O Ensino de História - Outros Recursos Além Do Livor Didático - Ana Lucia Moreira Brito

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

    CENTRO DE FILOSOFIA E CINCIAS HUMANAS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM HISTRIA

    O ENSINO DE HISTRIA: outros recursos alm do livro didtico

    Dissertao de Mestrado apresentada pela aluna Ana Lcia Morais de Brito ao

    Programa de Ps-Graduao em Histria da UFPE, para obteno do grau de Mestre.

    Orientadora: Prof Dr Lcia de Ftima Guerra Ferreira

    RECIFE/MARO/ 2003

  • 2

    Ofereo esse trabalho a todos os

    professores que optaram por trabalhar com

    a rea de Histria e aqueles que, como eu,

    aprenderam a gostar dessa disciplina e,

    mesmo no tendo cursado a graduao em

    Histria, depois decidiu pesquisar essa

    rea do conhecimento. De qualquer forma,

    tanto os licenciado em Histria quanto os

    pedagogos possuem o mesmo

    compromisso: formar o cidado.

  • 3

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a colaborao fundamental da Prof Dr Lcia de Ftima Guerra Ferreira, que alm de orientadora foi amiga na difcil trajetria de se redigir uma

    dissertao;

    Agradeo direo do Colgio de Aplicao CAp - da Universidade Federal de Pernambuco que permitiu o desenvolvimento da pesquisa prtica nessa

    instituio;

    Agradeo a importante colaborao prestada pelos professores de Histria do CAp: Edson Silva, Maria Idalina da Cruz Pires, Tarcsio Marcos Alves, Tatiane

    Trigueiro;

    Agradeo especialmente aos professores Geraldo Barroso, Virgnia Almoedo e Joana Neves que contriburam com questionamentos e sugestes para o

    aperfeioamento desse trabalho;

    Agradeo a todas as pessoas que de qualquer forma me apoiaram durante o desenvolvimento desse trabalho;

    Agradeo aos professores, que durante o processo de seleo para ingresso no mestrado, fizeram parte da banca que realizou a entrevista. Se eles no tivessem

    confiado na minha proposta de trabalho eu no estaria hoje concluindo um

    trabalho que me possibilitou ampliar meu conhecimento na rea de Histria.

  • 4

    SUMRIO

    Resumo 5

    Abstract 6

    Introduo 7

    I. Recursos didticos 19

    II. CD Roms sobre Histria 48

    III. Uso de filmes no ensino de Histria 72

    IV. O trabalho com filme na sala de aula a aplicao prtica 88

    Concluso 100

    Referncias Bibliogrficas 104

    Anexos 108

  • 5

    BRITO, Ana Lcia Morais de. O ensino de histria: outros recursos alm do livro

    didtico. 2003. Dissertao (Mestrado em Histria). Universidade Federal de

    Pernambuco, 112 p.

    RESUMO

    Este trabalho engloba um levantamento e anlise dos vrios recursos didticos

    apresentados na bibliografia educacional como teis para auxiliar o professor no

    desenvolvimento do ensino de Histria. Como os recursos so muitos, nos detivemos na

    anlise dos chamados novos recursos didticos - os CD Roms, e na proposta prtica de

    uso de filmes em sala de aula. A proposta de uso de filmes foi coletada atravs de

    entrevistas, observao da aula de alguns professores de Histria e por meio de

    questionrios. Busca-se apresentar em que os chamados novos recursos didticos se

    diferenciam dos livros didticos e sua utilizao na prtica da sala de aula.

  • 6

    Brito, Ana Lcia Morais de .The teaching of History: Other resourses besides the

    didatic book.2003.Dissertation (Masters degree in History).Federal University of

    Pernambuco,112p.

    ABSTRACT

    This work comprehends a research and analysis on the various didatic resources

    presented in the educational bibliography as being useful for helping teachers in the

    development of the process of teaching History. Because there are so many resources,

    we attain to our analysis on the new didactic ones__ the Cd Roms , and on the

    practical suggestion of making use of movies inside the classroom.The proposal

    mentioned above has been extracted through interviews, class observations of some

    History teachers and through questionaries. Our aim is to show how the new didactic

    resources differ from didactic books as well as their usage in the classroom.

  • 7

    INTRODUO

    Ao longo deste trabalho utilizaremos, at a exausto, o termo recurso didtico.

    Logo, vale a pena esclarecermos, inicialmente, o conceito de recurso didtico que

    adotaremos: recurso didtico o meio que podemos utilizar no ensino de Histria ou

    de qualquer outra disciplina para abordar determinado contedo. Esse meio pode j

    estar pronto ou ser elaborado pelos alunos e/ou pelo professor. Exemplo: teatro de

    fantoches para representar a chegada da Famlia Real no Brasil o prprio preparo dos

    fantoches um recurso e a representao tambm funciona como um recurso didtico,

    uma vez que auxilia na abordagem do respectivo contedo exemplificado. Neste

    exemplo o professor de Histria poderia escolher qual caminho seguir: se juntar com o

    professor de Artes e pedir que ele auxiliasse os alunos a preparar os fantoches, ou se

    permitir que os alunos comprassem os fantoches j prontos, embora perdessem a

    oportunidade de conhecer o mecanismo de montagem desses objetos. Aqui citamos

    apenas um exemplo de casamento que pode ser realizado entre a Histria e outras

    disciplinas (no caso, a Arte). Posteriormente, apresentaremos outros exemplos de

    possveis articulaes interdisciplinares.

    Este trabalho tem como campo de investigao o ensino de Histria, a partir da

    anlise de alguns recursos didticos que podem auxiliar o professor de Histria no

    cotidiano escolar, tanto aqueles mais acessveis e mais baratos como outros mais

    difceis de serem encontrados em algumas escolas, como por exemplo, o vdeo cassete

    para exibio de filmes e o computador para consulta a CD Roms. No caso do vdeo

    sabemos que o acesso a ele est se democratizando, porm, vrias escolas pblicas que

  • 8

    adquirem o equipamento no dispem de recursos para a sua manuteno ou mesmo

    para a sua segurana, sofrendo arrombamentos e assaltos.

    Alm dessa questo, tambm h outros problemas que costumam ocorrer no

    momento em que o professor resolve utilizar o vdeo: muitas escolas pblicas possuem

    apenas um aparelho, o que no possibilita que vrios professores utilizem o

    equipamento no mesmo horrio para reproduzirem filmes diferentes; outro aspecto

    importante que as escolas pblicas, ou pelo menos a grande maioria, no possui

    videoteca, sendo necessrio realizar a locao em locadoras. Quanto a esse aspecto,

    muitos diretores no se predispem a fornecer ao professor recursos financeiros para

    arcar com esses custos, uma vez que uma grande parte das pessoas (diretoras, inclusive,

    supostamente pedagogas) vem a projeo de filmes como algo apenas para passar o

    tempo e que no ser explorado em sala de aula.

    Uma vez que o vdeo e os CD Roms podem ser considerados como novas

    tecnologias, nos detivemos no estudo deles para que fosse possvel analisar de forma

    mais aprofundada se eles apresentam inovaes apenas no aspecto tecnolgico, ou

    tambm na forma como abordam o conhecimento histrico. Outro aspecto que deve ser

    considerado se o professor utiliza esses recursos de forma a transmitir o conhecimento

    para o aluno ou se os utiliza para auxiliar o aluno no desenvolvimento de uma postura

    crtico-reflexiva quanto aos assuntos estudados em Histria. Finalmente, independente

    desses recursos serem utilizados em sala de aula ou recomendados para serem

    explorados pelo aluno em casa, devemos observar se o professor os considera como

    complementares ao livro didtico ou a qualquer outro recurso que ele use com

  • 9

    freqncia, ou se os filmes e os CD Roms so recursos utilizados com a mesma

    finalidade que os demais, qual seja, auxiliar o aluno na construo do conhecimento.

    Como j exposto anteriormente, apresentamos nesse trabalho, tambm, algumas

    propostas de recursos didticos que so mais acessveis e mais baratos. Excetuando a

    breve abordagem da questo dos paradidticos e a discusso sobre o uso da iconografia,

    as demais propostas, ditas acessveis, foram apresentadas de acordo com as sugestes

    constantes nas obras de Neves (1985) e Callai (1986), uma vez que esses dois autores

    propuseram alguns recursos para auxiliar no trabalho do professor de Histria.

    Partindo da nossa inquietao em busca da melhoria da qualidade do processo de

    ensino-aprendizagem na rea de Histria, algumas questes foram se colocando no

    nosso horizonte de pesquisa, entre as quais destacamos: at que ponto no precisamos

    nos deter apenas no uso do livro didtico no ensino de Histria; quais as possibilidades

    de ampliao do uso de outros recursos didticos no nosso trabalho em sala de aula, ao

    abordar qualquer tema histrico; em que os chamados novos recursos didticos se

    diferenciam dos livros didticos e quais os seus contedos; como esses novos recursos

    esto sendo utilizados na prtica da sala de aula.

    Alm destas questes, vale ressaltar a necessidade de aprofundamento das

    questes tericas subjacentes aos recursos didticos, especialmente os CD Roms e os

    filmes que se constituem em nosso objeto de anlise. Portanto, tentaremos identificar

    nos CD Roms didticos a concepo de histria adotada, bem como se acompanham a

    produo historiogrfica recente, as novas tendncias. Embora os filmes se diferenciem

  • 10

    dos CD Roms na origem poucos so criados como recurso didtico, so passveis de

    anlise como representao do passado e afinidades tericas.

    Como todo trabalho voltado Educao, este tambm foi elaborado levando em

    considerao, entre outros, os seguintes aspectos: finalidade do ensino de Histria,

    concepo de como ocorre a aprendizagem e a finalidade da Educao. Quanto

    finalidade do ensino de Histria, acreditamos que fornecer ao aluno condies para

    que ele estude, analise e reflita sobre os acontecimentos atuais luz dos demais fatos

    que ocorreram ao longo da histria da humanidade no Brasil e no mundo, bem como,

    realizar comparaes entre situaes atuais e situaes semelhantes que tenham

    ocorrido em outras pocas.

    Para o nosso trabalho destacamos a finalidade da Educao em formar o cidado

    capaz de realizar crticas e reflexes sobre o mundo que o cerca, utilizando, para isso, o

    conhecimento construdo atravs do estudo da Histria. O ltimo aspecto a ser

    destacado quanto nossa concepo de como se d a aprendizagem, uma vez que todo

    professor possui uma, aqui estamos seguindo a concepo de Vygotsky que considera

    que o processo de aquisio do conhecimento se d atravs da interao aluno aluno e

    aluno professor, uma vez que o professor possui a funo de auxiliar o aluno a

    avanar do conhecimento que ele j tem para um que ainda no foi atingido; entretanto,

    esse auxlio no pode ser dado apenas pelo professor, mas ele tambm pode ocorrer

    atravs da interao entre um aluno que ainda no tem o conhecimento sobre

    determinado assunto e um que j tem. A distncia entre um conhecimento que o aluno j

    e tem e o conhecimento que ele est construindo com a ajuda do outro chamada por

    Vygotsky de zona de desenvolvimento proximal.

