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   M    A    R    Ç    O    2    0    1    4     |    a    n    o    X     |    n       1    1    2 Março 2014 | ano X | nº 112 Painel do TCU  Jair Santana Dispensa de licitação (art. 24 da Lei 8666/93) e a possibilidade de “duplo enquadramento” O TERMO DE REFERENCIA, SUA APLICAÇÃO, SEUS CUIDADOS  E  DICAS ELABORADAS  PELO PROFESSOR JAIR SANTANA.

o Pregoeiro

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  • MA

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    2

    Maro 2014 | ano X | n 112

    Painel do TCU

    Jair Santana

    Dispensa de licitao (art. 24 da Lei 8666/93)

    e a possibilidade de duplo enquadramento

    O Termo de referencia, sua aplicao, seus cuidados e dicas elaboradas pelO prOfessOr Jair sanTana.

  • carta ao pregoeiro

    Ano IX MAro 2014

    Editora Negcios Pblicos do Brasil: R. Loureno Pinto, 196 2 andar, Centro,

    Curitiba Paran | CEP 80.010-160 Tel. (41) 3778-1703/1700

    PrEsidENtE: Rudimar Barbosa dos Reis Vice-Presidente: Ruimar Barboza dos Reis dirEtor Rubim Fortes JorNalista rEsPoNsvEl: Marcela Weiller - DRT 8648/PREstagiria dE JorNalismo: Mellissa R. Pittadiagramao- Karen Kemura - [email protected] dE Pauta: Ana Elisa Soares, Aline de Oliveira, Clio Egdio Ferraz, Karen Kemura, Rudimar Reis, Rodrigo Streithorst, Rogrio Correa, Ruimar Reis, Otvio Lisboa Junior.

    ColaBoradorEs: Clio Egdio Ferraz, , Elaine Cristina Bertoldo, Larissa Panko, Simone Zanottelo de Oliveira

    rEstriEs ao uso dE matEriais: Este produto, pertence e operado pela Editora Negcios Pblicos. Nenhum material, ou qualquer outro pertencente, operado, licenciado ou controlado pelo Grupo Negcios Pblicos do Brasil pode ser, sob hiptese alguma, copiado, reproduzido, republicado, atualizado, enviado, transmitido, distribudo, baixado ou impresso para fins comerciais. Modificar matrias ou us-las para qualquer outro propsito violao dos direitos autorais da Editora, bem como qualquer outro direito de propriedade, conforme norma de procedimentos da ABNT, alm de crime previsto nos arts. 102, 104, 106 e 107 da Lei 9.610/98 e punido pelo art. 184 do Cdigo Penal Brasileiro.

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    CtP/imPrEsso | grfiCa CaPital: A parceria entre o Instituto Negcios Pblicos, a Editora Negcios Pblicos e a Grfica Capital, para a impresso da Revista O Pregoeiro foi realizada dentro do conceito de desenvolvimento limpo. O sistema de revelao das chapas feito com recirculao e tratamento de efluentes. O resduo das tintas da impressora retirado em pano industrial lavvel, que tratado por uma lavanderia especializada. As latas de tintas vazias e as aparas de papel so encaminhadas para a reciclagem. Em todas as etapas de produo existe uma preocupao GRFICA/INSTITUTO NEGCIOS PBLICOS, com os resduos gerados.

    Filiada :

    Associao Nacional das Editoras de

    Publicaes Tcnicas, Dirigidas e Especializadas

    Este o 9 Congresso Brasileiro de Pregoeiros que o Grupo Negcios

    Pblicos realiza em Foz do Iguau (PR).

    No h como negar que o evento seja o maior evento nacional do

    Setor das Aquisies Governamentais reunindo milhares de pessoas

    que buscam aprimorar seu conhecimento.

    So servidores pblicos, de regra. Brasileiro e estrangeiros que

    ostentam a condio de verdadeiros responsveis e executores das

    aquisies pblicas que movimentam centenas de bilhes de reais

    ao ano.

    Sempre h muitos assuntos para se tratar em nosso Congresso de

    Pregoeiros. Todos de grandiosa importncia.

    Mas, neste ano, e aproveitando o que diz o professor Jair Santana h

    mais de uma dcada, no Termo de Referncia ou no Projeto Bsico

    que se encontram os cdigos genticos da licitao ou do contrato

    que vier a ser lavrado.

    Por isso, o tema desta Revista to especial quanto a importncia do

    assunto.

    Sabendo disso, o Grupo Negcios Pblicos preparou para voc esse

    material. No h dvida alguma que ser de extrema utilidade para

    voc.

    Por fim, desejando-lhes tima leitura e proveito!

    Boa Leitura!

    Rudimar Reis - Presidente

  • SumrioCapa

    16capa

    Termo de Referncia

    SeoDireto ao Ponto

    Por Simone Zanotello

    08

    Seo

    Vida de Pregoeiro

    09

    Seo

    De Pregoeiro para Pregoeiro

    10

    Seo

    Painel do TCU

    12

  • fAle [email protected]

    Pregolino NP

    Licitao em Nmeros

    Seo39

    Seo

    Vida de Pregoeiro

    38

    Vida de Pregoeiro

    Seo44

    Estados e Municpios

    Seo46

  • At mesmo um time que estgAnhAndo precisA se mexer.mobilize A suA cidAde pArA combAter A dengue.

    Melhorar sua vida, nosso compromisso.

    Gestor, a sua atitude capaz de influenciar milhares de pessoas a combaterem a dengue. Faa a sua parte com aes simples. Organize mutires, promova a capacitao de agentes de vigilncia, engaje os lderes comunitrios da sua cidade e oriente as organizaes responsveis pela coleta e tratamento de lixo. A dengue no marca horrio para aparecer. por isso que a sua cidade precisa estar atenta o tempo todo.

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  • matRIa ESPECIaL - tCU

    At mesmo um time que estgAnhAndo precisA se mexer.mobilize A suA cidAde pArA combAter A dengue.

    Melhorar sua vida, nosso compromisso.

    Gestor, a sua atitude capaz de influenciar milhares de pessoas a combaterem a dengue. Faa a sua parte com aes simples. Organize mutires, promova a capacitao de agentes de vigilncia, engaje os lderes comunitrios da sua cidade e oriente as organizaes responsveis pela coleta e tratamento de lixo. A dengue no marca horrio para aparecer. por isso que a sua cidade precisa estar atenta o tempo todo.

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  • 8dIREto ao Ponto

    O Pregoeiro . maro 2014

    Simone Zanotello de oliveira

    Advogada e consultora jurdica. Mestre em Direito da Sociedade da Informao (nfase em polticas pblicas com o uso da TI) pela UniFMU-SP. Ps-graduada em Administrao Pblica e em Direito Admi-nistrativo pela PUC-SP. Extenso em Direito Contratual. Foi Diretora Tcnico-Adminis-trativa da Secretaria de Administrao da Prefeitura de Jundia-SP, trabalhando na rea de licitaes h 22 anos. Docente e consultora jurdica da RHS Licitaes-SP, da NP Eventos-PR, da Licidata Eventos-PR, da Supercia-MS e da Consultre-ES. Professora de Direito do Centro Universitrio Padre Anchieta Jundia-SP. Autora dos livros: Redao: reflexo e uso (Arte & Cincia), Recursos Administrativos (Negcios P-blicos) , Manual de redao, anlise e in-terpretao de editais de licitao (Sarai-va), Recursos administrativos no Prego (Negcios Pblicos), Coletnea 101 Dicas sobre o Prego (Negcios Pblicos, com mais 9 autores) e Coletnea Temas Jurdi-cos Relevantes sobre Direito da Sociedade da Informao (Quartier Latin, com mais 24 autores). Autora de diversos artigos jurdicos e literrios. Ministra cursos nas reas de licitaes, contratos administrati-vos, parcerias com o poder pblico, gesto pblica, concursos e portugus jurdico. Formada em Letras, com ps-graduao em Gramtica da Lngua Portuguesa. Pre-sidente da Academia Jundiaiense de Letras Jurdicas e integrante da Academia Jun-diaiense de Letras. Colunista do Jornal da Cidade Jundia-SP. Colaboradora das re-vistas O Pregoeiro e Negcios Pblicos, da Editora Negcios Pblicos Curitiba-PR.

    PROPOSTAA proposta representa uma oferta de contrato no mbito das licitaes, obri-gando o proponente a cumpri-la desde o momento de sua apresentao at o trmino de sua validade. O edital dever ser claro e preciso na descrio das condies em que as pro-postas devero ser apresentadas, a fim de que haja uma uniformidade entre elas, facilitando o trabalho de julgamento da comisso ou do Pregoeiro. A clusula referente formulao das propostas dever conter, no mnimo, os seguintes requisitos:a) a necessidade de assinatura da proposta por parte do proponente, com a indicao de seus dados no caso das licitaes em mbito eletrnico, essa exigncia aperfeioa-se por meio de login e senha do usurio;b) a condio em que os valores devero ser apresentados (unitrios, totais, globais, mensais, etc.), inclusive com a sua unidade de aquisio (unidade, caixa, pacote, kilo, cpsula, etc.);c) a solicitao para a indicao do prazo de pagamento, quando esse j no estiver pr-definido no edital. No entanto, para facilitar o julgamento, convm que o prazo de pagamento j esteja previamente estabelecido no instrumento convocatrio, lembrando que esse prazo no poder ser supe-rior a 30 dias corridos;d) a solicitao para a indicao do prazo e das condies de entrega, quan-do esses j no estiverem pr-definidos no edital. Nesse caso, evitar a ex-presso entrega imediata, pois ela de sentido vago prefira definir o pra-zo em horas, dias, meses, etc). Tambm procure evitar a expresso entregas parceladas de acordo com as necessidades do rgo nesse caso, procure dispor com maior preciso as condies dessa entrega parcelada (nmero de parcelas, quantidade em cada parcela, perodo entre a entrega de uma parcela e outra). No entanto, a exemplo da condio de pagamento, convm que o prazo mximo de entrega j esteja previsto no edital, com o objetivo de evitar a apresentao de prazos de entrega muito divergentes entre os participantes, dificultando o processo de julgamento;e) a solicitao para a indicao da marca/modelo do item a ser ofertado, no caso de fornecimento de bens que possuam essa definio. Essa indicao ser importante para que a Administrao possa verificar se o produto ofer-tado atende s exigncias do edital. f) a solicitao para a indicao do prazo de validade das propostas, o qual sugere-se que no seja inferior a 60 (sessenta) dias. Essa indicao de prazo de validade faz-se necessria, pois de acordo com o art. 64, 3., da Lei 8.666/93, decorridos 60 dias da data da entrega das propostas, sem con-vocao para a contratao, ficam os licitantes liberados dos compromissos assumidos. A contrario sensu, durante o prazo de validade da proposta, a licitante dever honrar os compromissos assumidos. g) e outras condies julgadas oportunas ao objeto (apresentao de cat-logos, bulas, amostras, planilhas detalhadas, cronogramas, etc.), de acordo com a necessidade do objeto. Em suma, essas so as exigncias mnimas necessrias para a clusula do edital referente apresentao das propostas.

