O PONTO DE EQUILÍBRIO - VÓL II

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  • 1. 232 MEDITAES O PONTO DE EQUILBRIO VOLUME II

2. 233 Neli Cavalcante Assessoria jurdica Especialista em Leis Crists R. Aureliano Coutinho, 228 / 04 Embar Santos- Cep: 11.040- 240 Tel. 32314759- 91227361- 91780437 E-mail: [email protected] e te restituirei os teus juzes, como eram dantes, e os teus conselheiros, como no princpio, ento sers chamada cidade de justia, cidade fiel.1 Dedicatria: 1 Isaas 1:26. 3. 234 A Deus, pois justia e juzo so a base do Seu trono. 4. 235 ndice do primeiro volume 1. Prefcio................................................................................006 2. Orao.................................................................................008 3. O Ponto de Equilbrio.............................................................009 3.a Misericrdia quero e no sacrifcios........................................013 3.a.1 A Mulher adltera recebe misericrdia.................................021 3.b Equilbrio para os gregos......................................................023 3.c O Oscilar do pndulo............................................................026 3.d O desequilbrio de Josu (gibeonitas).....................................030 3.d.1 O humanismo injustificvel................................................032 3.d.2 Fala o Pr Usiel Varella........................................................037 3.d.3 Fala o Pr Edevir Pern.......................................................037 3.d.4 Aplicao pessoal.............................................................038 3.d.5 O Bom nome de Moiss e Josu .........................................040 3.e O desequilbrio de Sarah e Abraho (Ismael)...........................046 3.f A ordem e a desordem..........................................................047 3.g Estar ao lado do perdido.......................................................050 3.h Fracos e fortes....................................................................066 3.h.1 Deus usa os fracos ou os fortes?.........................................068 3.h.2 Moiss, Raabe e Cornlio: fortes ou fracos?..........................079 3.i Deixar a parentela................................................................075 3.j Deus amor?......................................................................080 3.j.1 O que amar?..................................................................083 3.k Aprender a amar com J.......................................................085 3.k.1 Deus prova a Abraho.......................................................092 3.k.2 Abraho e Ismael se separam............................................105 3.k.3 As firmes razes da mulher sunamita..................................108 3.k.3.a O filho da mulher sunamita.............................................110 3.k.3.b Mulher sunamita............................................................117 3.k.4 A revolta de Gideo..........................................................120 3.k.5 O ponto de equilbrio de Jac.............................................121 3.k.6 Mais conflitos: Moiss, Abraho e L...................................123 3.k.7 Os conflitos de Paulo.........................................................127 3.k.8 O drama do pai do filho prdigo..........................................130 3.k.9 O grande impasse de Moiss no Mar Vermelho......................132 3.k.10 A f de prximos salva paraltico.......................................138 3.k.11 A cura de um cego de nascena........................................141 3.k.11.a Saber esperar o momento de Deus.................................143 3.k.11.b Saber aguardar...........................................................144 3.k.11.c Esperar em Deus.........................................................145 3.k.11.d No corao de Jesus est a nossa razo de existir... Desistir?...................................................................................14 6 3.k.11.e Ainda que a figueira no floresa...................................148 3.k.12 Somos madeira de accia................................................151 3.k.13 Moiss se desequilibra e bate na Rocha.............................158 3.k.14 Continuando a aprender com J .......................................177 3.k.15 Os Fariseus....................................................................192 3.k.15.a Zelo...........................................................................205 3.k.15.b Retornando aos Fariseus...............................................211 ndice deste volume * Prefcio.................................................................................237 3.l Dramas familiares................................................................340 3.l.1 Eli perde autoridade por causa dos filhos..............................309 5. 236 3.l Dramas familiares Durante o tempo em que Deus estava me revelando sobre esta matria muitos episdios do passado vieram minha mente, e no presente surgiram vrios fatos reais para exemplo e ilustrao, como por exemplo, o caso de uma pessoa maravilhosa, com uma famlia muito linda, gerada por uma me com uma grande quantidade de filhos biolgicos e uma quantidade maior ainda de filhos do corao, formando-os todos (absolutamente e impressionantemente, a todos) com muito trabalho, em pessoas dignas, profissionais realizados, com um sentimento de unio entre todos muito raro de se ver. Tudo isso ensinando-as a trabalhar desde cedo, vendendo as tapiocas e as cocadas que fazia, as quais voltavam sempre com a bandeja vazia. Infelizmente eu no conheci esta grande mulher pessoalmente, porm os seus atos de justia se fizeram manifesto e se perpetuam e ela se faz conhecida e amada no s pelos seus filhos, mas por todos que conhecem a sua espetacular histria de vida. Esta grande amiga, filha desta, me falava do drama que viveu com uma das suas filhas. Ela se envolveu com um homem que fugia e muito do padro honrado da famlia. Ficou grvida, para vergonha e horror de todos, no s uma vez, mas cinco vezes (uma morreu). Isto sem que este homem tivesse assumido nenhuma responsabilidade sobre absolutamente nada, nem por ela e nem pelos 4 filhos. Na quarta vez, o pai no suportou e teve um derrame. Hoje no pode mais ser o homem realizador que era. dependente, e vive esta amargura. Os seus talentos esto enterrados naquela cadeira que movimenta os corpos inativos, corpos estes que abrigam uma mente lcida, consciente, mas que no pode realizar mais, no pode fazer mais, providenciar mais. S pode assistir, sofrer e ficar inerte. A famlia toda sofre muito em todos os sentidos. 6. 237 Em dado momento senti um aperto muito grande no meu esprito para interceder por ele junto ao Pai. Chorei muito durante toda a semana. Era como se ele no suportasse mais dar um passo sequer. No final da semana soube da notcia que o tal homem que foi o pesadelo da famlia, tinha falecido aos 40 anos. Cremos que Deus estabeleceu um tempo para que ele se arrependesse, como disse o pai enfermo. Cremos tambm que o pai talvez no conseguisse mais suportar a agonia de estar a todo instante esperando a notcia do quinto neto. Agora este pesadelo havia terminado. A filha, a me das quatro lindas crianas uma moa bonita, gentil, educada e uma competente arquiteta. Neste momento ela estava se recuperando de uma delicada cirurgia na coluna (seqela do 1 parto) e estava com muitas dores e bastante depressiva. Neste quadro, ela recebe a brutal notcia da morte do pai dos seus quatro filhos. Ficou, evidentemente, muito pior do que j estava. Sua querida me, falava constantemente que estava vendo sua filha cada dia mais fechada, mais depressiva, sozinha e cada vez mais magra. Esta no tinha uma confidente, ningum com quem compartilhar sua dor, que a me soubesse. Meu corao, outra vez se enche de ntima compaixo como foi quando orava pelo seu pai (todos os momentos em que a Bblia relata que Jesus se moveu de ntima compaixo, acontecia em seguida um milagre). Essas so as dores de parto que o Apstolo Paulo fala quando um filho espiritual est sendo gerado. O esprito se torce de dor pela pessoa. Assim fiquei. A me se queixava que a filha no tinha capacidade para educar os seus netos e que em determinados momentos ela tinha que intervir para que ela no repreendesse as crianas, pois era incompetente para tal. Estas lindas crianas j cresceram e j sabem perfeitamente distinguir as situaes e certamente sofrem muito com todo este conflito em seus coraes. As mes, pais e avs normalmente tm o defeito de achar que seus pequenos nunca cresceram e nunca vo 7. 238 crescer. difcil mesmo entender isso. Lembrei-me de que, quando criana, assisti minha me, que era a nica autoridade que eu tinha (coitada, cheia de erros, como todas as mes) levar uma surra da minha tia (a irm dela). Meus primos escarneciam bastante de mim, abusavam de mim, repetindo sempre que a me deles era mais forte que a minha. Quem iria me defender? Ningum mais, pois eu s tinha a ela. Eles faziam verdadeiras perversidades comigo e eu me sentia totalmente desprotegida. Naquele momento em que assisti a minha me levar uma surra eu fiquei totalmente desnuda, totalmente abandonada; eu no era nada, ou era menos que nada; no tinha ningum por mim, pois a minha nica defesa era frgil estava manietada. Foi um momento de morte. Aquela trgica cena me causou profunda tristeza, desesperana e abandono. Fiquei bastante marcada por este fato. Observei o rostinho lindo de uma das crianas que estava presente enquanto a av protetora, to amorosa, falava sobre o assunto. Eu me vi ali, me coloquei no lugar daquela criana. Eu sabia o que ela estava sentindo, embora no aparentasse nada. Me coloquei tambm no lugar da av, que amava tanto a todos eles. Fiquei atnita. Perguntei se realmente no havia ningum que estivesse ao lado da me das crianas, no para concordar com o seu pecado, mas oferecendo o seu ombro e a sua mo, ou um espao para que ela pudesse respirar. Escutei, outra vez, que no havia ningum. No conseguiam esquecer toda a tragdia e vergonha que ela trouxe a toda a famlia. A cada dia e a cada momento, a cena brutal estava diante dos olhos de todos: o quadro terrvel em que seu pai se encontrava. Me coloquei tambm do lado de todos eles. Porm, alguma porta teria que estar aberta para que ela possa sair deste poo. Dizia a me que falava para a filha constantemente que ela tinha agora que trabalhar e tocar a vida, pois o que foi feito est feito. Porm no via 8. 