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O Município: organização e estrutura municipal Prof. João Henrique P. Venzo

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O Município: organização e estrutura municipal

Prof. João Henrique P. Venzo

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A Organização dos Municípios, a partir da CF de 88, passou a pertencer aos próprios Municípios (artigos 29 e 30 da CF):

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:

I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo realizado em todo o País;

II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito até noventa dias antes do término do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de municípios com mais de duzentos mil eleitores;

II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Municípios com mais de duzentos mil eleitores;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de1997)

III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do ano subseqüente ao da eleição;

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Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas

rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;

IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os

serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;

VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;

VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;

IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.

para a realização de suas funções”

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Destes dispositivos é que se conclui que os Municípios possuem:

AUTO-ORGANIZAÇÃO (INCLUÍDA A COMPETÊNCIA LEGISLATIVA;

AUTOGOVERNO;

AUTOADMINISTRAÇÃO.

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1) Auto-organização = os municípios se organizam através de suas LEIS ORGÂNICAS e, posteriormente, pelas Leis Municipais;

2) Autogoverno = Elege seus próprios governantes (os prefeitos) e legisladores (os vereadores);

3) Auto-administração = exercer o município competência administrativa (material, realizando serviços públicos dos mais diversos), tributária e legislativas – todas conferidas diretamente pela Constituição Federal.

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A Lei Orgânica deve ser aprovada pela Câmara em dois turnos com interstício mínimo de dez dias e mediante voto de dois terços dos membros das câmaras.

A Lei Orgânica, materialmente, se poderia entender como a Constituição do Município, pois ela organiza os órgãos e poderes municipais, conforme as peculiaridades de cada um. Sempre obedecidas a CF e CE.

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Art. 1º - O Município de Chapecó, unidade da República Federativa do Brasil e integrante da organização político-administrativa do Estado de Santa Catarina, nos termos da autonomia que lhe é constitucionalmente assegurada, assume a esfera local de governo dentro do estado democrático de direito, e fundamenta a sua existência nos seguintes princípios:

I - a autonomia;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Parágrafo Único - A ação municipal será desenvolvida em todo o seu território, sem privilégios de distritos ou bairros, orientada no sentido de reduzir as desigualdades sociais e de promover o bem-estar de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas de discriminação.

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Art. 4º - O Município de Chapecó, com sede na cidade que lhe dá o nome, dotado de autonomia política, administrativa e financeira, rege-se por esta Lei Orgânica.

Art. 5º - São poderes do Município, independentes e harmônicos entre si, o Executivo e o Legislativo.

Art. 21 - Os atos municipais que produzam efeitos externos serão publicados no órgão oficial do Município e em jornal de circulação local, regional ou estadual em Mural Público, na sede da Prefeitura Municipal e da Câmara Municipal de Vereadores, que receberá cópia dos atos municipais e deverá providenciar sua anexação ao Mural, dependendo da competência para expedição dos mesmos.

Art. 98 A - A transferência de execução dos serviços públicos de água e esgoto de titularidade do município para pessoa jurídica de Direito Privado, através de concessão, permissão ou autorização, dependerá de consulta popular, sob a forma de plebiscito, atendendo o disposto em Lei Complementar. (Redação dada pela Emenda à LEi Orgânica nº 25/03)

Art. 114 - O Município prestará auxílio funeral às pessoas comprovadamente carentes deste Município, promovendo o translado dos corpos dos que forem a óbito fora da circunscrição, e o fornecimento gratuito de urnas populares, podendo ser confeccionadas ou adquiridas pela municipalidade. (Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 04/98)

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A eleição do prefeito e do vice será feita no primeiro domingo de outubro (EC 16/1997);

Mais de 200 mil eleitores há necessidade de segundo turno;

O mandato é de 4 anos, a reeleição;Posse dia 1º de Janeiro do ano subseqüente ao

pleito;Número de Vereadores proporcional ao de

habitantes, Ver EC nº 58;Com o inciso VI, do art. 30 (EC 25/2000) – Regra

da legislatura = o aumento do vencimento só vale para a próxima legislatura.

