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Recebido em 08 de abril de 2012. Aprovado em 18 de maio de 2012. 33 O normativismo do neocontratualismo rawlsiano: uma teoria da justiça sem fundamento ético* Marcelo Lira Silva** Resumo: Objetiva-se com este breve ensaio expor o quadro-conceitual capaz de apresentar o caráter ideo-reflexivo da teoria da justiça e, consequentemente, do neocontratualismo rawlsiano. Neste sentido, buscar-se-á demonstrar que a obra rawlsiana caracteriza-se por ser uma trincheira avançada, na batalha das idéias, como forma de reconstrução da hegemonia civil liberal-burguesa no último quartel do século XX. Trata-se de uma ofensiva da economia política do capital contra a do trabalho, a partir da qual abriu-se um processo contra-reformista vestido de guirlanda de flores – que foi capaz de arquitetar a repropositura de um novo tipo de liberalismo – social-liberalismo –, que em larga medida, tem sido responsável pela solidez do consenso criado acerca da democracia liberal e mesmo em um processo de crise estrutural do capital, tem demonstrado impressionante vitalidade. Palavras-chave: Moral Deontológica. Ética Metafísica. Institucionalidade. John Rawls. “[...] A leve pomba, enquanto no livre vôo fende o ar do qual sente a resistência, poderia imaginar-se que seria ainda muito melhor sucedida no espaço sem ar. [...]” (Kant) O filósofo-político estadunidense John Rawls (1921-2002) foi formado por duas das principais universidades dos Estados Unidos – Princeton e Oxford –, nas e a partir das quais sofreu forte influência da filosofia analítica. Após o término de sua formação acadêmica tornou-se docente em 1962 em Harvard, onde lecionou até sua morte. Assim, pode-se localizá-lo no centro produtor da intelligentsia estadunidense. * Este texto origina-se de pesquisa desenvolvida no Mestrado em Ciências Sociais, na Unesp/ Araraquara (Lira, 2010). ** Professor Substituto e Doutorando na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Filosofia e Ciências, Campus de Marília. End. Eletrônico: [email protected]

O normativismo do neocontratualismo rawlsiano: uma teoria ... · uma teoria da justiça sem fundamento ético* Marcelo Lira Silva** Resumo: Objetiva-se com este breve ensaio expor

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Recebido em 08 de abril de 2012. Aprovado em 18 de maio de 2012. • 33

O normativismo do neocontratualismo rawlsiano: uma teoria da justiça sem fundamento ético*

Marcelo Lira Silva**

Resumo:Objetiva-se com este breve ensaio expor o quadro-conceitual capaz de apresentar o caráter ideo-reflexivo da teoria da justiça e, consequentemente, do neocontratualismo rawlsiano. Neste sentido, buscar-se-á demonstrar que a obra rawlsiana caracteriza-se por ser uma trincheira avançada, na batalha das idéias, como forma de reconstrução da hegemonia civil liberal-burguesa no último quartel do século XX. Trata-se de uma ofensiva da economia política do capital contra a do trabalho, a partir da qual abriu-se um processo contra-reformista – vestido de guirlanda de flores – que foi capaz de arquitetar a repropositura de um novo tipo de liberalismo – social-liberalismo –, que em larga medida, tem sido responsável pela solidez do consenso criado acerca da democracia liberal e mesmo em um processo de crise estrutural do capital, tem demonstrado impressionante vitalidade.

Palavras-chave: Moral Deontológica. Ética Metafísica. Institucionalidade. John Rawls.

“[...] A leve pomba, enquanto no livre vôo fende o ar do qual sente a resistência, poderia imaginar-se que seria ainda muito melhor sucedida no espaço sem ar. [...]”

(Kant)

Ofilósofo-políticoestadunidenseJohnRawls(1921-2002)foiformadoporduasdasprincipaisuniversidadesdosEstadosUnidos–PrincetoneOxford–,naseapartirdasquaissofreuforteinfluênciadafilosofiaanalítica.Apósotérminodesuaformaçãoacadêmicatornou-sedocenteem1962emHarvard,ondelecionouatésuamorte.Assim,pode-selocalizá-lonocentroprodutordaintelligentsiaestadunidense.

* Este texto origina-se de pesquisa desenvolvida no Mestrado em Ciências Sociais, na Unesp/Araraquara (Lira, 2010).

