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O INCENTIVO NA PRÁTICA DE LEITURA DE ROMANCES … · como o romance, proporciona a leitura fora da sala de aula, reforçando e ... utilizando os passos da leitura visual, ou seja,

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O INCENTIVO NA PRÁTICA DE LEITURA DE ROMANCES BRASI LEIROS NO

ENSINO MÉDIO POR MEIO DA LITERATURA CONTEMPORÂNEA

Autora: Marta Biasi

Orientador:Ângela Maria Pelizer de Arruda

Resumo

O presente artigo apresenta e descreve a aplicação e os resultados obtidos na implementação do projeto de intervenção, envolvendo alunos de uma turma de 2° ano do Ensino Médio. O objetivo desse projeto foi incentivar os alunos a lerem tais romances, uma vez que essa prática de leitura está desvalorizada pelos mesmos. Desenvolvendo atividades de interação e o método de leitura visual e não visual, pretendemos resgatar o gosto e o interesse dos alunos pela leitura desses romances. Os dois romances escolhidos foram: A voz do poste, de Moacyr Scliar e Reunião de família, Lya Luft. Essas obras apresentam uma linguagem clara e objetiva. Seus temas são comparáveis aos acontecimentos da realidade da vida. Optou-se por fazer a leitura oral de cada um deles, pois assim, com as interferências e explicações dadas pela professora, os alunos puderam entender as obras. Além disso, as atividades do Caderno Pedagógico puderam proporcionar o resgate do prazer da leitura, desenvolvendo atividades que proporcionaram, criticidade, interpretação e produção, a leitura oral e práticas linguísticas nos alunos. A receptividade dos alunos na implementação desse projeto foi muito positiva. Eles se envolveram, demonstrando interesse em todas as atividades propostas. Os alunos, na sua maioria, leram os dois romances do projeto e outros que foram trabalhados nas aulas de literatura.

Palavras-chave: Incentivo à Leitura; Literatura Contemporânea; Romances Brasileiros.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo objetiva apresentar e discutir o projeto “O incentivo na

prática de leitura de romances brasileiros no Ensino Médio por meio da literatura

contemporânea”. A elaboração do projeto, sua implementação em uma turma de 2°

ano do Ensino Médio, a realização do Grupo de Trabalho em Rede (GTR) e os

resultados obtidos.

Verificamos que vários alunos apresentavam um certo desinteresse pela

leitura, principalmente, de romances. Quando interrogados, as explicações

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deles foram várias, e a que mais se evidenciou, é a de que simplesmente não

gostavam de ler. Quando muito cobrados pelo professor, muitos liam apenas o

começo e o final do romance em estudo ou procuravam pelo resumo na Internet.

O que teria levado esses jovens estudantes a perderem o interesse e

desvalorizarem tanto esse tipo de leitura, se esta prática também é um dos meios

que poderia proporcionar-lhes o desenvolvimento intelectual, social e cultural,

tornando-os críticos na sociedade em que vivem?

Sabemos que a era tecnológica surgiu para melhorar a vida do homem em

sociedade e no mundo. A gama de informações rápidas após um clique, muitas

vezes poderia desmotivá-los na leitura de um livro que necessita de concentração e

vontade de ler.

Outro fator, segundo Lajolo (2002, p.12) viria do desencontro de

expectativas da linguagem usada no ensino da literatura. Ou seja, uma linguagem

diferente da que o jovem estaria acostumado. Por causa disso, ele diz não gostar

porque não entende o que lê.

Será que teriam perdido a noção do significado de leitura por estarmos

vivendo em uma época em que tudo se modifica e se transforma rapidamente?

Entre vários fatores que teriam contribuído para isso, impedindo-os de

valorizarem a leitura, seria os pais terem de trabalhar e ficarem sem tempo de ler

para seus filhos e eles foram crescendo também sem a figura de um leitor assíduo e

por isso não se acostumaram a ler. Exemplificando, segundo Lajolo (2004, p.15),

sua mãe lia histórias para ela e seu pai declamava poesias quando ela era ainda

pequena. Observamos algumas vezes que, quando o aluno recebe o apoio dos pais

em casa, mais incentivo escolar, pode tornar-se um grande estudante e

consequentemente um leitor competente. Freire (2009, p.15) diz que, quando

criança, conseguia “ler”, ou seja, compreendia seu mundo particular em que vivia e

que foi ajudado por seus pais.