  • 9O Pregoeiro . maro 2014

    vIda dE PREgoEIRo

    Embora seja Pregoeiro do DDD/APTA - Agncia Paulista de Tecno-logia dos Agronegcios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Governo do Estado de So Paulo, e nossas licitaes serem 80% na modalidade Prego Eletrnico. Sou tambm Presidente de Comisso de Licitao do DDD - Departamento de Descentralizao do Desenvolvi-mento DDD/APTA.

    Em agosto de 2013,eu e minha Equipe de Apoio e a Engenheira Civil responsvel pelo Projeto designados a realizar uma licitao na modali-dade TOMADA DE PREOS, do tipo MENOR PREO - Processo SAA n 9.745/2013, objetivando a execuo de REFORMA DO GALPO DE ALEVINOS (PEIXES) DA UNIDADE DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DE PIRASSUNUNGA - APTA.

    Pois bem, motivamos o processo como manda a Lei, publicamos o edital, e fomos para o local no dia e hora marcado para sesso. S que antes disso, no havamos ligado para a Unidade, perguntando se tinha uma sala para que pudesse ser reservada para a sesso. Surpresa, chegando l no havia nenhuma sala disponvel para ligar nossos computadores, impressora, enfim, no tinha o local apropriado para desenvolver os trabalhos que uma licitao exige.

    Pensei, no vou perder este recurso (era recurso de um convnio que estava se expirando), muito menos este certame. Minha sada era usar a parte externa do laboratrio, mas tinha que improvisar. Ento procurei e encontrei uma garagem do Laboratrio (Unidade), onde puxamos exten-ses eltricas debaixo de um frondoso p de manga e vrios outros ps de frutas, e mais, ficava bem ao lado da Cachoeira de Emas, s margens do Rio Mogi-Gua (por sinal um lugar maravilhoso), na cidade de Pirassununga/SP. Enfim, tudo improvisado de ltima hora, num frio-zinho que estava naquele dia, gostei, achei interessante o local, e no iria deixar de realizar a sesso, pois j estava presente trs empresas que foram credenciadas. Demos incio sesso e tudo transcorreu na mais perfeita ordem, e com o canto de pssaros e o barulhinho gostoso da gua descendo da cachoeira, rimos muito da situao. E para terminar, o chefe da Unidade,nos presenteou com um belo almoo, risoto de camaro da malsia ou de gua doce, como mais conhecido (crustceo) que objeto de Pesquisa Cientfica, desenvolvida por pesquisadores cien-tfico em nossa Unidade APTA, de Pirassununga/SP.

    Alvacir Jos da SilvaPregoeiro e Presidente de Comisso de Licitao DDD/APTA

  • 1 0

    dE PREgoEIRo PaRa PREgoEIRo

    O Pregoeiro . maro 2014

    reginaldo aparecido de oliveiraPregoeiro da Prefeitura Municipal de Rio Claro;

    Formado em Recursos Humanos, Psicanalista, Graflogo; Pesquisador em Comportamento Humano e PNL - Programao Neuro Lingstica;

    A pessoa do Pregoeiro, preposto agen-

    te pblico, por sua atuao no envol-

    vimento licitatrio o alvo principal

    da sesso pblica. Exposto ao crivo da

    concorrncia comercial, em defesa do

    interesse administrativo, condicionado

    aos extremos que se sujeitam, de um

    lado a reduo da oferta estimada, de

    outro a oferta apresentada pelas pro-

    ponentes. o Pregoeiro, o mediador

    entre o interesse pblico e o interesse

    comercirio, agente que conhece de

    tudo um pouco em funo da prti-

    ca de sua prpria rotina, entretanto,

    conta com o apoio de equipe tcnica e

    jurdica que lhe do suporte. Entende-

    -se por equipe de apoio, toda estrutura

    disponibilizada com a finalidade da

    melhor aquisio/contratao.

    A competitividade proposta pelo Art.

    3 e Art. 45, 1, Inc. I, da Lei Federal

    8.666/93, influencia de tal maneira a

    disputa objetal (real inteno no modo

    de se adquirir) que na grande maioria

    das vezes, so omitidos ou ignorados,

    a qualidade pretendida (situao que

    Pregoeiro X rePreSeNTAo: DeSCriCioNrio TCNiCo DiFereNTe

    De DireCioNAMeNTo

    entendida pela concorrncia como

    direcionamento); e a se fazem neces-

    srios, a padronizao ou poder dis-

    cricionrio da Administrao Pblica,

    que pelo prprio ato de descrever,

    direciona o objeto in licita, ou seja,

    como fundamentalizar tecnicamente

    algo que no pressuponha marca ou

    modelo, sem nenhuma referncia para

    o ponto de partida da aquisio, exem-

    plo:

    Na aquisio de produtos populares

    como: eletroeletrnicos, eletrodoms-

    ticos, eletrnicos ou informtica; so

    relevantes informaes que indiquem

    caractersticas mnimas naquilo que se

    refere funcionalidade de tais objetos,

    sem estas informaes, impossvel

    de se adquirir. Ento, o discricionrio

    nada mais do que um misto de (trs

    ou mais) produtos concorrentes (que

    em alguns casos fazem parte da pesqui-

    sa oramentria) da inteno do rgo

    requisitante. Para um observador mais

    atento, seria o entendimento de que os

    produtos aceitos seriam: A, B, C ou D;

    sem indicao direta da preferncia.

    Considera-se ainda que a possibilida-

    de da aquisio de eletroeletrnicos,

    eletrodomsticos, eletrnicos ou infor-

    mtica esto destinadas a um mercado

    compatvel; e portanto, seria muito

    estranho, nesse caso, a contratao

    de uma construtora. Caso contrrio,

    mais estranho ainda, na contratao de

    construtora para realizao de obras,

    firmar contrato com empresa de for-

    necimento de produtos. Indubitvel.

    Outro exemplo prtico: ao descrever

    tecnicamente as caractersticas para

    aquisio de um automvel ou qual-

    quer outro tipo de veculo; indireta-

    mente se indica a preferncia do tipo

    do objeto, considerando que cada

    marca disponvel no mercado tem seus

    modelos competitivos e diferenciados

    da concorrncia comercial. Embora o

    interesse pblico no indique marca

    ou modelo, faz referencia s caracters-

    ticas mnimas.

  • 1 1

    dE PREgoEIRo PaRa PREgoEIRo

    O Pregoeiro . maro 2014

    Essa tica, deixa clara evidncias que o poder discricionrio,

    seleciona a participao em seu ramo de atividade comercial;

    que em outras palavras, sugere direcionamento ou restriti-

    vidade atravs do prprio objeto. Outro detalhe interessante,

    independente de questionamentos, impugnaes ou pres-

    suposies, que; enquanto a lei restrita preferncia no

    discricionrio para a Administrao Pblica, muitas empresas

    encontram brechas e vantagens na adequao de suas ativi-

    dades principais ou secundrias, descaracterizando seu ramo

    comercial, a fim de aumentar sua representatividade auton-

    mica; em funo do lucro intencional e ampliao da partici-

    pao concorrencial.

    Sempre tenho defendido a qualidade por preo justo, prin-

    cipalmente no que diz respeito melhor aplicao do errio

    pblico, aderidos fiscalizao. Melhor maneira de gerir tal

    errio.

    Mas nem sempre assim; vez atingido seus objetivos, algumas

    proponentes encontram dificuldades para fornecer ou execu-

    tar o objeto licitado, em virtude do decrscimo, e assim, jaz

    qualidade. Aponto porm, a necessidade e importncia das

    Normas Tcnicas ABNTs, Normas Reguladoras NRs e Cer-

    tificaes Oficiais, que garantam padronizao qualificada

    na oportunidade de se adquirir (no soube de casos que

    contradigam tais normas no escopo do ato convocatrio).

    A atividade licitatria porm, deve ser e estar isenta de

    convenincias particulares, amparada por dispositivo legais

    e atualizado realidade de mercado; essa condio sujeita a

    Administrao Pblica na qualificao profissional de seus

    agentes, pois se percebe na prtica, demasiado esforo tc-

    nico para se nivelar com a representao comercial, para

    garantir boas aquisies para a Entidade Pblica. O ato

    convocatrio (embasado por leis especficas) tambm in-

    terpretada por convenincias individualizadas, leitura em

    que se observam a tentativa de reduzir a competitividade

    nas sesses pblicas de Prego. Um vale tudo de interes-

    ses que se resume no prejuzo da qualidade inicialmente

    intencionada.

    Volta-se o foco para o Pregoeiro e sua Equipe de Apoio,

    nestas condies, tentando medida do possvel, salvar o

    objeto, considerando a melhor oferta e decorrente habili-

    tao, sendo sabatinado pelas causas das condies ofereci-

    das, responsabilizado pela gama participativa.

    divu

    lga

    o

  • 1 2

    PaInEL do tCU

    O Pregoeiro . maro 2014

    Imagine que a Administrao est diante da necessidade de atendimento a uma determi-nada administrativa, cujo objeto possa ser contratado diretamente (sem a necessidade, portanto, da realizao de processo licitatrio, para tanto), tanto com fundamento nos incs. I ou II, do art. 24, da Lei 8.666/93, conforme for o caso dispensa em razo do valor, quanto pelo inc. IV do mesmo artigo dispensa por emergncia...

    Pergunta-se: em qual hiptese de dispensa de licitao a contratao em liame deve ser fundamentada?

    Imagine, agora, outra situao, na qual possa haver a subsuno, em abstrato, da con-tratao pretendida pela Administrao ou, mais precisamente, seu objeto, tanto no disposto pelos incs. I ou II, do art. 24, da Lei 8.666/93, conforme for o caso dispensa em razo do valor, quanto no disposto pelo inc. XI do mesmo artigo contratao do remanescente. Aqui se sucede, tambm, o mesmo questionamento anteriormente apre-sentado.

    Imagine, por fim, uma terceira situao, na qual, a contratao de determinado objeto pudesse ser procedida, a priori, tanto mediante dispensa de licitao em razo do valor, quanto por contratao direta via inexigibilidade, seja esta fundamentada em um dos incisos ou, ento, no prprio caput, do art. 25, da Lei 8.666/93 (inexigibilidade inomi-nada). Qual dispositivo da Lei 8.666/93 dever ser utilizado pela Administrao Con-tratante, a fim de alicerar seu processo de contratao direta?

    Confira, a seguir, o entendimento apresentado pelo Tribunal de Contas da Unio (TCU), por meio do Acrdo 1.336/06 Plenrio e, confirmado, por meio do mais recente Acrdo 6.301/10 Primeira Cmara:

    Sumrio: REPRESENTAO. ATOS DE DISPENSA E INEXIGIBILIDADE DE LICITAO. PUBLICAO E FUNDAMENTAO. CONHECIMENTO. PRO-CEDNCIA.

    Dispensa de Licitao (art. 24 da Lei 8666/96) e a possibilidade de duplo

    enquadramento

    PAlAvrAs-chAve:

    DisPeNsa De licitao em razo Do valor. DisPeNsa

    Por emergNcia. DisPeNsa Para coNtratao Do

    remaNesceNte. iNexigibiliDaDe De licitao. DuPlo

    eNquaDrameNto

    por lariSSa panko Advogada; Ps-Graduada em Direito Administrativo Aplicado pelo Instituto de Direito Romeu Felipe Bacellar, com curso de aperfeioamento em Advocacia Municipal pela Escola Superior da Advocacia - ESA da OAB/PR; Co-autora da obra Prego Presencial e Eletrnico no Cenrio Nacional, pela Editora Negcios Pblicos. Atualmente Consultora Jurdica da Negcios Pblicos Consultoria.

