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O GAÚCHO NA PINTURA DE CESÁREO BERNALDO DE QUIRÓS:
APONTAMENTOS SOBRE A ELABORAÇÃO DA SÉRIE LOS GAUCHOS
LUCIANA DA COSTA DE OLIVEIRA
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
I. Introdução
Observar as pinturas do artista Cesáreo Bernaldo de Quirós (1869-1968),
especialmente as que possuem por temática central a vida, os costumes e a paisagem
particular do gaúcho é, igualmente, imergir em um universo de múltiplas possibilidades.
Ao dar vida, através de seus pincéis, para tão importante figura da história e da cultura
argentina, Quirós não apenas o oferece à visão de seus espectadores, mas aprofunda e
problematiza questões mais complexas de seu próprio métier como artista.
O conjunto de obras mais expressivo que produziu com base na temática
gauchesca foi, sem dúvida, a intitulada Los Gauchos. Esta, composta originalmente por
trinta pinturas à óleo e de dimensões variadas, foi aclamada pela crítica mundial e
consagrou Quirós como um dos pintores mais importantes de seu tempo. Afora
trabalhar com inúmeros elementos da vida dos gaúchos entrerrianos do século XIX, o
pintor se notabiliza no campo artístico argentino do final da década de 1920 por
apresentar uma série de inovações em sua plástica, o que chamou muito a atenção da
crítica da época. Ao trabalhar intensamente a luz, a cor e, ainda, a expressão de suas
personagens, Quirós apresentava ao público uma nova fase de sua pintura.
Partindo dessas questões, o presente estudo objetiva analisar os entornos da
produção da série Los Gauchos. Nesse sentido, buscar-se-á, num primeiro momento,
observar a forma com a qual se deu a formação do artista, atentando para o diálogo que
estabeleceu com a Europa e, também, à renovação temática que sua obra passou quando
de seu retorno à Argentina. Além disso, pretende-se trabalhar de que forma a temática
gauchesca, anterior a Los Gauchos, aparece na obra de Quirós. Num segundo momento,
objetiva-se compreender, então, a forma com a qual o artista elaborou a citada série e
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quais as repercussões da mesma entre os círculos artísticos nacionais e internacionais de
seu tempo.
II. O gaucho na obra de Cesáreo Bernaldo de Quirós: notas sobre os entornos da
produção da série Los Gauchos
A série de pinturas elaboradas por Cesáreo Bernaldo de Quirós intitulada Los
Gauchos, produzidas entre os anos de 1923 e 1927, apresenta, ao pesquisador, inúmeras
questões que tangenciam não apenas a obra em si, mas igualmente o artista que a
produziu. Compreender a especificidade de tal trabalho é, também, unir os diversos fios
de uma complexa trama que compreende, além dos questionamentos do artista acerca de
sua própria arte, a inserção do tema gauchesco em seu rol temático. Nesse sentido,
debruçar-se sobre tal trabalho é, também, apreender os elementos que estiveram no seu
entorno de produção.
Pensar a obra do artista a partir dos inúmeros elementos que a compõem e não
apenas a partir de seus aspectos formais ou contextuais, estabelece um estreito vínculo
com metodologias que, desde Aby Warburg, percebem e analisam a imagem através do
viés antropológico. Para o intelectual, muitos elementos tornam-se essenciais para a
análise imagética. Perceber as relações existentes entre o artista e seu contexto, entre ele
e os círculos literários de seu momento e, ainda, apreender a importância dos
encomendantes é, também, compreender a imagem a partir de suas inúmeras
especificidades. Para Gertrud Bing, historiadora da arte que, durante muitos anos
conviveu com Aby Warburg em sua biblioteca, a metodologia warburguiana superou
(...) o isolamento que a obra de arte estava ameaçada e sofrer pela
contemplação estético-formal e a investigar a complementação recíproca de
documentos pictóricos e literários, a relação entre artistas e comitente, o
entrelaçamento entre a obra de arte e o ambiente social e sua finalidade
prática como objeto individual.(BING, 2013, p. 41).
É partindo dessa premissa que se pretende, mesmo que brevemente, explorar e
aprofundar os meandros da produção de Cesáreo Bernaldo de Quirós. A série Los
Gauchos, conforme já colocado, é constituída por trinta1 telas onde o tema central são
1 É importante fazer um breve comentário acerca do número de obras que compõe a série. O Museo
Nacional de Bellas Artes de Buenos Aires, que possui grande parte das pinturas em seu acervo, uma vez
foram doadas por Quirós à instituição, aponta, em listagem encontrada na Pasta 7076, a catalogação de
3
os costumes, as paisagens e os homens que outrora fizeram parte da realidade histórica
da província natal do artista: Entre Ríos (FOGLIA, 1961, p. 25). Apresentando uma
mescla de tipos sociais, que vão desde os mais simples elementos que compunham a
paisagem campeira até os mais portentosos estancieiros, perpassando epopeias militares
e captando as luzes do amanhecer e entardecer na pampa, Quirós constrói uma ampla
narrativa a respeito do gaucho entrerriano do século XIX.
