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Acinetobacter Estrutura e características Cocobacilos Gram-; Aeróbios estritos; Oxidase negativo; Saprófita, encontrado na natureza e no ambiente hospitalar e capazes de sobreviver em superfícies húmidas e secas; O género Acinetobacter é subdividido em dois grupos: as espécies que oxidam a glicose (A. baumannii é a mais comum) e as espécies que não oxidam a glicose (A. lowffii e A. haemolyticus são as mais comuns); A maioria das infecções humanas é causada por A. Baumannii; São oportunistas. Epidemiologia Doentes em risco de adquirir infecções por Acinetobacter são os que utilizam AB de largo espectro, que se encontram a recuperar de cirurgias, ou sob ventilação respiratória. Doenças associadas Infecções do trato respiratório, trato urinário e feridas, septicemia. Diagnóstico / Testes Crescimento em agar sangue e ágar MacConkey. Tratamento O tratamento das infecções por Acinetobacter é difícil porque esses microrganismos, particularmente A. baumannii, são frequentemente resistentes aos antibióticos, incluindo os carbapenemos.

O género Acinetobacter é subdividido em dois grupos - … · Cocobacilos Gram-; ... É responsável por mais de 80% de todas as ITUs comunitárias bem como muitas infe cções hospitalares

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Page 1: O género Acinetobacter é subdividido em dois grupos - … · Cocobacilos Gram-; ... É responsável por mais de 80% de todas as ITUs comunitárias bem como muitas infe cções hospitalares

Acinetobacter

Estrutura e características

Cocobacilos Gram-; Aeróbios estritos; Oxidase negativo; Saprófita, encontrado na natureza e no ambiente hospitalar e capazes de sobreviver em superfícies húmidas e secas; O género Acinetobacter é subdividido em dois grupos: as espécies que oxidam a glicose (A. baumannii é a mais comum) e as espécies que não oxidam a glicose (A. lowffii e A. haemolyticus são as mais comuns); A maioria das infecções humanas é causada por A. Baumannii; São oportunistas.

Epidemiologia Doentes em risco de adquirir infecções por Acinetobacter são os que utilizam AB de largo espectro, que se encontram a recuperar de cirurgias, ou sob ventilação respiratória.

Doenças associadas Infecções do trato respiratório, trato urinário e feridas, septicemia.

Diagnóstico / Testes Crescimento em agar sangue e ágar MacConkey.

Tratamento O tratamento das infecções por Acinetobacter é difícil porque esses microrganismos, particularmente A. baumannii, são frequentemente resistentes aos antibióticos, incluindo os carbapenemos.

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Chlamydia trachomatis

Estrutura e características

Parasita intracelular obrigatório; Contêm DNA e RNA (ribossómico entre outros) Sintetiza as suas próprias proteínas, ácidos nucleicos e lípidos; Possui uma membrana interna e externa semelhantes às Gram-negativas; Duas formas distintas: corpúsculos elementares infecciosos e corpúsculos reticulados não infecciosos; A proteína principal da membrana externa (MOMP) é específica para cada espécie; Dois biovars associados a doenças humanas: tracoma e LGV.

Epidemiologia

C. trachomatis tem uma distribuição universal As infecções ocorrem predominantemente em crianças, que são o reservatório principal de C. trachomatis em áreas endémicas (Médio Oriente, áfrica, américa do sul) O tracoma é transmitido de olho para olho, através de gotículas, mãos e roupas contaminadas e através de contaminação fecal. Conjuntivite de inclusão do adulto:

- Ocorre em pessoas entre os 18-30 anos de idade e a infecção genital provavelmente precede a ocular. - Acredita-se que as vias de transmissão sejam a auto-inoculação e o contacto oral-genital.

Conjuntivite de inclusão do recém-nascido - Infecção adquirida durante a passagem do bebé pelo canal do parto infectado.

LGV -> Doença crónica sexualmente transmissível.

Factores de virulência

A variedade de células que C. trachomatis pode infectar é limitada, dado que os receptores para os CEs estão restritos principalmente a células epiteliais cilíndricas, cúbicas e de transição, que são encontradas em membranas mucosas da uretra, endocérvix, endométrio, trompas uterinas, recto, tracto respiratório e conjuntiva. Os sorovares de LGV são mais invasivos, pois replicam em fagócitos mononucleares -> Intensa resposta inflamatória. As manifestações clínicas das infecções clamidiais são causadas:

1) Destruição directa das células durante a replicação; 2) Pela resposta de citocinas pró-inflamatórias que elas estimulam.

