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A última reunião do primeiro semestre de 2013 do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional (GACint-USP) foi dedicada à inovação em Ciência e Tecnologia no Exército nacional. O palestrante convidado foi o General Sinclair James Mayer, chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército brasileiro (DCT). Realizada no dia 05 de junho, a reunião teve comentários do chefe do Laboratório de Gestão e Inovação da Escola Politécnica da USP, o engenheiro Mário Salerno. Pioneirismo Militar Engana-se quem acredita que a preocupação com a ciência e a tecnologia (C&T) no Exército brasileiro é fato recente. Na realidade, trata-se de algo anterior à independência do Brasil. As raízes do sistema de Ciência e Tecnologia do Exército – e das Forças Armadas – surgiram com a vinda da família real portuguesa para o Brasil em 1808. Além de tentar implantar indústrias na colônia, D. João VI também investiu em C&T nas armas. É dessa época, por exemplo, a primeira escola de engenharia do país, o Instituto Militar de Engenharia (IME). Embora o projeto industrial tenha se visto frustrado pouco tempo depois, o mesmo não aconteceria com as Forças Armadas, o que torna a indústria de defesa uma das precursoras da industrialização no Brasil. Na atualidade, esse sistema de C&T no Exército é coordenado pelo Departamento de Ciência e Tec- nologia (DCT), o qual desempenha, basicamente, duas funções. A primeira delas é planejar, organizar, dirigir e controlar as atividades científicas e tecnoló- gicas no âmbito do Exército. A segunda é promover o fomento da Indústria Nacional, visando ao desen- volvimento e à produção de Sistemas e Material de Emprego Militar e tecnologias de uso dual. Os investimentos nessa área variaram ao longo do tempo. Entre as décadas de 1970 e 1980, houve, por exemplo, a retomada da indústria de Defesa no Brasil. O período pós-Guerra Fria, no entanto, não foi favorável à indústria nacional de defesa. Isso porque houve grande oferta internacional de produtos militares para as Forças Armadas a baixos preços. Nesse sentido, a ampliação da oferta de material bélico a custos reduzidos foi negativa para o similar nacional. Panorama Atual “Os nossos centros de C&T ainda não estão do tamanho do Brasil e das necessidades do Brasil”, analisou o general Sinclair Mayer durante a apresentação. Para ele, isso tem sido um óbice relevante no que diz respeito ao desenvolvimento de inovações, particularmente, em projetos militares. Projetos militares têm características específicas. Segundo o general, caracterizam-se pela inovação e maturação rápida. A tecnologia de surpresa é o que causa o desequilíbrio em virtude de sua inovação tecnológica. Essa é uma das principais razões para que as tecnologias militares sirvam de “empurrão” DEBATES GA CINT O informativo sobre os debates no âmbito do Gacint Grupo de Análise da Conjuntura Internacional N o 20 / 2013 Exército brasileiro e C&T: Panorama e desafios Instituto de Relações Internacionais General Sinclair James Mayer, Ricardo Sennes e Mário Salerno

O informativo sobre os debates no âmbito do Gacint Grupo de …143.107.26.205/documentos/Debates_Gacint18.pdf · 2018-06-07 · de uso civil. Para que isso aconteça, ... para defesa

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A última reunião do primeiro semestre de 2013 do Grupo de Análise da Conjuntura

Internacional (GACint-USP) foi dedicada à inovação em Ciência e Tecnologia no Exército nacional. O palestrante convidado foi o General Sinclair James Mayer, chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército brasileiro (DCT). Realizada no dia 05 de junho, a reunião teve comentários do chefe do Laboratório de Gestão e Inovação da Escola Politécnica da USP, o engenheiro Mário Salerno.

Pioneirismo MilitarEngana-se quem acredita que a preocupação com a ciência e a tecnologia (C&T) no Exército brasileiro é fato recente. Na realidade, trata-se de algo anterior à independência do Brasil. As raízes do sistema de Ciência e Tecnologia do Exército – e das Forças Armadas – surgiram com a vinda da família real portuguesa para o Brasil em 1808. Além de tentar implantar indústrias na colônia, D. João VI também investiu em C&T nas armas. É dessa época, por exemplo, a primeira escola de engenharia do país, o Instituto Militar de Engenharia (IME). Embora o projeto industrial tenha se visto frustrado pouco tempo depois, o mesmo não aconteceria com as Forças Armadas, o que torna a indústria de defesa uma das precursoras da industrialização no Brasil.

Na atualidade, esse sistema de C&T no Exército é coordenado pelo Departamento de Ciência e Tec-nologia (DCT), o qual desempenha, basicamente, duas funções. A primeira delas é planejar, organizar, dirigir e controlar as atividades científicas e tecnoló-gicas no âmbito do Exército. A segunda é promover o fomento da Indústria Nacional, visando ao desen-volvimento e à produção de Sistemas e Material de Emprego Militar e tecnologias de uso dual.

