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o PROBLEMA DAS COLAGENS NA IMPROVISÃO DE MATERIAL PARA AULAS PRÁTICAS A improvisação para aulas práticas pode ser muito facilitada graças à enorme gama de materiaisdesenvolvidospela moderna tecnologia. Ao procurar substituir aparelhos convencionais por outros improvisados, freqüentemente surge a necessidadede colar peças entre si. Para que a colagem seja feita com eficiência, é necessário conhecer os materiais e as propriedadesdas muitas colas existentes no mercado. Em primeiro lugar, dir(amos que existem duas modalidades básicasde colagem: a) a cola a ser utilizada, simplesmente adere ao material sem reagir quimicamente com ele; b) a cola, por um ou mais de seus componentes, dissolveo material, ocorrendo como que uma "fusão qu(mica" e posterior reagrupamento de moléculas. .~ - - ~i ...... , COLAGEM POR ADEReNCIA Neste caso, temos as colas à base de latex, epox e resinas e as colas vinflicas.Para todas essas, a rugosidade e porosidade das superffcies a serem coladas tornam-se importantes, sendo necessário forçar a penetração da cola nas irregularidades das superffcies.Isto é maisdiffcilquandose trata de produtos viscosos,como aquelesà base de latex, que por isso não devem ser pinceladas, mas sim aplicados por espátulas, calcando-se a espátula contra a superffcie na qual a cola está sendo apli- cada. Em muitos casos, superffcies que recebem cola pela segunda vez, não se prestam para cola- gens eficientes, pois as porosidades já foram preenchidas em colagens anteriores. Convémentão efetuar uma raspagem, para obter uma superffcie nova. HIDEYA NAKANO Fundação Brasileirapara o Desenvolvimentodo Ensinode Ciências FUNBEC Instituto Brasileirode Educaçio. Ciênciae Cultura IBECC A resistência das colagens por simples aderên- cia fica limitada à menor dentre as seguintes: a resistência intrfnseca da cola já curada; a resis- tência oferecida pelas forças de coesão da cola com espátuIa Película de cola. cola a superffcie, acrescida pelas de engastamento nas rugosidades e porosidades; e a resistência do pró- prio material, que pode sofrer um desfolheamento ou um "descamadamento". 49

o PROBLEMA DAS COLAGENS - cienciamao.usp.br · Conhecida como "cola de peixe". Mesmas indi-cações e maneiras de aplicar da anterior, com a dife-rença de que esta deve ser dissolvida

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o PROBLEMA DAS COLAGENS

NA IMPROVISÃO DE MATERIAL

PARA AULAS PRÁTICAS

A improvisação para aulas práticas pode ser muito facilitada graçasà enorme gama de materiaisdesenvolvidospela moderna tecnologia. Aoprocurar substituir aparelhos convencionais por outros improvisados,freqüentemente surge a necessidadede colar peças entre si. Para que acolagem seja feita com eficiência, é necessário conhecer os materiaise as propriedadesdas muitas colas existentes no mercado.Em primeiro lugar, dir(amos que existem duas modalidades básicasdecolagem:a) a cola a ser utilizada, simplesmente adere ao material sem reagirquimicamentecom ele;b) a cola, por um ou mais de seus componentes, dissolveo material,ocorrendo como que uma "fusão qu(mica" e posterior reagrupamentode moléculas.

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~i...... ,

COLAGEM POR ADEReNCIA

Neste caso, temos as colas à base de latex,epox e resinase as colasvinflicas.Paratodas essas,a rugosidade e porosidade das superffcies a seremcoladas tornam-se importantes, sendo necessárioforçar a penetração da cola nas irregularidadesdas superffcies.Istoé maisdiffcilquandose tratade produtos viscosos,como aquelesà basede latex,que por isso não devem ser pinceladas, mas simaplicados por espátulas, calcando-se a espátulacontra a superffcie na qual a cola está sendo apli-cada.

Em muitos casos, superffcies que recebemcola pela segunda vez, não se prestam para cola-gens eficientes, pois as porosidades já forampreenchidas em colagensanteriores. Convémentãoefetuar uma raspagem, para obter uma superffcienova.