Mesmo que tais obras tenham começado a ser esboçadas em princípios do ano
de 1923 (ZALDÍVAR, 1992, p. 159), a ideia e a vontade de trazer para suas telas os
homens e as paisagens da sua terra natal já se configuravam desde o ano de 1916
(FOGLIA, p. 25), momento esse em que o artista, após muitos anos residindo na
Europa, retorna à Buenos Aires. É precisamente nesse retorno que Quirós questiona-se a
respeito de seu trabalho e, ao mesmo tempo, busca novas soluções plásticas para suas
pinturas. Em entrevista para a Revista Plus Ultra, no ano de 1918, comenta o artista:
(...) En Florencia, donde estuve más tarde [1914], empecé a reaccionar del
academismo. (...). Puede decirse que desde entonces empezó el periodo de mi
renovación artística. El impressionismo llegó a descubrirme cosas originales,
que antes no habia podido comprender. (...) Dentro de la escuela luminista,
trato de llegar en la figura a un modelato que tenga valor y consistência. Esta
es mi ilusión por ahora”. (ANDRÉS, 1918, [s.p.]).
O que é importante apreender desse momento de transição da plástica do artista
é, pois, os elementos que configuraram a sua formação artística, que se deu tanto em
Buenos Aires quanto na Europa. Ao iniciar e desenvolver seus estudos com os artistas
Vicente Nicolau Cotanda (1852-1898), Reynaldo Giudice (1853-1921) e Angel Della
Valle (1855-1903) na Argentina, Quirós “(...) alterna todos los géneros, pero en el
retrato y en la composición es donde se siente más cómodo. Dibuja intesamente hasta
dominar el claroscuro” (FOGLIA, p. 10). No entanto, é no trabalho com as cores e com
trinta obras. Destas, cinco pinturas incluídas na série, após análise do catálogo comentado elaborado por
Ignácio Gutiérrez Zaldívar, foram identificadas na produção mais tardia de Cesáreo Bernaldo de Quirós,
entre os anos 1940 e 1950. Além disso, nessa importante obra elaborada por Zaldívar, que se constitui na
última biografia crítica elaborada a respeito do artista, o mesmo catalogou na série vinte e nove pinturas,
sendo cinco delas diferentes das encontradas no rol do museu. Destas, sabe-se que, pelo fato de terem
sido adquiridas por particulares, empresas e pelo governo argentino, por certo, não constariam no acervo
do Museu. Tal questão ainda merece uma análise mais acurada, onde os catálogos das exposições
realizadas por Quirós bem como as notícias que circularam na imprensa argentina e mundial a respeito de
tais obras, são de fundamental importância para pontuar as obras que, de fato, inserem-se na série Los
Gauchos.
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a luz que o artista encaminha e aprimora sua técnica, especialmente na composição de
paisagens:
El domínio del color le brinda un mundo de posibilidades; en el amalgama
del empaste halla la formula de infinitos arabescos que se ejercita en conjugar
para adueñarse de una paleta de riquíssimos matices. El paisaje oferece
oportunidad de lucimiento que el estudiante no desestima. (FOGLIA, p. 11).
Após os anos de formação em Buenos Aires (1894-1900), Quirós é agraciado
com uma bolsa de estudos para Roma, onde viaja junto com o pintor Carlos Ripamonte.
Do tempo que residiu na Europa, importa mencionar sua estada em Mallorca, onde
conheceu os artistas Ignácio Zuloaga (1870-1945) e Joaquín Sorolla (1863-1923).
Apesar de Quirós ter aprimorado a sua paleta de cores e, também, a forma de trabalhar a
luz, é importante perceber a proximidade entre as suas pincelas e a dos mestres
espanhóis, especialmente com a do valenciano Sorolla.
Em 1906, quando volta à Argentina, percebe-se o primeiro grande balanço que o
artista realizou acerca de sua produção. Esse retorno “(...) significo para Quirós el
momento del primer gran balance, la necesidad de demostrar lo que había progresado”
(ZALDÍVAR, p. 47). É nesse mesmo ano que expõe as obras produzidas na Europa no
conhecido Salão Costa, onde obtém críticas elogiosas acerca de seu trabalho. Mesmo
que esse momento tenha sido de grande importância para o seu reconhecimento, é
importante perceber que este é também o momento que as indagações acerca do gaúcho
e de sua terra lhe aparecem.
