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O Internetês na escola Célia Francisca de Araujo (Professor PDE)
Juliano Desiderato Antonio (Orientador)
Resumo
Este artigo apresenta as várias etapas de um trabalho desenvolvido na 1ª série do
Ensino Médio do Colégio Estadual “Senador Moraes de Barros” EFM, no município
de Jussara, núcleo de Cianorte, sendo a primeira etapa a apresentação do projeto
aos alunos expondo sua importância e como seria seu desenvolvimento. O professor
procurou valorizar a linguagem utilizada pelos alunos na internet como um gênero
em alta na atualidade, e a partir dessa linguagem, trabalhou a linguagem formal. Em
seguida conduziu uma conversação sobre os bate-papos na internet e como é
utilizada a linguagem nessa interação. Na sequência trabalhou o gênero relato, no
qual foi apresentado um texto (relato) publicado em um blog em internetês, fazendo,
em seguida, a leitura e compreensão do texto para posteriormente trabalhar a
retextualização através de um encaminhamento metodológico em que se
desenvolveu uma sequência didática, aplicando-se a passagem do texto escrito na
internet (internetês) para o texto escrito na linguagem padrão.
Palavras-chave: Internetês. Retextualização. Escrita.
Abstract
This article presents the various stages of a work in 1st year of high school in
State College "Senator Moraes de Barros" FSM in the city of Jussara Cianorte core,
the first step to present the project to expose students and their importance and as
would be development. The teacher tried to enhance the language used by students
on the Internet as a genre on the rise today, and from that language, worked the
formal language. Then led a conversation about the chats on the Internet and how
language is used in this interaction. Following the gender story worked, where he
was presented with a text (story) published in a blog on the Internet, but after reading
and understanding of the text for further work retextualização through a routing
methodology which was developed following a teaching by applying the transition
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text written in the (Internet) to the text written in standard language.
Key words: Internet slang. Retextualization. Writing
Introdução
A realização deste trabalho se deu na busca de uma forma de despertar o
interesse dos alunos pela escrita. Em observação sobre as atividades dos alunos no
seu dia-a-dia, percebemos que o que mais lhes chama a atenção são as atividades
ligadas à informática. Passamos, então, a considerar o aproveitamento da internet
como algo interessante no estudo da linguagem em sala de aula para introduzirmos
a linguagem padrão de forma mais participativa por parte dos alunos, dando-se,
assim, a troca de experiência entre aluno e professor.
Muitas formas de escrita são aceitas hoje em dia, porém não podemos deixar
de ensinar a língua padrão. É função da escola e do professor preparar o aluno
para o emprego da língua padrão, sabendo que, em situações informais, ele poderá
usar o dialeto que lhe é peculiar.
A experiência em sala de aula revela que a maioria dos alunos não lê e,
consequentemente, não gosta de escrever e se distancia cada vez mais da norma
padrão. De acordo com as diretrizes curriculares, a sala de aula é o espaço de
apropriação desse conhecimento, porque é o único lugar que possibilita à grande
maioria dos alunos o contato com a norma padrão.
Nossos alunos utilizam-se de códigos linguísticos que, às vezes,
desconhecemos totalmente e que entre eles são usados com grande domínio na
escrita, principalmente na comunicação pela internet. Sendo assim, nosso desafio
é: Por que não conseguimos levar o nosso aluno a gostar de escrever na escola?
São os nossos métodos que não os agradam? Não seria, então, o momento de
buscarmos, em seu próprio meio, algo que desperte o seu interesse e nos valermos
disso para a introdução do nosso trabalho de despertar no aluno o gosto por
atividades que tratem da língua padrão?
Segundo Marcuschi (2001 p.18), “escrever pelo computador no contexto da
produção discursiva dos bate-papos síncronos (on-line) é uma nova forma de nos
relacionarmos com a escrita, mas não propriamente uma nova forma de escrita”.
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Levados por esse pensamento e propondo-nos a trabalhar com algo mais próximo
da realidade do nosso aluno, ou seja, utilizando a linguagem do seu dia-a-dia é que
usamos o internetês para iniciarmos o nosso trabalho de despertar no aluno o gosto
pela escrita.
Fundamentação Teórica / Revisão bibliográfica
A internet tem sido uma das maiores formas de comunicação entre os jovens
na atualidade. Neste trabalho utilizamos a linguagem na internet com o propósito de
aproveitar a prática dos alunos com o ensino da língua padrão.
Nesse tipo de interação, interlocutores estão em contato por um
canal eletrônico, o computador. Eles sentem-se falando, mas pelas
especificidades do meio em que os põe em contato, são obrigados a
escrever suas mensagens, ou seja, interagem, construindo um texto
“falado” por escrito. (HILGERT (2000, p.17-55).
Por ser esse tipo de texto interessante para o nosso aluno, uma vez que está
relacionado com a sua prática no dia-a-dia, é que propusemos um trabalho voltado
para a linguagem em sala de aula.