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Inviolabilidade dos vereadores por suas opiniões, por suas opiniões palavras e votos no exercício da função;

Proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que couber às limitações impostas aos membros do congresso

Foro privilegiado do Prefeito no Tribunal de Justiça;

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Organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câmara;

Cooperação das associações representativas no planejamento municipal;

Iniciativa popular de projetos de lei de interesse local (cinco por cento do eleitorado);

Perda do mandato do prefeito (28, parágrafo único já foi revogado).

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O chefe do poder político no Município o dirige administrativamente.

Por isso, se submete a regimes diferenciados de responsabilidade: civil, criminal, política e administrativa;

Pela regra do inciso X do art. 29 – os prefeitos possuem foro privilegiado para os processo criminais.

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No entanto, o legislador não fixou expressamente qual o tipo de infração cometida pelo prefeito dá direito ao foro privilegiado (se penal, eleitoral...)

Exemplos: Crime eleitoral – Competência Trib. Reg. Eleitoral; Desvio de Verba pública (municipal e Estadual) –

Tribunal de Justiça do Estado; Desvio de Verba Pública Federal (Tribunal Regional

Federal) Crime contra à vida – Tribunal de Justiça.

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STJ Súmula nº 208 - 27/05/1998 - DJ 03.06.1998     Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal

por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.

STJ Súmula nº 209 - 27/05/1998 - DJ 03.06.1998     Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio

de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.

STF Súmula 702 A competência do tribunal de justiça para julgar prefeitos restringe-

se aos crimes de competência da justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau. Data de aprovação. 24/09/2003

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Súmula 703 A extinção do mandato do prefeito não impede a instauração de

processo pela prática dos crimes previstos no art. 1º DO DECRETO-LEI 201/1967. Data de aprovação. 24/09/2003.

Súmula 704 Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido

processo legal a atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados. Data de aprovação. 24/09/2003

Súmula 721 A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro

por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual. 24/09/2003. LOGO, O PREFEITO HOMICIDA É JULGADO PELO TJ!

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CPP - Art. 84 - A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal,

do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, relativamente às pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns e de responsabilidade. (Alterado pela L-010.628-2002)

§ 1º A competência especial por prerrogativa de função, relativa a atos administrativos do agente, prevalece ainda que o inquérito ou a ação judicial sejam iniciados após a cessação do exercício da função pública. (Acrescentado pela L-010.628-2002)

§ 2º A ação de improbidade, de que trata a Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, será proposta perante o tribunal competente para processar e julgar criminalmente o funcionário ou autoridade na hipótese de prerrogativa de foro em razão do exercício de função pública, observado o disposto no § 1º

NA ADIN 2797 O STF JUGOU INCONSTITUCIONAIS OS PARÁGRAFOS PRIMEIRO E SEGUNDO ACRESCIDOS PELA LEI 10628/2002

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Leis a serem estudadas: Decreto-Lei 201/67 e lei 8.429/92.

Dec. Lei 201/67 – Artigo 4º Crimes de responsabilidade próprios – LEVAM À PERDA DO MANDATO! Julgamento pela Câmara!

Dec. Lei 201/67 – Artigo 1º Crimes de responsabilidade impróprios (são crimes comuns julgados pelo Judiciário, sem pronunciamento da câmara).

Em resumo, o judiciário julgará (como foro privilegiado) os prefeitos por crimes comuns e de responsabilidade impróprios!

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Lei 8429/92.   Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público,

servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.

Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.

NÃO HÁ, PARA ESTAS AÇÕES FORO

PRIVILEGIADO! MAS, OS PREFEITOS, COMO AGENTES POLÍTICOS SE SUJEITAM A ESTA LEI!