Ao passar praticamente seis anos na Europa pintando paisagens, cenas e retratos
de pessoas de seu convívio, voltar à sua terra natal lhe possibilitou a aproximação com
intelectuais que, nesse período, estavam envoltos em questionamentos acerca da
identidade nacional argentina. Tal movimento estava atrelado às problemáticas advindas
com o grande contingente imigratório que aportava, desde fins do século XIX, em
Buenos Aires. Nesse contexto, os intelectuais que se dedicavam às mais diversas áreas
da cultura, desempenharam papel basilar na construção da nação e da própria identidade
nacional. Por meio de seus livros, músicas, esculturas e pinturas, os artistas engajados
nessa questão forjaram símbolos, criaram personagens e elaboraram imagens com o fim
de evidenciar os elementos mais característicos e peculiares de sua nação.
Assim, é nesse contexto que, em 1907, Cesáreo Bernaldo de Quirós, junto com
Carlos Ripamonte (1874-1968), Pio Collivadino (1869-1945), Fernando Fader (1882-
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1935) e outros artistas2, fundam o chamado Grupo Nexus (FOGLIA, p. 21). Este tinha
por base a retomada das tradições rurais argentinas, onde a temática privilegiada em
suas pinturas contemplava a paisagem, os tipos sociais e os costumes do campo. Da
mesma forma que objetivavam “(...) representar el nuevo y el auténtico nacionalismo
argentino (...)” (MALOSETTI COSTA, 2004, p. 190), esses artistas aderiam aos
(...) discursos nacionalistas, idealizando a memória, a paisagem, os costumes
e os tipos sociais rurais como mecanismo de construção da identidade
argentina. Esta simboliza os valores dos grandes proprietários rurais, que
lutam para preservar a sua hegemonia face ao processo de modernização do
país e ao crescimento da burguesia. (KERN, 1996, p. 19).
Três anos depois, com as comemorações do Centenário da Independência
(1910), a questão nacionalista e identitária atingiu seu auge. Dentre os eventos
planejados para os festejos, organizou-se uma grande exposição internacional que, afora
contar com a exibição do desenvolvimento das ferrovias, da indústria, da agricultura e
da higiene, igualmente cedeu-se espaço às artes plásticas. Vale dizer que, até então, o
campo artístico portenho não havia sido institucionalizado, ou seja, apesar de
acontecerem exposições nas galerias, este não era, ainda, “oficial”. (WESCHELER,
PENHOS, 1999, p. 07).
O fato de as artes plásticas estarem presentes nas comemorações do Centenário
da Independência estabelece uma relação bastante próxima com os auspícios
governamentais. Estes, baseados fundamentalmente no progresso da nação, davam à
arte um novo status na sociedade. Ao perceber as suas potencialidades e especificidades
para a construção da identidade nacional, o governo percebia o campo artístico e seus
artistas como elementos chave nesse processo (MUÑOZ, 1999, p. 13).
Nesta exposição, Quirós apresenta um de seus primeiros quadros centrados na
temática nacional, onde o folclore e os tipos gauchos sobressaem-se na obra. Em
Corrida de sortija en dia pátrio, óleo sobre tela de 290 X 380 cm, que lhe rendeu a
premiação máxima da exposição, o pintor mostra uma das cenas mais representativas
das tradições argentinas. As corridas de sortijas, que tem sua origem mais remota nos
torneios medievais, é um jogo que, na região platina, permitia ver a agilidade e domínio
2 Foram fundadores do Grupo Nexus os artistas Justo Lynch, Fernando Fader, PíoCollivadino, Arturo
Dresco, Alberto María Rossi e Carlos Ripamonte.
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de montaria do ginete sobre o cavalo. Afora ser jogado em datas específicas, as corridas
eram feitas, geralmente, em dias comemorativos (HUTCHINSON , 1861, [s.p.]).
Ao encerrar a Exposição do Centenário, Quirós expõe seu trabalho novamente
no Salão Costa (ZALDÍVAR, p. 84). Dentre as vinte e duas telas expostas, foi Guerrero
de mi pago (óleo sobre tela, 110 X 100 cm) a obra que mais chamou a atenção do
público e da crítica. Esta, que apresentava um militar com armas e uniforme alusivos às
tropas federais do século XIX, foi elaborada a partir do que seria a grande marca de
Quirós em seus gauchos: o uso da cor vermelha, ou bermellones. Para Ignácio Zaldívar,
“Creemos firmemente que esta obra [Guerrero de mi pago], junto con ‘Corrida de sortija
en dia patrio’, son el punto de partida para aquella obra cumbre que diez años más tarde
habría de iniciar Quirós en Entre Ríos, es decir, la famosa serie ‘Los Gauchos’”. (1992,
p. 84).
