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ANO VI - EDIÇÃO N o 371 FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 6 de janeiro de 2015 Faltou educação e sobrou lixo RÉVEILLON 2015 A cena se repete: Aterro de Iracema vira lixão, ou melhor, aterro sanitário. Em apenas 12 horas, foram produzidas 63 toneladas de resíduos, dez vezes mais do que a cidade produz por dia. Páginas 5, 6 e 7 COLUNA DIREITO AMBIENTAL Responsabilização das atividades lesivas ao meio ambiente NOVO GOVERNO Artur Bruno já está no comando da Secretaria de Meio Ambiente Saiba mais dos princípios sobre os quais se assentam os caminhos da legislação e jurisprudência em questões ambientais no ordenamento jurídico brasileiro. O Ceará atrai e continuará atraindo muitos empreendimentos, mas também vai garantir respeito ao patrimônio ambiental. O Estado será rigoroso no cumprimento da legislação. Pág. 4 Pág. 10 BETH DREHER

O Estado Verde - Edição 22421 - 06 de janeiro de 2015

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Jornal O Estado (Ceará)

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ANO VI - EDIÇÃO No 371FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL

Terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Faltou educação e sobrou lixo

RÉVEILLON 2015

A cena se repete: Aterro de Iracema vira lixão, ou melhor, aterro sanitário. Em apenas 12 horas, foram produzidas 63 toneladas de resíduos,

dez vezes mais do que a cidade produz por dia. Páginas 5, 6 e 7

COLUNA DIREITO AMBIENTAL Responsabilização das atividades lesivas ao meio ambiente

NOVO GOVERNO Artur Bruno já está no comando da Secretaria de Meio Ambiente

Saiba mais dos princípios sobre os quais se assentam os caminhos da legislação e jurisprudência em questões ambientais no ordenamento jurídico brasileiro.

O Ceará atrai e continuará atraindo muitos empreendimentos, mas também vai garantir respeito ao patrimônio ambiental. O Estado será rigoroso no cumprimento da legislação. Pág. 4 Pág. 10

BETH

DRE

HER

Page 2: O Estado Verde - Edição 22421 - 06 de janeiro de 2015

O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA: Tarcília Rego. CONTEÚDO: Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Rafael F. Gomes. MARKETING: Pedro Paulo Rego. JORNALISTA: Elisangela Alves. TELEFONE: 3033.7500 / 8844.6873Verde

TARCILIA [email protected]

SEJA BEM - VINDO, CAMILODesde ontem, a gestão pública estadu-

al conta com um novo comando, Camilo Santana. Desejo ao novo governador um mandato de muito sucesso e harmonia. Que ele possa, efetivamente, fazer a diferença, apesar dos tempos da auste-ridade anunciada pela presidente Dilma.

Estou na expectativa e esta é a melhor possível, principalmente, com a boa notí-cia da criação da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, foi a grande e boa nova de começo de ano, para mim.

Que o Estado cresça, cresça acelera-damente, mas sem destruir o meio-am-biente. Em tempos de economia verde, manter a estabilidade econômica só será possível se basearmos a nossa econo-mia na emissão de baixo carbono; tal-vez, esse seja o nosso passaporte para um futuro realmente sustentável. Que Deus abençoe o Ceará e faça dele um Estado verde.

KÁTIA ABREUPara a nova ministra da Agricultura, os

confl itos de terra no Brasil não serão re-solvidos com a Reforma Agrária que, em sua opinião, é um discurso ultrapassado. Kátia afi rmou que não há mais latifúndio no Brasil e, por isso, a reforma teria de ser pontual. Ela disse ainda que as de-marcações de terra para reserva indíge-na não irão aumentar e que o problema em torno desta questão é que os índios desceram das fl orestas para as áreas de produção. “Caso se entenda que a área destinada aos índios é pequena, a União pode comprar um pedaço de terra e en-tregar a eles para produzir, mas eu não posso tirar a terra de um para dar para outro.” Isso vai gerar problemas...

UMA NOVA REDE SOCIAL Criada pela modelo e atriz britânica

Lily Cole, de 27 anos, a rede social de troca de ajuda, Impossible (impossível em inglês), quer estimular as pessoas a ajudar desconhecidos sem ganhar nada em troca. O site (www.impossible.com) nasceu há cerca de um ano e já tem usuários em mais de 70 países - inclusive no Brasil.

SAIU NO THE NEW YORK TIMES Aumenta número de suicídios entre

índios da tribo Guarani. De 2004 até se-tembro de 2014, já foram 500 casos en-tre índios da tribo, que é o grupo étnico com a maior taxa de suicídio do mundo.

De acordo com a notícia, as condi-ções das reservas Guaranis se deterio-raram durante o regime militar, entre as décadas de 1970 e 1980, por conta da superlotação de reservas e da separa-ção dos integrantes da família. Atual-mente, a situação se agravou, segundo o pesquisador, e muitos Guaranis se sentem sozinhos e isolados.

SHOPPING CENETRSHoje, há provavelmente mais de cem

shoppings , abandonados nos Esta-do Unidos. Foi o que noticiou a BBC na última semana de dezembro, a cri-se econômica em várias regiões, prin-cipalmente no Meio-Oeste americano, combinada com uma acelerada ascen-são das compras pela internet e com novos modelos de centros urbanos de comércio, empurrou o então aparente-mente imbatível shopping center, para a decadência. Este é um assunto sério e tem impactos econômicos, sociais e ambientais sobre qualquer economia. Fiquemos atentos...

Refl exão: “Foco e simplicidade...quando você chegar lá, conseguirá mover montanhas.” Steve Jobs.

Com ele, mais um ano de O Estado Verde, o oitavo! Um começo de ano especial, apesar da afamada crise, afi nal, tenho como certo que crise e oportunidade, no dicionário chinês, têm o mesmo signifi cado, sigo em frente, confi ante. Ademais, segundo a numerologia, o oito é o número do ano, e signifi ca expansão, ‘tô dentro’.

CHEGOU 2015!

Coluna Verde

2 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 6 de janeiro de 2015

VERDE

06 DE JANEIRO DE 2015Dia de Reis • Hoje é Dia de Reis, uma tra-dição surgida no século VIII e que para os católicos, encerra os festejos natalinos. Segundo a tradição cristã e de acordo com o Evangelho (Mateus 2:1), seria aquele dia em que Jesus Cristo, recém-nascido, recebe-ra a visita de “alguns magos do oriente” que aconteceu em 6 de janeiro. A noite do dia 5 e a madrugada do dia 6 são conhecidas como “Noite de Reis”.