239 no rosto daquela bondosa mulher, embora revestida de uma impressionante simpatia e empenho, o perdo incondicional que a sua filha precisava para sair desta situao de maneira efetiva; e o que era pior que ela no tinha realmente conscincia de tudo isso e talvez no estivesse preparada para escutar esta verdade. O que ela (a filha) tinha agora? Talvez tenha tido (ser quase impossvel que no) o sonho de ver o pai dos seus quatro filhos arrependido e perto dela o resto dos seus dias, como o sonho de toda me ou mulher. Isto caiu por terra. Nunca mais isto seria possvel. Tudo o que passou foi em vo, pois ele nunca mais poderia ser um homem de quem ela pudesse se orgulhar; definitivamente esta oportunidade estava encerrada. Que drama!!! Uma decepo, uma grande angstia, como um deserto, onde no h perspectiva. No tinha mais o homem que amou, nem a famlia ao seu lado como ela precisava ou desejasse, e nem sequer os filhos, que eram seus s em parte, pois todos na famlia se sentiam responsveis por eles. Todos eram empenhados em preservar a vida dessas crianas, educando-as e construindo o seu futuro. Admiravelmente, a av, embora tivesse uma aposentadoria suficiente para se manter, trabalhava incansavelmente por causa desses quatro maravilhosos netos. Dias depois do falecimento, o pai, finalmente deu um sinal da sua paternidade. O patro dele telefonou para a av e disse que as crianas iriam receber algum dinheiro por alguma espcie de indenizao. Ele havia falado ao patro que alm do seu filho registrado, ainda tinha tido mais quatro filhos e disse quem eram. Pronto. O que parecia impossvel aconteceu: o pai assumiu a paternidade dos filhos e ainda lhes deixou um legado, ou seja, elas no precisariam nunca mais dizer que eram crianas abandonadas por um pai que nunca lhes tinha valido em nenhum momento de suas vidas. Agora eles seriam curados desta dor, da rejeio e do abandono, dor esta que s seria sarada pela atitude do pai e de mais 9. 240 ningum. Falei entusiasmada que enfim isto poderia ser uma tremenda cura para esses filhos, pois comigo aconteceu o mesmo: meu pai era casado e minha me s o soube momentos antes do parto. Fui separada dele, pois meus tios levaram minha me para longe e o que eu sabia dele que era um capanga do nordeste e que foi morto em uma emboscada. Descobri que ele estava vivo aos trinta anos e me enchi de alegria. Fui ao encontro do meu pai e nem passava pela minha cabea se ele era ou no bandido (eu morava em Santos/SP e ele em Palmeira dos ndios/ Alagoas). Ele era meu pai. Eu tinha um pai. Quando l cheguei fui curada, pois durante os nicos quinze dias que tive a oportunidade de viver ao seu lado, fui tratada como uma princesa, por ele e pelos meus irmos (aqueles que tanto sofreram por me ver no colo do meu pai pela cidade toda, tempos atrs). Costumo dizer que se eu tivesse desenhado um pai para mim no o teria conseguido a este nvel. Quando soube da sua morte (Deus me preparou muito para isso), as pessoas ficaram surpresas com a minha reao, (levaram uma semana para ter coragem de me dar a notcia). Como se fosse um relmpago veio ao meu esprito que Deus amava mais ao meu pai do que eu e certamente fez tudo o que pode por ele. No questionei at hoje sobre nada. Eu tenho um pai. Sou grata a ele por tudo o que fez por mim. Se eu comear a pensar talvez chegue concluso que no me fez nada ou s me fez mal, porm, esta possibilidade de questionamento no existe, pois este assunto est definitivamente arquivado na minha alma. Eu apenas o vi uma nica vez, mas foi o suficiente para me sentir protegida e amada at hoje. 10. 241 Tempos depois (no momento adequado) vivi uma situao terrvel e pude entender e sofrer o sofrimento daquela mulher e daquelas crianas to tradas e vilipendiadas. Pensei que nunca mais iria parar de chorar e de sofrer por vislumbrar aquele sofrimento causado pelos meus pais (e por mim, mesmo sem o saber) quelas pessoas que me trataram com tanto amor. Naquele momento em que fui ver o meu pai, embora tivesse mais de trinta anos, eu, emocionalmente, ainda era a criana abandonada (eu parei ali), e Deus, naquele momento tinha um nico objetivo: me curar pela ausncia do meu pai durante toda a minha vida. Eu no suportaria, no entenderia, no administraria e certamente tudo se perderia se eu soubesse tudo de uma s vez, ou se algum me acusasse ou cobrasse alguma coisa naquele momento. Para tudo tem o seu tempo certo (que Deus me capacite a entender isso para aplicar na vida das outras pessoas). Aquele era o tempo de eu ser curada e honrada e no o momento daquelas pessoas receberem o meu pedido de perdo, embora merecessem tanto. Tempos depois Ele trataria do resto, porque Ele justo e fiel: 19 No vos vingueis a vs mesmos, amados, mas dai lugar ira de Deus, porque est escrito: Minha a vingana, eu retribuirei, diz o Senhor.2 Deus permitiu uma experincia na minha vida, que me fez viver o drama que aquela mulher viveu. Nem neste momento em que estive no lugar daquela mulher e daquelas crianas de uma maneira to intensa, questionei sobre a vida dos meus pais, absolutamente nada, pois no h porque questionar, reclamar; no h feridas, nem dor, pois um passado terrvel foi enterrado e desfeito. Sim, possvel que, naqueles quinze maravilhosos dias, Deus estivesse no corpo daquele homem para que eu o enxergasse de maneira to espetacular; possvel que Deus tenha tido um grande interesse em me dizer que meu pai era 10, pois a figura do pai fala do que Deus para um filho. No perfeitamente possvel? Normalmente, em caso de separao (um cncer que tem destrudo a famlia que a base da sociedade), a criana fica com a me. Na infncia, a figura da me sempre mais prxima (a me amamenta e cuida dos detalhes que normalmente no o pai que faz), porm a partir dos 13 anos3 mais ou menos, quando eles comeam a enxergar o mundo e a criar as asas para dar os seus primeiros vos, a figura do pai muito importante neste momento. Exatamente aqui, ocorre o maior nmero de abandono dos pais aos filhos. Normalmente tambm, a me quem fica com a sobrecarga, pois, via de regra, os pais separados dificilmente suprem os seus filhos a contento, tanto materialmente 2 Romanos 12:19. 3 Recomendamos a excelente leitura do livro Passagem para a vida adulta de Jeff Brodsky; Bless Grfica, Editora e Comunicaes Ltda. 11. 242 como emocionalmente (h muitos filhos hoje processando os seus pais, por abandono). Estas mes mal nutridas, mal servidas, mal entendidas, e muito sofridas, passam esta sobrecarga aos filhos, impedindo-os de ver os pais, de am-los ou de ter um relacionamento de pais para filhos, porque evidentemente ignoram o mal que esto fazendo aos prprios filhos. As agresses so muitas e os pais descem cada vez mais no conceito dos filhos (tanto um quanto o outro). Uma me que foi agredida pelo pai de vrias maneiras no consegue entender que o filho uma outra pessoa, e que precisa deste requisito para a sade de sua formao: admirar e amar o seu pai, ou se isto for muito difcil ou impossvel, pelo menos o direito de se relacionar com ele, sem culpas, sem acusaes, sem restries. Esta pessoa que tanto tem ferido esta mulher o nico pai que tem esta criana. O prejuzo desta descomunho com o pai muito maior do que a dor que ele vai sentir por constatar que o seu pai um pilantra. Eu sou testemunha deste fato. No vamos colocar aqui uma ncora, mas, via de regra, assim que funciona, pois o amor, como j sabemos, cobre uma multido de pecados. Para ilustrar este assunto Deus trouxe ao meu conhecimento uma reportagem da Revista Veja enfocando exatamente esta questo. Uma reportagem sobre o dia dos pais que infelizmente no consegui reencontr-la para que aqui pudesse registrar o endereo, a fonte. A autora da reportagem era uma psicloga que falava que mesmo com a idade que tinha (+ ou 70) ela ainda no prescindia da lembrana e da importncia do pai na sua vida. A maneira que ele falava com ela, valorizando a sua vida em todas as idades, fazendo com que ela sentisse ou soubesse a sua importncia em qualquer tempo da sua existncia, foi esplndido para a sua formao. Ele sabia respeitar os 12. 243 limites dela. Quando na adolescncia ela estava toda complexada e se achando muito feia ele a chamava de princesa. Essas coisas a fortaleciam muito, e at o seu tempo presente, para qualquer deciso, ela sempre questionava o que o pai faria naquela situao, o que ele iria dizer a respeito daquele fato, pois ele sempre tinha uma opinio para dar e sempre conversava com ela. Ela dizia que, hoje, na sua maturidade, se ela parasse para analisar, talvez no fosse achar nada de extraordinrio, pois a estaca na sua vida foi realmente a me (o pai estava sempre muito ausente/ viajava), mas que isso que ele ofereceu (aparentemente to pouco), sempre foi um grande suporte para ela. A me era quem quebrava os seus galhos e a socorria, porm foi muito forte a atuao do seu pai, mesmo ausente. Ele sempre tinha uma percepo, uma palavra, sempre a tratava com muito respeito, sempre a inclua nas coisas, no a deixava falando sozinha e a valorizava muito. Ser que justo que o pai receba a mesma considerao tendo dado to menos? Ou ser que isto justo pela criana, pois a ele atingiu o objetivo, ele a satisfez, ele cumpriu o seu papel na emoo da filha? Como marido ele ser julgado de uma maneira, mas como pai, de outra: ser julgado como pai somente. Separar tudo isso no uma tarefa fcil, evidentemente. Muitas vezes a me fica to ocupada com tantas coisas que no tem tempo para determinados detalhes. Realmente, no h como uma pessoa ser o pai e a me ao mesmo tempo, por causa desses detalhes. Quando um est mal, o outro supre. A reportagem falava que todo pai tem a sua importncia, seja o pai sem graa, pai sem grana, pai sem juzo, pai solteiro, pai casado, ou o pai pior. Ela, seguindo este raciocnio, falava da sua perplexidade ao ver hoje a falta de respeito com que os cnjuges se referem um ao outro para os filhos. Estava ela relatando que, certa vez em um parque, observava uma me falar para os seus filhos: L vem o nada a ver (para no repetir o palavro) do seu pai!. Afirma a autora do texto que no se deve jamais depreciar o pai, ou a me para a criana (o que infelizmente acontece na grande maioria das vezes). Durante o longo tempo em que ela tem trabalhado com famlias, com crianas, percebeu que a estatstica bem concreta que 13. 244 a criana tem mais seqelas na sua personalidade quando ela ouve falar mal do pai, ou tem a imagem do pai diminuda, depreciada, do que quando a criana sofre diretamente com os defeitos do pai. O relacionamento com o pai (bandido ou no) sempre trs mais benefcios, do que a sua ausncia. Se a criana ouve um adulto falar mal do seu pai, ela no tem maturidade para receber, para digerir, para administrar aquilo naquele momento, recebendo ento aquele comentrio de uma maneira destrutiva, trazendo muitas seqelas negativas no seu carter. Porm, se a criana convive com aquele pai, sem que ningum fique falando ou depreciando seu pai para ela, ela sozinha vai perceber, na medida do seu amadurecimento (no momento certo como o foi comigo) e no vai ter tantas seqelas ou traumas como se algum lhe tivesse falando (s Deus conhece o corao do homem e a sua medida). E tambm, no momento em que a criana fizer algum comentrio sobre o lado negativo do seu pai, quando ela descobrir isso, certamente no ser a hora da me dizer que no bem assim. Falava a autora tambm que a tendncia de 99% das mulheres falar mal dos pais, muito mais do que os pais falarem mal das mes. H certamente vrios outros fatores a serem comentados, inmeras situaes muitas vezes inenarrveis. Certamente no estamos discutindo aqui o outro lado da moeda, que a terrvel estatstica dos homens abandonando por completo os seus filhos. dificlimo para a mulher, nesta hora, segurar esta barra ser justa e certa, pois em uma separao tudo fica descontrolado e mal administrado. O bom senso foge do controle. Deus o socorro de misericrdia para resolver essas terrveis e injustas situaes. Dizia a autora que muito mais comum a mulher falar mal do marido do que vice-versa 14. 