A comunicação na internet normalmente acontece por meio de e-mails e
mensagens on-line ou conversação. Os e-mails são textos enviados ao destinatário
por meio de endereço eletrônico e ficam arquivados num servidor para serem lidos
posteriormente. Para Hilgert (2000, p.17-55),
as mensagens on-line são enunciados predominantemente
lingüísticos, enviados ao destinatário que está, naquele momento
preciso, ligado ao computador para as receber e, se desejar, a elas
responder. É o que se chama também de comunicação em tempo
real. Cada mensagem é elaborada pelo destinador e enviada
somente depois de ele acionar o comando “enviar”. As mensagens
não são arquivadas, perdendo-se com a interrupção da interação, se
não forem salvas. Da alternância dessas mensagens é que se dá a
denominada conversação na Internet.
A elaboração da mensagem na conversação na internet acontece por escrito,
por força das características do meio eletrônico usado, mas os interlocutores
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sentem-se numa interação falada. Essa percepção de fala fica explícita nas
características da própria formulação dos enunciados, mas se manifesta também em
referências metalingüísticas do tipo “bate papo”.
Expressões do tipo cumprimentos informais, alongamentos vocálicos e outras
fazem que os interlocutores sintam-se em um bate papo, o que torna a comunicação
atraente e próxima da fala.
De acordo com Koch e Oesterreicher (1994, 1990 e 1985 apud Hilgert, p.19),
Os termos fala e escrita são empregados em dois sentidos: num,
denominam meios distintos de realização textual, correspondendo
fala à manifestação fônica e escrita à manifestação gráfica; noutro
referem maneiras distintas de concepção de um texto.
Vemos, então, uma proximidade da linguagem falada na internet com a
escrita, já que essa conversação se dá por turno em que os interlocutores
“escrevem” no teclado a mensagem que querem transmitir. É então que vemos que,
mesmo não gostando de escrever, como dizem os nossos alunos, escrevem o
tempo todo no computador, sem darem conta disso. Interagindo em tempo real, os
interlocutores não se encontram face a face, não sabem com quem estão “falando” e
estão limitados aos recursos de programação do computador, que os obriga a
elaborar por escrito seus enunciados, ainda que se concebam falando nas
interações de que fazem parte (HILGERT 2000).
Conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais (PARANÁ, 2007), a oralidade é
rica e permite muitas possibilidades de trabalho. Compete a escola tomar como
ponto de partida os conhecimentos linguísticos dos alunos, ou seja, fazer uso da
variedade de linguagem que eles empregam em suas relações sociais. Pensando
nisso é que procuramos uma nova forma de introdução da escrita em nossa prática.
A internet vem revolucionando a comunicação, principalmente entre os jovens
em idade escolar, no entanto, alguns pais e professores, por não dominarem essa
linguagem virtual e suas regras, vêm preocupando-se com esse tipo de linguagem.
Daí a importância de conhecermos mais esse gênero emergente. Ramal (2000)
propõe que a escola deva valorizar também a linguagem codificada que os alunos
usam em ambiente de comunicação virtual, porém, mostrando as diferenças de uso
de acordo com o contexto. Segundo Ramal, o cidadão preparado para o futuro tem
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que dominar tantas linguagens quantas forem as janelas que se abrirem para ele.
Apesar da inclusão, não se pode deixar de lado o ensino da norma padrão, pois a
capacidade de decodificar as mensagens na interação virtual está atrelada à intuição
linguística aguçada.
Devemos considerar também que por causa da internet os nossos alunos
leem e escrevem mais. Novos gêneros estão surgindo através dela. Cabe à escola e
a nós professores a correlação entre a norma e o uso da língua adequada aos
gêneros discursivos novos ou emergentes.
Retextualização Considerando-se o internetês como uma porta de entrada para o exercício da
linguagem e sua variedade e da importância da aplicabilidade da língua em suas
diversas situações, algumas atividades foram feitas no intuito de aprimorar o
conhecimento do aluno. Uma atividade que concluiu este trabalho foi a prática da
retextualização em que os alunos passaram um texto do internetês para o
português padrão utilizando a técnica da retextualização apresentada por Marcuschi
(2001).
De acordo com Marcuschi (2001, p.47), as semelhanças entre a linguagem
oral e a linguagem escrita são maiores do que as diferenças, tanto nos aspectos
estritamente linguísticos quanto nos aspectos sociocomunicativos, (as diferenças
estão mais na ordem das preferências e condicionamentos). Segundo o autor, “a
passagem da fala para a escrita não é passagem do caos para a ordem: é a
passagem de uma ordem para outra ordem”.
Toda retextualização exige antes uma compreensão. Mesmo em uma
conversa, quando contamos para alguém um fato que nos foi relatado
anteriormente, estamos fazendo uma atividade de retextualização que exige de nós
uma compreensão do fato para que possamos transmiti-lo com a maior precisão
possível. Podemos dizer que entre oralidade e escrita não existe diferença quanto a
conhecimento. Há várias atividades linguísticas corriqueiras em que a
retextualização, reescrita, e transformação de textos estão envolvidas, como por
exemplo, a secretária da escola que anota as informações orais de uma reunião e
transforma em ata; uma pessoa contando a outra o último capítulo da novela; um
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colega contando ao outro o filme que viu no dia anterior; um leitor contando ao outro
o livro que leu e muitos outros eventos que podemos chamar de corriqueiros e que,
se analisados com cuidado, podem ser considerados atividades de retextualização.
