resolução nº 3568 de 08 de janeiro de 2001. Aprova o Regulamento de Uniformes e Insígnias da Polícia Militar de Minas Gerais (RUIPM-

R123), Belo Horizonte, 08 jan. 2001, 27 p.

MINAS GERAIS. Resolução nº 4068, de 09 de março de 2010. Estabelece as Diretrizes da Educação da Polícia Militar de Minas Gerais e dá outras providências ,

Belo Horizonte, 09 mar. 2010. 161 p.

MINAS GERAIS. Resolução n. 4.210 de 23 de abril de 2012. Aprova as Diretrizes da Educação da Polícia Militar de Minas Gerais e dá outras providências. Belo Horizonte, 24 abr. 2012. 194 p.

MINAS GERAIS. Resolução nº 5.301, de 16 de outubro de 1969. Contém o Estatuto dos Militares do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, 16 out. 1969. 50 p.

MOITA, Maria da Conceição. Percursos de formação e de transformação. In:

NÓVOA, António (org.). Vidas de Professores. Portugal: Porto, 1994.

NÓVOA, António. Os professores e as histórias da sua vida. In: ______ (Org.). Vidas de professores. Portugal: Porto, 1994.

RICOEUR, Paul. Tempo e Narrativa. Campinas, SP: Papirus, 1994.

SCARTON, Gilberto. Guia de produção textual: assim é que se escreve... Porto Alegre: PUCRS, FALE/GWEB/PROGRAD, 2002. Disponível em: <http://www.pucrs.br/gpt/ementa.php>. Acesso em: 21 jun. 2012.

SAMUEL, Raphael. História local e história oral. Revista Brasileira de História, vol 09, no. 19. São Paulo: Anpuh/Marco Zero, 1989 (set., p. 219-243)

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SANTOS, Júlio Ricardo Quevedo dos; CARDÔZO, Lisliane dos Santos. Narrativas

históricas escolares: interfaces entre ensino de História, formação de professores e profissão docente. In: ENCONTRO NACIONAL DOS PESQUISADORES DO ENSINO DE HISTÓRIA, 9., 2011, Florianópolis. [Anais eletrônicos...] Disponível

em: < http://abeh.org/trabalhos/GT08/tcompletojulio. pdf>. Acesso em 21 jun. 2012. TAMASO, Renata Maria. O ensino de história e formação de professores: caminhos

e experiências com educação patrimonial. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – ANPUH, 26.,2011, São Paulo. [Anais eletrônicos...]. 18p. Disponível em: <http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1307917964_ARQUIVO_Ensino

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Saberes docentes & formação profissional. 7 ed. Petrópolis: Vozes, 2002. Cap. 4, p. 150-182.

VEIGA, Ilma Passos Alencastro. A aventura de formar professores. São Paulo: Papiros, 2009.

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APÊNDICE

QUESTIONÁRIO

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Caríssimos(as) cadetes,

Este questionário é um instrumento de pesquisa que tem o objetivo de fazer um

levantamento de dados que dizem respeito à disciplina História da PMMG, dados

estes que serão trabalhados na minha monografia de conclusão de curso.

A sua participação é muito importante e não é necessário que você se identifique.

Peço apenas a gentileza de preencher este questionário com muita seriedade e

consciência. Lembro que o resultado desta pesquisa pode ajudar na melhoria da

disciplina.

AGRADEÇO ANTECIPADAMENTE A SUA PARTICIPAÇÃO!

Decio Vernay da Silva Júnior, Cad PM

1. Em qual situação das abaixo relacionadas você se encontra?

( ) CFO 3 e fiz o CTSP (CFSD) no ano de _______ antes de vir para o CFO; ( ) CFO 3 e era civil antes de vir para o CFO; ( ) CFO 2 e fiz o CTSP (CFSD) no ano de _______ antes de vir para o CFO;

( ) CFO 2 e era civil antes de vir para o CFO.

2. Em que medida as aulas de História da PMMG contribuíram para sua

formação como futuro oficial desta Corporação?

( ) Indispensável ( ) Contribuiu pouco ( ) Contribuiu muito ( ) Não contribuiu em nada

3. As aulas de História da PMMG foram, em geral, motivadoras?

( ) Muito motivadoras ( ) Pouco motivadoras ( ) Motivadoras ( ) Nada motivadoras

4. Você já visitou o Museu da PMMG?

( ) Já, durante as aulas de história do Curso de Formação de Oficiais; ( ) Já, para estudo referente à disciplina História da PMMG; ( ) Já, no meu período de folga por interesse próprio;

( ) Não. Tive interesse, mas sempre estava fechado; ( ) Não, nunca tive interesse; ( ) Não sabia que existia Museu da PMMG.