09 DE JANEIRO DE 2015Dia do Astronauta • Em homenagem à Missão Centenário, realizada pela Agência Espacial Brasileira (AEB), em 2006, e a viagem de Marcos Pontes para a Estação Espacial Internacional (ISS), em 9 de janeiro comemora-se no Brasil, o Dia do Astronauta, profi ssional treinado para via-jar pelo espaço, seja comandando, pilotando, servindo como membro da tripulação de uma nave espacial ou desempenhando atividade extra veicular, como turista espacial, por exemplo. A grande disputa entre os Estados Unidos e a extinta União Soviética no período conhecido como Guerra Fria, impulsionou grandes avanços científi cos e tecnológicos, e até hoje, contribui para as pesquisas aeroespaciais.

11 DE JANEIRO DE 2015Dia do Controle da Poluição por Agrotóxicos • Os Agrotóxicos, popularmente conhecidos como “defensivos agrícolas”, são produtos químicos utilizados no combate às pragas e às doenças das plantas. É sabido que o uso de agrotóxicos afeta o meio ambiente, podendo ainda, causar danos a saúde dos homens e a saúde dos animais. Usar agrotóxicos para controlar pragas e doenças, é uma prática comum em fazendas do mundo inteiro. Mas , atualmente, o Brasil é o campeão mundial no uso de agrotóxi-cos, cabendo a cada brasileiro o consumo médio de 5,2 litros de veneno agrícola por ano. O dado foi divulgado, no último dia 3 de dezembro, por ambientalistas, quando foi celebrado o Dia In-ternacional da Luta contra os Agrotóxicos.

Dia da Gratidão • Hoje é o Dia da Gratidão, sentimento que sem-pre ocorre quando alguém faz algo que o outro gostaria que acontecesse, sem esperar nada em troca, e isso faz com que a pessoa que fez a ação sinta- se feliz, assim como a que recebeu a ação. Diz-se que a gratidão, assim como a amizade, é um sentimento muito nobre e traz junto com ele, uma série de outros sentimentos, como amor, fi de-lidade, amizade e etc...

AGENDA VERDE

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A maior usina solar dos Estados Unidos já está em funcionamento. Localizada no condado de San Luis Obispo, na Califór-

nia, a estrutura é capaz de produzir mais de 500 megawatts de energia limpa, obtida a partir de nove milhões de painéis solares. O projeto, que pertence à MidAmerican Solar, também é o maior do mundo. A fazenda que começou a ser construída há dois anos estava prevista para en-trar em pleno funcionamento apenas em 2015, mas a conclusão ocorreu antes do esperado e em novembro ela começou a funcionar.

Apelidada de Topaz Solar, a usina possui 15,2 milhões de metros quadrados, por onde estão espalhadas nove milhões de placas fo-tovoltaicas. Toda esta estrutura resulta em 550 megawatts de capacidade instalada. Partes do projeto estão sincronizados com

a rede ISO Califórnia, contribuindo , assim, para que o estado americano cumpra, até 2020, a meta de gerar 33% de sua energia a partir de fontes renováveis.

A eletricidade gerada a partir da Topaz So-lar Farms é sufi ciente para abastecer 160 mil residências e impedir que 407 mil toneladas de CO 2 por ano - o equivalente a 77 mil carros das ruas por ano sejam despejadas na atmos-fera todos os anos. No entanto, mesmo com bons números, o posto de maior usina solar dos Estados Unidos será da Topaz por um período curto de tempo. O país já tem uma fazenda ainda maior sendo construída e ao fi nalizada, no próximo ano, será capaz de pro-duzir 579 megawatts de energia.

MidAmerican Solar é uma subsidiária da MidAmerican Renewables e está sediada na

cidade de Phoenix, no estado americano do Arizona. MidAmerican Solar tem três projetos de energia solar, dois dos quais estão em pleno funcionamento. No total, os projetos da MidA-merican solares representam 1.271 megawatts de geração de energia solar.

ECONOMIA E RESPONSABILIDADE SOCIALOs projetos da MidAmerican solares aju-

dam a criar empregos locais e captar investi-mentos de capital, além de outros benefícios econômicos para as comunidades locais, in-cluindo oportunidades de emprego em outros setores, como transporte e fabricação.

De acordo com um estudo dos benefícios econômicos do Brattle Group e California Polytechnic State University, em San Luis Obispo, estima-se que a Topaz Solar Farms

poderá injetar 417 milhões de dólares na eco-nomia local, a maioria dos quais já foram ge-rados durante o período de construção, e o restante, ao longo do período mínimo de fun-cionamento, de 25 anos do projeto.

A empresa dedica-se às comunidades onde seus projetos estão localizados e trabalha para atender as necessidades da comunidade, apoiando eventos e iniciativas locais, contra-tando trabalhadores locais, oferecendo bene-fícios educacionais para escolas e universida-des locais, e fornecendo informações sobre os projetos e os benefícios da energia solar .

Informações sobre MidAmerican estão disponíveis no site da empresa e suas pá-ginas no Twitter, Facebook e YouTube, que pode ser acessado através do site www.midamericanrenewablesllc.com .

3FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 6 de janeiro de 2015

VERDE

Apelidada de Topaz Solar, a unidade possui 15,2 milhões de metros quadrados e nove milhões de placas fotovoltaicas. Energia sufi ciente para abastecer 160 mil residências

A maior usina solar dos EUA foi inaugurada antes do previsto

VISÃO GLOBAL

DIVULGAÇÃO

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4 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 6 de janeiro de 2015

VERDE

A Secretaria Municipal de Cultura de Fortaleza disponibiliza para Consulta Pública o Edital do 66º

Salão de Abril. Podem participar do processo consultivo quaisquer interes-sados, seja Pessoa Física ou Jurídica. As sugestões devem ser apresentadas por carta, ofício ou similar no setor de Protocolo da Secultfor (Rua Pereira Fil-gueiras, nº 4 – Centro) ou através do e-mail: [email protected]. Interessados têm até às 14h do dia 9 de Janeiro de 2015, para protocolar sugestões. O atendimento presencial será realizado em horário comercial.

O Edital do 66º Salão de Abril visa se-lecionar 30 trabalhos para integrar a sua programação, além de premiar três ar-tistas dentre os selecionados. Em 2015, a 66º Edição do Salão de Abril terá curado-ria da pesquisadora, psicanalista e cura-dora de artes visuais, Flavia Corpas (RJ) e ocorrerá no período de 10 de abril a 10 de maio de 2015 na Galeria Antônio Bandei-ra, localizada no Centro Cultural Banco do Nordeste (Rua Conde D’eu, 560, Cen-tro, Fortaleza – CE).

“Esperamos que essa edição do Salão de Abril seja tão ou mais signifi cativa que a passada, que nos apresentou um belo panorama da nova produção artística contemporânea brasileira”, ressalta a Co-ordenadora de Ação Cultural da Secultfor, Germana Vitoriano. O 66º Salão de Abril é uma realização da Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Munici-pal de Cultura, com a parceria do Centro

Cultural Banco do Nordeste.

