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Associação Os Montanheiros • Boletim Informativo n.º 37 • Dezembro 2013
O NASCIMENTO DOS MONTANHEIROS
UMA EXPERIÊNCIA GRATIFICANTE… NUMA COLECTIVIDADE EXEMPLAR
O CURRICULUM DE UMA EXISTÊNCIA (1963-1980) • ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
ILHAS DE VULCÕES E DE GEODIVERSIDADE • A VINHA DA ILHA DO PICO
ASPETOS GERAIS DOS SOLOS DOS AÇORES • FLORESTA NATURAL DOS AÇORES
BIODIVERSIDADE MARINHA • BIODIVERSIDADE DOS ARTRÓPODES
BICHOS E OUTRAS CRIATURAS DAS PROFUNDEZAS • A AVIFAUNA AÇORIANA
CARACÓIS E LESMAS DOS AÇORES • LÍQUENES: PEQUENAS OBRAS DE ARTE
13 IDEIAS SOBRE MUSGOS • VIDA MICROBIANA NAS GRUTAS
ESPECIAL
50 ANOS~
1963/2013
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04 O Nascimento dos Montanheiros AméricodeLemosSilveiraLuiz
06 Uma experiência gratificante… …Numa colectividade exemplar LuísCondePimentel
09 O curriculum de uma existência (1963-1980) PauloJ.M.Barcelos&JoãoMoniz
24 Alterações climáticas e seus impactos nos recursos hídricos dos Açores
EduardoM.V.BritodeAzevedo
27 Arquipélago dos Açores: ilhas de vulcões e de geodiversidade
JoãoCarlosNunes
35 Solos dos Açores: aspectos gerais JorgePinheiro,JoãoMadruga&ManuelMadeira
38 Paisagem da cultura da vinha da ilha do Pico Património Mundial ManuelPaulinoSoaresRibeirodaCosta
40 Biodiversidade marinha dos Açores JoãoPedroBarreiros
43 Floresta natural dos Açores RuiBentoElias
46 Biodiversidade dos artrópodes dos Açores PauloA.V.Borges&GrupoBALA
52 Bichos e outras criaturas das profundezas habitats subterrâneos dos Açores
IsabelR.Amorim,FernandoPereira,RosalinaGabriel&PauloA.V.Borges
57 Caracóis e lesmas dos Açores: uma riqueza escondida AntónioM.deFriasMartins
60 A avifauna açoriana: um património a preservar CarlosPereira&CecíliaMelo
63 Líquenes: estas pequenas obras de arte naturais que nos indicam a qualidade do ar FélixRodrigues
69 Vida microbiana nas grutas dos Açores MariadeLurdesNunesEnesDapkevicius
&CristinaRiquelmeGabriel
76 Musgos!? 13 ideias sobre musgos e outras plantas dos Açores RosalinaGabriel,NídiaHomem,SilviaCalvoAranda, MárciaC.M.Coelho,DéboraHenriques&FernandoPereira
86 Ficha técnica
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índice
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BIODIVERSIDADE MARINHA DOS AÇORES
JOÃO PEDRO BARREIROS*
*PROFESSORAUXILIARCOMAGREGAÇÃO
GRUPODABIODIVERSIDADEDOSAÇORES(CITA-A)
DEPARTAMENTODECIÊNCIASAGRÁRIAS
UNIVERSIDADEDOSAÇORES|[email protected]
O ARQUIPÉLAGO DOS AÇORES LOCALIZA-SE PERTO DA CRISTA me-so-atlântica estando as ilhas dos grupos central e oriental lo-calizadas na microplaca dos Açores e as do grupo ocidental na placa americana. A latitude média do Arquipélago ronda os 39ºN, ou seja, quase a mesma de Lisboa ou de Nova Iorque. Nestas cidades, os Invernos e Verões são rigorosos, mais em NY do que em Lisboa mas a amplitude térmica das nossas ilhas é baixa e as temperaturas variam entre valores de con-forto térmico tanto no Inverno como no Verão.
Por outro lado, a água do mar raramente desce abaixo dos 17ºC no Inverno e atinge médias de 23-24ºC no Verão.
É precisamente esta característica climatérica que permi-te que a diversidade marinha dos Açores apresente aspectos únicos, nesta região do Atlântico, transformando-a, simulta-neamente, num conjunto faunístico de características marca-damente subtropicais.
Outro aspecto extremamente interessante, tem a ver com a ocorrência, nos Açores, de espécies de várias proveniên-cias: tropicais e subtropicais (p.ex. vejas, barracudas); Medi-terrânicas (p.ex. cavacos, badejos) e de águas temperadas
Parazoanthus axinellae – coral amarelo na gruta das 5 Ribeiras. Foto: Simone Marques.
