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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA Departamento de Educação- campus XIV Colegiado de Letras com habilitação em Língua Portuguesa e Literaturas - Licenciatura MAURA MOREIRA DA SILVA GÓES O GÊNERO CANÇÃO E A LUDICIDADE NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: PROJETO FACE - UMA EXPERIÊNCIA NAS ESCOLAS ESTADUAIS Conceição do Coité 2011

O gênero canção e aludicidade nas aulas de língua portuguesa projeto face uma experiência nas escolas estaduais

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Page 1: O gênero canção e aludicidade nas aulas de língua portuguesa projeto face   uma experiência nas escolas estaduais

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA Departamento de Educação- campus XIV

Colegiado de Letras com habilitação em Língua Portuguesa e Literaturas - Licenciatura

MAURA MOREIRA DA SILVA GÓES

O GÊNERO CANÇÃO E A LUDICIDADE NAS AULAS DE

LÍNGUA PORTUGUESA: PROJETO FACE - UMA EXPERIÊNCIA

NAS ESCOLAS ESTADUAIS

Conceição do Coité 2011

Page 2: O gênero canção e aludicidade nas aulas de língua portuguesa projeto face   uma experiência nas escolas estaduais

MAURA MOREIRA DA SILVA GÓES

O GÊNERO CANÇÃO E A LUDICIDADE NAS AULAS DE

LÍNGUA PORTUGUESA: PROJETO FACE - UMA EXPERIÊNCIA

NAS ESCOLAS ESTADUAIS

Monografia apresentada ao Departamento de Educação da

Universidade do Estado da Bahia (UNEB), curso de Letras

com Habilitação em Língua Portuguesa e Literatura-

Licenciatura como parte do processo avaliativo para

obtenção do grau de Licenciado em Letras.

Orientadora: Profa. Juréia Ferreira da Silva.

Conceição do Coité 2011

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TERMO DE APROVAÇÃO

MAURA MOREIRA DA SILVA GÓES

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção de grau de Licenciatura em Letras

com habilitação em Língua Portuguesa e Literaturas – Licenciatura, Departamento de

Educação, (DEDC) Campus XIV Conceição do Coité, Universidade do Estado da Bahia,

(UNEB), pela seguinte banca examinadora.

O GÊNERO CANÇÃO E A LUDICIDADE NAS AULAS DE LÍNGUA

PORTUGUESA: PROJETO FACE - UMA EXPERIÊNCIA NAS ESCOLAS

ESTADUAIS

----------------------------------------------------------------------------------

Professora Jureia Maria Ferreira da Silva

Universidade do Estado da Bahia

Orientadora

--------------------------------------------------------------------------------------

Examinadora (1)

--------------------------------------------------------------------------------------------

Examinadora (2)

Aprovado em------- / ----------2011

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AGRADECIMENTOS

A Deus, primeiramente, por ter me dado coragem, força e saúde para chegar até aqui.

Aos colegas de curso pelos momentos que compartilhamos.

À minha família, pelo apoio e paciência, em especial, as minhas filhas Maryelle, Rayssa e

meu esposo Roque, por terem contribuído de maneira gratificante durante essa jornada que

não foi fácil, porém significativa e desafiadora.

Ao meu cunhado Marcelo e a minha querida amiga Jusci pelo estímulo e por acreditarem que

eu era capaz, meu carinho e gratidão.

À minha orientadora Juréia Ferreira, educadora responsável, consciente, meu sincero obrigado

pelo apoio, confiança, dedicação, ajuda e paciência.

Aos professores da UNEB pelas sábias contribuições, necessárias para meu conhecimento

tanto pessoal quanto intelectual.

À minha mãe, que não teve oportunidade de estudar, porém nunca deixou de acreditar que o

estudo é o melhor caminho para um futuro promissor, valeu o incentivo e a força.

Aos professores e alunos envolvidos no projeto FACE por terem proporcionados momentos

de alegria e prazer - obrigado pela atenção!

Aos meus amigos e colegas de trabalho que contribuíram de alguma forma para enfrentar essa

jornada.

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"Sem a música, a vida seria um erro”.

(Friedrich Nietzsche)

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RESUMO

O presente trabalho traz como temática central “Música e o ensino de Língua

Materna”. Foi desenvolvido a partir de uma pesquisa de campo sobre o projeto Festival Anual

da Canção Estudantil (FACE), tendo como envolvidos: educadores e alunos do colégio

estadual Coronel José Leitão, situado no município de Santa Luz. O objetivo principal da

pesquisa é estudar a contribuição da música como recurso lúdico nas aulas de Língua

Portuguesa e analisar de que forma essa influencia na aprendizagem do aluno. Para tanto se

utilizou da abordagem qualitativa, coletando dados através da observação não- participante,

de questionário de entrevista, de análise documental e de pesquisa bibliográfica na busca de

elucidar melhor as questões abordadas. Todo o estudo foi fundamentado em concepções

teóricas embasadas nos autores: Penna (2010), Bakthin (1997), Marcuschi (2007), Loureiro

(2008), Luckesi (2004), entre outros. Os resultados revelam que o projeto FACE possibilita

abordagem significativa de leitura e escrita e através de um enfoque lúdico, proporciona uma

dinâmica prazerosa, pois envolve o aluno e incentiva a criação e a imaginação.

Palavras-chave: Música. Ludicidade. Leitura

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ABSTRACT

The present work brings as central theme "Music and the teaching of Mother Tongue.

„It was developed from a field research project on the annual Festival of Song Student

(FACE), as having involved: teachers and students of Coronel José Leitão state college,

located in Santa Luz. The main objective is to study the contribution of music as a

recreational resource in the classes of Portuguese Language and examine how this influences

student learning. For this we used a qualitative approach, collecting data through non-

participant observation, questionnaire interviews, document analysis and literature in search

of further elucidate the issues. The whole study was based on theoretical conceptions

grounded in the authors: Penna (2010), Bakhtin (1997), Marcuschi (2007), Loureiro (2008),

LuckesiI (2004), among others. The results reveal that the FACE project approach enables

significant reading and writing and through a playful approach, provides a dynamic pleasure,

because it involves the student and encourages the creation and imagination.

Key words: Song. Playfulness. Reading.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 08

CAPÍTULO 1– APORTE TEÓRICO

O gênero canção e a ludicidade nas aulas de Língua Portuguesa: projeto

FACE – uma experiência nas escolas estaduais .............................................. 10

1.1 O gênero canção e a poesia em destaque .................................................. 10

1.2 O valor da música e a ludicidade ............................................................. 15

1.3 Ensino de língua portuguesa: uma nova perspectiva ............................... 20

1.4 Projeto FACE: Uma experiência nas escolas estaduais da Bahia ............. 23

1.4.1 A dinâmica do projeto .............................................................................. 24

CAPÍTULO 2– APORTE METODOLÓGICO

2.1 A abordagem da pesquisa ........................................................................ 27

2.2 As técnicas de coleta de dados ................................................................ 28

2.3 O lócus e os sujeitos da pesquisa ............................................................ 29

CAPÍTULO 3– ANALISANDO, INTERPRETANDO E CONSIDERANDO

OS RESULTADOS............................................................................................. 31

3.1 O lúdico da música na dinâmica da aprendizagem .....................................31

3.2 O projeto FACE e uma nova perspectiva para as aulas de Língua

Portuguesa ...................................................................................................33

3.3 A música e a interação sociocultural: ponte para a aprendizagem

significativa de leitura e escrita .................................................... ............. 36

CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................39

REFERÊNCIAS 41

ANEXOS

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8

INTRODUÇÃO

A presente pesquisa intitulada “O gênero Canção e a Ludicidade nas Aulas de Língua

Portuguesa: Projeto FACE - uma Experiência nas Escolas Estaduais” nasce de uma

inquietação acerca do desinteresse dos alunos da Educação Básica pelas aulas de língua

materna cujo ensino mostra-se descontextualizado, apresentando uma teoria gramatical

inconsistente.

A música se faz presente em todos os lugares, na vida dos seres humanos na maioria

das vezes como prática de lazer e diversão provocando euforia, prazer e descontração. Nesse

contexto, assume importante papel na formação do indivíduo e a escola enquanto espaço

norteador do conhecimento precisa ressignificar o ensino, utilizando-se de metodologias

diferenciadas transformando o espaço escolar e um lugar agradável e instigante. Nesse

sentido, este estudo monográfico traz como objetivo geral analisar de que forma a música

contribui para o ensino de língua materna possibilitando o aluno ver as aulas com outros

olhos.

Em face do exposto têm-se as questões que nortearam o trabalho: Como o lúdico da

música dinamiza a aprendizagem? Que sentidos os sujeitos atribuem à música nas atividades

de leitura e escrita? De que forma a música pode contribuir para o ensino de Língua

Portuguesa significativo e prazeroso para o educando?

Dentre as hipóteses levantadas acerca do objeto de pesquisa, destacam-se: é provável

que as aulas de Língua Portuguesa com a música se tornem significativas e estimulantes para

o educando; que o trabalho com música pode desenvolver no aluno a oralidade e a

criatividade.

A fim de melhor discorrer sobre esta temática, foi necessária uma pesquisa

bibliográfica, buscando a fundamentação teórica nas idéias de alguns autores, entre eles

destacam-se: Penna (2010) traz a contribuição sobre o ensino da música na educação básica;

Bakthin (1997), sobre os gêneros dos discursos; Marcuschi (2007) conceitua gêneros textuais

apontando sua significância; Luckesi (2004), destaca a importância da ludicidade para a

formação do individuo; Geraldi (2002), aborda a importância do texto na sala de aula, Bastian

(2009), traz novas perspectivas para o ensino através da música; Loureiro (2008), discorre

sobre o sentido e o significado da educação musical.