SOBRE O SALÃO DE ABRILLançado em 1943, como iniciativa da

Secretaria de Cultura da União Estadual dos Estudantes (UEE), o Salão de Abril foi encampado em seguida por artistas que atuavam na cidade nos anos 1940. Foi assim que, a partir da segunda edição do Salão, em 1946, a Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP) assumiu a sua rea-lização, tornando-se a entidade responsá-vel por sua continuidade até 1958.

As exposições do Salão de Abril, contu-do, não tiveram uma constância. Houve um hiato nesta periodicidade logo depois de suas primeiras edições. Somente em 1964, quando a administração municipal ratifi cou publicamente a importância do Salão e tomou para si a responsabilidade da realização anual do evento, o mesmo assumiu um papel de eixo da vida cultural da capital cearense.

Nas sete décadas de existência e 65 edições, nomes importantes passaram por suas mostras. Em 2014, foram mais de 800 inscritos, o que coloca o Salão de Abril entre os mais bem-sucedidos e dis-putados Salões do País.

SOBRE A CURADORIA DO 66º SALÃO DE ABRIL

Flavia Corpas é curadora de artes visu-ais, pesquisadora e psicanalista. Atual-mente é docente do Curso de Especializa-ção em Acessibilidade Cultural da UFRJ, na disciplina Exposição Acessível.

Secult disponibilizaedital para 66º Salão de Abril

CULTURA

JORNALISTA E ESCRITOR

RESPONSABILIZAÇÃO DO DEGRADADOR

Segundo se depreende das linhas que norteiam este princípio, a legislação que nele se arrima e que trata da responsabi-lização do degradador, está relacionada, por primeiro, com a autonomia e indepen-dência dos sistemas de responsabilidade existentes: civil, administrativo e penal. Em razão desse ordenamento, aquele que desrespeita a norma, por um mesmo ato de poluição, pode ser responsabili-zado, simultaneamente, nas esferas civil, penal e administrativa, com a viabilidade de incidência cumulativa desses siste-mas de responsabilidade em relação a um mesmo fato danoso.

CUMULAÇÃO DE RESPONSABILIDADES

Esta assente no Direito Ambiental brasi-leiro a independência entre a responsabi-lidade civil e a administrativa, com a pos-sibilidade de cumulação de ambas, que encontra respaldo em expressa disposição de lei (art. 14, § 1º, da Lei Federal 6.938/81), o que tem sido reconhecido em decisões jurisprudenciais de vários tribunais. Com relação à independência da responsabili-dade criminal em face das demais a ma-téria também é tranqüila, sendo da própria tradição do nosso Direito (art. 225, § 3º, da CF, art. 1.525 do CC e art. 64 do CPC).

RESPONSABILIDADE OBJETIVA

Ademais disto, convém observar que, no âmbito civil, a responsabilidade do predador se submete, entre nós, a duas regras que revelam a amplitude da res-ponsabilidade civil por danos ao meio ambiente e o rigor do legislador nessa matéria. A primeira regra é a da responsa-

bilidade objetiva do degradador pelos da-nos ambientais causados, isto é, indepen-dentemente da existência de culpa e pelo simples fato da atividade (art. 14, §1º, da Lei 6.938/81). A segunda regra é a da re-paração integral do prejuízo causado, que tem como objetivo propiciar a recompo-sição do meio ambiente, na medida do possível, no estado em que se encontrava antes da ocorrência do dano.

DIREITO INTERNACIONAL

O professor Álvaro Luís Valéry Mirra assevera ser importante ressaltar que no sistema jurídico brasileiro não há espaço para aplicação de mecanismo por vezes utilizado no direito internacional, por meio do qual se procura compensar o rigor da responsabilidade civil objetiva com o es-tabelecimento de um limite máximo para as indenizações, teto esse que somente pode ser superado quando se consegue demonstrar a culpa do responsável.

CONVENÇÃO DE BRUXELAS

O professor Mirra exemplifi ca citando a Convenção de Bruxelas, de 1969, que trata da responsabilidade civil por danos causados em derramamentos de óleo no mar. Nas hipóteses de aplicação dessa Convenção, se se pretender fundamen-tar a responsabilidade do proprietário do navio transportador unicamente no fato da atividade, independentemente da sua culpa, ter-se-á que se contentar com uma indenização limitada no seu valor. Se, ao contrário, se quiser escapar desse teto máximo de indenização, estipulado na própria Convenção, para chegar-se à reparação integral dos prejuízos, ter-se--á que provar a culpa do armador no de-sempenho da sua atividade.

PRINCÍPIO DA RESPONSABILIZAÇÃO DAS CONDUTAS E ATIVIDADES LESIVAS AO MEIO AMBIENTE

Este é o nono princípio entre aqueles sobre os quais temos abordado neste espaço e nos quais se assentam os caminhos da legislação e jurisprudência em questões ambientais no ordenamento jurídico brasileiro. Ele é de superior importância tendo em vista o fato de que as medidas preventivas têm-se revelado inefi cazes. Com efeito, constata-se inconcebível tolerância, senão omissão, da Administração Pública para com os infratores da legislação ambiental. Em face dessa situação e de outras similares em casos de prevenção a agressões ao ambiente, os mecanismos preventivos não têm alcançado a efi cácia esperada. Destarte, com o objetivo de termos um sistema de preservação e conservação do meio ambiente, faz--se necessário a ampla e rigorosa responsabilização dos causadores de danos ambientais.

SERVIÇOEdital de Consulta Pública 66º Salão de AbrilPrazo para envio de sugestões: 9 de Janeiro de 2015Onde: Setor de Protocolo da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Rua Pereira Filguei-ras, 4 – Centro) ou através do e-mail: [email protected] informações: 3105.1339 / 1305.1358 ou http://www.salaodeabrilfortaleza.com.br/Acesse o Edital em http://www.fortaleza.ce.gov.br/sites/default/fi les/u2393/edital_con-sulta_publica_66_salao_de_abril.pdf

Edital permanecerá disponível para avaliação até o dia 9 de janeiro de 2015

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5FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 6 de janeiro de 2015

VERDE

Durante a festa faltou educação e no final, sobrou lixo

RÉVEILLON 2015

A cena se repete e o Aterro de Ira-cema, novamente, vira lixão. “Estima-se que 63 toneladas de

resíduos foram recolhidas, sendo 30 de recicláveis”, disse a Prefeitura Mu-nicipal sobre o lixo produzido durante a Festa de Réveillon. Porém, não basta comunicar a quantidade de resíduos – recicláveis ou rejeitos – coletados no primeiro dia do ano, na Praia de Ira-cema, como não basta, a varrição, é preciso educação e o princípio da pre-caução, seja por parte da sociedade, seja por parte do poder público.