245 (a mulher mais sensvel e se liga mais nos detalhes), o homem foge mais e tambm sabe que a mulher est segurando uma situao que ele no tem coragem ou capacidade de suportar. Normalmente fico pensando que, no caso da situao catica da separao, ser sempre melhor que a criana fique com o cnjuge mais disperso, pois o outro mais responsvel ser mais fiel no acompanhamento do filho, e assim, a criana ter menos perda, menos possibilidade de ficar sem um deles. 4 Para ilustrar este fato citamos o caso de uma famlia que estava morando temporariamente na casa dos pais dela e este perodo excedeu muito, por acomodao do marido entre outras coisas. Julgou a mulher, depois de pedir a orientao de Deus, que o marido deveria se transferir para a casa dos pais dele, tambm temporariamente, para dividir as despesas com os pais dela. Foi um impasse muito grande, pois ela foi acusada de mandar o marido embora, de querer se separar dele, enfim, foi muito difcil este momento. Porm, as dificuldades e as acusaes aumentaram e muito quando ela tambm tomou a deciso de enviar junto com ele os trs filhos. Dizia ela, crendo que orientada por Deus, que o marido estava se perdendo como homem, como pai, como marido (mulheres, mentiras) e que ele no poderia neste momento ficar sozinho sem o perigo de se perder totalmente. Enviou os filhos com ele. Ele, os pais dele, os pais dela, os enviavam de volta muitas vezes, com muitas e muitas acusaes, porm, com os filhos ao lado dele ela poderia participar (como participou) de toda a educao, de maneira diria. Isso foi muito positivo, graas a Deus, pois muito difcil a responsabilidade de um aconselhamento com este. Antes, nunca havamos visto uma situao como esta para estudar os resultados. Tivemos que ter f e coragem, e deu certo. Os filhos (muito rebeldes e preguiosos) tiveram que aprender a cuidar da casa e at a cozinhar, ou seja, cresceram muito como pessoas, e o pai, embora ainda tivesse muitos problemas de adultrio entre outras coisas, tinha que estar dando conta das crianas e era vigiado, cobrado e fiscalizado por todos (pelo menos em relao s crianas), o que lhe sobrava muito menos tempo para atuar ilicitamente nos outros fatores. Arranjou ele um escape na internet, infelizmente, para atuar nesta rea maldita, mas, mesmo assim, o resultado foi positivo. Sem a ajuda do Esprito de Deus, no ser possvel saber como agir em cada caso, pois as pessoas, como j falamos, so especiais e nicas e cada caso um caso, como por exemplo, em certo momento, tivemos que aconselhar trs filhas a sarem da casa do pai (separado da me), pois este abusava delas. Tinham que aprender a honrar o pai e a me a despeito do que fosse, porm, isto se tornaria impossvel com a 4 Recomendamos a leitura do texto Divrcio e Adultrio. 15. 246 convivncia, nesta situao. Desta maneira, o pai poderia ser tratado e curado (Deus quer sempre salvar os perdidos, pois esta a sua funo como Salvador que ), na medida do seu arrependimento, evidentemente. Se a pessoa no se importa nada em buscar frutos de arrependimento, podemos orar para que o Esprito Santo de Deus o convena, fazendo assim a nossa parte: E quando ele vier, convencer o mundo do pecado, da justia e do juzo.5 H tambm o fato das muitas crianas que so entregues pelos pais para outras famlias criarem, pois naquele momento no tinham a mnima condio de assumir aquela grande responsabilidade, e s por este fato so cabalmente condenados. Isto terrvel e difcil de julgar com justia, porm, alguns pais assim o fazem, com muito sofrimento e esprito de renncia, querendo o melhor para o filho realmente. Muitas vezes acompanham a vida do filho distncia, sofrendo inclusive o desprezo do prprio filho. A JUSTIA quer salvar a todos e saber das razes de todos, sem excluir jamais quem quer que seja. Assim, em muitas situaes, as nossas atitudes tm que estar pautadas nos princpios divinos, e no s isso, mas tambm orientados pelo Esprito de Deus, sobre o ponto de equilbrio para aquele fato, para aquele momento e para aquela pessoa, como j falamos. No sendo assim estaramos nos valendo de uma letra morta, sem a vida do Esprito, matando assim, ao invs de salvar, embora usando a mesma Lei, o mesmo Cdigo Sagrado. Este o recado de Deus para ns. Devemos fazer o possvel para que os filhos se reconciliem com os seus pais, pois isso absolutamente justo: E converter muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus, e ir adiante dele no esprito e virtude de Elias, para converter os coraes dos pais aos filhos, e os rebeldes prudncia dos 5 Joo 16:8. 16. 247 justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto.6 Vimos ento como importante a presena do pai na vida de uma criana e como esto enganados esses que pensam que a produo independente possvel, vivel e justa. Uma me ser sempre s isto, e no ser pai e me ao mesmo tempo. Ela vai sofrer para suprir esta lacuna que s ser preenchida pelo pai, seja ele quem for (salvo em casos excepcionais). Se a criana no tem a chance de entender que tem o direito e o dever de honrar seu pai e sua me mesmo com as suas imperfeies, ficar sempre aleijado em qualquer canto da sua alma, mesmo sendo muito amado por outros. Hoje eu sou uma pessoa curada neste sentido, embora na minha certido de nascimento haja s descrita a filiao de me (pai ausente), e isto tenha feito minha alma sangrar muito, toda a minha vida, at este momento perfeito de Deus onde fui totalmente curada. As vezes o sangramento interno e invisvel, porm a hemorragia sempre trar conseqncias se no for estancada com todo e qualquer recurso que Deus enviar. Quero tambm registrar aqui que quando o meu primeiro neto nasceu minha filha trabalhava e tive que ficar com ele por muitos anos, porm, eu via o sofrimento dele dia a dia com a ausncia dos pais. Isto aumentava muito com o passar do tempo. Eu sempre falava da importncia dos pais na sua vida e nunca admiti tomar o lugar da sua me. Como poderia? Esta uma situao cotidiana e muitssimo complicada para a criana que deixada com a av praticamente 80% da sua vida ou muito mais; e acontece o dilema: Qual a educao que a criana vai receber? Dos avs ou dos pais? muito difcil para a criana e para todos, pois as situaes acontecem durante o dia a dia e como devero os avs agirem? Sabemos que 6 Lucas 1:16,17. 17. 248 quando esto todos alicerados no amor de Deus tudo fica mais fcil, porm, tambm sabemos que infelizmente no esta a realidade prtica, e ento a criana vai sofrer um prejuzo muito grande na sua educao, pelos conflitos que geram esta situao. Os avs podem se reservar bastante e no se sentirem responsveis pelas repreenses, ou tambm, a criana pode no aceitar esta repreenso com muita facilidade pela desarmonia que est estabelecida; os pais tambm podem contradizer frontalmente as correes dos avs e assim piorar mais ainda o quadro, pois, a partir de ento sero os avs malzinhos que tero que agentar a rebeldia e o desacerto agora mais acentuado pela autoridade deles que foi arranhada, e muitas vezes escarnecida e at destruda pelos pais. Quantas vezes assistimos os dramas de pais na justia querendo de volta a guarda dos filhos que ficaram com os avs? Quantas vezes a criana obrigada, assim como acontece na separao dos pais, a escolher entre os pais, e os avs que o criaram? Esta uma tese para muitas laudas. Deus me mostrou que o mil que eu poderia dar naquele momento no era mais importante para o meu neto que o um que os pais dele pudessem e deveriam dar. Mostrou tambm (no sem antes eu apanhar muito) que a ajuda que eu estava dando contribua para que a famlia se distanciasse cada vez mais, pois os compromissos de trabalho, o cansao depois dele, a vida social, a acomodao por saber que o filho estava com a av (fato muito comum), os faziam quase nunca chegarem na hora. Quantas vezes ouvia o choro do meu amado neto esperando a me que no chegava, quantas vezes percebi o esprito de rejeio tomando conta da sua alma. Entendi, e depois de muito alvoroo, tive a coragem de desfazer esta situao adversa. Fui muito mal entendida no momento e at hoje ainda sou, mas, com certeza isso foi muito bom para o meu neto que passou a ver a me constantemente, obrigatoriamente. As coisas se ajeitaram muitssimo bem e ele ficou muito melhor do que antes, pois ele estava agora com os seus pais, cheios de falhas como todos, porm os seus pais, os nicos pais que ele tinha e que ele amava tanto. No estamos falando que no possa haver excees at saudveis em relao a este fato, mas estas sero, excees, pois o que acontece na prtica e na maioria das vezes uma imposio aos avs, apoiada pela sociedade. A ordem do dia para que os filhos sejam cada vez mais independentes e, conseqentemente mais rebeldes aos valores intrnsecos a qualquer membro de qualquer famlia. Embora isto seja velado e no s claras, esta a orientao e o resultado da psicologia moderna em relao educao dos filhos, alunos, crianas e adolescentes em geral. Quando no saem de casa para viverem a sua aventura (os pais sempre iro pagar a 18. 249 conta: fsica ou moralmente), muitos filhos obrigam os pais, sob pena de serem tachados de maus pais, a ficarem segurando, resolvendo, quebrando os seus galhos, pagando a conta, suportando uma situao vergonhosa e totalmente contra os seus princpios, e os pais, por conflitos de sentimentos, desequilibrados emocionalmente, coagidos, muitas vezes cedem, para no serem condenados pela sociedade, que normalmente apia os coitadinhos dos filhos, que acabam recebendo uma liberdade precoce, sem estarem prontos para us-la. E esses mesmos pais sero sempre os responsveis pelo resultado: se cederam presso, e os deixaram livres, porque foram relapsos, abandonaram os incapazes, segundo a lei, e se os deixaram debaixo de disciplina, de freios, foram repressores. O fato que quem vai pagar o pato sero sempre os pais, no os visinhos, no os palpiteiros, no a sociedade, no o Estado, mas os pais. Vezes sem conta vemos em programas televisivos, cenas dramticas em que os pais so acusados, exortados, oprimidos por filhos rebeldes, dizendo estes que no pediram para nascer e ento estes pais, que passam a serem escravos, sero obrigados a suport-los, pagando a conta, enquanto eles quiserem e precisarem. Este conflito normalmente acontece, no momento em que os pais esperam a honra que lhes devida, por tudo que deram aos seus filhos durante toda a vida. Esto tambm em uma idade em que no a mais adequada para segurar a barra de, por exemplo, educar uma criana ( assustador o nmero de crianas grvidas), que uma grande responsabilidade em todos os sentidos. Alm da dor de perceber esta situao catica e desonrosa para eles, ainda tm, muitas vezes (a grande maioria) de descontrolar seu oramento para suprir esta necessidade que advm de uma liberdade que os filhos obtiveram antes da hora, e que no tm maturidade para administrar. Como podero os pais lutar com toda a mdia, com a educao sexual nas escolas, em que os professores, muitas vezes incentivam a prtica do sexo, com os visinhos, ms companhias, e as leis em geral que lhes d respaldo e paralelamente restringe drasticamente a autoridade dos pais? Esto esses pais tambm, alm de viverem esses conflitos, esto ainda, normalmente, neste momento, em ajustes hormonais e, portanto, necessitados de amparo, do descanso merecido depois de uma vida de trabalho. 