5. Qual a importância do contexto político-social para a polícia?

( ) Indispensável ( ) Pouco importante ( ) Muito importante ( ) Não faz diferença

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6. A partir dos conhecimentos adquiridos na disciplina História da PMMG você

tem condições de avaliar as transformações estruturais e conjunturais passadas pela PMMG desde a sua formação até os dias atuais?

______________________________________________________________ ______________________________________________________________

7. Você se considera parte da história da PMMG?

( ) Sim

( ) Não

8. Qual é a importância do professor da disciplina História da PM ser licenciado

em história?

( ) Indispensável ( ) Pouco importante ( ) Muito importante ( ) Não faz diferença

9. Qual é a importância do professor da disciplina História da PMMG ser policial

militar?

( ) Indispensável ( ) Pouco importante

( ) Muito importante ( ) Não faz diferença

10. Qual é a importância do professor da disciplina História da PM possuir vasta

experiência profissional na PMMG (muito tempo na Corporação)?

( ) Indispensável ( ) Pouco importante

( ) Muito importante ( ) Não faz diferença

11. Quais dentre os livros listados a seguir você já leu, no todo ou em partes?

( ) História Militar da PMMG (MARCO FILHO, 2005);

( ) A Polícia Militar de Minas Gerais (SILVEIRA, 1955);

( ) A Revolução de 30 e o Município (CARVALHO, 1942);

( ) Breve História da Polícia Militar de Minas Gerais (COTTA, 2006);

( ) Não conheço nenhum dos livros citados.

12. Qual dentre os livros abaixo mais colaborou para sua formação? Marcar

apenas uma opção.

( ) História Militar da PMMG (MARCO FILHO, 2005);

( ) A Polícia Militar de Minas Gerais (SILVEIRA, 1955);

( ) A Revolução de 30 e o Município (CARVALHO, 1942);

( ) Breve História da Polícia Militar de Minas Gerais (COTTA, 2006);

( ) Nenhum livro sobre história da PMMG colaborou para minha formação;

( ) Outro livro:_________________________________________________.

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13. Qual a importância de conhecer a história de sua Corporação?

( ) Indispensável ( ) Pouco importante

( ) Muito importante ( ) Não faz diferença

14. Qual a data de criação do Regimento Regular de Cavalaria de Minas?

15. Qual conteúdo você considera que deveria ser priorizado nas aulas de

História da PMMG? Marque apenas uma questão.

( ) Nomes e datas relacionadas com a História da PMMG;

( ) Atuação da polícia dentro do contexto político-social ao longo da história;

( ) A importância do passado histórico para a formação do policial de hoje.

16. Por qual método prioritariamente utilizado você se sentiria mais estimulado a

estudar a História da PMMG? Marque apenar uma questão.

( ) Ouvir relatos de policiais que trabalharam em diferentes contextos;

( ) Estudar o perfil de cada época por meio de documentos institucionais;

( ) Memorizar datas e nomes a partir da leitura de apostilas e manuais;

( ) Estudar por meio de objetos (armas, equipamentos, fotografias...) e suas

significações.

17. Em relação à disciplina História da PMMG, você pensa que:

( ) deveria ser alterado o conteúdo da disciplina;

( ) deveria mudar a forma como a disciplina é ensinada;

( ) deveriam ser modificados o conteúdo e a forma de ensino;

( ) a disciplina deveria ser retirada do currículo;

( ) a disciplina deveria ser mantida tal como está.

18. Você sabe o nome de quais ex-comandantes gerais?

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

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19. Como você considera que foi, prioritariamente, a avaliação da disciplina?

Marque apenas uma questão.

( ) Avaliou o conhecimento sobre a polícia inserida nos contextos político-

sociais por que passou a sociedade. ( ) Avaliou o conhecimento sobre as transformações passadas pela PMMG até a atualidade

( ) Avaliou o conhecimento sobre datas, acontecimentos e nomes relacionados à PMMG.

20. Quais meios didáticos foram empregados pelo professor durante as aulas?

( ) Leitura de livros de diferentes autores contextualizados com a disciplina; ( ) Trabalho com filmes, documentários, artigos e músicas; ( ) Análise de objetos e documentos de diferentes períodos;

( ) Leitura e memorização de livro texto e/ou apostila com nomes e datas importantes; ( ) Discussões dirigidas com a presença de profissionais experientes que

presenciaram mudanças institucionais. ( ) Outro meio: ________________________________________________

OBRIGADO PELA SUA PARTICIPAÇÃO!

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ANEXO A

PROGRAMA DE DISCIPLINA

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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CENTRO DE ENSINO DE GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE DISCIPLINA

1 CABEÇALHO

1.1 Nome do Curso: Curso de Bacharel em Ciências Militares - Área defesa Social

(CFO)

1.2 Ano do Curso: 1º ano

1.3 Disciplina: História da PMMG

1.4 Carga Horária: 20 horas

1.5 Coordenação da Disciplina: Cap PM Eugênio

1.6 Pré-requisitos do corpo docente para ministrar a disciplina: Titulação mínima na

pós-graduação.