Em apenas 12 horas, a quantidade de resíduos descartados por apenas 800 mil pessoas, foi 10 vezes maior do que a quantidade que toda a Cidade gera, dia-riamente. Fortaleza produz aproxima-damente 6 toneladas e tem população estimada em 2.571.896 (IBGE,2014). Fato que deixou o engenheiro Ricar-do Salmito Rodrigues, indignado. Ao observar aquele imenso lixão amanhe-cido na orla, ele citou o bom exemplo que veio do Japão: “Será que ninguém lembrou da torcida japonesa durante a Copa do Mundo de 2014?”

Mesmo após a derrota frente às Cos-ta do Marfi m, os japoneses num gesto amoroso de cuidado ambiental e boa cidadania, limparam as arquibanca-das do setor que ocupavam no está-dio. “Mas, nós estamos longe disso”, lamenta o engenheiro, ao observar o cenário de degradação, deixado pela sociedade e, de certa forma, com a co-nivência do poder público e do empre-sariado, que investem muito recurso econômico em montagem de palcos, camarotização e shows, musical e pi-rotécnico, e quase nada, em educação ambiental, especialmente por “oca-

sião de eventos dessa magnitude”.Por ocasião do anúncio do Plano

Operacional Réveillon 2015, em co-letiva de imprensa dia 19 de novem-bro, no Paço Municipal, pelo prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, foram apresentados pontos relevantes para a organização do evento como um todo: trânsito, segurança, mapea-mento de área e as atrações. Como se pode constatar, lixo, meio ambiente ou educação ambiental, sequer foram citados. A apresentação Power Point tá disponível em: P http://www.for-taleza.ce.gov.br/noticias/destaque/prefeitura-de-fortaleza-anuncia-pro-gramacao-do-reveillon-2015 .

INCOMPATÍVELSegundo Salmito, o cenário é uma

constatação da capacidade avassala-dora do ser humano de produzir lixo, e o pior, tão perto da nossa praia. “Esse lixo é potencialmente agres-sivo ao mar, e embora a interven-ção para a varrição tenha sido qua-se imediata, boa parte dos resíduos já foram parar nas águas do mar”, alerta. Para o engenheiro, “a cena é impactante e preocupa”, talvez, só mesmo “um puxão de orelha na so-ciedade e no poder público” para que ambos tenham um olhar mais apura-do para a equação: lixo e educação.

“É necessário que o poder público repense o atual modelo de geren-ciamento de resíduos. Basta obser-var o aterro ou o dia a dia em For-taleza, para perceber que o modelo não atende às demandas da Cidade. É preciso adotar uma coleta eficaz, e quanto à educação ambiental, ser mais efetivo e menos pontual. É ur-gente, a adoção de uma campanha educacional, no caso de grandes eventos e incentivar a população a

descartar menos lixou ou levar o ma-terial de volta para casa. Esta cena que estamos presenciando é incom-patível com uma sociedade que se diz civilizada”, encerra o engenheiro.

PNRSPara a gerente da Célula de Edu-

cação Ambiental da Seuma, Edilene Oliveira, sem dúvidas, “a gestão dos resíduos e seus impactos ambientais são desafi os cada vez mais presentes no cotidiano das cidades litorâneas”. Certamente, um grande desafi o e no qual a responsabilidade pela geração, descarte e destino, coloca o poder pú-blico, as empresas e o cidadão em um longo caminho compartilhado ou soli-dário, como afi rma a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituí-da em 2010.

A PNRS ou Lei 12.305 reúne o con-junto de princípios, objetivos, ins-trumentos, diretrizes, metas e ações, adotados pelo governo federal, iso-ladamente ou em regime de coope-ração com Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e ao geren-ciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser recicla-do ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejei-tos (aquilo que não pode ser recicla-do ou reutilizado).

A Prefeitura de Fortaleza explica em nota ao Estado Verde que por meio de sua Política Ambiental tem realizado ações de sensibilização e conscienti-zação para minimização, por exem-plo, dos resíduos que chegam ao mar, como limpeza submarina e de praia, realizadas em parceria com entidades da sociedade civil como Mar do Cea-rá e Aquasis. Mas não é bem isso que

observamos, ano a ano, ao término da noite da virada, em Fortaleza, onde falta até containers mais apropriados para o descarte por parte do cidadão.

No entanto, segundo Edilene Olivei-ra, da Seuma, em 2015, a coleta sele-tiva será uma constante em grandes eventos na Capital, e a Seuma, já tem um projeto concreto para acontecer dia 13 de abril durante a festa de ani-versário da Cidade. “Queremos inves-tir na mudança de cultura para termos eventos limpos, com coleta seletiva, distribuição de saquinhos para a po-pulação juntar seu lixo, entre outras ações, em Fortaleza”.

O CAMINHO É EDUCAÇÃOO coordenador de campo do Projeto

Limpando o Mundo, Juaci Araújo de Oliveira, afi rma que a Prefeitura pre-cisa ter um programa mais efi caz no caso de eventos de tão grande monta. “Tem que ter multa, sujou, tem que pagar”, ressalta. Disse, ainda, que a gestão pública e a sociedade devem repensar os seus valores e que a polí-tica e a educação ambiental são “dois gargalos” mas que devem andar jun-tas. “O que não pode acontecer é uma educação ambiental paliativa e pontu-al, por conta de uma cultura já estabe-lecida nas escolas”, destaca.

Juaci não tem dúvidas: “o trabalho educativo e o caminho que devemos seguir é tratar o lixo de maneira mais consciente”. Limpando o Mundo é um projeto que objetiva formar uma rede de 400 voluntários, como pesquisa-dores e guardiões das praias na pro-teção, catalogação e remoção do lixo encontrado em áreas sob a infl uência da variação das mares, para atuar no monitoramento ambiental, além de “gerar um despertar na sociedade so-bre a problemática do lixo marinho”.

POR TARCILIA [email protected]

O 1ºde janeiro de 2015, na Praia de Iracema, foi de degradação. Ao raiar do sol, as amostras de o quanto estamos longe de sermos uma sociedade civilizada, veio à luz. Em 12

horas geramos 10 vezes mais lixo do que a cidade todinha, produz em um dia

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6 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 6 de janeiro de 2015

VERDE

O sociólogo Rosendo Amorim, da Universidade de Fortaleza (Unifor), também, não tem dúvidas: o cami-nho é a educação e o planejamento. “Cada vez mais devemos apostar nas crianças e nos adolescentes, tudo passa pelo comportamento e pela mudança de hábitos”. No entanto, reconhece que os desafi os são muitos e exige uma nova cultura como a prá-tica da coleta seletiva e o consumo consciente. “Não produzir lixo ainda é impossível, mas podemos reduzir, reusar e reciclar”, enfatiza.