19. 250 At as leis humanas reconhecem, no Cdigo Civil Brasileiro, que os filhos, devero suprir as necessidades dos pais, mas, na prtica, o que escutamos comumente, que os filhos so criados para o mundo e depois de criarem asas, aprenderem e receberem tudo dos pais, no tero mais satisfaes a dar a estes ou a quaisquer que sejam. Porm, muitos, infelizmente, daro depois, satisfaes a um opressor qualquer da rua, como a um traficante, e muitos se tornam escravos de quaisquer outros, e muitos apanham, prestam contas e se tornam presas de outros, mas, dos pais, no tero que se submeter. Evidentemente esta lei infernal que tira a autoridade dos pais e professores, e o freio dos filhos e educados, no atende e no faz justia a ningum, pois todos sofrem neste desajuste. No estamos falando aqui da exceo que so os pais irresponsveis e que no podem ser chamados de pais. Nos dias maus em que estamos vivendo, assistindo a toda esta tragdia do cotidiano, muitos ainda sonham em terem os seus filhos, sofrem muito por uma eventual esterilidade, porque este sentimento colocado por Deus em seus coraes. No racional que algum decida ter filhos, renunciarem a tantas coisas, dedicarem a sua vida a aliment-los, form-los, querendo dar tudo o que muitas vezes nunca tiveram, sabendo que estes podero um dia deix-los, roub-los, at mat-los quantas vezes, ou simplesmente no lhe darem a honra, o respeito, o carinho, o cuidado que lhes devido. H um momento em que os pais sero os filhos dos seus filhos, e ento acontecer a troca bendita da dedicao e do amor. Como se pode agradecer a um pai e a uma me se no for assim? O que sente um pai e uma me quando so privados deste galardo por parte dos filhos? Quem poder arrancar esta dor do corao deles, a no ser o GRANDE CONFORTADOR DO UNIVERSO, que tambm PAI e que tambm sofre, e infinitamente mais, este abandono e ingratido por parte dos filhos, sem falar em traio e blasfmia. Esta a condio que se estabelece no corao de pessoas que, apesar do que assistem e do que constatam com os seus prprios olhos diariamente, querem ter os seus filhos para am-los, e am-los 20. 251 sem medida. Tambm no estamos falando aqui das excees que so os filhos que sofrem, amam os seus pais, sem que estes nunca tivessem tido uma conduta paternal, e nem dos filhos que, muitas vezes deixam de casar, s porque no querem ver os seus pais desabrigados ou mal cuidados de alguma maneira. Vale ressaltar que esta filha, me deste neto que tomei conta, saiu de casa com dezoito anos e atropelou a organizao da sua vida e dos seus. Este um desequilbrio na famlia de hoje, pois muitos jovens, orientados pela mdia e pelas companhias desajustadas ... 10 O que faz com que os retos se desviem para um mau caminho, ele mesmo cair na cova que abriu; mas os inocentes herdaro o bem.7 ... e pelos anseios malignos do seu corao enganoso, saem de casa para viver a sua aventura, a sua liberdade, sem se preocuparem com os mandamentos divinos de honrarem os seus pais8 , e sem a mnima gratido em seus coraes por tudo o que receberam. Fala Deus que o filho sair de casa para casar e constituir, ser coberto por outra aliana,9 que vir pela constituio de outra famlia, cuja autoridade estar a cargo do marido: 24 Portanto deixar o homem a seu pai e a sua me, e unir- se- sua mulher, e sero uma s carne. Isto uma organizao divina, e no estamos tratando aqui do jugo, ou da exceo, que hoje em dia quase passa a ser considerada uma regra, que so os pssimos maridos. Deus nos fala que os que se casam tornam-se UM S, e no poder esta pessoa, feita de duas, mas hoje UMA, oprimir ento a sua prpria vida. O fato que os princpios divinos em relao ao casamento se perderam muito e as pessoas se comportam, normalmente, em relao a este assunto, como se assim no fosse, e ento, casam, no com a responsabilidade de roer o osso depois, mas como se tivessem brincando de casinha, como duas crianas, para se prostiturem legalmente, para sarem de casa, ou por interesse financeiro, etc. Infelizmente os etc so incontveis quando se trata de casamento hoje em dia. Porm esta uma brincadeira de mal gosto, pois esto entrando em uma seara divina, e, portanto, as conseqncias certamente viro, pois Deus no tem o culpado por inocente. Todos se machucam, pois o divrcio abominao a Deus, como j vimos anteriormente,10 e trazem conseqncias danosas para o seio da 7 Prov 28:10. 8 xodo 20:12. 9 Recomendamos a leitura de Aliana de Sangue. Texto transcrito de uma mensagem de Valnice Milhomens Coelho. 10 Recomendamos o texto Divorcio e adultrio, onde fundamentamos biblicamente a questo. 21. 252 famlia. As crianas so criminosamente privadas da honra e do seu maior direito que o de ter os pais unidos e ao seu lado, j que um, jamais, vai substituir o outro. So obrigadas a viver o conflito dos muitos modelos que tm que conviver: o casal que se forma a partir do pai, da me, e da casa dos avs. Qual desses modelos seguir? A resposta dada pelas pessoas que apiam a quebra familiar para todo este descontrole, para este desequilbrio, que os pais tm direito a fazerem o que quiserem com as suas vidas, e que as crianas sofrem um pouco, mas depois vo entender. No caso aqui, as crianas que se virem, se danem, ou privem-se dos seus mais sagrados direitos, contanto que os pais faam o que bem entendem com as suas paixes infames. No so contradizentes os seres humanos e bastante oportunistas? No esto estes egostas, tendo como deus, o seu prprio ventre? Ser mesmo que estas crianas sofrem e depois vo entender? A responsabilidade de ter e educar um filho assim to superficial? Poder mesmo algum ter direitos a impingir a algum, no caso, uma criana indefesa, algum sofrimento, seja ele por um dia, quanto mais um tempo, at que ela entenda? Este tempo de sofrimento para ela, quem pagar? Quando ela entender isso no seu ntimo? Se entrar na forma, aparentemente poder falar que sim, mas no seu ntimo, jamais. Quantas crianas so argidas sobre o assunto, mesmo todos tendo cincia que ela no tem maturidade para entender a questo na essncia? Quantas so subornadas com presentes de toda espcie e ficam como um objeto, como joguetes de disputa entre os pais, que no percebem a dor no corao delas, a insegurana, a angstia, mas s tm em mente a fria constante do desajuste entre eles? Observamos mais uma vez, que no estamos falando das excees, dos pais que oprimem seus filhos e de um padrasto que as trate bem (isto cruel, pois, mesmo assim esto em maldio por causa do divrcio), nem das separaes, que hoje, aparentemente, so a regra. Por causa dessas excees, h uma oportunidade de separao, dada por Deus, pois poder haver um desvio total de uma pessoa para o erro e a colocar em risco os seus familiares, mas esta oportunidade no estar desobrigando o cnjuge do perdo ou dos votos do casamento.11 Este indissolvel e o perdo indiscutvel. Se todos entendessem isso, ou seja, o que nos apontam as Leis Divinas, as famlias no estariam quebradas e no estaramos suportando as conseqncias brutais que vieram aps este fato. Certamente Deus tem um suporte, uma ajuda contnua para algum que vive um drama como esse. Embora este seja um grande drama e um grande sofrimento, no ser certamente maior que o drama de estar separado do cnjuge, e, separado de Deus. 11 Recomendamos o texto: Divrcio e adultrio, e tambm: Antes s do que mal acompanhado. 22. 253 Muitos destes que saem da casa dos seus pais so vtimas do divrcio, e muitas vezes, cheios de dio e sentimentos de vingana. As maldies acompanham esses filhos, advindos dos pais que fizeram abominaes a Deus, e que os atingiram espiritualmente. Esses filhos, por outro lado, seja pelos motivos que for, arvoram para si direitos que vo ferir os direitos dos pais, pagando na mesma moeda: olho por olho e dente por dente, deixando de lado o Mandamento Divino que os orienta a dar a outra face, pagar o mal com o bem, Honrar pai e me, e, como uma bola de neve, vo aumentar ainda mais o problema da famlia da qual fazem parte. Buscam tambm uma liberdade que nunca iro ter, pois a partir da sero escravos da rebeldia, das drogas, do sexo, do presente sistema mundial, e, no final da vida vo gemer de arrependimento, se no ficarem cauterizados e cnicos, portanto, irrecuperveis para os bons costumes. Seria bom que pudessem escutar a voz de Deus: 9 Alegra-te, mancebo, na tua mocidade, e anime-te o teu corao nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu corao, e pela vista dos teus olhos; sabe, porm, que por todas estas coisas Deus te trar a juzo.12 1 Filho meu, atende minha sabedoria; inclinam teu ouvido minha prudncia; 2 para que observes a discrio, e os teus lbios guardem o conhecimento. 11 No fim da tua vida gemers, quando se consumirem a tua carne e o teu corpo, 12 e digas: Como detestei a disciplina! e desprezou o meu corao a repreenso! 13 e no escutei a voz dos que me ensinavam, nem aos que me instruam inclinei o meu ouvido!.13 Vejamos o que nos reserva os ltimos dias da terra (os que estamos vivendo), em relao aos homens em geral. Observemos o perigo 12 Eclesiastes 11:9. 13 Eclesiastes 5:1,2,11/13. 23. 254 que corre nossos filhos, o abismo que muitos se lanam inadvertidamente, loucamente, muitos sem nunca mais encontrarem o caminho de volta: 1 Sabe, porm, isto, que nos ltimos dias sobreviro tempos penosos; 2 pois os homens sero amantes de si mesmos, gananciosos, presunosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a seus pais, ingratos, mpios, 3 sem afeio natural, implacveis, caluniadores, incontinentes, cruis, inimigos do bem, 4 traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, 5 tendo aparncia de piedade, mas negando-lhe o poder. Afasta-te tambm desses. 7 sempre aprendendo, mas nunca podendo chegar ao pleno conhecimento da verdade.14 Na maioria das vezes, quando um filho sai de casa abandonando os seus pais, no percebeu a sua prpria incompetncia, ou incoerncia (somos, segundo a Bblia, uma gerao rebelde e contradizente15 ), pois: conquista, desenvolvimento individual, escolhas prprias, nada tem haver com esta atitude to drstica e to brutal. Novamente frisamos que no estamos falando das excees que so os pais dominadores, desajustados, mas apontamos para o fato de que, sempre vai valer a pena enfrentar a situao de possveis erros dos pais, e encarar destemidamente, com o devido respeito, os seus anseios, mesmo que sejam errados, como por exemplo uma escolha para um casamento, ou uma profisso, mas isso, sem quebrar ou destruir a famlia. Se este for capaz, saber como agir, e no vai se mover antes de pensar, ponderar, sobre a justia e o bom senso. 2 No bom agir sem refletir; e o que se apressa com seus ps erra o caminho.16 H tambm o fato de muitos pais superprotegerem seus filhos e isto ser para ambos uma verdadeira tragdia. A experincia, os erros e acertos so fundamentais em uma boa formao. Se os pais os orientam, mas os cercam, impedindo-os de tomar uma atitude espontnea, com liberdade, como iro saber se eles entenderam ou aprenderam a lio? Muitos s ficaro sabendo quando os filhos batem as asas rebeldes para o que eles julgam certo, sem se importarem com as conseqncias, ou as perdas, contanto que tenham a sua particular experincia. O sofrimento a muito grande, pois estes pais agem assim, por julgarem ser esta a melhor atitude a tomar pelo bem dos filhos. Certamente no podero ser classificados de indiferentes ou displicentes, e muitas vezes, so timas pessoas e timos pais, s no enxergaram ainda o seu erro. Observamos, 14 II a Timteo 3:1/5,7. 