  • 11

    Esclarecidas as concepes que nortearam este trabalho, a seguir apresentaremos

    um breve resumo das caractersticas bsicas das linhas tericas - Positivismo e Nova

    Histria - que serviram de base para anlise dos recursos aqui explorados de forma mais

    minuciosa, quais sejam, os filmes e os CD Roms. Vale ressaltar que no identificamos,

    nos recursos didticos por ns selecionados, influncias ou inspirao marxista em

    nenhum deles. Portanto, no teceremos comentrios sobre essa linha terica.

    J mais que disseminada entre os historiadores a idia de que a histria

    positivista factualista, centrada nas idias e decises de grandes homens, em batalhas e

    em estratgias diplomticas. Entretanto, segundo Falcon (1997), essa concepo de

    Histria nasceu na Grcia, como podemos observar na seguinte citao:

    Se de fato a histria comeou com Herdoto ou no pouco importa agora.

    Nasceu, sim, com os gregos uma certa concepo de histria: uma narrativa de

    certo tipo de aes hericas ou humanas dignas de serem lembradas. A cidade-

    estado, os imprios, monarquias, ou, num plano mais abstrato, a Repblica e/ou

    Estado, foram os centros ou ncleos que polarizaram as narrativas histricas, e

    nestas, o papel dos polticos e/ou homens do Estado, as teorias filosficas,

    jurdicas e teolgicas acerca das origens, instituies e fins da Repblica.

    Surgiu e consolidou-se assim, ao longo de muitos sculos, a histria dos

    historiadores ou, apenas, a histria. Bem mais tarde, esta histria foi

    identificada como um tipo de histria: a histria poltica tradicional. (Falcon in

    Cardoso & Vainfas, 1997, p. 62)

    Essa histria poltica tradicional exposta acima convencionou-se chamar de

    histria positivista, para designar, inclusive, as produes historiogrficas que se

    pautam em datas, fatos e heris, conforme citao de Caimi (1999):

  • 12

    A concepo positivista da histria pode ser caracterizada, grosso modo, pela

    idia de um conhecimento absoluto, definitivo e acabado; sua verdade

    inquestionvel desde que advinda dos documentos. No h histria sem

    documentos; os fatos extrados desses documentos so encadeados em uma

    cronologia linear e evoluem a partir de causas e conseqncias. Nem todos os

    fatos so dignos de entrar para a histria, mas apenas aqueles que tratam de

    questes realmente importantes, como os feitos de seus governantes, os heris e

    as grandes batalhas. Os fatos relevantes so oriundos, geralmente, de

    documentos oficiais do Estado, o que gera uma nfase excessiva sobre a histria

    poltica. O historiador deve manter a neutralidade e a objetividade diante dos

    fatos, limitando-se a relata-los e documenta-los (para fins de comprovao).

    (p. 44)

    Outro aspecto que caracteriza a concepo positivista de Histria a idia

    defendida por Ranke, que aponta a tarefa do historiador como sendo narrar/descrever os

    acontecimentos do passado como eles realmente se passaram. Essa descrio

    considerada fiel e objetiva, se daria atravs do uso das informaes existentes nos

    documentos oficiais, uma vez que esses eram dotados, de acordo com essa concepo,

    de uma viso neutra sobre os acontecimentos e os retratavam tal qual haviam

    acontecido.

    Na histria positivista no h espao para expor o pensamento das massas,

    mostrar os costumes, hbitos, modos de vestir, entre outras coisas, dos povos que j

    habitaram e/ou ainda habitam o mundo. Esses aspectos passaram a ter espao nas

    produes historiogrficas que seguem as tendncias da Nova Histria.

    Dentro do campo da Nova Histria temos, por exemplo, a Histria das

    Mentalidades, que valoriza temas ligados religiosidade, aos sentimentos e aos rituais.

  • 13

    Segundo Vainfas, os seguintes aspectos so destacados em relao aos temas

    abordados pela Histria das Mentalidades:

    Quanto aos temas costume se destacar a preferncia por assuntos ligados ao

    cotidiano e s representaes, na falta de expresses melhores: o amor, a morte,

    a famlia, a criana, as bruxas, os loucos, a mulher, os homossexuais, o corpo, a

    morte, os modos de vestir, de chorar, de comer, de beijar etc. Microtemas,

    portanto, recortes minsculos do todo social. Quanto ao estilo, costuma-se

    realar o apego narrativa e descrio em detrimento da explicao

    globalizante. (Vainfas, in Cardoso & Vainfas, 1997, p. 137)

    Na citao acima podemos ter uma noo do vis tomado pelas abordagens que

    seguem as tendncias da Nova Histria. Quando apresentamos alguns dos temas

    abordados pela histria das mentalidades enfocamos um conjunto de pessoas e no uma

    pessoa em especfico.

    Vainfas (1997) apresenta as idias principais acerca da Histria das

    Mentalidades, que Le Goff exps no seu artigo As Mentalidades Uma Histria

    Ambgua, publicado no livro Faire de lhistoire:

    Primeiramente, a questo do recorte das mentalidades, que o autor diz ser

    abrangente a ponto de diluir as diferenas inerentes estratificao social da

    sociedade estudada. A mentalidade de um indivduo histrico, sendo esse um

    grande homem, justamente o que ele tem de comum com outros homens de seu

    tempo, afirma o autor logo no incio do artigo. E mais adiante: O nvel da

    histria das mentalidades ... o que escapa aos sujeitos particulares da histria,

    porque revelador do contedo impessoal do seu pensamento o que Csar e o

    ltimo soldado de suas legies, Cristvo Colombo e o marinheiro de suas

  • 14

    caravelas tm em comum. Em segundo lugar, quanto a esse domnio de crenas

    e atitudes comuns a toda a sociedade, Le Goff diz situar-se, de preferncia, no

    campo do irracional e do extravagante, do que decorrem a noo de

    inconsciente coletivo e a recomendao de uma pesquisa arqueopsicolgica

    para desvendar esse ltimo em investigaes concretas. Enfim, a questo do

    tempo das mentalidades que, conforme j disse, o tempo braudeliano da longa

    durao: A mentalidade, afirma Le Goff, aquilo que muda lentamente.

    Histria das mentalidades, histria da lentido na Histria. (Vainfas in

    Cardoso & Vainfas, 1997, p. 139)

    Assim como a histria das Mentalidades, tem-se a Nova Histria Cultural, que

    valoriza as manifestaes das massas annimas: as festas, as resistncias, as crenas

    heterodoxas.

    Em todas as linhas que seguem a proposta da Nova Histria h uma valorizao

    de aspectos que no consideram as pessoas que se destacaram devido a algum feito

    herico, mas aquelas que realmente fazem parte da construo da Histria: o povo, as

    massas annimas.

    Alm dos temas abordados pela Nova Histria, tambm importante mencionar

    que essa abordagem no considera como documentos apenas os considerados oficiais,

    tais como leis e decretos. Na abordagem da Nova Histria, tudo que apresenta indcios

    sobre o modo de fazer, de viver e de pensar da humanidade documento, por exemplo,

    os mapas, as fotografias, as cartas, as msicas, os processos criminais, os dirios, entre

    outras coisas.

  • 15

    A reviso bibliogrfica para a fundamentao terica da pesquisa nos permitiu

    conhecer em que situao se encontra o estudo sobre recursos didticos, e quais os

    principais autores que pesquisam sobre essa temtica. Alm disso, foi a partir da

    produo j existente que percebemos a relativa ausncia de obras que tratam da

    questo que abordada na maior parte dessa pesquisa, qual seja, o uso da imagem (cd

    rom, filmes, iconografia).

    De qualquer forma, pretendemos mostrar que no necessrio apenas nos

    determos ao uso do livro didtico, e que podemos ampliar o nosso trabalho em sala de

    aula ao abordar qualquer tema histrico. Aqui nos detivemos na explorao dos Cd

    Roms e vdeos, mas o professor pode encontrar muitos outros recursos que se adequem

    realidade da escola na qual trabalha e realidade dos seus alunos.

    Antes de iniciarmos a pesquisa de campo, tivemos o cuidado de realizar um

    levantamento sobre os principais aspectos da escola escolhida para a implementao da

    parte prtica da pesquisa, para dessa forma sabermos quais as condies fsicas, tcnicas

    e pedaggicas da mesma (Anexo 1). Quanto definio do Colgio de Aplicao da

    Universidade Federal de Pernambuco como campo de pesquisa, vale destacar a sua

    importncia como instituio ligada Universidade e na qual, inclusive, os alunos dos

    Cursos de Licenciatura desenvolvem a prtica de estgio, que refora a sua natureza de

    escola experimental e inovadora. Alm disso, esse Colgio possui um corpo docente e

    tcnico-administrativo capacitado para propiciar o melhor desenvolvimento intelectual,

    moral e social possvel para o aluno. Considerando a realidade das escolas

    pernambucanas, foi nesse Colgio que verificamos a possibilidade de encontrarmos

  • 16

    professores com todas as condies favorveis para o uso das novas tecnologias que

    estamos analisando neste trabalho.

    Alm desse levantamento, utilizamos dois instrumentos de pesquisa, com

    estrutura de questes abertas, que aplicamos para coletar dados com os professores. No

    primeiro, buscamos traar um perfil do professor e identificar quais os recursos

    didticos utilizados (Anexo 2). No segundo, aprofundamos as questes sobre o uso do

    filme em sala de aula (Anexo 3).

    A ttulo de esclarecimento, vale destacar que sempre que usamos a expresso

    uso de(o) vdeo estamos nos referindo ao uso de filmes no ensino de Histria. Apesar

    da parte prtica ter se detido em experincias com filmes, no primeiro captulo fizemos

    referncias aos livros paradidticos e msica sendo utilizada nas aulas, porque mesmo

    no havendo tempo suficiente para pesquisar como a maioria dos recursos est sendo

    utilizada na prtica, julgamos importante mencion-los.

    No desenvolvimento da pesquisa sobre o uso de filmes tentamos sempre

    acompanhar o trabalho do professor durante a aula na qual estava sendo utilizado algum

    filme, a fim de que pudssemos observar o relacionamento do professor com o aluno no

    momento dessa atividade pedaggica, bem como a receptividade dos alunos durante o

    trabalho com esse recurso.