Verificamos também, por meio de leituras bibliográficas, que o professor é

peça fundamental para incentivar os alunos nessa atividade. Para isso ele deve

estar preparado, mostrar-se exemplo de leitor, conhecedor de obras literárias e

transmitir aos alunos, de forma prazerosa, sem intimidá-los, que a leitura de

romances poderá trazer vários benefícios a cada um. Lajolo afirma que, atualmente

o professor pode ter sido colocado em segundo plano,

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Mas ouvir professores é tarefa de amor, como dizia Bilac a propósito de

estrelas, pois talvez o professor seja peça secundária na escola de hoje e,

consequentemente, sua voz se faça ouvir com timidez no que respeita aos

destinos do texto literário em classe. (Lajolo, 2002, p. 14),

A leitura da literatura, segundo as DCEs (2008, p.74-75), proporciona ao

aluno uma análise, criticando ou concordando, questionando e se auto-avaliando,

podendo comparar-se até com algum personagem da narrativa levando-o a uma

reflexão sobre sua vida e acima de tudo, elevando seu conhecimento literário,

desenvolvendo suas habilidades de escrita e compreensão.

Montenegro (1953, p.24) já dizia que, de todas as formas de arte, a literatura

é a mais significativa universalmente. O romance é a forma de arte de que o leitor

participa mais intimamente, pela liberdade de se rever nos personagens e por poder

julgá-los de forma deliciosamente pura.

Geraldi (2004, p.60), afirma também que a leitura de narrativas mais longas,

como o romance, proporciona a leitura fora da sala de aula, reforçando e

expandindo o interesse de cada um pelo enredo.

Por isso, a proposta de intervenção foi realizada da seguinte forma: antes

das leituras, promoveu-se um comentário/debate sobre os temas dos romances

observando o interesse dos alunos, abrangência e reflexos dos temas na vida

cotidiana deles. Em seguida, utilizando os passos da leitura visual, ou seja, o que

está explícito na leitura, iniciamos a leitura oral, em círculo, na qual cada aluno lia

um trecho ou um capítulo. Procedemos então a leitura não visual, aquela que está

nas entrelinhas para que ocorresse a assimilação, internalização dentro de uma

perspectiva interacionista discursiva. O próximo passo foi a resolução das atividades

de interpretação e compreensão, produção de textos e análise linguística do

Caderno Pedagógico.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 O professor, elemento fundamental para tornar o aluno leitor

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O objetivo maior deste projeto foi incentivar alunos do 2° ano do Ensino

Médio a ler romances brasileiros através da literatura contemporânea, contribuindo

assim, para a formação de leitores em torno de romances e consequentemente

outras leituras.

Pudemos perceber o desinteresse dos alunos por inúmeras leituras, entre

elas a de textos longos como o romance e sabemos o quão importante é a leitura na

formação intelectual dos estudantes, o quanto ela pode transformar e desenvolver

psicologicamente a visão de mundo e torná-los conscientes, críticos e

compreensivos da realidade em que vivem.

Segundo Silva (1995, p.6),

A leitura é um processo de criação e descoberta, dirigido ou guiado pelos olhos perspicazes do escritor. De fato, por trabalhar duplamente a linguagem e os aspectos da vida social, entrelaçando-os na imaginação, o escritor faz ver, ilumina, conduz o seu leitor a esferas mais amplas e profundas de percepção. Nesses termos, a boa leitura é aquela que, depois de terminada, gera conhecimentos, propõe atitudes e analisa valores aguçando, adensando, refinando os modos de perceber e sentir a vida por parte do leitor.

Silva (1995, p.7-13) acredita que o único lugar onde a leitura ainda tem

chance de florescer e desenvolver é a escola e por isso devemos, a passos largos,

ler para enxergar com mais nitidez o mundo, entender a sociedade e nos

compreender criticamente nela; precisamos ler para descobrir os porquês dos

diferentes aspectos da vida; a leitura é dinâmica enquanto interação entre leitor e

diferentes tipos de leitura.

De acordo com Silva (1995, p. 22),

O ensino de leitura na escola perdeu a naturalidade, caiu na esfera dos reducionismos, transformou-se numa estafante rotina. Não mais se lê para melhor compreender a vida, mas para cumprir os artificialismos e pretextos impostos pela escola. (...) com isso a interação entre os textos e os leitores foi ficando cada vez mais distorcida afetada ou estereotipada, desviando-se de propósitos como a fruição significativa e prazerosa, a reflexão, a discussão, a produção de novos significados, etc.

Uma consequência que incomoda a todos os letrados e os sensibiliza é que,

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segundo Perini (2005, p.78), a maior parte da população brasileira adulta é

funcionalmente analfabeta. São aqueles que não conseguem ler com compreensão

adequada uma página sequer ainda que o assunto seja de sua competência.

