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O panorama geral está exposto, vamos apresentar alguns pormenores que achamos mais relevantes, como a muito conhecida casa-castelo, apontada como o cúmulo do kitsch pelos habitantes, fig. 263. Figs. seguintes (264 a 272) são pormenores de fogos das cooperativas Os habitantes diziam com orgulho que a cheminé tinha sido desenhada por A. Siza a pedido da família 259

O panorama geral está exposto, vamos apresentar alguns

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O panorama geral está exposto, vamos apresentar alguns pormenores que achamos mais relevantes, como a muito conhecida casa-castelo, apontada como o cúmulo do kitsch pelos habitantes, fig. 263. Figs. seguintes (264 a 272) são pormenores de fogos das cooperativas

← Os habitantes diziam com orgulho que a cheminé tinha sido desenhada por A. Siza a pedido da família

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Concluímos com os últimos pormenores dos fogos das cooperativas, figs. 273 a 278, da esquerda para a direita.

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I N T E R I O R E S D E C A S A S : H A B É V O R A

Em 2001 fazíamos a primeira entrada no terreno esta foi a residência da primeira estada. Figs 279 a 282, respectivamente: copa, quarto rc, sala☇☇, (pormenor) porta do quarto do rc

Figs. 283 a 285 ↙↙↓, pormenores do pátio e da sala e o terraço

Observemos agora um fogo da mesma tipologia do anterior, Ab, também T3, iguais aos das cooperativas repetimos, mas ocupado recentemente por um casal que esperou anos por uma casa na Malagueira, figs. 286 e 287↙↓ pátio e terraço

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Figs. 288 a 293, cozinha, sala, escada, copa e lavandaria todos os caminhos levam ao pátio e o quarto acede ao terraço, em baixo

Nem todos os pátios nesta área têm este aproveitamento exterior, figs. 294 a 297 ↙↓↙↓, há bastante variabilidade, os animais e a vegetação estão sempre presentes

Existe uma verdadeira paixão pelos pássaros →

Todos os grupos sociais e étnicos têm um aproveitamento adequado às suas convivialidades no pátio, a variabilidade provém das suas práticas socio-culturais, há sempre uma mesinha para o petisco

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Os grupos familiares “étnicos” que apresentamos de seguida desmistificam qualquer hipótese “étnica”, como sugerida pela Habévora, de apropriação das casas. A diferença pode ser unicamente de capitais envolvidos, figs. 298 a 303, respectivamente, pátio, cozinha, quarto de crianças, casa-de-banho 1º piso e quarto dos pais

Esta outra família, uma viúva cigana com filhas e netas compensava a ausência de mobiliário, reduzido ao essencial, a uma limpeza e arrumo excepcionais. Figs. 304 a 307 ↓ O quarto de uma filha e da mãe, a copa, e em baixo a sala

↖ Fig. 308 pormenor da serpentina, muito gabada pelos ocupantes e

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O mais comum é um elevado investimento na casa, figs 310↑ e 311↑ cozinha e sala, respectivamente. Em baixo uma tipologia Ac.

Figs. 312← e 313↓ O pátio.

Sala (fig. 314↑) e cozinha (fig. 315↗)

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Entendemos que como nas cooperativas já demos a panorâmica geral, vamos então apresentar pormenores na área da Habévora. Começamos por uma das casas que foram construídas por empreiteiros por cima das lojas, algumas foram vendidas outras continuam de arrendamento como esta que tem a particularidade de ter os tectos trabalhados. Figs. 316 a 319

Para lá do “gosto” (que não se avalia), as casas não apresentam carências, na generalidade, figs. 320 e 321↓

Sobressai muitas vezes uma imensa profusão de elementos decorativos, figs 322↙ e 323↓

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Algumas das casas da Habévora estão arrendadas, quarto a quarto, a estudantes da EU, foram compradas pelos anteriores ocupantes e agora são fonte de receita. Figs. 324 a 328, da esquerda para a direita

Há fogos em que o layout já quase não se reconhece, em vez disso a personalização foi grande, apesar da Habévora. Figs 329↙ e 330↓

As casas agora em recuperação não prescindem da cor, fig. 331↗

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Mas uma nova geração está a chegar à Malagueira e a área da Habévora não escapa ao processo de gentrification. Figs 332↙ e 333↓