** Professor Substituto e Doutorando na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Filosofia e Ciências, Campus de Marília. End. Eletrônico: [email protected]

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Oensaiode1958–Justice as fairness–talvezpossaserconsideradooesta-dogerminaldaobraquelevariaJohnRawlsaoconhecimentointernacional.Aobraemquestãoviriaàtonatrezeanosmaistarde,–A theory of justice,1971–eprojetariaateoriadajustiçarawlsiana.Aquestãopostanaquelelibelodematrizliberal–comoconciliarliberdadeeigualdadedetalformaquesepudessegarantirumapazduradoura?–,seriarespondidaporRawlsnoâmbitodessatradição,ouseja,apartirdeformaslógico-gnosiológicasdecaráteruniversalemetafísico. Esta obra pode ser considerada a primeira explanação sintética de suaconstruçãoteórico-prática.Nelasepodeobservarapresençadetodososele-mentosconstitutivosdoqueviria a sera teoriapolítica rawlsiana, sendosuaprincipalpreocupação,revisarecorrigirasinconsistênciasdeA theory of justice, queculminaramnolivroPolitical liberalism,de1993.1NessesvinteedoisanosqueseparamumaobradaoutrasepodeargumentarqueoesforçoemdesenvolveroselementospresentesemA theory of justicecaminhouemclarificarocaráterpolíticodoliberalismorawlsiano. Aobradofilósofo-políticoestadunidense,segundosuaprópriapena,tinhaporobjetivoresponderàtendênciadacadavezmaiorautonomizaçãodasociedade–fenômenosocialdenominadoporRawlsdeo fato do pluralismo.DeacordocomRawls,ocaráterpluralistadassociedadescontemporâneaspoderiaserenfrentadoatravésdaescolhaentreduasviasdiametralmenteopostas:a)umadasviaspos-síveispassariapelaadesãoaosditosEstadosTotais,oquesignificariasegundoRawlstrilharocaminhoopressivodahomogeneizaçãoforçadadasociedadeviaEstado;b)aoutra,constituir-se-iamedianteaadoçãodealgumregimepolíticodetipodemocráticoeconstitucional,oquesignificariaconstruirumcaminhocujoobjetivoseriaaconjunçãoentreheterogeneidadesocialeunidadeestatal.Ora,tratara-sedeumasaídaeminentementepolíticacomoopróprioautorqualificara.Arazãopolíticaliberalseconverteraemelementonorteadoreaomesmotempoemesferaresolutivaparaaquestãodaautonomizaçãodasociedadepluralistacontemporânea2. Deacordocoma linhagemdeRawls, as sociedadespluralistas contem-porâneassãocompostaspor indivíduosegrupossociaisque temfinalidadesdistintasemúltiplas,quenãopodem,emhipótesealguma,seremunificadaspelaesferaestatal.Comoacoesãodedistintasecolidentesconcepções do bem–assimdenominadaporRawlsapluralidadedeconcepções–nãopodeserconvertidaelamesmaemumaúnicaconcepção do bem,nemtampoucounificarastambémconflitantesdoutrinascompreensivasemumaúnicadoutrinacompreensiva,a

1Traduzido e publicado no Brasil, dois anos depois (Rawls, 1995). 2A esse respeito ver também Vita (2007).

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saídadaesferadopolíticopassariapelaadoçãodosfundamentosteórico-práticosdosregimesdemocrático-constitucionaisdetalheliberal. Emergenesse instanteaesferadopolíticoemRawls,quenãopodesercaracterizada pela eliminação da pluralidade, expressa nas unidades seja dasconcepções de bem seja das doutrinas compreensivas,mas através da adoçãode umregimeeminentementepolítico.OprimeirofundamentodopolíticoemRalws–democrático-liberal–dizrespeitoàconstituiçãoemanutençãodasociedadepolítica,atravésdaqualsedãoasrelaçõessociaiscoercitivaseconsensuais.Sendoquesomentemedianteoconsensoéquesetornariaadmissívelacoerçãofísica.Trata-sedaconstituiçãodeumtipoderegimepolíticoquesóseconverteemsoberanonamedidaemqueexpressaavontade geral.Jáosegundofundamento,expressapartedospressupostosdocontratualismo clássico,noqualseacreditavaqueoscidadãosiguaiselivresseexpressariamatravésdaescolhadosprincípiosregentesdesuasprópriasrelações,delimitandoclaramenteasesferaspúblicaeprivada.3