Os investimentos nessa área variaram ao longo do tempo. Entre as décadas de 1970 e 1980, houve, por exemplo, a retomada da indústria de Defesa no Brasil. O período pós-Guerra Fria, no entanto, não foi favorável à indústria nacional de defesa. Isso porque houve grande oferta internacional de produtos militares para as Forças Armadas a baixos preços. Nesse sentido, a ampliação da oferta de material bélico a custos reduzidos foi negativa para o similar nacional.

Panorama Atual“Os nossos centros de C&T ainda não estão do tamanho do Brasil e das necessidades do Brasil”, analisou o general Sinclair Mayer durante a apresentação. Para ele, isso tem sido um óbice relevante no que diz respeito ao desenvolvimento de inovações, particularmente, em projetos militares.

Projetos militares têm características específicas. Segundo o general, caracterizam-se pela inovação e maturação rápida. A tecnologia de surpresa é o que causa o desequilíbrio em virtude de sua inovação tecnológica. Essa é uma das principais razões para que as tecnologias militares sirvam de “empurrão”

DEBATES GACINTO informativo sobre os debates no âmbito do Gacint Grupo de Análise da Conjuntura Internacional

No 20 / 2013

Exército brasileiro e C&T: Panorama e desafios

Instituto de Relações Internacionais

General Sinclair James Mayer, Ricardo Sennes e Mário Salerno

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General Sinclair James Mayer

para o desenvolvimento das demais tecnologias, de uso civil. Para que isso aconteça, são necessários investimentos elevados no setor, algo que não se verifica na realidade brasileira.

Da parte do Estado, a produção estatal de artefatos para defesa está estruturada em torno da Indústria de Materiais Bélicos – IMBEL. Ela é composta por cinco fábricas, todas na região Sudeste: duas dedicadas a materiais químicos (Magé, RJ; Piquete, SP); duas de armamentos e munições (Itajubá, MG; Juiz de Fora, MG); e uma de material de comunicação eletrônica.

Em 2012, a fabricação de produtos considerados estratégicos para a defesa do país ganhou incentivo. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) desenvolveu o Plano Brasil Maior, por meio do qual empresas da área de defesa serão desoneradas, por 5 anos, de encargos como IPI, PIS/Pasep e Cofins.

A fim de evitar que os departamentos de C&T de cada Força Armada desenvolvam projetos similares, o MD promove atividade de moderação dos projetos, de modo a garantir a integração deles em caso de similitudes. Já o processo de integração dos centros tecnológicos deve começar até 2015.

Do ponto de vista político, devem-se ressaltar dois marcos. O primeiro deles é a Política de Defesa Nacional (PDN), de 2005. O segundo é a Estratégia Nacional de Defesa (END), de 2008.

CooperaçãoDesde o lançamento da END, o Brasil vem fortalecendo parcerias com outros países em termos de indústria de defesa, principalmente no sentido de compra de empresas nacionais, associando-se a empresas estrangeiras, e de aquisição de produtos acompanhada de transferência de tecnologia.

Algumas parcerias merecem destaque. Na análise do Gen. Mayer, um dos países que conduziu aproximação mais intensa foi Israel. Outro país com que o Brasil estreitou laços foi a França. Cingapura, Estados Unidos, Espanha, Itália e África do Sul também mantêm parcerias significativas.

No contexto regional, o Gen. Mayer relatou haver capacidade limitada de associação, devido ao protagonismo brasileiro na área de defesa na América Latina. Um projeto mencionado foi de defesa na área de força terrestre com a Argentina. No entanto, é de interesse nacional ampliar o espaço de diálogo com os demais países latino-americanos. Nesse sentido, o Estado brasileiro tem conduzido o que se chama de “conferências bilaterais” como mecanismo inicial de aproximação, algo que já foi feito, por exemplo, com o Chile.

Além desse tipo de cooperação, o Gen. Mayer ressaltou as parcerias entre o Instituto Militar de Engenharia (IME) e diversas universidades no exterior. São contemplados alunos de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado. Dentre as universidades parceiras estão o Institut Politechinique de Grenoble (França), Universidade do Porto (Portugal), Stanford University e Massachussets University of Technology (ambas dos Estados Unidos), entre outras.

Os DesafiosEm sua apresentação, o General Mayer elencou 4 principais desafios que precisam ser superados para que se aprimore o quadro atual de inovação em C&T no Exército.