No LGV há formação do granuloma, as lesões podem tornar-se necróticas, atraindo PMN’s, levando a que o processo inflamatório se propague para os tecidos adjacentes.

Doenças associadas

Tracoma Linfogranuloma venéreo (LGV) Pneumonia do bebé Conjuntivite de inclusão do adulto Conjuntivite do recém-nascido Infecções urogenitais

Diagnóstico / Testes

Citologia: o exame de raspados celulares corados por Giemsa e a coloração de Papanicolau em material cervical. Detecção de Antigénios: Imunofluorescência directa (IFD) e ensaio imunoenzimático directo (ELISA), nos quais se utiliza anticorpos preparados contra a MOMP ou o LPS. Testes baseados em ácidos nucleicos: os testes de sondas de ácidos nucleicos -> Analisam sequências de rRNA 16S. Detecção de anticorpos: não consegue diferenciar entre infecções passadas das actuais. Para o diagnóstico de LGV é útil.

Tratamento Azitromicina, doxicilina, amoxicilina, clindamicina.

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Enterococcus sp

Estrutura e características

38 Espécies -> Importantes patógenos humanos (Enterococcus faecalis, Enterococcus faecium, Enterococcus gallinarum e Enterococcus casseliflavus); Diplococos Gram +; Crescem tanto em aerobiose quanto em anaerobiose e em uma ampla faixa de temperaturas (10°C a 45°C); Podem crescer na presença de concentrações elevadas de NaCl e sais biliares. Catalase negativo; Apresentam necessidades nutricionais complexas (vitaminas B, bases azotadas de ácidos nucleicos e uma fonte de carbono, como a glicose); Possuem o antígeno de parede celular do grupo D, um ácido teicóico glicerol associado à membrana citoplasmática Estreptococos D

Epidemiologia

São isoladas das fezes de humanos e de diversos animais; Pacientes com risco elevado: pacientes hospitalizados por períodos prolongados de tempo e pacientes em tratamento com antibióticos de largo espectro (particularmente cefalosporinas); A maioria das infecções é resultante da flora saprófita do paciente; Colonizam o trato gastrointestinal de humanos e de animais;

Factores de virulência

Virulência mediada pela capacidade de aderir aos tecidos do hospedeiro, secretar citolisinas e proteases que causam dano tecidular localizado; São destruídos por células fagocíticas; Adesinas proteicas de superfície, que lhes possibilitam a interacção com células das mucosas intestinal e vaginal humanas, e secretam proteínas com actividade hemolítica (citolisina) e proteolítica (p. ex., gelatinase e serina protease); Adesinas de Superfície

- Substância agregativa - Proteína tipo pili imersa na membrana citoplasmática, que facilita a troca de plasmídeos e a interacção com as células epiteliais do hospedeiro; - Proteína de superfície de enterococcus - Adesina de ligação ao colagénio; presente em E. faecalis - Adesinas polissacarídicas

Factores Secretados - Citolisina - Bacteriocina proteica que inibe o crescimento de outras bactérias Gram positivas (facilita a colonização); - Feromona - Quimiotáctica para neutrófilos; pode regular a reacção inflamatória; - Gelatinase - Hidrolisa gelatina, colagénio, hemoglobina e pequenos peptídeos.

Doenças associadas

Infecções nosocomiais -> Trato urinário, o peritoneu e o tecido cardíaco são os sítios frequentemente envolvidos. Infecção do trato urinário - Disúria e piúria; ocorre mais comumente em pacientes hospitalizados em uso de cateteres urinários e em uso de cefalosporinas de amplo espectro Peritonite - Distensão e dor abdominal após trauma ou cirurgia; os pacientes tipicamente apresentam quadro agudo, febril e hemoculturas positivas para o microrganismo Endocardite - Infecção do endotélio ou válvulas cardíacas; associada com bacterémia persistente; pode se apresentar na forma aguda ou crónica

Diagnóstico / Testes

Crescem em meios não selectivos, como agar sangue e agar chocolate; Após 24 horas deincubação -> observam-se colónias não hemolíticas, α-hemolíticas ou raramente β-hemolíticas. PYR positivo Produzem L-pirrolidonil arilamidase; Teste de solubilidade à bílis negativo; Resistentes à optoquina.