Ao finalizar a mostra de suas pinturas na Galeria Costa, Quirós, mais uma vez,
viaja à Europa. Se a sua primeira ida ao Velho Mundo marcou o início de sua trajetória
como artista, esse retorno assinala o momento de seu aperfeiçoamento. Ao percorrer
diversos países, conhecer museus e obras e, ainda, entrar em contato com grandes
artistas, Cesáreo ia agregando elementos de grande importância para sua técnica
pictórica, especialmente o trabalho com a cor e a luz. Segundo Foglia, é nesse período
que ele
Analiza distintos paisajes; hace estúdios de psicologia que le sirven para
aprofundizar los sentimientos de los modelos. Dibuja y compone sin
descanso, y a medida que avanza en la práctica conjuga más jugosamente el
color. La pintura es color; el color tiene a su vez un lenguaje que procura
penetrar; por eso, adquiere la maestria del arabesco que da tanta personalidad
a sus lienzos. (1961, p. 22).
Embora esse período tenha sido de estudos e de grandes realizações técnicas,
igualmente a questão temática se impunha a ele. Seu retorno à Argentina em 1915 e, um
ano depois, a Entre Ríos, o permitiu ampliar seu rol temático. Mesmo sendo um artista
de grandes êxitos, Quirós “(...) cree poder hacer más. Siempre ha sido un inquieto, un
insatisfecho. Quiere hacer arte de contenido nacional” (FOGLIA, p. 25). Este, que o
acompanhou desde a infância, lhe surgia envolto em brumas de saudosismo e, também,
como forma de refletir acerca de seu métier: eram os gauchos entrerrianos, homens de
sua terra, que lhe apareciam. Segundo o próprio artista,
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(...) volvi a mi tierra y me senti, por primera vez, capacitado para entrar en el
secreto de su belleza y de su tradición. Recorrí mi província, la de Entre Ríos,
donde, repentinamente, me senti conducido hacia el deseo de fijarla vida
pasada, la vida guerrera y romántica de esa província cuya historia habia sido
agitada por tantas y tan grandes pasiones. El gaucho se me presentaba a cada
vuelta del camino; en cada pulpería surgian recuerdos de su airosa época que
lleno los campos de ecos sentimentales y de rojas banderolas. (...). Era la
naturaleza, la voz de mi tierra, la que me sugería tales magnificências, y la
única, por cierto, que podia reinar sobre todos los momentos de mi pintura.
(QUIRÓS apud FOGLIA, p. 22).
As primeiras imagens de homens e paisagens de sua terra natal, onde encontrou
as cores, luzes e temas que provocariam a irrupção de uma nova fase em seu trabalho,
são elaboradas e apresentadas no ano de 1919, em uma exposição que parece ser o
grande divisor de águas na produção do artista. De mi taller a mi selva, mostra
individual realizada na Galería Müller, foi composta por obras elaboradas na Europa e
na Argentina, especialmente em Paris, Mallorca e Gualeguay, sua cidade natal. Esta
evidencia, até pelo título escolhido para tal mostra, a dualidade do trabalho de um artista
que problematizava seu fazer artístico e que, aos poucos, o encontrava em sua terra
natal.
A própria imprensa da época, ao escrever a respeito de tal exposição, salientava
esse novo momento plástico e temático de Quirós. Manuel Rojas Silveyra, que assinou
o texto Las tres exposiciones del año, veiculado no periódico Augusta, destacava a
singularidade da mostra, especialmente no que se referia às temáticas apresentadas. De
mi taller eram as obras que haviam sido elaboradas na Europa e que correspondiam às
cenas de interiores, aos nus e naturezas mortas que, segundo o crítico, “(...) nos da una
impresión de lujo, de suntuosidad y de refinamento tan exquisito en sus raras
tonalidades de oros viejos y de tenues azules (...)” (1919, p. 162).
No espaço reservado a mi selva, que compunha a segunda parte da exposição
com pinturas realizadas na Argentina, adentrava-se “(...) en la selva entrerriana a cuyas
puertas fabulosas como las de un país de leyenda, salen a recibirnos diversos
personajes.” (1919, p. 168). Era nesse espaço que figuravam os diferentes gauchos de
Quirós: El Moraju, típico federal que se envolveu nas lutas territoriais de Entre Ríos; El
Montaraz, o grande estancieiro que, pelo olhar e pose com a qual está disposto na obra,
demonstra seu poder; El embrujador, homem simples mas ao mesmo tempo basilar nas
atividades do campo. Ao comentar tais obras, Silveyra coloca que
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Son todos estos tipos de gaucho admirables estudios de ambiente, de raza y
de carácter que han de servir mañana, cuando se empreenda la historia de eso
litoral argentino tan bravio y levantisco, como punto de partida para
reconstruir el personaje que la evolución de las costumbres va desvanecendo
ya entre las brumas de una leyenda remota. (1919, p. 168).
Ao finalizar essa exposição, e tendo recebido comentários positivos acerca de
seus novos trabalhos, Cesáreo Bernaldo de Quirós parte para um período de isolamento
no interior de Entre Ríos. Seu objetivo, nesse momento, era buscar elementos para
aprofundar seus conhecimentos acerca das vivências do homem do campo e, assim,
relacioná-los aos que outrora transitaram por aquele mesmo espaço. Esboçava-se, assim,
através de uma intensa pesquisa e vivência entre os nativos interioranos, a série Los
Gauchos.