O analfabeto funcional é uma criatura indefesa. Está impedido de se

informar e de formar sua opinião sobre um determinado assunto.

Por isso este presente trabalho procurou esclarecer possíveis formas que

possibilitam o incentivo à leitura, especificamente a de romances contemporâneos.

Conforme Kato (2005, p. 32),

A aquisição da leitura obedece até certo ponto a um desenvolvimento biológico. A descoberta da escrita pelo homem e pela criança, por apresentar percursos tão semelhantes, parece indicar que o ser humano vem potencialmente dotado de uma capacidade simbólica, que se desenvolve dentro de um padrão uniforme, desde que haja um conjunto mínimo de estímulos desencadeadores.

Portanto é preciso o quanto antes resgatar o valor da leitura para que

nossos alunos se desenvolvam intelectual, social e humanamente. Ou seja,

apropriem-se de um nível maior de letramento.

De acordo com Bakhtin (2006), o livro é o ato da fala impresso, é um

elemento de comunicação verbal. Promove a interação entre aquele que o escreve e

lê.

Para Silva (1995, p.14), o ato pedagógico envolve leituras da realidade e de

textos que expressam realidade; tem na base, o diálogo entre o professor e aluno

e, no horizonte, os campos da cultura e do conhecimento.

Em todo professor deve estar um sentimento de vontade de ensinar. O aluno

vê no professor um exemplo, e ele, o professor, é a inspiração dos alunos na maioria

das vezes. Ele deve estar pronto para sua atividade pedagógica em todas as suas

aulas.

Ainda de acordo com Silva (1995, p. 14),

Quem se dispõe a entrar numa sala de aula para ensinar tem de saber satisfatoriamente aquilo que ensina, tem de dominar os conteúdos e suas disciplinas; para orientar a leitura, o professor tem de ser leitor , com paixão por determinados textos ou autores e ódio por outros. O importante é não marcar passo, esperando por uma política oficial que nunca vem, é não

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deixar de buscar soluções sérias e caseiras, evitando o assassinato do potencial de leitura de milhares de crianças e jovens. Além disso, é não ceder à opressão, à exploração, à ideologia e/ou à burocracia que a todo instante e por todos os poros entram nos ambientes escolares.

Silva (1995. p.28) afirma que o professor consciente e idealista é aquele que

apesar de passar por inúmeras dificuldades de sobrevivência e opressões diversas,

resiste e luta pela dignidade do seu trabalho.

Verificamos que ainda é através do incansável e persistente trabalho do

professor que alcançaremos avanços significativos na conquista pela valorização e

resgate da leitura pelos nossos alunos.

2.2 O romance, um gênero textual fascinante

Segundo o Dicionário da Academia Brasileira de Letras (2008. p. 1114), o

romance é uma obra de ficção em prosa, contendo a narração de fatos imaginários

ou baseados em histórias reais, cuja trama ou enredo se concentra no conflito entre

personagens, até chegar ao previsto ou imprevisível desfecho.

O gênero romance possui um caráter aberto, pois permite trocas recíprocas

de elementos mais desiguais possíveis. Ele não tem limites; uma palavra pode

contribuir para seu sucesso e cada leitor se identifica naquele momento de leitura. A

vida longa de um romance justifica-se pela sua extrema maleabilidade, ou seja, ele

vai se adaptando com as transformações histórico-sociais, diz Bourneuf & Ouellet

(1976, p.27).

O romance é um gênero do discurso significativo para a formação de

leitores, o aluno pode se envolver com a leitura, gostar, identificar-se, às vezes,

querer discutir sobre ela com seus amigos, enfim ficar fascinado por ela.

Lajolo, (2004, p. 14) diz

Ao terminar a leitura de um romance de que gosto, fico com vontade de dividi-lo com os amigos. Recomendar a leitura, emprestar, dar de presente. Mas, sobretudo discutir. Nada melhor do que conversar sobre livros ao som de um chope ou de um chá: eu acho uma coisa, meu amigo acha outra, a colega discorda de nós dois... Na discussão, pode tudo, só não pode não achar nada nem concordar com todo mundo. No fim do papo, cada um fica mais cada um, ouvindo os outros. A leitura de romance, no entanto, não é só esta leitura envolvida e vertiginosa. Junto com o suspense, ao lado do mergulho na história,

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transcorre o tempo de decantação. Enredo, linguagem e personagens depositam-se no leitor. Passam a fazer parte da vida de quem lê. Vêm à tona meio sem aviso, aos pedaços, evocados não se sabe bem por quais articulações... Vida e literatura enredam-se em bons e em maus momentos, e os romances que leio passam a fazer parte da minha vida, me expressam em várias situações.