Ateoriadajustiçacomoequidaderawlsianasedesenvolveapartirdaadoçãodométododeanáliseesecaracterizaporserpuramentemetafísica,poisRawlssópoderiadesenvolveraidéiadeposição origináriaatravésdaadoçãodoprocedi-mentodoesquematismoanalógicokantiano,peloqual,segundoKant,afirmaqueousodeanalogiasresponderiaànecessidadedeproverasidéiascomalgumarepresentaçãointuitiva.EstainterpretaçãokantianadeJohnRawlsseencontrapresenteemdiversosautoresquediscutemaobrarawlsiana,entreeles:RobertWolff,PhilipPettiteAllenBuchnan. Ora,nessesentido,aquestãodajustiçacomoequidadenãopassariapeladeterminaçãodomundomaterial,maspelaconstruçãodeumordenamentoderegraspúblicasapriorísticas.Trata-sedeumaconcepçãodejustiçasocialformalistaprocedimentalquesepautaesesustentanateoriadosdeveres.AocontráriodoqueafirmaRouanet(Cf.Rouanet,2000:114),nãohásubstancialidadealgumanateoriadajustiçacomoequidade,masapenasadefesadeprocedimentosjurídico-formaisdetalheantidemocráticoeantipopular.

O neocontratualismo de John Rawls e seu caráter normativo: a cal-culabilidade incalculável da teoria da justiça ralwsiana Pôde-seobservarqueA theory of justicedeJohnRawlssemovimentaapartirdadinâmicaconstitutivadométododeanálise,poiscaminhaesearticulaemduasdireções.Aprimeiradizrespeitoàanáliseregressiva,atravésdaqualdesenvolve-

3Maiores desdobramentos encontram-se em Lira (2011a).

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seearticula-seumasituaçãohipotéticadeescolhaemquebusca-seconstruirbasespossíveisparaacordos,ondenenhumacordoapresenta-secomopossível.Nestesentido,aidéiadeposição original rawlsianapodesercaracterizadacomoumconceitoheurísticochave,apartirdoqualJohnRawlsarquitetaedesenvolvedemaneirasistemáticatodasuateoriadajustiçacomoequidade.Jáasegundamovimenta-seemdireçãoàampliaçãodaprimeira(Cf.Rawls,2000). Ocaráterideo-reflexivodarealidadeobjetivalevouoneocontratualismodeJohnRawlsàdefesaincontesteeirrestritadajustiçacomoequidadeenquantoexpressãodoprocedimentotécnico-normativodetodaainstitucionalidade.EstaconcepçãodejustiçareverberaaconcepçãodeEstado,dedireitoededemocraciapresenteemRawls.4

Logonoiniciodesuaobra,Rawlsantecipaosfundamentosdesuateoriadajustiçacomoequidade,paraaqualaliberdadeindividual-singularcolocar-se-iaindiscutivelmenteacimadobem-estarsocial.Trata-sedadefesaincontestedaconcepçãodeliberdadeliberal-burguesa,ouseja,daadvocacia les droits naturels et imprescriptibles de l’homme. Comosepodeobservar,A theory of justicesemovimentaapartirdaconcep-çãodeindivíduoesociedade,cunhadaspelosteóricosdoliberalismoclássico,segundoasquaisasliberdadesindividuaisindependeriamdoestadocivilepolítico.Portanto,ajustiçaencontrar-se-ianagarantiadosdireitosindividuaisinvioláveis.Porumlado,afirmar-se-iaaidéiadeindivíduo–concebidoenquantomônadaindividual-singular–,igualmentelivreatodososdemais;poroutro,afirmar-se-iaaidéiadesociedadeenquantoexpressãodabuscaegoísticadosinteressesdaquelesindivíduos.Assim,asociedadeapresentar-se-iaenquantoresultadodaação social edabuscapelarealizaçãoeefetivaçãodasvontadesindividual-singulares.Nãohárelaçõeséticasqueliguemosindivíduosunsaosoutros,háapenasocaráterideo-reflexivodarealidadeobjetivaquesereverberanadefesadeumamoraldeon-tológica,apartirdaqualoindivíduorelacionar-se-iaéticaemoralmenteapenasconsigomesmo. Éapartirdadefesales droits de l’homme naturel quesearquitetaeseconstituiateoriadajusticeasfairnessrawlsianaesomenteapartirdainviolabilidadedestesdroits natureléquesetornariapossívelatingirformasdeorganizaçãopolítico-sociais desejáveis, baseadas não no bem-estar social,mas no procedimentotécnico-racionalnormativocontratualista,apartirdoqualadvogar-se-iaajustice as fairnessenquantoprincípiofundante,reguladoregarantidordetodaequalquerformaadministrativo-organizativainstitucional.

4Tratamos dos fundamentos do liberalismo clássico e as concepções de Estado, direito e democracia em Lira (2011b).