15 Romanos 10:21. 16 Prov 19:2. 24. 255 com o peito sangrando, que hoje as famlias so descartveis, e os seus membros no pensam, ou no tm conscincia do princpio que as rege, que de estarem juntos na alegria ou na tristeza, na sade ou na doena, at que a morte os separe. Sim, pois o filho quando casa no abandona seus pais, mas s resolveu formar uma nova aliana, uma nova famlia. Este projeto divino vem acrescentar mais um filho (a), netos, mais amor, portanto, vem somar, e jamais dividir ou destruir. Fala a Constituio Brasileira que a famlia a base da sociedade, ou seja, o alicerce, o cho em que ela pisa, e, no entanto, como vemos na mdia, a orientao (velada) para que este cho seja desfeito cada vez mais. Alis, o que vemos na prtica uma verdadeira avalanche de crianas e adolescentes, perdidos, e o Estado sem meios para socorr-los, pois esta uma atribuio para os pais, segundo o Criador dos pais, filhos e de tudo que h, e, como j falamos, contrariando o que Deus estabeleceu, como o homem tem feito ao longo da sua existncia, nos trazendo mortes e destruio, esta responsabilidade hoje, est praticamente na mo do Estado.17 Adverte o Criador aos pais: 6 Instrui o menino no caminho em que deve andar, e at quando envelhecer no se desviar dele.18 Tudo isso um desastre, uma tragdia que est acontecendo diante dos nossos olhos. E o que tem sido feito para mudar este quadro? (...)13 dos que deixam as veredas da retido, para andarem pelos caminhos das trevas.19 O que podero fazer os pais, no sentido de educarem seus filhos segundo a orientao divina, se esta reza que para serem corrigidos com rigor, ao contrrio do que estabelece a lei humana? A grande desculpa para esta invaso, a exceo (que hoje tambm quase passa a ser regra), que so os pais carrascos, abusadores, assassinos dos seus prprios filhos. E como ficam os pais que no so esses, mas que tm autoridade e a responsabilidade de formarem seus filhos dados por Deus, e que um dia tero de prestar conta a Ele? Para quem ficar a vergonha e a desonra no caso desses filhos se perderem: dos pais ou do Estado? Quem ser responsabilizado pelo fracasso? E para onde podero esses pais correr, pedir ajuda, estes que assistem seus filhos se perdendo, corrompendo-se no seu carter, entrando por caminhos que lhes parecem direitos? 17 Recomendamos o texto: Como corrigir os nossos filhos?. 18 Prov 22:6. 19 Prov 2:13. 25. 256 12 H um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele conduz morte.20 19 O caminho dos mpios como a escurido: no sabem eles em que tropeam.21 O Estado os acompanha de perto? Na prtica esses pais tm toda ajuda que precisam? Sabemos que, absolutamente, no tm ajuda de ningum e muitas vezes tomam a deciso louca de acorrentarem seus filhos para que eles no saiam e no se percam mais ainda, numa tentativa desesperada, e, aos olhos de uma sociedade hipcrita e longe de Deus, praticando um crime: de maltrato, crueldade, justia prpria, etc. muito difcil ser justo em determinados momentos em que tantas situaes esto em jogo, em que os sentimentos humanos nos impulsionam a ser injustos querendo ser justos. Vamos rever outra vez o momento que Pedro foi muito injusto, querendo apenas, com todo o seu corao, ser justo, pois amava muito ao seu Senhor. Pedro foi exaltado sobremaneira por Jesus, o que nos leva a admitir, j que Pedro era um homem que amava e servia a Deus, que todos corremos o risco de sermos injustos, ou de vivermos algum engano sem perceber. Vigiemos, pois logo depois de Pedro ser to exaltado vimos descrito o episdio de tirar o flego, em que Jesus o qualifica da pior maneira possvel. 20 Prov 14:12. 21 Prov 4:19. 26. 257 Pedro, como nos aponta o texto sagrado, no foi justo. Pensou como homem, com um tipo de bondade que vem para destruir e no para construir, como os psiclogos que defendem a idia de que uma criana nunca deveria apanhar, contrariando totalmente as Escrituras. Este um tipo de amor que destri. Provrbios de Salomo fala que isto odiar o filho, como j vimos. Temos que saber dosar, medir, observar sempre os dois extremos. Temos que estar sempre leves e atentos para ser soprados para o lugar certo. Quando a nossa capacidade no chegou para sermos naquele momento uma pessoa equilibrada, teremos que ter a humildade de reconhecer, pedir perdo e retornar, com a ajuda do Mestre. A bisav das citadas crianas, como j falamos, criou vrias crianas sem os pais e as tornou felizes e estveis, mas certamente com a verdade, com o amor, em uma situao especial permitida por Deus. Perguntei para aquela querida amiga se as crianas (os quatro netos) soubessem mais tarde sobre o legado do pai, como reagiriam a isso. A amorosa av respondeu prontamente que j havia um plano completo para a estabilidade financeira dos quatro netos. Eles jamais precisariam daquele dinheiro, que, como ela disse ao patro, poderia ser enviado ao resto da famlia dele. Perguntei se no seria 27. 258 interessante que ela abrisse com aquele dinheiro, como era o seu sonho, um abrigo para crianas abandonadas pelos pais (continuando assim a obra da sua me) evitando assim talvez um mal uso daquele dinheiro e talvez o destino que Deus assim queria para ele. Ela respondeu que a famlia toda proibiu que se tocasse neste assunto. No queriam nada deste homem, vivo ou morto. Fiquei perplexa, observando o sentimento de todos, o seu zelo, a sua dor. Esta era a matria que Deus estava me ensinando neste momento: o ponto de equilbrio. Fala Deus em Eclesiastes: No sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sbio; porque te destruirias a ti mesmo?22 Ou seja, no esteja nos extremos, no passe da medida e entre no demasiado. Quantas vezes eu fui demasiadamente justa, portanto totalmente injusta. Ser justa fazer justia na medida de Deus para aquela causa ou para aquela pessoa, nem um pouco a mais e nem um pouco a menos. O rei Davi era um homem especial e sabia a respeito desta matria. Certa feita seus guerreiros estavam com fome: No lestes o que fez Davi quando teve fome, ele e os que com ele estavam? Como entrou na casa de Deus, e comeu os pes da proposio, que no era lcito comer, nem aos que com ele estavam, mas s aos sacerdotes.23 Davi no foi aqui demasiadamente justo, pois ento teria sido injusto. Como poderia ele deixar de saciar a fome daqueles bravos guerreiros e dele mesmo para cumprir um ritual? O amor tem que estar acima da lei, e a Lei de Deus o Amor. Ele entendeu o que est no corao de Deus (mais uma vez vamos retornar a este versculo): Mas, se vs soubsseis o que significa: Misericrdia quero e no sacrifcios, no condenareis os inocentes.24 Estava assistindo naquela amada famlia um quadro muito difcil. Fiquei no lugar de cada um e vivi o sofrimento de cada um, as razes da atitude de cada um, e eu amava e admirava a todos. Queria que todos parassem de sofrer. Queria que todos se amassem sem estas reservas, ou seja, que deixassem aflorar o amor que sentiam um pelo outro, para que enxergassem o quanto todos os problemas so menores que o sentimento que os une. Que entendessem que todos estavam certos e todos estavam errados. Todos tinham o seu quinho de erros e acertos. Que maravilhoso seria se pudessem viver 22 Eclesiastes 7:16. 23 Mateus 12:3,4. 24 Mateus 12:7. 28. 259 sem esta sombra terrvel do passado que os divide, angustia, enfraquece, oprime e os endurece sobremaneira, enquanto a vida est indo embora. Os anos passam depressa e quando nos damos conta j perdemos muitas oportunidades. Em dado instante a querida amiga lembrou da nica defesa que a filha tinha tido: a da sua av que falecera, a sua amada me que j comentamos. Este foi o nico alvio que senti em todo aquele drama daquela famlia que eu aprendi a amar e admirar. Vamos analisar os dois lados para vislumbrar onde est a justia que quer que todos se salvem. Procuramos aqui, aplicar a matria que ora estudamos com afinco: onde est o ponto de equilbrio nesta situao? De um lado a famlia, a me, aquele pai que sofreu uma seqela irreversvel. Eles sofreram muito, mas, onde ficou o perdo, este que est implcito na orao do Pai Nosso e que requisito indispensvel salvao de quem quer que seja? Eles perdoaram? Pelos seus frutos poderemos perceber que esta uma situao ainda no toda resolvida, por mais que tenham conscincia da importncia do perdo. Perdoa as nossas dvidas, assim como ns perdoamos os nossos devedores.25 O Livro de Mateus, no captulo 18, relata a parbola do credor incompassivo, que recebeu o perdo de uma dvida impagvel (este somos todos ns) e depois no quis perdoar o seu conservo (qualquer um que no perdoa). Jesus disse que este vai ser entregue nas mos dos verdugos (espritos de tormento) e ficar preso at que pague toda a dvida: 25 Mateus 6:12. 29. 260 Assim vos far meu Pai celestial, se de corao no perdoardes, cada um a seu irmo.26 A falta de perdo traz conseqncias serissimas e jamais vai valer a pena. Percebemos tambm que perdoar um ato divino e, portanto, precisaremos do auxlio do Divino para faz-lo. tambm um ato de insanidade deixar de perdoar algum, pois, depois de saber do inaudvel sacrifcio de Cristo para salvar uma pessoa, no seria louco o que vira as costas para isso e decide prender essa pessoa ao invs de solt-la, invalidando com isso tal sacrifcio? Porm, se no perdoares aos homens as suas ofensas, tambm vosso Pai celestial no vos perdoar as vossas.27 Quando o homem crucificou Jesus, Ele pediu ao Pai que os perdoasse porque no eles no sabiam o que estavam fazendo, porm, quando este homem no perdoa o seu conservo ele estar condenado junto com ele: Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, tambm vosso Pai celestial vos perdoar a vs; se, porm, no perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoar vossas ofensas. 28 A pessoa que no perdoada ficar presa, retida, apesar de Jesus j ter sofrido o Calvrio para solt-la. queles a quem perdoardes os pecados, so-lhes perdoados; e queles a quem os retiverdes, so-lhes retidos.29 26 Mateus 18:35. 27 Mateus 6:15. 28 Mateus 6:14,15. 29 Joo 20:23. 30. 261 Ento, quando no perdoamos algum estaremos matando a pessoa e nos suicidando. Todos conhecem o mandamento: No matars.30 Ns sabemos que j passamos da morte para a vida, porque amamos os irmos.(este o sinal) Quem no ama permanece na morte. Todo o que odeia a seu irmo homicida; e vs sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele. Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por ns; e ns devemos dar a vida pelos irmos.31 A religio no ensina esta profundidade, esta responsabilidade, esta temeridade, pois no est compromissada com a alma das pessoas, mas com a sua prpria subsistncia, com o seu lucro, com a sua indstria, com o seu comrcio, com a sua pompa e as suas circunstncias, porm a Bblia quer dizer o que ela diz. Temamos pois, na medida do sensato, que o princpio da sabedoria. Quando Deus fala, e Ele fala pela sua Palavra, isto j est estabelecido eternamente, e jamais mudou ou mudar. Obedeamos ento e tenhamos medo dele e de mais ningum, nem do diabo, como Ele nos ordena que faa, ou seja, exatamente ao contrrio do que aprendemos a fazer, com a religio. Ento: Filhinhos, no amemos de palavra, nem de lngua, mas por obras e em verdade.32 Qual o limite para o perdo? Ento Pedro, aproximando-se dele, lhe perguntou: Senhor, at quantas vezes pecar meu irmo contra mim, e eu hei de 30 xodo 20. 