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BIOD IVERS IDADE MAR INHA DOS AÇORES
Barracudas Foto: João Pedro Barreiros
frias (p.ex. abróteas, bodeões-vermelhos). Este facto levou a que muitos autores apelidassem os Açores como sendo a “encruzilhada do Atlântico”, precisamente por, aqui, se en-contrarem espécies de tão diversas origens e que formam um conjunto marinho absolutamente único.
Na ZEE dos Açores conhecem-se, até agora, cerca de 520 espécies de peixes marinhos. A título de curiosidade, em 1997 estavam listadas 463. É lícito admitir-se que aquele nú-mero possa aumentar regularmente e, este ano, pelo menos mais duas espécies de peixes e uma de cetáceos foram da-das como novas para a região e estão em processo de publi-cação em revistas científicas da especialidade.
No caso dos invertebrados, esse número é ainda maior sendo que muitas espécies entretanto detectadas nas nos-sas águas são de origem Caribenha embora, neste caso, tais ocorrências possam ter a ver com introduções involuntárias,
Vejas Sparisoma cretense. Foto: Osmar J. Luiz Jr.
nomeadamente através do transporte em águas de balastro de navios.
Ao contrário do que muita gente pode imaginar, os Aço-res possuem colónias importantes de corais, tanto Mediterrâ-nicos como de origem Macaronésica ou Norte-Africana, que, embora não formem recifes, colonizam vastas áreas incluindo grutas mesmo a baixas profundidades.
Também existem alguns endemismos marinhos Macaro-nésicos tais como o badejo das ilhas (Mycteroperca fusca), o peixe-cão (Bodianus scrofa) e mesmo uma espécie ape-nas ocorrente nos Açores – embora ainda sob verificação – o Bodeão-azul (Centrolabrus coeruleus). O tubarão Scymnoda-latias licha – do qual apenas se conhecem dois exemplares em todo o Mundo, foi descrito em 1988 a partir de um exem-plar capturado nos Açores sendo conhecido, em inglês, pelo nome Azorean Dogfish.
JUNTAMENTE COM AS GALÁPAGOS, SRI LANKA E NOVA ZELÂNDIA, os Açores são um dos quatro lugares do Mundo onde ocor-rem mais espécies de Cetáceos – cerca de 24 – tendo um grande grupo da espécie tropical Lagenodelphis hosei sido fotografada, este ano, ao largo do Pico.
Assim, nos Açores podem observar-se, é certo que umas mais frequentemente do que outras, 24 a 25 espécies de Ce-táceos das 83 descritas no Mundo. Este património, base da crescente indústria de Observação de Cetáceos, tem como espécie emblemática o cachalote (Physeter macrocephalus) mas a observação de espécies como o golfinho-comum (Del-phinus delphis), golfinho-pintado (Stenella frontalis), golfinho--roaz (Tursiops truncatus), Grampo ou Moleiro (Grampus gri-seus) ou até, embora com menos regularidade, baleias-azuis (Balaenoptera musculus), baleias-comuns (Balaenoptera phy-salus), baleias-piloto (Globicephala macrorhynchus) e mesmo
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os dificilmente observáveis – não por serem raros mas por raramente se aproximarem de embarcações e frequentarem águas muito profundas – Ziphiidae ou baleias de bico: Hype-roodon ampulatus, Mesoplodon sp. e principalmente Ziphius cavirostris, constituem um manancial de estudo e de obser-vação lúdica que não tem qualquer paralelo no Oceano Atlân-tico.
Nas nossas águas é igualmente comum observarem-se tartarugas marinhas, sobretudo a tartaruga-bôbo ou comum (Caretta caretta) que vagueia pelos nossos mares durante um período de maturação e crescimento dirigindo-se depois, ao aproximar-se a idade adulta, para oeste, mais concretamente para as Caraíbas, Golfo do México e Florida. Menos comuns mas igualmente ocorrentes nos Açores, podem encontrar-se outras tartarugas, nomeadamente a maior de todas – a verda-deiramente gigantesca tartaruga-de-couro (Dermochelys co-riacea) bem como as conhecidas tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) e a rara Lepidochelys kempii – que não tem nome comum entre nós.
A zona de entre-marés dos Açores é, também, particular-mente interessante sobretudo devido às colónias das apetecí-veis cracas (Megabalanus azorica – uma espécie endémica) e das apreciadas lapas (Patella ulyssiponensis). Ambas coloni-zam áreas, principalmente a primeira, que, no Continente, es-
Lagostas e cavacos. Foto: João Pedro Barreiros
tão ocupadas por mexilhões e percebes sendo que os “beza-nos” que aparecem fixos em objectos flutuantes são de uma outra espécie – Lepas anatifera.