Tratamento Nitrofurantoina; amoxacilina; ampicilina; imipenem;

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Escherichia coli

Estrutura e características

Bastonetes Gram- Anaeróbios facultativos Fermentadores de lactose Oxidase- negativos Cápsula

Epidemiologia Presente no trato GI e são comummente causadoras de infecções do trato urinário É responsável por mais de 80% de todas as ITUs comunitárias bem como muitas infecções hospitalares Infecções endógenas -> Organismos que fazem parte da flora normal podem provocar uma infecção quando as defesas estão comprometidas.

Factores de virulência

Adesinas: A E.coli é capaz de permanecer no trato urinário ou GI porque os organismos conseguem aderir às células nestes locais e evitar a eliminação pela acção de descarga da micção ou motilidade intestinal. Antigénios de factores de colonização (CFA/I e CFA/II) Fímbrias de adesão agregativa Bundle-forming pili (Bfp) Intimina pili P (que se ligam a antigénios do grupo sanguíneo P) Proteína Ipa (antigénio plasmidial de invasão) Fímbrias Dr (que se ligam a antigénios do grupo sanguíneo Dr) Exotoxinas: A E.coli produz um amplo espectro de exotoxinas. Toxinas Shiga Toxinas termoestáveis Toxinas termolábeis Hemolisinas (HlyA) – importantes na doença uropatogénica

Doenças associadas

Infecções urinárias -> Cistite podendo disseminar-se para os rins (pielonefrite) ou próstata (prostatite) É particularmente virulenta devido: Á capacidade de produzir adesinas que se ligam a células de revestimento da bexiga e trato urinário superior impedindo a eliminação

das bactérias durante a micção Á hemolisina Hly A que lisa eritrócitos e outros tipos celulares levando à libertação de citocinas e ao estímulo de uma resposta

inflamatória Septicémia (originada por infeções trato urinário ou gastrointestinal); Meningite Neonatal Gastroenterite (estirpes associadas: EPEC, ETEC, EHEC, EIEC, EAEC) Infecções intra-abdominais (associadas à perfuração intestinal)

Diagnóstico/Testes Crescem rapidamente na maioria dos meios de cultura

Tratamento 1º Linha: Cefalosporinas 2º e 3º Geração; Azetreonam; Carbapenemos 2º Linha: Amoxicilina; fluorquinolonas; aminoglicosídeos

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Gardnerella vaginalis

Estrutura e características

Bacilo Gram variável com mais semelhanças com Gram – Anaeróbio facultativo Catalase e oxidase negativo

Epidemiologia Pertence à flora normal feminina

Factores de virulência

Sialidases – intervêm na nutrição bacteriana, interacções celulares e evasão à resposta imune e melhora a adesão, invasão e destruição da mucosa do hospedeiro Produz citotoxinas e factores de aderência

Doenças associadas

Vaginose bacteriana Bacterémia (raro)

Diagnóstico/Testes

Cresce a 35C em atmosfera de 5% de CO2 em meios especiais Cresce em sangue de carneiro, ágar chocolate e em ágar Columbia ácido colistinnalidixico (CNA) Crescimento inibido pelo polianetosulfonato de sódio (SPS) frequentemente usado como anticoagulante. O isolamento do trato genital feminino é melhor conseguido com o meio selectivo ágar sangue humano bicamada Tween (HBT)

Tratamento Metronidazol; clindamicina – amoxacilina

Klebsiella

Estrutura e características

Enterobactéria Bacilos Gram-negativos Anaeróbio facultativo Imóveis

Epidemiologia Presente na água, no solo, no TGI, em vegetais, frutas e cereais. Provoca pneumonias, ITU’s, neonatais e nosocomiais.

Factores de virulência

Cápsula proeminente responsável pela aparência mucóide das colónias isoladas e pelo aumento da virulência destes microorganismos in vivo.

Doenças associadas

. Klebsiella pneumoniae e Klebsiella oxytoca podem causar pneumonia adquirida na comunidade ou no hospital.

. Também causa feridas, infecções dos tecidos moles e infecções do trato urinário.

