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I I I I I I I I I I I I L ______ _j ANTONIO ANGARITA: DA LIBERDADE CIENTÍFICA À NECESSIDADE DE O CONHECIMENTO PRODUZIR DIVIDENDOS SOCIAIS P ágina 3 PESQUISADORES DA USP IDENTIFICAM UM NOVO GENE RESPONSÁVEL PELA DISTROFIA DE CINTURA P ágina 10 NESTA EDIÇÃO, ENCARTE ESPECIAL SOBRE O PROGRAMA DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM PEQUENAS EMPRESAS MENSAL DA DE AMPARO A PESQUISA DO ESTADO DE SÃO PAULO EDUCAÇÃO ' O ENSINO PUBLICO EM DEBATE Pesquisadores das universidades e institutos de pesquisa e professores de escolas do primeiro e segundo graus do Estado reuniram-se no dia 27 do mês passado, na FAPESP, com a presença da secretária estadual de Educação Rose Neubauer, para a primeira reunião de avaliação dos projetas que estão em andamento, dentro do Programa de Pesquisas Aplicadas sobre a Melhoria do Ensino Públ ico no Estado de São Paulo. São 25 projetas , que vão da definição de novas metodologias para o ensino técnico agrícola à melhor maneira de integrar estudantes carentes da periferia paulista ao universo escolar.

O ensino público em debate

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Notícias FAPESP - Ed. 22

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ANTONIO ANGARITA: DA LIBERDADE

CIENTÍFICA À NECESSIDADE DE O CONHECIMENTO

PRODUZIR DIVIDENDOS SOCIAIS

Página 3

PESQUISADORES DA USP IDENTIFICAM

UM NOVO GENE RESPONSÁVEL

PELA DISTROFIA DE CINTURA

Página 10

NESTA EDIÇÃO, ENCARTE ESPECIAL

SOBRE O PROGRAMA DE INOVAÇÃO

TECNOLÓGICA EM PEQUENAS EMPRESAS

PUBliCA~ÃO MENSAL DA ~UNDA~ÃO DE AMPARO A PESQUISA DO ESTADO DE SÃO PAULO

EDUCAÇÃO

' O ENSINO PUBLICO EM DEBATE

Pesquisadores das universidades e institutos de pesquisa e professores de escolas do primeiro e segundo graus do Estado reuniram-se no dia 27 do mês passado, na FAPESP, com a presença da secretária estadual de Educação Rose Neubauer, para a primeira reunião de avaliação dos projetas que estão em andamento, dentro do Programa de Pesquisas Aplicadas sobre a Melhoria do Ensino Público no Estado de São Paulo. São 25 projetas, que vão da definição de novas metodologias para o ensino técnico agrícola à melhor maneira de integrar estudantes carentes da periferia paulista ao universo escolar.

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EDUCAÇÃO

O ensino público em debate

Professores de duas escolas estaduais do muni­cípio de São Paulo- uma na Vila Nova Brasilândia, zona norte, e outra no Jardim Presidente, na zona sul da capital- estão participando, junto com pesquisa­dores da Pontificia Universidade Católica de São Pau­lo (PUC), de uma pesquisa que visa desenvolver meios de aproximar os professores e a escola do uni­verso social e cultural dos alunos. A partir daí, eles deverão estabelecer uma nova metodologia de ensi­no, que parta da realidade e da experiência dos estu­dantes, evitando-se, com isso, a inadaptação, a repe­tência e a evasão escolar.

Em outros pontos do Estado de São Paulo, outras pesquisas, visando melhorar o ensino público, também estão sendo feitas. Em Jaboticabal, por exemplo, pro­fessores do Colégio Técnico Agrícola, junto com pro­fessores e pesquisadores da Universidade Estadual Pau­lista (UNESP) naquele campus, estão também investi­gando o que acontece quando se mexe na estrutura con­vencional de ensino. Ali se pesquisa como a experiên­cia prática pode fundamentar as disciplinas do currícu­lo e como isso se reflete no aprendizado.

Essas pesquisas - e mais outras 23 - integram o Programa de Pesquisas Aplicadas sobre a Melhoria do

Ensino Público ·no Estado de São Paulo, criado pela FAPESP em 1995 para financiar pesquisas sobre pro­blemas concretos do ensino de primeiro e segundo graus em escolas públicas paulistas, para a sua melhoria.

No ano passado, na primeira etapa do progra­ma, foram aprovados 25 projetos de pesquisa. No dia 27 de junho último, na sede da Fundação e com a presença da secretária estadual de Educação, Rose Neubauer, cerca de 260 pessoas- coordenadores dos 25 trabalhos, diretores e representantes das escolas envolvidas, além de coordenadores dos 14 projetos aprovados este ano, na segunda etapa do programa­participaram da 1 a Reunião de Acompanhamento do Programa, com discussões sobre o andamento dos 25 projetos e eventuais dificuldades enfrentadas pe­las equipes de pesquisa.