O primeiro deles refere-se às restrições atinentes ao arcabouço jurídico. Segundo o general, a legislação poderia facilitar mais o desenvolvimento de projetos na área de C&T. Ele citou, especificamente, a Lei nº. 8666/1993, a Lei das Licitações. Para ele, seriam necessárias mudanças nessa lei para que os recursos fossem mais bem alocados.

Debates Gacint - O informativo digital sobre os debates no âmbito do Gacint Página 3

Mário Salerno

O segundo está relacionado às restrições de recursos humanos e orçamentários. Para exemplificar, o general relatou que, atualmente, o setor de C&T do Exército conta com 800 engenheiros, número aquém das reais necessidades do Exército. Quanto aos recursos, mencionou dados do Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI). Esses dados, analisados entre 2000 e 2009, indicam que os investimentos na área militar no país estariam em torno de 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto), algo que se mantém há mais de 20 anos, sendo 70% desse valor destinados ao pagamento do pessoal. Segundo o SIPRI, até 2009 o Brasil era o 11º em gastos militares, representando 1,7% dos gastos mundiais. O primeiro colocado, os Estados Unidos, gastaram no período o equivalente a 4,3% do PIB com despesas militares, o que representou 43% de participação mundial. Importante ressaltar que, diferentemente das informações sobre os gastos brasileiros, que incluem despesa com pessoal, os valores para os Estados Unidos refere-se, exclusivamente, para atividades finalísticas de defesa.

Uma maneira de contornar a carência de recursos está na aproximação com empresas. No IME e no centros de C&T, todos os projetos, sem exceção, têm participação de empresas e, em alguns casos, de universidades também.

Em terceiro lugar, o chefe do DCT elenca como desafio a ser superado a questão do fosso tecnológico e da precariedade das capacidades instaladas no país. Para ele, há no Brasil poucos centros que lidam

de forma sofisticada com a inovação tecnológica, a exemplo da USP e do Laboratório Nacional de Computação Científica (RJ). Como consequência, segundo ele, acaba sendo difícil encontrar, em âmbito interno, alguns produtos, tendo-se que recorrer a produtores no exterior.

O quarto ponto a ser observado é a participação do Estado. O General afirma ser necessária participação intensa do governo, uma vez que, muitas vezes, para a indústria o respaldo governamental é um forte incentivo para que se comecem investimentos no desenvolvimento de determinadas áreas tecnológicas, tal como acontece, tradicionalmente, nos Estados Unidos.

Futuro à VistaPara lograr êxito na superação desses desafios, está em marcha o processo de Transformação do Exército Brasileiro, destacado pelo General durante a apresentação. Esse processo de transformação visa a modernizar a Força Terrestre, tornando-a equivalente a uma Força Armada de país desenvolvido.

O Projeto de Força (PROFORÇA) agrega as principais diretrizes para que se consolide essa aspiração. Fundamentado em três marcos temporais (2015, 2022 e 2031), o PROFORÇA se baseia no fortalecimento dos seguintes vetores estratégicos: Doutrina, Educação & Cultura, Engenharia, Gestão, Logística, Orçamento & Finanças, Preparo & Emprego e Recursos Humanos. Na vanguarda, “com as forças de primeiro escalão”, o vetor de Ciência & Tecnologia, sem o qual os demais vetores não avançam.

Sob o guarda-chuva do projeto do processo de Transformação do Exército está a criação de dois polos tecnológicos. Trata-se do Polo de C&T do Exército em Guaratiba (PCTEG) e do Polo de Tecnologia da Informação do Exército (PTIEx).

Já no que diz respeito à indústria bélica e à participação acionária de outros países em empresas brasileiras, os MD, MPOG e MDIC estão se articulando para definir o que são “empresas estratégicas de defesa”. A partir de uma definição clara do conceito, poderá ser desenvolvida legislação para regular esse mercado. Por fim, menciona-se a intenção de, nos próximos anos, intensificar a aproximação e a interação do DCT com as empresas e a academia para elaboração e consecução de projetos.

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Membros do Gacint ADHEMAR DA COSTA MACHADO FILHOADRIANA SCHOR ADRIANO HENRIQUE REBELO BIAVA AFFONSO CELSO DE OURO PRETO AFFONSO DE ALENCASTRO MASSOTALBERTO PFEIFER ALEXANDRE BARBOSAALEXANDRE RATSUO UEHARA ANGELO DE OLIVEIRA SEGRILLO ANTONIO CARLOS PEREIRA ANTONIO CORRÊA DE LACERDA ANTONIO RUY DE ALMEIDA SILVABORIS FAUSTO CARLOS EDUARDO E CARVALHOCARLOS EDUARDO LINS DA SILVACELSO GRISICELSO LAFER CELSO NUNES AMORIMCHRISTIAN LOHBAUER CLAUDIO GONÇALVES COUTO CORONEL UBIRAJARA NEVESDANIELA CARLA DECARO SCHETTINIDÉCIO ODDONE DEISY VENTURA DEMÉTRIO MAGNOLI FELIPE LOUREIROGELSON FONSECA JUNIOR GERALDO DE FIGUEIREDO FORBES GERALDO ZAHRAN