31 I a Joo 3:14/16. 32 I a Joo 3:14/16,18. 31. 262 perdoar? At sete? Respondeu-lhe Jesus: No te digo que at sete; mas at setenta vezes sete. 33 Ou seja, no h limite. Ora, sejamos razoveis: Se algum diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmo, mentiroso. Pois quem no ama a seu irmo, ao qual viu, no pode amar a Deus, a quem no viu. E dele temos este mandamento, que quem ama a Deus ame tambm a seu irmo.34 Qual a diferena entre os filhos de Deus e os filhos do diabo? Nisto so manifestos os filhos de Deus, e os filhos do Diabo: quem no pratica a justia no de Deus, nem o que no ama a seu irmo.35 E o pai das crianas, precisa ser perdoado, mesmo j no estando mais aqui? fcil a resposta, pois o perdo unilateral e no bilateral. Nada ficar impune, ou passar despercebido para Deus, pois Ele Deus e perfeito em todos os seus caminhos. Portanto: Aquele que diz estar na luz, e odeia a seu irmo, at agora est nas trevas. Muitas vezes a pessoa que precisa do perdo no tem foras e est sendo devorada por uma angstia profunda, atormentada pela culpa, pode estar tambm irresponsavelmente na situao, ou at j ter desistido de si mesma, e se no tiver algum com foras para dar uma mo, poder se perder irremediavelmente, algum que Jesus 33 Mateus 18:21,22 34 I a Joo 4:21. 35 I a Joo 3:10. 32. 263 sofreu tanto para resgatar, ou seja, a cruz de Cristo ser v na vida daquela pessoa. Sabendo disso: De maneira que, pelo contrrio, deveis antes perdoar-lhe e consol-lo, para que ele no seja devorado por excessiva tristeza.36 O perdo um vasto tema que falaremos em uma outra oportunidade, porm isto j o suficiente para entendermos que o perdo imprescindvel para se viver em paz e para que continuemos vivos. Entendemos ento que a famlia tem marcas de endurecimento pelo engano do pecado de no perdoarem: Pois o pecado, tomando ocasio pelo mandamento, me enganou, e por ele me matou.37 Percebemos que uma raiz de amargura pode ter contaminado os seus coraes e os deixou doentes e infelizes, embora como j foi dito, talvez no tenham percebido isso, ou mesmo podem estar vivendo disfarando este sentimento que ningum quer para si. Segui a paz com todos, e a santificao, sem a qual ningum ver o Senhor; tendo cuidado de que ningum se prive da graa de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem.38 Nos frutos de perdo no se pode incluir a lembrana to contnua e to dolorosa do fato: O que encobre a transgresso promove o amor, mas o que renova a questo separa os maiores amigos.39 E tambm: 36 II aos Corntios 2:7. 37 Romanos 7:11. 38 Hebreus 12:14,15. 39 Prov 17:9. 33. 264 De todos os seus pecados que cometeu no se far memria contra ele.40 E jamais me lembrarei dos seus pecados e das suas iniqidades.41 Deus nos fala que Ele lana no mar do esquecimento os nossos pecados perdoados. Temos que frisar que Deus conhece o corao e a dificuldade de cada um e vai dar sempre o suporte para quem est disposto a perdoar. No momento parece uma coisa impossvel, e mesmo, para ns, porm com a ajuda de Deus tudo nos possvel, at perdoar e amar o inimigo, quanto mais aquele que faz parte dos nossos laos familiares. Quantas vezes sou testemunha desta verdade, na minha vida e na vida de tantas pessoas. Em dado momento do meu trajeto, Deus me pediu para perdoar uma pessoa e naquele momento eu ainda no tinha o crescimento espiritual suficiente para faz-lo (hoje continuo dizendo: S sei que nada sei). Me prostrei, apavorada, pois no podia perdoar e tambm jamais dizer no para Deus, ento fiquei no cho. Achava mesmo que iria morrer ali mesmo, pois no tinha como fazer uma coisa e nem a outra. No sei precisar quanto tempo ali fiquei, porm como dei tudo de mim e Deus sabia disso, em dado momento, me levantei, e para total espanto vi em mim o milagre: eu havia perdoado. Foi, e , extraordinrio, a experincia do perdo e do amor de Deus. Em outro momento via claramente uma imagem espiritual de Jesus na frente de muitas pessoas que tinham me ferido muito. Uma por uma das pessoas apareciam atrs dele, como se Ele os tivesse acobertando, intercedendo, pedindo clemncia, com profunda humildade e amor. Ele me dizia com uma voz mansa e humilde que me deixava moda, despedaada, encolhida, terrivelmente envergonhada: O que voc faria se alguma das suas filhas lhe pedisse para excluir a sua outra filha de alguma maneira? Voc poderia faz-lo, filha? Fiquei perplexa, pois me coloquei no lugar de Deus Pai e vi que Ele, como sempre tinha razo. No nada fcil tambm a posio do atalaia, este que Deus designou para falar e avisar do perigo: E sucedeu que, ao fim de sete dias, veio a palavra do Senhor a mim, dizendo:Filho do homem: Eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; e tu da minha boca ouvirs a palavra e avis- los-s da minha parte. Quando eu disser ao mpio: Certamente morrers; e tu no o avisares, nem falares para avisar o mpio acerca do seu mau caminho, para salvar a sua vida, aquele mpio morrer na sua iniqidade, mas o seu sangue, da tua mo o requererei. Mas, se avisares ao mpio, e ele no se converter da sua impiedade e do seu mau caminho, ele morrer na sua iniqidade, mas tu livraste a tua alma. Semelhantemente, quando o justo se desviar da sua justia, e 40 Ezequiel 33:16. 41 Hebreus 10:17. 34. 265 cometer a iniqidade, e eu puser diante dele um tropeo, ele morrer: porque tu no o avisaste, no seu pecado morrer; e suas justias, que tiver praticado, no sero lembradas, mas o seu sangue, da tua mo o requererei. Mas, avisando tu o justo, para que no peque, e ele no pecar, certamente viver; porque foi avisado; e tu livraste a tua alma.42 Falar como? Clama em alta voz, no te detenhas, levanta a tua voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgresso, e casa de Jac os seus pecados.43 Como j mencionei, as pessoas da mencionada famlia no so superficiais ou irresponsveis, se assim fosse seria bem mais fcil a tarefa de exort-los como nos ordena a Bblia: Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama hoje, para que nenhum de vs se endurea pelo engano do pecado.44 Mas, o que fazer? Tomaramos ento o caminho da indiferena, da insensatez, do desamor, da covardia, da extrema maldade e ficaramos quietos? Observemos a que a Lei Perfeita nos fala sobre isso: Aquele, pois, que sabe o bem que deve fazer e no o faz, comete pecado.45 Algum se atreveria a ficar calado, mesmo que isto custe at a amizade, ou que isto nos traga muitos dissabores? Sim, algum se atreveria: este que no amasse o suficiente ao prximo e a Deus. Este, por ignorncia e desamor no falaria, arranjando muitos 42 Ezequiel 3:13/21. 43 Isaas 58:1. 44 Hebreus 3:13. 45 Tiago 4:17. 35. 266 argumentos para isso, todos alicerados na irresponsabilidade e na falta de misericrdia. Porm, no este o nosso caso. Eu os amo muito. Quem achar, economizar a sua vida perd-la-, e quem perder a sua vida por minha causa, ach-la-46 . Estou relatando estes fatos, evidentemente, sem citar nomes, pois relatar o testemunho de algum deciso deste algum, como a minha deciso, relatar a transformao de Deus na minha vida e falar dos meus erros e acertos, com o intuito de tentar, por todos os meios, evitar que outros tomem o mesmo caminho de erro. E tambm, acima de tudo, para ser grata a este Pai que tanto me ama e que eu tanto amo. (...) pois no busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou.47 Seja feita a tua vontade, aqui na terra como nos cus.48 Mais uma vez citamos Augusto Cury49 quando nos exorta a agir como Jesus, que com serenidade falava sempre a verdade. Jesus nos ensina a ser transparentes, a sermos fiis nossa conscincia, ou seja, a sermos simples como as pombas e prudentes como as serpentes. Jesus falava abertamente o que pensava, mesmo correndo o risco de ser preso e de morrer. Expressava constantemente seus sentimentos em pblico (chorou vrias vezes). Falar a verdade no significa ter um comportamento descontrolado, violento e autoritrio: Jesus exalava serenidade. Ser gentil sim, mas se esconder nunca. Eis aqui o ponto de equilbrio. Jesus era perfeitamente equilibrado. Diz o autor que vivemos em uma sociedade que ama os disfarces e as mscaras. Sorriem, apesar da profunda tristeza, ostentam, disfarando a falncia; para os demais mantm as aparncias, mas para os de casa so verdadeiros carrascos. As pessoas vivem teatralizando comportamentos. Muitos dissertam sobre o mundo que os cerca, mas se calam sobre a sua intimidade. A liderana se isola dentro de si mesmo, pois no quer expor as suas fragilidades. Querem ser bons para os outros, mas so pssimos para si mesmos. Vivem um absoluto engano. Jesus queria gerar discpulos capazes de dizer: Eu errei, me desculpe, tirando ento as mscaras. Jesus nos pergunta: Como voc trata as pessoas que erram? Voc as exclui e condena ou as acolhe e valoriza? Os discpulos de Jesus cometeram erros intolerveis, porm Jesus lavou os seus ps e deu a eles a outra face. Fala o autor na pgina 109: 46 Mateus 10:39. 47 Joo 5:30. 48 Mateus 6:10. 49 Cury, Augusto Jorge/ O Mestre inesquecvel/ Sextante/ RJ/ 2006/ (Anlise da Inteligncia de Cristo v.5. 36. 267 Somos timos para oferecer novas chances a quem nos d retorno, mas pssimos para acolher os aflitos. Alguns no poupam nem os seus filhos. Os gestos eloqentes de Jesus demonstravam que os discpulos deveriam perdoar sempre, mesmo que as falhas se repetissem ou fossem incompreensveis. Eles aprenderam valores que at hoje no aprendemos. Compreenderam que os fortes do a outra face, e os fracos reagem; os fortes compreendem, os fracos julgam; os fortes amam, os fracos condenam. Como a matria o ponto de equilbrio vamos ento para o outro lado da balana, que a anlise da personalidade de Judas. Jesus o escultor de personalidades. Fala o autor: Ao estudar como Jesus atuava na personalidade dos seus seguidores, fiquei assombrado. As cincias da educao esto na idade da pedra se comparadas sua magnfica pedagogia.50 Demorei anos para entender esse mecanismo usado pelo Mestre dos Mestres.51 Jesus desejava que eles reescrevessem a sua prpria histria, aprendessem a pensar antes de reagir, rompessem o crcere interior e se tornassem lderes de si mesmos. S assim seriam capazes de amar o espetculo da vida e ter livre arbtrio.52 Quem de ns no traiu, mesmo que s a si mesmo? Ser trado inarrvel. O autor fala que Judas era o que mais tinha condies de se tornar um dos grandes lderes da humanidade e de como aos poucos ele foi deixando o que viu no princpio e foi se assustando com o dio dos fariseus, que expulsava Jesus das sinagogas, chamavam-no de louco, de endemoniado, queriam sempre o esmagar com pedradas e tantas coisas mais. Judas era uma pessoa auto- 50 Pg 88. 51 Pg 89. 52 Pg 91. 37. 