. Klebsiella granulomatis é o agente etiológico do granuloma inguinal.

. Klebsiella rhinoscleromatis causa uma doença granulomatosa no nariz.

. Klebsiella ozaenae causa rinite atrófica crónica.

Tratamento - aztreonam: cefalosporinas 3ª - aminoglicosideo; ciprofloxacina; imipenem; piperacilina;

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Haemophilus ducreyi

Estrutura e características

Bacilos Gram-negativas;

Não esporuladas;

Imóveis;

Oxidase e Catalase positiva;

Anaeróbios facultativos.

Epidemiologia H. ducreyi -> Importante causa de úlceras genitais (cancróide).

Transmitido pelo contacto sexual.

Factores de virulência

Doenças associadas Cancróide: DST mais comumente diagnosticada em homens, supostamente porque a doença poder vir a ser assintomática ou subclínica em

mulheres. A linfadenopatia inguinal também está comumente presente.

Diagnóstico / Testes

Colheita e transporte: amostras devem ser recolhidas com um zaragatoas humedecido a partir da base ou da margem da úlcera.

Cultura -> É fastidioso e a cultura é pouco sensível -> É melhor em ágar para gonococo (GC) suplementado com 1% a 2% de hemoglobina, 5% de

soro fetal bovino, enriquecimento IsoVitaleX e vancomicina (3μg/mL). As culturas devem ser incubadas a 33°C em ambiente contendo 5% a 10% de

dióxido de carbono por 7 dias ou mais.

Tratamento Ceftriaxona, azitromicina, eritromicina, amoxicilina.

Mycoplasma ( genitalis , hominis) / Ureaplasma

Estrutura e características

São as menores bactérias da vida livre. Não têm parede celular. Membrana com esteróis Anaeróbios facultativos

Epidemiologia

Os lactentes, particularmente as raparigas, são colonizados ao nascimento por M.hominis, M. genitalium e outras espécies de Ureaplasma, sendo este último isolado com maior frequência. Este estado de portador não permanece, no entanto volta a aumentar após a puberdade, associado à actividade sexual. Trato genitourinário é colonizado por estes microorganismos.

Doenças associadas

Mycoplasma genitalis: Uretrite Mycoplasma hominis: Pielonefrite doença inflamatória pélvica, febre pós-parto e pós-aborto. Ureaplasma urealyticum: Uretrite

Diagnóstico / Testes

Cultura -> Pode demorar de duas a seis semanas - M. hominis é um anaeróbio facultativo que cresce dentro de 1 a 4 dias e metaboliza a arginina mas não a glicose. As suas colónias apresentam uma típica disposição em ovo estrelado. - Ureaplasma requer ureia para o seu crescimento, mas é inibido pelo aumento da alcalinidade do meio resultante do metabolismo da ureia. Assim, o meio de cultura deve ser suplementado com ureia e altamente tamponado. Diagnóstico molecular -> PCR

Tratamento Susceptíveis á Eritomicina (excepto p M.hominis ) e a Tetraciclinas.

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Neisseria gonorrhoeae

Estrutura e características

Diplococos gram –

Imóveis

Não formadores de esporos

Aeróbias

Oxidase e Catalase positiva

Produzem ácido a partir da glicose por oxidação.

Fastidiosos: é necessário meio de agar chocolate suplementado com vitaminas, minerais e aminoácidos.

Requerem cistina e fonte de energia para o crescimento.

Temperatura óptima de crescimento: 35-37ºC, em atmosfera húmida, com 5% de CO2.

Não possui cápsula na superfície, mas possui uma estrutura semelhante à cápsula com carga negativa.

Possuem pili;

Apresentam porinas na membrana -> São codificadas pelo gene porB.

Epidemiologia

Seres humanos são os únicos hospedeiros naturais;

Sexualmente transmissível;

Doença mais comum em indivíduos com múltiplos parceiros sexuais;

Factores de virulência

Pilina: proteína que medeia a ligação inicial às células humanas não ciliadas (epitélio da vagina, trompas de Falópio e cavidade bucal). Proteína Por: funciona como Porina, promove a sobrevivência intracelular por prevenir a fusão fagolisossoma nos neutrófilos. Proteína Opa: proteína de opacidade: medeia a ligação firme às células eucariotas. Proteína Rmp: proteína modificável por redução: protege outros antigénios de superfície (Por, LOS) dos anticorpos bactericidas. Proteínas de ligação à transferritina, à lactoferrina e à hemoglobina. LOS: lipooligossacárido. Protease IgA1 B-lactamase

Doenças associadas Gonorreia Gonococcemia Oftalmia neonatal

Diagnóstico / Testes

Microscopia: muito sensível e específica para a detecção de infecção em homens com uretrite purulenta -> Coloração de gram: diplococos gram

negativos no interior dos PMN.