Neste trabalho foi investigada a passagem do texto escrito na internet
(internetês) para o texto escrito na linguagem padrão. Nesse tipo de atividade,
basicamente passamos as palavras pronunciadas para a formatação escrita num
sistema gráfico que, na maioria dos casos, segue a grafia padrão exceto nos casos
especiais em que queremos manter a questões específicas do falante.
A seguir, apresentam-se as principais características da retextualização
segundo Marcuschi (2001).
1 ) Definição: transformação de textos orais em textos escritos. Não se trata de um
processo mecânico, mas de um processo que envolve operações complexas que
interferem tanto no código como no sentido e evidenciam uma série de aspectos
nem sempre bem-compreendidos da relação oralidade-escrita.
Exemplo: transformação de entrevista oral em entrevista escrita.
2) Atividades de retextualização: identificação das operações mais comuns
realizada na passagem do texto falado para o texto escrito.
3) Variáveis intervenientes: propósito ou objetivo da retextualização; relação entre
o produtor do texto original e o transformador; relação tipológica entre o gênero
textual original e o gênero da retextualização; processos de formulação de cada
modalidade
4 ) Modelo das operações textuais-dicursivas na passagem do texto oral para o texto escrito: Marcuschi (2001, p. 75) apresenta algumas operações textuais-discursivas mais comuns na passagem do texto oral para o texto escrito: - 1ª operação: eliminação de marcas estritamente interacionais, hesitações e partes de palavras; - 2ª operação: introdução da pontuação com base na intuição fornecida pela entoação das falas;
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- 3ª operação: retirada de repetições, reduplicações, redundâncias, paráfrases e pronomes egóticos; - 4ª operação: introdução da paragrafação e da pontuação detalhada sem modificação da ordem dos tópicos discursivos; - 5ª operação: introdução de marcas metalingüísticas para referenciação de ações e verbalização de contextos expressos por dêiticos; - 6ª operação: reconstrução de estruturas truncadas, concordâncias, reordenação sintática, encadeamentos; - 7ª operação: tratamento estilístico com seleção de novas estruturas sintáticas e novas opções léxicas; - 8ª operação: reordenação tópica do texto e reorganização da seqüência argumentativa; - 9ª operação: agrupamento de argumentos condensando as idéias. 1.3 Gêneros textuais: O tema gêneros textuais está presente em toda situação de ensino na
atualidade. Não se pode mais falar em textos sem pensar em gêneros textuais.
O conceito de gênero textual deste trabalho está embasado em Bakhtin
(1992). Para o autor, sempre que falamos, utilizamos gêneros do discurso, ou seja,
os enunciados são constituídos a partir de uma forma padrão de estruturação.
Bakhtin define gêneros discursivos como “tipos relativamente estáveis de
enunciados” que “são determinados por uma dada esfera de comunicação”. Os
gêneros refletem as condições dessas esferas de uso da linguagem em sua
temática, nas formas linguísticas e lexicais e na estrutura.
Gêneros são, portanto, instrumentos utilizados para realização das práticas
sociais. Sua variedade é infinita e o conceito aplica-se a textos orais e a textos
escritos.
Ainda segundo Bakhtin, os gêneros podem ser primários ou secundários. Os
primários são simples e procedem da comunicação verbal espontânea (diálogos,
cartas). Os secundários vêm de uma comunicação cultural mais evoluída, mais
complexos (o romance, o teatro, discurso científico).
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Para Marcuschi (2003),
... hoje, em plena fase da denominada cultura eletrônica, com o
telefone, o gravador, o rádio, a TV e, particularmente o computador
pessoal e sua aplicação mais notável, a internet, presenciamos uma
explosão de novos gêneros e novas formas de comunicação, tanto
tem q trazer colchão e dormir na Ica e aqui
na oralidade como na escrita.
Os novos gêneros textuais surgiram nos últimos anos graças a novas áreas
de comunicações tecnológicas que têm interferido nas atividades comunicativas
diárias. Os grandes suportes tecnológicos da comunicação como rádio, televisão e a
internet são marcantes nas atividades diárias da sociedade atual e, sendo assim,
acabam sendo indicadores de novos gêneros característicos surgindo novas formas
discursivas como reportagens ao vivo, teleconferências, videoconferências, cartas
eletrônicas (e-mails), bate-papos virtuais (chats) aulas virtuais (aulas chats) e outros
gêneros.
Tais gêneros não são inovações absolutas. Bakhtin (1997) já falava na
transmutação dos gêneros e na assimilação de um gênero por outro gerando novos.
O e-mail (correio eletrônico) gera mensagens eletrônicas que têm nas cartas
pessoais, comerciais etc. No entanto, as cartas eletrônicas são gêneros que
circulam na mídia virtual.