    Para levantar as sugestes de trabalho, julgamos importante que o mesmo fosse

    feito de acordo com a programao do professor, e no o pesquisador tentar induzir o

    professor a utilizar algum filme para facilitar, agilizar e engordar a pesquisa. Dessa

  • 17

    forma, a pesquisa no buscou criar situaes artificiais que s ocorrem com a finalidade

    de auxiliar no trabalho de pesquisadores provenientes da Universidade, e sim aproveitar

    prticas pedaggicas que os professores desenvolvem naturalmente ao longo do ano

    letivo.

    No decorrer deste trabalho, inmeras vezes destacamos que estamos

    apresentando recursos que podem ser utilizados nas aulas de Histria, entretanto, os

    mesmos podem sofrer um processo de adequao e serem utilizados para explorar

    assuntos que so trabalhados nas aulas de outras disciplinas.

    Outro aspecto importante a ser destacado que o professor de Histria,

    conforme j foi mencionado anteriormente, pode trabalhar em conjunto com os

    professores das outras disciplinas. Um exemplo de trabalho que pode ser desenvolvido

    entre o professor de Histria e o de Matemtica, que podem estudar a Histria do

    nmero e quais eram as caractersticas culturais, sociais e econmicas da regio na qual

    comeou a se pensar na representao numrica, e que contriburam para a criao e o

    desenvolvimento dos nmeros, tal qual temos hoje. Sugestes para a concretizao de

    propostas como essa so inmeras, e poderiam resultar novos trabalhos e dissertaes.

    Em vista disso, quase no fizemos essas interligaes no decorrer deste trabalho, mas

    elas s tm a enriquecer o trabalho do professor e do aluno.

    A estruturao dos captulos foi realizada da seguinte forma: no primeiro

    captulo temos um apanhado geral de alguns recursos sugeridos por alguns autores que

    pesquisaram sobre recursos didticos no ensino de Histria. No segundo captulo

    analisamos trs CD Roms na rea de Histria, apresentando, inclusive, os contedos

  • 18

    abordados em cada um deles e uma breve anlise sobre como esses contedos foram

    tratados. No terceiro captulo apresentamos algumas reflexes sobre o uso de filmes no

    ensino de Histria, uma vez que cada vez mais est se popularizando o acesso ao

    cinema e ao vdeo cassete, alm disso, o filme um meio que, se bem utilizado e

    explorado, muitas vezes consegue prender a ateno do aluno e sair da rotina das aulas

    que usam apenas o livro didtico. Neste captulo, tambm sugerimos alguns filmes que

    podem ser projetados em sala de aula e algumas questes que podem ser trabalhadas.

    No quarto captulo temos a parte prtica da pesquisa, que inclui um perfil do Colgio no

    qual a mesma foi realizada, e algumas sugestes de uso de filmes elaboradas e

    colocadas em prtica pelos professores do Colgio de Aplicao da Universidade

    Federal de Pernambuco. Neste captulo, tambm apresentamos a opinio dos

    professores de Histria do Colgio quanto ao uso de outros recursos didticos (alm do

    livro didtico) para um melhor aproveitamento da aula por parte dos alunos.

  • 19

    CAPTULO I

    RECURSOS DIDTICOS

    Antes de iniciarmos a abordagem do tema recursos didticos, vale destacar a

    figura do professor de Histria como sendo tambm produtor do conhecimento

    histrico, pois busca compreender e explicar aos alunos as tramas humanas do passado.

    No momento da exposio de um contedo, o professor elege contedos histricos,

    aspectos e vises de acordo com a sua concepo de Histria. Esse processo de seleo

    chega at a definio de quais os recursos didticos que so mais ou menos pertinentes e

    adequados queles contedos. Alm de produtor do conhecimento histrico, no

    podemos nos esquecer de que professores e alunos tambm participam, a cada dia, da

    construo da Histria do Brasil e do Mundo, afinal, a Histria no feita apenas pelas

    pessoas que possuem seus nomes destacados em livros e enciclopdias, mas tambm

    pelas massas annimas.

    importante destacar a imprescindibilidade do professor dominar o contedo a

    respeito do qual dar a aula, tendo em vista que os recursos didticos so apenas

    auxiliares no processo de ensino-aprendizagem e no frmulas mgicas que garantiro o

    aprendizado do aluno. Alm da questo do contedo, cabe salientar que os recursos em

    si no so eficientes ou ineficientes, pois para atribuirmos essas caractersticas aos

    recursos, depende da forma como eles sero utilizados pelo professor.

  • 20

    Na obra de Maria Aparecida Mamede Neves (1985), Ensinando e Aprendendo

    Histria1, encontramos algumas sugestes de recursos didticos que sero elencados a

    seguir:

    1) Anlise de textos

    De acordo com as sugestes apresentadas, os textos podem ser utilizados sob

    as formas de respostas a perguntas reflexivas, de identificao da idia central e de

    palavras-chave, de sntese e de transcrio de conceitos, entre outras possibilidades.

    2) Ilustrao de palavras, afirmativas e idias centrais do texto

    As ilustraes podem ser feitas em grupo ou individualmente, e no momento

    de passar a informao de uma linguagem para outra que podemos perceber como o

    aluno compreendeu a mensagem passada anteriormente.

    3) Organizao de vocabulrio (glossrio)

    Pode-se pedir que os alunos elaborem explicaes para alguns verbetes que so

    utilizados no estudo dos contedos de histria. Por exemplo: definir grupo social,

    sociedade, espao fsico, socializao.

    4) Anlise e montagem de grficos

    Antes de montar grficos histricos os alunos podem comear montando

    grficos das prprias notas, para que assim possam ter uma melhor viso de como se d

    o processo de elaborao dessa forma de representao de dados.

    1 Esse trabalho fruto de uma pesquisa realizada pela autora no Colgio de Aplicao da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, no livro no constam explicaes detalhadas de como utilizar os recursos, mas apenas a opinio de especialistas do Colgio quanto aos usos dos mesmos.

  • 21

    5) A montagem de elementos

    Constitui na organizao de elementos isolados em grupos, a partir de alguma

    relao causal ou de caracterizao, usando-a em nveis sincrnico ou diacrnico,

    dependendo dos objetivos da atividade.

    6) Elaborao de idias de Histria a partir de gravuras e elementos

    Utilizar gravuras e elementos como subsdio para compreender contedos e

    elaborar idias de Histria.

    7) Organizao de quadros de sntese

    Nos quadros de sntese os elementos principais dos assuntos estudados ficam

    compostos num todo, que pode ter um sentido esttico (de corte no tempo) e um sentido

    dinmico de relaes causais (com utilizao de setas). (p. 79)

    8) A montagem das linhas de tempo

    Tem por objetivo proporcionar a visualizao das duraes, e respectivas

    propores, por meio da confeco de linhas de tempo, de preferncia em papel

    milimetrado.

    9) Anlise e montagem de mapas

    Esse recurso pode ser utilizado no momento de lanamento da matria, no

    decorrer de uma unidade, para ilustrao de determinadas propostas, ou para avaliao

    de conhecimentos.

  • 22

    10) Anlise de filmes e slides

    A projeo de filmes e slides pode ser realizada no lanamento da matria ou

    para a fixao do contedo. Nesses dois casos, necessrio que antes da projeo o

    professor prepare os alunos e, aps o professor apresente perguntas reflexivas para

    discusso em grupo.

    11) Montagem e participao em jogos didticos

    A utilizao de jogos disponveis, bem como a criao de novos jogos, so

    recursos motivadores da aprendizagem, pela natureza ldica peculiar a esse tipo de

    recurso (Ver exemplo de jogo didtico - Anexo 4).

    12) Confeco de maquetes

    Atravs da maquete o aluno trabalha no tridimensional, construindo espaos

    naturais ou humanizados. Utilizando esse recurso o aluno materializa o conceito de

    espao que foi visto de forma abstrata, alm de lidar com o concreto, com o criar, com o

    construir.

    13) Guia de estudos

    Tem por objetivo a sntese final da matria estudada, com vrios tipos de

    exerccios, dando conta dos contedos trabalhados, possibilitando que os alunos

    sistematizem os conhecimentos adquiridos ao longo de determinada unidade.

    Como podemos observar, as sugestes acima so acerca de recursos

    relativamente fceis de serem obtidos pelo professor e trabalhados em sala de aula, uma

    vez que no exigem grande investimento financeiro nem por parte do professor nem da

    escola.

  • 23

    Os recursos apresentados so simples, mas apresentam sugestes e

    possibilidades para a dinamizao das aulas de Histria, para que elas saiam do

    esquema no qual o professor fala e o aluno apenas escuta, sem proceder a uma

    construo e a uma busca que instigue o conhecimento.

    Outro autor que aborda a questo do ensino de Histria, e apresentando alguns

    recursos didticos Jaeme Luiz Callai (1986). Mesmo ele apresentando alguns recursos

    que j foram abordados por Neves, ns os repetiremos, pois ele nos fornece uma

    explicao mais detalhada de como utiliz-los em sala de aula.

    Em seu livro Callai no utiliza o termo recurso didtico, mas os itens que

    sero enumerados a seguir so identificados por ele como sugestes para a dinamizao

    dos contedos. Estamos considerando como recurso porque no deixam de ser meios

    para serem utilizados no ensino de um contedo determinado. A seguir, os recursos

    citados por Callai:

    1. O uso do texto didtico

    Primeiramente o professor deve definir o espao e o tempo que sero estudados

    e o que ser estudado. O texto didtico pode ser um roteiro para o professor abordar

    determinado contedo, ou pode ser trabalhado diretamente pelo aluno. No caso de ser

    trabalhado diretamente pelo aluno, o texto pode ser um material introdutrio ao assunto.

    Depois as atividades sero desenvolvidas independente dele. Nos mesmos termos,

    poder ser a concluso do assunto.

  • 24

    Ao invs disso, se a opo for trabalh-lo intensamente, o professsor poder,

    dependendo da sua estrutura, dividi-lo em partes que, depois de estudadas,

    discutidas, sero reescritas. Em certas condies cada parte poder dar

    elementos para escrever um novo texto, ou ele poder ser reescrito no seu

    conjunto. (p. 56)

    Callai destaca que o texto no deve ser referencial bsico para as aulas, mas

    apenas um dos recursos. Entretanto, a partir da anlise de um texto (ou de vrios) que

    o aluno ter contato com vrias formas de abordagem do assunto que est sendo

    estudado ou que ser estudado. No texto o autor expe suas idias sobre o assunto que

    est explorando, porm, ao lermos o material, devemos questionar se a abordagem do

    autor satisfaz as questes que temos sobre o tema, se ele no poderia ter se estendido na

    explanao, se algum outro autor expe e o mesmo assunto sobre outro aspecto.