HIDEYA NAKANOFundação Brasileirapara o Desenvolvimentodo Ensinode Ciências

FUNBEC

Instituto Brasileirode Educaçio. Ciênciae CulturaIBECC

A resistência das colagens por simples aderên-cia fica limitada à menor dentre as seguintes: aresistência intrfnseca da cola já curada; a resis-tência oferecida pelas forças de coesão da cola com

espátuIa

Películade cola.

cola

a superffcie, acrescida pelas de engastamento nasrugosidades e porosidades; e a resistência do pró-prio material, que pode sofrer um desfolheamentoou um "descamadamento".

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De qualquer forma, essas colas têm muitomaior resistência contra esforços cisalhantes doque contra esforços tracionantes. Há casos (colasvinílicas ou à basede epox) em que se pode au-mentar a resistência, criando-se "calosidades" naregião colada, seja por acréscimo da própria cola,seja por colagem de lâminas (talas) de outrosmateriaismaisresistentes,conforme figura.

regiãoa sercolada

I~

calosidade

~

força.talas

~~.Damos,a seguir,algumascaractedsticasde

colas paraorientação na escolhada cola mais ade-quadaparacadafim.

COLAS VINI1ICAS

Indicadaspara colagensde madeirase tecidos(mesmo tecidos que forram lençóisde plástico oude borracha). São utilizadas também paracolagensde tacos em pisosde cimento. Devemseraplicadasa frio com pincel e, se possível,prensaras partes,paraque a camadade cola sejaadelgaçadae pene-tre nas porosidades.Secagemparcial, dependendoda porosidade, de 2 a 4 horas;secagemcompletaem 24 horas.Depois de secassão pouco flex (veis.Não resistemà águaque asdissolve.Nomescomer-ciais: "Tenaz" - encontra-seem bazares,papela-rias e supermercados,,em bisnagasparacolagemdepapel; "Cascores" - embalagens de litro ou mais,para uso profissional - encontra-seem casasdeferragens e firmas que vendam acessóriosparamarceneirose carpinteiros.

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COLA DE MARCENEIRO

Conhecidacomo "cola de peixe". Mesmasindi-caçõese maneirasde aplicar da anterior, com a dife-rençade que estadeveserdissolvidaemáguaaqueci-da em banho-maria.Secagemmaisdemorada,resul-tando, porém, em maior resistência.Compra-seemtabletes. Não resisteà águae é menosflex (vel. No-me comercial: "Cola Coqueiro" - encontra-seemcasas especializadas em acessórios para marce-neiros

COLA À BASE DE CIANOACRILATO

Não é aconselhável para material porosocom macro bolsõesde ar, pois é cola anaeróbica(seca por ausência de ar). Para plástico. livros,vidros e metais é a mais indicada. Se bem que deresistênciadiscutível, é desecagemem segundosnaausência de ar, hidro-resistente e de pouqu(ssimaflexibilidade. Nome comercial: "Super Bonder"- apresenta-seem pequenosfrascos- é encontra-da em casasde ferragense supermercados.

COLAS À BASE DE EPOX

Maisversáteisque asanteriores,aplicam-secomespátula. Indicadas para vidros, louças, madeiras,baquelite, metais e alguns termoplásticos, sendohidro-resistentes.Não sãoindicadasparaaplicaçõesem que se necessiterelativa flexibilidade. A curatotal, por catalização,ocorre após 24 horas (exis-tem versõespara catalizaçãoem 15 minutos). Hácombinaçõesdessascolascom gesso,pó de quartzoou outro material qualquer, paraformar uma massamoldável, com o que se pode criar IIcalosidades"conforme mencionamos antes. Apresentam-seembisnagas(aos pares, para mistura) ou em tabletescomo massasmoldáveis.Nomescomerciais: "Aral-dite", "Araldite Ultra Rápido" e "Durepoxi" -encontram-se em supermercadose casasde ferra-gens.

COLAS À BASE DE SILICONE

Indicadas, como as anteriores, para grandegama de materiais, embora pouco resistentes.Servemcomo material vedante,mais do que parajunção. Apesar disso, são muito utilizadas para secolar vidros, na confecção de cubas. Cura parcialao ar em algumashoras. Cura total em, aproxima-damente, 24 horas. São hidro-resistentes.Nomescomerciais: "Elastosil" e "Selarte" (borracha de

silicone) - em bisnagas,à venda em casas de fer-ragens.