III. Los Gauchos: da pesquisa à consagração mundial
A bibliografia que versa sobre a forma com a qual Cesáreo Bernaldo de Quirós
criou seus gauchos é bastante pontual e incisiva quando trata das pesquisas que o artista
realizou acerca da temática. Não só os livros e a memória dos tempos de infância
constituíram-se como a base de sua produção. Mais que isso, Quirós desejava vivenciar
os modos de vida da gente do interior. Queria conhecer de perto estórias de tempos
passados, tradições e costumes peculiares, homens e mulheres que por aqueles campos
haviam passado, trazer à tona cenas e rostos que participaram de guerras tão caras à sua
província. Sobre essa questão, comenta Carlos Foglia:
Es preciso buscar la documentación histórica que haga posible concretar el
sueño. Cierto es que, desde la niñez, escucha relatos y comentários
interesantísimos, pero ellos no bastan. Es necesário indagar la soledad de los
campos, buscar testimonios indiscutibles, descobrir huellas, desentrañando en
lo posible, el mistério de las selvas, para interpretar tales assuntos com
dignidad artística. (1961, p. 25).
Convicto de seu propósito, no ano de 1923 Quirós parte para a sua pesquisa no
interior de Entre Rios. Despindo-se de sua roupagem citadina, o artista passa a vestir-se
de acordo com o personagem que escolhia interpretar nas estâncias onde parava. Ora era
um simples vendedor; ora era um jornalista em busca de histórias. Para ele, o mais
importante nesse momento era, pois, ocultar seu lado pintor para que não ocorressem
“(...) malas interpretaciones o que una indiscreción malogre sus planes” (FOGLIA, p.
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26). É por tal razão que “(...) para identificarse más con sus comprovincianos, cambia la
indumentária pueblera por las pilchas regionales” (FOGLIA, p. 26).
Essa viagem pelo interior entrerriano, que durou aproximadamente um ano,
proporcionou a Quirós uma admirável coleção de paisagens e histórias. Da observação
do campo em diferentes momentos do dia, o artista pôde trabalhar, com maior
intensidade, as questões técnicas da luz e da cor. Por outro lado, a convivência com os
interioranos lhe oportunizou a construção de tipos e cenas peculiares que, anos mais
tarde, seriam a base para a elaboração de suas telas. Muitos foram os relatos que Quirós
ouviu. E diversas foram as cenas que presenciou. São esses eventos por ele
testemunhados e, posteriormente narrados aos seus amigos, que se constituem, também,
como importante fonte para o estudo de Los Gauchos.
As primeiras obras realizadas, datadas de 1923, são Oros de la tarde e
Algarrobos, duas paisagens que, tendo como foco as árvores da campanha, evidenciam
o acurado trabalho com a cor e a luz. Do mesmo período é El Patron (Don Juan de
Sandoval), El Lancero Colorado e Los Bomberos. Nestas, são exibidos dois tipos
gauchescos que serão frequentes ao longo da série: o estancieiro, elaborado com
vestimentas, pose e olhar que denotam seu poder, e os soldados federais da época das
guerras de organização nacional.
No ano seguinte, em 1924, Quirós realiza mais oito telas para a série. Nestas é
possível perceber outros elementos característicos da vida rural: Em La Ofrenda, afora o
ambiente e o jovem bem vestido que caracterizam o ambiente da estância, a
religiosidade e os altares domésticos da época da guerra se fazem presentes. Em El
Carnicero e Tunas y Lechiguanas, pessoas simples mostram, com olhares
complacentes, suas atividades que, ao mesmo tempo em que são cotidianas, são típicas
da região. É o caso do homem que lida com o corte da carne e o do menino que,
sentando sobre uma pedra, vende frutos de tuna e mel de lechiguana. El Gavilan e El
Baile são as obras onde Quirós aponta, em sua interpretação, os bailes nas estâncias bem
como as conquistas amorosas. El Cantor y los Troperos sobressai-se ao mostrar mais
acuradamente os elementos da cultura gauchesca: o cavalo, o payador, o asado, e o
chimarrão.