“O País está indo numa boa dire-ção. Com relação a Fortaleza, sinto falta de todo um plano de marketing relacionado à educação ambiental e ou, uma proposta de cuidados por parte do cidadão com o descarte dos resíduos. É preciso um planejamento com uma proposta de conscientiza-ção da população dentro da logística dos grandes eventos.”

MATERIAL RECOLHIDOA Prefeitura, por meio da Secreta-

ria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), informa através

de nota, que realizou contrato com a Cooperativa de Catadores de Mate-riais Recicláveis de Fortaleza e Região Metropolitana (Coopmares) que dis-ponibilizou 100 catadores para fazer a coleta seletiva no Réveillon. “O mate-rial recolhido por eles pesou 30 tone-ladas, sobretudo de garrafas plásticas e latas de aço e alumínio, e foi doado à própria Cooperativa para ser bene-fi ciado nos Centros de Triagem que a gestão municipal administra em par-ceria com a entidade”.

A Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb), disse, também via comunicado a imprensa, que reco-lheu 63 toneladas e “por volta das 7h do dia 1º de janeiro , o trabalho de lim-peza da área em que ocorreu a festa, já havia começado. O trabalho foi feito por duas equipes: 330 garis da Emlurb e 100 catadores da Coopmares, treina-dos e contratados por meio da Seuma”. Mas nem tudo foi recolhido pelos ser-viços municipais.

GARRAFAS PARA OCARAÉ o caso da dona de casa Berenice

Matos que despertou minha atenção

pelo fato de atravessar a rua com uma caixa contendo garrafas de vidro, va-zias. Ela vem todo o ano da pequena Ocara, município com menos de 23 mil habitantes e a 101 km de Fortale-za, para “catar umas garrafas” de uma determinada bebida. “Só consigo es-ses vasilhames, dessa cor, aqui, pois na minha Cidade ninguém toma essa vodca, porque é muito cara”, explica Berenice, que passou a maior parte do tempo, “catando” as tais garrafas azuis de uma marca norte-americana e que custam em média, R$ 35,00.

Enquanto muitos aguardam a vi-rada para comemorar, ela aguarda a festa, o ano inteiro, só para recolher o material que está usando na constru-ção de sua casa. “Comecei colocando sobre o muro, mas como fi cou boni-to, agora estou fazendo um caminho no jardim, só com o fundo dessas garrafas. Hoje, estamos levando um pouco mais de 100 peças, já vai adian-tar muita coisa”, encerra. O marido acompanha Berenice e acomoda o material recolhido na caçamba de pe-quena camioneta do casal. Ela disse que volta em dezembro.

O LIXO NO MARO mar sempre impressionou por sua

grandeza e talvez, esta seja a explica-ção para superestimarmos a capacida-de do mesmo de absorver, sem perigo, poluentes e lixo. Mas o mar que banha cidades superpovoadas está morrendo e o agente da ameaça é o estilo de vida atual da própria humanidade. “Longe dos olhos, longe do coração”, refl ete o biólogo marinho, Clóvis Castro, coor-denador geral do Projeto Coral Vivo. “O que o mar leva, parece que resolve um problema urbano, mas não é ver-dade, estamos , sim, acumulando mais problemas”, ressalta.

“Outro dia”, ele nos conta , que fi -cou chocado com a quantidade de lixo que encontrou em uma localidade da Praia de Ipanema, no Rio de Janeiro. “Eu mergulhei naquele local nos anos 80 e 90, e hoje, ao voltar para buscar alguns organismos, observei as pedras e todas as suas reentrâncias, tomadas pelo lixo...nunca pensei...um mar de copinhos. Muito menos imaginei que os resíduos afundariam e tomariam o lugar dos peixinhos que viviam nas to-cas e foram afetados”.

TARCILIA REGO

Page 7: O Estado Verde - Edição 22421 - 06 de janeiro de 2015

7FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 6 de janeiro de 2015

VERDE

As pessoas, ao descartarem os re-síduos de forma ou em local inade-quado, acabam se tronando uma fonte produtora de lixo marinho. O material lançado a milhares de quilômetros da costa também pode converter-se em lixo marinho ao ser

transportado por riacho, rios ou sis-temas de esgoto e daí lançados ao mar, e daí é transportado pelos oce-anos através das correntes marinhas. “Portanto, qualquer lixo jogado inde-vidamente pode converter-se numa fonte de lixo marinho!”.

O lixo marinho pode trazer conse-quências graves para a vida silves-tre e para os seres humanos. Para a fauna, os problemas ocorrem quan-do os animais ficam presos no lixo ou engolem algum material, como por exemplo, o plástico que envol-ve os conhecidos packs de cervejas e ou refrigerantes em lata. Embora quase todas as espécies possam ser prejudicadas pelo lixo marinho, há algumas mais suscetíveis aos seus perigos do que outras: os mamíferos marinhos, tartarugas, aves, peixes e crustáceos são exemplos.

“Para os seres humanos, o lixo ma-rinho causa problemas tais como de-gradação da qualidade e da aparência estética das águas para banho de mar e também das praias, prejuízos eco-nômicos para as comunidades cos-teiras e para a pesca, além de perigos para a saúde e segurança.”

Berenice Matos vem de Ocara coletar garrafa de vidro azul

FOTOS: TARCILIA REGO

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8 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 6 de janeiro de 2015

VERDE

A Fundação Cearense de Me-teorologia e Recursos Hídricos (Funceme) informou que a chuva

que banhou algumas regiões do Estado, dia 3 de janeiro de 2015, “constava na previsão do tempo elaborada nos dias anteriores”, no entanto, não constava nos planos de turistas e fortalezenses, que es-peravam muito sol e praia, no primeiro fi nal de semana do ano em Fortaleza. O maior registro de chuva na Capital acon-teceu no bairro Edson Queiroz.

Se nós que moramos aqui fomos pegos de surpresa com a chuva que superou a média histórica para o mês de janeiro e atingiu 148 milímetros até as 10h30 da manhã do último sábado, quando eram esperados 122 mm até o fi m do mês, imagine o turista que chega à Cidade, pensando em pegar “aquela” praia. A paulistana, Maria Janete Valoni, advo-gada e delegada de polícia, sem opção de banho de mar e até mesmo de piscina – a do hotel na Avenida Beira Mar, onde estava hospedada com marido, fi lha, genro e netos, foi interditada –, disse que demorou muito a sair do hotel e en-frentar a chuva.