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Comoajustice as fairnessrawlsianaéexpressãodadefesadasliberdadesindi-viduaisliberal-burguesas,oúnicoprocedimentometodológicocapazdesustentá-lasenquantoexpressãodosdroits naturelseriaaqueleadvindodocontratualismoclássico,apartirdoqualemergiraaidéiadeposição original.ParaRawls,[...]Umavezquetodosestãonumasituaçãosemelhanteeninguémpodedesignarprincípiosparafavorecersuacondiçãoparticular,osprincípiosdajustiçasãooresultadodeumconsensoouajusteeqüitativo[...](Rawls,2002:13).Comosepôdeobservar,trata-sedeumasituaçãohipotéticapuramentemetafísicaqueestabeleceformasdeanalogiadiretascomas ficções heurísticasdeKant5. Aescolhadosprincípiosde justiçacomoequidade, realizadaporpessoas racionais iguais e livres,expressaaretomadadaqueleprincípiorousseaunianodeautonomiaenquantoprincípiodeterminantedavontade geral.Todavia,enquantoRousseausecolocavaaproblemáticaeaformadeterminativa–mesmocomumcaráterideo-reflexivo–deumnovotipodeEstado–oEstado-naçãopropriamentedito–,JohnRawlsnãosepõeobjetivostãonobres.Nãosetratadepartejarumanovaformadeterminativadosersocial,masdeatravésdeumprocedimentoanacrônico, justificá-lo e legitimá-lo.Assim, ao colocar-se omesmoobjetivoqueKantsepropusera,“[...]aprofundarejustificaraidéiadeRousseaudequealiberdadeéagirdeacordocomaleiquenósestabelecemosparanósmesmos[...]”(Rawls,2002:281)comoformadeterminativadavontade gerale,portanto,doEstado-nação,Rawlsaproximaraoimperativo categóricokantianodesuaconcepçãodepessoa racional igual e livrecomoformadearquitetarcertoconsentimentoemtornodaconstituiçãodeum“novo”arranjoinstitucionalliberal-democratadetalheantidemocráticoeantipopular.Ofundamentodetaisconcepçõessejadaconcepçãodeautonomia presenteemRousseaueKant,sejanaconcepçãodepessoa racional igual e livredeRawls,encontra-senaformadeterminativadateseliberaldequeajustiçaprecedeobem. Ocaráterheurísticodaposição original serviu aRawls como instrumentoanalítico-procedimental,atravésdoqualchegar-se-iaa idéiarousseaunianadeigualdadenaliberdade.Assim,aposição originalteriaopapelde(re)posicionarosindivíduos,bemcomoseusdireitosedeverestantocomrelaçãoàinstitucionali-dadecomocomrelaçãoaosresultadosadvindosdacooperaçãosocial,somenteassimseriapossívelaconstruçãodoconsensoidealpretendido,emtornodosdoisprincípiosbásicosdejustiçarawlsiano. Osdoisprincípiosdajustiçarawlsianasãopensadose,aomesmotempo,justificadoscomoumasoluçãoparaajustiçasocialbaseadanaregramaximin,que

5Sobre a heurística kantiana pode ser consultado Loparic (1983). Sobre os fundamentos kantianos: Kant (1964) e (1995).