Bakhtin (1997) e Bronckart (1999) defendem que a comunicação verbal só é
possível por algum gênero textual. Esta idéia é adotada pela maioria dos autores
que tratam a língua em seus aspectos discursivos como atividade social, histórica e
cognitiva.
Para Marcuschi (2003 p.35),
Tudo o que fizermos linguisticamente pode ser tratado em um ou outro gênero. E há muitos gêneros produzidos de maneira sistemática e com
grande incidência na vida diária, merecedores de nossa atenção. Inclusive e talvez de maneira fundamental, os que aparecem nas diversas mídias hoje existentes, sem excluir a mídia virtual, tão bem conhecida dos internautas ou navegadores da internet.
A Sequência Didática e sua aplicação em sala de aula
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Implementação da proposta de intervenção na escola
A aplicação da sequência didática teve início com uma conversa com os
alunos sobre a importância de se conhecer a linguagem padrão, ser capaz de utilizá-
la em determinadas situações que a exijam, como, por exemplo, responder a uma
entrevista para emprego, elaborar uma carta comercial, fazer um trabalho escolar e
outras situações que se faça necessário o uso da forma padrão.
Para conduzir essa conversa, partimos das seguintes questões:
1- Por que o internetês é tão utilizado atualmente?
2- Qual o motivo desse tipo de linguagem ter se propagado tanto no meio dos jovens
hoje?
3- Em que situações o internetês pode ser utilizado?
4- Quando devo utilizar a norma padrão em minha comunicação?
5- Por que eu devo continuar a estudar a norma padrão?
Partindo desses questionamentos, conversamos com os alunos sobre a
invasão do computador na vida das pessoas e a importância de se fazer uso desse
recurso nos dias atuais. Partindo desse princípio, conhecer o internetês se faz
importante em nosso dia-a-dia, pois é uma linguagem que, além de facilitar a
comunicação, nos coloca em contato com os internautas, e nos leva a compreender
a sua linguagem. Aprender o internetês é saber utilizar o computador e acessar os
mais variados programas (blogs, MSN, salas de bate-papos, Orkut, emails), enfim,
várias formas de comunicação que estão à nossa disposição. Saber avaliar o que há
de bom e o que há de ruim em cada uma delas, como também utilizá-la de forma
adequada e no momento certo.
Visitamos alguns blogs na internet para obtermos conhecimento do seu
funcionamento. Em seguida trabalhamos o gênero relato publicado em um blog em
internetês fazendo a leitura e a compreensão do mesmo para posteriormente
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aplicarmos a retextualização. Na sequência, propusemos aos alunos que
procurassem na internet textos escritos em internetês, levassem para a sala de aula
e selecionassem um para ser retextualizado sem a intervenção do professor. Após a
retextualização, professor e alunos discutiram o internetês e a forma padrão,
percebendo como e quando se deve utilizar cada uma delas. ,
Atividade número 1: no laboratório de informática, colocamos os alunos em
contato com o internetês conduzindo as seguintes atividades:
1) Acesse a internet e localize alguns textos contendo a linguagem do internetês.
2) Faça a leitura dos textos observando a forma como foram escritos. Essa
linguagem dificulta ou facilita a compreensão desses textos?
3) Dos textos lidos, escolha um, salve-o em sua pasta e em seguida
sublinhe as expressões do internetês.
4) Copie as expressões sublinhadas na atividade anterior e transcreva-as para a
linguagem padrão.
5) Substitua no texto as expressões transcritas no exercício anterior e releia-o,
verificando a compreensão.
Após essa atividade, a sala foi dividida em grupos de três alunos e pedimos a
eles que pesquisassem em casa textos em internetês, escolhessem aquele que a
equipe mais gostasse fizessem cópias para as outras equipes e distribuíssem na
sala de aula para que fossem traduzidos para a linguagem padrão. A divisão das
equipes foi coordenada pelo professor, a fim de que os alunos que não tivessem
computador em casa pudessem participar ativamente das atividades estando em
uma equipe em que ao menos um dos alunos tivesse acesso à internet. Houve
quem voltasse à escola sem o texto, mas a maioria das equipes trouxe os textos e
foi feita a troca dos mesmos para leitura, compreensão, e a passagem do internetês
para a linguagem padrão. Foi uma atividade que provocou muita conversa por parte
dos alunos, pois todos queriam comentar a linguagem com o outro e em uma sala
numerosa fica difícil o controle, mas a participação foi boa.
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Atividade número 2: retextualização
O texto que será analisado na sequência traz marcas da oralidade. Uma
forma de diminuir esse problema é através da reestruturação do texto até que a
maioria dos problemas seja resolvida. Uma nova proposta para esse trabalho é a
retextualização. Nessa atividade o aluno transforma um texto oral em um texto
escrito, e toma consciência das diferentes características da fala e da escrita.
Marcuschi (2000, p. 75) apresenta algumas operações textuais discursivas
mais comuns na passagem do texto oral para o texto escrito. Com algumas
adaptações trabalhamos quatro dessas operações:
1ª operação: eliminação de marcas do processo de produção oral;
2ª operação: introdução da pontuação e paragrafação;
3ª operação: reestruturação sintática (problemas de concordância, pronomes,
verbos, conectivos, etc.)