Além disso, as DCEs (2008, p. 57) apresentam a literatura como uma

produção humana que está intimamente ligada à vida do homem e é vista como algo

que pode transformar e humanizar o homem e a sociedade.

Ainda segundo as DCEs (2008, p. 77)

O trabalho com a Literatura potencializa uma prática diferenciada com o Conteúdo Estruturante da Língua Portuguesa ( o Discurso como prática social) e constitui forte influxo capaz de fazer aprimorar o pensamento trazendo sabor ao saber.

Portanto, a escola, através do professor de Língua Portuguesa, oferecendo a

leitura de romances brasileiros contemporâneos a seus alunos, pôde estimulá-los

por meio de práticas pedagógicas incentivadoras a tomarem gosto novamente para

ler e praticar com prazer essa atividade e também conscientizá-los da importante

transformação que a leitura pode fazer na vida de cada um, aprofundando a

capacidade de pensamento crítico e a sensibilidade estética, permitindo a expansão

lúdica da oralidade, da leitura e da escrita, segundo as DCEs (2008. p.75) além de

prepará-los para leituras mais rebuscadas como por exemplo os clássicos que

muitos não conseguem entender a linguagem apresentada.

2.2.1 O surgimento e a evolução do romance

De acordo com Soares (1997,p.42), o romance só surgiu na Idade Média,

com o romance de cavalaria. Como romance pastoril e sentimental, aparece no

Renascimento. Em seguida, o romance barroco, de aventuras complicadas e

inverossímeis. Entretanto é com Dom Quixote, de Cervantes que identificamos o

nascimento da narrativa moderna e que vem apresentando várias transformações e

se impondo desde o século XIX. Geralmente publicado em folhetins, caracterizou-se

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pela crítica de costumes ou pela temática histórica, chegando até nossos dias,

juntamente com as narrativas que, nos moldes impressionistas, são calcadas no

fluxo de consciência e nas análises psicológicas, ou as que preferem à forma do

realismo maravilhoso ou de ficção-ensaio. Em qualquer dessas formas identificamos

os elementos estruturantes do romance: enredo, as personagens, o espaço, o tempo

e o ponto de vista.

De uma forma bem resumida, discorreremos sobre esses elementos. O

enredo caracteriza-se como resultado da ação das personagens. Adquire existência

somente através do discurso narrativo, ou seja, da organização dos acontecimentos.

As personagens podem ser consideradas os agentes da narrativa, pois elas é que

dão sentido às ações na trama. O tempo se organiza como sucessão de palavras e

frases, apresentando os fatos cronologicamente ou não. O espaço que é também

conhecido como ambiente, cenário ou localização é o conjunto de elementos da

paisagem exterior (físico) ou interior (psicológico), onde se situam as ações das

personagens. O espaço possui um papel importantíssimo, pois influencia

diretamente no desenvolvimento do enredo, unindo-se ao tempo, como nos ensina

Soares (1997 p. 43-46, 50-52).

Diante da importância desse gênero textual, foram escolhidos dois romances

contemporâneos para serem lidos e analisados com os alunos do 2° ano do Ensino

Médio. Durante a leitura oral, realizada pelos alunos e professora, fomos fazendo

interferências, comparações e análises com fatos parecidos com os da vida real.

Assim o aluno foi se identificando, entendendo o estava lendo e motivando -se para

a continuação da leitura.

Dessa forma, segundo as DCEs (2008 p. 49), a linguagem foi vista como

fenômeno social, pois nasce da necessidade de interação entre os homens.

Professora e alunos interagindo, discutindo sobre problemas sociais, políticos e

econômicos. Sob essa perspectiva, o ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa,

através da leitura desses romances, contribuiu para aprimorar os conhecimentos

linguísticos e discursivos dos alunos.

2.3 A voz do poste - biografia do autor e sinopse do romance

Moacyr Scliar nasceu em Porto Alegre (RS), estudou medicina, tornou-se

especialista em saúde pública, mas gostava tanto de escrever que logo tratou

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também de buscar seus caminhos literários. Como ainda amava a profissão de

médico, literatura e ciência estrearam juntas na coletânea de contos História de um

médico em formação. E desde então Moacyr Scliar vem escrevendo brilhantemente

não só contos, mas também crônicas, romances, ensaios e histórias destinadas ao

público juvenil e infantil. Já teve seus livros traduzidos e publicados em muitos

países, recebeu diversos prêmios literários importantes e foi membro da Academia

Brasileira de Letras. É autor de Nem uma coisa, nem outra, também pela editora

Rocco.