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Assim, para a coleta e análise de dados, é apresentada a pesquisa de campo com

professores e alunos envolvidos no projeto Festival Anual da Canção Estudantil (FACE) no

Colégio Estadual Coronel José Leitão na cidade de Santa Luz. É importante ressaltar as

análises desenvolvidas através do projeto. O FACE - criado pela Secretaria de Educação do

Estado da Bahia para atender melhor aos alunos da Educação Básica. A pesquisa em questão

está orientada pela metodologia da pesquisa qualitativa e os dados coletados pelas técnicas de

observação não-participante e questionário para professores e alunos.

Portanto, este trabalho monográfico está subdividido em três capítulos, sendo o

primeiro intitulado: “O gênero Canção e a Ludicidade nas Aulas de Língua Portuguesa:

Projeto FACE- uma Experiência nas Escolas Estaduais” apresentando conceitos referentes

à temática sob diferentes olhares dos estudiosos. O segundo, aporte metodológico, descreve

todo o percurso até chegar aos resultados obtidos. O terceiro capítulo: a análise dos dados

argumenta-se sobre os fenômenos revelados, em consonância com as concepções teóricas que

fundamentam o estudo.

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CAPÍTULO 1- APORTE TEÓRICO

1 – O gênero canção e a ludicidade nas aulas de Língua Portuguesa: projeto FACE- uma

experiência nas escolas estaduais

Os problemas referentes ao ensino de Língua Portuguesa não são recentes. Muito se

tem perguntado por que os alunos não conseguem ler com proficiência. Observa-se que o

ensino de língua materna, apesar das mudanças que ocorreram ao longo dos anos, ainda é

centrado na gramática normativa, deixando de lado a criatividade e a expressão do aluno.

Essas evidências do fracasso escolar apontam a necessidade de reavaliar o ensino de língua

materna. Pensando nisso, o presente trabalho tem como pretensão discutir o gênero canção e

a ludicidade em sala de aula para o desenvolvimento das habilidades de leitura e de escrita, na

medida em que esses têm papel social importantíssimo na formação do ser humano.

1.1 O gênero canção e a poesia em destaque

[...] Em nosso dia a dia convivemos com a música, ligamos o som [...]; cantamos no

chuveiro; dançamos ao som de música [...] As manifestações musicais são extremamente

diversificadas (PENNA, 2010, p.19). Nota-se, que a criança já nasce em ambientes musicais

diversos, trabalhar música na escola é continuar o universo que ela vivencia fora do espaço

escolar.

Dessa forma, o gênero canção nas aulas de Língua Portuguesa é relevante uma vez

que, a música nesse segmento educacional possibilita o educando vivenciar momentos lúdicos

e prazerosos, além de desenvolver a linguagem oral e escrita.

Todas as atividades humanas estão relacionadas com a utilização da linguagem que

não são feitas apenas de palavras, mas de cores, gestos, formas etc. Para se tornarem

linguagem, tais elementos precisam obedecer a certas regras que lhe permitam entrar no jogo

da comunicação. Uma delas é que toda a manifestação da linguagem se dá por meio de textos.

O texto pode ser desde uma simples palavra até um conjunto de frases. O que o define não é

sua extensão, mas o fato de que ele é uma unidade de significação em relação à situação

(ORLANDI, 1996, p.159). Segundo esse autor, é a partir do texto oral ou escrito que o aluno

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entra em contato com o mundo e com a língua. Os quais surgem de acordo com as diferentes

atividades humanas e podem ser agrupados em gêneros textuais

Para falar do gênero canção que é o objeto de estudo desse trabalho, precisa-se

primeiro compreender e definir o que é gênero. Então, faz-se necessário uma abordagem a

partir de concepções de autores sobre o referido tema.

De acordo com os PCN (1998, p.21) todo texto se organiza dentro de um determinado

gênero em função das intenções comunicativas, como parte das condições de produção dos

discursos as quais geram usos sociais que os determinam. Sobre os gêneros textuais

Marcuschi (2007, p.19) vai dizer que: os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as

atividades comunicativas do dia-a-dia. São entidades sócio-discursivas e formas de ação

social incontornáveis em qualquer situação comunicativa. Partindo desse pressuposto pode-se

dizer que os gêneros textuais são modelos comunicativos que nos possibilitam gerar

expectativas e previsões para compreender um texto e, assim, interagir com o outro. Para

Maingueneau (2001, apud MARCUSCHI), [...] são chamados gêneros textuais “os textos

particulares, que tem organização textual, funções sociais, locutor e interlocutor definidos

[...]”.

Segundo os autores mencionados, conhecer um gênero não é apenas conhecer suas

características formais, mas, antes de tudo, entender a sua função e saber, desse modo

interagir, adequadamente. Assim sendo, vale ressaltar que essa interação só é possível através

da linguagem, pois a linguagem é um instrumento de comunicação indispensável entre os

indivíduos, pode ser feita por diversas manifestações lingüísticas, como a escrita, a oralidade,

os sons, os gestos, as expressões fisionômicas e outros nos diferentes tempos e espaços. Essas

manifestações lingüísticas constroem seus gêneros tendo em vista as suas finalidades, logo, os

gêneros determinam o enunciado que reflete as condições da esfera discursiva.

Toda esfera da atividade humana por mais variada que seja está sempre

relacionada com a utilização da língua que se efetua em forma de enunciados

orais e escritos, esses enunciados refletem as condições específicas e as

finalidades de cada uma dessas esferas, que são denominados gênero do

discurso (BAKTHIN, 1997, p. 290).

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De acordo com o pensamento bakthiniano, língua, enunciado e gênero do discurso, são

imprescindíveis para o funcionamento das entidades comunicativas por que cada situação

social dá origem a um gênero com características específicas, levando em consideração as

infinidades de situações comunicativas e que essas só são possíveis graças à utilização da

língua. Nesse contexto, nota-se que os gêneros são infinitos. A este respeito Bakthin (1997)

diz que:

Cada esfera conhece seus gêneros, apropriados à sua especificidade, aos

quais correspondem a determinados estilos. Uma dada função (cientifica,

técnica, oficial e cotidiana) e dadas condições especificas, para cada uma das

esferas da comunicação verbal geram um dado gênero, ou seja, um dado tipo

de enunciado, relativamente estável do ponto de vista temático,

composicional e estilístico (p. 284).

Esses três elementos que compõem o gênero citado por Bakthin (1997) relacionam-se

intrinsecamente na constituição do enunciado, levando em conta a relação com os

destinatários e o discurso do outro. O conteúdo temático estabelece o domínio de sentido de

um gênero, caracterizando-o como uma forma típica de apreensão do real. O estilo constitui-

se em uma relação dialógica, visto que é influenciado pelo discurso do outro seja com intuito

de reproduzi-lo ou de negá-lo. A forma composicional responde pela organização e

estruturação do gênero e funciona como uma forma que deve levar em consideração os

modelos da esfera comunicativa, além de permitir o reconhecimento do gênero levando em

conta as condições e a finalidade de cada campo da atividade humana.

A partir das considerações feitas, percebe-se que os gêneros surgem de acordo com

sua função na sociedade: seus conteúdos, seus estilos e suas formas estão sujeitos a essa

função. Os gêneros são, portanto, determinado historicamente, constituindo formas

relativamente estáveis de enunciados, disponíveis na cultura (PCN, 1998, p. 21). Para atender

as exigências da sociedade é importante trabalhar a linguagem e a leitura como forma de

inserção social.

Até a década de 1980 era possível focar um trabalho, com textos mais escolares e

literários. Com as novas tecnologias torna-se necessário uma variedade muito maior de

conhecimento de gêneros que se tinha naquela década, pois já não bastam as noções de tipo de

texto e gramática que tínhamos até então. Hoje é preciso ter conhecimento do gênero, ou seja,

formar os alunos para o uso da língua.

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Segundo Marcuschi (2005 apud DIONISIO, 2007) “é impossível se comunicar

verbalmente a não ser por algum gênero, assim como é impossível se comunicar verbalmente

a não ser por algum texto”. Para o autor a comunicação verbal só é possível por algum gênero

textual.

Percebe-se que a função desempenhada pela canção na sociedade leva-nos a dizer que

ela se manifesta de maneira artística e discursiva. Pertence aos gêneros privilegiados para a

prática da escuta e leitura de textos de linguagem oral e se insere na esfera literária de

comunicação. Esse gênero está presente no cotidiano da maioria dos indivíduos. Em sua

origem é toda poesia relacionada com a música e o canto. Segundo Costa (2002) a canção é:

[...] um gênero hibrido de caráter intersemiótico, pois é resultado da

conjugação de dois tipos de linguagens a verbal e a musical (ritmo e

melodia). [...] tais dimensões tem de ser pensadas juntas, sob pena de

confundirmos com outro gênero. Assim, a canção exige uma tripla

competência: a verbal, a musical e a lítero-musical [...]. (apud DIONISIO,

2007, p. 107).

De acordo com a definição de Costa (2002), o gênero canção é a junção de duas

linguagens verbal e musical e não pode ser desvinculado o texto da música. Para que a canção

seja executada é necessário o acompanhamento de uma melodia e a composição de uma letra,

que pode ser através de um texto poético já existente ou de um texto criado pelo compositor.

Partindo dessa perspectiva por apresentar um caráter intersemiótico o gênero canção oferece

possibilidades de lidar com universos textuais conhecidos além de garantir abordagens

interdisciplinares.

A materialidade da canção não se limita nos aspectos lingüísticos e discursivos, mas

está imbricado em seu conteúdo rítmico e melódico. Para o linguista e compositor Tatit (1996

apud COSTA), canção e poesia são elementos distintos e não pertence ao mesmo gênero,

podem até andarem juntas mais não são iguais. Uma letra de música pode conter elementos

poéticos como métrica, rima, mas tecnicamente não é um poema. Pode-se até musicar uma

poesia, mas é impossível fazer isto sem adaptações na letra. A poesia é livre enquanto a

música nasce com a melodia.