    2. Uso do mapa

    O mapa histrico deve ser utilizado para situar o aluno no espao, no momento

    em que se inicia o estudo de uma nova unidade. O professor pode utilizar em sala de

    aula o Atlas Histrico do MEC, sendo que alm dele importante o Atlas Histrico e

    Geogrfico.

    Para se utilizar o mapa em Histria necessrio dominar as noes de

    localizao e de espao geogrfico. Isso muito importante porque no mapa histrico,

    por exemplo, as divises polticas e nomenclaturas no correspondem s atuais.

    exatamente no mapa geogrfico que alunos e professores podero encontrar as divises

    do espao atualizadas, para assim realizarem as comparaes necessrias com o mapa

    histrico que estiver sendo estudado.

  • 25

    3.Elaborao e interpretao de cronologias

    Atravs da elaborao de Cronologias ou Tbuas Cronolgicas possvel alinhar

    as datas histricas na ordem de sucesso dos acontecimentos. Fazemos a listagem em

    sentido vertical crescente das datas e fatos relativos a um evento (tempo curto),

    conjuntura ou estrutura que se pretenda estudar.

    Ex.: Cronologia do Processo de Emancipao do Brasil.

    1807 Uma nota franco-espanhola exigia da Corte Portuguesa uma posio anti-

    britnica, com o fechamento dos portos, a expulso e o confisco dos bens dos sditos

    ingleses residentes em Portugal.

    1808 Chegada da Corte de D. Joo VI ao Brasil.

    1808 Abertura dos Portos.

    1810 Brasil e Inglaterra assinam Tratados de Aliana e Amizade e de Comrcio e

    Navegao.

    1815 Elevao do Brasil categoria de Reino.

    1822 Proclamao da Independncia do Brasil.

    A cronologia importante para situar o aluno no tempo, nas pocas e perodos

    histricos, uma vez que algumas datas importantes marcam a histria, dividem perodos

    e devem ser trabalhadas e memorizadas como marco referencial. Para elaborar as

    cronologias os alunos podem pesquisar textos ou bibliografia indicada pelo professor.

    4.Trabalho com linha de tempo

    A linha de tempo permite a percepo da sucesso de acontecimentos e

    conjunturas, e a percepo dos processos simultneos no tempo. Pode-se comear

  • 26

    elaborando a linha da vida do aluno para, paulatinamente, chegar na linha do tempo da

    Histria do Brasil, por exemplo.

    Na elaborao da linha de tempo importante o uso das cores diferentes para

    destacar as etapas ou conjunturas que se quer marcar. Em linhas de escala pequena

    aconselhvel utilizar legendas. A linha de tempo deve ser traada com escala, pois a

    escala que d a proporo do tempo representado no espao da linha.

    5.Observao e interpretao de testemunhos histricos

    Testemunhos histricos so vestgios e marcas deixadas no tempo por

    acontecimentos de outros tempos histricos. Os vestgios podem estar na forma de

    documentos escritos, pinturas ou objetos de uma determinada poca. Classificao

    desses testemunhos histricos segundo Maria Teresa Nidelcoff, citada por Callai:

    Testemunhos Escritos cartas, relatos, jornais e revistas, crnicas, leis, notas fiscais, documentos;

    Testemunhos Figurativos desenhos, pinturas, fotos e gravuras; Testemunhos Reais os prprios objetos, como prdios, construes, meios

    de locomoo, monumentos, utenslios ...

    6.Entrevistas

    Pode-se utilizar a entrevista para registrar a histria local. Isso pode ser feito

    atravs de entrevista com personagens com destaque na histria do bairro ou do

    municpio. Pode-se entrevistar descendentes desses personagens ou pessoas comuns e

    annimas. Atravs dessas entrevistas torna-se possvel fazer um levantamento de

    inmeros aspectos, dentre os quais destacamos os seguinte: histrias de povoamento;

  • 27

    formas de sobrevivncia antigas e atuais; formas de organizao atuais da localidade;

    formas de lazer e de divertimentos antigos e atuais. Atravs das informaes obtidas nas

    entrevistas os alunos tero mais facilidade em estabelecer relaes entre fatos e

    situaes do passado e do presente.

    Por que no aproveitar essa proposta de entrevista e as informaes que os

    alunos podem obter atravs dela, para elaborar um livro? Dessa forma os alunos teriam

    mais uma oportunidade de explorar a escrita seguindo as orientaes necessrias para

    elaborao de um livro que represente o resultado de um trabalho de pesquisa realizado

    por eles. Durante a elaborao do livro o professor pode auxiliar os alunos na reflexo

    sobre a utilizao das formas verbais, estrutura do texto (dissertao, narrao, etc.), se

    sero colocadas ilustraes, etc.

    Este tipo de trabalho com o devido registro das entrevistas pode ser arquivado

    num fichrio escolar e ser colocado na Biblioteca da escola para que seja pesquisado

    pelas diferentes sries.

    7.Contrastes e controvrsias: uma possibilidade de dinamizar o ensino

    Esse recurso objetiva colocar o aluno diante de situaes contraditrias para que

    ele possa observar as diferenas e assimilar com maior facilidade a idia bsica.

    Num primeiro momento esta atividade utiliza suposies, hipteses e

    conjecturas, num segundo momento, faz uso de atividade de pesquisa e estudo, trabalho

    em pequenos grupos, discusses gerais para se chegar a concluses e/ou a novos

  • 28

    estudos. A anlise de dados e situaes controvertidas possibilita o desenvolvimento do

    pensamento crtico-reflexivo. Como exemplo de trabalho, Callai apresenta:

    O trabalho com notcias da atualidade, destacando um tema polmico a nvel

    do entendimento das crianas ou jovens, pode constituir-se num estudo possvel

    para verificar controvrsias (discusses sobre o meio ambiente, reforma

    agrria, energia nuclear, etc...)

    - Controvrsia sobre o desenvolvimento (sic) do Brasil: Teoria do Acaso x

    Teoria da Intencionalidade.

    - Controvrsia sobre as razes da utilizao da escravido africana: Posio

    da Inadequao do ndio x Posio da Lucratividade do Trfico. (p. 74-75)

    8.Trabalho com quadro-sntese

    Consiste na organizao de dados, informaes, aspectos de um determinado

    contedo correlacionados e dispostos em um quadro matriz.

    Exemplo: Estudo dos Governos Republicanos entre 1889-1930.

    Governo Perodo Acontecimentos principais Caracterstica marcante

    9.Estabelecimento de semelhanas e diferenas

    As observaes podem ser apresentadas sob a forma de listagens, desenhos e

    organizao de quadros comparativos. Podemos, por exemplo, estabelecer as

    semelhanas e as diferenas no processo de Independncia do Brasil e dos demais

    pases do Continente Americano.

  • 29

    10.Trabalho de sntese compreensiva atravs de histria em quadrinhos

    Essa atividade pode ser realizada atravs de histria em quadrinhos, consistindo,

    inicialmente, na elaborao de um roteiro por escrito de uma histria com comeo, meio

    e fim, escolhendo um ttulo sugestivo, criando personagens e situaes visuais com

    pequenos textos indicativos de cada parte e/ou com dilogos. A histria deve ter uma

    seqncia lgica e coerente.

    11. Imaginao histrica

    Atravs de alguns recursos o aluno deve recriar o ambiente histrico de pocas

    em que no viveu. Essa recriao pode ser, por exemplo, atravs de descries, gravuras

    e pinturas da poca estudada. Para recriar preciso buscar analogias que permitam

    estabelecer relaes entre passado e presente.

    Exemplo para o estudo da escravido: Qual a relao social que se compara

    ao escravismo na sociedade brasileira hoje? O que voc faria se fosse escravo no

    perodo colonial brasileiro? O que voc faria se fosse Senhor de Escravos em 1888?

    (p. 85)

    Para trabalhar a imaginao do aluno o professor deve dominar o contedo e ter

    capacidade de expresso verbal.

    12. Dramatizaes

    Atravs da dramatizao desenvolve-se a capacidade de expresso oral, o

    movimento corporal, a expresso de idias, a criatividade, a capacidade de organizar

    roteiros escritos sobre um determinado assunto em estudo.

  • 30

    A dramatizao deve ser realizada aps a concluso de estudos sobre um

    determinado assunto, quando o aluno j possuir um domnio do tema e das

    caractersticas da poca estudada. Podemos encenar situaes histricas vividas pela

    sociedade numa determinada poca, como por exemplo, a vida no engenho.

    13.Painis temticos: confeco e estudo

    O painel temtico consiste na organizao de figuras, ilustraes, desenhos,

    realidades apresentadas visualmente na forma de um grande cartaz. O tema a ser

    trabalhado no painel temtico pode ser escolhido pelo aluno ou pelo professor. A

    organizao do painel pode ser feita individualmente ou em grupo. No caso da

    organizao ser feita em grupo h maior facilidade para diviso de tarefas, seleo de

    material, discusso sobre as ilustraes, elaborao de frases e pequenos textos

    indicativos, debate sobre a escolha do ttulo, etc. Depois de pronto o painel

    apresentado para os outros alunos, sendo que o grupo responsvel pelo painel deve

    explicar a forma visual e o contedo que deu suporte e orientao sua organizao.

    No momento da elaborao do painel, os alunos desenvolvem o raciocnio,

    despertam o esprito de busca, organizam-se, buscam elementos esclarecedores para as

    dvidas que surgem no decorrer da pesquisa acerca do tema que est servindo de base.

    14.Trabalho de pesquisa e o aproveitamento de notcias da atualidade

    Atravs das notcias da atualidade o aluno tem conhecimento dos fatos que

    ocorrem no espao em que vive e em outros mais distantes. O material utilizado pode

    ser jornal, revista, peridico, meios de comunicao em geral.

  • 31

    Exemplo: coletar notcias de 1930 ou 1964 com o objetivo de permitir ao aluno

    a recriao do clima de agitao poltica reinante e as preocupaes da poca,

    ou at a moda e o vesturio. (p. 90)

    15.Fichrios

    Podem ser organizados fichrios individuais ou coletivo (de um grupo ou de

    toda a aula), para diversos fins.

    Este recurso estimula e valoriza a produo dos prprios alunos, podendo-se por

    exemplo, organizar um fichrio com notcias da cidade e cada notcia ser acompanhada

    de um comentrio feito pelos alunos.

    16.Poemas e msicas como leituras complementares

    Poemas e msicas podem ser utilizados para iniciar um estudo ou para

    complementar um assunto estudado. Podemos, por exemplo, aproveitar as msicas da

    Bossa Nova para o estudo da dcada de 1960 no Brasil. Tambm possvel trabalhar

    conjuntamente com o professor de Portugus para auxiliar os alunos na compreenso da

    estrutura lingstica dos poemas.