Nasceu a 23 de março de 1937 e faleceu no dia 27 de fevereiro de 2011, em

Porto Alegre, vítima de falência múltipla dos órgãos.

O romance de Moacyr Scliar, com a prosa fluida, linguagem clara, objetiva

de fácil compreensão que narra a história na fictícia Santiago do Oeste. Josias, filho

mais velho de Samuel e Raquel, imigrantes judeu-russos, não quer nada com os

estudos. Ser médico, como seu pai desejava, não fazia parte dos seus planos.

Queria mesmo era ser locutor de rádio!

Incentivado pelo vizinho, Onofre, que já fora dono da única emissora de

rádio da cidade, Josias dá nova vida a um antigo serviço de alto-falantes, instalados

nos postes da praça – A Voz do Poste, como o povo chamava. Com programação

variada – notícias, entrevistas, críticas, receitas, música -, a rádio agrada em cheio a

população santiaguense.

Por conta de uma epidemia de varíola, porém, a rádio improvisada de Josias

vira joguete de gente contrária à campanha de vacinação. O que põe em xeque a

figura do chefe do posto médico, doutor Bento, e a de Josias, que precisava tomar

partido e lutar pelo que era certo.

Afinal, a Voz do Poste era agora a sua voz e tinha que ser justa, firme e

aguerrida – só assim, quem sabe, ele poderia conquistar o ouvinte mais importante:

seu pai.

2.4 Reunião de família – biografia da autora e sinopse do romance

Lya Luft começou sua carreira literária em 1980, aos 41 anos, com a

publicação do romance As parceiras, seguido por A asa esquerda do anjo (1981),

Reunião de família (1982), Mulher no palco (1984), O quarto fechado (1984), Exílio

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(1987), O lado fatal (1988), A sentinela (1994), O rio do meio (1996, prêmio da

Associação Paulista de Críticos de Artes), Secreta mirada (1997), O ponto cego

(1999), Histórias do tempo (2000), Mar de dentro (2002) e, no ano seguinte, Perdas

& Ganhos, um dos livros mais vendidos no Brasil em 2003.

Formada em Letras Anglo-Germânicas e com mestrados em Literatura

Brasileira e Lingüística Aplicada, ex-professora de Lingüística, Lya trabalha desde os

20 anos como tradutora de alemão e inglês e já verteu para o português obras de

autores consagrados, como Virginia Woolf, Gunter Grass, Thomas Mann e Doris

Lessing, além de ter recebido, em 2001, o Prêmio União Latina de melhor tradução

técnica e científica por Lete: arte e crítica do esquecimento, de Harald Weinrich.

Lya Luft nasceu no dia 15 de setembro de 1938, em Santa Cruz do Sul, Rio Grande

do Sul.

Criados de forma severa por um pai repressor e violento, Alice, Evelyn e

Renato cresceram marcados pela insegurança, submissão, desconfiança, desunião

e, acima de tudo, pela falta de amor. Quando o filho de Evelyn morre em um trágico

acidente e ela passa a se comportar de forma estranha, acreditando que o menino

ainda está vivo, a família decide se reunir para ajudar a irmã caçula. Mas nada

acontece como esperado: o fim de semana que deveria servir para unir transforma-

se numa catarse de culpas e segredos, um terrível jogo da verdade no qual os

papéis de vítima e algoz se invertem.

Reunião de família, terceiro romance de Lya Luft, compõe, com As

parceiras e A asa esquerda do anjo, o que alguns críticos consideram “trilogia da

família”. Neles são dissecados alguns dos valores que dão sustentáculo a nossa

sociedade e são destruídas as falsas aparências que, em detrimento de todos os

impulsos de vida e autenticidade, se constroem a partir de uma opressão mutiladora.

Neste livro, o leitor encontrará, em uma linguagem sóbria e refinada, os conflitos

familiares dramáticos diante de situações extremas que tanto fascinam a autora:

incomunicabilidade e amor, solidão, morte, mistério e busca de sentido.

2.5 O desenvolvimento do projeto com os alunos

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Por meio do Caderno Pedagógico, se traduziu a produção didático-

metodológica do projeto. Apresenta duas unidades com atividades sobre dois

romances brasileiros contemporâneos: A voz do poste, de Moacyr Scliar e Reunião

de família, de Lya Luft.

Cada unidade se apresenta com questões orais e escritas, interpretação e

compreensão; produção escrita e análise linguística, além de sugestões com

atividades extras. Conforme as DCEs (2008, p. 58), a prática da leitura da literatura:

busca formar um leitor capaz de sentir e de expressar o que sentiu, com condições de reconhecer, nas aulas de literatura, um envolvimento de subjetividades que se expressam pela tríade obra/autor/leitor, por meio de uma interação que está presente na prática de leitura, tudo para que o aluno possa entender melhor as histórias lidas e interagir com elas.