A família optou por um restaurante muito conhecido na Varjota, mas sem

sucesso, pois não conseguiu uma mesa, sequer, e por isso fez queixas do “atendi-mento precário” e da pouca opção de res-taurantes na Cidade. Voltou para a Beira Mar e almoçou numa tradicional peixada cearense. Dali, seguiu para o Centro Cul-tural Dragão do Mar, que segundo o mari-do, Antônio Rossi dos Santos, também, delegado de polícia aposentado, “encon-trava-se debaixo d’água”.

“Não é a nossa primeira vez em For-taleza, diferentes de minha filha, gen-ro e netos que visitam a Cidade pela primeira vez e resolveram retornar para São Paulo na manhã de domingo (4), somos turistas habitués do Ceará e do Nordeste. Eles saíram decepcio-nados com a chuva e o atendimento recebido”, destaca Rossi. O casal res-sentiu-se da pouca opção de passeios, quando chove na Capital.

MAIOR REGISTROEm nota a imprensa, a Funceme in-

formou que segundo dados das Plata-formas de Coletas de Dados (PCDs) automáticas que a Fundação de Me-teorologia acessa na Capital, “o maior registro de chuva aconteceu no bairro Edson Queiroz, com 82mm de pre-cipitação entre 5h e 9h da manhã. Já a rede convencional de pluviômet-ros mostrou que choveu também em

outros 29 municípios cearenses, em regiões como Cariri, Inhamuns e Ibi-apaba. O maior registro nos pluviô-metros convencionais foi em Crateús, com 47mm até as 7h da manhã”.

O órgão de monitoramento meteo-rológico do Estado, também comunicou que a precipitação pluviométrica do últi-mo dia 3 constava na previsão de tempo e que foi provocada pela combinação de dois sistemas atmosféricos: “o primeiro, um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis, típico da pré-estação chuvosa, cuja atu-ação no Nordeste brasileiro já dura duas semanas, trazendo algumas chuvas iso-ladas ao Ceará; o segundo sistema são as chamadas Ondas de Leste, que atuam mais comumente nos meses de junho e julho, mas foi responsável pela intensi-fi cação das chuvas, principalmente, na

Região Metropolitana de Fortaleza”.

DESISTINDO DO SOLA chuva de sábado alagou ruas e ave-

nidas, derrubou postes, engoliu carros e até derrubou teto de shopping center, mas não diminuiu a vontade da aposen-tada, Antonieta Lima, que se dizendo “insistente” , voltou à praia domingo (4), na esperança de um dia de muito sol, após o “aguaceiro da véspera”. No entanto, encontrou céu nublado, e eu, a encontrei desanimada, pilotando uma pequena moto, por volta das 10 horas da manhã, desistindo da Praia de Iracema.

Segundo ela, já estava voltando para casa – cedo para um domingo de praia – porque dia nublado é muito chato. “Adoro praia, mas com sol, por isso, o melhor a fazer é voltar para a minha residência”, disse a ex-funcionária pública, super bronzeada, e que não quis falar a idade. “Ainda não cheguei aos 60”, revelou, subindo na moto e pilotando em direção à Rua Ildefonso Albano, rumo à Avenida Aguanambi, no Bairro de Fátima, onde disse morar. Na maior parte do domingo (4), o céu per-maneceu nublado.

PROGNÓSTICO CLIMÁTICOA Funceme esclarece que os dois

sistemas que provocaram as chuvas de sábado, não têm relação com a quadra chuvosa no Ceará e informa que o prognóstico climático para a es-tação de chuvas em 2015 será elabora-do e divulgado somente na segunda quinzena de janeiro. Eram esperados 122 mm até o fim do mês.

A Previsão Diária do tempo, da Funceme, informa que para o dia de hoje (6), “há tendência de formação de áreas de instabilidade sobre o setor norte do Nordeste (NE) brasileiro. Por isso, há possibilidade de ocorrer chuvas isoladas em todas as regiões do Ceará no decorrer do dia”.

CHUVA

Choveu tanto em Fortaleza que causou espanto aos turistasSe nós que moramos aqui fomos surpreendidos com a precipitação pluviométrica dia 3, imagine quem visitava a Capital em busca de sol, praia e passeios

Previsão de Clima: previsão numérica das condições meteorológicas futuras para um e seis meses, através de modelagem estatística de grande escala e de baixa resolução, expressa através de desvios positivos ou negativos em relação ao comportamento médio passado.

Previsão de Tempo: descrição detalhada de ocorrências futuras esperadas. A previsão do tempo inclui o uso de modelos objetivos baseados em certos pa-râmetros atmosféricos, a habilidade e experiência de um meteorologista, também chamada de prognóstico.

Fonte: Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec).

SAIBA MAIS:

POR TARCILIA [email protected]

BETH DREHER

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9VERDE

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 6 de janeiro de 2015

O Rolling Acres Mall, em Akron, Ohio, foi um dos que fechou as portas coma crise nos Estados Unidos

Fonte: BBC Culture

ECONOMIA E MEIO AMBIENTE

O mundo continua indo às compras freneticamente, mas, como a experiência americana mostra, alguns modismos também passam. Parece que a culpa é do varejo online

EUA: os shoppings centerspodem estar fadados a sumir

Hoje, há provavelmente mais de cem shoppings , abandonados nos Estados Unidos. Foi o que

noticiou a BBC na última semana de dezembro, a crise econômica em várias regiões, principalmente no Meio-Oeste americano, combinada com uma acele-rada ascensão das compras pela internet e também, o excesso de construção nas décadas anteriores, empurrou o então aparentemente imbatível shopping cen-ter para a decadência.

Os equipamentos nunca foram pensa-dos e criados para serem sinistros. Ainda assim, em 1977, George A. Romero es-colheu um shopping deserto para fi lmar algumas sequências de O Despertar dos Mortos, seu cult de horror zumbi. Sem vida e sem luz, as enormes galerias vazias do local assumiram um ar assustador.

Curiosamente, o cenário de Romero tem muito em comum com imagens que, recentemente, vieram à tona de shopping centers abandonados espalhados por todo o território dos EUA, segundo a matéria.

Hoje, há mais de cem “dessas criatu-ras inanimadas de aço e concreto, es-palhadas à beira das grandes avenidas dos subúrbios daquele país”. Muitos ainda são bastante frequentados e es-tão sendo ampliados ou reformados, mas os “shoppings fantasmas” estão rapidamente se tornando as “cidades fantasmas” do século 21.

O PAI DO SHOPPING CENTEROs primeiros shoppings dos Estados

Unidos não foram erguidos para fi car a quilômetros de distância de grandes cen-tros urbanos, acessíveis apenas de carro. Victor Gruen, o “pai do shopping center”, os idealizou como ponto de referência no coração de áreas onde novos e aprazíveis bairros seriam erguidos.