4ª operação: alterações estilísticas.
Texto retirado de um blog para análise:
ACHADO NUM BLOG PERDIDO
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Eu fui na nobel megastore. Tinha um livro de astrologia muuuuito legal, + nem fui vr
o preço pq era caro. Lah tb tinha o Bridget Jones, no limite de sei lá oq (continuação
do Diario de Bridget Jones, 6 sabem neh...) soh q custava 31 realz! Moh caro! Nem
sei se compro o livro ou espero arranjar emprestado...
Ai agente foi ver o filme. Foi muito engraçado. A minha irmã tava lá no começo da
fila, e dae 6 pessoas 'entraram delicadamente' atras dela *eh nois*. Detalhe q era um
lugar pra umas 2 pessoas, e tinha 6... Moh sufoco...(e depois entrou uma otra mina
lá c agente) Dai puta fila enorme *tah, n tava tão grande...* e os tios pegaram metde
do ingresso antes, pra não ter que pegar n porta. E abriram o lancezinho lah. Eu
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empurrando minha irmã feito uma loca condenada, e nosso 'grupinho' todo gritando
"corre, não sei qm, guarda n sey qts lugares! corre!" e agente correndo... uma
maravilha... Dae agente catou varios lugares lah na fila lah mcimaum... *foi quase a
fileira inteira. Só o gurizinho harry ptter e o amigo dele q tavam na nossa fileira tb*.
Dai eu fui lah mbaxu cunversa c meu amorzinho e dexei minha irman guardando
meu lugar o filme inteiro.
Depois de 2 hrs e 33 minutos, o filme acabow e fomos mbora.
Operações de retextualização aplicadas ao texto:
Operação número 1: eliminação das marcas de produção oral. Retirem do texto as
marcas características da produção oral. Essas marcas podem ser truncamentos,
repetições, e também marcas interacionais, ou seja, expressões dirigidas ao
interlocutor, como né, ah, entende? dentre outras.
Foram eliminadas nessa etapa as seguintes marcas:
. Marcas interacionais: neh (linha 3), tah (linha 8).
Retextualização após a primeira atividade:
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Eu fui na nobel megastore. Tinha um livro de astrologia muuuuito legal, + nem fui vr
o preço pq era caro. Lah tb tinha o Bridget Jones, no limite de sei lá oq
(continuação do Diario de Bridget Jones, 6 sabem ...) soh q custava 31 realz! Moh
caro! Nem sei se compro o livro ou espero arranjar emprestado...
Ai agente foi ver o filme. Foi muito engraçado. A minha irmã tava lá no começo da
fila, e dae 6 pessoas 'entraram delicadamente' atras dela *eh nois*. Detalhe q era
um lugar pra umas 2 pessoas, e tinha 6... Moh sufoco...(e depois entrou uma otra
mina lá c agente) Dai puta fila enorme * n tava tão grande...* e os tios pegaram
metde do ingresso antes, pra não ter que pegar n porta. E abriram o lancezinho lah.
Eu empurrando minha irmã feito uma loca condenada, e nosso 'grupinho' todo
gritando "corre, não sei qm, guarda n sey qts lugares! corre!" e agente correndo...
uma maravilha... Dae agente catou varios lugares lah na fila lah mcimaum... *foi
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quase a fileira inteira. Só o gurizinho harry ptter e o amigo dele q tavam na nossa
fileira tb*.
Dai eu fui lah mbaxu cunversa c meu amorzinho e dexei minha irman guardando
meu lugar o filme inteiro.Depois de 2 hrs e 33 minutos, o filme acabow e fomos
mbora.
Nessa operação o mais difícil foi fazer os alunos entender o que pedia o
enunciado. Eles estavam todos ansiosos para passar o texto do internetês para a
linguagem padrão, neste momento foi necessário uma nova conversação a respeito
da retextualização esclarecendo que é uma atividade feita por etapas e que
devemos nos limitar ao que nos pede o enunciado. Concluída esta etapa passamos
para a operação número dois.
Operação número 2: introdução de pontuação e de paragrafação – procure no texto
assuntos que possam ser agrupados em parágrafos e verifique a pontuação correta.
No texto analisado, pudemos observar quatro assuntos distintos: o primeiro
apresenta informações que são necessárias para a compreensão do que será
narrado na sequência. Esse primeiro tópico vai das linhas 1 a 4 nas quais ele fala
sobre onde eles foram, o que viram primeiro, enfim descreve o lugar em que
estavam. O segundo tópico trata-se da narração do que aconteceu no passeio. Vai
da linha 5 a 13, nas quais narra toda a trama desde a entrada na fila para comprar
os ingressos para o cinema até a tomada dos lugares. O terceiro tópico linhas 14 e
15 é onde o narrador conta que se separa do grupo para conversar com seu amor.
O quarto tópico, última linha do texto, é a conclusão, na qual o narrador deixa claro o
tempo e o final dos acontecimentos.
Com base na delimitação dos tópicos os alunos estabeleceram, assim, quatro
parágrafos para o texto analisado.