Normalmente o romance brasileiro contemporâneo apresenta linguagem e

enredos mais próximos da realidade do aluno, por isso escolhemos esse gênero

textual, acreditamos que é o mais apropriado para despertar o interesse pela leitura

e trazer, com o tempo, resultados positivos para seu desempenho educacional.

Dessa forma, priorizou-se aqui o discurso, que é o conteúdo estruturante na

Língua Portuguesa e que entendemos como o resultado da interação – oral ou

escrita – entre sujeitos, visando o diálogo entre autor/obra/leitor, enfatizando o

gênero romance e que proporciona desenvolvimento intelectual, cultural, social de

nosso aluno, que é o nosso objetivo, através das seguintes práticas didático-

pedagógicas desenvolvidas:

A professora, por sua conta, fez 9 cópias de cada romance e 9 cópias do

Caderno Pedagógico e comprou também um caderno para cada aluno para a

realização das atividades propostas. Cadernos com capas rosas para as meninas e

azuis para os meninos. Todos demonstraram satisfação ao recebê-los.

Faz-se necessário ressaltar aqui, o método de leitura realizado foi baseado

em Fulgêncio e Liberato(1996), uma descrição para se processar a leitura, os

passos que proporcionam a interpretação, as informações que o leitor precisa utilizar

para compreender, e atuar na memória durante a leitura.

A leitura não é apenas uma atividade visual, percebida pelos olhos, é

necessária, mas não é suficiente, apesar do sujeito conhecer e falar a língua

utilizada. Além desse conhecimento há outras leituras que não estão visíveis. Para

cada texto é necessário que se tenha informações antecipadas sobre o assunto que

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se está lendo, apesar do domínio da língua. Devemos ter conhecimento de mundo,

ou seja, saber o que se passa a nossa volta, na cidade, no Estado, no país em que

moramos e também fora dele, para podermos compreender e internalizarmos o que

lemos.

Vejamos um exemplo segundo Fulgêncio e Liberato (1996. p.14):

A casa da Bia foi assaltada. Ela está pensando em comprar um pastor alemão. Essas duas sentenças estão relacionadas por uma série de informações não expressas explicitamente, como a de que quem tem sua casa assaltada pode querer buscar mais segurança, e a de que o pastor alemão é um tipo de cachorro que serve para guardar casas. Essas informações devem fazer parte do conhecimento de mundo do leitor, e são utilizadas para construir a relação entre as sentenças. O leitor que compreende o texto acima imagina que o cachorro que Bia está pensando comprar vai servir para evitar que sua casa seja assaltada novamente. Sem esse conhecimento prévio não lingüístico, não é possível conectar as duas sentenças num todo coerente. Resumidamente, podemos afirmar que a leitura é o resultado da interação entre o que o leitor já sabe e o que ele retira do texto. Em outras palavras, a leitura é o resultado da interação entre IV ( informação visual) e InV ( informação não visual). Portanto, a atividade da leitura pode ser representada pela seguinte fórmula: LER = IV + InV.

Assim, entendemos que, quanto mais amplo for o repertório de

conhecimento prévio mais se entende o que se está lendo e consequentemente

ocorrerá o letramento.

Mais uma vez é importante ressaltar a importância do papel do professor; ele

deve ser um exemplo de leitor e mostrar-se motivado sugerindo a leitura para seu

aluno.

O primeiro romance lido foi A voz do poste, de Moacyr Scliar, depois de

realizadas todas as atividades do Caderno Pedagógico é que fizemos a leitura do

segundo romance: Reunião de família, de Lya Luft. Antes de cada leitura a

professora comentou com os alunos o tema de cada obra para despertar a

curiosidade pelo enredo, questionou se alguém já havia passado por situação

semelhante ou se conhecia alguém naquela situação, sempre observando o

interesse, identificação, gosto dos alunos pelo tema da história a ser lida. No início,

havia 17 alunos na sala, porém dois se afastaram da turma, então 15 alunos

participaram integralmente e a maioria deles apresentou interesse pelas obras.

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Procedemos a leitura oral com os alunos dispostos em círculo. Cada aluno

e professora iam lendo oralmente um capítulo ou um trecho com ênfase, dinamismo,

tentando até teatralizar a contação da história para que houvesse envolvimento de

todos.