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“(...) Os atos de improbidade administrativa são tipificados como crime de responsabilidade na Lei n.1.079/1950, delito de caráter político-administrativo. Distinção entre os regimes de responsabilização político-administrativa. O sistema constitucional brasileiro distingue o regime de responsabilidade dos agentes políticos dos demais agentes públicos. A Constituição não admite a concorrência entre dois regimes de responsabilidade político-administrativa para os agentes políticos: o previsto no art. 37, § 4º (regulado pela Lei n. 8.429/1992) e o regime fixado no art. 102, I, "c", (disciplinado pela Lei n. 1.079/1950). Se a competência para processar e julgar a ação de improbidade (CF, art. 37, § 4º) pudesse abranger também atos praticados pelos agentes políticos, submetidos a regime de responsabilidade especial, ter-se-ia uma interpretação ab-rogante do disposto no art. 102, I, "c", da Constituição. (...) Os Ministros de Estado, por estarem regidos por normas especiais de responsabilidade (CF, art. 102, I, "c"; Lei n. 1.079/1950), não se submetem ao modelo de competência previsto no regime comum da Lei de Improbidade Administrativa (Lei n. 8.429/1992). (...)  (Rcl 2.138, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 13-6-07, DJE de 18-4-08). No mesmo sentido: RE 579.799-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 2-12-08, DJE de 19-12-08

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Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.

§ 1º - O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.

§ 2º - O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.

§ 3º - As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.

§ 4º - É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.

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A CF conferiu aos vereadores uma imunidade material quanto às manifestações de vontade através de opiniões, palavras e votos.

Assim, o vereador não pode ser responsabilizado pelas palavras e opiniões emitidas no exercício da função e em razão desta (não pode, por exemplo, ser responsabilizado por injúria).

Esta imunidade se submete a alguns requisitos: A)manifestação de vontade por: opiniões,

votos e palavras; B) relação causal entre a manifestação e o

exercício do mandato; C) Abrangência municipal da manifestação.

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ADI 4307 02/10/2009 e o parágrafo 3 º da Emenda

Art. 3º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua promulgação, produzindo efeitos:

I - o disposto no art. 1º, a partir do processo eleitoral de 2008; e

II - o disposto no art. 2º, a partir de 1º de janeiro do ano subsequente ao da promulgação desta Emenda.

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Art. 18, parágrafo 4º da CF; EC 15/96 Antes, da discussão mais interessante, vejamos o

que diz a doutrina sobre a criação dos Municípios. Os municípios tradicionalmente surgem por: - Desmembramento (parte do território sai de um

município, se une a outro ou forma um novo); - Anexação é a junção de uma parte desmembrada a

outro Município que já existe; - Incorporação é a reunião de um município em outro,

só um perde personalidade jurídica; - Fusão – dois municípios formam um novo -

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A forma usual de criação do Município é a emancipação de um distrito, com sua elevação á pessoa jurídica de direito público.

Este processo, como o das outras formas antes indicadas, é regulado pelas Constituições Estaduais, art. 39 e 110 da CE/SC.

Para a criação do Município este deve atender: 1- requisitos fixados em Lei (anteriormente

estadual e com a EC 15/96 também Lei Complementar Federal);

2 - as determinações eleitorais; 3 – estudo de viabilidade municipal; 4 – lei própria criando o município; 5 – plebiscito prévio;

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Art. 18, parágrafo 4º da CF; EC 15/96 § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de

Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei."

ANTES A CF DISPUNHA: § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de

Municípios preservarão a continuidade e a unidade histórico-cultural do ambiente urbano, far-se-ão por lei estadual, obedecidos os requisitos previstos em Lei Complementar estadual, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações diretamente interessadas.

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E Agora e os Municípios que foram criados após a EC 15/1996 sem a existência de uma Lei Complementar Federal?

Juridicamente eles não tinham validade constitucional, razão pela qual poderiam ser extintos.

Para resolver o problema veio a EC 57/2008 (gambiarra jurídica para corrigir anomalias).

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EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 57, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2008   Acrescenta artigo ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

para convalidar os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de Municípios.

As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional:

Art. 1º O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias passa a vigorar acrescido do seguinte art. 96:

"Art. 96. Ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo Estado à época de sua criação."

Art. 2º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, em 18 de dezembro de 2008.