Na abertura do evento, a secretária de Educação Rose Neubaeur ressaltou que a escola pública e o ensino do Estado de São Paulo precisam de incenti­vos como o da FAPESP, para ajudar as autoridades responsáveis a tomar decisões na área educacional. Parcerias como essa, segundo ela, ajudam a buscar as condições básicas para que as escolas públicas pos­sam funcionar melhor. "O desenvolvimento técnico

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e tecnológico passa primeiramente pela educação bá­sica e fundamental. Sem educação não existe justiça social , nem desenvolvimento, nem democracia", dis­se Rose Neubauer.

O diretor científico de FAPESP, professor José Fernando Perez, destacou que, para as duas etapas do programa, a FAPESP está investindo R$ 7,1 milhões, e afirmou que nunca a Fundação investiu de forma tão expressiva na área de Educação. A iniciativa, segundo ele, ainda é pequena, mas é um grande passo para que a pesquisa científica seja percebida pela sociedade e para que o sistema de pesquisa contribúa com a melhoria do ensino. "Esse programa é na verdade um processo de aprendizado para todos os atares nele envolvidos: pes­quisadores e suas instituições, professores, escolas, a estrutura da rede pública de ensino, a Secretaria Esta­dual de Educação e a própria FAPESP".

Uma nova pedagogia Organizado pela Coordenadoria dos Programas

Especiais de Educação, ligada à Diretoria Científica da FAPESP e tendo à frente a educadora Marília Pon­tes Sposito, a I • Reunião de Acompanhamento do Pro­grama de Melhoria do Ensino Público realizou-se nos dois turnos. Pela manhã, houve debate e troca de ex­periências sobre os projetas aprovados na primeira etapa e como eles estão se desenvolvendo. No perío­do da tarde foi debatida a parceria entre a escola e os pesquisadores, abordando as formas de cooperação, as dificuldades encontradas nessa parceria e as ma­neiras de superá-las.

A maioria dos pesquisadores concordou que o atual sistema educacional público quase inviabiliza, na prá­tica, o trabalho coletivo entre professores de uma mes­ma escola ou de estabelecimentos diferentes, dificul­tando a pesquisa e o pensar a própria educação. Tam­bém a alta rotatividade dos professores não efetivos prejudica o ensino e o andamento dos projetas de pes­quisa. Mas, apesar das dificuldades, a parceria entre pesquisadores e professores tem ocorrido, com aspec­tos positivos para ambos.

"Foi surpreendente a resposta dos professores à atividade de pesquisa. Eles perceberam que essa ati­vidade otimiza a sua função pedagógica. Quanto aos estudantes universitários que participam do projeto, ficaram evidentes para eles a distância entre o discur­so teórico e a prática e a importância do conhecimen­to da realidade escolar", disse a professora Heloísa Szymanski, da PUC, coordenadora do projeto "Meto­dologia Labor no ensino público", que procura apro­ximar a escola e os professores da realidade dos edu­candos, atrelando a aprendizagem à vida cotidiana e à experiência deles.

A sua pesquisa se desenvolve em duas escolas pú­blicas de zonas periféricas de São Paulo: a Escola Esta­dual de Primeiro Grau Crispim de Oliveira, em Vila

Nova Brasilândia, na zona norte, e a Escola Estadual de Primeiro e Segundo Grau Giulio David Leone, no Jardim Presidente, na zona sul. Uma observação de Heloísa Szymanski é que cerca de 50% dos alunos de escolas públicas da periferia em São Paulo são filhos de migrantes de outros Estados, principalmente do Nor­deste do país.

A falta de adaptação à cidade, aos costumes e ao método de ensino das escolas são os grandes respon­sáveis pelo alto índice de repetência e evasão escolar. "Há uma separação muito grande entre o mundo de onde esses alunos vêm e a linguagem da escola, que não leva em conta suas origens, linguagens e costu­mes", diz a pesquisadora. Oito professores das duas escolas estão participando do projeto, recebendo bol­sas da FAPESP, e o objetivo é desenvolver uma meto­dologia pedagógica e atividades que levem em conta a realidade dos alunos.

Ensino agrícola Outros projetas em execução foram debatidos,

como o da professora Alda Junqueira Marin, da UNES?, campus de Araraquara, coordenadora da pesquisa "De­senvolvimento profissional docente e transformação na escola", e o da professora Iole de Freitas Druck, do Ins­tituto de Matemática e Estatísticas da Universidade de São Paulo, coordenadora do projeto "Habilitação espe­cífica para o magistério (ensino de matemática)", que visa avaliar a ação de assessoria às escolas, por parte dos pesquisadores da universidade, os resultados da formação em serviço dos professores e a repercussão no aprendizado e desempenho dos alunos. Apesar das dificuldades, os ·resultados, até agora, são positivos, se­gundo ela. "Os alunos estão muito mais entusiasmados com as aulas de matemática; mais até do que com as outras disciplinas".