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nadadizsobreaquiloqueénecessárioparaqueasinstituiçõessejamconsideradasjustasouinjustas.Portanto,aregramaximinenquantoprocedimentometodológicosetornainsuficienteparaexplicarejustificarasescolhaseoreconhecimentodaquelesprincípiosadvindosdaposição original –passíveisdeseremsomentere-conhecidosporpessoas racionais iguais e livres(Cf.Azevedo,2007).Taisprincípiosafirmam-senateoriadeRawlsatravésdeuminstrumentoretóricofundamentadoemumapetição de princípio,apartirdaqualosprincípiosescolhidosnaposiçãooriginalsãoconcebidoscomoverdadeiros,certoseracionaisnamedidaemqueforamescolhidosracionalmente.Trata-sedeumprocedimentoargumentativológicodecaráterretóricoecirculare,portanto,depoucaconsistênciametodo-lógicaargumentativa. Ora,segundoRawlsa[...]justiçacomoequidadeéahipótesesegundoaqualosprincípiosqueseriamescolhidosnaposiçãooriginalsãoidênticosàquelesquecorrespondemaosnossosjuízosponderadose,assim,essesprincípiosdescre-vemonossosensodejustiça[...](Rawls,2002:51).Trata-sedeumaestratégiaargumentativaquebusca(re)posicionarumanovamodalidadeargumentativadecarátereminentementepsicológico-moral.Aconcepçãodesenso de justiça,afirma-seatravésdostrêsprincípiosdapsicologiamoralelencadosporRawls(Rawls,2002:544-5).Todavia,seufundamentoprimeiroencontra-senocontratualismonominalistadeLocke,paraoqualohomemsópoderiaemergirdeumaconcep-çãoatomistapsicológico-empíricadeindivíduo,sendoestaapedraangulardocontratualismolockeano,noqualRawlsbuscaarrimoparasustentaroconceitoheurísticodeposição original. Novamente,atravésdamoralpsicológicarawlsiana,emergearelaçãoentreoBemeoJustodamoraldeontológica,paraaqualsósepoderiaestabelecerumarelaçãoentreoBem eoJustonateoriadajustiçacomoequidadequandoapessoa racional igual e livreagissedetalformaqueaodesejarseuBempróprioacabassepordesejaraquiloqueéJusto.Ouseja,tantooBemquantooJustosópodemserresultado da concepção atomista individual-singular de natureza psicológicaliberal-burguesa. AregramaximinapareceemRawlscomoumaestratégiaheurística,atravésdaqualestabelece-seumprocedimentológico-gnosiológicodeescolhana posição ori-ginal.Nestestermos,poder-se-iaafirmarqueatravésdoesquematismoanalógicokantiano,Rawlsconsegueconciliaroegoísmoracionaleamoralidadeenquantofundamentodaescolhadosprincípios básicos de justiça.OprocessoconstitutivodaanalogiapropostaporRawlsentrearegramaximineasescolhasdosprincípiosnaposição original–atravésdaqualgarante-se,fundamenta-seejustifica-seaescolhadosprincípios básicos de justiçapelaspessoasracionais–torna-sefrágil,namedidaemqueoconsentimentocriadopelaestratégiaheurísticarawlsianaconstitui-se

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apartirdovéu da ignorância,nãosendopossívelgarantir,fundamentarejustificaramanutençãodoconsentimentoapósaspessoas racionais iguais e livresretiraremovéu da ignorância(Cf.Azevedo,2007). Mesmonoplanometafísico,ocontratualismorawlsianotorna-se incon-sistenteeimpraticávelnamedidaemquenãohácomogarantiresustentarumtipodeconsentimentorealizadoapartirdeescolhasrealizadasporpessoasditasracionaisiguaiselivresque,noatodeescolha,desconhecemsuaclassesocial,suainserçãonadivisãosocialdotrabalho,asrelaçõesqueestabelecemapartirdosmeiosedasrelaçõesdeprodução,bemcomosuainserçãonoEstadoenasociedadecivil-burguesa.Todavia,passaaconhecê-lasapartirda retiradadovéu da ignorância.Nestesentido,nãohaveriaamenorpossibilidadedegarantir,justificar e fundamentar amanutençãodo consentimento antes realizado.OproblemacentraldaciênciapolíticapostopelorealismopolíticodeMaquiavel–comoconquistaremanteropoder?–impõe-sedemaneiraavassaladorasobreocarátermetafísicodateoriada justiçacomoequidaderawlsianaque,apesarda sofisticação, não conseguedar respostas consistentes àsmúltiplas formasdeterminativasdasociedadecontemporânea. Nestestermos,pode-sechegaràconclusãodequeosprincípiosdateoriadajustiçacomoequidadesustentam-senovéu da ignorância,poissomenteapartirdaausênciadeconhecimentosepoderiachegaràidéiadeigualdademoralentreosindivíduos.Estasimetrianasrelaçõesmútuasintersubjetivassósetornariapossívelsetodososindivíduosseencontrassemenvoltosnovéu da ignorância, detalformaquefossepossívelcriarcertasituaçãodeigualdadeentreosindivíduos.Aocriaracondiçãodeigualdadeentreosindivíduos,emergiriacertacondiçãodeliberdade,poisestaparaosteóricosdoliberalismosópoderiaexistiremrelaçãoàquela. Ora,osdoisprincípiosdejustiçarawlsianoexpressamolimitedevalidadedaliberdadeliberal,poisliberdadeparaoliberalismosópodeexistiremrelaçãoàigualdadeformal.Trata-sedadefesadoprincípionormativo-formaldeliberdadena igualdade,atravésdoqualarquiteta-se,desenvolve-see levanta-se–comotivemosoportunidadedesalientar–todaconcepçãodeEstado,direitoedemo-cracialiberal-burguês. Oprimeiroprincípioexpressaosfundamentosdamoraldeontológica,poisRawlsapreendeos indivíduosdaquelaposição originalenquantopessoas racionais iguais e livrescapazesdefazerescolhassemrelacioná-lascomseusfins.Assim,oprimadodoprimeiroprincípiosobreosegundoacabaporimobilizareste,poistodaequalquerformadedistribuiçãodosresultadosadvindosdacooperação social estariasubmetidaàafirmaçãodaliberdadeliberal-burguesa,ouseja,daquelali-berdadeadvindadolivre-mercado,daconcorrência,dadivisãosocialdotrabalho,