Testes baseados em ácidos nucleicos.

Cultura: meios não selectivos (agar chocolate) e meios selectivos (meio Thayer-Martin modificado).

Identificação: Oxidase+, diplococos gram-, produzem ácido a partir da glicose por oxidação (e não fermentação).

Tratamento Ceftriaxona,fluorquinolona, Penicilina G.

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Proteus mirabilis (enterobacteria -> características são comuns)

Estrutura e características

Bastonetes Gram negativos; Anaeróbios facultativos de crescimento rápido; Fermentam glicose Reduzem nitrato Catálase-positivo Oxidase-negativo Produz Urease Muito móveis- possuem flagelos perítricos Fímbrias e pili

Fatores de virulência Produz uma elevada quantidade de urease, que degrada a ureia em CO2 e amónia -> Este processo aumenta o pH da urina e facilita e formação de cálculos renais (a alcalinidade aumentada da urina também é tóxica ao uroepitélio). Ao contrário da E. coli, os pili de P.mirabilis podem diminuir a sua virulência por estimular a fagocitose das bactérias

Doenças associadas ITU’s

Diagnóstico / Testes

Crescem rapidamente Ágar-Sangue MacConkey Urease Positivo

Tratamento 1ª linha: amoxacilina; fluorquinolona 2ª linha: cefalosporinas 2 e 3ª geração; azetreonam; imipenem; aminoglicosideo.

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Pseudomonas aeruginosa

Estrutura e características

Bacilos Gram-, usualmente, móveis, rectos ou ligeiramente curvos, tipicamente dispostos aos pares; Aeróbios obrigatórios, no entanto, podem crescer de modo anaeróbio usando o nitrato ou arginina como um aceitador alternativo de electrões; Algumas espécies produzem pigmentos difusíveis (p. ex., piocianina (azul), pioverdina (verde-amarelado), e piorrubina (castanho-avermelhado)) que lhes conferem uma aparência característica na cultura; Oxidam a glicose Possui cápsula; Tolera uma ampla variedade de temperaturas (4ºC a 42ºC).

Epidemiologia

São oportunistas; Amplamente distribuídos na natureza e em ambientes hospitalares húmidos; Pode colonizar transitoriamente o trato respiratório e gastrintestinal de pacientes hospitalizados, particularmente aqueles tratados com AB de largo espectro, expostos a equipamentos de terapia respiratória ou hospitalizados por longos períodos.

Factores de virulência

Adesinas -Pelo menos quatro componentes estruturais da superfície de P. aeruginosa facilitam a adesão: o Flagelo; Também medeiam a mobilidade de P. aeruginosa

o Pili; o Lipopolissacarídeo (LPS); Lipídio A, componente do LPS, é responsável pela actividade de endotoxina. o Alginato; É um exopolissacarídeo mucoide que forma uma cápsula proeminente na superfície bacteriana e protege os organismos da fagocitose

e da acção dos antibióticos. Toxinas e Enzimas Secretada o Exotoxina A (ETA) - impede a síntese proteica através do bloqueio do prolongamento da cadeia de peptídeos nas células eucarióticas. o Piocianina - pigmento azulcatalisa a produção de superóxido e peróxido de hidrogénio, formas tóxicas do oxigénio. Também estimula a

liberação de interleucina-8 (IL-8), levando ao aumento da quimiotaxia de neutrófilo. o Pioverdina -pigmento verde-amarelado, é um sideróforo que se liga a iões ferro para utilização no metabolismo bacteriano. o LasA (serino protease) e LasB (zinco metaloprotease) – emzimas que degradam a elastina -> Produzindo danos no parênquima pulmonar e lesões

hemorrágicas (ectima gangrenosa). o Protease alcalina - contribui para a destruição tecidular e disseminação de P. aeruginosa. o Fosfolipase C o Exoenzimas S e T - são toxinas extracelulares. o Sistema de secreção do tipo III - introduz as proteínas nas células-alvo eucarióticas, ocorre dano das células epiteliais, facilitando a disseminação

bacteriana, a invasão tecidular e a necrose. Resistência aos Antimicrobianos o Resistente a muitos antibióticos; o Mutações de porinas e produção de β-lactamases.