  • 1 3

    PaInEL do tCU

    O Pregoeiro . maro 2014

    As aquisies caracterizadas por Dispensa ou Inexigibilidade de Licitao, previstas nos arts. 24, incisos III e seguintes, e 25, da Lei 8.666/93, podem ser fundamentadas em Dispensa de Licitao, aliceradas no art. 24, incisos I e II, da referida Lei, quando os valores se enquadrarem nos limites estabeleci-dos neste dispositivo. (...)

    Relatrio: (...)

    ... a partir do prprio texto legal, e conforme j mencionado na Representao, nos casos em que se verifique a possibili-dade de duplo enquadramento, o que ocorrer quando a situ-ao se amoldar nas hipteses de Dispensa ou Inexigibilidade e a despesa no ultrapassar os limites contidos nos incisos I ou II do art. 24 da Lei de Licitaes e Contratos, pode o ad-ministrador, desde que devidamente justificado nos autos, no mbito do seu poder discricionrio e em conformidade com o princpio da economicidade, adotar o fundamento legal que implique menor onerosidade Administrao Pblica. Por oportuno, registre-se que, com esse entendimento, a aplicao de tal princpio no fere o preceito ao qual est vinculado: o princpio da legalidade.

    Neste sentido, Jorge Ulisses Jacoby, ao comentar a Deciso n 6.431/96 do Tribunal de Contas do Distrito Federal na qual diante da possibilidade de duplo enquadramento, considerou incorreta a fundamentao das notas de determinadas notas de empenho tendo em vista enquadrar-se no art. 25, I, e no 24, II, da Lei n. 8.666/93, relevando a falha, porque as despe-sas so inexigveis de licitao, assevera que:

    a melhor interpretao parece ser, no entanto, o enquadra-mento no dispositivo que represente maior vantagem para Ad-ministrao Pblica, no caso, o inc. II do art. 24, porque se poupa o custo da publicao. No mbito do Distrito Federal a deciso est correta porque poca a publicao no era cobrada.

    Da concluso (...)

    No tocante viabilidade de enquadramento das aquisies caracterizadas por Dispensa ou Inexigibilidade de licitao (arts. 24, incisos III e seguintes, e 25) em que ocorra tambm a possibilidade de fundamentao nos incisos I e II do art. 24 da citada Lei, propugna-se sua procedncia, por estar em con-sonncia com a Lei de Licitaes e Contratos e com os princ-pios da legalidade, da razoabilidade e da economicidade. (...)

    Voto: (...)

    9. Desse modo, comungo com o entendimento explicitado no parecer da Conjur, no sentido de que, havendo possibili-dade de duplo enquadramento, relativamente s hipteses de Dispensa ou Inexigibilidade que no ultrapassem os limites fixados nos incisos I e II do art. 24 da Lei n 8.666/93, o administrador est autorizado a adotar o fundamento legal que implique menor custo para a Administrao Pblica, em observncia ao princpio da economicidade (sem grifos no original). (TCU. Acrdo 1.336/06. rgo Julgador: Plen-rio. Relator: Ministro Ubiratan Aguiar. DOU 07/08/06).

    Relatrio: (...)

    Anlise: (...)

    4.8.4 No Acrdo TCU 1.336/2006 - Plenrio, o TCU reco-nheceu a possibilidade de duplo enquadramento das contrata-es realizadas com base nos arts. 24, incisos III e seguintes e 25 da Lei no 8.666/93. Desde que os valores das contrataes no ultrapassem os limites previstos nos incisos I e II do art. 24 da referida Lei, as dispensas podem ser fundamentadas nesses ltimos incisos, dispensando-se assim, formalidades desnecessrias e antieconmicas. (TCU. Acrdo 6.301/10. rgo Julgador: Primeira Cmara. Relator: Ministro Weder de Oliveira. DOU 06/10/10).

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    A CAIXA, principal agente de polticas pblicas do Governo Federal, est presente em todos os municpios do pas e conhece as necessidades de cada regio. Por isso, tem uma linha completa de produtos e servios para o setor pblico. Crditoparamoradia, saneamento, infraestrutura e transporte. Soluesparamodernizar a gesto e melhorar o gerenciamento de contas. Gestodosprogramasdetransferncia de renda. Programasdeapoioaodesenvolvimento local e muito mais.Para saber mais, acesse caixa.gov.br/governo ou procure a Superintendncia da CAIXA de sua regio.

  • matRIa ESPECIaL - tCU

    CAIXA e setor pblico. Uma boa parceria voc reconhece pelo conjunto da obra.

    caixa.gov.br

    SAC 0800 726 0101 (informaes, reclamaes, sugestes e elogios)Para pessoas com deficincia auditiva ou de fala 0800 726 2492 Ouvidoria 0800 725 7474

    facebook.com/caixa

    A CAIXA, principal agente de polticas pblicas do Governo Federal, est presente em todos os municpios do pas e conhece as necessidades de cada regio. Por isso, tem uma linha completa de produtos e servios para o setor pblico. Crditoparamoradia, saneamento, infraestrutura e transporte. Soluesparamodernizar a gesto e melhorar o gerenciamento de contas. Gestodosprogramasdetransferncia de renda. Programasdeapoioaodesenvolvimento local e muito mais.Para saber mais, acesse caixa.gov.br/governo ou procure a Superintendncia da CAIXA de sua regio.

  • matRIa

    1 6 O Pregoeiro . maro 2014

    1. APRESENTAOHonrou-me o Grupo Negcios Pblicos com a incumbncia de preparar para voc - participante desde o 9 Congresso BrasiLeiro de Pregoeiros esta Revista, que trata de um tema muito especial: Termo de Referncia.

    Destaco agradecimentos iniciais ao Grupo Neg-cios Pblicos por entender, como sempre, as re-ais demandas dos profissionais que lidam com as Compras Pblicas.

    Quero aqui compartilhar a experincia que carre-go comigo e deixar em suas mos uma ferramenta que no tenho dvida: ajudar na melhoria da sua performance.

    Na condio de monografista desse assunto, autor do nico livro que h escrito a propsito da mat-ria, tenho incentivado para que outros professores tambm a ele se dediquem. Mas, por ora, desde 2006, (quando escrevi a 1 Edio do livro Termo de Referncia O impacto da especificao do ob-jeto e do Termo de Referncia na eficcia das licita-es e contratos), estvamos ss.

    Recentemente as professoras Tatiana Camaro e Anna Carla Duarte Chrispim incorporaram seus esforos ao novo trabalho publicado pela Editora Frum. Atualmente so parceiras, amigas e co-

    Termo de Referncia

    -autoras.

    A Administrao Pblica em geral quer e precisa--ser eficiente. o que est escrito em nossa Cons-tituio Federal/1988. Seja nos setores finalsticos, onde h ou deveria haver efetiva prestao de sa-de, segurana, educao, trabalho, etc, seja especi-ficamente nos setores instrumentais. Setor instru-mental em nosso caso, aquele que viabiliza todas as tarefas para que as metas e diretrizes ganhem corpo e densidade. Falo do Setor de Aquisies.

    Jair SantanaJurista especializado em governana pblica.

  • matRIa

    1 7O Pregoeiro . maro 2014

    Retomando a eficincia, bem, ele princpio inse-rido na CF/88 por meio da emenda constitucional 19/98; a verdadeira diretriz gerencial que aliada aos princpios da eficcia e efetividade, possibilitou que a Administrao Pblica em seus atos possa obter melhores resultados atravs de uma gesto estratgica para que, de forma satisfatria, os recur-sos pblicos sejam aplicados da melhor forma pos-svel atingindo os objetivos e metas estabelecidos.

    Juntamente com o arranjo do oramentrio das fi-nanas Pblicas feito pela Lei de Responsabilidade Fiscal 101/00, a Administrao promulgou a me-dida provisria n 2.026/00 instituindo a modali-dade de Licitao Prego para a aquisio de bens e servios comuns, proporcionando uma quase revo-luo nas Compras Pblicas.

    A edio da Medida Provisria representou uma mudana significativa no atual regime da Lei n. 8.666, de 1993, correspondendo a um anseio geral de todos que esperavam por um procedimento lici-tatrio mais simples, mais rpido e mais eficiente, com potencializao de agilidade, transparncia, economicidade aos procedimentos licitatrios da Administrao Pblica, o Prego assim, um divi-sor de gua nas licitaes.

    A chave de sucesso da modalidade Prego uma fase interna bem elaborada, objetivando sempre por uma contratao que melhor atenda aos inte-resses da Administrao.

    Nessa etapa, devero ser definidas alternativas para garantir a legalidade; o menor preo; produtos de qualidade; ampla disputa; transparncia; celerida-de; sustentabilidade; participao irrestrita de to-dos os fornecedores, com mecanismos de incentivo s micro e pequenas empresas, promoo do desen-volvimento institucional; ampliao da eficincia e eficcia da poltica de aquisies e de contrataes de bens e servios.

    Muito se discute sobre as regras e os princpios a serem observados e obedecidos no procedimento licitatrio, porm o que pouco se observa no estu-do normal da cadeira de direito administrativo a formao do Termo de Referncia, ferramenta essa, que primordial para o sucesso das licitaes.

    Pensando nisso tudo, a Negcios Pblicos, resol-veu dedicar uma Edio Especial sobre o Termo de

    Referncia.

    Contarei alguns casos de (nenhum) sucesso. Tra-tarei da importncia da elaborao do Termo de Referncia, o seu conceito, obrigatoriedade, nor-mas regenciais, como elaborar o documento que define os critrios de sucesso de um procedimento licitatrio, e ainda, o que dizem os Tribunais sobre o tema.

    Enfim, eis aqui a matria.

    Mas, antes de terminar de apresent-la, preciso render uma homenagem e um agradecimento mui-to especial para a professora Loanny Silva. Sem o auxlio dela esta matria no estaria agora em suas mos. A ela sou grato por todo auxlio dispensa-do na preparao e reviso do texto. E tomara que voc, Leitor, chegue a se divertir um pouco como eu e Loanny nos divertimos na contao de cau-sos.

    2. ALGUNS CASOS DE (NENHUM) SUCESSO

    Adolescentes universitrios utilizam cadeiras infantis para assistirem aulas:

    Uma Universidade em Tquio, no Japo, adquiriu um grandioso lote de carteiras para os seus alunos.

    No Japo, como aqui no Brasil, os universitrios tem no menos do que 17 ou 18 anos de idade. Ou seja, j tem uma certa estrutura fsica.

    Mas houve um problema que, segundo a inves-tigao instaurada, est ligado especificao do objeto.

    A universidade comprou um lote de carteiras in-dicadas para crianas do Ensino Fundamental e colocou os equipamentos para uso dos universit-rios, que costumam ser um pouco maiores que os infantes.

    As carteiras menores foram compradas por um se-dutor preo mais baixo em uma Licitao.

    Por ora, enquanto no se localizam os culpados, os alunos universitrios vo utilizando as carteiras para sentar apenas uma parte do seu corpo; a

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    matRIa

    O Pregoeiro . setembro 2013

    outra parte fica de fora do assento!