Em Jaboticabal, o agrônomo e professor da UNES? Euclides Caxambu Alexandrino de Souza coordena a pesquisa "Melhoria do ensino técnico agrícola", junto com professores do Colégio Técnico Agrícola. Os alu­nos estão realizando atividades práticas dentro do cur­rículo - a produção de húmus, sua utilização pelas plan­tas, as alterações que traz ao solo, a adubação para di­versas culturas, aprendendo na prática. De acordo com o professor, aumentou significativa a assiduidade e o interesse dos alunos. "Quando se começa a eliminar a lista de chamada e a sala está cheia é sinal de que esta­mos no caminho certo". A experiência deverá seres­tendida a 29 escolas agrícolas de todo o estado.

Ao final do encontro, uma constatação: apesar de o programa da FAPESP não poder atender todas as escolas públicas estaduais, a iniciativa é impor­tante porque ajuda a definir novos modelos pedagó­gicos que podem ser adequados a situações particu­lares de cada escola, mas. que também podem ser fu­turamente expandidos.

•IMPisP

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Os novos projetos aprovados Para a segunda etapa do Progra­

ma de Pesquisas Aplicadas sobre a Melhoria do Ensino Público foram aprovados 14 projetos, envolvendo diversas áreas. As novidades, segun­do a professora Marília Pontes Spo­sito, são os projetos em Educação Ambiental , área que não teve ne­nhum projeto aprovado na primeira etapa. "Vale destacar também o au­mento da presença de projetos de universidades do interior do Estado. Enquanto na primeira etapa 50% dos projetos eram do interior, nesta se­gunda fase nós temos um índice de 78,5%" , afirma Marília.

Outra novidade em relação aos temas foi um projeto coordenado pelo professor Wagner Farid Gattaz, da Faculdade de Medicina da USP, que trata da eficácia de um progra­ma educativo sobre o uso de drogas e comportamento sexual para alunos da rede pública estadual em São Pau­lo. "É o primeiro projeto que discute esse tipo de tema polêmico", diz a Coordenadora dos Programas Espe­ciais de Educação.

Outro projeto aprovado, coorde­nado pelo professor Luiz Roberto Al­ves, da Escola de Comunicação e Ar­

tes da USP, consiste em recolher con­tos e casos populares na periferia da metrópole paulista, para fazer um tra­balho de reflexão sobre as categori-

as que compõem a memória históri­ca popular e também a presença da cultura popular nos meios de comu­nicação de massa.

Para essa etapa do programa, houve 75 inscrições e 14 projetos fo­ram aprovados, caindo significativa­mente o número de inscrições em re­lação à primeira etapa, quando se ins­creveram 153 projetos, dos quais 25 foram aprovados, somando um total de 399 bolsas e um investimento de pouco mais de R$ 5 milhões. A FA­PESP não chegou a utilizar os R$ 5 milhões disponíveis para o progra­ma nessa segunda etapa, investindo apenas cerca de R$ 2, I milhões.

Para a professora Marília, o grande número de inscrições na pri­meira etapa se explica porque o pro­grama atendia uma demanda repri­mida. "Sabíamos, de antemão, que as inscrições deveriam cair na segun­da rodada". Quanto ao baixo índice de aprovação dos projetos, Marília diz que o problema está no fato de que muitos deles propõem desenvol­ver uma atividade de melhoria do en­sino, ou desenvolver projetos de ca­pacitação técnica de professores, ou ainda a construção de material didá­tico, sem que fique claro, entretan­to, o objeto da pesquisa, indispensá­vel para que a FAPESP possa apro­var e financiar o projeto.

Como participar do programa O Programa de Pesqui­

sas Aplicadas sobre a Me­lhoria do Ensino Público do Estado de São Paulo envol­ve pesquisadores de univer­sidades e institutos de pes­quisa, que coordenam tra­balhos dos quais participam professores e outros profis­sionais ligados às escolas de primeiro e segundo graus da rede pública, onde os projetas se desenvolvem. O seu objetivo é financiar pesquisas aplicadas sobre problemas concretos do en­sino de primeiro e segundo graus, em escolas públicas paulistas, incentivando a produção de conhecimen­tos e a melhoria do ensino.

As inscrições podem ser feitas duas vezes por ano-em 30 de março e 30 de setembro -, pelos pes­quisadores, responsáveis pelo encaminhamento à FA­PESP de um projeto de pes­quisa, no qual já estejam definidos o objeto da pes­quisa, as escolas e os pro­fessores envolvidos.

PROGRAMA DE ENSINO PÚBLICO 1997

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