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dapropriedadeprivadaedetodasasformasdeterminativasadvindasdasocia-bilidaderegidapelomododeproduçãocapitalista.Nestestermos,adistribuiçãodosresultadosadvindosdacooperação socialsópoderiasedardemaneiradesigual.Trata-se,portanto,deumateoriadajustiçaquevisanãoàdistribuiçãodariquezasocialhistoricamenteacumulada,massuaconcentraçãoecentralização,bemcomoaadministração,organização,regulaçãoenormatizaçãodetaisprocessos. SegundoRawls,aracionalidadedosindivíduososlevaria,poisvestidospelovéu da ignorância,aescolheremprincípiosdajustiçasocialdeformamutuamentedesinteressada,destaformaaracionalidadenãopermitiriaaosindivíduosagiremem interesse próprio para prejudicar o outro.Este indivíduodesinteressadorawlsianopareceestarvestidonãosomentepelovéu da ignorância,mastambémpelo imperativo categóricokantiano.Esteúltimoeleva-seàcategoriadepedradetoquedateoriadajustiçacomoequidade,sendoofundamentomoraldocontratopolíticorawlsiano.Ora,paraRawls[...]umaconcepçãodejustoéumconjuntodeprincípios,geraisemsuaformaeuniversaisemsuaaplicação,quedeveserpublicamentereconhecidocomoumaúltimainstânciadeapelaçãoparaaorde-naçãodasreivindicaçõesconflitantesdepessoaséticas[...](Rawls,2002:145). Comosepodeobservar,aescolhadosprincípiosdejustiçasubmete-seaoatodeprocederdetalformaqueaaçãodevasererigidaemmáximauniversal.Estamáximauniversaléoprincípiomoralcapazdecriaroconsentimentoemtornodocontratopolítico-moralrawlsiano.Todavia,oconsentimentosósetornapossíveleviávelnamedidaemqueaspessoasencontrem-secobertaspelo véu da ignorância,poisaonãoconheceremsuaposiçãoinicial,ouseja,seusinteressesparticulares, nãobuscariam tirar vantagens em relação aos demais.Trata-se,portanto,deumprocedimentometodológicometafísicoqueaoabsolutizarumaparticularidadehipotéticaatransformaemumuniversalabsolutizado,queemúltimainstânciaeliminaaprópriaparticularidadecomoformadeafirmaçãodoprincípio da identidade. DeacordocomaargumentaçãodeRawls,aposição originalelevariaosindi-víduosvestidospelovéu da ignorânciaaoestatutodepessoasmoraisigualmentelivrese,portanto,oprocessodeescolharacionaloslevariaaprocederempelaescolha de uma lista de bens desejáveis por todo ser racional, a qualRawlsdenominoubens primários.Trata-sedareafirmaçãodosprincípiosfundantesdoEstadopolítico liberal-burguês, apartirdosquaiso indivíduoécindido.Porumlado,nacomunidadepolíticaoindivíduocaracteriza-seporserigualmentelivreatodososdemais,poisseelevaàfiguradocitoyen,poroutro,nasociedadecivil-burguesacaracteriza-seporsero momentonoqualafirmam-setodasascadeiasdasdiferençasedasdesigualdadesasquaisosersocialestásubmetidonasociabilidaderegidapelocapital.

