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RADCLIFFE-BROWN, A.R. O irmão da mãe na África do Sul. In: Estrutura e função na sociedade primitiva. Petrópolis: Editora Vozes LTDA, 1973. A atitude do filho da irmã para com o irmão da mãe é marcada por determinados privilégios em várias sociedades; sobrevivência de um regime matrilinear em sociedades hoje patrilineares --> tese de Junod; Brown irá objetar que a crítica pela crítica não avança a ciência devendo que se proponha nova teoria que de conta melhor que a antecessora, será este o intuito do texto; Empírico: Etnografia feita pelo próprio Junod( The life of a South African Tribe. 1913, vol 1., povo: baThonga Relação de direitos de um para com o outro, do irmão da mãe e do filho da irmã; exemplo recorrente do furto do sacrifício; O padrão que nos nos autoriza a deduzir que a atitude em relação a um dos genitores 1 se aplica aos irmãos ou irmãs deste ( todos os tios seriam uma espécie de pais o mesmo se passando com a mãe e as tias) não é válido quando se cruza o gênero: o tio materno não recebe o mesmo tratamento que a mãe nem as tias paternas que o pai; Aqui já se entrevê algum sistema na busca por padrões; lógica classificatória de parentesco, na linguagem percebe-se a questão da mãe masculina( Africa do sul:tio (umalume ou malume sendo ma raiz de "mãe" e um sufixo que diz masculino, em Xosa udade bo bawo literalmente "irmão da mãe" , em Zulu pode ser um termo descritivo ou ubaba "pai" assim como os tios paternos o mesmo se observando na Polinésia. Já que não compartilham língua é difícil sustentar que seja um caso de contato cultural. Tentativa de investigar como isso se da em sociedades patrilineares em relação ao tio materno e a tia paterna; começa com a definição desses esquemas pela obra de Junod; impõe a questão do sexo para definir o padrão de conduta, entre os baThonga algum grau de familiaridade só se permite entre o mesmo sexo e respeitando-se hierarquia, idade e parentesco; " A influência do sexo na conduta de parentesco é mais bem percebida nas relações de irmão e irmã"( BROWN, pág 34) 1 Lógica de Brown de colocar o foco da interpretação na descrição naturalista( LEVI- STRAUSS, 2012) e não na social, "genitora" e não "mãe"

O Irmão Da Mãe Na África Do Sul

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Fichamento do texto de Radcliff Brown

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Page 1: O Irmão Da Mãe Na África Do Sul

RADCLIFFE-BROWN, A.R. O irmão da mãe na África do Sul. In: Estrutura e função na

sociedade primitiva. Petrópolis: Editora Vozes LTDA, 1973.

• A atitude do filho da irmã para com o irmão da mãe é marcada por determinados privilégios

em várias sociedades; sobrevivência de um regime matrilinear em sociedades hoje

patrilineares --> tese de Junod; Brown irá objetar que a crítica pela crítica não avança a

ciência devendo que se proponha nova teoria que de conta melhor que a antecessora, será

este o intuito do texto;

◦ Empírico: Etnografia feita pelo próprio Junod( The life of a South African Tribe. 1913,

vol 1., povo: baThonga

◦ Relação de direitos de um para com o outro, do irmão da mãe e do filho da irmã;

exemplo recorrente do furto do sacrifício;

◦ O padrão que nos nos autoriza a deduzir que a atitude em relação a um dos genitores1 se

aplica aos irmãos ou irmãs deste ( todos os tios seriam uma espécie de pais o mesmo se

passando com a mãe e as tias) não é válido quando se cruza o gênero: o tio materno não

recebe o mesmo tratamento que a mãe nem as tias paternas que o pai;

◦ Aqui já se entrevê algum sistema na busca por padrões; lógica classificatória de

parentesco, na linguagem percebe-se a questão da mãe masculina( Africa do sul:tio

(umalume ou malume sendo ma raiz de "mãe" e um sufixo que diz masculino, em Xosa

udade bo bawo literalmente "irmão da mãe" , em Zulu pode ser um termo descritivo ou

ubaba "pai" assim como os tios paternos o mesmo se observando na Polinésia. Já que

não compartilham língua é difícil sustentar que seja um caso de contato cultural.