A segunda etapa dessa operação, que trata da introdução da pontuação pôde
ser feita já com a inclusão das orações nos parágrafos delimitados.
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Verifique, então como ficou o texto após a aplicação da segunda operação:
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Eu fui na nobel megastore. Tinha um livro de astrologia muuuuito legal, +
nem fui vr o preço pq era caro. Lah tb tinha o Bridget Jones, no limite de sei lá oq
(continuação do Diario de Bridget Jones, 6 sabem ...) soh q custava 31 realz! Moh
caro! Nem sei se compro o livro ou espero arranjar emprestado...
Ai agente foi ver o filme. Foi muito engraçado. A minha irmã tava lá no
começo da fila, e dae 6 pessoas 'entraram delicadamente' atras dela *eh nois*.
Detalhe q era um lugar pra umas 2 pessoas, e tinha 6... Moh sufoco...(e depois
entrou uma otra mina lá c agente) Dai puta fila enorme * n tava tão grande...* e os
tios pegaram metde do ingresso antes, pra não ter que pegar n porta. E abriram o
lancezinho lah. Eu empurrando minha irmã feito uma loca condenada, e nosso
'grupinho' todo gritando "corre, não sei qm, guarda n sey qts lugares! corre!" e
agente correndo... uma maravilha... Dae agente catou varios lugares lah na fila lah
mcimaum... *foi quase a fileira inteira. Só o gurizinho harry ptter e o amigo dele q
tavam na nossa fileira tb*.
Dai eu fui lah mbaxu cunversa c meu amorzinho e dexei minha irman
guardando meu lugar o filme inteiro.
Depois de 2 hrs e 33 minutos, o filme acabow e fomos mbora.
Na realização dessa atividade, foi possível perceber um empenho muito
grande dos alunos. Um dos alunos chamou o professor e disse que essa era uma
boa atividade, pois ensinava como escrever outros textos, ou seja, o aluno concluiu
que, por meio daquela atividade, ele saberia como agrupar os assuntos nos
parágrafos e pontuá-los.
Operação número 3: reestruturação sintática - orações com problemas sintáticos ou
com construções sintáticas típicas da oralidade devem ser reconstruídas. Faça a
reconstrução das mesmas e reescreva o texto.
Reestruturações possíveis nessa etapa:
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- Substituição da expressão “Eu fui na Nobel” por “Eu fui à Nobel”;
- Substituição de letra minúsculas por maiúsculas na indicação de substantivos
próprios: “nobel megastor” “Nobel Megastore”, “harry potter” “Harry Potter”;
- Troca da expressão “a gente” pelo pronome nós e adequações das formas verbais
como em: “agente foi” (nós fomos),” com agente” (conosco);
-Adequação das formas verbais, como: “tava” (estava);
- Elipse, quando o mesmo sujeito é mantido em orações consecutivas, como em
“agente foi ver o filme”, “agente correndo..., agente pegou vários lugares”;
“Nós fomos ver o filme,” “e nós correndo..., pegamos vários lugares”...
- Substituição de marcas orais de encadeamento das orações, como “aí”, “daí” etc.
por marcas de coesão que representem outras relações lógicas tais como: assim,
então etc. como em: “aí nós fomos ver o filme” “então nós fomos ver o filme”;
Após essa atividade, tivemos a seguinte versão do texto:
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Eu fui à Nobel Megastore. Tinha um livro de astrologia muuuuito legal, +
nem fui vr o preço pq era caro. Lah tb tinha o Bridget Jones, no limite de sei lá
oq (continuação do Diario de Bridget Jones, 6 sabem ...) soh q custava 31 realz!
Moh caro! Nem sei se compro o livro ou espero arranjar emprestado...
Então nós fomos ver o filme. Foi muito engraçado. A minha irmã estava lá
no começo da fila, e 6 pessoas 'entraram delicadamente' atras dela *eh nois*.
Detalhe q era um lugar pra umas 2 pessoas, e tinha 6... Moh sufoco...(e depois
entrou uma otra mina lá c agente) Puta fila enorme * n estava tão grande...* e os
tios pegaram metde do ingresso antes, pra não ter que pegar n porta. E abriram
o lancezinho lah. Eu empurrando minha irmã feito uma loca condenada, e nosso
'grupinho' todo gritando "corre, não sei qm, guarda n sey qts lugares! corre!" e
nós correndo... uma maravilha... Então catamos vários lugares lah na fila lah
mcimaum... *foi quase a fileira inteira. Só o gurizinho harry ptter e o amigo dele q
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Nessa operação, os alunos demonstraram um nível de dificuldade maior,
pois envolve questões mais complexas como concordância e regência em que os
alunos encontram muita dificuldade. Esta operação ocupou um tempo maior, mais
de uma aula com muitas perguntas e resistência por parte dos alunos.
Algumas construções passam despercebidas para eles. Estão tão
habituados a elas que não percebem nenhum problema chegando mesmo a dizer:
“todo mundo fala assim, nunca vi essa outra forma”. Alguns até tentaram resistir a
substituição de certas construções, mas discutiram e chegaram a um consenso.