Nascido em Viena, em 1903, Gruen era um socialista ferrenho que estudou arquite-tura em sua cidade natal antes de abandoná--la rumo à Nova York, na época da anexação da Áustria pelos nazistas, em 1938. Ele aca-bou projetando o primeiro shopping center fechado do mundo, o Southdale Center, o primeiro shopping dos Estados Unidos, inaugurado em 1956, em Edina, Minnesota.

‘AMERICAN WAY’As casas, escolas, lagos e parques que

Gruen havia imaginado continuaram sendo um sonho, enquanto os habitan-tes de Edina e, posteriormente, do resto do país faziam suas compras em edifí-cios climatizados cada vez maiores e cada vez mais kitsch ou estilo cafona. O shopping center virou um local de pas-seio, além de ter se tornado uma parte fundamental da cultura americana con-temporânea e um modelo para muitos outros países que desejavam reproduzir o American way of life.

Porém, nos Estados Unidos, em si, a tendência estancou. Em meados dos anos 90, surgiam 140 novos shoppings por ano naquele país. O freio foi acio-

nado em 2007, o primeiro ano, em qua-se meio século, em que nenhum desses centros foi construído. A recessão levou muitos estabelecimentos americanos a fechar suas portas. E, como tinham sido construídos em uma escala cada vez mais ambiciosa, nunca foi fácil convertê--los para novas fi nalidades.

OS MAIORES DO MUNDOHoje, os grandes shoppings estão em

várias partes do mundo. O maior deles é o New South China Mall, em Dongguan, na China, com uma área 20 vezes maior do que a Praça de São Pedro, no Vatica-no, e com mais do dobro do tamanho do King of Prussia Mall, na Pensilvânia, o maior dos Estados Unidos. Entre os dez maiores shoppings do mundo, dois estão no Irã, enquanto outro gigante acaba de ser erguido em Bangladesh, um país com um PIB per capita quase 50 vezes menor do que o dos Estados Unidos.

O mundo continua indo às compras freneticamente, mas, como a experiên-cia americana mostra, alguns modismos também passam. Como arquitetura, e como fenômeno social e econômico, os shoppings falam muito sobre a forma como gastamos dinheiro e vivemos nos últimos 50 anos.

Leia mais em: www.bbc.com/cultu-re/story/20140411-is-the-shopping--mall-dead.

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10 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 6 de janeiro de 2015

VERDE

PERFILArtur Bruno é natural de Fortaleza,

graduado em Pedagogia. Exerceu dois mandatos como vereador na Capital, quatro como deputado estadual e um como deputado federal. Na Assembleia, foi presidente da Comissão de Educa-ção, Cultura e Desporto; da Frente Parla-mentar em Defesa da Cultura Cearense; e da Frente Parlamentar em Defesa da Defensoria Pública.

Nos mandatos anteriores como depu-tado, foi vice-presidente e presidente da Comissão de Educação, Cultura e Des-porto; presidente da Comissão de Ci-ência e Tecnologia; membro do Comitê pela Eliminação do Analfabetismo Infan-til; componente da Comissão de Defesa do Direito à Educação; e vice-presidente da Frente Parlamentar pela Criança e Adolescente. Na Câmara dos Deputa-dos, foi membro da Comissão de Edu-cação e Cultura e da Comissão Especial do Plano Nacional de Educação (PNE). Em 2013, foi primeiro vice-presidente da Comissão de Educação e suplente da Comissão de Constituição e Justiça.

NOVO GOVERNO

Secretario Artur Bruno assume o meio ambienteHaverá uma adequação, um projeto será encaminhado para Assembleia para a criação da Secretaria. O Estado será rigoroso no cumprimento da legislação

Depois de ser anunciado e empossa-do pelo governador Camilo Santana como secretário de Meio Ambiente

do Estado do Ceará, Artur José Vieira Bruno, já tomou posse. Na manhã do dia 2 de janei-ro ele já estava a postos no Conselho de Polí-ticas e Gestão do Meio Ambiente ( Conpam), recebeu as boas-vindas dos funcionários e já começou a trabalhar, após receber o cargo da antecessora, Virgínia Carvalho.

Dirigimos ao secretário Artur Bruno a per-gunta que não queria calar: O Conpam será transformado em uma secretária? “Sim”, respondeu. “ Haverá uma adequação, o go-vernador Camila encaminhará Projeto de Lei para a Assembleia Legislativa, visando à criação da Secretaria de Meio Ambiente do Estado,” disse à nossa reportagem. Um dos objetivos do novo gestor é transformar o Conpam em uma secretaria.

EXPECTATIVAEsta é uma Secretaria com a qual o novo

secretária tem afi nidades, tem muita perti-nência com a educação e com a “criação de uma nova cultura em relação ao meio am-biente”. De acordo com o novo titular, a área ambiental será uma forte vertente no Gover-no Camilo Santana, que pretendo fazer uma gestão voltada para o desenvolvimento de Políticas Públicas para o Meio Ambiente.

Artur Bruno tem ampla experiência em educação, é pedagogo, professor de História e Geografi a, além de ex-vereador e ex-de-putado federal. Isso o habilita a tratar com competência, questões de meio ambiente e

educação ambiental. “São áreas que sempre despertaram o meu interesse”, ressalta.

“Minha expectativa é grande com a Secre-taria de Meio Ambiente, ela é estratégica para o Estado que será rigoroso na fi scaliza-ção e no cumprimento da legislação. O Ceará atrai e continuará atraindo muitos empre-endimentos, mas também, quer garantir respeito ao patrimônio ambiental. Creio que vamos contribuir muito para a educação am-biental e buscar um jeito de tratar o meio ambiente, de forma a gerar emprego e renda, com sustentabilidade.”

DESCISÃO ACERTADAPara o coordenador da Unidade de

Meio Ambiente (UMA) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Renato Aragão, a reforma administrativa que vai transforma o Conpam em Secreta-ria é a decisão “mais acertada e já devia ter acontecido, há muito tempo”.

Segundo Aragão, Camilo é um técnico do Ibama, conhece bem esse assunto, as-sim como o ex- deputado Bruno, e “am-bos sabem o quanto é importante um ór-gão com status de secretaria para tomar

as decisões políticas, e sob ela, um órgão executor, no caso a Superintendência Es-tadual de Meio Ambiente (Semace) para fi scalizar e executar”. Aragão criou e foi o primeiro superintendente da Semace, fi cou no cargo no 12 anos.

NAYANA MELO

Secretário de Meio Ambiente do Estado, Artur Bruno, durante solenidade deposse, dia 1º de janeiro no Palácio da Abolição

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FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 6 de janeiro de 2015

VERDE

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INDICAÇÃO DE LEITURA

Obra retrata o progresso brasileiro nos quase 25 anos de adesão ao Protocolo de Montreal. “O livro mostra muito bem como o Brasil atendeu os objetivos de eliminação e redução dos gases CFC e HCFC, respectivamente, mesmo sendo o principal consumidor desses gases entre os países em desenvolvimento”, disse Jorge Chediek, representante residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), sobre o livro “Ações Brasileiras para a proteção da camada de ozônio”, lançado no dia 18 de dezembro na sede do Ministério do Meio Ambiente (MMA), em Brasília.