A cada capítulo, a professora ia fazendo intervenções, explicando certas

passagens, significados de palavras, comparando com acontecimentos da vida na

realidade, provocando-os na identificação dos fatos e observando o comportamento

dos alunos, geralmente, com exceção, às vezes, de dois ou três alunos em alguns

dias, todos ficavam compenetrados na leitura, iam entendendo o que estavam lendo

passo a passo. Interessante é que todos queriam ler uma parte, até os alunos mais

tímidos.

Quando a aula terminava, os livros eram recolhidos, pois alguns alunos

queriam continuar lendo e levar para casa, demonstravam interesse pelo que ia

acontecer logo a seguir na história. Observamos que os alunos ficavam na

expectativa para a próxima aula. Assim a motivação ia sendo criada sem que o

aluno percebesse. A cada encontro, era relembrado pelos próprios alunos onde

havíamos parado a leitura e o que tínhamos lido até então. Voltávamos a comentar o

que tinha acontecido, ou seja, resgatávamos o que já tínhamos lido para dar

continuidade à leitura.

Ao final da leitura de cada romance, as questões do Caderno Pedagógico

iam sendo realizadas sem dificuldades, pois eles haviam entendido o que leram.

Praticamente tudo foi esclarecido durante a leitura. Isso é muito importante, ficou

definitivamente evidente que o papel da professora teve muita relevância em todas

as atividades. O aluno por si só, talvez não tivesse realizado uma prática pedagógica

como essa.

Após a realização da leitura e atividades de cada romance, foram feitas

algumas questões para os alunos. Trago aqui um exemplo de uma aluna:

a) Quando a professora fez um comentário sobre o romance “A voz do poste”,

você ficou interessado(a)? Sim, fiquei muito interessada porque eu gosto de

livros que contam histórias de romance e fiquei curiosa para ver como era a

referida história.

b) O que você achou da leitura oral do romance, cada um lendo um capítulo.

Você acha que dá certo? Você conseguiu assimilar, compreender bem a

história narrada? Sim. Consegui assimilar a história. Entendi desde o

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começo até o final. Acho legal isso, pois ajuda na leitura e todos interagem

com a história.

c) Quando terminamos de ler uma parte do romance e a outra parte ficava para

o próximo encontro, você ficava curioso(a) para saber a continuação, o que ia

acontecer? Nossa! Ficava bastante curiosa. Não via a hora de chegar no dia

do encontro para saber o que aconteceu. Até ficava imaginando o que

aconteceria, como iria ser o final.

Cabe aqui também relatar que durante as aulas normais de Literatura,

coincidentemente, os alunos estavam estudando a escola literária Romantismo. A

professora ia comentando os enredos dos romances românticos, contando partes

das histórias, explicando o porquê dos acontecimentos, as personagens, suas

atitudes, alegrias, mágoas... Isso despertou muito o interesse dos alunos pela leitura

de tais romances. E vários alunos e alunas leram ao mesmo tempo romances

românticos e os do Projeto PDE.

A avaliação foi procedida da seguinte forma: a leitura dos romances, das

questões que exemplificaram a leitura visual e não visual, atividades extras, a escrita

e análise linguística foi feita por meio da observação das reações dos alunos: a

participação, envolvimento, discussão sobre algumas passagens da história lida, o

interesse em ler outros livros, tudo foi verificado pela professora a cada momento

das realizações dessas atividades.

2.6 A participação dos professores do GTR – Grupo d e Trabalho em Rede

Durante a realização do GTR, tivemos a participação total de 07

professoras.

A atividade do Fórum teve como objetivo promover a discussão sobre o

Projeto de Intervenção Pedagógica, com a seguinte questão: O que teria levado os

jovens alunos a perderem o interesse e desvalorizarem tanto a leitura de romances

se essa prática pode proporcionar tantos benefícios a eles?

As justificativas possíveis deixadas pelas professoras vieram ao encontro

com as do Projeto. Compartilhamos das mesmas dificuldades e angústias. Como por

exemplo:

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Prof. 1: O desinteresse pela leitura não ocorre somente no Ensino Médio, também ocorre no Ensino Fundamental. A falta de incentivo em casa, pelos pais; as crianças não ouvem mais histórias, então não imaginam situações de sonhos; Prof. 2: Antes, turmas faziam filas nas bibliotecas para emprestarem livros, hoje, bibliotecas sem alunos, apesar do grande acervo e da variedade de gêneros, os alunos relutam ao ler um livro; Prof. 3: Em muitas escolas, a leitura é vista como um pretexto para nota, um dever escolar. O aluno vê a leitura como algo chato, como obrigação. Também há o avanço da tecnologia, o mundo virtualizado, hiperproduzido, repleto de procedimentos sedutores que chamam muito mais a atenção dos jovens ; Prof. 4:Falta de estímulo da família que, muitas vezes não dá conta de suas necessidades para com os filhos; Prof. 5: ...falta de qualificação e aptidão de alguns professores para motivar alunos com pensamentos mais críticos, péssimas estruturas físicas da sala de aula e da escola, falta de autonomia dos alunos com relação a escolha de livros.; Prof. 6: a escola não está sendo mais a número 1 nas famílias. Temos exceções, mas percebemos que a regra mudou. Quando nossos alunos chegam ao Ensino Médio, muitos vão para encontrar a galera e planejar a balada do final de semana. A situação piorou de 10 anos para cá. Enquanto as famílias não acompanharem o desenvolvimento de seus filhos na escola pública, teremos mais dificuldades de aplicação de nossos objetivos. (Transcrição dos depoimentos dos professores da rede pública no GTR)