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Oprimeiroprincípiodajustiçarawlsianoelegeocitoyen,aquelemembrodacomunidadepolítica,caracterizadocomotodososdemaispelaigualliberdade,comoformaconstitutivadoconsentimentoeconseqüentementedocontrato.Aomesmotempocontingenciaobourgeois,a formadeterminativadomundomaterialedasociabilidadeburguesa,comoformadeeliminaçãodetodososconflitosecontradiçõesadvindosdoprocessodeproduçãoobjetivaesubjetivadavidamaterialeespiritual. Ora,oobjetivodeJohnRawlséodedemonstraratravésdaconstruçãodeumageometriamoral,queocontratoadvindodeA theory of justicesustenta-seapartirdeescolhasrealizadasporpessoasracionaisiguaiselivreseque,portanto,baseiam-senacalculabilidadematemáticaparafazê-lo.Isso,apesardetambémafirmarqueocontratoadvindodaposição originalsustenta-senaaversãoaoriscoenodesinteressemútuodaspessoasracionaiscomoformadeconciliaçãoentreoegoísmoracionaleamoralidade. OarranjoinstitucionaldowelfareforaapreendidoporJohnRawlsenquan-to expressão de umamoralidade utilitarista incapaz de garantir a igualdadeformal,detal formaacaracterizaroprincípiodemaximizaçãodobem-estarsocialcomoincapazdeoferecerumestatutoprocedimentalético-normativoàinstitucionalidadeeàspolíticaspúblicas,poisaocriareinstituirdeterminadasformasdepolíticaspúblicas,umaparceladasociedadeseriapenalizada.ApesardeRawlsnãonomeá-la,omovimentodesuapenanospermiteintuir.Comosepôdeobservar,tratava-sedeumateoriadajustiçapautadapelarecolocaçãodahegemonia civil liberal-burguesa,quedispostosaabandonarosprincípiosdetolerânciaadvindosdaEra de Ouropartiramparaaofensivacontraaeconomiapolíticadotrabalhoapartirdediversosflancos. Assim,comoemHayek,oquesepodeobservarnateoriadajustiçadeJohnRawlséumprojetodereconstituiçãodahegemonia civildeumadeterminadaclassesocial.Todavia,disfarçadopelosadornosprimaverisedasguirlandasdefloresadvindosdaexpressãojustiça social.Ora,aquestãonevrálgicaqueseimpõecomoimperiosaéadesaber:quaissãoasdeterminaçõeséticas,políticas,econômicasesócio-culturaisdaquelajustiçarawlsiana?E,emquemedidafoicapazdeinter-ferirnatessiturasocialparaaconstruçãodoconsentimentopopularemtornodoprojeto(neo)liberal-democrata? OnógórdiodeRawlsseencontravaemconceberumaoutraconcepçãodejustiçasocialquesepautassenãopeloprincípiodemaximizaçãodobem-estarsocial,maspelosprincípiosproclamadoscomoaexpressãomaisclarividentedaliberdade,sejameles,osprincípiosdateoria dos deveresdeKant.Obviamentequeapalavraliberdadeexpressaaconcepçãodeliberdadeliberal-burguesae,pornaturezatemumlimitedevalidade,poiscarregaconsigoumaafirmaçãorestritaelimitada.

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Parasechegaraumaproposituradejustiçasocialqueseopusesseaoprin-cípiodemaximizaçãodobem-estarsocial,hegemônicodesdeacrisede1929,tornar-se-ianecessárioretornaraoprocedimentometodológico-hipotéticoado-tadopelosliberaisclássicos,ouseja,aidéiadecontratualismo.Todavia,enquantoaqueleexpressavaadeterminaçãodeumnovosersocial,onovo contratualismoexpressaraamistificaçãoeasmúltiplascadeiasnasquaisaquelenovosersocialjádeterminadoseencontrava.Tratava-se,portantoderedefinircertasituaçãoorigináriaparasechegaraumaconcepçãoditacorretadejustiça. NoEstadodebem-estarsocialsedesenvolveraumaconcepçãodejustiçaso-cialquesepautavapelaadoçãoeefetivaçãoconcreto-materialdepolíticaspúblicasviainstitucionalidadequevisavam,porumlado,fomentarodesenvolvimentoeocrescimentoeconômicoe,poroutro,odesenvolvimentosócio-cultural,deformaacorrigirereduzirasdesigualdades,aprofundadaspeloprocessoimperialistadeconcentraçãoecentralizaçãodecapitaisquederavidaaDuas Grandes Guerras Mundiais eàGrande Depressão. Nessaformadeapreensãodajustiçasocial,oEstadosecolocaranãosomentecomoprincipalagentedodesenvolvimentoeconômico,mascomoreguladordetodasasrelaçõeseconômicas,políticasesociaisproduzidasereproduzidaspelasociabilidaderegidapelocapital. JohnRawlscriticaraestacompreensãodejustiçasocial,poissegundosuapena, tal compreensãonão se pautavapeloprincípio isonômico, sendoque,para sechegar àmaximizaçãodobem-estar social,umadeterminadaparcelada sociedade acabaria por ter sua liberdade restringida, poispagaria pesadostributosparaodesenvolvimentodetalperspectivadejustiça.Obviamentequeofilósofo-políticoestadunidenseoradiscutidoentrounosflancosdebatalhaparaacriação,articulaçãoedesenvolvimentodeumadefesaabertaeirrestritado laissez-faire laissez-passer, daquelamão invisível smithiana como expressãodaliberdadedemercadocapitalistaeconsequentementedadefesaincontestedaconstruçãodeumanovahegemonia civilpautadanaeconomiapolíticadocapital. Nessesentido,aproposituradeumanovaconcepçãodejustiçasocialsedariamedianteaadoçãodeprincípiosdejustiçametafísicos,postoscomoobjetivodemensurarograudejustiçadasinstituiçõesecompreenderqueograudejustiçadasinstituiçõessociaisestarianãonasuacapacidadedemaximizarobem-estarsocialdoscidadãosatravésdepolíticaspúblicasestatais,masnacapacidadedeseadministrar imparcialmentea institucionalidadepública.Portanto,segundotalpropositura,asdesigualdadessociaispoderiamserdiminuídasmedianteumprocessoderacionalizaçãodaadministraçãopública,detalformaquesepudessegarantirsuaeficiênciaesuaimparcialidade.