    As galinhas assassinas:

    Imputam a mim, Jair Santana, a estria que segue e dizem que eu a inventei. Na verdade a, coisa se passou (de verdade) do modo seguinte.

    Certa cidade (acho que foi na Inglaterra) sofria com o aumento exacerbado da populao de escor-pies. Sabedores de que as galinhas so predadoras dos escorpies, a prefeitura da cidade britnica rea-lizou um certame para a compra das penosas.

    O edital exigia quantidade considervel daqueles animais.

    A surpresa no foi das mais agradveis no instan-te em que o vencedor efetuou a entrega do objeto licitado: a empresa vencedora transportava as gali-nhas em caminho frigorfico, isto , foi entregue frango abatido, congelado, porque o Termo de Referncia no esclarecia que as galinhas deveriam ser entregues vivas.

    Eu soube do caso porque o Promotor de Justia (l na Inglaterra tem outro nome) ingressou com uma ao no frum para responsabilizar os culpados! E me passou cpia de todo o processo.

    As mos das poltronas para auditrio:

    Em um municpio da Holanda, a Secretaria de Sade resolveu adquirir poltronas para o auditrio que acabava de ser construdo.

    O Secretrio municipal instruiu aos servidores do setor de Compras que os mveis deveriam ser de excelente qualidade e com o menor preo.

    Os servidores ento decidiram convidar 03 forne-cedores de empresas do ramo de mobilirio que produziam os melhores mveis da regio para es-pecificar as poltronas.

    O cuidado tomado pelos servidores de chamarem 03 fornecedores para garantir que teriam a me-lhor especificao do mvel, no houvesse direcio-namento para nenhuma e tivesse concorrncia para obter o menor preo.

    Aps todas etapas cumpridas do processo licita-trio, chegou o grande dia para recebimento das

    poltronas no auditrio. A equipe designada para recebimento informou ao setor de Compras que as poltronas estavam de acordo com o especificado, no entanto a prancheta que era embutida tinha o tamanho da palma de uma mo.

    Nossa!!! Como assim? Os servidores tomaram to-dos os cuidados para adquirir um produto de qua-lidade, onde falharam?

    Esqueceu-se de especificar o tamanho da pranche-ta. E o fornecedor vencedor conseguiu apresentar o menor preo, pois, economizou no tamanho da prancheta que no havia sido especificada pela rea de Compras!

    Cadeira de rodas com ar condicionado digital

    O diretor do Hospital Pblico da cidade de Annis-ton, Alabama, solicitou ao setor de Compras para proceder aquisio de 06 cadeiras de rodas para transporte dos pacientes internados para realizao de exames mdicos fora do Leito.

    Smith, um dos servidores de Compras responsvel pelo Termo de Referncia, reuniu-se com o diretor para melhor especificao do objeto e as demais condies de fornecimento.

    Ao sair da sala, o diretor solicitou a Smith para que publicasse o aviso de edital de Licitao o mais urgente possvel. No haveria tempo para mui-tas conversas. Afinal, principalmente nos Estados Unidos, time is money!

    O servidor, apressado, elaborou o Termo de Refe-rncia como podia. Como nunca havia comprado o produto tal, buscou um modelo do aviso de Lici-tao que j havia sido publicado para aquisio de veculos. Afinal, ambos tem rodas.

    Fez bvio - as adaptaes para publicao do extrato do aviso de Licitao, cujo objeto era: ca-deira de rodas.

    Diretor do Hospital em consulta publicao do aviso do edital (no jornal Alabama News Publi-caes de Licitaes) leu o texto repetindo em voz alta:

    Objeto da Licitao: Cadeira de rodas com ar condicionado digital e exclamou:

    - Nossa, j est sendo fabricada cadeira de rodas

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    matRIa

    O Pregoeiro . setembro 2013

    com ar condicionado e ainda com tecnologia DI-GITAL? Smith merece uma promoo!!!!

    Eu gosto sempre de averiguar a veracidade dos fa-tos que chegam ao meu conhecimento. E, por isso, tentei contato telefnico com Smith. Mas fui in-formado que ele foi promovido para uma unidade de pesquisa localizada no Deserto de Lut (no Ir), lugar onde a temperatura chega aos 71C.

    Segundo a telefonista, ele foi mandado para l jun-to com as cadeiras que adquiriu!

    Mobilirio que faz (des)gosto nos funcion-rios pblicos

    Quando me lembro desse Termo de Referncia ,acabo recordando simultaneamente da minha professora de portugus, a Dona Benedita.

    Ela dizia que se errarmos uma vrgula que seja, po-demos causar um transtorno incontornvel para a nossa vida.

    Dona Benedita sempre escrevia no quadro negro (sempre foi verde onde estudei, mas dizamos sei l por qual razo quadro negro) uma frase e nos pedia para colocarmos a vrgula.

    A frase:

    Enquanto o padre pastava o burro rezava!

    A depender da vrgula colocada, os cus cairam sobre as nossas cabeas. Poderamos fazer o padre pastar e o burro rezar!

    Enquanto o padre pastava, o burro rezava!

    Mas, colocando a vrgula no local correto, o cu estava garantido:

    Enquanto o padre pastava o burro, rezava!

    Bom, e o que tem isso a ver com o Mobilirio?

    Se uma vrgula faz uma diferena enorme, imagine que estrago pode causar uma palavra, ou ausncia dela.

    O Termo de Referncia era para adquirir o mo-bilirio completo de uma unidade administrativa inteira. Um prdio de 14 andares. Contratao mi-lionria. Constava que os mveis usados deveriam ser retirados a partir das 18h de sexta-feira, aps

    o expediente. Os novos teriam que ser entregues durante o final de semana para no atrapalhar o expediente.

    Segunda-feira, 8h, incio do expediente, uma ca-tstrofe!

    Algum se esqueceu de dizer que os mveis novos deveriam ser entregues montados!

    A garagem mobiliada

    Determinado rgo pblico precisava adquirir 50 itens de diversos tipos de mobilirio para sua sede, sempre esmerando pela qualidade do objeto. Re-solveu solicitar amostras no Termo de Referncia. Valeu-se da seguinte clusula:

    Da apresentao da amostra:

    Os licitantes interessados em participar deste certame devero apresentar at o dia marcado para a abertura da sesso deste Prego Presen-cial, estipulada no item 1.1 deste edital, amostra do objeto que estar apresentando na sua pro-posta comercial.

    Faltando 05 (cinco) dias teis para a sesso de aber-tura do Prego, 09 licitantes encaminharam amos-tras para a sede da repartio, sendo que cada um deles tinha interesse de participar de, no mnimo, 40 itens.

    O Pregoeiro responsvel em receber as amostras entrou em contato com o setor responsvel pela elaborao do Termo de Referncia e indagou:

    Sr. Albuquerque, no TR no foi informado o local de apresentao da amostra. Nosso ptio de esta-cionamento j no comporta mais mobilirio e os carros dos servidores j no podem mais estacio-nar ali! Como proceder?

    Que problemo eu causei, pensou Albuquerque. E reconheceu o erro ao Pregoeiro que, conhecedor de situaes tais, logo retrucou:

    - Sr. Albuquerque, o problema est s comeando, porque vencidos os 08 dias anteriores ao Prego, as amostras vo parar de chegar. O difcil ser depois! Como que o Sr. vai fazer para devolver esse esta-cionamento de mveis?

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    matRIa

    O Pregoeiro . setembro 2013

    3. IMPORTNCIA DO ASSUNTO: BOM TRATAMENTO DE MATRIA (ERROS)

    Vamos parando por aqui porque os casos de (pou-co) sucesso infelizmente ocorrem com certa frequ-ncia. E, por isso, temos que progredir para deixar boas lies a respeito da tima elaborao do Ter-mo de Referncia.

    No entanto, se voc tem algum conhecido que conhece algum que talvez possa saber de algo do gnero, faa contato. Escreva para [email protected]. Prometemos sigilo absolu-to e preservaremos a fonte, mesmo que o Termo de Referncia esteja na WEB ou no Dirio Oficial... ou, quem sabe, em algum Tribunal de Contas!

    Para evitar o efeito domin ou que o seu TR venha para a 2 edio desta Revista ilustrando o captulo anterior Cases (de nenhum) sucesso vamos avanar no sentido de ensinar o essencial.

    O Termo de Referncia o instituto que se vincu-la modalidade de Licitao denominada Prego; sendo o componente fundamental da etapa prepa-ratria que se vincula s demais fases procedimen-tais refletindo efeitos para todo o ciclo da contra-tao.

    Para isso, imprescindvel que um Termo de Referncia exponha a definio do objeto da contratao de forma clara, precisa e detalhada, a estrutura de custos, os preos praticados no mercado, a forma e prazo para entrega do bem ou realizao do servio contratado, bem como as condies de sua aceitao, deveres do contratado e da contratante, os mecanismos e procedimentos de fiscaliza-o do servio prestado, quando for o caso.

    por isso que, deficincias e omisses no Termo de Re-ferncia, podem conduzir insatisfao quando no, ao verdadeiro fracasso do Prego, com consequente repeti-o, anulao ou revogao.

    Um alto preo pago pelos cofres pblicos por um proce-dimento licitatrio mal elaborado, causado pela desdia,

    falta de conhecimento de um servidor para elaborao de um Termo de Referncia. Por isso, dever da Adminis-trao investir na capacitao e criar mecanismos para o Termo de Referncia.

    Quando a Administrao disponibiliza um edital de Licitao com um Termo de Referncia inadequado, vrios fatores ocorrero na fase externa para retardar o andamento do procedimento licitatrio, ou at mesmo frustr-lo como:

    Apresentao de diversas solicitaes de esclarecimen-tos, impugnaes;

    Propostas apresentadas em dissonncia com o objeto pretendido;

    Desclassificao excessiva de proponentes, requerendo a utilizao do repregoar;

    Reduo da margem de negociao do Pregoeiro, de-corrente de estimativas mal elaboradas;

    Estimativas sem estudos aprofundados ocasionam di-versos itens desertos ou fracassados;

    Ainda, a fase da execuo contratual poder ser afetada como, por exemplo:

    Defasagem nos critrios de fiscalizao contratual;

    Prestao de servios diversos do pretendido pela Admi-nistrao Pblica;

    Pagamentos superestimados, podendo ocasionar ao de improbidade administrativa.

    Por isso, deve a Administrao dedicar um maior cuidado para elaborar o Termo de Referncia, utilizando normas, certificaes e padres de qualidade, definir os objetos de licitaes Pblicas, atentando para os preceitos legais que regem os atos administrativos do Estado, resultando na aplicao eficiente de recursos pblicos para esta finali-dade.

    Se um processo licitatrio executado sem um Termo de Referncia, sem critrios de qualificao mnima sobre o que se deseja adquirir, inevitavelmente a qualidade desta aquisio ser inexistente, pois sem base para comparao, praticamente qualquer produto estar apto para competir no certame. Quando ocorre uma aquisio de m quali-dade, o impacto enorme sobre o errio pblico. Se um determinado produto possui baixa qualidade, a vida til deste ser reduzida ou sequer atender a necessidade de uso, resultando em dispndios e novas contrataes para

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    matRIa

    O Pregoeiro . setembro 2013

    ganizao em que trabalhamos e a concretizar o plano de governo, visto que as metas estratgicas do governo esto vinculadas a execuo de inmeros projetos. (Ver item 6 O Termo de Referncia no Ciclo de Suprimentos).