    17. Estudo a partir do meio (do espao local)

    Podem ser feitas visitas a museus, localizar testemunhos histricos e realizar

    entrevistas com pessoas que possam fornecer dados sobre a histria da localidade , da

    regio do Estado.

  • 32

    As informaes obtidas atravs das entrevistas devem ser confrontadas com

    outros estudos existentes sobre as questes abordadas. Callai apresenta as seguintes

    orientaes para a organizao do estudo:

    - O professor, se possvel, deve conhecer o local a ser visitado pelos alunos;

    entrar em contato com as pessoas responsveis para combinar dia, horrios,

    etc.

    - O professor deve pedir auxlio a outros professores, a pais de alunos para

    acompanhar as turmas (realizar um trabalho integrado);

    - Ao realizar entrevistas, as questes devem ser preparadas anteriormente

    com os alunos;

    - Preparar os alunos para que tenham uma atitude positiva diante do trabalho

    de observao e coleta de dados;

    - O professor pode organizar roteiros prvios de orientao com a

    localizao de pontos de referncia, estudo prvio da planta da cidade,

    etc... (p. 96)

    18. Excurses

    A excurso pode ser utilizada tanto no incio do trabalho de um contedo como

    no seu desenvolvimento ou concluso.

    importante que aps a excurso sejam definidos os objetivos e o que se deseja

    que seja observado, para que assim o aluno no fique com sua ateno dispersa, sem ter

    um norte para concentrar sua observao e anlise.

    interessante que aps a excurso os alunos elaborem a sistematizao do que

    foi observado que lhes chamou a ateno. Essa sistematizao pode ser feita em

    pequeno ou grande grupo e, depois, expressa em forma de desenho, texto, poema, etc.

  • 33

    19. Resoluo de problemas

    Primeiramente o professor deve formular o problema, para em seguida serem

    desenvolvidos os seguintes passos:

    - a formulao de hipteses pelos alunos;

    - o desejo de investigao;

    - a formulao de um plano de investigao;

    - a definio de instrumentos para coleta de dados;

    - a pesquisa;

    - a expresso escrita;

    - o debate das concluses finais;

    - a elaborao das concluses pessoais finais de cada aluno. (p. 98)

    O professor pode direcionar o processo indicando o problema a ser pesquisado,

    as fontes de pesquisa, as etapas de trabalho e o cronograma.

    Exemplo de problema a ser resolvido:

    Qual o significado da Independncia do Brasil? Por que optamos pela

    Monarquia e no pela Repblica, conforme objetivavam os movimentos pr-

    emancipacionistas dos sculos XVIII e XIX? Por que, apesar de todos os agentes

    histricos da independncia se declararem favorveis s idias de liberdade,

    igualdade e fraternidade, no foi declarada, junto com a Independncia, a

    extino da escravatura no Brasil? Ser que a libertao do Brasil de Portugal

    trouxe benefcios para todo o povo brasileiro? (p. 98-99)

    Assim como Neves, Callai tambm apresenta recursos simples. Em uma

    primeira leitura podemos dizer que os recursos apresentados por eles esto de acordo

    com a realidade de grande parte das escolas brasileiras. Entretanto, tambm necessrio

  • 34

    considerarmos o ano no qual cada um desses autores escreveu suas obras - Neves

    escreveu em 1985 e Callai em 1986. Portanto, no podemos cobrar desses autores

    sugestes quanto ao uso das novas tecnologias da comunicao e da informao, j que

    naquela dcada estava apenas iniciando o seu processo de massificao. O estudo e a

    apresentao, neste trabalho, das sugestes de Neves e Callai nos auxiliam na escolha

    de recursos que tanto podem nos ajudar quando dispomos apenas de material simples,

    como quando realmente no podemos ter acesso s novas tecnologias. Alm disso, esses

    dois autores nos mostram de forma clara como estava sendo abordada a questo dos

    recursos didticos na dcada de 1980.

    Apesar da contextualizao temporal das obras, sentimos falta de propostas de

    trabalho que possam ser desenvolvidas em conjunto com aproveitamento das aulas de

    Histria, Portugus, Matemtica, Educao Fsica. Ser que essa possibilidade no foi

    pensada pelos autores acima estudados ou apenas eles no tiveram como inserir essas

    sugestes nas obras que analisamos anteriormente? De qualquer forma, poderiam ter

    mencionado suas concepes sobre o ensino e se, na opinio deles, as aulas de Histria

    esto separadas das demais, sem possibilidade de realizao de interligaes, ou de

    atividades interdisciplinares.

    Nenhum dos dois autores trabalhados at o momento referiram-se ao uso de

    livros paradidticos, embora j se encontrassem com uma produo em larga escala.

    Aqui no nos prolongaremos muito a respeito dos mesmos, apenas citaremos, a seguir,

    algumas colees que podem ser utilizadas em sala de aula.

  • 35

    Os paradidticos

    Atualmente temos uma maior variedade de livros paradidticos disponvel no

    mercado, a maioria desses livros pretende (nem sempre consegue) abordar a histria de

    forma mais dinmica e interessante, utilizando-se da abordagem temtica da Nova

    Histria. Entretanto, h paradidticos que se utilizam das divises cronolgicas adotadas

    pela histria considerada tradicional.

    Fonseca (1995), nos mostra algumas colees paradidticas que foram lanadas

    ao longo dos anos 1980: Repensando a Histria, da Editora Contexto; Discutindo a

    Histria, da Editora Atual; Polmica, da Editora Moderna; Pergunte ao Jos e

    Atualidades, da Editora L; Princpios e O Cotidiano da Histria, da Editora tica e

    Como se Faz? da Vozes. Vale ressaltar que a Editora Brasiliense foi a pioneira nesses

    lanamentos, com as colees Primeiros Passos e Tudo Histria.

    Alguns livros paradidticos que abordam perodos da Histria e que pertencem

    coleo Discutindo a Histria so: As primeiras civilizaes, de Jaime Pinsky; O

    feudalismo, de Paulo Miceli; Do feudalismo ao capitalismo: transies, de Samuel

    Salinas. Agora daremos exemplos de paradidticos que abordam temas especficos,

    tendendo mais para uma abordagem do ponto de vista da Nova Histria: Casamento,

    amor e desejo no ocidente cristo, de Ronaldo Vainfas; Anarquismo e

    anarcossindicalismo, de Giusseppina Sferra; Imprensa operria no Brasil, de Maria

    Nazareth Ferreira.

  • 36

    - Os documentos histricos

    Nas aulas de Histria tambm podemos utilizar os documentos histricos para a

    abordagem do contedo que se deseja trabalhar.

    Na anlise de Fonseca destacamos a relao da produo de livros didticos e

    paradidticos com a indstria cultural, cujos agentes tornaram-se poderosos na

    definio de o que ensinar em Histria e como ensin-la na escola fundamental (1995,

    p. 155). Questo essa, que retomaremos ao tratar dos Cd Roms, no prximo captulo.

    Primeiramente, devemos lembrar que a viso de documento mudou ao longo do

    sculo XX, pois no sculo XIX e incio do XX apenas os textos oficiais eram utilizados

    como documento; hoje temos o seguinte conceito de documento:

    Os documentos passaram a ser tudo o que registrado por escrito, por meio

    de sons, gestos, imagens ou que deixou indcios de modos de fazer, viver e de

    pensar dos homens msicas, gravuras, mapas, grficos, pinturas, esculturas,

    filmes, fotografias, lembranas, utenslios, ferramentas, festas, cerimnias,

    rituais, intervenes na paisagem, edificaes etc. As fontes escritas passaram a

    ser variadas textos literrios, poticos e jornalsticos, anncios, receitas

    mdicas, dirios, provrbios, registros paroquiais, processos criminais,

    processos inquisitoriais etc. (PCN, Histria, 1998, p. 84)

    Nessa viso de documento podemos perceber que est embutida uma nova viso

    a respeito dos personagens que participam da Histria de um determinado povo ou

    lugar. Essa percepo ocorre quando, por exemplo, na definio de documento

    considera-se a arte como uma importante forma de registro, j que arte tanto a

  • 37

    expresso artstica considerada clssica (representada por grandes nomes como, por

    exemplo, Dante Alighieri, na literatura) como a literatura de cordel ou o artesanato,

    produzidos por pessoas que, muitas vezes, nunca passaram pelos bancos escolares e que

    residem no Nordeste brasileiro. Assim, cada pessoa pode contribuir de acordo com suas

    experincias, vivncias, cultura para a construo da Histria. Quando aceitava-se como

    documento apenas os registros oficiais, considerava-se que apenas os grandes heris

    deveriam ser lembrados e raramente lembrava-se da participao popular na poltica, na

    economia, na cultura etc.

    De todos os documentos citados acima interessante a forma como as mais

    novas geraes de historiadores brasileiros esto utilizando a imagem, principalmente

    porque algumas iconografias j tm presena garantida na maioria dos livros didticos.

    Entre as muitas imagens que esto nos livros podemos citar o 7 de Setembro de 1822,

    de Pedro Amrico de Figueiredo, e A Primeira Missa no Brasil, de Vitor Meirelles de

    Lima, que foi pintada em 1861.

    - O uso de imagens

    Para pintar o quadro A Primeira Missa no Brasil, Vitor Meirelles buscou

    informaes na carta de Pero Vaz de Caminha pois, ao contrrio do que se pensa, o

    quadro no foi pintado enquanto a missa estava sendo realizada, e sim mais de trs

    sculos depois da realizao da mesma. Esse quadro, como alguns outros, recebeu o

    certificado de verdade histrica concedido por muitos pesquisadores e professores de

    Histria, como se ele retratasse fielmente o acontecimento.

  • 38

    No momento em que percebemos a predominncia dessas duas imagens na

    maioria dos livros didticos de Histria podemos questionar: o que levou inmeros

    historiadores a inserirem essas e no outras imagens em seus livros? Qual concepo de

    Histria que eles tinham (ou ainda tem) de Histria? Qual era o objetivo dessa seleo?

    Por que os professores de Histria no discutiam com os alunos as verdadeiras

    informaes sobre essas imagens? Ou era necessrio que os alunos continuassem com a

    viso histrica equivocada transmitida por essas imagens para no alterar a viso de que

    as concepes europias sempre so corretas, j que no quadro A Primeira Missa no

    Brasil est implcita a idia de que os ndios possuam uma crena errada e que todas

    as pessoas devem ser catlicas?

    Por um lado gratificante podermos refletir sobre a construo e o ensino de

    Histria, mas por outro lado, pensamos como pode estar sendo vista a construo da

    Histria, atualmente, pelas pessoas que tiveram toda sua formao escolar direcionada

    Histria eurocntrica ou a outros parmetros considerados superados.