A relação entre música e poesia vem desde a antiguidade. De acordo com a tradição

nasceram juntas. Na cultura da Grécia Antiga poesia e música eram praticamente

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inseparáveis, a poesia era feita para ser cantada. Só na Idade Moderna com a invenção da

imprensa e com ela o avanço da escrita, houve a distinção entre esses dois gêneros que,

mesmo separados continuaram preservando traços daquela antiga união. A letra de canção,

apesar de possuir as suas peculiaridades, é um gênero muito próximo da poesia, existem

pessoas que não tocam instrumentos nem conhecem teoria musical, mas são capazes de

compor canções, o instrumento da canção é a palavra, o ritmo e a voz. Poesia e música

encontram-se também nas semelhanças entre os modos de estruturação de cada uma dessas

linguagens. Santaella (apud PENNA, 2002, p. 83).

Pensando por esse viés o gênero canção e a poesia no que tange a Língua Portuguesa

pode despertar no aluno o interesse pela leitura critica capaz de torná-los leitores competentes.

Mesmo alguns autores considerando a canção e a poesia como gêneros específicos, eles

podem ser fundamentais na sala de aula, não apenas para o desenvolvimento da produção de

texto, conhecimento de gênero e apreciação musical (letra e melodia), mas também, pelo fato

de despertar emoções e tornar os educandos mais sensíveis às questões do cotidiano. Paralelo

a isso sabe-se que a escrita, produzida na escola, não pode estar desconectada dos modos de

circulação social do texto, por que:

Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É

a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo

a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo

de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a

leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista. (LAJOLO

apud GERALDI, 1982, p. 59).

De acordo com a citação, é notório afirmar que o texto circula na sociedade com

diversas finalidades e para uma extensa variedade de leitores. É preciso levar em consideração

os modos de produção de texto para o espaço da sala de aula, de forma a capacitar os alunos

para sua formação de leitor e produtor textual. Se de fato os gêneros textuais formam o leitor

de modo a capacitá-lo nos reconhecimentos de práticas discursivas, cabe ao professor ser um

facilitador, um orientador no percurso discursivo textual. Por esse motivo é interessante

trabalhar o gênero canção e o gênero poético por perceber que a música faz parte da realidade

dos alunos, os textos de músicas traz temas diversificados, permitindo que formem opiniões e

reflita sobre os acontecimentos acerca da sociedade onde está inserido.

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1.2 O valor da música e a ludicidade

A música está presente em todas as culturas e nas mais diversas situações do dia a dia,

ela expressa sensações, sentimentos, é percebida em festas, comemorações religiosas,

manifestações cívicas, políticas entre outros. Pode-se dizer que antes mesmo de nascer o

indivíduo já entra em contato com a música, por meio das pulsões do coração da mãe.

Partindo desse pressuposto “a música é uma forma de arte que tem como material básico o

som” (PENNA, 2010, p.19). Nesse sentido, por ser uma atividade lúdica e provocar bem-

estar, a música pode contribuir para que os alunos interajam com o mundo e seus semelhantes,

experimente novas formas de aprendizagem, aliando experiências e vivências inovadoras,

expressando seus sentimentos e demonstrando a forma como percebem nossa sociedade.

Dada a sua importância e diversidade, educadores e parlamentares decidiram que todas

as escolas públicas e particulares do Brasil terão que acrescentar na grade curricular o ensino

de música. A lei nº 11.769/2008, publicada no Diário Oficial da União, trata da

obrigatoriedade da música na educação básica. Esta Lei altera a atual LDB nº 9.394/96 que,

portanto, continua vigente, acrescentando um novo parágrafo ao seu artigo 26, parágrafo este

que explicita ser a música um conteúdo obrigatório, mas não exclusivo. No entanto, o Artigo

3° da referida lei prevê um prazo de três anos letivos para que os sistemas de ensino se

adaptem à exigência, projetando a sua implantação, a princípio até agosto de 2011. Sobre a lei

Penna (2010) diz que:

[...] com ela abrem-se múltiplas possibilidades para a área de educação

musical, que se encontra em um momento histórico de transição, de extrema

importância quanto aos reais efeitos dessa determinação legal, em processo

de implantação. [...] (p.141).

Tomando como base a citação, para alguns educadores especialistas na área, o objetivo

não é formar músicos, mas oferecer uma formação integral para as crianças e juventude. Visto

que, a música é considerada a mais antiga forma de expressão, mais antiga do que a

linguagem ou a arte; começa com a voz e com a nossa necessidade preponderante de nos dar

os outros Menuhin e Davis (apud PENNA, 2010). Por ser uma linguagem cultural as pessoas

através da música expressam suas experiências ambientais e enriquecem seus conceitos

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espaciais. Sendo a escola um local na qual os alunos interagem uns com os outros de forma

integrada, é o lugar adequado para trabalhar esse gênero.

A canção seja pela sua melodia, harmonia, ritmo e sua mensagem textual ou

imagética, estimula a participação individual e coletiva. A linguagem musical funciona como

elo entre os mundos real e imaginário, esta forma de comunicação atinge, com maior

facilidade, os jovens de modo geral em particular os grupos.

Sendo assim, os adolescentes constituem grupos sociais que tem na música uma das

suas principais manifestações culturais e maneiras de representar suas conquistas e

pensamentos, pois, a música, de acordo com Ferreira (2005, p. 17) é, além da arte dos sons,

uma maneira de comunicação e interação entre as pessoas. Ela remonta os primórdios da

humanidade por outro lado, o próprio ato da comunicação verbal se manifesta por meio de

combinações sonoras. Ainda sobre a música Ferreira ressalta:

[...] assim como é uma linguagem universal também é uma linguagem por

meio da qual uma idéia é mais bem difundida ao longo dos tempos [...]. Com

a música é possível ainda despertar e desenvolver nos alunos sensibilidades

mais aguçadas na observação de questões próprias à disciplina alvo [...]. A

música é por razão, um tipo de expressão humana os mais ricos e universais

e também dos mais complexos e intricados. (FERREIRA, 2005, p. 9-13).

Nos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) do Ensino Médio – Linguagem,

Códigos e suas Tecnologias – é visível a relevância dada à prática de atividades dinâmicas,

que estimulam os alunos a se interessarem mais pela Língua Portuguesa “Cabe à escola

propiciar que o aluno participe de diversas situações de discurso, na fala ou na escrita, para

que tenha oportunidade de avaliar a adequação das variedades lingüísticas às circunstâncias

comunicativas” (PCN, p. 75).

Também os PCN (2000) deixam claro que a escola tem o dever de proporcionar ao

aluno habilidades e competências necessárias para que possa enfrentar o mundo como cidadão

participativo, reflexivo e autônomo, conhecedor dos seus direitos e deveres. Partindo dessas

reflexões, a música apresenta-se como fonte alternativa na elaboração dos conhecimentos,

bem como em sua comunicação. A arte musical em forma de canções, das quais podem-se

explorar textos descritivos, poéticos e narrativos, apresenta-se como estímulo e inspiração

para as aulas de língua materna e ameniza o tratamento dado a disciplina que é considerada

difícil. Nesse seguimento pode unir a emoção e a razão enriquecendo o processo ensino

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aprendizagem por meio de elementos culturais, artísticos e estéticos valorizando assim, os

conteúdos escolares. Nessa perspectiva é importante ressaltar que:

Em uma sociedade como a nossa, tenho observado que o lúdico é o

desejável, é o que vasa, pois o uso da linguagem por si mesma, ou seja, pelo

prazer atestado pela linguagem e não pelo psicológico entra em contraste

com o uso para as finalidades mais imediatas comprometidas com a idéia de

eficiência e resultados práticos. No lúdico, a informação e a comunicação

dão lugar à função poética e à fática. [...] (ORLANDI, 1996, p. 84).

Diante dessa afirmação, é fácil observar que a linguagem, principalmente textual da

qual a sociedade contemporânea se utiliza, pode ser potencializada por meio da utilização da

linguagem musical que serve a processos de ensino aprendizagem e a elaboração de

metodologias alternativas e importantes à educação. Nesse contexto a música pode e deve ser

utilizada em vários momentos do processo de ensino aprendizagem. Bastian (2009, p. 42) diz

que: “a prática da música e a educação musical pode estimular, [...] as capacidades cognitivas,

criativas, artísticas, sociais, emocionais e psicomotores”.

Devido a sua diversidade e importância no âmbito educacional, o termo ludicidade

tem despertado interesse de muitos educadores atualmente. “Considerando a polissemia em

torno do conceito de ludicidade pode-se destacar as suas acepções mais comuns: jogos,

brincadeiras, lazer, recriação etc.” (FAEPA, 1992, p. 17). Do ponto de vista sócio cultural o

lúdico não é exatamente uma dinâmica interna do indivíduo, mas atividades dotadas de

significados sócio-culturais. Segundo Santos (2001, p. 14) o lúdico é uma ciência nova que

precisa ser estudada e vivenciada no processo de aprendizagem.

De acordo com Luckesi (2004) a ludicidade se expande para além da idéia de lazer

restrito à experiência externa, ampliando a compreensão para um estado de consciência pleno

e experiência interna. Segundo o autor:

[...] quando estamos definindo ludicidade como um estado de consciência,

onde se dá uma experiência em estado de plenitude, não estamos falando, em

si das atividades objetivas que podem ser descritas sociológica e

culturalmente como atividade lúdica, como jogos ou coisa semelhante.

Estamos, sim, falando do estado interno do sujeito que vivencia a

experiência lúdica. Mesmo quando o sujeito está vivenciando essa

experiência com outros, a ludicidade é interna; a partilha e convivência

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18

poderão oferecer-lhe, e certamente oferecem sensações do prazer da

convivência, mas, ainda assim, essa sensação é interna de cada um, ainda

que o grupo possa harmonizar-se nessa sensação comum; porém, em última

instância, quem sente é o sujeito (LUCKESI, 2005, p. 6).

Para o autor a educação pela via da ludicidade, propõe uma nova postura existencial,

cujo paradigma é um novo sistema de aprender brincando inspirando numa concepção de

educação para além da instrução, pois leva o educando a tomar consciência de si, e da

realidade, esforçando-se na busca do conhecimento sem perder o prazer de aprender.