    Na definio de tal conceito, diz a norma, art.9, inc. II do Decreto Federal n 5450 de 2005, in verbis:

    Art. 9 Na fase preparatria do Prego, na forma ele-trnica, ser observado o seguinte:

    I. elaborao de Termo de Referncia pelo rgo re-quisitante, com indicao do objeto de forma preci-sa, suficiente e clara, vedadas especificaes que, por excessivas, irrelevantes ou desnecessrias, limitem ou frustrem a competio ou sua realizao;

    II. aprovao do Termo de Referncia pela autorida-de competente;

    III. apresentao de justificativa da necessidade da contratao;

    IV. elaborao do edital, estabelecendo critrios de aceitao das propostas;

    V. definio das exigncias de habilitao, das san-es aplicveis, inclusive no que se refere aos prazos e s condies que, pelas suas particularidades, sejam consideradas relevantes para a celebrao e execuo do contrato e o atendimento das necessidades da Ad-ministrao; e

    [...]

    2 O Termo de Referncia o documento que dever conter elementos capazes de propiciar avalia-o do custo pela Administrao diante de oramen-to detalhado, definio dos mtodos, estratgia de suprimento, valor estimado em planilhas de acordo com o preo de mercado, cronograma fsico-finan-ceiro, se for o caso, critrio de aceitao do objeto, deveres do contratado e do contratante, procedi-mentos de fiscalizao e gerenciamento do contrato, prazo de execuo e sanes, de forma clara, concisa e objetiva.

    Para elaborao do Termo de Referncia necessrio, inicialmente, a apurao de uma demanda da Admi-nistrao. preciso parametrizar as necessidades, defi-nir os quantitativos (unidade, durao, periodicidade), examinar o cenrio mercadolgico, adequar a demanda s tecnologias vigentes e verificar a disponibilidade or-

    suprir a compra ineficiente.

    Assim sendo, o Termo de Referncia, de acordo com as normas vigentes, alm de ter sua existncia corporificada em um dado documento, deve ter sua aprovao motiva-da. (ver item 7 b - Justificativa da necessidade).

    Devido a importncia do Termo de Referncia deve a Administrao se atentar que este um fator multidisci-plinar, ou seja, o setor de Compras no capaz de definir o objeto a ser licitado considerando todos seus fatores: esta uma responsabilidade da rea envolvida na aqui-sio.

    O setor de Compras no possui capacidade para deter-minar condies tcnicas do objeto a ser licitado e sem a participao efetiva de tcnicos das diversas reas da Ad-ministrao Pblica, a elaborao eficiente de um Termo de Referncia no ser possvel.

    A elaborao multissetorial do Termo de Referncia tem efeitos de suma importncia: promove o engajamento dos diversos setores da unidade administrativa e, conse-quentemente, o aprimoramento das atividades respecti-vas. Disso, naturalmente decorre at mesmo um aumento de competncias dos servidores envolvidos nessa tarefa.

    Destaca-se que a efetividade de um Termo de Referncia s pode ser alcanada com a partilha de responsabilidade e a interao que o trabalho em conjunto gera, como se v, so fatores positivos na busca das metas no apenas relativas ao produto da Licitao e do contrato, mas tam-bm quelas ligadas gesto administrativa.

    4. O QUE O Termo de Referncia?

    O Termo de Referncia antes de tudo, o documento nico ou composto por vrias partes e outros componen-tes, dependendo da metodologia ou do elaborador - atra-vs do qual o requisitante esclarece e detalha o que real-mente precisa adquirir ou contratar, trazendo definio do objeto, oramento detalhado de acordo com os preos estimados de mercado, mtodos, estratgias de supri-mentos, cronograma, retratando os planejamentos ini-ciais da Licitao e da contratao, definindo seus ele-mentos bsicos.

    um instrumento de gesto estratgica. uma poderosa ferramenta que pode ajudar a alcanar os objetivos da or-

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    matRIa

    O Pregoeiro . setembro 2013

    amentria, tudo aderente ao planejamento da unidade compradora.

    Torna-se premente ainda, verificar se h riscos, com a fi-nalidade de extingui-los, identificar os resultados preten-didos, escolher o meio para se chegar ao fim pretendido e as metas a serem atingidas pela Administrao.

    A estruturao de um Termo de Referncia segue por tex-to onde se exprima explicitamente, e sem obscuridade, a definio deste produto a ser executado, a forma como ele deve ser executado juntamente com o seu prazo de execu-o, o custo total necessrio para a realizao do produto e critrios legtimos de avaliao de pessoa hbil para a execuo do produto.

    Dessa forma, o Termo de Referncia permitir a quem quer que seja aferir a real pretenso do Poder Pblico por uma dada tica. E no apenas isso: simplificar tambm a elaborao de eventual proposta pelo fornecedor.

    5. OBRIGATORIEDADE E NORMAS REGENTES

    O Termo de Referncia um documento obrigatrio em virtude da normatizao do Prego e, em virtude da regu-lamentao do Prego Presencial e Eletrnico, por meio de seus decretos, enquanto antecedente desta modalida-de.

    Entretanto, a existncia de uma prvia e completa espe-cificao do objeto a ser contratado pela Administrao Pblica como requisito essencial Licitao foi introdu-zida na legislao brasiLeira com a edio do Decreto-Lei n 200, de 25 de fevereiro de 1.967:

    Art. 139. A Licitao s ser iniciada aps definio suficiente do seu objeto e, se referente a obras, quando houver anteprojeto e especificaes bastantes para perfei-to entendimento da obra a realizar.

    J o Decreto-Lei n 2.300, de 21 de novembro de 1986, manteve a exigncia, referindo-se necessidade de especi-ficao completa e suficiente do objeto para obras e servi-os (art. 6) e para Compras (art. 13):

    Art. 6 As obras e os servios s podem ser licitados, quando houver projeto bsico aprovado pela autorida-

    de competente, e contratados somente quando existir previso de recursos oramentrios.

    Art. 13. Nenhuma compra ser feita sem a adequada caracterizao de seu objeto e indicao dos recursos fi-nanceiros para seu pagamento.

    Cabe aqui informar que o art. 139 do Decreto-Lei 200/67 foi revogado pelo Decreto-Lei 2.300/86 e, este, por sua vez, foi revogado pela Lei 8666/93.

    A Lei Geral de Licitaes de 1993 (LGL), seguindo na mesma esteira, exigiu que o objeto da contratao Pblica fosse prvia e, suficientemente especificado, mantendo a exigncia da existncia do Projeto Bsico para as obras e servios (art. 7) e referindo-se somente especificao adequada do objeto no caso das aquisies.

    At o advento da Lei do Prego, a legislao nacional nunca tinha mencionado o documento chamado Termo de Referncia. Somente com a Lei n 10.520/2002 que esse documento passou a ser exigido para instruir aquela modalidade, documentando pormenorizadamente a es-pecificao do que se pretende contratar.

    obrigatria no apenas a sua elaborao, mas tambm a sua aprovao. Ou seja, no basta possuir Termo de Re-ferncia na etapa preparatria. Indispensvel que ele seja efetivamente aprovado pela autoridade competente.

    Normas regentes:

    No existe na Lei geral do Prego Lei n 10.520/02) men-o expresso Termo de Referncia. A Lei do Prego (Lei 10.520/02) no cuida expressamente do Termo de Referncia, embora possamos inferir da sua imprescin-dibilidade quando tratamos da etapa de preparao do processo. Foram os decretos que regulamentaram a Lei do Prego que disciplinaram a matria.

    As principais normas que amparam a elaborao do Ter-mo de Referncia so:

    Lei n 10.520/02 - art. 3, I a III (Lei Geral do Pre-go);

    Decreto n 3.555/00 (art. 8 I ao IV) Decreto Fede-ral do Prego Presencial;

    Decreto n 5.450/05 (art. 9 I ao V, e 1 e 2) Decreto Federal do Prego Eletrnico;

    Instruo Normativa n 06/13, art. 32, Anexo I,inc. XV;

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    matRIa

    O Pregoeiro . setembro 2013

    Instruo Normativa n 04/08 do MPOG (arts. 10, V e 17);

    Decreto n 7581 (art. 4 inc. VII) VIIDecreto Fe-deral do Regime Diferenciado de Contratao - RDC.

    Importante salientar que as normas acima so de mbito federal e nada impede que a Administrao discipline in-ternamente a matria de maneira a guiar a aquisio do rgo, levando em considerao suas peculiaridades.

    6. O Termo de Referncia NO CICLO DOS SUPRIMENTOS

    Os gastos pblicos expressam a principal pea de atuao dos governos, por meio do qual podem ser evidenciadas as prioridades adotadas, no que se refere s prestaes de servios pblicos e aos principais investimentos a serem realizados no governo.

    Em termos um pouco mais simples, as demandas da So-ciedade, capturadas por intermdio de procedimentos que desinteressam a este estudo, so catalisadas nos pla-nos de intenes governamentais integrantes do processo poltico-eLeitoral.

    Uma vez que ocorre a consagrao do plano governamen-tal nas urnas, o prximo passo ser densificar aquilo tudo por meio das aes corretas.

    Sade, Educao, Segurana Pblica, dentre incontveis outros, so eixos que recebero aportes oramentrios e financeiros para que o ciclo atendido das demandas so-ciais tenha incio.

    Para isso, os governantes realizam um planejamento go-vernamental que correspondente ao processo de escolha de meios e objetivos para resolver problemas socialmente identificados por eles em determinado contexto em prol da sociedade.

    A Constituio Federal de 1988 (art. 165) estabeleceu que esse planejamento deva ser consolidado a partir de trs instrumentos:

    Plano Plurianual Plano Plurianual de Ao PPA[1],

    [1] No caso de Minas Gerais tem-se o PPAG Plano Plurianual de Ao

    Lei de Diretrizes Oramentrias - LDO e

    Lei de Oramento Anual - LOA.

    Nunca demais esclarecer um pouco mais o que isso ve-nha a ser para que o Leitor possa estabelecer uma necess-ria conexo com os temas TR e Licitao.

    Estas trs Leis estabelecem o planejamento de mdio e curto prazo dos governos. Por meio dessa ferramenta, evita-se que as intervenes do Estado na sociedade se-jam determinadas por circunstncias fortuitas ou exter-nas, mas sim as tornando fruto de decises previamente estabelecidas.

    Dessa forma, o governante expe detalhadamente no PPA os programas e aes de governo (consolidando as polticas Pblicas), o que inclui metas fsicas e financeiras, objetivos, produtos a serem entregues, pblico-alvo, den-tre outros atributos de cada um dos programas.

    No PPA h a necessidade de se especificar com clareza

    Governamental que deriva do PMDI - Plano Mineiro de Desenvolvim-ento Integrado que estabelece macro diretrizes para o setor pblico em um horizonte maior do PPAG.