COLASÀ BASE DE LATEX

Indicadas para colagens de lençóis ou lâminasfinas e flexíveis (folheado de madeira, fórmica,papéis, etc.). Aplicam-se com espátula nas duassuperfícies a serem coladas, em camadasdelgadas,deixando-se secar durante 10 minutos. Somente aofim desse tempo é que devemserjuntadas as partesna posição correta, pois não é possívela separaçãodas partes uma vez encostadas as superfícies. Umavez juntadas as partes, deve-se pressioná-Iasumacontra a outra, operação que pode ser feita, apoian-do-se um pedaço de madeira sobre a lâmina ebatendo-se sobre a madeira com o martelo. Nãosão hidro-resistentes, mas são muito flexíveis.Nomes comerciais: "Cascola", "Dun-Dun", etc.- encontram-se em casas de ferragens e naquelasespecializadas em acessórios para marceneiros,em latas de 1 litro.

COLAGEM POR FUSÃO QUI"MICA

Neste caso, as colas são específicas para cadatipo de material e não dependem de rugosidadesou porosidades das superfícies, já que estas sãodissolvidas localmente. Como só poderia ocorrer,o local da colagem fica sempre um pouco maisfraco do que o restante da peça, a não ser queseja reforçada com "talas" do mesmo material.

Infelizmente essas colas só podem ser utiliza-das em alguns tipos específicosde plásticose nãosão de rápida secagem. Requerem geralmente maisde 24 horas para secagem completa. Em algunscasos, há a vantagemde a cola poder ser preparadacom raspasdo próprio material, desde que se con-sigaum solvente.

Assim, para o celulóide, pode-se utilizar aacetona como solvente para preparar a cola (comraspas de celulóide), ou mesmo utilizá-Iacomo co-la, desde que as superfícies a serem coladas sejambem justapostas, sem interstícios e possam,após a penetração da acetona, ser mantidaspressio-nadas, uma contra a outra, durante algumashoras.

A cola preparada com acetona e raspa decelulóide pode também funcionar por simplesadesão, sendo utilizada para colagens de linhas,varetas e placas de madeira mole (grande poro-sidade). ~ eficiente e de rápida secagem. Depois

de alguns minutos, torna-se desnecessário man-ter as partes nas posições requeridas, pois a colaadquire suficiente consistência para mantê-Ias,desde que o esforço contrário não seja grande.Essascolassão utilizadas em modelismos.

Para o P.V.C. é mai~fácil utilizar os adesivosplásticos destinados a tubos plásticos de P.v.e.para água e esgoto. Pode-se também utilizar colapreparadacom raspasde PVCe acetona.A manei-ra de aplicar é semelhante à anterior: untam-seas partes e pressiona-seuma contra a outra. Tam-bém nesse caso seria conveniente não deixarcamadas espessas de cola, pois, ao secar, ocorregrande contração volumétrica o que provoca acriação de bolsões vazios, comprometendo aresistênciada colagem.

Para o acrílico e o plexiglass, o clorofórmioé eficiente. Convém utilizá-Ioem localventiladoetomando-se as.cautelas necessárias,já que é mate-rial anestesiante. Pode ser utilizado como a aceto-na com a diferença de que é específico para acrí-licoe plexiglass.

Para o polistireno, pode-se utilizar o metil-etil,ketone ou tricloretileno, ou ainda o benzeno.No último caso, é necessário muito cuidado, poisé substância altamente venosa.A maneirade se uti-lizaré semelhante às anteriores.

Os solventes mencionadossão encontráveisemdrograrias ou firmas que comercializamreagentesquímicos.

Infelizmente há plásticos que não têm um sol-vente eficaz e de rápida secagem. Dessa forma,esses plásticos só podem ser colados por adesão,com eficiência muito duvidosa. ~ o caso do poli-propileno. Mesmo assim, desde que as circunstân-cias o permitam,são termo-soldáveis,isto é, sol-dáveis por aquecimento e consequente fusão. Oaquecimento pode ser realizado por resistênciaelétrica (caso das sacolasde plástico), ou por atritoentres as partes (caso de peças grossas e duras),ou ainda por chamas (caso dos fitilhos de algumascadeiras de jardim).

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