A palavra lúdico vem do latim ludus e significa brincar. Segundo Aurélio (2001), sua

definição é referente, ou que tem caráter de jogos, brinquedos e divertimentos. Para Huizinga

(2008, p.3) o jogo é o elemento da cultura humana, é mais do que um fenômeno fisiológico ou

reflexo psicológico. Ultrapassa os limites da atividade puramente física ou biológica. È uma

função significante, isto é encerra um determinado sentido. Assim como os jogos e as

brincadeiras ganharam importância em nossa sociedade é relevante dizer que o lúdico

também. A palavra lúdico no contexto atual evoluiu semanticamente, ela tem uma conotação

diferente, hoje é vista de forma mais abrangente, não se define apenas ao jogar, ao brincar,

vai, além disso, ou seja, acompanhou as pesquisas da psicomotricidade.

Para Vygostsky (1998), o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e as funções

psicológicas superiores são construídas ao longo dela, portanto o desenvolvimento do aspecto

lúdico facilita nos processos de socialização, comunicação, expressão e construção do

conhecimento.

Conforme o autor Kishimoto (1999) a formação lúdica possibilita ao educador

conhecer-se como pessoa, saber de suas possibilidades, desbloquearem resistência e ter uma

visão clara sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, do jovem e do

adulto. Santos (2001, p. 13) também reforça que algumas experiências têm mostrado sua

validade e não são poucos os educadores que têm afirmado ser a ludicidade a alavanca da

educação para o terceiro milênio. Essa formação lúdica estimula a criatividade e o cultivo da

sensibilidade, por que:

[...] O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o

desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde

mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de

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19

socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento.

(SANTOS, 1997, p. 12).

De acordo com a abordagem dos autores supramencionados sobre a temática, as

atividades lúdicas permitem a representação dos fatos, possibilitando a liberação da

imaginação e a presença da espontaneidade como também o desenvolvimento normal e sadio

do ser humano. Uma aula pra ser lúdica não precisa ter jogos ou brinquedos, toda aula é

considerada lúdica na medida em que o professor e estudantes se encontrem prazerosamente

integrados e focalizados no conteúdo que se tem a trabalhar. “Uma prática educativa lúdica

possibilitará a cada um de nós e a nossos educandos aprendermos a viver mais criativamente,

por isso mesmo, de forma mais saudável” (LUCKESI, 2004, p. 20).

Considerando as informações acima, é importante frisar que os jogos e as brincadeiras

permitem compreender como a criança vê e constrói o mundo. As grandes atividades

arquetípicas da sociedade humana são, desde início, inteiramente marcadas pelo o jogo.

(HUIZINGA, 2008, p. 7). Dessa forma, a função do jogo no processo sócio- educativo

consiste, portanto, em potencializar a construção de estratégias a fim de que a criança aprenda

a dominar e conhecer o seu próprio corpo e as suas funções, a orientar-se no espaço e no

tempo, a manipular e a construir os papéis necessários para as futuras etapas de sua vida.

O lúdico apresenta dois elementos que o caracterizam: o prazer e o esforço

espontâneo. Ele é considerado prazeroso, devido a sua capacidade de absorver o indivíduo de

forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. É este aspecto de envolvimento

emocional que o torna uma atividade com forte teor motivacional, capaz de gerar um estado

de vibração e euforia.

Como já foi citado anteriormente a música sendo um conjunto de sons com ritmo,

harmonia e melodia, é percebida por cada um de acordo com a sua história de vida, além de

fazer muito bem ao indivíduo, isoladamente, ela é, ao mesmo tempo, um forte elemento de

integração, de sociabilidade de compartilhar emoção. Por considerar o lúdico não como

método de ensino, mas como abordagem norteadora da prática docente, um facilitador do

processo ensino aprendizagem da Língua Portuguesa, pode-se afirmar que a ludicidade e o

gênero textual música possibilitam contextos favoráveis para que as aulas de língua materna

sejam prazerosas, dinâmicas e significativas para o aluno.

Page 21: O gênero canção e aludicidade nas aulas de língua portuguesa projeto face   uma experiência nas escolas estaduais

20

1.3 Ensino de Língua Portuguesa: uma nova perspectiva

Na sociedade atual são exigidos de cada indivíduo conhecimentos e habilidades que

permitam a ele interpretar e analisar, de maneira crítica, a crescente quantidade de

informações veiculadas no meio midiático, que chegam com velocidades cada vez maiores.

Aliado a isso, temos testemunhado nos últimos anos um intenso desenvolvimento

tecnológico, cujos reflexos são percebidos cada vez mais em nossa sociedade. Nesse contexto

conhecer e usar bem a língua materna faz-se necessário para que o cidadão participe

ativamente do mundo no qual está inserido.

O domínio da língua oral e escrita é fundamental para a participação social efetiva,

pois é por meio dela que o homem se comunica tem acesso à informação, expressa e defende

pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimentos (PCN, 1995, p.

15). Para seguir essa nova orientação é preciso ressignificar o ensino, utilizando metodologias

diferenciadas e inovadoras proporcionando assim maior interesse ao educando em aprender.

Até o século XIX, o ensino de Língua Portuguesa no Brasil esteve voltado para

tradição gramatical pautado na homogeneidade padronizada. A escrita era vista como uma

habilidade motora que requeria prática mecânica. Passada a alfabetização os alunos deveriam

aprender regras gramaticais. Esse ensino perpetuou por muito tempo, só a partir de 1980 com

as pesquisas psicogenéticas e didáticas e a concepção interacionista da linguagem é que o

ensino de língua materna começa a se modificar. Essas pesquisas contribuíram para a reflexão

e nova reformulação dessa disciplina. Depois da reformulação da LDB (Lei de Diretrizes e

Bases) a escola optou por uma nova perspectiva de ensino. Sair de um ensino

descontextualizado centrado na teoria gramatical para um ensino onde a leitura e a produção

textual estejam articuladas com a prática de reflexão sobre a linguagem. Dessa forma:

[...] o texto deixa de ser entendido como uma estrutura acabada, passando a

ser abordado no próprio processo de planejamento, verbalização e

construção. Mais que um aglomerado de frases, um texto é uma totalidade

em que tudo está relacionado, na qual estão concentradas as atividades

verbais de um individuo, certamente imbuído, antes de qualquer coisa, de

um objetivo social: dizer alguma coisa a alguém.( Koch, 2000, p. 21)

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21

Corroborando com Koch o texto nesse sentido, passa a ser considerado o próprio lugar

de interação e os interlocutores, como sujeitos ativos que dialogicamente nele se constroem e

são construídos, por isso a linguagem não deve ser presa a regras e sim flexível e mutável,

para que possa ser entendida não apenas como expressão do pensamento, mas também como

um instrumento de comunicação, envolvendo um interlocutor e uma mensagem que precisa

ser compreendida. Sendo assim, o aluno passa a ser visto como sujeito ativo e atuante, em vez

de ser passivo no momento da leitura e da escrita.

Segundo Luft (1985), o ensino de Língua Portuguesa é fundamental para a formação

do individuo, mas precisa ser revisto, pois ao ensinar regras gramaticais a maior parte dos

professores ignora a língua falada pelo aluno, e a implicação disto é que a língua objeto de

estudo fica distante demais da prática efetiva, e por não haver aproximação, não há

aprendizado. A fala pode ser um material bastante rico por ser elemento da linguagem verbal,

da qual fazemos uso em nosso cotidiano [...]. (PENNA 2010, p. 206). A forma como o

professor apresenta os conteúdos, bem como sua atitude em relação aos usos da língua são os

fatores que farão o ensino da gramática significativo. Sobre o ensino de gramática Bagno diz

que:

A gramática deve conter uma boa quantidade de atividades de pesquisa, que

possibilitem ao aluno a produção de seu próprio conhecimento lingüístico,

como uma arma eficaz contra a reprodução irrefletida e acrítica da doutrina

gramatical normativa. (BAGNO, 2000, p. 87)

Para Bagno, não é com a teoria gramatical que o ensino concretizará o seu objetivo,

pois isto leva os estudantes ao desinteresse pelo estudo da língua, por não terem condições de

entender o conteúdo ministrado em sala de aula, resultando assim frustrações, reprovações e

recriminações que iniciam pela própria escola, além do preconceito lingüístico.

De acordo com as considerações feitas, é importante ressaltar que o objetivo do novo

ensino de Língua Portuguesa não é excluir a gramática, muito pelo contrário, ela será um

suporte da comunicação escrita. Entretanto, não deve ocorrer apenas para proteger ou

conservar a composição da língua, mas para auxiliar o usuário e falante no conhecimento de

sua própria língua materna, possibilitando-lhe as características essenciais que pertencem à

sua cultura. Para Silva (1997) o ato de ler precisa ser entendido, então, como processo de

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22

construir significado a partir do texto, o que se torna possível pela interação entre os

elementos textuais e o conhecimento do leitor.

Como foi ressaltado anteriormente, embora seja um usuário competente da língua

materna, o aluno muitas vezes se vê diante de determinadas situações de comunicação que são

necessários conhecimentos lingüísticos formalizados. No momento de produzir textos orais e

escritos é fundamental que dominem esses conhecimentos, para que monitorem e revisem sua

própria fala e escrita, conferindo-lhe clareza, adequação, coerência e coesão. Por essa razão é

importante que os alunos aprendam como a língua está estruturada e de que modo ela pode ser

utilizada nas diferentes situações comunicativas.

Em 1997, foram publicados pelo governo federal os PCN para a educação básica e

Ensino Médio, defendendo às práticas sociais (interação) da linguagem no ensino de língua

materna. Privilegiam trabalhos com os gêneros, por achar que a pratica de ensino por meio

dos gêneros textuais se mostra uma importante ferramenta para a construção de

conhecimentos relativos às manifestações reais da linguagem. A fim de que a ideia defendida

nos PCN seja aplicada, é necessário que o foco de ensino saia das regras pré-estabelecidas

para se basear na análise de textos, visando à compreensão e produção.