    Vejamos a seguir a posio de Eduardo Frana Paiva (2002) quanto ao quadro

    A Primeira Missa no Brasil:

    O mais impressionante na histria da apropriao dessa tela pelo imaginrio

    coletivo nos ltimos cento e poucos anos posteriores sua produo que para

    a maioria de ns ela aparece como possivelmente contempornea chegada dos

    portugueses, em 1500. como se na esquadra de Cabral, alm do famoso Pero

    Vaz de Caminha, que escreveu a carta, descrevendo as novas terras, houvesse,

    tambm, um pintor oficial que teria retratado in loco a missa da conquista. Para

    inmeras geraes de brasileiros, esse evento assim como seus personagens

  • 39

    foram, exatamente, da forma como se pode admirar na pintura de Meirelles.

    (p. 93-94)

    H tambm a gravura de Jean Baptiste Debret que pode ser utilizada para estudar

    a questo do trabalho no Brasil. O aluno observar a prancha O colar de ferro castigo

    dos fugitivos, e poder identificar os personagens nela presentes, suas aes,

    vestimentas, calados e adornos, os ferros presos aos corpos de alguns deles, os demais

    objetos presentes na cena e suas caractersticas, o cenrio, o tipo e o estilo de

    edificaes ao fundo, o tipo de calamento do ambiente, se h presena de vegetao, o

    que est em primeiro plano e ao fundo da gravura, sobre o que ela fala no seu conjunto e

    detalhes, onde acontece a cena, se passa a idia de ser cotidiana ou um evento especfico

    e raro, diferenas e semelhanas entre os personagens, suas vestimentas e aes, se os

    personagens e os objetos remetem para algum evento histrico conhecido, se tal cena

    ainda vista hoje em dia, se as pessoas ainda se vestem do mesmo modo, como a

    relao entre o ttulo da gravura e a cena retratada, o que o artista quis registrar ou

    comunicar, se o estilo semelhante ao de outro artista j conhecido. Alm dessa anlise,

    o aluno tambm pode pesquisar quem o artista, qual a sua histria, em que poca a

    gravura foi feita, qual o lugar que retrata, quais as razes que levaram o artista a faz-la,

    se os seus textos esclarecem outros aspectos da cena no observados, onde a gravura

    original pode ser encontrada, como foi preservada, desde quando e por qual meio tem

    sido divulgada. Tambm pode-se pedir que o aluno relacione a gravura com contextos

    histricos mais amplos, identifique ou pesquise outros eventos da Histria brasileira

    relacionados a ela2 .

    2 PCN, Histria, 1998, p. 87

  • 40

    O trabalho com imagens muito bom e estimulante para o estudo da Histria,

    entretanto, quando olhamos uma imagem devemos ter alguns cuidados no momento de

    adot-la como uma verdade histrica:

    A iconografia , certamente, uma fonte histrica das mais ricas, que traz

    embutida as escolhas do produtor e todo o contexto no qual foi concebida,

    idealizada, forjada ou inventada. Nesse aspecto, ela uma fonte como qualquer

    outra e, assim como as demais, tem que ser explorada com muito cuidado. No

    so raros os casos em que elas passam a ser tomadas como verdade, porque

    estariam retratando fielmente uma poca, um evento, um determinado costume

    ou uma certa paisagem. Ora, os historiadores e professores de histria no

    devem, jamais, se deixar prender por essas armadilhas metodolgicas. E,

    importante lembrar, quanto mais colorida, mais bem traada, mais

    pretensamente prxima da realidade, no passado e no presente, mais perigosa

    ela se torna. (Paiva, 2002, p. 18)

    Vale ressaltar que os recursos das crticas interna e externa das fontes no podem

    ser esquecidos pelo historiador diante de qualquer tipo de registro histrico que ir

    utilizar. Alm das perguntas Quando? Onde? Quem? Para quem? Para qu? Por qu?

    Como?, Paiva ressalta outros procedimentos, quais sejam:

    Primeiramente deve-se se preocupar com as apropriaes sofridas por esses

    registros com o passar dos anos e, evidentemente, diante das necessidades e dos

    projetos de seus usurios. Alm disso, temos que nos perguntar sobre os

    silncios, as ausncias e os vazios, que sempre compem o conjunto e que nem

    sempre so facilmente detectveis. (2002, p. 18)

    Como j havia sido destacado anteriormente, a extensa, porm til citao

    exposta acima, chama a nossa ateno para os cuidados que precisamos ter no momento

  • 41

    em que escolhemos uma imagem para nos auxiliar no estudo de determinado contedo

    histrico. Mesmo no tendo sido apresentada essa ressalva, achamos que no momento

    em que optamos por utilizar com os alunos as imagens, interessante coletarmos a

    impresso, o significado que elas apresentam para eles, pois, dessa forma, o professor

    pode fazer um contraponto entre o significado que ela possui entre os historiadores e o

    significado que os alunos atribuem a elas. a partir dessa contraposio que podemos

    verificar, por exemplo, a concepo de Histria que o aluno construiu ao longo da sua

    vida escolar.

    Tambm devemos ter o cuidado de no inventar significados para facilitar o

    encaixe da imagem em seu tempo.

    De acordo com a nova concepo de documento apresentada acima podemos,

    inclusive, utilizar fotografias no estudo de um determinado fato histrico. Entretanto, ao

    trabalhar com fotografia, o historiador necessita analisar o que est sendo revelado e o

    que no foi revelado pelo olhar fotogrfico. Na fotografia importante tanto o que

    mostrado, como o que foi excludo. O que deve ou no deve ser fotografado varia, entre

    outros aspectos, de acordo com o objetivo do fotgrafo.

    Ciro Flamarion Cardoso e Ana Maria Mauad, no artigo Histria e Imagem: Os

    Exemplos da Fotografia e do Cinema, parte integrante do livro Domnios da Histria,

    sintetizam da seguinte forma a importncia da fotografia no estudo histrico:

    indiscutvel a importncia da fotografia como marca cultural de uma poca,

    no s pelo passado ao qual nos remete, mas tambm, e principalmente, pelo

    passado que ela traz tona. Um passado que revela, atravs do olhar

  • 42

    fotogrfico, um tempo e um espao que fazem sentido. Um sentido individual

    que envolve a escolha efetivamente realizada; e outro, coletivo, que remete o

    sujeito sua poca. A fotografia, assim compreendida, deixa de ser uma

    imagem retida no tempo para se tornar uma mensagem que se processa atravs

    do tempo, tanto como imagem/documento quanto como imagem/monumento.

    (Cardoso & Mauad, in Cardoso, 1997, p. 406)

    A apresentao acima da idia imagem/monumento, significa que a fotografia

    pode indicar o que, no passado, a sociedade queria guardar para o futuro, tendo em vista

    o seu carter de registro produzido intencionalmente, marcado pelo olhar do fotgrafo e,

    por vezes, pelos interesses do fotografado.

    - O uso da msica

    Anteriormente j citamos sobre a possibilidade do uso da msica como recurso

    para o ensino de Histria. Essa possibilidade abordada no texto Linguagem e Cano:

    uma proposta para o ensino de Histria, de Marcos F. N. dEugnio, Maria Ceclia

    Amaral e Wagner C. Borja, que sugere o estudo de Histria do Brasil, no 2 grau,

    atravs das canes da MPB (Msica Popular Brasileira) produzidas entre 1930 e 1984,

    utilizando-se de um olhar crtico e apaixonado.

    Os autores justificam a importncia da cano como documento scio-histrico

    devido a sua penetrao social (significao social). Alm disso, a cano recebe

    influncias do contexto histrico e apresenta uma leitura da realidade social, entre

    outras possveis.

  • 43

    O trabalho com a msica se constitui, de incio, na seleo das canes, em

    funo de alguns temas trabalhados no contedo de Histria do Brasil. A escolha das

    canes deve considerar a linguagem e o mtodo de anlise que ser utilizado. No caso

    do exemplo apresentado no texto foi escolhido um conjunto de canes produzidas

    numa poca e procurou-se analis-las em bloco. Procurou-se contrapor uma cano a

    outras produzidas no mesmo perodo, que por vezes chega a ter um contedo antagnico

    s outras do mesmo bloco. Buscou-se mostrar tambm como temas e procedimentos

    artsticos foram recuperados num outro momento e contextos histricos.

    - Os patrimnios histricos

    No ensino de histria tambm podemos fazer uso dos patrimnios histricos, que

    de acordo com Silva (1995), podem ser considerados como tal os seguintes itens:

    pintura, escultura, msica, utenslios domsticos, instrumentos de trabalho, vestimentas,

    materiais de diferentes arquivos, acervos bibliogrficos, falas e prticas de mltiplos

    agentes sociais. Quanto aos monumentos existentes no bairro, na cidade, no estado ou

    no pas, vale ressaltar a relevncia do seu uso didtico, podendo ser visitados e

    relacionados aos contedos que se est trabalhando, especialmente pelos seus valores

    artsticos e histricos.

    Um aspecto que deve ser destacado quanto ao fato das grandes construes

    arquitetnicas (Igrejas, palcios) serem consideradas patrimnio histrico, e as favelas,

    cortios e outras habitaes populares no o serem. Mas por quais razes as habitaes

    populares no so consideradas patrimnio histrico? Quais so as caractersticas que a

    construo deve apresentar para receber esse ttulo? Considerar as favelas como

  • 44

    patrimnio histrico no seria uma forma de defender a perpetuao da pobreza e

    incutir nos moradores o conformismo com sua situao econmica e social?

    Recentemente, terreiros de Umbanda foram tombados pelo patrimnio histrico na

    Bahia. Contudo, exemplos dessa natureza ainda so raros.

    Silva (1995) explicita a finalidade para a qual deve-se articular patrimnio

    histrico e educao, explorando seus aspectos pedaggicos e mesmo de exerccio da

    cidadania:

    articular patrimnio histrico e educao em nome de entender e garantir

    diversas identidades sociais, com diferentes vozes definindo as historicidades

    vivenciadas e estudando os patrimnios ampliados para a condio de

    virtualidades assumidas pelos seres humanos rumo a novas invenes da

    realidade. (p. 54)

    Alm dos patrimnios histricos, para abordar os contedos de Histria

    podemos utilizar os recursos museolgicos, questo que ser discutida no prximo item.

    - Os museus

    Encontramos no livro organizado por Circe Bittencourt, O Saber Histrico na

    Sala de Aula, a seguinte definio de museu:

    ... uma instituio permanente, sem finalidade lucrativa, a servio da sociedade

    e de seu desenvolvimento. uma instituio aberta ao pblico, que adquire,

    conserva, pesquisa, comunica e exibe evidncias materiais do homem e de seu

    ambiente, para fins de pesquisa, educao e lazer. (apud Almeida e

    Vasconcellos, 1998, p.105)

  • 45

    A partir dessa definio, alguns museus facilitam sobremaneira o trabalho a ser

    desenvolvido pelo professor com os alunos. Como exemplos modelares temos o Museu

    Histrico Nacional (RJ) que fornece cursos e material de apoio com a finalidade de

    facilitar o trabalho do professor com seus alunos; e o Museu da Inconfidncia (MG)

    desenvolve atividades pedaggicas voltadas para os alunos oferecendo cursos de

    atualizao para professores numa tentativa de inter-relacionar pesquisa e educao.