• Tentativa de investigar como isso se da em sociedades patrilineares em relação ao tio

materno e a tia paterna; começa com a definição desses esquemas pela obra de Junod; impõe

a questão do sexo para definir o padrão de conduta, entre os baThonga algum grau de

familiaridade só se permite entre o mesmo sexo e respeitando-se hierarquia, idade e

parentesco; " A influência do sexo na conduta de parentesco é mais bem percebida nas

relações de irmão e irmã"( BROWN, pág 34)

1 Lógica de Brown de colocar o foco da interpretação na descrição naturalista( LEVI- STRAUSS, 2012) e não na social, "genitora" e não "mãe"

Page 2: O Irmão Da Mãe Na África Do Sul

Atitude em

relação ao

pai

// mãe //tio

materno

//tio

paterno

//tia

paterna

//tia

materna

//irmão //irmã

respeito e

temor,

displicência,

instrução

mamana,

amor que

excede o

respeito,

critica do

pai de os

"estragar"

, pouco

severa

para com

os filhos

idem ao

pai,mais

familiarida

de que

com

qualquer

mulher já

que é

homem

por idade

deve ser

tratado

com mais

respeito

que ao pai

mais

respeito do

que ao pai-

está no

lado

paterno(ho

mem) da

sociedade

e é

mulher,me

sma

conduta

que à sua

irmã

[Friendly,

namas]

grande

respeito e

nenhuma

familiarida

de agravo

da idade

1: A tabela acima se aplica a África do Sul, mas Brown diz poder generalizar isso para as

ilhas Friendly da Polinésia

2: Ego sendo um homem jovem não casado

• Generalização possível: a irmã do pai é a quem se deve mais grave deferência[mulher

masculina] e o irmão da mãe é a quem se permite mais familiaridade[ homem feminino],

Brown apontará que existe mais mérito em sua hipótese do que na de Junod, mas que

levantar hipóteses é fácil o foda é verificá-las, em todo caso ele não irá fazer isso, mas

deixar as trilhas para futuras investigações[ no que será seguido por Leví-Strauss]

• Relação do filho da irmã(sobrinho) e do irmão da mãe(tio materno) nas sociedades

matriarcais: destarte será preciso desfazer confusões sobre linearidade de filiação, não se

tem muitos dados desta relação em sociedades matrilineares,

◦ Relações de linearidade definidas por localidade ( quem vai morar com quem), de

autoridade(quem vai mandar no filho de quem ), de propriedade( quem herda o que de

quem) de ancestralidade( qual totem ou linhagem espiritual irá assumir) , isto não é

sempre observado em seu rigor ou em totalidade, entre os OvaHerero da África do Sul

segue-se todo o protocolo social e de posses matrilinearmente, mas os antepassados e

ancestrais vem do grupo paterno,isto não é absoluto, sendo, antes, relativo

◦ "Tendência no sentido matriarcal quanto a suas instituições" expressão sintética e útil

Page 3: O Irmão Da Mãe Na África Do Sul

◦ avunculis potestas é superior ao patria potestas entre os ballas africanos, reforço de que

se precisa e mais dados entre os matrilineares, este comportamento é esperado visto que

se trata do irmão da mãe e do filho da irmã nas sociedades matriarcais. Mas, então, o

que explica esta instituição entre os baThonga patrilineares?

◦ Conduta de um homem para com seu demais parentes maternos: entre os baThonga a

relação entre o filho da filha para com o pai da mãe é marcado por afetividade e

licenciosidade e de honra do mais velho para com o mais novo sendo que o tio materno é

muitas vezes chamado do kokwana (avô) sendo isto bem siginificativo(pág 38); numa

sociedade matriarcal o pai da mãe não pertence ao mesmo grupo que o neto e isto

também não explica a relação entre o tio materno e seu sobrinho filho de sua irmã com

um outro homem - caso se considere uma sociedade matrilinear este homem não traria

sua descendência sendo agora do grupo de sua mulher; isto se deve a tendência das

sociedades(sic) primitivas estendeream genericamente o tratamento materno ou paterno

aquele ramo da familia, desta forma se espera indulgência e proteção do lado materno -

caso assim proceda a sociedade em relação a mãe e de respeito e temor em relação aos

parentes paternos

◦ Em alguns casos como entre os baPedi, África do Sul, no momento da "compra a noiva"

o gado que o pai da moça recebe de seu pretendente a mão, já que é a linhagem paterna

que deve ser ressarcida, nota-se no entanto que algumas cabeças de gado passam para o

irmão da mãe da moça, isto se justifica pelos préstimos que o tio materno irá pagar para

a futura criança seja em relação a sacrifícios feitos pela sua saúde seja na ajunte de gado

para o casamento; os dados de Junod não é clara, uma hora diz que é multilinear tendos

os dois lados honras e podendo ser invocados, depois que não, que é uma linhagem só, o

cara tava doidão em campo.

◦ lobola: gado pago para a família da moça que é desposada

◦ ditsoa: cabeça(s) de gado que o irmão da moça, e futuro tio materno, pega do lobola,

obrigação moral.

▪ O lobola irá representar a passagem efetiva cosmologicamente daquela mulher a

família de seu marido, caso isto não seja pago ela continua sendo da família de seu

pai e portanto seu filho também, caso não seja pago lobola não se situa o filho da

família em relação aos deuses, os deuses da família não são os deuses dela.