Doenças associadas

Infecções Pulmonares o Traqueobronquite benigna, broncopneumonia necrotizante grave.

Infecções Primárias da Pele e Tecidos Moles o Infecção em queimaduras; o Foliculite - resultante da imersão em águas contaminadas (p. ex., canos de água quente, banheiras de hidromassagem, piscinas); o Osteocondrite (inflamação dos ossos e cartilagem) nos pés, após um ferimento penetrante (p. ex. pisar um prego).

Infecções do Trato Urinário

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o As infecções do trato urinário são observadas principalmente em pacientes com cateteres urinários de longa permanência; Infecções Auriculares o Otite externa; o Otite média crónica.

Infecções Oculares o As infecções oculares ocorrem após um trauma inicial na córnea e posterior exposição à água contaminada com P. aeruginosa; o Úlceras de córnea.

Bacteremia e Endocardite

Diagnóstico / Testes

Microscopia o Bacilos Gram negativos delgados, dispostos em células únicas e aos pares.

Cultura o Meios de agar sangue e MacConkey. Necessitam de incubação em aerobiose (excepto se o nitrato estiver disponível).

Testes de identificação o Teste de oxidase positivo; o β-hemólise, e pigmentação verde devido à produção dos pigmentos azul (piocianina) e verde-amarelado (pioverdina), e um odor doce

característico semelhante ao da uva.

Tratamento Ceftazidima; penicilina antipseudomonas; cefipima; carbapenemico; ciprofloxacina

Serratia

Estrutura e características

Enterobactéria Bacilos Gram- Anaeróbio facultativo

Epidemiologia São comuns em infecções adquiridas no hospital, recém-nascidos e imunocomprometidos. Tendem a colonizar o tracto respiratório e urinário ao invés do GI, em adultos.

Factores de virulência Cápsula proeminente responsável pela aparência mucóide das colónias isoladas e pelo aumento da virulência destes microorganismos in vivo.

Doenças associadas Infecções nosocomiais no tracto respiratório baixo, tracto urinário, sangue, feridas cirúrgicas, pele e mucosas em doentes adultos. Endocardite e osteomielite.

Diagnóstico Membros deste género produzem pigmentos vermelhos característicos e podem ser distinguidos de outros géneros pertencentes à família das Enterobacteriaceae pela produção de três enzimas: DNAase, lipase e gelatinase.

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Staphylococcus saprophyticus

Estrutura e características

Cocos gram-positivos Catalase-positivos Coagulase negativo Crescem num padrão assemelhado a um cacho de uvas Imóvel Anaeróbio facultativo Capaz de crescer em meios contendo alta concentração de sal (10%) e numa temperatura que varia de 18°C a 40°C Está presente nas mucosas e membranas mucosas dos humanos

Epidemiologia

É ubiquitário Habita a pele e das superfícies da mucosa humana Podem sobreviver em superfícies secas por longos períodos de tempo (devido à camada espessa do peptidoglicano e da ausência de membrana externa das Gram +) Disseminação pessoa-a-pessoa através do contacto directo ou exposição a agentes contaminados (embora a maioria das infecções seja com m.o. do próprio paciente) Os factores de risco incluem a presença de um corpo estranho suprime a flora microbiana normal.