    No livro O Saber Histrico na Sala de Aula, de Circe Bittencourt, h o artigo

    Por que visitar museus, no qual os autores Adriana Mortara Almeida e Camillo de

    Mello Vasconcellos apresentam os seguintes pontos que so importantes para o

    planejamento de uma visita a museu:

    . Definir os objetivos da visita;

    . Selecionar o museu mais apropriado para o tema a ser trabalhado; ou uma das

    exposies apresentadas, ou parte de uma exposio, ou ainda um conjunto de

    museus;

    . Visitar a instituio antecipadamente at alcanar uma familiaridade com o

    espao a ser trabalhado;

    . Verificar as atividades educativas oferecidas pelo museu e se elas se adequam

    aos objetivos propostos e, neste caso, adapta-las aos prprios interesses;

    . Preparar os alunos para a visita atravs de exerccios de observao, estudo de

    contedos e conceitos;

    . Coordenar a visita de acordo com os objetivos propostos ou participar de visita

    monitorada, coordenada por educadores de museu;

    . Elaborar formas de dar continuidade visita quando voltar sala de aula;

    . Avaliar o processo educativo que envolveu a atividade, a fim de aperfeioar o

    planejamento das novas visitas, em seus objetivos e escolhas. (p. 114)

  • 46

    Os recursos citados acima so os que podemos considerar como mais fceis de

    serem utilizados, entretanto, atualmente podemos contar com recursos mais avanados

    que os apresentados acima, porm so mais caros e no esto ao alcance de todos os

    professores e de todas as escolas brasileiras. Um dos recursos mais caros que temos no

    mercado hoje o microcomputador, que devido ao alto preo no permite que todas as

    escolas o adquira. Outros equipamentos se tornam caros devido situao econmica

    do Brasil, entre esses equipamentos podemos citar o vdeo cassete, que nem sempre

    encontramos no ambiente escolar.

    Aps essa viso panormica dos recursos didticos apresentados na literatura

    consultada, vale destacar a importncia e a necessidade do uso desses recursos para a

    melhoria do ensino fundamental, contudo sem perder de vista as suas potencialidades e

    limitaes. As posturas crtica e criativa so fundamentais para o bom desempenho do

    professor, tendo em vista que alguns recursos so mais modernos, outros mais

    tradicionais, mas a utilizao de qualquer um deles depende muito do professor, da

    sua formao terico-metodolgica, das condies operacionais na escola e da

    motivao dos alunos.

    Como este trabalho pretende abordar a questo dos recursos didticos, seguindo

    as trilhas e dando continuidade ao trabalho desenvolvido pelos autores Neves e Callai,

    que trataram da temtica na dcada de 1980, nos prximos captulos enfatizaremos o

    uso de um dos recursos da informtica (CD Roms) e de filmes no ensino de Histria

    recursos mais ligados realidade das dcadas de 1990 e 2000. Sem dvida, os filmes

    so um tipo de imagem e linguagem que podemos utilizar em sala de aula, juntamente

    com as fotografias e pinturas. A nfase na informtica tambm necessria, pois pouco

  • 47

    a pouco o computador est comeando a penetrar nas escolas e no dia-a-dia das pessoas.

    A escola e o ensino no podem ficar margem das novas tecnologias educacionais, ou

    da utilizao das novas mdias como recurso didtico. No pela novidade

    inconseqente, mas como esforo necessrio de atualizao permanente.

  • 48

    CAPTULO II

    CD ROMS SOBRE HISTRIA

    Neste captulo discutiremos sobre o uso de CD roms em Histria, bem como

    analisaremos alguns que escolhemos aleatoriamente. No momento que discutimos o uso

    de Cd nas escolas, bem como sua utilidade, no devemos nos esquecer que para utilizar

    esse material tambm imprescindvel a presena do computador e o fornecimento de

    suporte para que o aluno aprenda a manusear esse equipamento e retire do CD todas as

    informaes e recursos que ele possui para auxiliar no processo educacional.

    Atualmente, no mercado, existe a venda inmeros CD Roms voltados para o

    estudo da Histria Brasileira e Mundial. Alguns aspectos devem ser considerados no

    momento da escolha dos CDs e da utilizao com os alunos:

    1) Qual a viso de Histria presente no material: Positivista ou Nova Histria?

    2) O material apresenta documentos que auxiliaro no estudo histrico?

    3) A parte iconogrfica reproduz apenas gravuras existentes nos livros didticos de

    Histria ou traz imagens que ainda no foram to difundidas?

    4) Caso apresente biografia de pessoas que fizeram parte da Histria de

    determinado lugar em um certo perodo, quais so os aspectos analisados da vida

    desse personagem? Analisa-se apenas a sua vida adulta e as suas conquistas, ou

    a sua infncia? As dificuldades ao longo da vida tambm so consideradas? A

    pessoa apresentada como um ser perfeito, como um heri, ou como algum

    com qualidades e defeitos, que passou por dificuldades, teve alegrias e tristezas

    no decorrer da vida?

  • 49

    5) O material proporciona que o estudante entenda como se d a construo da

    Histria ou os fatos so apresentados como estanques e pr-determinados?

    Como j mencionamos no captulo anterior, a postura crtica diante desse novo

    material didtico, no pode ser esquecida. Embora a informao encontre-se em suporte

    eletrnico e os recursos tecnolgicos sejam os mais avanados possveis, os professores

    precisam analisar os CD Roms didticos tendo em conta o discernimento necessrio,

    sem deslumbramentos diante de uma nova mdia. O CD no deve ser visto apenas pelo

    lado tecnolgico, mas tambm considerando o contedo que ele traz, se realmente vai

    ter utilidade para o aluno ou se apenas estar substituindo o livro. A questo em Histria

    no mudar o material, mas adotar uma postura sobre o conhecimento que no torne o

    aluno um repetidor de informaes, mas algum que reflita sobre elas. Podemos at

    utilizar em nossas aulas os documentos ditos oficiais, mas o aluno precisa analis-lo e

    tentar extrair deles informaes que o ajudem na construo do conhecimento.

    Dentre os CDs disponveis no mercado, selecionamos trs para desenvolvermos

    a nossa anlise, sendo um tratando da Histria Geral e dois sobre a Histria do Brasil.

    2.1 AVENTURA VISUAL: HISTRIA DO MUNDO UM GUIA ATUAL E

    COMPLETO, EM CD ROM, SOBRE A HISTRIA DA HUMANIDADE

    Nesse material a diviso da Histria est definida com critrios variados, ora

    utiliza terminologia mais tradicional (como Mundo Antigo, Clssico ou Moderno), ora

    adota temas para balizar os perodos. Embora o vis eurocntrico esteja presente na

    periodizao, em cada perodo demarcado so apresentadas informaes sobre a

  • 50

    Histria da frica & Oriente Mdio, sia & Oceania, Europa, Amricas. Veja a seguir

    como esse material est dividido:

    a) at 500 a. C. = Mundo Antigo;

    b) 500 a. C. ~ 500 d. C. = Mundo Clssico;

    c) 500 d. C. ~ 1100 = As grandes religies;

    d) 1100 ~1492 = Os Conquistadores;

    e) 1492 ~ 1600 = Era das Descobertas;

    f) 1600 ~ 1700 = Expanso e Comrcio;

    g) 1700 ~ 1825 = Era das Revolues;

    h) 1825 ~1900 = Naes e Imprios;

    i) 1900 ~1945 = Mundo em Guerra;

    j) aps 1945 = Mundo Moderno.

    Os continentes esto representados em um globo, Alm disso, h quatro livros

    que abordam os seguintes aspectos histricos: vida cotidiana, cultura, inovaes, quem

    quem. Temos tambm uma parte referente a documentos e uma seo com testes sobre

    vrios assuntos histricos. Os testes esto apresentados de forma que podem ser jogados

    por mais de uma pessoa ao mesmo tempo.

    Para pesquisar sobre alguma rea do globo, o pesquisador deve clicar sobre uma

    das dez periodizaes que so apresentadas na parte inferior da tela e logo depois clicar

    sobre a regio escolhida. Por exemplo, se clicarmos sobre o perodo at 500 a.C. e,

    em seguida, sobre frica & Oriente Mdio, sero elencados os seguintes tpicos para

    consulta:

  • 51

    - Os Hebreus;

    - Imprios da Mesopotmia;

    - Primeiras Cidades;

    - Vida no Antigo Egito;

    - Primeiros Agricultores;

    - O Egito dos Faras;

    - Primeiros Humanos;

    Ao final dos tpicos temos a apresentao de temas que se relacionam, de alguma

    forma, com o perodo e regio selecionados. Essas relaes tambm podem ser

    estabelecidas entre acontecimentos ocorridos em dois continentes diferentes. A

    exemplo:

    Temas relacionados:

    1) Civilizao do ndio;

    2) Caadores das Plancies.

    Em linhas gerais, apresentamos alguns pontos positivos deste Cd, como um dos

    recursos didticos para o ensino e a aprendizagem:

    - o CD apresenta uma breve informao relativa a cada assunto, sendo que cada assunto

    abordado possui links para complementao de informaes, datas, fatos e documentos;

    - o CD tambm possui ilustraes que auxiliam no contato do estudante com locais e

    objetos que, algumas vezes, esto presentes apenas nas chamadas obras raras, que,

    como o prprio nome diz, so difceis de serem encontradas;

  • 52

    - podemos dizer que esses recursos facilitam a pesquisa para o aluno e a torna menos

    cansativa do que atravs de livros, por exemplo;

    - utilizando um recurso multimdia, como o CD, o aluno se desloca em um espao de

    pesquisa mais abrangente;

    - o fato desse CD possibilitar a pesquisa sobre fatos importantes de uma determinada

    regio dentro de um determinado perodo cronolgico facilita para o aluno a localizao

    do fato em um determinado espao e tempo.

    Apesar de algumas crticas, no podemos negar a necessidade dos estudantes

    saberem, por exemplo, onde e quando ocorreram fatos que marcaram a Histria

    Nacional (brasileira) e Internacional.

    Este CD seleciona diversos acontecimentos da Histria da Humanidade a serem

    abordados, porm, sabemos ser impossvel a abordagem de todos os fatos, de todos os

    povos que j existiram e existem no mundo. Os assuntos so abordados de forma breve,

    apenas esclarecendo o tpico que est sendo trabalhado, se fazendo necessrio que o

    aluno pesquise outras fontes se quiser aprofundar o estudo do assunto selecionado.