Pensando nessa nova proposta de ensino abordada pelos PCN, as escolas públicas

estaduais da Bahia estão criando projetos a fim de atender alunos do Ensino Fundamental II e

Ensino Médio. Para a Secretaria de Educação, esses projetos têm como finalidade tornar o

ensino significativo e dinâmico, e assim melhorar a educação dos estudantes em termos de

desenvolvimento da linguagem e postura crítica a fim de diminuir a desigualdade social no

contexto educacional e consequentemente fora dele.

Pelas discussões feitas até o momento, fica evidente que os seres humanos em todas

as fases da vida estão sempre descobrindo coisas novas, no convívio com seus semelhantes e

no contexto onde está inserido. Educar na sociedade atual é facilitar no sentido de fazer com

que a verdadeira aprendizagem se torne prazerosa e significativa, que os alunos compreendam

o real sentido da língua materna e sua importância para o desenvolvimento pessoal e social.

Para Bastian (2009) a educação,

[...] pela e para música seria o meio adequado para aprimorar eficazmente a

socialização individual dos alunos, o clima social na escola e a chamada

capacidade de empatia. Empatia? Dito de maneira breve, a capacidade de

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23

projetar seus pensamentos em outras pessoas e, dessa forma, compreender e

eventualmente partilhar seus pensamentos, sentimentos e experiências. (p.

60)

De acordo com a concepção do autor, é importante frisar que nesse novo ciclo de

criação e recriação do ensino de língua materna, o gênero canção, será importante aliado na

construção de saberes, de novos conceitos e praticas educacional. Sabe-se, que o lúdico quase

sempre é posto de lado, os conteúdos são transmitidos por meio de livros didáticos ou textos

impressos. Portanto, a música assume um papel diferenciado, transmitindo conhecimentos

específicos estudados, voltados para o desenvolvimento de habilidades motoras,

memorização, concentração, ou seja, é uma prática que auxilia no desenvolvimento do aluno,

tanto no espaço escolar quanto em sociedade

1.4 Projeto FACE: uma experiência nas escolas estaduais da Bahia

Uma das funções da escola no mundo globalizado é preparar o educando par a vida,

para o futuro e para o exercício da cidadania. Pensando nisso, a Secretaria de Educação do

Estado da Bahia busca uma nova configuração para a construção da educação de modo a

contemplar o direito a uma escola pública de qualidade, a partir de princípios que relacionem

a educação à diversidade cultural. Nesta perspectiva, o projeto Festival Anual da Canção

Estudantil (FACE) possui um caráter educativo, artístico e cultural, concebido para ser

desenvolvido no contexto das unidades escolares estaduais (REVISTA VIVA, 2009, p.36)

O projeto tem como objetivo fomentar o desenvolvimento da arte no contexto escolar,

valorizar as expressões culturais regionais e contribuir para transformação da escola em um

ambiente prazeroso para a juventude. Além de desenvolver a produção musical e outras

linguagens artísticas nos contextos escolares, rompendo dessa forma com a rigidez do modelo

de ensino e de aprendizagem ainda presente na educação. Segundo Penna 2010 a música é...

[...] uma linguagem artística, estruturada e organizada e caracteriza-se como

meio de expressão e comunicação. Meio de expressão por objetivar e dar

forma a uma vivência humana, e de comunicação por revelar essa

experiência pessoal de modo que possa alcançar o outro e ser compartilhada

[...] (PENNA, 2010, p.30).

Page 25: O gênero canção e aludicidade nas aulas de língua portuguesa projeto face   uma experiência nas escolas estaduais

24

A partir desta constatação, a intenção da Secretaria de Educação não é apresentar a

música apenas como experiência estética, mas também como facilitadora do processo de

aprendizagem, como instrumento para tornar a escola um lugar mais alegre e receptivo, e

também ampliar o conhecimento musical do aluno. E por acreditar que a música é um bem

cultural, seu conhecimento facilita a integração entre o professor /aluno e aluno/ aluno.

1.4.1 A Dinâmica do projeto

O projeto é destinado a estudantes de 6º ao 9° ano do Ensino Fundamental, e do ensino

médio, assim como alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Os professores

envolvidos atuam na área de Língua Portuguesa, Literatura, Artes e disciplinas afins. O

Projeto teve início em 2008, com a participação de aproximadamente 1000 escolas, que

fizeram os minifestivais, onde foram produzidas cerca de dez (10) mil canções. As canções

são criadas em torno de temas transversais como: educação, amor, sociedade, meio ambiente

e outros. As composições são carregadas de ironia e crítica, o que denota uma reflexibilidade

apurada em torno de seu meio. Para a Secretaria de Educação,

Um festival como o FACE mais que proporcionar a projeção de

individualidades e habilidades musicais, revela o jeito de pensar e ser jovem

nos dias de hoje. Dessa forma, quanto maior a riqueza de estímulos que o

aluno recebe melhor será seu desenvolvimento cultural (REVISTA VIVA,

2009 p.44).

De acordo com o que foi abordado, a escola está dando oportunidade para que o

aluno mostre sua criatividade diante de temas diversificados. Fica explícito que a música,

nesse sentido, é concebida como um universo que conjuga expressão de sentimentos, ideias,

valores culturais e facilita a comunicação do indivíduo consigo mesmo e com o meio em que

vive. Pode-se dizer que oportuniza a convivência com os diferentes gêneros, permitindo um

ambiente cultural ativo nas escolas, envolvendo os estudantes num clima de participação e de

alegria.

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25

O Projeto acontece em três etapas, cada uma com suas especificidades. Na primeira

etapa, o minifestival é realizado nas escolas. No primeiro momento, acontece a sensibilização

para estimular o grupo a demonstrar de que forma vivencia a música, seja imitando um cantor

ou simplesmente ouvindo. O objetivo é criar uma primeira impressão, um diagnóstico de

teste, para ter noção do perfil do grupo.

Nessa etapa, é criado um mapa do aluno seguindo alguns aspectos: idade, série, onde

mora, relações externas, coisas que gostam de fazer, que música gosta de ouvir, que cantor

mais gosta. Esse é um momento para o educador captar as características do grupo e estar

atento à realidade que circunda os educandos e suas relações externas.

No segundo momento, acontecem as produções e oficinas onde são trabalhados momentos de

relaxamento, concentração, respiração, ritmo, melodia e repertório. As canções são

produzidas nas salas de aula com acompanhamento dos professores. No minifestival são

selecionados três alunos, sendo que o primeiro colocado se inscreve para o certame regional,

ou seja, para a segunda fase do concurso realizado pelas DIREC, onde são selecionadas 15

canções para a etapa final.

Na terceira etapa, é realizado o final do concurso, na concha Acústica do TCA (Teatro

Castro Alves) em Salvador, onde os pré-selecionados passam por uma bateria de ensaios,

preparam a voz e o corpo, participam de dinâmicas para melhorar a atuação no palco e

recebem ajuda de profissionais para produzir novos arranjos e manterem a afinação.

É importante ressaltar que as experiências vividas pelos finalistas possibilitam a

descoberta de talentos, além de proporcionar a oportunidade do educando conhecer-se e

conhecer outros sujeitos das mais distantes rincões do estado da Bahia, fica evidente pelo

exposto que as atividades lúdicas constituem-se em um fator preponderante no

desenvolvimento do ser humano seja pessoal ou social. A cerca dessa questão, Barreto enfoca

que:

O cotidiano pedagógico pautado no uso de atividades lúdicas parece reluzir

beleza e a alegria. Através dessa prática, se valoriza a criatividade, a

sensibilidade, a efetividade, se alimenta a alma e o espírito, dá-se movimento

aos órgãos físicos, utiliza-se a ação, o pensamento, a linguagem e o sentir.

Possibilita ao educador e aos próprios educandos conhecer-se como pessoa

saber identificar suas facilidades e dificuldades, as qualidades do seu ser e as

faculdades que precisam ser despertas (2005, p.8)

Page 27: O gênero canção e aludicidade nas aulas de língua portuguesa projeto face   uma experiência nas escolas estaduais

26

O conhecimento artístico abre perspectivas para que o aluno tenha uma compreensão

do mundo no qual a dimensão poética esteja presente, seja no espaço escolar ou fora dele.

Quanto maior a riqueza de estímulos que o aluno recebe melhor será seu desenvolvimento

cultural. Pensando nisso, a presença da leitura deve ser frequente no âmbito escolar rompendo

com os modelos cristalizados de educação.

Nos próximos capítulos serão apresentados o aporte metodológico e a análise da

pesquisa envolvendo professores e alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio

revelarão ou não se a música contribui para o ensino de língua materna.

Page 28: O gênero canção e aludicidade nas aulas de língua portuguesa projeto face   uma experiência nas escolas estaduais

27

CAPÍTULO 2 - APORTE METODOLÓGICO

Todos os indivíduos possuem conhecimentos que lhes habilitam realizar tarefas

cotidianas, entretanto esses conhecimentos trazem informações sem explicações profundas e

organização sistemática, pode ser considerada um conhecimento informal, ou seja, de senso-

comum, uma vez que a cientificidade está intimamente relacionada com a organização

metodológica e a criticidade dos fatos e fenômenos.

Partindo desses pressupostos convém ressaltar que, o conhecimento cientifico “é

transmitido por intermédio de tratamento apropriado, sendo um conhecimento obtido de modo

racional, conduzido por meio de procedimentos (LAKATOS, 2003, p.75). Desse modo, a

pesquisa cientifica possibilita através do uso corrente de procedimentos de cunho científico, a

descoberta de possíveis soluções e respostas para determinado problema.

2.1 A abordagem da pesquisa

O ato de pesquisar requer antes de tudo a escolha de uma temática, e esta advêm do

desejo de responder as inquietudes de uma determinada realidade. No intuito de investigar,

de que forma a música influencia no ensino aprendizagem de Língua Portuguesa, o referente

estudo, teve como base a pesquisa qualitativa por considerar a mais adequada e por exigir do

pesquisador reflexão pessoal, e ao mesmo tempo delinear as metas a serem alcançadas. Nesta

pesquisa, o investigador tem a possibilidade de se envolver de tal forma que o objeto a ser

investigado passa a fazer parte de sua vida (SEVERINO, 2002).

