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Milage economico
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Texto 04: O milagre econômico brasileiro (1968-1973)
No início de 1967, Castelo Branco foi sucedido por Costa e Silva. Antônio Delfim
Netto e Hélio Beltrão foram nomeados, respectivamente, ministros da fazenda e do
planejamento. No entanto, Costa e Silva veio a falece e em 1969 após um breve período de
transição militar, Médici assumiu a presidência. Mas, é necessário esclarecer que do ponto de
vista econômico os sete anos (1967 a 1973) que Delfim Netto permaneceu no ministério da
fazenda podem ser analisados através de um único diagnóstico dos problemas econômicos do
Brasil, e no qual o país atingiu taxas médias de crescimento econômico sem precedentes.
Os objetivos básicos estabelecidos pelo governo nesse período foram: estabilizar o
sistema capitalista no Brasil por meio da integração da economia brasileira com o sistema
capitalista internacional, sendo que especificamente buscava-se transformar o Brasil em uma
potência econômica mundial tendo como ponto principal o crescimento da indústria de bens
de consumo duráveis, demonstrando assim, uma prioridade da indústria do consumo das
camadas médias e alta da população. O segundo objetivo básico era a contenção da inflação.
Nesse contexto, procurando atrair investidores estrangeiros e tornar o Brasil uma
potência mundial, o governo divulgou a imagem do ‘milagre brasileiro’. Essa expressão foi
baseada, primeiramente, na recuperação da economia da Alemanha após a 2ª Guerra Mundial
nos 1950. As dificuldades em explicar como o país conseguiu se recuperar com rapidez,
passando a competir no mercado mundial, levou os jornalistas a divulgarem o fenômeno por
meio da expressão “Milagre Alemão”. A segunda expiração veio do “Milagre Japonês”, que
indicava a recuperação do Japão em relação aos efeitos da guerra nos anos de 1960 e sua
projeção economicamente. Portanto, ocorreu que esses países transformaram-se em potências
econômicas, financeiras e tecnológicas. Entretanto, é necessário considerar que em quanto a
Alemanha e o Japão desenvolviam projetos autossustentados, o Brasil era movido com
recursos externos.
O período de 1964-67 apresentou um crescimento modesto em função da política
gradualista de combate à inflação. Mas, entre 1968 e 1973, impulsionado pela indústria e pelo
setor de serviços que apresentaram, respectivamente um crescimento de 13,3% e 11,7%, o
PIB real cresceu a uma taxa média de 11,2%. Já a taxa média de inflação foi inferior a 20% no
mesmo período. A evolução de diversos setores foi influência por políticas governamentais
específicas. Ademais, é importante destacar as seguintes influências no crescimento acelerado
brasileiro: primeiramente, estabilização política e controle das finanças públicas, sendo que os
recursos eram destinados principalmente para as obras públicas e oferta de recursos para
investimentos. Segundo, aumento dos investimento governamentais em razão da recuperação
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do crédito exterior e do aumento do controle sobre a arrecadação interna, nesse sentido, é
importante cita que no início dos anos de 1970, quando diversos setores se aproximaram da
plena capacidade, ocorreu uma elevação tanto dos investimentos públicos quanto dos
investimentos privados, que beneficiou diversos ramos industriais. Terceiro, o cenário
econômico era favorável, uma vez que o mundo estava sem guerras, sem crises econômicas, e
ainda ocorriam avanços das transnacionais; sendo que os investimentos estrangeiros diretos
eram destinados principalmente a áreas industriais. Esses investimentos foram favorecidos
pela a política salarial e pela política de relações trabalhistas do governo, que no período de
1967-1973, resultou numa contenção de salário real e, consequentemente, num aumento da
taxa de lucro.