Factores de virulência

Cápsula polisacarídica que protege a bactéria porque inibe a fagocitose do m.o. pelos leucócitos PMN Camada mucóide possibilita a ligação da bactéria aos tecidos e corpos estranhos como cateteres, excertos, válvulas prostéticas ou articulações e shunts. Peptidoglicano Ácidos teicóicos A membrana citoplasmática Toxinas: Toxina alfa Toxina beta ou esfingomielinase C Toxina Delta Toxina gama e Leucocidina Panton-Valentine Toxinas esfoliativas (ETA e a ETB) Enterotoxinas (A-E, G-I) Toxina -1 da Síndrome do Choque Tóxico Enzimas:

Catalase Hialuronidade Fibrinolisina Lipases Nuclease Penicilinase

Doenças associadas

Infecções do trato urinário: Disúria (dificuldade em urinar) e Piúria (presença de leucócitos degenerados na urina):

Em mulheres jovens sexualmente activas (S. saprophyticus)

Diagnóstico / Testes

Microscopia – usada para infecções piogénicas mas não para infecções sanguíneas ou mediadas por toxinas. Cultura: meio de ágar enriquecidos e suplementados com sangue de carneiro. Crescem rapidamente em meios não-selectivos incubados aeróbia ou anaerobicamente. Identificação - método de hibridação de fluorescente in situ (FISH), sondas artificiais específicas com marcação fluorescente para S. aureus usado para discriminar entre S. aureus e estafilococos coagulase-negativos. Electroforese de campo pulsado

Tratamento 1º Linha: Nitrofurantoína; Cotrimoxazol

2º Linha: Amoxicilina; Fluorquinolonas; Aminoglicosídeos e Cefalosporinas de 1ª Geração

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Treponema pallidum

Estrutura e características

Espiroquetas finas e enroladas Gram negativo Possui flagelos periplasmáticos Não possui o ciclo do ácido tricarboxílico obtendo purinas, pirimidinas e muitos aminoácidos de outras células Microaerófilos ou anaeróbios (são extremamente sensíveis à toxicidade de oxigénio) Catalase e superóxido dismutase negativos Muito lábil, incapaz de sobreviver à exposição a secura e a desinfectantes

Epidemiologia Sífilis -> Transmissão por contacto sexual directo ou transfusões de sangue contaminado Indivíduos infectados com sífilis são altamente infecciosos nas primeiras duas fases da doença

Factores de virulência

A maioria ou totalidade do LPS não está exposto na membrana externa -> Auxilia na evasão à defesa do hospedeiro Resiste à fagocitose (é ingerido mas sobrevive) Adere à fibronectina -> Interacções directas com os tecidos do hospedeiro 5 hemolisinas (não se tem a certeza se medeiam lesão tecidual) Hialuronidase facilita a infiltração perivascular

Doenças associadas 4 tipos de sífilis: primária, secundária, terciária/tardia ou congénita Destruição tecidual e lesões observadas na sífilis são consequência da resposta imunitária do hospedeiro

Diagnóstico / Testes

Só cresce em meios que possuam uma componente celular. Formas móveis são visualizadas por microscopia de campo escuro ou com a utilização de anticorpos antitreponemal específicos que tenham compostos fluorescentes -> Detecções microscópicas devem ser feitas imediatamente após a recolha da amostra -> Não sobrevivem ao transporte até ao laboratório Mais útil -> Teste directo de anticorpos fluorescentes (DFA) onde são usados anticorpos antitreponemal ligados a fluoresceína. Testes de amplificação de ácido nucleicos (Ex.: PCR) detectam T. pallidum em lesões genitais, sangue e LCR Testes não treponemais: medem IgG e IgM no soro de pacientes usando cardiolipina como antigénio, teste de pesquisa laboratorial de

doenças venéreas (VDRL) e teste das reaginas plasmáticas rápidas (RPR) são os testes mais usados. Apenas VDRL é usado para detecções no LCR. Estes testes têm baixa sensibilidade na sífilis primária e terciária. Podem ocorrer falsos positivos em pacientes com doenças febris agudas, doenças auto imunes crónicas, infeções que envolvam o fígado ou que causem destruição tecidular e em mulheres grávidas Testes treponemais: detetam anticorpos específicos anti-T. pallidum. Testes mais usados -> teste treponemal de absorção com anticorpos

fluorescentes (FTA-ABS), teste de aglutinação com partículas de T. pallidum e imunoensaios enzimáticos. Falsos positivos podem ser resolvidos com o método Western blot.

Tratamento

Penicilina -> Fármaco de eleição Penicilina G-Benzatina -> Usada no início de sífilis Penicilina G -> casos de sífilis congénita ou tardia Tetraciclina e doxiciclina -> Alternativas para pacientes alérgicos à penicilina. Neurosífilis apenas pode ser usada penicilina -> Em caso de alergenicidade os doentes devem ser dessensibilizados.