Conhecimento e atuação na área da disciplina

1.7 Inter-relacionamento disciplinar:

2 EMENTA

A disciplina visa não só preparar os futuros oficiais da Policia Militar, mas também

infundir-lhes, no espírito o amor à Corporação, através do conhecimento do nosso

passado histórico.

3 OBJETIVOS DA DISCIPLINA

Conhecer a Estrutura Organizacional da PMMG e suas raízes históricas.

Conhecer o processo de formação da PMMG e as transformações estruturais e

conjunturais por que passou nos séculos XVIII, XIX e XX.

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4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

UNIDADE I

1 Instituições Policiais do Período Colonial. Raízes da PMMG

1.1. Trilhas e caminhos metodológicos

1.1.1 Fundamentos da Brasilidade

1.1.2 Estrutura do Estado português (1500-1700)

1.1.3 Desigualdade instituída

1.1.4 Crime como ofensa ao soberano

1.1.5 O processo inquisitório como instrumento de dominação

1.1.6 Todo vassalo é soldado d’El Rei. Todo vassalo é policial

1.1.7 Açúcar, madeira e gado

1.2 O Nascimento das Minas e o Ideal de Liberdade

1.2.1 Estrutura do Estado Português(1700 – 1822)

1.2.2 Novas Idéias Penais

1.2.3 A Caminho da Igualdade

1.2.4 Nem todo vassalo é soldado d’El Rei. Nem todo vassalo é policial

1.2.5 Enfim o ouro... e os problemas

1.3 Forças Policiais Militares na Colônias

1.3.1 As Ordenanças. Estrutura e Funcionamento

1.3.2 Os Dragões Reais. Estrutura e Funcionamento

1.3.3 Auxiliares e Milícias. Estrutura e Funcionamento

1.3.4 O Regimento de Cavalaria de Minas. Estrutura e Funcionamento

1.3.5 Os quadrilheiros. Caráter comunitário. Estrutura e Funcionamento.

1.4 O triunfo da liberdade

1.4.1 As Grandes Transformações Políticas, Econômicas e Sociais no fim do século

XVIII

1.4.2 A Inconfidência Mineira

1.4.3 O Papel das Forças Policiais Militares Mineiras no Processo de Independência

1.5 Conclusões

UNIDADE II

2 Participação da Polícia Militar nos Diferentes Movimentos Armados desde a Data

de sua Criação

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2.1 Guerra do Paraguai

2.2 Revolta Armada

2.3 Levantes de 1924 - 1925 - 1926 “Coluna Prestes”.

2.4 Combate do Rio Pardo

2.5 Combate em Couto Magalhães

2.5 Combate na Invernada de “Zeca Lopes”

2.6 Combate de Dois Córregos

2.7 Revolução de 1930

2.8 Tentativa de Deposição do Presidente Olegário Dias Maciel

2.9 Ação do Cap João Guedes Durães

2.10 Ação do Cap Antônio Pereira da Silva ( Revolução de 1932)

2.11 Levantes de 1935 e 1936 - Golpe de 1937

2.12 Revolução de 31 de Março de 1964

2.13 Guerrilha do Parque Nacional do Caparaó - Serra do Caparaó - Abril de 1967

2.14 Revolução de 1930 - 1939 - 1964

2.15 Visita ao Museu Histórico da PMMG

UNIDADE III

3 Nomes e Datas da PMMG.

3.1 Canção da PMMG.

3.2 Hino a Minas Gerais.

3.3 Hierarquia.

3.4 Bibliografia.

3.5 Publicações e artigos.

3.6 Diversos.

UNIDADE IV

4 Os Primeiros Tempos da PMMG

4.1 Introdução

4.2 Fundamentos da História da PMMG

4.3 A Corporação em Belo Horizonte

4.4 Reorganização da corporação

4.5 Comandantes Gerais nos Períodos Colonial, Imperial e Republicano

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5 METODOLOGIA

Aula expositiva em sala.

6 REFERENCIAS

1 MARCO FILHO, Pe. Luiz de. História Militar da Polícia Militar de Minas Gerais. 6.

ed. Belo Horizonte: Graual editora e Gráfica, 1999.

2 SILVEIRA, Geraldo Tito. A Polícia Militar de Minas. 1ª ed. Belo Horizonte:

Imprensa Oficial, 1955.

3 CARVALHO, Menelick de. A Revolução de 30 e o Município. 1ª ed. Rio de Janeiro:

Departamento de Imprensa e Propaganda, 1942.

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ANEXO B

AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA HISTÓRIA DA PMMG – 2010

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ANEXO C

AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA HISTÓRIA DA PMMG – 2011

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ANEXO D

NOTAS DA DISCIPLINA HISTÓRIA DA PMMG - 2010 – 2011

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