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Artigo 35 da CF: Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União

nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando: I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos

consecutivos, a dívida fundada; II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal

na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

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Como sabemos, a intervenção é medida extrema, por isso restrita a casos excepcionais, uma vez que representa uma ruptura da igualdade federativo.

A regra no sistema é sempre da não intervenção, por isso esta medida somente se justifica em casos excepcionais e expressamente previstos na Constituição.

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Vejamos os motivos da intervenção (art. 35): I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por

dois anos consecutivos, a dívida fundada; II - não forem prestadas contas devidas, na forma da

lei; III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita

municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

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Competência para intervir: Como bem lembra J.A da Silva cabe:

Ao Estado intervir no Município localizado no seu território;

Esta medida se faz por Decreto do Governador.

Nos territórios cabe à União decretar a intervenção nos Municípios localizados dentro dos referidos territórios, por decreto presidencial.

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Competência para intervir:

Em qualquer caso o Decreto de Intervenção deverá conter:

- designação do interventor; - o prazo da intervenção e seus limites; - será submetido à apreciação da assembléia;

O interventor, em resumo, substituirá o prefeito, visando estabelecer a normalidade e prestando contas de sua gestão. Cessada a intervenção, as autoridades voltam a ocupar seus cargos de origem.

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Constituição do Estado de Santa Catarina: Art. 11. O Estado não intervirá nos Municípios, exceto quando: I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos

consecutivos, a dívida fundada; II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na

manutenção e no desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;"

Inciso com nova redação dada pela Emenda Constitucional n. 20 IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar

a observância de princípios indicados nesta Constituição ou para prover a execução de lei, ordem ou decisão judicial.

§ 1º A intervenção no Município se dará por decreto do Governador do Estado:

I - de ofício, ou mediante representação fundamentada da maioria absoluta da Câmara Municipal ou do Tribunal de Contas, nos casos dos incisos I, II e III;

II - mediante requisição do Tribunal de Justiça, no caso do inciso IV.

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Constituição do Estado de Santa Catarina: § 2º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o

prazo e as condições de execução e, se couber, nomeará o interventor, será submetido a apreciação da Assembléia Legislativa, no prazo de vinte e quatro horas, a qual, se não estiver reunida, será convocada extraordinariamente, no mesmo prazo.

§ 3º No caso do inciso IV, dispensada a apreciação pela Assembléia Legislativa, o decreto se limitará a suspender a execução do ato impugnado se a medida bastar ao restabelecimento da normalidade, devendo o Governador do Estado comunicar o fato ao Presidente do Tribunal de Justiça.

§ 4º Cessados os motivos da intervenção, os afastados retornarão, salvo impedimento legal, a seus cargos, sem prejuízo da apuração dos atos por eles praticados.

§ 5º O interventor prestará contas de seus atos ao Governador do Estado, ao Tribunal de Contas e a Assembléia Legislativa.

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"Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de Tribunal de Justiça que defere pedido de intervenção estadual em Município." (SÚM.637)

“Impossibilidade de decretação de intervenção federal em Município localizado em Estado-Membro. Os Municípios situados no âmbito dos Estados-membros não se expõem à possibilidade constitucional de sofrerem intervenção decretada pela União Federal, eis que,relativamente a esses entes municipais, a única pessoa política ativamente legitimada a neles intervir é o Estado-membro. Magistério da doutrina. Por isso mesmo, no sistema constitucional brasileiro, falece legitimidade ativa à União Federal para intervir em quaisquer Municípios, ressalvados, unicamente, os Municípios ‘localizados em Território Federal...’ (CF, art. 35, caput).” (IF 590-QO, Rel. Min. Presidente Celso de Mello, julgamento em 17-9-98, DJ de 9-10-98)