Outro ponto relevante foi o aumento da produção de bens de consumo,
particularmente de consumo duráveis como automóveis e eletrodomésticos. Esse forte
aumento deveu-se, em grande parte, à forte ampliação do crédito ao consumidor a partir de
fins de 1966, quando o governo realizou um redirecionamento do crédito fornecido por meio
das sociedades de crédito, de financiamentos e de investimentos. Também ocorreu um grande
aumento das exportações, acompanhado por uma diversificação na pauta de exportações,
tendo ocorrido uma crescente participação dos produtos manufaturados. Nesse sentido,
observou-se uma queda na participação do café nas exportações brasileiras.
No entanto, a persa dos esforços do governo brasileiro em aumenta e diversifica as
exportações, a BC e a BS continuaram deficitárias. Para se ter ideia, a dívida externa atingiu
quase US$13 bilhões em 1973. Essa dívida compreendia empréstimos, financiamentos ou
investimentos diretos e aumento expressivamente após 1970 para financiar a expansão
econômica. Considerando que os recursos provenientes da arrecadação, de tributos, do lucro
e da poupança eram insuficientes, o governo promoveu a poupança compulsória e incentivou
a poupança voluntária por meio da existência da correção monetária e de investimentos
financeiros pós-fixados embutindo uma expectativa de inflação.
Quanto a política salarial do governo tem-se que havia um controle dos salários no
qual o governo estabelecia reajuste inferiores à inflação. Dessa maneira, teve-se que boa parte
dos trabalhadores ficaram excluídos dos “frutos do milagre”. Um bom exemplo dessa prática
foi que em 1973 a inflação foi de 22,5%, entretanto o governo divulgou um valor
correspondente a 15,6%. Tratando-se de inflação tem-se que o governo conseguiu
compatibilizar alto crescimento com inflação em razão do cenário econômico mundial, da
expressiva entrada de capital e do aperto salarial.
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Nessa fase da história brasileira, o país estava integrado ao mundo globalizado de
forma periférica. Então, o país associou-se aos países centrais, aceitando e estimulando a
entrada e atuação em multinacionais. Portanto, o Brasil desenvolveu seu parque industrial
numa situação subordinada. Os benefícios brasileiros ao se associarem com o capital
estrangeiro incluíam: entrada de capital, possibilidade do uso imediato da tecnologia,
facilitação para exportar para esses países e em alguns casos criou-se condições para o
surgimento de pequenas e médias empresas. Por outro lado, as desvantagens para o Brasil ao
associar-se ao capital estrangeiro: decisões dos setores da economia vêm do exterior; onde
estão as matrizes e as pesquisas; inadequação de muitas tecnologias para o estágio de
desenvolvimento do país; contraste nos interesses das multinacionais com os interesses
nacionais; e, deslocamento das empresas nacionais para os setores menos dinâmicos e menos
rentáveis.
O ‘milagre’ foi marcado por um desenvolvimento concentrador e excludente que
incluíam elementos, tais como: exclusão social; descaso com os programas sócias (saúde e
educação); aprofundamento da concentração de renda e de riqueza; modelo de
industrialização eletrizado, ou seja, produtos vendidos tinham padrões acima do poder
aquisitivo da maioria da população; ausência de programas para o desenvolvimento científico
e tecnológico. Dessa maneira tinha-se que o modelo de industrialização durante o milagre era
caracterizado como concentrador, tanto do ponto de vista empresarial com a presença de
poucas empresas, quanto do ponto de vista espacial com a restrição das áreas geográficos. O
que por sua vez resultou num desenvolvimento das multinacionais, na atribuições ao setor
público de projetos de longa maturação e baixa lucratividade, e na elevada remessa de lucros
para o exterior.
Portanto, é evidente que ocorreu um avanço quantitativo e qualitativo expressivo da
economia brasileira no período de 1968-73. Por outro lado, esse processo de crescimento
deixou de lado o bem-estar dos pobres, além de favorecer a grande empresa e a concentração
da propriedade da terra prejudicando assim, respectivamente, a pequena e média empresa e a
pequena propriedade familiar.
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