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A pintura Nocturno3 (ZALDÍVAR, p. 209) foi uma das últimas telas elaboradas
nesse momento. Esta, uma ampla paisagem do campo, onde o céu domina grande parte
da pintura, apresenta um acurado trabalho com cores e tonalidades. Os tons azuis e rosas
presentes no firmamento que a lua ainda ilumina, aclara e define o gado e os cavalos
que estão na volta de uma estância. Além desta, ¡Y vamos vieja!, baseada em uma
narrativa que causou a Quirós “(...) una profunda impresión, dado su cruel realismo”
(ZALDÍVAR, p. 177), apresentava um casal de velhos em uma estrada, carregando, sob
um cavalo, todos os seus pertences. Ao ser questionado acerca do motivo de tal obra,
Quirós responde:
(...) una tarde tormentosa encontre en un camino una pareja de viejos. Se
acompañaban de un caballito flaco, tres perros, um gallo bataraz y otras
menudencias. - ¿Dónde vá el hombre? -, le pergunte. El criollo viejo revoleó
la mirada por el campo com hondíssima pena y gruño: - Por ahí, señor... onde
nos dejen vivír – y volviéndose a su viejita, agregó mas triste: -¡Y vamos
vieja!. (QUIRÓS apud ZALDÍVAR, p. 177).
Os anos subsequentes igualmente foram de grande produção. Um dos mais
expressivos quadros dessa série foi produzido em 1925. Apesar da ideia de não os
vender4, La Doma foi um dos poucos que não ficaram sob a salvaguarda do Museo
Nacional de Bellas Artes.5 Esta apresenta uma cena tipicamente rural, onde está sendo
realizada a doma de um cavalo. Afora o tema, a expressividade e o domínio técnico de
Quirós fizeram com que tal trabalho fosse um dos mais elogiados nas exposições que
realizou anos depois. No entanto, não apenas La Doma marca o ano de 1925. En la
Costa del Monte, que sugeria uma continuação de seu Nocturno, apresenta uma
paisagem semelhante a anterior. Porém, por se tratar de um entardecer, as cores e
tonalidades são trabalhadas de forma diferente.
Se o ano anterior havia sido marcado pela produção de pinturas com temáticas
mais voltadas aos costumes populares, nesse momento sua atenção volta-se, novamente,
aos gaúchos federales. Assim aparecem Los Jefes, obra paradigmática do uso e trabalho
3 Essa obra, segundo Zaldivar, tem seu nome original como Amaneciendo.
4Quirós sempre foi muito pontual a respeito do destino que daria às suas telas quando finalizasse seu ciclo
de exposições: doaria as mesmas para a nação. E assim o fez quando, na década de 1960, um pouco antes
de falecer, doou a série para o Museo Nacional de Bellas Artes de Buenos Aires. Grande parte das
informações acerca de tais obras encontram-se hoje no setor de Archivo e Documentación da citada
instituição. Igualmente, todos o recibos e documentos alusivos a doação das obras constituem parte
importante dos documentos acerca do artista. 5 A obra La Doma foi adquirida pela Empresa Nacional de Correios e Telégrafos. Atualmente, ela
encontra-se no Hall de Escudos do Palácio dos Correios, em Buenos Aires.
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com a cor vermelha (ZALDÍVAR, P, 214), umas das grandes características da obra do
pintor, e também Aves de Presa e Lanzas y Guitarras, Ambas as pinturas denotam
momentos específicos das já citadas guerras em prol da unidade nacional. Se na
primeira pintura Quirós apresenta homens que, embrenhados na selva, observam a
proximidade do inimigo, na segunda, ele exibe o momento do encontro entre blancos e
rojos.
Ao mesmo tempo em que elaborava outros estancieiros poderosos, como El
Patroncito e El Hombre de los Arreos, igualmente os homens ligados à lida campeira
eram construídos por Quirós. El Pialador e El Carneador, tratavam de algumas das
principais atividades desempenhadas no meio rural. A respeito dessa última, narra-se
que o modelo que pousou para uma fotografia que seria utilizada como base para a
pintura foi um homem embriagado que, ao cair em um rio, foi salvo pelo artista
(ZALDÍVAR, p. 177).
Uma obra interessante, que foi elaborada também nesse momento, é a intitulada
Fritos y pasteles. Esta possui uma relação temática muito próxima com a que havia sido
premiada na Exposição Internacional do Centenário (Corrida de sortijas em dia pátrio).
No entanto, enquanto esta última mostra figuras ricamente trajadas durante uma corrida
de sortija, a elaborada para Los Gauchos evidencia o cunho popular do mesmo jogo. No
primeiro plano estão as mulheres que preparam as guloseimas para os jogadores que, ao
fundo, mostram suas destrezas de ginete.
As pinturas realizadas nos últimos anos, entre 1926 e 1927, assinalam uma
mescla de situações cotidianas entre os entrerrianos do século XIX, que vão desde a
simples despedida de um casal, como em La Partida, às funções médicas, literárias e
comerciais como em Don Anacleto e El Curandero e La Pareja y el Sandiero. Data
desse mesmo período a pintura que se considera uma das mais violentas da série: Los
Degolladores. A base para esse trabalho foi um relato que Quirós ouviu durante sua
viagem ao interior de Entre Ríos. Um homem de nome Miranda lhe narrou que, quando
a serviço de um coronel, subjugou muitos de seus desafetos e inimigos degolando-os.