A pesquisa qualitativa é caracterizada pela compreensão detalhada dos significados e

características situacionais apresentados pelos os entrevistados, ela se difere da quantitativa

por que não emprega análises estatísticas como base para identificar um problema, seu

objetivo não é numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas (RICHARDSON, 1999,

p.90). Percebe-se que a pesquisa qualitativa descrê e analisa todo o processo envolvido no

fenômeno que está sendo investigado, o que se confirma a importância desse tipo de pesquisa

para o âmbito educacional. Nota-se que, esse tipo de pesquisa trabalha com o universo plural

de crenças e de valores focalizada na realidade de forma contextualizada. Para a sua

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28

significação precisa ser interpretada pelo pesquisador, que é influenciado ao mesmo tempo,

pelos textos lidos e pelos valores e crenças que possuem.

Todos esses encaminhamentos utilizados foram necessários para se chegar aos

objetivos propostos. É importante destacar, que esse período foi interessante e desafiador, a

convivência com os autores da pesquisa e o respaldo teórico adquirido com a realidade

vivenciada, tornou o trabalho satisfatório e significativo, tanto para o investigador quanto para

os investigados. Assim sendo, a fonte de dados foi obtida através de pesquisas bibliográficas,

análise documental, observação não-participante, para melhor elucidar a temática em questão.

2.2 As técnicas de coleta de dados

Com o intrínseco objetivo de refletir sobre a importância da música no ensino de

língua materna, essa fase da pesquisa remete-se respectivamente a sintetização dos dados

coletados em consonância com conhecimentos já obtidos sobre o assunto em questão. A

pesquisa foi realizada por etapas da seguinte forma.

Na primeira etapa, foi feito o levantamento bibliográfico e documental, que

possibilitou fundamentar teoricamente o referido estudo. “A pesquisa bibliográfica tem como

principio básico conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se realizaram

sobre determinado assunto ou fenômeno‟‟ (NETTO, 2006, p.14). Dessa forma, esta pesquisa

se fez da observação não-participante, uma vez que, essa possibilita uma maior interação entre

observador e observados. Para (HAGUETTE, 2001, p.74), essa concepção envolve o

pressuposto de que a sociedade é construída a partir do processo interativo de indivíduos e

grupos e agem em função dos sentidos que o seu mundo circundante representa para eles.

Na segunda etapa, o instrumento de coleta de dados dos sujeitos selecionados para a

pesquisa se deu através do questionário, onde continha perguntas abertas e fechadas sobre o

referido tema, com o propósito de facilitar as interpretações dos dados. Essas questões foram

elaboradas para os professores e alunos envolvidos no projeto FACE. Algumas questões foram

elaboradas no intuito de conhecer melhor o projeto, as demais enfocam a questão da importância da

música para atingir as habilidades da leitura e da escrita.

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29

Na terceira etapa, foi feita a coleta de dados através de pesquisas bibliográficas,

análise documental, observação não-participante, onde se buscaram informações relevantes e

necessárias para responder as perguntas e confirmar ou não as hipóteses traçadas.

Todos esses encaminhamentos utilizados foram necessários para se chegar aos

objetivos propostos. É importante destacar, que esse período foi interessante e desafiador, a

convivência com os sujeitos da pesquisa e o respaldo teórico adquirido com a realidade

vivenciada, tornou o trabalho satisfatório e significativo, tanto para o investigador quanto para

os investigados.

2.3 O lócus e os sujeitos da pesquisa

O lócus de estudo escolhido para realização desta pesquisa foi o Colégio Estadual

Coronel José Leitão, localizado na zona urbana no município de Santa Luz/BA, na rua D.

Pedro II - Centro. O colégio funciona nos três turnos e atende alunos da zona rural e urbana.

Possui as seguintes modalidades de ensino: Ensino Fundamental I, II, Ensino Médio e

Educação de Jovens e Adultos (EJA). É o único colégio público da sede do município que

possui Ensino Médio.

Esse espaço escolar possui uma clientela de 2.371 educandos, seu corpo docente é

composto por 59 professores a maioria com graduação e pós-graduação. A unidade de ensino,

é administrada por um diretor e três vice-diretores, possui três coordenadores pedagógicos

bem como, seu corpo de apoio são formados por 20 funcionários efetivos, outros trabalham

com o REDA. A instituição foi escolhida para o desenvolvimento da pesquisa, por trabalhar

com o projeto desde quando foi implantado pela Secretaria do Estado da Bahia.

Foram investigados seis (6) educadores que atuam no Ensino Fundamental II e Ensino

Médio das respectivas áreas: Língua Portuguesa, Redação, Literatura, Inglês e Matemática. É

importante destacar que os professores envolvidos possuem nível superior e pós-graduação.

Três desses professores trabalham em outras escolas do município e todos os envolvidos têm

experiência na sala de aula e a atuação varia de cinco a vinte anos.

Para os alunos envolvidos foram feitas também perguntas semelhantes às dos

professores, com o objetivo de comparar as respectivas respostas. Foram dez alunos

investigados, dois ( 2 ) alunos do turno matutino (1° ano), três ( 3 ) alunos do turno vespertino

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(9° ano) e cinco ( 5 ) alunos do turno noturno (2° e 3º ano – Ensino Médio). Eles possuem

faixa etária que varia entre quartoze e dezenove anos, alguns são oriundos da zona rural e

outros da zona urbana.

A partir dos dados coletados, através da abordagem da pesquisa e das técnicas

inerentes a essa, o capítulo seguinte apresentará a análise da problemática que inquieta a

autora da pesquisa.

Nos anexos, além do questionário de entrevista, constarão as canções dos alunos-

compositores que participaram da pesquisa e às outras que estão relacionadas. Para ilustrar,

confere algumas fotografias do minifestival realizado na escola Estadual Coronel José Leitão-

Santa Luz/BA.

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31

CAPÍTULO 3 - ANALISANDO, INTERPRETANDO E CONSIDERANDO OS

RESULTADOS

O presente capítulo tem a pretensão de analisar as respostas obtidas através do

questionário aplicado, comparando-as com as observações registradas no decorrer da

pesquisa.

Partindo desta perspectiva, o presente trabalho será dividido em categorias de análises

que permitirá melhor apreensão do objeto de estudo por parte dos sujeitos envolvidos no

Projeto FACE. Na busca de melhor apresentar e compreender os dados optou-se por

referenciar-se aos pesquisados da seguinte forma: E1, E2, E3, E4 – Educadores; AP1, AP2,

AP3 - Alunos Participantes.

Seguem as categorias:

3.1 O lúdico da música na dinâmica da aprendizagem

Atualmente, as atividades lúdicas têm ganhado reconhecimento e destaque no âmbito

educacional. O lúdico se constitui em um elemento fundamental no processo de aprendizagem

e no desenvolvimento afetivo e cognitivo do ser humano. Segundo Luckesi (1998), o que

caracteriza uma atividade lúdica é,

[...] a plenitude da experiência que ela propicia a quem pratica. É uma

atividade onde o sujeito entrega-se a experiência sem restrições, de qualquer

tipo, especialmente as mentais, que, usualmente tem por base juízos

preconcebidos sobre as coisas e práticas humanas (p.28).

Falar de ludicidade é falar de sentimentos, amor, imaginação, criatividade. É a

interação entre o corpo e a emoção. Pode ser manifestada de forma individual ou coletiva,

provocando alegria e espontaneidade entre os indivíduos. A música por ser um recurso lúdico,

pode ser um importante aliado entre professor e aluno, aparece nas escolas como alternativa

dinâmica, ou seja, é uma forma de despertar e motivá-los para o ensino de Língua Portuguesa no que

tange a leitura e a escrita. O ensino através da música no contexto escolar, busca alargar horizontes

que vão além dos conteúdos programados.

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32

A música é uma arte bela, que tem o poder de aproximar as pessoas e

despertar sentimentos: amor, solidariedade, companheirismo entre outros,

tornando as aulas e a escola interessante. É uma maneira divertida de

aprender. Depois que tive contato com a música me sinto estimulado para

escrever meus textos, comecei também me interessar mais pelas aulas (AP1).

As atividades lúdicas provocam prazer, motiva e estimula a criatividade, é

como se coloríssemos uma página cheia de letras, de encanto, de vida, como

se ler um simples texto transformasse o mundo para melhor (E1).

Quem tem idéias, sentimentos e até mesmo revoltas, procura meios de se

expressar. A música é o melhor desses meios (AP2).

Na fala dos entrevistados se reconhece os benefícios das atividades lúdicas, nesse sentido: “A

música é, primeiramente, um espaço livre e um campo experimental para a fantasia estético-

musical e sociomusical” (BASTIAN, 2010, p.47). Por isso, é importante aproveitar esta arte,

para o aperfeiçoamento das abordagens da prática pedagógica, de forma contextualizada,

visando suprir a necessidade em que se encontra o ensino de língua materna na escola pública,

tentando levar motivação e interesse para a sala de aula, além de desenvolver habilidades

como atenção, concentração e participação maior pelos conteúdos trabalhados. De acordo

com os PCN (1998):

O conhecimento da arte abre perspectivas para que o aluno tenha uma

compreensão do mundo na qual a dimensão poética esteja presente: a arte

ensina que nossas experiências geram um movimento de transformação

permanente, que é preciso reordenar referências a cada momento, ser

flexível. Isso significa que criar e conhecer são indissociáveis e a

flexibilidade é condição fundamental para aprender (p.133).