GILMAR MASIERO GIORGIO ROMANO SCHUTTE GONZALO BERRONGUNTHER RUDZITHELGA HOFFMANN HENRI PHILIPPE REICHSTUL JACQUES MARCOVITCH JAIME SPITZCOVSKYJANINA ONUKI JOÃO GRANDINO RODAS JOÃO PAULO CANDIA VEIGA JOSÉ LUIZ PIMENTA JÚNIORKAI ENNO LEHMANNKJELD AAGAARD JAKSOBSEN LEANDRO PIQUET CARNEIRO LENINA POMERANZ LOURDES SOLALUCIA NADERLUCIANA NICOLALUIZ AFONSO SIMOENS DA SILVA LUKAS LINGENTHALMARCO AURÉLIO GARCIAMARIA ANTONIETA DEL TEDESCO LINS MARIA HELENA TACHINARDI MARIA HERMÍNIA TAVARES DE ALMEIDA MARIANA LUZOTAVIANO CANUTO PATRÍCIA CAMPOS MELLOPAULO ROBERTO FELDMAN

PAULO SOTERO PEDRO BOHOMOLETZ DE ABREU DALLARI PEDRO MENDONÇAPETER ROBERT DEMANT PETERSON FERREIRA E SILVAPHILIPPE LAVANCHYPHILIPPE REICHSTULRAFAEL DUARTE VILLA RAFAEL SOUZA FONSECARICARDO UBIRACI SENNES ROBERTO ADDENUR ROBERTO RODRIGUES ROBERTO TEIXEIRA DA COSTA RODRIGO TAVARESRONALDO SARDEMBERGROSSANA ROCHA REIS RUBENS ANTÔNIO BARBOSARUY MARTINS ALTENFELDER SILVASAMUEL FELDBERGSÉRGIO ERNESTO ALVES CONFORTOSÉRGIO FAUSTO SÉRGIO SILVA DO AMARALTULLO VIGEVANI VAHAN AGOPYAN VERA THORSTENSEN YI SHIN TANG

Gacint Coordenador Geral Ricardo SennesVice-CoordenadorBruno Reis

DiretoraMaria Hermínia Tavares de Almeida

Debates Gacint Coordenador ExecutivoAndré Luiz SicilianoRedação e edição Mariana BernussiPatrícia Tambourgi

IRI Contato: [email protected] André MichelinBruno de Marco Lopes

Comentários

O professor e engenheiro Mário Salerno, chefe do Laboratório de Gestão e Inovação da Escola Politécnica da USP, abordou em seus comentários duas temáticas centrais. A primeira diretamente relacionada ao ramo da defesa brasileira e a segunda focada nas empresas de tecnologia. Apesar de não ser um expert na área de defesa, o professor considera que os problemas apresentados pelo General Mayer com relação à inovação e desenvolvimento de tecnologia no sistema de defesa, não são diferentes no panorama da inovação no Brasil como um todo.

Quanto ao setor de defesa, o professor apontou que, como a defesa possui um maior nível de exigência e excelência tecnológica, isso acaba por influenciar positivamente uma busca por maior desenvolvimento também em outras áreas que requerem investimento tecnológico. Essa constatação é o ponto de partida para o Brasil fomentar a geração de tecnologias no país.

Todavia, o grande gargalo desse tema apontado pelo professor está nas empresas. O Brasil não é conhecido pela sua tecnologia e não possui uma imagem grande produtor tecnológico. Nesse

sentido, não se trata de possuir centros universitários ou uma estrutura maior de desenvolvimento científico que produza a ciência e desenvolva pesquisas, mas sim ainda nos falta a instituição que consiga produzir essa tecnologia e fazer a interface com o mercado, o que não compete à universidade. Possuímos poucas empresas líderes em cadeias importantes, a diplomacia brasileira não trata de negócios e não temos uma agência de promoção de exportações com escritório fora do país.

Logo, são dois os problemas do Brasil no que tange à inovação tecnológica. O primeiro é a nossa estrutura industrial e o precário investimento das empresas brasileiras no desenvolvimento científico. O segundo entrave é a amarra do Estado. O Brasil possui um arcabouço legal e institucional muito complicado de ser operado e pouco ágil. Porém, apesar da lentidão do sistema, o aprimoramento da lei de inovação é um grande avanço para o desenvolvimento de tecnologias no Brasil.