    Podemos perceber no CD a predominncia da abordagem de fatos polticos

    pertencentes a cada regio e perodo. Este aspecto mostra uma nfase de acordo com a

    vertente Positivista da Histria, ou seja, entre outras caractersticas enfatiza fatos e

    datas, mas como veremos adiante, tambm est presente no material a abordagem de

    aspectos da histria da humanidade que so tratados do ponto de vista da Histria Nova.

  • 53

    Outra seo do CD trata de fontes documentais, referentes aos perodos e

    regies nos quais o contedo do CD est dividido. Os documentos apresentados tm

    uma explicao narrada de forma a despertar a ateno do aluno que est realizando a

    pesquisa.

    Alguns documentos apresentados j se propagaram atravs da apresentao nos

    livros didticos e nas enciclopdias, entretanto, outros ainda so difceis de serem

    encontrados, como por exemplo, um Manuscrito do Mar Morto que demonstra a crena

    hebraica num deus todo-poderoso, e o Primeiro Mapa-Mndi.

    Analisando os documentos apresentados, temos a impresso de que durante a

    elaborao desse material houve a preocupao de se coletar documentos que

    demandariam muito tempo e esforo se o aluno fosse procur-los nos seus locais de

    origem ou onde, hoje, esto arquivados, uma vez que encontram-se espalhados pelas

    diversas partes do mundo. Basicamente, esse CD expe documentos que so essenciais

    para o estudo histrico, considerando-se o contexto no qual cada um foi elaborado.

    Lembrando que, para ns, documentos no so apenas os oficiais, mas tudo que retrate

    o modo de viver, pensar e agir de determinado povo. Neste CD foram considerados

    documentos apenas os oficiais (leis e decretos), mas mesmo assim o conhecimento deles

    no atrapalha o aluno no desenvolvimento do conhecimento histrico, uma vez que ele

    no precisa se deter na viso de um documento, mas pode buscar tambm outras

    informaes que tenham sido elaboradas ao longo da Histria do perodo e do local que

    ele esteja estudando.

  • 54

    Na seo Faa o Teste as perguntas so divididas em trs categorias: pessoas,

    lugares e fatos. H a possibilidade da pessoa que est respondendo os testes se deslocar

    para o ponto no texto que possui a resposta da questo apresentada.

    Vale ressaltar que os testes possibilitam o conhecimento sobre vrias questes

    relativas Histria Mundial e, ao mesmo tempo, aguam a curiosidade de quem est

    respondendo eles.

    O CD conta com uma seo denominada de livros, num total de quatro,

    abordando temas que seguem um vis mais voltado para as concepes da Nova

    Histria e que abrangem os perodos estudados neste material que estamos analisando.

    So eles:

    - Vida Cotidiana:

    Apresenta aspectos sobre o vesturio, a alimentao e a medicina. No tratamento

    destes itens temos a influncia da Nova Histria que d importncia para os elementos

    do cotidiano e no apenas para datas e fatos polticos.

    Na abordagem sobre o vesturio, ao longo da Histria da Humanidade, temos a

    explanao sobre os seguintes tpicos: primeiras roupas; Egito antigo; Grcia e Roma

    antigas; Imprio Bizantino; trajes vikings; vesturio medieval; Imprio Asteca; tecidos

    da frica Ocidental; trajes japoneses; roupas de baixo; moda no sculo XX.

    Atravs da leitura do contedo de cada um dos itens enumerados acima temos

    um panorama geral da Histria do Vesturio desde cerca de 30000 anos atrs (Idade do

    Gelo) at o sculo XX.

  • 55

    Quanto Histria da Alimentao temos a abordagem dos seguintes tpicos:

    caa e coleta; Egito Antigo; banquetes clssicos; arroz; o milho nas Amricas; cozinha

    Medieval; especiarias; pimenta; acar; ch; Dia de Ao de Graas; conservao de

    alimentos.

    No item sobre a medicina so tratados os seguintes tpicos: curandeiros;

    remdios antigos; medicina chinesa; medicina greco-romana; medicina islmica; lies

    de anatomia renascentista; sanguessugas e sangrias; vacina contra a varola; anestsicos;

    luta contra as infeces; raios X; drogas fantsticas.

    Vale ressaltar que esses trs temas no so abordados detalhadamente ou em

    profundidade, mas sim como um panorama geral ao longo dos tempos. Mas, sem dvida

    o estudo de aspectos da vida cotidiana tambm nos possibilita obter algumas

    informaes como, por exemplo, sobre a economia. Quando observamos o vesturio

    utilizado pelas mulheres no sculo XIX temos condies de perceber quais faziam parte

    da nobreza e quais eram da plebe. Entretanto, nos sculos XX e XXI esse discernimento

    quanto situao financeira, observando-se o modo de vestir das pessoas, tornou-se

    mais difcil, uma vez que muitas pessoas que possuem uma condio financeira que,

    teoricamente, lhes possibilitaria apenas manter o bsico necessrio para a sobrevivncia

    (alimentao, vesturio, aluguel, energia e gua), compram roupas carssimas e pagam

    em inmeras parcelas, exatamente porque desejam estar vestindo algo que apenas as

    pessoas pertencentes classe mdia e alta tem condies de adquirirem sem, contudo,

    se endividarem.

  • 56

    - Cultura

    Este livro aborda tpicos sobre a arte, as construes e a escrita. Sobre a arte so

    apresentadas informaes sobre os seguintes aspectos: pintura rupestre; arte egpcia;

    escultura grega; joalheria celta; mosaicos romanos; pintura chinesa em seda; tapetes

    persas; porcelana Ming; Michelngelo; Rembrandt; pintura impressionista.

    Como j foi mencionado anteriormente, no possvel se dar conta de

    informaes relativas a todos os povos e pocas que fazem parte da Histria. Cada autor

    seleciona tpicos que ele julga serem importantes para serem explicados e divulgados.

    Dessa forma, no temos uma abordagem total sobre a arte ao longo da histria da

    humanidade, mas sim a explicao de alguns tpicos que foram julgados como

    importantes para a divulgao do conhecimento sobre a arte. Nessa seleo, sem dvida,

    considerado o que o autor acha que deve ser divulgado e o que no merece destaque.

    nesse momento que podemos perceber suas concepes de mundo, de sociedade, de

    homem, de educao.

    Os itens sobre as construes que foram escolhidos para serem tratados foram os

    seguintes: pirmides; Parthenon; Coliseu, Chichn Itz; Catedral de Chartes; Alhambra;

    a Cidade Proibida; Catedral de Florena; Castelo de Lwdwuig; Torre Eiffel; arranha-

    cus; Sydney Opera House.

    Podemos perceber que as construes apresentadas encontram-se na Europa,

    Amrica Central, sia e Amrica do Norte, sendo que h maior destaque de construes

    localizadas na Europa. Por qual motivo no h referncias, por exemplo, s construes

  • 57

    brasileiras, africanas, indgenas? Mesmo no momento de se analisar a arquitetura,

    podemos observar uma valorizao de tudo que feito no primeiro mundo.

    Sobre a escrita os tpicos abordados foram os seguintes: primeiras escritas;

    escrita egpcia; Pedra da Roseta; escrita chinesa; alfabetos; papiros; pergaminhos; papel;

    iluminuras; imprensa; mquinas de escrever; processadores de texto.

    - Inovaes

    Este livro aborda os seguintes assuntos: invenes, transportes e armas. Sobre as

    invenes so abordados os seguintes temas: metalurgia; irrigao; clculo; medio do

    tempo; moinhos; lentes e telescpios; lmpadas e iluminao; telgrafo e telefone;

    fotografia; cinema; rdio; televiso; explorao espacial.

    As invenes enumeradas acima podem ser consideradas como sendo aquelas

    que, de uma forma ou de outra, representaram uma melhora no modo de vida da

    populao ao longo da histria. Entretanto, devemos lembrar que essas invenes no

    chegavam rpido ao conhecimento de todas as pessoas, o acesso s novas tecnologias

    era lento nem todas as pessoas podiam adquirir esses utenslios.

    Sobre transportes so abordados os seguintes itens: barcos primitivos; transporte

    sobre rodas; primeiras estradas; canais; navegao; navios europeus; diligncias; bales

    e dirigveis; barcos a vapor; ferrovias; automveis; bicicletas e motocicletas; avies.

    Os itens abordados sobre as armas so os seguintes: armas primitivas; armas de

    arremesso; legionrios romanos; cavaleiros; bestas; primeiras armas de fogo; armas

  • 58

    curiosas; pistolas; metralhadoras; tanques; avies da Segunda Guerra; msseis

    avanados.

    - Quem Quem

    Neste livro so apresentadas biografias de vrias personalidades que se

    destacaram ao longo da Histria da Humanidade.

    Temos a apresentao da biografia das seguintes pessoas: Abraham Lincoln;

    Adolf Hitler; Alexandre, o Grande; Anbal; Aquenaton; Atahualpa; tila, o Huno;

    Boadicia; Buda; Carlos Magno; Catarina, a Grande; Catarina de Medici; Chin Shih

    Huang Ti; Clepatra; Confcio; Constantino, o Grande; Cristvo Colombo; Elizabeth

    I; Elizabeth Fry; Fidel Castro; Florence Nightingale; Franklin Delano Roosevelt; Gngis

    Khan; George Washington; Giuseppe Garibaldi; Golda Meir; Hail Selassi;

    Hatxepsute; Harriet Ross Tubman; Henrique VIII; Indira Gandhi; Isabel de Castela;

    Jesus Cristo; Joana DArc; John F. Kennedy; Josef Stalin; Jlio Csar; Karl Marx;

    Leonor de Aquitnia; Lucrcia Brgia; Mahatma Gandhi; Mao Tse-tung; Maom;

    Marco Polo; Maria, rainha da Esccia; Maria Antonieta; Maria Teresa; Marqus de

    Lafayette; Martin Luther King Jr.; Martinho Lutero; Maximilien Robespierre; Mikhail

    Gorbachev; Montezuma; Nabucodonosor; Napoleo Bonaparte; Nelson Mandela;

    Oliver Cromwell; Otto von Bismarck; Pedro, o Grande; Richelieu; Salomo; Shaka;

    Simn Bolvar; Suleiman, o Magnfico; Susan B. Anthony; Tamerlo; Tecumseh;

    Teodora, imperatriz; Teresa de vila, santa; Thomas Jefferson; Toussaint-Louverture;

    Tzu-hsi, imperatriz; Ulysses S. Grant; Vitria, rainha; Vladimir Ilitch Lenin; William

    Penn; Winston Churchill; Zenbia.

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    Apesar da extensa lista de biografados, podemos observar que no aborda-se