    DIRE

    ITO

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    os recursos que iro financiar cada ao e as despesas que sero realizadas no mbito de cada uma delas. Esta especi-ficao elaborada por meio da Lei Oramentria Anual (LOA), que tem por funo bsica detalhar os valores (re-ceitas e despesas) definidos para o conjunto de programas e aes do PPA.

    A LOA corresponde ao programa de trabalho anual do governo. Para tanto, ela detalha os valores da despesa, bem como estima os valores da receita, que daro suporte execuo dos programas de governo.

    Por fim, a Lei de Diretrizes Oramentrias funciona como um intermedirio entre o PPA e a LOA, estabele-cendo, dentre outros assuntos, para o perodo de vigncia da LOA, quais programas e aes do PPA sero priorida-de. Define, ainda, o conjunto de regras para a elaborao do oramento e as metas fiscais (projeo das receitas e despesas totais).

    A partir da LOA, o rgo/entidade poder elaborar um planejamento estratgico de Compras para consecuo das atribuies e competncias da Administrao do Es-tado, com vistas a obter a proposta mais vantajosa e qua-lidade do gasto pblico.

    Com a base de dados do planejamento, surge o primei-ro input para iniciar o processo interno da Licitao dos rgos: informaes dos bens, servios e obras a serem contratados (identificao da necessidade).

    Os rgos devem realizar uma anlise aprofundada de todas as demandas com o objetivo de definir o melhor procedimento licitatrio (Prego Presencial, Eletrnico, Cotao Eletrnica de Preos, Concorrncia, Tomada de Preos, Convite, Dispensa de Licitao, Inexigibilidade) a ser utilizado para a contratao Pblica. Ainda, poder ser determinado se a melhor forma de contratao ser por meio do Sistema de Registro de Preos, que proporciona ganhos em escala para a Administrao Pblica.

    Nesta etapa, devero ser desenvolvidas estratgias para as contrataes com base em pesquisas sobre as despesas j efetuadas e previstas (quais produtos foram adquiridos, em que quantidades, quais fornecedores).

    Esta informao constituir aquilo que se chama o per-fil de Compras da entidade; o nvel de risco associado cada categoria de itens adquiridos. Quais os principais fornecedores; qual o impacto das atividades de compra nos principais mercados fornecedores e qual o melhor modelo de fornecimento.

    Com base nas respostas da pesquisa que se elabora o Termo de Referncia, explicitando o conjunto de infor-maes necessrias aquisio/contratao que almeja realizar, estabelecendo os elementos indispensveis for-mulao das propostas pelos interessados em participar da Licitao.

    O TR servir de insumo para elaborao do edital de Li-citao. O edital o instrumento convocatrio que tem a finalidade de informar as condies mnimas em que a Administrao deseja adquirir ou contratar o determina-do bem ou servio e as demais previses legais.

    Sero elaborados tambm, os anexos do edital de Licita-o, que faro parte integrante do mesmo como, minuta de contrato, conforme o caso, normas de execuo perti-nentes Licitao, de acordo com as legislaes vigentes.

    Encerrando-se os trabalhos da fase interna inicia-se, en-to, a fase externa da Licitao, com a publicao do avi-so de Licitao convocando os fornecedores interessados que possuam as condies definidas a participarem do procedimento licitatrio.

    Aps a transcorrncia dos ritos processuais para a escolha dos licitantes que apresentaram a melhor e menor pro-posta para a Administrao, formalizado um contrato para prestao de servios, fornecimento de bens ou exe-cuo da obra.

    Fechando o ciclo da gesto dos suprimentos fundamen-tal que se defina um processo de controle e monitora-mento das atividades para verificao se as mesmas foram atendidas em consonncia com o planejado.

    Para isso, o desempenho institucional dever ser definido por meio de indicadores, que sero elaborados em con-formidade com a cadeia de suprimentos, para os quais devero ser estabelecidas metas a serem atingidas.

    Os indicadores podem ser de:

    Indicadores de eficincia: Observao do resultado obtido com a execuo das aes do programa mediante o estabelecimento da relao entre produtos obtidos e re-cursos materiais, humanos e financeiros aplicados.

    Indicadores de eficcia: Observao do resultado ob-tido com a execuo das aes do programa, mediante o estabelecimento da relao entre metas atingidas, objeti-vos propostos e alcanados.

    Indicadores de impacto - Visa mensurar a efetividade social do programa, com foco nas mudanas sociais pro-

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    duzidas e, portanto, para alm dos beneficirios diretos da ao Pblica, o cidado.

    Com isso, deve se ter em mente que as aquisies gover-namentais nunca devem ser reduzidas a procedimentos formais, simples ou complexos, concatenados e sequen-ciados, que visam o mero adquirir despregado de outras dimenses exgenas.

    Ademais, a governana Pblica consiste em um Con-junto de aes sistmicas, compartilhadas, sincronizadas (entre governo, sociedade e mercado), executadas de ma-neira eficaz e transparente, visando solues inovadoras para as demandas comunitrias dentro de ambiente do qual resulte possibilidades para o desenvolvimento huma-no sustentvel.

    7. O QUE DEVE CONTER O Termo de

    Referncia?No existe uma nica frmula pronta e definitiva para a composio do TR. O fato se deve a multiplicidade de objetos (bens, servios) a serem adquiridos. Quanto mais for organizada a Unidade Administrativa, com Catlogo de Materiais e Servios, que esteja atualizado, menor ser o esforo.

    Abaixo sero definidos alguns itens bsicos para a com-posio de um TR:

    a. Identificao da necessidade

    Um processo de Licitao para aquisio ou contratao na modalidade de Prego, em um rgo ou entidade da Administrao Pblica, inicia-se com a identificao de uma necessidade que este possui em adquirir ou contratar determinado bem ou servio.

    preciso sempre pensar na necessidade com alternativas de suprir determinadas demandas. Exemplo: micro com-putador ou um Notebook? Comprar ou alugar? Prs e contras?

    Outro exemplo que podemos citar papel. Por que au-menta a compra ao invs de reduzir. Vrias polticas P-blicas de sustentabilidade esto sendo aplicadas nas aqui-sies, o que se pode cortar de gasto com folhas de papel?

    Jurisprudncia:

    Acrdo n 1.099/10, Plenrio, Processo n 007.563/2010-8, Rel. Ministro Benjamin Zymler: a gesto administrativa demanda maior respeito por parte dos administradores [...], pois a lgica geren-cial est invertida. Primeiro, deve-se planejar o que comprar, quanto comprar, quando comprar e qual o preo a pagar.

    b. Justificativa da necessidade

    Ato pelo qual a Autoridade Competente descrever o ob-jeto a ser licitado e a sua importncia em relao satisfa-o do interesse pblico envolvido.

    Deve ser explicado porque a Administrao precisa da-quela contratao. No deve ser uma justificativa gen-rica.

    Essa manifestao de vontade[2] deve ser exteriorizada e materializada em um documento escrito, o qual deve-r conter, como requisito mnimo, a indicao do setor requisitante, a descrio sucinta e clara do objeto que est sendo requisitado, as razes de interesse pblico que ensejaram a requisio, o valor estimado do objeto pre-tendido, o endereamento autoridade competente para deliberao, a data e a assinatura do requisitante.

    Princpio da Motivao

    Finalidade Pblica interesse comum

    Realidade ftica - necessidade do item vantagens

    Questes

    O qu?

    Por qu?

    Para qu?

    [2] Eu me sinto inclinada a comprar um objecto, que vi e do qual me convm ser proprietrio. Resisto ou logo cedo ao impulso do desejo, que me arrasta para o objecto, discuto as vantagens e desvantagens da obteno, e, afinal, minha vontade, cedendo soLicitao dos motivos mais fortes, da vae a traduzir-se em acto.Supondo que venceu o desejo de possuir o objecto em questo, comeo a externar a minha volio, propondo, algum que possue o que ambiciono, que se resolva a mo ceder. Na mente desse algum, suscitar a minha proposta as mesmas phases da elaborao psychca , porque o pensamento passou em meu esprito, at que sua vontade convirja ou no para o ponto que estacionou a minha. Se convergir, ser nos-sos interesses, ou o que se nos afigura tal, realizaram meu encontro harmnico, acham-se em congruncia actual. Para mim era mais til, no momento, possuir o objecto em questo do que a soma a desembolsar ou o servio a prestar; para o possuidor do objecto, era mais vantajoso do que possu-lo receber o que eu lhe oferecia. Com manifestao e divergncia de nossa vontade inica-se o contracto. (Cf. BEVLQUIA. Direito das obrigaes, p.225.)

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    Para quem?

    Dessa forma, as justificativas devem contemplar as razes de fato e de direito que fundamentam a demanda dos produtos ou do servio que se espera com a contratao.

    Essa fundamentao dever retratar alm da convenin-cia, necessidade e oportunidade, os fins que se pretende alcanar e os impactos positivos para a Administrao, seus servidores e para o cidado, se houver.

    c. Definio do Objeto:

    O objeto (um bem ou servio comum) dever ser apre-sentado no edital com exatido, por meio de todas as ca-ractersticas que o identifiquem, num verdadeiro trabalho descritivo (precisa), para que seja possvel a sua verificao e, consequentemente, o estabelecimento de seu preo (su-ficiente), no havendo dvidas com relao ao que dever ser ofertado (clara).

    H um paradoxo quanto da descrio do objeto, de forma clara, precisa, e sucinta (alnea a, inc. III art. 8, Decreto 3.555/00). Ser sucinto dizer pouco, to so-mente o essencial. Mas, como ser sucinto a um s tempo, sem detalhar ou esmiuar efeitos e condies que acabem por violar a competio?

    H um plano da natureza, uma forte necessidade da re-dundncia para se clarificar a expresso simblica de um objeto qualquer.

    Acrescente-se, ainda, que o conceito de comum no est na estrutura simples do bem, nem a estrutura complexa razo suficiente para retirar do bem sua qualificao de bem comum.

    Jurisprudncia:

    TJDF Apelao Cvel 20080111152208, Rel. Des. Mario-Zam Belmiro, j. em 01.09.2010: Servi-o comum envolve a presena de duas caractersticas fundamentais: a disponibilidade e a padronizao. Disponvel o servio que tem a possibilidade de ser fornecido a qualquer tempo, em face da existncia de uma atividade empresarial estvel; a padronizao significa que as qualidades e atributos do servio so precedentemente definidas e de modo uniforme.

    Na especificao devero ser definidos as especificaes tcnicas e os parmetros mnimos de desempenho e qua-lidade.

    Conhecimento do objeto:

    A que serve?

    H alternativas para a demanda? Ela pode ser suprida por outro modo?

    Onde ser utilizado?

    Quais so suas caractersticas?

    Quais defeitos que costuma apresentar?

    Esse objeto j foi adquirido anteriormente? Quais pro-blemas ele apresentou?

    H diferena de qualidade em virtude do material com que fabricado?

    Quantas marcas existem no mercado?

    Atividade de pesquisa:

    Ouvir a unidade requisitante;

    Comparar catlogos de fabricantes;

    Efetuar pesquisas na internet;

    Visitar locais que vendem o objeto;

    Ouvir fornecedores;

    Verificar a execuo do servio num local em que ele j exista;

    Manter contato com outros rgos pblicos que j con-trataram o mesmo objeto;

    Obter editais de outros rgos.