Há também a considerar os que progrediram socialmente escolar e profissionalmente, refinando o “gosto” com antiques. Fig 334↓

Há muitos artistas e artesãos entre esta população, fig. 335↓

I N T E R I O R E S D E C A S A S : P R I V A D O S

A sala da primeira família dos privados a instalar-se na Malagueira. Fig. 336

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A cozinha (fig. 337↑) e a copa (fig. 338→) têm o mesmo layout o que muda são os materiais e acabamentos (figs. 340↓ e 341☇), até a lavandaria foi mantida

Fig. 339 Os pátios dos privados são na sua maioria altos para permitem maior privacidade.

Entre os espaços comuns do dia-a-dia, a diferença não é muito significativa na maioria dos casos, Fig. 342↓

Figs. 343↓ e 344→, outro quarto e um escritório

Figs. 345↙ e 346↓, descobrimos também nesta área antigas “casas de matança” com lume de chão e chaminé para fumeiro, que foi utilizada nos primeiros anos de vivência naquela casa, foram os 2ºs habitantes da área privada.

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Mas tirando esta particularidade é uma casa igual às outras, em que o layout foi alterado, os espaços de convivialidade no pátio ou na sala são semelhantes a muitas outras casas, até mesmo de outras áreas. A uniformidade parece incompatível com a Malagueira. Figs. 347↙ e 348↓

Apesar de semelhanças entre todas as casas, é entre os privados que se encontram os layouts mais sofisticados. Fig. 349↓ Uma cozinha onde foi desenhada uma mesa embutida nos armários onde os habitantes fazem as refeições ligeiras enquanto vêm o movimento da rua.

Dois pormenores da sala do 1º piso que é atelier de pintura, figs. 350← e 351 →

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A sala do rc foi adaptada ao gosto e necessidades pessoais, porque os pais dos habitantes, muito idosos os visitam com frequência instalando-se no quarto do rc, figs. 352↑ e 353↗, figs. 354↓ e 355↙ a presença do pátio, fig. 356↓ o quarto do rc tem acesso ao pátio

A articulação dentro-fora que o pátio permite, como sala ao exterior ou zona de transição, é de uma grande variabilidade, podemos ter um pátio minimalista (figs. 357↑ ou 358← [pormenor]) e um interior absolutamente tradicional. Como este habitante que tenta reproduzir a ambiência do monte onde viveu parte da sua vida. Ver imagens seguintes

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Os móveis, as louças, os estanhos, veio tudo do monte. Figs 359 a 364, da esquerda para a direita, todas as salas têm tijoleira e tapetes de arraiolos

Esta casa que acabamos de ver é a mais tradicionalista-rural que documentámos no nosso terreno. Famílias de lavradores que se instalaram na Malagueira. Mas, como seria de esperar, o que assume larga escala no bairro são as “casas de arquitecto”, figs. 365 a 368

← ↙ ↓ e ↓↓, respectivamente

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Figs. 369 a 372, respectivamente os quartos, o atelier-escritório e de novo a sala. Impossível não reparar no design retro e na chaise-longue desenhada por Le Corbusier. Outra “casa de arquitecto”, a utilização do pátio é a comum e dos quartos e sala, figs. 373 a 376

A diferença aqui é o número de filhos, mesmo sendo uma tipologia evolutiva no máximo (T5), os filhos são muitos e a casa está sobrelotada, utilizam-se todos os recantos, como se pode ver nas figs seguintes

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Figs. 377 ↑e 378→ muitos habitantes começaram a usar a cor, destaque-se nesta tipologia a maior dimensão das cozinhas (fig. 379↓) as casas de banho são todas muito idênticas (figs. 380→ e 381→)

Outra casa de arquitecto, figs. 382 a 387, não esgota a “categoria”, mas as outras ficarão misturadas

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Vejamos agora alguns pormenores de casas não evolutivas, Figs.388 a 390↙, a sala dá acesso a um pátio na retaguarda, são T5’s, tem um pequeno hall de entrada e um corredor de distribuição que parece ser apreciado, o mesmo não acontece à cozinha por ser um corredor

Figs. 391 a 393←, os quartos, fig. 394↓ a casa-de-banho tem respiração fenestral, que a diferencia das outras evolutivas

Pormenores. Figs. 397←, 398↓ e 399→

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Continuemos com as casas não evolutivas, o bloco junto às piscinas. Figs. 400 e 401, o pormenor do corrimão da escada, muito apreciado pelos habitantes e a sala, fig. 402↙ o escritório da entrada – lembramos que todas as casas são duplex, excepto os T0.