Durante a interação, tivemos algumas sugestões de como melhorar esse

quadro:

Prof. 1: os professores devem ser exemplos de leitores, conhecer obras, autores, para saber indicá-las e que atendam as necessidades e expectativas dos alunos, gerando uma ação e reação deles; Prof. 2: devemos estar sempre atualizados em relação às mudanças, para podermos acompanhá-los, transferindo tudo para a aprendizagem deles; Prof. 3: os pais precisam ser mais presentes na educação de seus filhos e não deixar tudo a cargo da escola; Prof. 4: precisamos cobrar mais de nossos alunos de forma que eles sintam prazer também em realizar uma determinada atividade. (Transcrição dos depoimentos dos professores da rede pública no GTR)

A atividade no Diário teve como objetivo propor alguns benefícios adquiridos

por meio da leitura de romances brasileiros contemporâneos.

Resumimos aqui alguns:

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Prof. 1: é muito importante que o professor esclareça o valor da leitura de romances. Devemos falar deles com empolgação, gosto, contar partes, debater, dar opinião sobre personagem, criando um certo envolvimento de todos; Prof. 2: podemos identificar fatos e personagens conosco ou com alguém que conhecemos, aumentamos nosso léxico, nosso conhecimento, desenvolvemos nossa criticidade, nossa redação, adquirimos conhecimentos e além disso, vão se preparando para a realização do Enem e de vestibulares. (Transcrição dos depoimentos dos professores da rede pública no GTR)

Enfim, mais uma vez constatamos que o papel do professor é fundamental

para despertar o gosto pela leitura e a aprendizagem escolar de seus alunos.

3 Conclusão

O objetivo do projeto de intervenção foi de motivar alunos do Ensino Médio a

ler romances brasileiros por meio da literatura contemporânea, em virtude deles

(alunos) não terem mais interesse em ler, ressaltar que muitos desses romances

possuem uma linguagem clara, objetiva, fatos verossímeis.

Os romances lidos apresentaram essas características e muito mais.

Observamos que praticando uma leitura interativa e seguindo o método de Fulgêncio

e Liberato (1996, p.14), proporcionamos aos alunos momentos em que eles

conseguiram se ater e gostar da atividade que estavam realizando. Externaram suas

opiniões, reconhecendo momentos diferentes do dia a dia em sala de aula;

conseguiram gostar da leitura que estavam fazendo e se motivarem para a leitura

de outros romances.

Constatamos que houve aprendizagem considerável por meio dessa prática

didático-pedagógica, e também que o professor é elemento fundamental para

direcioná-la. Ouvir professores é tarefa de amor, afirma Lajolo (2002,p.14).

Silva (1995,p.14) afirma que o professor que se dispõe a entrar numa sala

de aula para ensinar, deve saber aquilo que ensina e estar preparado para orientar e

enfrentar todos os obstáculos que possam surgir.

Está nas mãos do professor a tarefa que parece ser difícil num primeiro

momento, mas que depois ele poderá transformá-la em prazer para seus alunos.

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Acreditamos que para os alunos do 2° ano do Ensino Médio, foi muito

importante essa atividade, pois a leitura proporcionou a eles a prática da oralidade,

interpretação, produção de texto, a desmistificação de que ler é chato, entre outros.

Ademais, a leitura dos romances brasileiros contemporâneos contribuiu para

que o aluno entendesse o universo das histórias ficcionais comparando-as com as

que acontecem na vida real aprimorando sua visão de mundo.

Por meio da prática didático-pedagógica realizada com os alunos, pudemos

perceber essa transformação. Temos consciência de que não é fácil a tarefa do

professor, entretanto se se tem um objetivo, deve-se ir realizando-o aos poucos e

progredindo dia a dia na busca de um nível maior de letramento dos alunos,

transformando a leitura de um livro em uma ação contagiante e sedutora.

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