    Jurisprudncia:

    TCU, Acrdo 217/2007, 2. Cmara, Processo TC-010.110/2004-9. Rel. Min. Aroldo Cedraz - licito Administrao Pblica efetuar pesquisas na internet e utilizar-se de outros rgos que j procederam ou-tras licitaes como referncia para suas prprias. igualmente lcito que empresas interessadas em con-tratar com a Administrao procurem seus respons-veis e apresentem modelos de contratao, dados de outras licitaes e de suas empresas para fins de venda de produtos e servios. Cabe ao gestor efetuar juzo da legalidade das propostas, avaliar a necessidade de Licitao, bem como a convenincia e oportunidade de contratar tais servio, tudo isso atentando para o interesse pblico.

    Importante:

    Com o advento da modalidade de Licitao Prego, o

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    fornecedor passou a ser um parceiro da Administrao Pblica, no entanto, com interesses opostos: ele quer ven-der e a Administrao que comprar.

    Para fazer a sua venda, ningum melhor que o represen-tante do fornecedor para conhecer do objeto que a Admi-nistrao deseja comprar.

    Com isso, no tenha receio em procurar ajuda a eles para especificar o objeto que a Administrao deseja adquirir. No entanto, tenha cautela, no convide apenas um, con-vide fornecedores para obter maiores conhecimentos e especificar o objeto para no implicar em conluios.

    Aspectos intrnsecos e extrnsecos do objeto da Li-citao:

    O objeto da Licitao deve expressar os seus elementos intrnsecos e extrnsecos, permitir, ainda, uma exata com-preenso de suas outras dimenses (exemplo: quantitati-vas, econmicas, etc.).

    Entende-se, por elementos intrnsecos, todos os requisi-tos que digam forma de ser e existir do objeto. A descri-o minuciosa de tudo que antes dele existe para torn-lo tal como (requisitos), tudo o que o compe e tudo o que o constitui como tal (elementos).

    J os requisitos e elementos extrnsecos dizem respeito a como este objeto se relaciona com o tempo, com o espa-o, com o lugar, com outros objetos e com o sujeito da ao.

    d. Oramento (pesquisa de preos ou precificao)Lei 10.520/02, art.3, III.

    Dever ser elaborada planilha de custo, com o preo uni-trio e global estimados para cada item (mesmo quando se tratar de julgamento pelo valor global do lote e que no conste do edital de Licitao).

    Para isso, sero realizados, via de regra, pelo menos trs oramentos precisos junto s empresas do ramo do objeto a ser licitado para obter o preo mdio que constar do Pedido de Compras, bem como do Termo de Referncia, se for o caso.

    O oramento um importante aspecto no Termo de Re-ferncia, contudo no apenas na modalidade de Prego que indispensvel fazer o dimensionamento econmico do objeto, como se pode observar pela Leitura do artigos 7, 14, e 40 2 da Lei n. 8.666/93. Em se tratando de oramento, nem a Lei 8.666/93 nem a Lei n.10.520/02,

    definiram rotinas especficas para realiz-lo.

    Na realidade, como no h norma especfica, cada uni-dade administrativa realiza de um jeito o oramento para tomar como referencial, no se sabe se na realidade o oramento detalhado se refere a um, dois ou trs ora-mentos para tomar como referencial do preo mximo ou mdio.

    Apesar da confuso e da diversidade administrativa, na prtica o oramento deve revelar o preo de mercado para que a Administrao no gaste demasiadamente.

    Lembre que valor orado uma referncia para guiar a aquisio. H quem o transforme em um limite mximo e tal procedimento nem sempre salutar.

    O oramento detalhado evita o superfaturamento, guia a execuo do oramento pblico em consonncia com a Lei n.4.320 de 1.964, ou seja, alm de referenciar o preo de mercado, o oramento estimado ou referencial dar consistncia execuo do oramento pblico.

    O Tribunal de Contas da Unio j se manifestou por meio da deciso n.627/99 plenria A ideia de um m-nimo de trs propostas se fundamenta na definio que a norma adjudica modalidade convite. Acrdo TCU n.335/2007 um dever a verificao de modo criterioso tendo em vista o princpio da moralidade administrativa.

    A Lei de Prego regulamenta em seu artigo 3, inc. III, que o oramento detalhado deve integrar o procedimento, no entanto tornou obrigatria a sua divulgao no instru-mento convocatrio como nas demais modalidades de Licitao estipuladas pela Lei n.8.666 (art.40, 2, II).

    O Tribunal de Contas da Unio entende que a publicida-de ou no dos oramentos deciso que cabe Adminis-trao, assim a liberdade ou faculdade algo que deve ser bem manejado na conduo do procedimento.

    Jurisprudncia:

    TCU - AC-5.263/2009 2. Cmara Pois bem, o Decreto 3.555/00, que aprova o regulamento para a modalidade de Licitao Prego para aquisio de bens e servios comuns no mbito da Unio, exige o documento intitulado Termo de Referncia, obri-gatrio no procedimento licitatrio, mas no no ins-trumento convocatrio (edital). Claramente, no h nos normativos mencionados acima (Lei 10.520/02 e Decreto 3.555/00) exigncia formal para que o Ter-

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    mo de Referncia, o qual contm oramento detalha-do, acompanhe o edital, seja na forma de anexo ou no. O que h disposio expressa para que haja o Termo de Referncia, no qual necessrio constar, entre outros, o oramento detalhado, conforme trans-crio acima. Como no h qualquer vedao expres-sa em sentido contrrio, a interpretao plausvel a de que caber ao rgo licitante a deciso de fazer constar ou no o Termo de Referncia no edital, e, consequentemente, o oramento.

    Algumas dicas para realizar oramentos:

    Somente faa pesquisa com a definio correta do ob-jeto, o que inclui tambm quantidade, condio de en-trega e forma de pagamento pois essas variaes podem resultar em oscilao de preo;

    Seja o mais preciso possvel nas informaes quando as condies so muito extensivas, o fornecedor baliza seu preo com a pior Estimava;

    Evite buscar oramento junto aos fabricantes se, pelo quantitativo, sua Licitao for atraente apenas para vare-jistas. E vice-versa.

    Cuidado com preos obtidos em sites de comrcio Eletrnico, pois suas condies geralmente so diferentes das propostas pela Administrao. Alm disso, h que se calcular o frete;

    Caso queira utilizar preos e atas de outros rgos, procure aqueles que apresentem condies semelhantes ao que se pretende;

    Utilize seu prprio banco de dados para verificar o preo do objeto. Veja quanto voc pagou por esse pro-duto da ltima vez e quando isso aconteceu. Essa ao tambm ser til para voc verificar se os oramentos no esto superfaturados (fato, alis, muito comum).

    e. Verificar disponibilidade oramentria

    A indicao dos recursos oramentrios pelos quais corre-ro as despesas decorrentes da Licitao.

    A abertura do processo licitatrio est condicionada a in-dicao dos recursos oramentrios pelos quais correro as despesas decorrentes da Licitao, quando dever ser solicitada ao setor competente de liberao da cota ora-mentria, bem como, a efetiva garantia da reserva finan-ceira. (Lei de Responsabilidade Fiscal LC101/00 art.16 em especial).

    A estimativa do impacto oramentrio-financeiro e a de-

    clarao do ordenador de despesa, tratadas na Lei de Res-ponsabilidade Fiscal (LRF), constituem condio prvia tanto para o empenho da despesa quanto para a Licitao destinada ao fornecimento de bens, execuo de obras ou prestao de servios.

    H divergncia sobre a correta interpretao do art. 16 da LRF. Sob outra linha de pensar, as providncias aludidas pelo referido dispositivo somente devem ser exigidos para as despesas de Capital, na simbologia oramentria, sen-do desnecessrios para os demais.

    O raciocnio simples: em no havendo criao, expan-so ou aprimoramento da ao governamental no h o que se falar em incidncia do art. 16.

    Vamos a um exemplo: licitar uma obra destinada Edu-cao (uma escola) uma coisa. Pensar que, concluda a escola, despesas continuadas e rotineiras viro, coisa diversa (equipamentos, pessoal, manuteno). O art. 16 ser para isso, nunca para uma simples compra de papel A4.

    Para a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), considera-se adequada com a Lei oramentria anual, a despesa objeto de dotao especfica e suficiente, ou que esteja abrangida por crdito genrico, de forma que somadas todas as des-pesas de igual espcie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, no sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exerccio; compatvel com o plano plurianual e a Lei de diretrizes oramentrias.

    Jurisprudncia:

    Acrdo 1085/2007 Plenrio: O TCU determinou a rgo jurisdicionado, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei no 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno, que fizesse constar de todos os processos licitatrios referentes a criao, expanso ou aperfeioamento de ao governamental, em cumpri-mento ao art. 16 da Lei de Responsabilidade Fiscal:

    estimativa do impacto orcamentrio-financeiro do empreendimento no exerccio em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes, acompanhada das pre-missas e da metodologia de calculo utilizadas;

    declarao do ordenador de despesas de que o au-mento tem adequao oramentria e financeira com a Lei Oramentria Anual e compatibilidade com o Plano Plurianual e com a Lei de Diretrizes oramen-trias.

    Acrdo 883/2005 Primeira Cmara (Voto do Mi-

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    nistro Relator): As despesas ordinrias e rotineiras da Administrao Pblica, j previstas no oramento, destinadas manuteno das aes governamentais preexistentes, prescindem da estimativa de impacto oramentrio-financeiro de que trata o art. 16, inci-so I, da Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei Comple-mentar no 101/2001.

    f. Condies de garantia ou assistncia tcnica do ob-jeto

    Todo objeto particular, e, portanto cada qual deve ter um prazo de garantia prpria ou decorrente do CDC - Cdigo de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90).

    O termo de garantia e assistncia tcnica do bem, garante os produtos adquiridos pela Administrao, contra defei-tos de material e mo de obra, desde que mantido em condies normais de uso e manuteno.

    Acerca da garantia dos produtos, o TCU orienta:

    Em caso de equipamentos, o prazo mnimo de garantia usual do fabricante, quando solicitada, deve ser definida pela Administrao no ato convocatrio, observando-se que:

    No se deve solicitar garantia superior ao prazo de uso real do equipamento, a exemplo de produtos de inform-tica, constantemente aprimorados em sua tecnologia, por ser ato antieconmico;

    Em princpio, a garantia ofertada pelo fabricante prestada, sem nus adicional, para o rgo ou entidade licitadores;

    Geralmente, prazo de garantia superior quele ofereci-do pelo fabricante eleva o custo do produto.

    g. Forma de apresentao da proposta e suas condies

    Cabe ao licitante encaminhar a proposta de preos com a descrio do objeto e o preo apresentando o valor uni-trio ou global do item de acordo com o Termo de Re-ferncia.

    No preo ofertado devero ser inclusos os tributos, fretes, tarifas e as despesas decorrentes da execuo.

    A Lei Federal n.10.520/02 no se atm a aceitao ou no de preos praticados acima do mercado. Contudo, subsidiariamente, a Lei n. 8.666/93 estabelece em seu artigo 40, X a possibilidade de fixao de preo mximo no edital.

    Logo, se o dispositivo citado permite a fixao do preo

    mximo no edital, adotar tal prtica medida que deve ser bem avaliada.