268 suficiente e no transparente. Se espantava tambm com o fato de Jesus desprezar tanto os aplausos humanos. Os olhos suplicantes de um leproso eram mais importantes do que o mundo a seus ps. Jesus contrariava sempre qualquer raciocnio lgico e linear, mesmo nos dias atuais. Judas queria um Jesus que eliminasse todos os sofrimentos de Israel e Jesus afirmava que no se conquista a paz sem antes viver a guerra, e que no h risos sem lgrimas. Os socilogos como Marx teriam muito para aprender com o Mestre que sabia que nenhuma mudana viria sem um reforma interior do homem. Esta a revoluo. Judas foi perdendo a convico, foi aos poucos sendo controlado pelos seus conflitos, ele no compreendia mais Jesus. Segundo o autor amar o exerccio mais nobre do livre- arbtrio, e Judas no atingiu este estgio, no decidiu amar. Jesus no se enquadrava no seu conceito de heri, como acontece nos nossos dias. Judas no tolerava mais a humildade de Jesus, se escandalizava nele, no queria fazer parte desse grupo onde aparentemente todos perdem sempre, no entendia o que ganharia algum se relacionando com leprosos to rejeitados pela sociedade. Judas perdeu o fio da meada. Quantos de ns se decepcionaram com Cristo, porque as coisas pioraram depois de segui-lo, ou mesmo s porque as coisas no saram conforme os seus planos. Judas o traiu na ltima hora, em um momento de conflito, mas j estava a muito tempo longe do evangelho de Jesus. Judas j no era mais livre na sua mente, pois comprometeu a construo de cadeias de pensamentos inteligentes, obstruindo os principais arquivos da memria, com o stress contnuo. O Ensino de Jesus j no fazia efeito nele, pois distorcia tudo. Quem procura Deus por alguma coisa palpvel poder se decepcionar muito. A proposta de Jesus era para que os homens desistissem de serem perfeitos. Judas era o mais equilibrado, o mais tico, mas s 38. 269 mantinha sob controle os seus conflitos e no final a culpa o controlou. Porm, Jesus golpeou o corao de Judas com seu amor. Ofereceu a outra face, ficou mais preocupado com o fato de perder Judas do que ser trado por ele. Esqueceu da sua dor para pensar na dor do outro, mesmo que este fosse um carrasco como Judas. Percebemos o quanto difcil ser trado, mas tambm que no h escape para a falta de perdo. Ser que esses amados estaro prontos para ouvir tudo isso? Ser este o tempo de Deus, para que o efeito no seja contrrio? O trigo do entendimento j estar maduro para que o joio possa ser retirado? Escutava certa vez uma mulher que estava muito magoada com uma pessoa da religio evanglica (teremos que observar que existe uma diferena absoluta entre as pessoas desta religio e as pessoas que seguem os evangelhos) que passou na sua barraca onde ela vendia roupas. A moa disse que uma blusa que tinha uma estampa tal era maligna e ela no deveria vender a tal blusa, pois ali estavam muitos demnios. A pessoa falou a verdade? Sim. Foi da maneira certa, com o amor de Deus, foi na hora certa? Evidentemente que no. Isto provocou o efeito totalmente oposto, embora fosse verdade. Devemos mentir? No, porm devemos tomar todas as precaues (a maior precauo orar) para no chocar e no ferir as pessoas. A Bblia fala para no jogar prolas aos porcos: No deis aos ces as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas prolas, no acontea que as pisem com os ps e, voltando-se, vos despedacem.53 Deus certamente no considera as pessoas como porcos, mas Ele nos alerta que haver momentos que a sua Palavra parecer a algumas pessoas uma agresso, pois veio fora de hora. H um momento certo para todas as coisas. Devemos ento ficar calado sempre para no agredir as pessoas? 53 Mateus 7:6. 39. 270 No cuideis que vim trazer a paz terra; no vim trazer paz, mas espada;54 A ordem aqui ento falar, pois, como vo se converter se no h quem pregue, porm, temos que lembrar sempre do ponto de equilbrio que se chama Amor, ou seja, Esprito Santo de Deus. E depois disso aguardar o momento da batalha, da espada trazer a sua devida confuso. Continuando a bailar nesta busca incessante do equilbrio observamos mais uma vez um momento de ponderao do Apstolo Paulo, onde ele falou limitadamente. Eu, irmos, no vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo.55 Paulo aqui estava dizendo que aquele povo ainda no estava pronto para escutar tudo o que ele tinha para falar. Devemos tambm ficar alertas contra a tendncia de no querer falar para no encarar a situao, o que no nem um pouco confortvel para ningum. O fato que, sem amor, nada vai funcionar como deveria. A verdade sem o zelo do amor a letra morta que mata. E, embora a Palavra esteja sempre acima de todas as coisas, evidentemente, a defesa ser sempre para o que precisa de defesa e no para a Palavra. esplendida, a sabedoria de Deus, o Salvador. O povo do nordeste (como eles e como eu) tem uma herana muito injustiada e esto sempre esto famintos de justia. Nesta hora, a sutileza de satans normalmente ataca para fazer destes uma presa dos j citados justiceiros, cangaceiros e Lampies para lhes valer, 54 Mateus 10:34. 55 I a Cor 3:1. 40. 271 guiados por justia prpria, o esprito maligno que precisa ser combatido com as armas espirituais.56 Este esprito endurece e cega as pessoas; as torna duras. No atua em pessoas superficiais, mas nestas famintas de justia, pessoas como os fariseus eram no incio, como os amigos de J que se dispuseram a fazer um grande sacrifcio para ajud-lo. Em pessoas normais, ou indiferentes, pessoas que no se aprofundam muito, ou que no amam muito, ele no tem como atuar. No nada fcil falar para uma pessoa reta que ela passou da medida. Se ela fosse menos dedicada, ou menos profunda seria bem mais fcil, porm, este o ponto: se elas fossem assim no seriam acometidos por esta doena espiritual. Eu fui (falo no passado pela f, pois creio que Deus tem me libertado) uma pessoa assim, e l no fundo, achava maravilhoso esses justiceiros, que faziam a justia que teimava em no chegar. Hoje fiquei perplexa com a sutileza de satans em relao a este tema: (...) para que no sejamos vencidos por satans. Pois no ignoramos os seus ardis.57 Satans vem sempre com seus ardis como o foi na tentao de Jesus no deserto em que ele sabia, entre outras coisas, que Jesus estava em um momento de terrvel fome. Estava sem comer a quarenta dias (o mximo que um ser humano suporta sem comer), e neste momento o corpo comea a comer do seu prprio corpo e as dores so terrveis. Neste exato momento a serpente deu o bote: Disse-lhe o diabo: Se tu s o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em po.58 56 II aos Cor 10:3,4. 57 II aos Cor 2:10,11. 58 Lucas 4:3. 41. 272 Ou seja, era lcito, era justo que ele comesse o po, mas no o poderia receber da mo do diabo. Esta justia teria que vir da mo de Deus, como veio, depois que Ele passou na prova. Prosseguindo a nossa anlise, do outro lado, estava a me dos quatro filhos, precisando da chance para decidir a vida e a educao dos seus prprios filhos. Ainda no estava na sua mo esta oportunidade para aprender a ser a me, com todos os erros que so pertinentes a todas as mes, esta sublime funo, lhe foi designada pelo Pai da Eternidade. Ela estava encurralada. A famlia no queria perder mais, no queria que aquelas crianas sofressem nenhum dano e por isso cercavam tanto a situao, no percebendo que talvez estejam ultrapassando os limites de Deus e assim, deixando de fora do aprendizado, a me e o os seus filhos. Deus tem profundo interesse que este aprendizado se consume. Ele o Mestre e sabe ensinar, e quer fazer isso, mesmo que haja muitas perdas, fracassos, como acontece com todos que esto aprendendo. Ele, o Senhor, o Mestre e sabe ensinar como ningum. Se nada mudar nesta situao o que sobraria para esta me? Evidentemente ser o que todos falam que ela : uma incapaz, e isto, absolutamente, no verdade segundo Deus. E como ficaria Deus em relao a isto? Feliz? Ficaro todos mais felizes se no final provarem que ela mesmo incapaz? Ou ao contrrio, se sentiriam bem mais felizes, se depois de tentar, ela conseguisse apagar o rtulo que est na sua testa e encontrasse a transformao nEste que veio, no para remendar, mas para transformar, fazer da pessoa uma nova criatura? E se ela decidir morrer e nascer de novo para herdar o reino de Deus? Quantas pessoas so transformadas pelo poder que h no nome de Jesus. E por que ela no poderia ser tambm? Ser que a situao como se apresenta, est dando esta chance a ela? Quando a pessoa segue uma religio ela pode mudar de vestes ou falar diferente, mas, 42. 273 quando ela encontra o Libertador ela transformada dia a dia, de glria em glria, at a volta de Cristo: 18 Mas todos ns, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glria do Senhor, somos transformados de glria em glria na mesma imagem, como pelo Esprito do Senhor.59 Seria maravilhoso para todos se a Palavra se cumprisse nela: 20 Sobreveio, porm, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graa.60 Como poderia ela enfrentar a todos com toda esta culpa, ou seja, sozinha, envergonhada, amargurada, to incapaz, to gafanhoto aos seus prprios olhos? Talvez ela no tenha esta fora. Tambm vimos ali gigantes (pois os descendentes de Enaque so de raa gigante), e ramos aos nossos prprios olhos como gafanhotos, e assim tambm lhes parecamos. 61 Enquanto ela no for curada, no acreditar que uma pessoa especial para Deus, vai continuar aos seus prprios olhos e conseqentemente aos olhos dos outros, uma pessoa incapaz, um gafanhoto. o princpio de Deus: Tu s o que tu dizes. Se ela tivesse foras e capacidade para se revoltar, estaria talvez piorando ainda mais a sua situao. Isto de admirar: ela no fez isso. Percebemos que no meio deste mar de problemas ela conseguiu passar por cima de si mesma e continuar ao lado da me, do pai, da famlia. Houve, evidentemente, a proposta para que ela fosse embora com o tal homem para viver a sua histria de amor, porm, o que vemos nos 59 II aos Cor 3:18. 60 Romanos 5:20. 61 Nmeros 13:33. 43. 274 faz pensar que, talvez no tivesse feito isso para no construir nada sobre o sangue da sua famlia. Pode ser tambm que tenha ficado por covardia de enfrentar o mundo, mas, mesmo com esta possibilidade, no podemos deixar de observar laos familiares muito fortes. Isto pode ter acontecido dentro dela, portanto, no contexto atual em que os laos familiares so to frgeis e descartveis como j falamos, no podemos deixar de atentar para este fato. Ao observar esta moa meu corao atentou para este fato, muito mais que as outras possibilidades, pois tambm vivi este drama com as minhas filhas, e no tive a mesma sorte, por isso estou capacitada para falar sobre o outro lado da moeda. Muitos so os dramas vividos por homens de Deus que tiveram que suportar o desajuste dos seus filhos. A Bblia relata vrios, e o maior deles o do prprio Deus, que perfeito, e quantos so os que O deixam. Estamos estudando neste texto a arte de julgar com retido e ento vamos expor vrias nuances, olhar segundo a tica de cada um. A minha segunda filha tambm saiu de casa e me deixou outra vez morta, estando viva. Observando este caso, eu tive inveja desta me, desta amiga muito querida pelo que ela no precisou sofrer. Ela ainda no viu na medida certa esta beno na sua vida, esta atitude da sua filha que (ou pode ser) um documento do seu amor, talvez a nica coisa que ela possa apresentar como prova do seu afeto, ainda que falho, mas o que ela tinha e tem no momento para oferecer. Como delicado a arte de amar, e a arte de julgar com justia, esta que no est do lado de ningum, mas dela mesma62 . Temos que chegar de mansinho e com muito amor. Amor por todos, sem partidarismos, sem excluir ningum, nos colocando no lugar de cada um, querendo apaziguar, unir a todos, pacificando, como nos enfoca as bem aventuranas.63 Tenho me colocado no lugar desta minha filha, que tem uma personalidade diferente da primeira, e, portanto so outros os motivos. Para julgar um fato e encontrar o ponto de equilbrio, temos que fazer este exerccio. O pndulo oscila, e vamos agora olhar para o outro prisma, ficando do lado dos filhos que saem de casa, tomando como exemplo esta minha filha. Ela no suportou. Talvez tenha ficado sufocada vendo a sua liberdade tolhida e sem direito de escolha, mesmo sendo esta escolha talvez a pior. Desde a sua adolescncia ela sempre teve uma escolha muito falha em relao aos seus namorados. No houve um 62 Recomendamos o livro: Uma Teoria de Justia, de John Raws. 63 Mateus 5. 