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"Constitucional. Administrativo. Mandado de segurança. Município do Rio de Janeiro. União Federal. Decretação de estado de calamidade pública no sistema único de saúde no município do Rio de Janeiro. Requisição de bens e serviços municipais. Decreto 5.392/2005 do presidente da República. Mandado de segurança deferido. Mandado de segurança, impetrado pelo município, em que se impugna o art. 2º, V e VI (requisição dos hospitais municipais Souza Aguiar e Miguel Couto) e § 1º e § 2º (delegação ao ministro de Estado da Saúde da competência para requisição de outros serviços de saúde e recursos financeiros afetos à gestão de serviços e ações relacionados aos hospitais requisitados) do Decreto 5.392/2005, do presidente da República. Ordem deferida, por unanimidade. Fundamentos predominantes: (...) (ii) nesse sentido, as determinações impugnadas do decreto presidencial configuram-se efetiva intervenção da União o município, vedada pela Constituição; (iii)." (MS 25.295, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 20-4-05, DJ de 5-10-07)

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A intervenção prevista no art. 35, inciso IV será iniciada por petição do Procurador-Geral de Justiça que atue perante o Tribunal, se iniciará, então, uma Ação de intervenção! Caso procedente a ação o Tribunal determina e o Governador decreta a intervenção.

Exemplo: “Representação do Procurador-Geral da República pleiteando intervenção federal

no Estado de Mato Grosso, para assegurar a observância dos 'direitos da pessoa humana', em face de fato criminoso praticado com extrema crueldade a indicar a inexistência de 'condição mínima', no Estado, 'para assegurar o respeito ao primordial direito da pessoa humana, que é o direito à vida'. (...) Representação que merece conhecida, por seu fundamento: alegação de inobservância pelo Estado-Membro do princípio constitucional sensível previsto no art. 34, VII, alínea b, da Constituição de 1988, quanto aos 'direitos da pessoa humana'. (...) Hipótese em que estão em causa 'direitos da pessoa humana', em sua compreensão mais ampla, revelando-se impotentes as autoridades policiais locais para manter a segurança de três presos que acabaram subtraídos de sua proteção, por populares revoltados pelo crime que lhes era imputado, sendo mortos com requintes de crueldade. Intervenção federal e restrição à autonomia do Estado-Membro. Princípio federativo. Excepcionalidade da medida interventiva.

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No caso concreto, o Estado de Mato Grosso, segundo as informações, está procedendo à apuração do crime. Instaurou-se, de imediato, inquérito policial, cujos autos foram encaminhados à autoridade judiciária estadual competente que os devolveu, a pedido do Delegado de Polícia, para o prosseguimento das diligências e averiguações. Embora a extrema gravidade dos fatos e o repúdio que sempre merecem atos de violência e crueldade, não se trata, porém, de situação concreta que, por si só, possa configurar causa bastante a decretar-se intervenção federal no Estado, tendo em conta, também, as providências já adotadas pelas autoridades locais para a apuração do ilícito. Hipótese em que não é, por igual, de determinar-se intervenha a Polícia Federal, na apuração dos fatos, em substituição à Polícia Civil de Mato Grosso. Autonomia do Estado-Membro na organização dos serviços de Justiça e segurança, de sua competência (Constituição, arts. 25, § 1º; 125 e 144, § 4º).” (IF 114, Rel. Min. Presidente Néri da Silveira, julgamento em 13-3-91, DJ de 27-9-96)

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Não pagamento de precatórios:

“Precatórios judiciais. Não configuração de atuação dolosa e deliberada do Estado de São Paulo com finalidade de não pagamento. Estado sujeito a quadro de múltiplas obrigações de idêntica hierarquia. Necessidade de garantir eficácia a outras normas constitucionais, como, por exemplo, a continuidade de prestação de serviços públicos. A intervenção, como medida extrema, deve atender à máxima da proporcionalidade. Adoção da chamada relação de precedência condicionada entre princípios constitucionais concorrentes.” (IF 298, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 3-2-03, DJ de 27-2-04)

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Caros colegas, mais uma vez foi imensamente gratificante ter trabalhado com vocês.

Um grande abraço a todos e nos vemos nos próximos semestres!

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MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional, 20 edição, Ed. Atlas, SP, 2006, páginas 251-275.

MEIRELLES, Hely Lopes, Direito Municipal Brasileiro, 13ª Edição Atualizada, Ed. Malheiros SP 2003. pg. 33-64.