Seguindo essa linha de raciocínio, as atividades lúdicas devem ser percebidas como

um instrumento indispensável ao relacionamento entre educando e educadores, bem como no

estímulo ao pensamento artístico. Independente da capacidade de criar, resolver problemas, as

oficinas do Projeto FACE desperta o potencial de criador e melhora consideravelmente o

ensino-aprendizagem. Segundo Almeida (1998), a educação lúdica na formação global do

indivíduo, pode vir a favorecer relações reflexivas, criadoras, inteligentes e socializadora,

tornando o ato de educar compromisso consciente, permeado pelo prazer e pela satisfação

individual. Nesse contexto, as atividades lúdicas entram em cena como um recurso útil que

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33

auxiliará o professor a interagir com o aluno, permitindo assim, uma reflexão sobre a

aprendizagem significativa cujo aluno vê sentido em produzir um texto que será apreciado por

um público ouvinte.Por isso, a música não pode estar dissociada das práticas pedagógicas do

cotidiano escolar. Ela passa uma mensagem positiva e revela “a forma de vida mais nobre, a

qual, a humanidade almeja, ela demonstra emoção, não ocorrendo apenas no inconsciente,

mas tomando conta das pessoas, envolvendo-as” [...] (FARIA, 2001, p. 04). Comungando

com as ideias de Faria, sobre esta questão Loureiro diz que:

A música no currículo escolar, valendo-se do espírito criativo e

emancipador, busca ensinar os alunos a serem construtores ativos de um

conhecimento crítico e transferível para outras situações e problemas, indo

além do conhecimento artístico, ajudando-os a interpretar, a agir no mundo

em que vivem , tornando-o cada vez mais belo. Os alunos podem criar e

transformar o conhecimento, pensando em melhorar sua qualidade de vida,

hoje e no futuro (2010, p.156).

No trecho acima o autor nos leva a compreender o valor único que a música

desenvolve no individuo, os professores mesmo não tendo conhecimentos específicos em

relação à música descobre por meio da linguagem musical novas maneiras, até então

desconhecidas, para ensinar. Por isso, a música assume um papel diferenciado, transmitindo

conhecimentos e habilidades para lidar com situações da escola e da sociedade.

3.2 O projeto FACE e uma nova perspectiva para as aulas de Língua Portuguesa

Pensar em educação é pensar no ser humano, nas suas relações vivenciadas, no

contexto onde está inserido. As aulas de Língua Portuguesa infelizmente, ainda são

ministradas através de metodologias inconsistentes, os livros didáticos, por exemplo, não

condizem com a realidade do aluno provocando, assim, distanciamento e desinteresse pela

escola. Nesse sentido, é necessário proporcionar a criação de ambientes favoráveis para que o

aluno não seja excluído nem inferiorizado e, que as oportunidades sejam iguais para todos,

motivando-os, dessa forma, para uma aprendizagem contextualizada e desafiadora. Diante do

mencionado, alunos e professores quando questionados sobre a importância do projeto FACE

para o ensino de língua materna apresentaram as seguintes respostas:

Page 35: O gênero canção e aludicidade nas aulas de língua portuguesa projeto face   uma experiência nas escolas estaduais

34

A Língua Portuguesa é um tanto complexa, a prática de atividades lúdicas

envolve o aluno e incentiva a criação e a imaginação, tornando as aulas mais

significativas e prazerosas. O projeto propicia a interação entre escola e

comunidade, estimulando o aluno para o desenvolvimento de suas

potencialidades (E2).

O projeto além de despertar no aluno o interesse para as temáticas sociais

voltadas para a sua realidade estende a aprendizagem para um nível além da

sala de aula. Despertando assim, o interesse do aluno pela escola e ao mesmo

tempo resgatando aqueles que se sentiam excluídos (E3).

Os sujeitos revelam: o ensino através do projeto FACE deixa de ser simples ato de

memorização, o professor atua como orientador e estimulador de todos os processos que

levam os alunos a construírem seus conceitos, valores, atitudes e habilidades. Percebe-se, que

o projeto gera situações de aprendizagens ao mesmo tempo reais e diversificadas. Possibilita,

assim, que “os educandos construam sua autonomia e compromisso com o social formando-se

sujeitos culturais” (LEITE, 1996, p.28). Nesse enfoque, trabalhar com projetos é positivo

tanto para o aluno quanto para o professor. O aluno aprende mais do que aprenderia na

situação de simples receptor de informações.

Outro fator importante a ser relatado, é a participação da família na escola, essa

parceria contribui de forma positiva para a aprendizagem do aluno. Família e escola precisam

criar laços para atuar lado a lado como agentes facilitadores do desenvolvimento pleno do

educando.

Constata-se também que o projeto serviu para mobilizar estudantes que estavam

desmotivados porque “através da música e da participação encontraram novas formas de

representação social e realização das suas individualidades, sentindo-se valorizados por serem

ouvidos, por se tornarem autores e ampliaram capacidades de estabelecer relações”

(REVISTA VIVA, p. 38). Segundo o informante (AP3):

Depois de fazer parte do FACE aprendi conviver melhor com os colegas,

respeitando seus estilos musicais e suas diferenças. Com os profissionais da

música e professores aprendi a fazer minhas próprias composições.

Page 36: O gênero canção e aludicidade nas aulas de língua portuguesa projeto face   uma experiência nas escolas estaduais

35

Os discursos relatam, dessa forma, que os envolvidos veem o projeto de maneira

satisfatória, tanto para o alunado quanto para os profissionais de educação, nota-se que é um

projeto diferenciado dos demais. É importante destacar, que as composições feitas pelos

alunos nas oficinas do projeto são voltadas para temáticas sociais que permitem assim, uma

reflexão mais abrangente acerca dos temas abordados. Temos a fala do informante (E4) para a

comprovação da assertiva:

As letras das músicas se desenvolvem a partir de temáticas do cotidiano do

aluno, que denota sentido tanto para quem faz quanto para o público ouvinte.

Nesse sentido, reconhecer os valores atribuídos à música pelos alunos deve partir do

próprio cotidiano escolar, pois assim numa ação conjunta, o professor pode superar a

reprodução de ideias, normas e valores, dos modelos enraizados [...] (LOUREIRO, p.116).

Dessa forma, entende-se que o educador precisa conhecer os gostos musicais dos alunos

estabelecendo, assim, uma correspondência entre o conhecimento e o contexto onde está

inserido.

O ensino da arte na educação básica (aí incluída a música) é ampliar o

alcance e a qualidade da experiência artística dos alunos contribuindo para

uma participação mais ampla e significativa na cultura socialmente

produzida ou, melhor dizendo nas culturas, para lembrar sempre da

diversidade. O efeito de um ensino que realmente cumpra esse objetivo vai

além dos muros da escola, modificando o modo de o individuo se relacionar

com a música e a arte (PENNA, 2010, p.99).

Partindo desses pressupostos, o ensino de Língua Portuguesa hoje, deve favorecer aos

alunos conhecimentos que permitam familiarizar-se com os mais variados tipos e gêneros

textuais, contribuindo para que eles se tornem leitores eficientes, críticos; dando-lhe subsídios

para produzir textos com eficiência e motivando-os a escreverem por prazer e não por

obrigação. O professor deve buscar nas produções de seus alunos os elementos e os recursos

da enunciação que utilizaram para tornarem seus textos interessantes considerando essas

produções como produtos sociais que devem circular nas diversas esferas da sociedade. É por

esse caminho que se chega à noção de educação como atividade mediadora. Percebe-se, que

diferente da concepção de leitura mecânica, de apenas decodificação, o projeto FACE, vem

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36

com uma nova perspectiva, levando em consideração os elementos culturais e sociais,

respeitando a diversidade e a identidade do educando.

3.3 A música e a interação sociocultural: ponte para a aprendizagem significativa de

leitura e escrita.

O processo de aprendizagem ocorre em decorrência da interação entre as pessoas, a

partir de uma relação mútua, portanto, é em contato com o outro, que o indivíduo adquire

novas formas de pensar e agir, ou seja, apropria-se ou constrói novos conhecimentos, pois

É preciso pensar a linguagem humana como lugar de interação, de

constituição das identidades de representação de papéis, de negociação de

sentidos, por palavras, é preciso encarar a linguagem não apenas como

representação do mundo e do pensamento ou como instrumento de

comunicação, mas sim, acima de tudo, forma de interação social (KOCK,

2003, p.128).

Nessa perspectiva, na escola a interação, a troca de experiências desenvolve no aluno a

capacidade de organizar, sintetizar, ou seja, o conhecimento passa a ser tratado de forma

construtiva e proveitosa. Pode-se dizer que todas as funções no desenvolvimento constituem

um processo de transformação, primeiramente o indivíduo realiza ações externas que serão

interpretadas pelas as pessoas ao seu redor, de acordo com os significados culturalmente

estabelecidos às suas próprias ações e assim, desenvolvem os seus processos psicológicos

internos.

Pensando por esse viés, a leitura precisa ter significado para quem lê, pois o sentido da

leitura é muito mais que uma decodificação de signos e símbolos. Ler é “um processo de

interação entre autor e leitor, mediada pelo texto” [...] (SOLÉ, 1998, p.22). No convívio com

outras pessoas, o homem tem necessidade de comunicar-se, dessa forma, usa a interação com

os outros seres para construir e reconstruir seu próprio mundo.

É preciso fazer uma re (elaboração) nas aulas de língua materna para que o educando

possa vivenciar diversas formas possíveis da leitura e da escrita, de se permitir participar do

seu contexto intensamente. Para Silva,

Page 38: O gênero canção e aludicidade nas aulas de língua portuguesa projeto face   uma experiência nas escolas estaduais

37

O processo de leitura apresenta-se como uma atividade que possibilita a

participação do homem na vida em sociedade, em termos de compreensão do

presente e passado e em termos de possibilidades de transformação do

conhecimento, a leitura, se levada a efeito crítica e reflexivamente, levanta-

se como um trabalho de combate à alienação (não-racionalidade), capaz de

facilitar ao gênero humano a realização de sua plenitude (liberdade) (1997,

p. 46).

Pelo exposto, o ensino de Língua Portuguesa deve estar pautado numa concepção de

língua como processo de interação, segundo Geraldi (2002, p.106): A leitura é entendida

como processo de interlocução entre leitor/texto/autor. O aluno leitor não é passivo, mas o

agente que busca significações [...], Desse modo a música abre um leque de possibilidades

para que o aluno chegue nesse nível de conhecimento real.