44. 275 que fosse vivel ou aproveitvel. Deus me mostrava e eu ficava horrorizada, e quando eu falava, ela no aceitava, ou aceitava obrigada, o fato de ter que se separar daquele que ela julgava ser o ideal para ela. Eu no aceitava de maneira nenhuma que ela se perdesse, no entendia onde estava o ponto certo para parar de falar e deixar que ela tivesse a sua experincia, ou mesmo que quebrasse a cara (ainda acho isso muito difcil). Eu no entendia que estava usando a Lei de Deus para destruir os seus sonhos. Naquela poca eu estava mais calada na Lei do que no amor, embora nem de longe imaginasse isso. Eu no estava do lado dela (embora estivesse), mas do lado da Lei. A Lei de Deus era o desmancha prazeres, porque ela j estava emocionalmente desgastada pela ausncia do seu pai, ou por outros motivos (talvez mais espirituais). O fato que ela parou a emocionalmente, ficou capenga. Era notria a sua inteligncia, sabedoria, porm um pedao dela ficou aleijado, no crescia e se opunha aos seus atributos. Eu no entendia, como deveria entender, as suas diferenas. Existem pessoas que realmente no escutam e vo captar as coisas de maneira diferente da que projetamos. Eu sabia o que estava falando, e todas as vezes, sem exceo, ela comprovou isso depois, porm, neste momento ela no tinha ainda a maturidade para administrar a situao. Ela no queria ver a verdade, aprender sobre a questo, mas s queria fazer a sua vontade e mais nada. H pessoas que obedecem sem questionar (adjetivo de Jerusalm) e outras questionam tudo64 . 64 Jerusalm foi assolada e se dispersou para Roma. L se misturou com os costumes pagos deles, cedendo ento terras de possesso perptua em troca de paz, fazendo uma analogia entre a Israel fsica e a espiritual. H terras que no de pode ceder jamais, pois elas so sagradas. Tanto na Israel fsica como na espiritual, como por exemplo, vender sua a sua honra para ter paz com algum. 45. 276 Para os obedientes, se a Bblia diz que para comer peixe com escamas, assim ele o faz. Por que com escama? Mesmo que ainda no se saiba o porqu no momento (depois podero at saber que peixe sem escamas muito mais indigesto), ele faz o que est escrito, no porque um rob, mas porque confia e ama o seu PAI. Essas pessoas se do bem porque tm a fora para obedecer sem questionar (por que avaliam com justia e amor), porm outras no tm esta fora e como o objetivo de Deus salvar, estas vo aprender de outra maneira, pois Deus no vai desistir delas. Deus nos fala em Romanos que s vezes entrega as pessoas s suas paixes infames para que aprendam. Outras vezes aprendem de uma maneira inesperada, mansa e surpreendente. Vejamos aqui, o FOGO CONSUMIDOR no seu momento de mansido, mostrando a Sua outra face que AMOR. O profeta Elias estava em profunda depresso. Este o mesmo homem que antes, destemidamente, destruiu de uma vez, todos os profetas de Baal, e agora se esconde de Jezabel, dentro de uma caverna. Deus o chama: 11 Ao que Deus lhe disse: Vem c fora, e pe-te no monte perante o Senhor: E eis que o Senhor passou; e um grande e forte vento fendia os montes e despedaava as penhas diante do Senhor, porm o Senhor no estava no vento; ... 46. 277 ... e depois do vento um terremoto, porm o Senhor no estava no terremoto; ... 12 e depois do terremoto um fogo, porm o Senhor no estava no fogo; ... e ainda depois do fogo uma voz mansa e delicada. 13 E ao ouvi-la, Elias cobriu o rosto com a capa e, saindo, ps-se entrada da caverna. E eis que lhe veio uma voz, que dizia: Que fazes aqui, Elias.65 65 I Reis 19:11/13. 47. 278 Que coisa linda! Deus conhece o corao do homem que fez e sabe como toc-lo. Desta vez, com Elias, a voz suave e delicada de Deus, seria o ponto certo. Isto me faz lembrar de outro fato para ilustrar esta situao. A minha primeira filha saiu de casa para morar com o pai. Havia entrado na faculdade, e era muito nova como falei; dado sua precocidade, e o ambiente da faculdade a corrompeu, como acontece com tantas crianas, adolescentes ou mesmo mais adultos. Muitos pais hoje se arvoram no direito de no querer enviar seus filhos para a escola por este motivo. E no fcil decidir esta questo. Tm esses pais muita coragem para enfrentar o sistema, a opinio pblica, a lei vigente e fazer o que considera melhor para os seus filhos. Vezes sem conta temos notcia dos absurdos que acontecem dentro dos estabelecimentos de ensino onde muitas vezes esto envolvidos nesses escndalos, os prprios professores. No podemos deixar de frisar tambm a notvel atitude de muitos educadores hoje em dia, que apesar de suportarem coisas inarrveis, perseveram no seu sacerdcio. Estes so agredidos por alunos que conhecem os seus direitos e os desrespeitam e os oprimem, chegando a espancar e a matar esses abnegados. Este um tema que precisar de muitas laudas. grande a quantidade de professores que hoje esto afastados por motivos emocionais e psicolgicos, alguns deles, depois de terem se dedicado durante toda a vida a ensinar esses que so agora os seus algozes. Observamos tambm a grande defasagem de profissionais nesta rea, por todos esses motivos. Temos tambm uma grade curricular totalmente defasada e desajustada para preencher os anseios dos atuais educandos, que tm acesso internet e que esto em condies 48. 279 bastante diferentes dos alunos do passado. O sbio educador Rubens Alves nos traz uma grande reflexo sobre o assunto. 66 Esta filha percebeu o escape que havia para ela e foi morar com o pai. Este no a conhecia, e, portanto, no tinha como ajud-la, mas ao contrrio, e ento, acomodando-se ou aproveitando-se da situao, colocou um trofu na sua estante, que era o fato dela estar me abandonando. Isto foi um verdadeiro prejuzo na vida de todos. Este tambm um fato comum entre as famlias de pais separados, ou seja, os filhos fazem esta troca, de acordo com as suas necessidades do momento e normalmente o que vemos nestas situaes, que os pais no avaliam o que seria melhor para os filhos, dando assim prosseguimento ao desajuste da separao. Na pele de oportunistas, tomam decises pensando no que seria melhor para si mesmo, impulsionados pelas malditas e destrutivas competies, pelas vinganas pessoais, e assim a destruio segue o seu curso. Esta filha foi a primeira, e tambm a concretizao de um sonho que havia em mim desde criana, que era o de um dia ter um filho, e que este seria a nica coisa que no poderiam tirar de mim, a primeira coisa que seria minha. Minha vida era um deserto: sem pai, sem famlia, sem casa e sem muitas coisas (praticamente tudo), e isto era o que pensava para me repor de toda esta perda. Esperei, depois de casada, o tempo necessrio para saldar todas as minhas dvidas, para poder engravidar, esperar a minha filha (o). Sofria e chorava toda vez que via uma criana. Quando saldei os meus compromissos, logo depois eu engravidei e quis festejar este grande momento com todas as pessoas que encontrava pelo caminho, dando uma rosa a cada uma. Tive uma gravidez muito difcil, com uma anemia profunda, vomitando o dia inteiro tudo o que comia, e emagrecendo muito. Tinha que tomar, todos dias, uma injeo muito doda. Porm, nada disso arrefecia em mim a alegria de poder gestar este filho (a), que era o meu presente, a minha razo de viver. Este o ponto. O fundamento, a razo ter que ser Cristo e no qualquer coisa outra. Aprendi isso a duras penas. A Palavra de Deus afirma que se no for assim, se a construo, qualquer edificao, no estiver alicerada em Cristo, no momento da prova tudo se queima, pois as obras de palha no resistem ao fogo. 11 Porque ningum pode lanar outro fundamento, alm do que j est posto, o qual Jesus Cristo. 12 E, se algum sobre este fundamento levanta um edifcio de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, 13 a obra de cada um se 66 Recomendamos o texto: Filosofia e Educao, onde abordamos o tema e inserimos uma entrevista com este educador. 49. 280 manifestar; pois aquele dia a demonstrar, porque ser revelada no fogo, e o fogo provar qual seja a obra de cada um.67 Infelizmente neste perodo eu ainda no havia conhecido a Deus pessoalmente e assim eu estava, como muitos, preenchendo a minha vida, sem nem ter idia do quanto eu estava errada na minha iluso. Hoje eu posso dizer que, filhos, talvez seja o que menos tenho. Primeiro pelo fato de que tive que passar por momentos dolorosos com as minhas filhas, e segundo, porque no se tem filhos e nem se tem ningum. A nica pessoa que poderemos falar que nosso, exatamente ltimo da fila: DEUS, que sabe esperar esvaziar esta busca insana do homem para preencher-se buscando nos filhos, nas drogas, no dinheiro, no sexo, no poder e tantas coisas mais, para descobrirem depois que continuam vazios: 3 Eu sou do meu amado, e o meu amado meu ...).68 Em momento propcio, o Poderoso Juiz do Universo, Este que fez todas as coisas, portanto, MUITO GRANDE, humildemente bate na porta do nosso corao e pergunta se queremos que Ele entre e faa morada dentro de ns, se queremos morrer para esta vida velha e sem perspectivas, para nascer de novo, aprender de novo a ser filho (a) dEle como era no incio, na gnesis. Estamos, normalmente nesta hora, jogados no lixo, j tentamos de tudo e percebemos que no conseguimos esta felicidade, esta paz to almejada, e agora, 67 I aos Corntios 3:11/13. 68 Cantares de Salomo 6:3. 50. 281 recebemos esta proposta muito louca, vindo de uma pessoa invisvel, que vive em outra dimenso, para zerar tudo e recomear. Que sbia deciso este bem-aventurado toma quando resolve entrar pelo caminho da f, e de maneira coerente, e at lgica, aceitar entrar por esta PORTA para achar pastagens: 9 Eu sou a porta. Todo aquele que entrar por mim, salvar-se- . Entrar e sair, e achar pastagens.69 20 Eis que estou porta e bato; se algum ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.70 Cear com este, ou seja, far com este uma aliana de sangue, que o contrato mais sagrado que existe. No caso, este herdar tudo de Deus, na medida em que, aos poucos, na sua fora, na verdade experimental, for, a cada dia, morrendo no seu ego, esvaziando-se de si mesmo, concretizando o que espiritualmente j ocorreu. Ou seja, a promessa de Deus est na mesa, j , s falta ento isto ser provado experimentalmente, por este que se dispe a morrer e nascer de novo: 8 Eis que tenho posto esta