O lançamento que ocorreu às vésperas do aniversário de 25 anos da ratifi cação pelo Brasil do Protocolo de Montreal so-bre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, também contou com a partici-pação da ministra, Izabella Teixeira, e do coordenador-geral de Cooperação Técni-

ca do Itamaraty, Márcio Lopes Corrêa. Os participantes do evento, além do livro impresso, receberam uma versão virtual em pen-drives.

Izabella Teixeira reforçou a im-portância do livro e assegurou que ele é um registro precioso de como

as ações políticas, impulsionadas pelo Protocolo de Montreal, provocaram uma mudança profunda no comportamento cotidiano da sociedade. “A sociedade tem de se debruçar sobre os modelos de governança que tiveram bons resultados, como o Protocolo”.

O livro faz uma retrospectiva de todas as medidas e estratégias adotadas pelo Brasil, um dos países que se destaca pelo cumprimento das metas estabelecidas no Protocolo de Montreal, para acabar com a emissão dos clorofl uorcarbonos (CFCs) e hidroclorofl uorcarbonos (HCFCs), en-contrados em equipamentos de refrigera-

ção e em alguns tipos de espuma. O Brasil contou com o apoio do Pnud para o Plano Nacional de Eliminação de CFCs, concluí-do em 2012, e atualmente para o Progra-ma Brasileiro de Eliminação dos HCFCs.

PROTOCOLO DE MONTREALO Protocolo de Montreal sobre Subs-

tâncias que Destroem a Camada de Ozônio é um tratado internacional e multilateral, com o objetivo de fazer os países comprometerem- se a eliminar e substituir o uso do CFCs e de outras subs-tâncias que contribuem para a destruição da camada de ozônio.

O tratado fi cou aberto para adesão a partir do dia 16 de setembro de 1987, no Canadá, e entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 1989. Mais de 150 países aderiram ao protocolo e estipulou--se 10 anos para que diminuíssem de forma signifi cante ou acabassem com

o uso das substâncias.Em escala mundial, segundo informa-

ções do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a produção desses gases caiu 99,7% entre 1998 e 2008. Na prática, isso signifi cou uma queda de 1,07 milhão de toneladas para 2.746.

Fontes: Pnud e MMA.

Livro trata das medidas brasileiras para eliminação de gases que destroem camada de ozônio

BÁRBARA DE OLIVEIRA/PNUD BRASIL

Diante da crescente busca por novas fontes de energia, surgem algumas desco-bertas criativas e até mesmo estranhas e que acabam chamado atenção. Um exem-plo é ônibus movido a fezes humana, que circula desde o dia 20 de novembro, nas ruas da cidade de Bristol, na Inglaterra.

O Bio-Bus é um coletivo de 40 lugares, capaz de viajar até 300 quilômetros com um motor movido a gás biometano, ge-rado na decomposição de fezes, esgoto e lixo orgânico. Segundo especialistas, essa forma de combustível produz menos po-luentes do que o diesel e a gasolina.

O gás biometano é gerado a partir do esgoto. Durante o processo, uma bacté-ria transforma o material orgânico do lixo em metano e dióxido de carbono. Além disso, todas as impurezas são re-movidas para que as emissões produzi-das fi quem sem odores.

A empresa que opera o ônibus acredi-ta que o “ônibus do cocô”, como o veículo está sendo chamado na cidade, irá trans-

portar cerca de 10 mil passageiros todos os meses, do aeroporto local até o centro da cidade de Bath.

A cidade processa cerca de 75 milhões de metros cúbicos de esgoto e 35 mil tone-ladas de lixo doméstico por ano. Apenas o lixo anual de uma pessoa (tanto o des-carte de alimentos quanto o esgoto) gera combustível para o ônibus rodar 60 qui-lômetros. Segundo a Bath Bus Company, o lançamento do ônibus agora é conside-rado apropriado, já que Bristol será a Ca-pital Verde da Europa este ano.

Para países como o Brasil que amarga a 112ª posição em um levantamento feito com 200 países no quesito saneamento, o ônibus pode ser uma boa solução e trazer uma grande contribuição para a sétima economia do mundo, o país aparece mui-to atrás de países como Argentina, Uru-guai, Chile ,Omã, Síria e Arábia Saudita, e até de nações africanas, como o Egito.

Fonte: BBC

Ônibus é movido a fezes, esgoto e lixo orgânicoINGLATERRA

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FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 6 de janeiro de 2015

VERDE

12NAYANA M

ELOCamilo Santana um Governadorpara o povo

Camilo Santana tem 46 anos, é casado e pai de dois fi lhos. Nascido no Crato, é enge-

nheiro agrônomo, professor e mestre em De-senvolvimento e Meio Ambiente pela Universi-

dade Federal do Ceará (UFC). Servidor público federal concursado, ocupou a Superintendência Adjunta do Ibama, no Ceará, em 2003 e 2004. No primeiro governo de Cid Gomes, entre 2007 e 2010, foi secretário do Desenvolvimento Agrário do Estado. Em 2010, foi o deputa-

do estadual mais votado do Ceará, eleito com mais de 131 mil votos. No segun-

do governo de Cid Gomes, Ca-milo assumiu a Secretaria

das Cidades.

BIOGRAFIA

O Ceará já tem um novo governador. A solenidade de transmissão de cargo entre Cid Gomes e Camilo Santana,

foi realizada dia 1º de janeiro. Pela primeira vez, a cerimônia que contou com um ato ecu-mênico nos jardins do Palácio, foi aberta à participação de todos os cearenses.

De forma surpreendente, em seu discurso de posse, Camilo disse que ao invés de co-locar a sua foto oficial nas salas do governo, colocará fotos e imagens do povo cearense. “Esses sim, merecem ser a inspiração para toda a minha equipe. Quero que meu secreta-riado trabalhe para o povo e não para mim”.

Mas à nossa reportagem, não se surpre-

endeu tanto, já que dias antes, por ocasião do Seminário de Consolida-ção do Plano de Governo – Os 7 Cearás, Camila Santana, disse à nossa reportagem que a principal característica do seu Governo será a democracia.

“ Eu quero que as pessoas possam participar de forma democrática das discussões. Este é um princípio que defendi na campanha e que será uma ação permanente na minha admi-nistração. Dialogar com a socieda-de, ouvir a sociedade, este será o meu estilo, a partir de janeiro.”