    Quanto inexequibilidade das propostas, a Lei Federal n.10.520/02 no prescreve norma alguma. Assim, no-vamente a Lei Geral merece destaque, cabendo Admi-nistrao deixar claro no edital que os valores devem ser compatveis com os preos praticados no mercado sob pena de desclassificao, conforme o inciso IV do artigo 43, o 3 do artigo 44 e o inciso II do artigo 48; o que a Administrao jamais pode deixar de fazer se recusar a apurar a inexequibilidade dos preos.

    h. Prazo de validade da proposta:

    O prazo de validade das propostas dever ser de 60 dias, ou outro, desde que estipulado no edital de Licitao.

    Se, por motivo de fora maior, a adjudicao no puder ocorrer dentro do perodo de validade da proposta vence-dora, e caso persista o interesse no objeto licitado, a Ad-ministrao poder solicitar prorrogao dessa validade. A prorrogao de prazo de propostas somente ser vlida se houver aceitao expressa do licitante, documentada nos autos.

    Decorrido o prazo de validade da proposta, contado da data prevista para abertura dos envelopes Documenta-o e Proposta, sem soLicitao para prorrogao da validade ou convocao para assinatura do termo contra-tual ou recebimento de documento equivalente, ficam os concorrentes liberados dos compromissos assumidos.

    Jurisprudncia:

    Acrdo 2167/2008 Plenrio (Sumrio) dever da Administrao publica, sempre que se mostrar demo-rada a tramitao do processo licitatrio pertinente, obter das empresas envolvidas a prorrogao do prazo de validade de suas propostas pelo tempo necessrio, podendo, no entanto, a conduta do gestor faltoso nesse dever, ausentes elementos que demonstrem a m-f ou a omisso desidiosa e injustificada, ser ate-nuada pela presuno de manuteno das propostas por parte das empresas, por serem elas as principais interessadas na contratao.

    i. Prazo de Entrega e Pagamento:

    Dever ser definido o prazo para a entrega do bem e como se daro os pagamentos durante a execuo do respectivo contrato (mensal ou aps a entrega).

    Sendo a entrega parcelada, dever ser informado a quan-tidade de parcelas e o quantitativo estimado em cada par-

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    cela.

    O pagamento no poder ser antecipado, conforme regu-lamentado nos artigos 62 e 63 da Lei n.4.320/64 e art.40, 3, 55, III e 65, II, c da Lei n.8.666/93.

    As condies de pagamento, ainda devero observar as regras do art. 5 e seu 3, e no inciso XIV do art. 40, da Lei Federal 8.666/93.

    j. Cronograma fsico-financeiro:

    O cronograma fsico-financeiro dever definir como o servio ser executado em etapas, compatibilizando o va-lor a ser desembolsado pela contratante ao estgio em que se encontra a servio, ou para o fornecimento de bem.

    Imperiosa se faz a elaborao do cronograma para a per-feita quantificao dos materiais, equipamentos e servi-os, a fim de evitar aditamentos de contratos. Nele devem estar previstas todas as etapas do servio.

    k. Condies de habilitao- (inc. XIII do art. 4 da Lei n.10.520/2002):

    Na modalidade Prego, as exigncias habilitatrias deve-ro ficar restritas ao indispensvel devendo ser as mnimas possveis, em conformidade com o objeto da Licitao, o prazo de execuo de contrato, e o valor estimado para a contratao.

    Isso muito importante. O Prego veio para desburocra-tizar e, por isso, o art. 4, XIII, foi feliz em dar a diretriz da exigncia mnima.

    Habilitao Jurdica - documentos exigidos no art.28 da Lei 8.666/93

    A documentao relativa habilitao jurdica, conforme o caso, consistir em:

    I - cdula de identidade;

    II - registro comercial, no caso de empresa individual;

    III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devidamente registrado, em se tratando de sociedades comerciais, e, no caso de sociedades por aes, acompanhado de documentos de eLeio de seus administradores;

    IV - inscrio do ato constitutivo, no caso de socie-dades civis, acompanhada de prova de diretoria em exerccio;

    V - decreto de autorizao, em se tratando de empresa ou sociedade estrangeira em funcionamento no Pas, e ato de registro ou autorizao para funcionamento

    expedido pelo rgo competente, quando a atividade assim o exigir.

    Regularidade fiscal e trabalhista- documentos exi-gidos no art.29 da Lei 8.666/93

    A Regularidade fiscal verifica a situao da licitante peran-te o Fisco por meio de Certides Negativas de Dbito ou Certides Positivas com Efeito de Negativas. Abrange os seguintes documentos, conforme o caso:

    inscrio no Cadastro Nacional de Pessoa Jurdica (CNPJ);

    inscrio estadual ou municipal (se houver);

    regularidade para com a Fazenda Federal;

    regularidade para com a Fazenda Estadual;

    regularidade para com a Fazenda Municipal;

    regularidade para com a Seguridade Social;

    regularidade para com o Fundo de Garantia por Tempo de Servio FGTS;

    Regularidade Trabalhista

    A Lei 12.440 de 08 de julho de 2011 instituiu a certido negativa de dbitos trabalhistas

    Art. 27, inc. IV Regularidade fiscal e trabalhista,

    Art..29, inc. V prova de inexistncia de dbitos traba-lhistas para com empregados e desempregados, mediante a apresentao de certido negativa expedida por rgo competente da Justia do Trabalho, nos termos do ttulo VII-A da Consolidao das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei 5.452, de 10 de maio de 1943.

    A expedio da certido gratuita, por meio Eletrnico, e o seu prazo de validade de 180 dias.

    Orientao do Ministrio do Planejamento, Ora-mento e Gesto

    Caso haja na fase de habilitao do processo de Licitao mais de uma certido negativa de dbitos trabalhistas CNDT vlida, expedida dentro do prazo de 180 dias, prevalecer a mais recente.

    Habilitao Tcnica - documentos exigidos no art.30 da Lei 8.666/93

    A capacidade tcnica constitui em analisar se a empresa possui requisitos profissionais e operacionais para execu-tar o objeto a ser licitado, podendo ser verificado por, no

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    mximo, os seguintes documentos, definidos conforme o caso:

    O vnculo da licitante com entidades profissionais, con-forme o caso;

    A comprovao de aptido da licitante capacidade tcnico-profissional x capacidade tcnico-operacional;

    A indicao pela licitante das instalaes, aparelhamen-to e pessoal tcnico adequados e disponveis - declarao de disponibilidade;

    A comprovao de conhecimento de todas as informa-es e condies locais para o cumprimento das obriga-es objeto da Licitao visita tcnica;

    A prova de cumprimento, pela licitante, de atendimen-to a eventuais requisitos previstos em Lei especial, quan-do for o caso.

    Capacitao econmico-financeira documentos exigidos no art.31 da Lei 8.666/93

    A anlise da capacidade da licitante para satisfazer os en-cargos econmicos decorrentes de eventual contratao poder ser efetuada por meio, no mximo, dos seguintes documentos:

    Balano patrimonial;

    Comprovao de capital social ou patrimnio lquido (no superior a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratao);

    Recolhimento de cauo provisria de no mximo 1% (um por cento) sobre o valor estimado do objeto da con-tratao (vedada em preges);

    Apresentao de certides negativas de falncia e con-cordata;

    Relao de compromissos assumidos pela licitante.

    Jurisprudncia:

    Smula n. 275 TCU Para fins de qualificao econmico-financeira, a Administrao pode exigir das licitantes, de forma no cumulativa, capital social mnimo, patrimnio lquido mnimo ou garantias que assegurem o adimplemento do contrato a ser ce-lebrado, no caso de Compras para entrega futura e de execuo de obras e servios.

    l. Condies de recebimento do objeto

    Dever ser informado o local e horrio da entrega, o setor e o servidor responsvel pelo recebimento.

    A aceitao do objeto dar-se- por meio do seu recebi-mento provisrio e/ou definitivo:

    Recebimento provisrio no ato da entrega do objeto, no setor responsvel que verificar sua consonncia com as especificaes da proposta e do edital. Se no houver qualquer impropriedade explcita, ser atestado esse re-cebimento;

    Recebimento definitivo, em at 05 dias teis aps o re-cebimento provisrio, mediante atesto na nota fiscal/fa-tura, aps comprovada a adequao aos termos contratu-ais e desde que no se verifique defeitos ou imperfeies.

    Jurisprudncia:

    Acrdo 1313/2004 Plenrio Efetue o recebimento, mediante termo circunstanciado, de Compras ou de prestaes de servios de informtica, conforme exi-gem os arts. 73 a 76, todos da Lei n 8.666/1993, realizando criteriosa verificao da qualidade e quan-tidade do material ou servio e a consequente acei-tao, fazendo constar dos processos de pagamentos as respectivas portarias designando empregado ou comisso para proceder ao recebimento provisrio ou definitivo das aquisies de bens e servios de infor-mtica.

    m. Obrigaes da contratada- (inc. I do art.3, I da Lei n. 10.520/02)

    Vai ajudar a definir as clusulas contratuais do futuro contrato. Informar as disposies expressas a respeito dos prazos para o fornecimento de bens ou para a prestao dos servios. (art.55 da Lei n.8.666/93).

    Importante:

    exigido para celebrao e execuo do contrato que o contratado mantenha obrigatoriamente todas as condi-es de habilitao e qualificao estabelecidas na Lici-tao.

    Jurisprudncia:

    Acrdo 362/2007 Plenrio - Inclua nos editais li-citatrios e nos respectivos contratos disposies que expressem claramente a obrigao de os futuros con-tratados manterem, durante a execuo contratual, todas as condies ofertadas em suas propostas tc-nicas.

    Acrdo 908/2003 Plenrio Inclua no contrato, por meio da celebrao de aditamento, a clusula neces-sria prevista no inciso XIII do artigo 55 da Lei n

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    8.666/1993, que estabelece a obrigao do contrata-do de manter, durante toda a execuo do contrato, em compatibilidade com as obrigaes por ele assu-midas, todas as condies de habilitao e qualifica-o exigidas na Licitao.

    n. Obrigaes da contratante (inc. I do art. 3 da Lei10.520/02):

    Informar sobre o pagamento em at 30 dias, como ser a fiscalizao, infraestrutura, etc.

    TCU - Acrdo n. 3273/2010-2 Cmara - rel. Min-Subst. Augusto Sherman Cavalcanti. Na ver-dade, a ata firma compromissos para futura contra-tao, ou seja, caso venha a ser concretizado o con-trato, h que se obedecer s condies previstas na ata. Ademais, a Ata de Registro de Preos impe compromissos, basicamente, ao fornecedor (e no Administrao Pblica), sobretudo em relao aos preos e s condies de entrega. J o contrato esta-belece deveres e direitos tanto ao contratado quanto ao contratante, numa relao de bilateralidade e co-mutatividade tpicas do instituto.

    o. Sanes administrativas (inc. I do art.3, e art. 7 da Lei 10.520/02 e art. 86 da Lei 8.666/93)

    Devero ser informadas quais sanes podero ser aplica-das em consonncia com a teoria da tipicidade.

    O art. 7 da Lei 10.520/02 determina que a multa dever estar prevista no edital e no contrato, logo a previso iso-lada, em um ou outro no suficiente. prudente que o edital j