Figs. 403 Casa-de-banho, fig. 404 O quarto das crianças↗

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Figs, 405 a 407, pátio, cozinha e lavandaria, respectivamente

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Concluímos as casas não-evolutivas com mais alguns pormenores, figs. 408 a 418, da esquerda para a direita, começamos por uma casa-de-jantar (↓) que substituiu a garagem original e uma porta de vidro colocada pelo habitante

Percebe-se a não-necessidade da garagem, há muito estacionamento De resto não há mais mudanças estruturais, o

layout foi mantido na generalidade dos casos estudados

Pormenor da escada e casa-de-banho com vista para a cidade…

Quarto de um filho

Pormenores da escada, um factor de grande agradabilidade pela população

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A sugestão de espaços multiusos é utilizada por muitos ocupantes, esta sala é de estar, de convívio, de refeições e de trabalho, figs. 419, 420

O pátio das traseiras, a escada e o quarto, neste como noutros casos, a garagem (s/imagem aqui) serve de arrumos. Figs 421 a 423

Nas últimas tipologias (Av. Escurinho) os pátios foram muito aumentados, desaparecendo os terraços, figs. 424 a 426

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Regressemos às casas evolutivas, destacando pormenores, uma vez que entendemos que a panorâmica geral está construída também nesta área dos “privados”, algumas destas casas tiveram um layout desenhado pelos próprios, figs. 427 a 435, da esquerda para a direita

No bairro há muitos artistas em todas as zonas, e estes não têm uma vida sumptuária, para estes,

a casa além de espaço de repouso, também é local de trabalho, mas as casas de proprietários mais antigos assumem um estatuto social difícil de esconder, não pela ostentação, mas pela “estética”

Um passa-pratos

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Nestas casas todos os materiais foram escolhidos e o empreiteiro trabalhou sob o controlo do proprietário, figs. 436 a 445

Embora também entre este grupo não haja uniformidade, a variabilidade é sempre elevada

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Deixámos para o fim o grupo dos que chegam agora à Malagueira e espontaneamente estão a requalificar o bairro, figs. 446 a 454

Alguns deles alteram mesmo o espaço público, um grupo doméstico ligado ao teatro PIM organizou já um Festival de Clowns na Malagueira, além de organizarem uma Festa da Rua onde habitam

Outros dão preferência ao espaço doméstico da sua intimidade

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V. as duas primeiras imagens da próxima página

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Esta jovem ocupou todos os espaços interiores e exteriores da casa e reservou-os ao estudo/leitura, prática de Yoga, mas também aos seus mais próximos, figs 455↑ e 456↗. As imagens seguintes correspondem aos espaços internos das casas dos novos habitantes, sem uma lógica imediata. São pormenores. Figs. 457 a 462

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Esta população omnímoda que é parte essencial da nossa tese é também ela diversificada abrangendo desde os que conservam as formas mais tradicionais de habitat (figs.463↓ e 464☇) até aos mais vanguardistas dos dias de hoje – os “retro”, figs. 465 a 471

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P R O J E C T O S D E S E N H A D O S E N Ã O C O N S T R U Í D O S A T É H O J E Fig. 472← em 2001 a Ordem dos Arquitectos elencou os projectos desenhados e por concluir (um excerto), destacaremos apenas os que consideramos indispensáveis a boa funcionalidade do projecto global

Figs. 476 e 477 A casa de Chá / Restaurante que junto com as casas desenhadas para os extractos mais elevados da população dará uma dimensão interclassista com maior poder simbólico

Figs. 473 a 475 ↑↑→ Centro Social e paroquial S. João Bosco, para dar apoio às populações carenciadas. A sua planificação é junto ao lar.

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Finalmente é impensável concluir a Malagueira sem lhe dar a centralidade projectada – a Semi-Cúpula, o que uniria todos os segmentos da população dignificando o território. Figs. 478 a 480

Os desenhos e maquetas são de Álvaro Siza Vieira

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