Operação número 4: alterações estilísticas - nessa operação selecionam-se
construções sintáticas e formas lexicais mais adequadas à modalidade escrita.
- Uso de sinais ou numerais com mesmo som ou com som semelhante de um
vocábulo como: “+”, ”6” deverão ser substituídos por: “mas,” “vocês”.
Outras substituições que deverão ocorrer na passagem do internetês para a forma
padrão estão citadas à frente de cada expressão como:
- Uso do “h” para indicar acento agudo como em: “lah” “lá”, “soh” “só”
- Transcrição fonética: “muuuuito” “muito”, “cunversa” “conversar”, “dexei” “deixei”,
“loca” “louca”, “otra” “outra”.
- Uso da consoante nasal para indicar nasalidade como em: “mcimaum” “em cima”,
“mbaxu” “embaixo”, “irman”, “irmã”, “mbora” “embora”.
- Abreviação de palavra como em: “vr” “ver”, “pq” “porque”, “Tb” “também”, “oq” “o
que”, “q” “que”, “n” “não”, “metde” “metade”, “qm” “quem”, “gts” “quantos”, “ptter”
“Poter”.
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estavam na nossa fileira tb*.
Então eu fui lah mbaxu cunversa c meu amorzinho e dexei minha irman
guardando meu lugar o filme inteiro.
Depois de 2 hrs e 33 minutos, o filme acabow e fomos mbora.
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- Utilização de “y” e “w” para marcar semivogal como: “sey” “sei”, “acabow”
“acabou”.
- Seleção vocabular: no texto encontramos vocabulário informal e gíria como: “legal”
“bom”, “moh caro” “muito caro”, “moh sufoco” “maior sufoco”, “realz” “reais” “mina”
“menina ou garota”, “puta fila” “fila grande”, “eh nois” “éramos nós”, “lancezinho”
“porta”.
- substituição do verbo “catar” linha 11 por pegar: “catamos vários lugares”
“pegamos vários lugares”, mais adequado à modalidade escrita.
Após essas adaptações, os alunos completaram a retextualização da
narrativa obtendo o seguinte texto:
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Eu fui à Nobel Megastore. Tinha um livro de astrologia muito bom, mas nem
fui ver o preço porque era caro. Lá também tinha a Bridget Jones, no limite de sei
lá o quê (continuação do Diário de Bridget Jones, vocês sabem!...) só que custava
trinta e um reais! Muito caro! Nem sei se compro o livro ou espero arranjar
emprestado...
Então nós fomos ver o filme. Foi muito engraçado. A minha irmã estava lá
no começo da fila, e seis pessoas 'entraram delicadamente' atrás dela *éramos
nós*. Detalhe: era um lugar para umas duas pessoas, e tinha seis... maior
sufoco... (e depois entrou outra menina lá conosco) Uma fila enorme * não estava
tão grande...* e os homens pegaram metade do ingresso antes, para não ter que
pegar na portaria. Então abriram a porta. Eu empurrando minha irmã como uma
louca condenada, e nosso 'grupinho' todo gritando "corre, não sei quem, guarda
não sei quantos lugares! corre!" E nós correndo... Uma maravilha... Então
pegamos vários lugares na fila lá em cima... *foi quase a fileira inteira. Só o
gurizinho Harry Potter e o amigo dele estavam na nossa fileira também*.
Então eu fui lá embaixo conversar com meu amorzinho e deixei minha irmã
guardando meu lugar o filme inteiro.
Depois de duas horas e trinta e três minutos, o filme acabou e fomos
embora.
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Esta foi a atividade mais esperada pelos alunos. Desde a primeira operação
eles queriam eliminar o internetês tendo de ser orientados, pelo professor, o tempo
todo, afinal essa era a parte que eles mais sabiam. Após essa atividade foi feita uma
releitura de todo o processo de retextualização com os alunos e a reescrita final do
texto, concluindo-se, assim, o estudo proposto.
Em uma análise das atividades desenvolvidas até então, percebemos que o que não
agradou muito os alunos foi a questão da reescrita do texto após cada operação,
eles acharam essa parte cansativa sempre propondo que fossem feitas todas as
operações e aí sim, se reescrevesse o texto, no final. Todas as questões foram
discutidas, trabalhadas e chegou-se ao final com a compreensão de todos sobre o
processo de retextualização e uma consciência maior do ato de escrever e da forma
de se utilizar os vários tipos de linguagem a que nos dispõe a língua portuguesa,
especialmente o internetês.
Atividade número 3: baseando-se no texto “Achado Num Blog Perdido” que acabou
de reestruturar, responda:
1) Quais as diferenças encontradas na linguagem utilizada na internet e a língua
padrão que devemos utilizar ?
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2) Como era o texto antes, e como ficou depois da retextualização?
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3) Cada uma dessas versões do texto é adequada para que tipo de situação
comunicativa?