A última das telas pintadas por Quirós que, por certo, encerra a produção de Los
Gauchos, é a intitulada El Juez Federal6. Segundo Zaldívar, “(...) con esta obra
6 A obra El Juez Federal foi a única que o artista pintou durante o ano de 1927. Com o falecimento de sua
filha nesse mesmo ano, o artista passou por um período de grande depressão, onde afirmou: “estuve a
12
concluye la serie de ‘Los gauchos’, que representa um llamado de atención a esa raza
que se extinguia”. (1992, p. 225).
No ano seguinte, com as obras já finalizadas, o artista as expõe pela primeira vez
em Buenos Aires, nos salões da Amigos del Arte. Nesta, além da abertura feita pelo
presidente Marcelo Torcuato de Alvear, grande parte da imprensa e da crítica teceram
elogiosos comentários acerca dos trabalhos apresentados pelo artista. Segundo Zaldívar,
“La repercusión de la muestra fue por demás elocuente. Todos los órganos autorizados
de la critica dieron su opiniõn definitiva proclamando al gran suceso como la exposición
que haría época em la história de la pintura argentina”.(1992, p. 196). É assim, por
exemplo, que anuncia a revista Plus Ultra de 1928:
A belicosa leyenda entrerriana tiene ya su historiador pictórico. Un artista
entrerriano, cuyos tanteos preliminares le dieran justo renombre, há sabido
producir la obra grande con que soñaba. Habíamos visto aquellas figuras, casi
siempre solitárias, esculpidas en colores por Quirós, aquellas figuras, algunas
de las cuales asisten hoy al triunfo del su creador. (1928, [s.p.]).
Quando a exposição é encerrada, muitas homenagens são dirigidas ao artista,
onde tem destaque o grande banquete realizado no Teatro Cervantes. É precisamente
nessa ocasião que, como forma de brindar o sucesso de Quirós e de seus gauchos,
Leopoldo Lugones, importante literato e poeta argentino, que desde as primeiras
décadas do século XX levantava a questão da identidade argentina e do homem do
campo em suas obras (BORGES, 2005, p. 88), profere um discurso onde exalta o
caráter nacional das imagens produzidas pelo pintor. Para o intelectual,
Lo que representa ante todo la obra de pictórica que acaba de exponer Quirós
es una gran afirmación de pátria. Impone, desde luego una cualidad
dominante por definición: la magneficencia. (...) No seré yo, mientras pueda,
quien contribuya a que um día, tal como la arrolada pareja gaucha de sus
viejos, que com tan ruda fortaleza tomaran el campo ya ajeno, para ir a parar
quién sabe dónde, como ahuyenta dos gavilanes, dejando que a sus espaldas
vierta la tarde en el pastizalla lágrima que no lloran, el artista mudando de
pago com su gloria desterrada, vaya a encontrar em tierra extranjera el
reconocimiento de lo que hizo por la suya. (FOGLIA, p. 29).
A consagração de Quirós em Buenos Aires foi fundamental para que, dentre seus
projetos, o artista levasse seus gauchos para a Europa. Segundo Zaldívar, “a partir del
punto de romper mis pinceles. Murió mi hija que era mi gloria. Nadie aprende a sufrir hasta que no pierde
un hijo”. (ZALDIVAR, p.194).
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mês de abril de 1929 se abre outra instancia en la trayectoria artística de Cesáreo
Bernaldo de Quirós, nuevamente Europa”. (ZALDÍVAR, p. 229). A porta de entrada
para sua obra em terras europeias foi, justamente, a Espanha. Obtendo, mais uma vez,
grandes elogios da crítica, o artista, durante quatro anos, expõe sua saga gauchesca na
Alemanha, França e Inglaterra. Afora estes, Los Gauchos são levados para os Estados
Unidos e Canadá.
Dessas mostras, afora a repercussão de seu trabalho na imprensa mundial, é
importante destacar alguns pontos. O primeiro deles refere-se a que foi realizada em
Madrid, em 1929, onde Ricardo Rojas apresenta o artista na abertura da exposição. Tal
qual Lugones, Rojas acentuava o caráter nacional da obra do artista ao mesmo tempo
em que aproximava seu pintor às referência do velho mundo e aos grandes literatos da
gauchesca argentina:
El gaúcho fué, no un tipo étnico, según suele creerse, sino un tipo
psicológico, em cuya intimidad se descubre al hombre de los cantares del
Cid, de las égloglas de Gil Vicente y de las guerras de Isabel La Católica en
Granada. (...). El gaucho inspiro el FACUNDO, de Sarmiento, EL
MATADERO, de Echeverría, LOS TROVOS, de Ascasubi, el MARTÌN
FIERRO, de Hernández, el SANTOS VEGA, de Obligado, el SEGUNDO
SOMBRA, de Güiraldes, y muchos otros de nuestra literatura, en la que se
antecipa la pintura de personajes, secesos y pasiones que hoy nos presenta
Quirós con eficácia plástica extraordinária. (ROJAS apud FOGLIA, p.32).