Através da música o aluno desenvolve a oralidade, enriquece o vocabulário,

despertando o interesse para leitura e escrita de textos diversos, ou seja,

fomenta o gosto pela produção textual e sensibiliza o aluno para escrever

textos literários (E4).

Como a fala desse informante depreende-se que a música serve como material para a

realização de atividades voltadas para a leitura, a escrita e a oralidade e também deve-ser

ressaltar a análise lingüística. Indagados de que forma a música contribuem para desenvolver

as habilidades de leitura e escrita no ensino de língua. Os entrevistados deram as seguintes

respostas.

A música desperta sentimentos, solta a imaginação, e o interesse de escrever

melhor. Com a música as aulas ficam mais descontraídas, por isso o projeto

deveria se estender durante todo o ano letivo e não ficar só no período da

apresentação do FACE (AP1).

A música no âmbito escolar acaba acarretando no maior interesse dos alunos

com a escrita e a leitura que consequentemente ajuda no desempenho do

aluno em outras disciplinas além de Língua Portuguesa (AP2).

Neste sentido, a música propicia essas descobertas, à medida que o homem vai

vivendo, experimentando e ampliando sua visão crítica e criativa sua capacidade de

interpretar. Entretanto, a escola deve instigar os educandos para que aprendam a processar o

Page 39: O gênero canção e aludicidade nas aulas de língua portuguesa projeto face   uma experiência nas escolas estaduais

38

texto e seus diferentes elementos que o compõem. Percebe-se que o projeto se preocupa com

essa problemática, quando traz para o espaço escolar o ensino da música, possibilitando que o

próprio aluno utilize recursos e estratégias de leitura, inerentes ao seu meio social. O

dinamismo do projeto inova o ensino, permitindo que o aluno tenha contato com diferentes

gêneros musicais que costumam ser apreciados por ele no seu contexto.

Page 40: O gênero canção e aludicidade nas aulas de língua portuguesa projeto face   uma experiência nas escolas estaduais

39

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A música não pinta o amor ou a aspiração de um dado individuo em dadas

circunstâncias, ela pinta a própria paixão, o próprio amor, a própria aspiração [...] (Snayders,

1997, p.104). A partir do momento em que a música é utilizada no processo ensino-

aprendizagem, amplia a possibilidade de apreciação dos elementos musicais.

A pesquisa partiu sobretudo, do desejo de contribuir de alguma maneira para que essa

metodologia seja aplicada nas escolas e venha favorecer de verdade um ensino em que os

alunos possam ser tratados de igual para igual, oportunizando a todos compreenderem o real

significado e a contribuição que esse recurso pode oferecer para tornar as aulas estimulantes e

prazerosas.

Os valores e pensamentos da sociedade são determinados pelo contexto vivido, e a

música como toda arte, expressa valores e pode ser utilizada como meio para analisar e

entender as transformações políticas e culturais ocorridas no mundo. Música e linguagem são

entidades que servem ao indivíduo como veículo de comunicação e expressão. À medida que

o homem vai vivendo, experimentando e ampliando-se sua visão crítica e criativa, vai

descobrindo sua capacidade de interpretar o mundo. A musicalização no espaço escolar não

está focalizada na formação de músicos ou compositores, mas sim despertar no aluno o

interesse em compreender as características da música e aprender a apreciar diferentes estilos

musicais.

Desta forma, como todo conteúdo trabalhado em sala deve partir do conhecimento

prévio do educando, o professor quando utilizar a linguagem musical deve valorizar e

estimular a troca de vivências musicais, para que a aprendizagem seja significativa e

animadora.

Nesse sentido, a pesquisa traz a contribuição de poder oferecer caminhos para

ressignificar o ensino e aprsentar elementos que possibilitem transformar a triste realidade

que permeia o espaço escolar.

Pelo exposto, os resultados revelam que as metodologias e os recursos utilizados na

aplicação do projeto FACE facilitam uma maior interação entre os alunos, apresenta a prática

de leitura como uma atividade lúdica desenvolvendo, assim, o ato de ler como prática de

fruição e prazer.

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40

Ao fazer uma reflexão sobre o tema pesquisado percebeu-se, que a prática pedagógica

lúdica possibilita também o desenvolvimento da espontaneidade, da criatividade e da

expressividade dos alunos tornando o espaço escolar agradável e criativo. Por isso, o lúdico

propicia uma compreensão de mundo e de conhecimento mais ampla para a aprendizagem do

aluno. O projeto não pode ser considerado como instrumento para realizar milagres na

educação, mas, sua contribuição será relevante para que a leitura ocupe lugar de destaque na

escola.

Sugere-se, então, que outras escolas que não trabalham desse tipo de metodologia

conheçam o projeto a fim de tê-lo como referência, que o vejam como um estimulador do

processo ensino-aprendizagem, principalmente para aqueles alunos que se sentem

desmotivados, uma vez que é visível a contribuição para o desenvolvimento cognitivo,

linguístico, psicomotor e socioafetivo do aluno.

Essa pesquisa não tem a pretensão de esgotar a discussão sobre a temática, mesmo

porque, o tema é bastante amplo, com certeza, muita coisa poderia ser abordada. Espera-se

que o presente estudo venha contribuir de alguma forma para que outros pesquisadores se

debrucem sobre o tema em destaque.

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41

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Page 46: O gênero canção e aludicidade nas aulas de língua portuguesa projeto face   uma experiência nas escolas estaduais

ANEXOS

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ANEXO 1 – QUESTIONÁRIOS

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS XIV

COLEGIADO DE LETRAS

Maura Moreira da Silva

Pesquisa para identificar de que forma a música pode contribuir para o ensino de língua materna

TEMA DA MONOGRAFIA: MÚSICA E O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA

TÍTULO: O GÊNERO CANÇÃO E A LUDICIDADE NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: Projeto

FACE – Uma experiência nas escolas estaduais

Na sociedade atual são exigidos de cada indivíduo conhecimento e habilidades que

permitam a ele interpretar e analisar, de maneira crítica, a crescente quantidade de

informações veiculadas no meio midiático, que chegam com velocidades cada vez maiores.

Aliado a isso, temos testemunhado nos últimos anos um intenso desenvolvimento

tecnológico, cujos reflexos são percebidos cada vez mais em nossa sociedade. Nesse

contexto conhecer e usar bem a língua materna faz-se necessário para que o cidadão

participe ativamente do mundo no qual está inserido. Partindo desses pressupostos, é

importante identificar de que forma a música pode contribuir para o ensino de língua

materna de forma prazerosa e significativa.

Professor entrevistado: ___________________________________________________

Disciplina: ______________________________________________________________

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Escola: ________________________________________________________________

Data: _________________________________________________________________

Questionário da entrevista

1º) Qual a importância do Projeto FACE pra você e para sua escola?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_______________________________________________________________

2º) Professor, ocorreram dificuldades no processo de implementação do projeto em sua

escola? Se ocorreram, eles estão relacionadas a quê?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_______________________________________________________________

3°) Que procedimentos metodológicos são utilizados para a realização do projeto?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_______________________________________________________________

4º) Você enquanto professor, como analisa o desenvolvimento do projeto FACE ?

( ) Bom

( ) Regular

( ) Ótimo

Por quê?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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___________________________________________________________________________

___________________________________________________________

5º) Como é articulada a dinâmica de trabalho desenvolvida entre a coordenação pedagógica,

professores e alunos envolvidos no projeto?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_______________________________________________________________

6º) De que forma o projeto pode contribuir para o desenvolvimento da linguagem oral e

escrita do aluno?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_______________________________________________________________

7°) Que práticas de leitura são utilizadas durante as oficinas do projeto?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_______________________________________________________________

8°) Qual a importância da ludicidade nas aulas de Língua Portuguesa?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________

9°) Os alunos participam ativamente das atividades propostas nas oficinas do projeto? De

que forma?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS XIV

COLEGIADO DE LETRAS

Maura Moreira da Silva

Pesquisa para identificar de que forma a música pode contribuir para o ensino de língua materna

TEMA DA MONOGRAFIA: MÚSICA E O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA

TÍTULO: O GÊNERO CANÇÃO E A LUDICIDADE NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: Projeto

FACE – Uma experiência nas escolas estaduais

Na sociedade atual são exigidos de cada indivíduo conhecimento e habilidades que

permitam a ele interpretar e analisar, de maneira crítica, a crescente quantidade de

informações veiculadas no meio midiático, que chegam com velocidades cada vez maiores.

Aliado a isso, temos testemunhado nos últimos anos um intenso desenvolvimento

tecnológico, cujos reflexos são percebidos cada vez mais em nossa sociedade. Nesse

contexto conhecer e usar bem a língua materna faz-se necessário para que o cidadão

participe ativamente do mundo no qual está inserido. Partindo desses pressupostos, é

importante identificar de que forma a música pode contribuir para o ensino de língua

materna de forma prazerosa e significativa.

Aluno entrevistado: ______________________________________________________

Escola: _________________________________________________________________

Data: __________________________________________________________________

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Questionário da entrevista

1º) Qual a importância do projeto FACE para sua aprendizagem?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_______________________________________________________________

2º) Você tem relação com a música fora do espaço escolar? Justifique.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_______________________________________________________________

3º) Você enquanto aluno, como analisa o desenvolvimento do projeto FACE?

( ) Bom

( ) Regular

( ) Ótimo

Por quê?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_______________________________________________________

4º) O que você considera mais importante nas oficinas do projeto?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_______________________________________________________________

5º) De que forma você participa do projeto?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_______________________________________________________________

6º) Você vê o projeto como uma oportunidade de desenvolver habilidades de leitura e

escrita? Justifique.

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___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________

7º) Que sentido tem para você a música como experiência artística no espaço escolar?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_______________________________________________________________

8º) Que sugestão você daria para melhoria do projeto?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_______________________________________________________________

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ANEXO 2 – LETRAS DAS COMPOSIÇÕES DOS ALUNOS

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ANEXO 3 – FOTOGRAFIAS

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