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Após essa atividade, os alunos concluíram que há uma diferença entre a
linguagem da internet e a linguagem que utilizamos na escola no sentido de que o
internetês facilita a conversação pelo computador abreviando, usando outros sinais
de acentuação, formas mais rápidas para se comunicarem numa conversa rápida e
muitas vezes simultânea. Por outro lado, entenderam que numa comunicação formal
esse tipo de linguagem pode dificultar a compreensão. Perceberam também que é
importante conhecer as duas formas de utilização da linguagem e o momento certo
para o emprego de cada uma.
Atividade número 4: (pesquisa na internet)
1) Reúna-se com mais dois colegas e pesquise na internet textos escritos em
internetês. Escolha o que mais lhe chamar a atenção, faça cópias e traga para a
sala para que todos tenham acesso à leitura.
2) Escolha, juntamente com a classe, um dos textos para ser feita a
retextualização, agora, sem a intervenção do professor.
3) Com a coordenação do professor, cada equipe deve colocar em edital o texto
que retextualizou para ser lido pelos outros alunos.
4) Juntamente com o professor, a sala fará a análise da atividade realizada
chegando à melhor retextualização do texto selecionado pela turma.
Após a pesquisa os alunos trouxeram vários textos para a sala de aula e
fizemos a leitura de todos eles. Foi uma aula muito tumultuada, mas ao mesmo
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tempo divertida com todos tentando entender o texto da melhor maneira possível e,
alguns, orgulhosos em poder ajudar o colega a entender determinados termos, ou
expressões, que lhe eram desconhecidas. De acordo com o que foi proposto, os
alunos deveriam escolher um único texto para a retextualização, mas houve muita
divergência entre eles e procuramos não ser muito rigorosos com tal proposta, o que
nos levou a permitir a escolha de mais de um texto. Ao final da atividade, todos os
textos retextualizados, foram expostos e analisados por todos, e muitos, concluindo
que o seu trabalho foi o melhor. Na idade em que se encontram, é difícil aceitar uma
visão de escolha que não seja a sua. Para que não houvesse decepções, aceitamos
todas. De modo geral todos os problemas foram trabalhados e encerramos, assim,
nossas atividades de maneira satisfatória.
Considerações finais
A busca de uma forma de despertar o interesse do aluno pela escrita e o
desejo de trabalhar com algo que estivesse mais próximo da sua realidade, foi o que
nos motivou a desenvolver este trabalho fazendo uso de uma temática que lhes é
muito familiar. Nos tempos atuais a informática tomou conta das nossas vidas e,
principalmente, da rotina dos jovens e adolescentes que frequentam as nossas salas
de aula por todo o país e no nosso estado, principalmente agora, que essa
tecnologia tem chegado a todas as escolas da rede pública de ensino. Nem mesmo
os próprios alunos sabem que gostam de escrever, pensam que isso é tarefa de
escola e rejeitam a escrita como rejeitam outros afazeres escolares. É comum
encontrar alunos que chegam ao ensino médio dizendo que não gostam de escrever
e que a escrita é uma atividade muito difícil e chata. Mas o que eles não percebem é
, mesmo fora da escola, eles estão escrevendo o tempo todo, e que isso não é
cansativo e nem chato, é apenas uma atividade rotineira em suas vidas, e que eles
só a percebem como difícil, quando se colocam como alunos, fazendo da escrita
uma atividade apenas escolar.
Ao levar para sala de aula textos com os quais eles têm contado pela internet,
através de uma atividade que lhes dá prazer, os alunos acabam tendo, com o texto
escrito, uma relação de proximidade que o livro didático muitas vezes não permite.
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Essa proximidade faz com que a escrita deixe de ser algo considerado chato para se
tornar uma atividade mais prazerosa.
Outro fator importante é que com a implantação dos laboratórios de
informática nas escolas, atividades que envolvem essa nova linguagem estarão
cada vez mais presente na vida escolar, cabendo a nós, professores, a utilização
dos recursos disponíveis para melhoria no trabalho de ensinar a língua padrão
considerando a variedade empregada pelos alunos no seu dia-a-dia.
Várias medidas administrativas estão sendo desenvolvidas no sentido de
assegurar a presença do computador e da Internet nos estabelecimentos de ensino,
o que sugere a necessidade de interação na comunidade escolar.
O interesse do aluno por esse recurso é muito grande e é necessário projetar
ações que promovam a utilização da Informática na sala de aula como algo que
tende a contribuir no ensino e, eliminar de uma vez por todas, a rejeição cultivada
por muitos profissionais da educação levando à crença de que Internetês não é
linguagem de sala de aula.
O projeto foi desenvolvido obtendo ótimos resultados, principalmente no que
se refere à participação dos alunos, atingindo, assim, todas as expectativas de êxito
projetadas através da utilização do Internetês para o conhecimento e a utilização da
linguagem padrão na escola e na vida dos alunos.
Referências BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. 4ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. HILGERT, José Gaston. A construção do texto ‘falado’ por escrito: a conversação na internet. In: Dino Preti. (org). Fala e escrita em questão. 1 ed. São Paulo: Humanistas - FFLCH/USP, 2000, v. 4, p. 17-55. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: Atividade de retextualização São Paulo: Cortez, 2001. PARANÁ, Diretrizes Curriculares da Educação Básica, 2007.