A respeito de sua plástica, relevantes foram as notas publicadas na imprensa
francesa quando da exposição em 1931. Intelectuais como André Maurois e o crítico de
arte Camile Mauclair analisam tanto a construção figurativa de Quirós quanto a forma
com a qual trabalha a luz e as cores em suas pinturas gauchescas. Segundo Foglia,
“Camile Mauclair y André Maurois comentaron com ponderación los cuadros,
analizando al detalhe los trozos de pintura que revelan al maestro en plen madurez
intelectual y artística”. (FOGLIA, p. 33). Uma importante análise do trabalho do artista
foi publicada na Revue de l”Amerique Latine, onde seu autor constata que, afora a
construção de seus personagens, a paisagem, igualmente, tinha importância na
composição:
Si les personnages sont l’essentiel de cette oeuvre et enforment le centre
émotionnel; Il ne néglige pás cependant les paysages. Certains de ceux-ci
sont aussi utiles pour l’atmosphère du tableau quel’est, sur un autre plan, le
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sujet lui-même. On sent quel’artiste a vou tout ce que les impressionists
avaient pus aisir de vie dans la représentation de la nature, comment ils
avaient essaye de traduire sur la toile cette vie frémissante. (1931, p. 20).
O que se depreende dessa breve e sucinta observação acerca da repercussão da
obra de Cesáreo Bernaldo de Quirós na imprensa mundial é, pois, sua grande circulação
e, igualmente, a apreciável recepção que teve seus gauchos. Pensar essa série a partir
dos seus inúmeros elementos e, ainda, considerá-la a partir das considerações tecidas ao
longo de cada exposição realizada, oferecem, dentre outros aspectos, questões
substanciais para a análise particular de cada uma das imagens que o pintor produziu ao
longo de cinco anos.
IV Considerações Finais
Perceber os elementos que estiveram tanto no entorno do artista quanto no de
sua produção pictórica, desvelam relevantes questões para a análise imagética. Apesar
de, nesse estudo, o trabalho específico acerca das imagens produzidas por Cesáreo
Bernaldo de Quirós não ter sido o objeto específico, o fato é que, a partir do
entendimento de sua formação e projeção como artista, foi possível perceber a forma
com a qual o tema gauchesco foi trabalhado por ele.
Nesse sentido, considerar Quirós como um artista que problematizou seus
gaúchos a partir de questões de seu próprio contexto e, ainda, de suas inquietações
como pintor, trazem novas significações acerca de sua série Los Gauchos.Visualizar e
compreender essa obra a partir do seu entorno de produção é, pois, conjuntamente com
seu viés nacionalista, adir subsídios para analisar a elaboração das personagens e das
cenas no espaço pictórico. Mais que isso, tais elementos oportunizam, também, o
entendimento de certas peculiaridades presentes no trabalho de Quirós, tais como o uso
da cor vermelha e a constante preocupação em trabalhar a expressividade de suas
personagens através do olhar que trocam com o observador.
A partir do momento em que se buscou, tanto na pouca bibliografia disponível
quanto nos textos veiculados pela imprensa da época, os motivos que levaram Quirós a
elaborar tal obra, sobressai o fato de um artista que estava atrás de temas e resolução
para questões de ordem pictórica. Seus estudos na Europa bem como a viagem
empreendida pelo interior de Entre Ríos, onde tipos, paisagens e cores diferentes se
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apresentaram ao artista, foram questões que favoreceram a interpretação de um passado
por ele buscado.
A relevância de uma primeira análise, que visa precisamente encontrar os fios de
uma intrincada rede de relações, está no fato de se poder pensar e questionar a imagem
propriamente dita a partir de suas especificidades. Perceber os seus detalhes e, a partir
deles, problematizar a própria questão do artista enquanto sujeito de sua produção e,
também, as diferentes temporalidades e memórias que se fazem presentes, oportunizam
um entendimento maior, e muito mais complexo, acerca da obra estudada. Nesse
sentido, Los Gauchos podem ser trabalhados e percebidos não apenas a partir de seus
usos e funções, mas igualmente a partir das memórias que evocam – e são evocadas –
quando as mesmas são problematizadas.
Finalizando, cabe colocar que empreender um estudo inicial a respeito dos
entornos da produção de Los Gauchos torna-se fundamental quando o objetivo de uma
pesquisa centra-se, pois, na análise das especificidades das imagens. Compreender
também a forma com a qual utiliza as cores, trabalha a luz e, igualmente, problematiza o
tema, traz inúmeras questões à tona que empregam novos significados para o trabalho
de um pintor que, a partir dele, ficou conhecido como Pintor de la Patria.
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