Finalmente, importa referir que, não havendo na Região plataforma continental, a proximidade do Oceano profundo, o maior ecossistema do Planeta e o menos conhecido – ape-nas cerca de 1% foi estudado pelo que se sabe mais sobre a Lua do que sobre esta vasta região – permite um intercâmbio diário, que designamos de migrações verticais, de animais de superfície que se alimentam nas profundidades e de animas dessas profundidades que, de noite, migram para se alimen-tarem nas águas menos profundas e mais ricas em alimento. O oceano profundo, tudo o que se situa abaixo dos 1.500m, sendo tão desconhecido mas interagindo com zonas costei-ras dos Açores muito perto do litoral, permite, também, a for-mação de comunidades únicas e o estudo de espécies miste-riosas a maior parte das quais com ciclos de vida e aspectos ecológicos totalmente desconhecidos. Nessa fronteira, aqui tão próxima, de “mundos” diferentes, os Açores constituem, tal como outros montes submarinos e ilhas oceânicas, um lo-cal privilegiado para o estudo dessas interacções e uma “ja-nela” de investigação inestimável.
O autor recusa-se a escrever conforme o novo acordo ortográfico.
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PINGO DE LAVA
NÚMERO37|DEZEMBRO2013
NASCOMEMORAÇÕESDO50ºANIVERSÁRIODAASSOCIAÇÃO
DIRETOREXECUTIVO: PAULOJ.M.BARCELOS
CONSELHOEDITORIAL: JOSÉMARIABOTELHO,JOSÉGABRIELFICHER,
FERNANDOPEREIRA,PAULOHENRIQUEMENDONÇA
EDIÇÃOEPROPRIEDADE: ASSOCIAÇÃOOSMONTANHEIROS
ORGANIZAÇÃONÃOGOVERNAMENTALDEAMBIENTE
REVISTAOFICIAL
REDAÇÃO: RUADAROCHA,8
9700-169ANGRADOHEROÍSMO
+351295212992
PERIODICIDADE: ANUAL
DISTRIBUIÇÃO: GRATUITA
DESIGNGRÁFICO: CECILIA-DESIGNS.COM
IMPRESSÃO: NOVAGRÁFICA,LDA
TIRAGEM: 800EXEMPLARES
DEPÓSITOLEGAL:
COPYRIGHT2013: ASSOCIAÇÃOOSMONTANHEIROS
PROIBIDAAREPRODUÇÃODEARTIGOS,NOTODOOUEMPARTE,
PORQUALQUERMEIO,SEMAAUTORIZAÇÃODOSAUTORES.
OSARTIGOSASSINADOSSÃODAEXCLUSIVA
RESPONSABILIDADEDOSSEUSAUTORES
Aautoriadasfotografiasiniciaisdosartigosdaspáginas35,43,52,57,60,63e69
édePauloHenriqueSilva–http://siaram.azores.gov.pt
ASSOCIAÇÃO OS MONTANHEIROS
CORPOS SOCIAIS BIÉNIO2013/2014
ASSEMBLEIA-GERAL
PRESIDENTE MARIAMARCELINASILVAALVES
VICE-PRESIDENTE JOSÉDANIELDESOUSADACOSTA
SECRETÁRIO JOSÉANTÓNIONÓIATRIGUEIRO
DIRECÇÃOPRESIDENTE PAULOJOSÉMENDESBARCELOS
SECRETÁRIO JOSÉMARIAFERREIRABOTELHO
TESOUREIRO JOSÉGABRIELDAROSAFICHER
1ºVOGAL FERNANDOEMANUELAMARANTEPACHECOPEREIRA
2ºVOGAL PAULOHENRIQUELOPESMENDONÇA
CONSELHO FISCALPRESIDENTE ANTÓNIOPAULOVAZSOARES
VICE-PRESIDENTE GILDASILVANAVALHO
SECRETÁRIO LUÍSANTÓNIONASCIMENTOPARREIRA
DIRECÇÃO DE NÚCLEO – ILHA DO PICOPRESIDENTE MARIAJOÃORAFÔTOLEAL
SECRETÁRIO CARLASUSANAGOULARTMARTINSDASILVA
TESOUREIRO VALTERNUNORODRIGUESMEDEIROS
DIRECÇÃO DE NÚCLEO – ILHA DE SÃO JORGEPRESIDENTE RUICARLOSBRASILPEREIRA
SECRETÁRIO MARCOANDRÉSOARESCORDEIROBETTENCOURT
TESOUREIRO RUINIVALDODAROSAÂNGELO
DIRECÇÃO DE NÚCLEO – ILHA DE SÃO MIGUELPRESIDENTE JOÃOPAULOALVÃOSERRADEMEDEIROSCONSTÂNCIA
SECRETÁRIO JOÃOCARLOSCARREIRONUNES
TESOUREIRO PEDRODIASFREIRE
ficha técnica