Silva, M. L. • 43O normativismo do neocontratualismo...

Conclusão AsofisticadaconcepçãodejustiçasocialquenascedaslentesepenadeJohnRawlsestruturara-senaidéiadeque,aonascer,osindivíduossubmeter-se-iamainstituiçõessuperioresdasociedade–senãocompreendidacomoprodutoras,reprodutorasdasdesigualdades sociais–, asquaisdenominou estrutura básica. Destarte,parasechegaraumaconcepçãodejustiçacapazdediminuirasde-sigualdadessociais,dever-se-iachegaracritériosdejulgamentoquepudessemestabelecerdeformajusta ouinjustaasestruturasbásicasdasociedade. Aquestãopostapelofilósofoestadunidenseeraaseguinte:como se chegar a instituições sociais justas?Ou,posto,deoutramaneira:como se chegar a estruturas básicas mais justas?Arespostaouatentativaderespostaaestaquestãoapareceraatravésdeumprocessodeperfectibilizaçãodapolítica,peloqualajustiçaemergiriame-dianteaadoçãodeumprocedimentometodológicodenominadoporRawlsdejustiça procedimental pura,peloqualhaveriaumprocessoequitativodedistribuiçãodosbenefíciosadvindosdacooperação social. Nessemomento,aquestãonevrálgicadeixadeserobem-estarsocialepassaaserajustiçasocial.Observar-se-áquenãoháumadefiniçãodoqueéjustiçaemRawls,ajustiçaapareceenquantodeterminaçãodateoria dos deveres, atravésdaqualdesenvolver-se-iaprocedimentos formais puros.Nessestermos,ojustoeoinjusto,aoindependeremdosresultadosdasações e relações sociais,encontrar-se-iamnoprocedimentoadotado,poisemumaconcepçãomoraldeontológica,meiosefinsnãopodemserelacionarentresi.Ora,nestesentido,independentementedasdesigualdadessociaisqueasinstituiçõesviessemaproduziroureproduzir,ajustiçaencontrar-se-ianoprocessoderacionalização,peloqualseadotariaproce-dimentosadministrativosimparciais.Eisofundamentodaconcepçãodejustiçarawlsiana.Talconcepçãodejustiçaaproxima-sedaconcepçãodedemocraciabobbiana,namedidaemqueparaBobbio6ademocraciacaracteriza-seporseroresultadodeumprocedimentotécnico-normativo,apartirdoqualsomar-se-iamtodasasvontadesuti singulusdoscidadãos. Comoaquestãoseencontranoprocedimentodeescolhaadotado,peloqualchegar-se-iaaojulgamentodasestruturas básicasdasociedadepela“ética” dos deveresenãopelosresultadosobtidos,agnosiologiarawlsianasópoderiaserdenaturezametafísica.Assimsendo,Rawlspropõeenquantométodogeradordeprincípiosgeraisdejustiçaumahipotética posição origináriacontratual.Ouseja,propõeumcontratualismodenovotipo,peloqualosindivíduoscaracterizadoscomoigualmentelivresepautadospela“ética” dos deveresfariamsuasescolhas.

6Cf. Bobbio (1986) e (2004).

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O véu da ignorância,enquantocategoriacognitivaarquitetadaporRawls,levaosindivíduosaignoraroseretodasasrelaçõessociaisqueodefinemenquantosersociale,portanto,enquantoindivíduo,concebendo-ascomopuracontingência.Porisso,setratadeumateorianormativacomfundamentosmetafísicos,poisasrelaçõesquedefinemagnosiologianormativanãosãomundanas,nãosãosociais,maspuramentecelestiais.Nãotemfundamentonaprofanidademundano-carnal,masnacéliaespiritualidademetafísica.

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