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O PROCESSO DE SUPERVISÃO DE CAMPO NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
EM SERVIÇO SOCIAL
Ana Flávia Luca de Castro - UNESP
Adriana Giaqueto - UNESP
Bianca Nogueira Mattos – UNESP
Introdução
Esta pesquisa foi realizada com os estagiários do curso de Serviço Social da
UNESP – Câmpus de Franca com a intenção de conhecermos a concepção deles a
respeito do processo de supervisão de campo. Procuramos entender a supervisão
de campo de forma crítica e em sua totalidade, ou seja, inserida no contexto
econômico, social, cultural e histórico.
Destacamos a concepção de estágio supervisionado, sendo visto como um
momento único para formação profissional, onde o estagiário irá colocar em prática
os ensinamentos teóricos da faculdade, fazendo a mediação necessária entre a
teoria e a prática, tendo a oportunidade também de conhecer de perto os
instrumentais da profissão e as expressões da questão social, analisando a
realidade social de forma crítica.
Atentamos para a supervisão de campo, fazendo também um percurso
histórico para podermos compreendê-la nos dias atuais. A supervisão de campo já
foi vista como um simples treino de estagiários para vida profissional, marcada por
uma relação autoritária e hierárquica. No curso de Serviço Social ela existe desde a
fundação das primeiras escolas, mas claro que vem se manifestando de formas
diferentes de acordo com o contexto em que está inserida.
O ato de supervisionar estagiários de Serviço Social é atividade privativa de
Assistentes Sociais, sendo obrigatória a realização da supervisão de campo para
constituição do estágio supervisionado.
O supervisor de campo deve orientar o estagiário, estabelecer uma relação
pautada no ensino e aprendizagem, deve ser o momento dedicado à reflexão da
prática profissional que leve a compreensão crítica da realidade social.
Ressaltamos a metodologia da pesquisa, que se baseou em uma
abordagem qualitativa, em uma perspectiva histórica e dialética, com estudo de
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caráter exploratório, aprofundando assim no tema proposto para melhor apresentá-
lo.
Dentro da abordagem qualitativa utilizamos a pesquisa bibliográfica,
documental e a pesquisa de campo.
A pesquisa bibliográfica foi realizada no sentido de conhecermos o que havia
sobre o assunto e nos respaldarmos teoricamente. Já a pesquisa documental foi
feita através da consulta de documentos referentes à Unesp – Câmpus de Franca,
ao curso de Serviço Social, ao setor de estágio e aos documentos referentes ao
processo de estágio supervisionado como um todo.
A pesquisa de campo teve como universo os campos de estágio de Serviço
Social vinculados à UNESP-Franca e como sujeitos os alunos do curso de Serviço
Social do terceiro e quarto ano que estavam realizando estágio supervisionado.
Como instrumental e fonte de coleta de dados utilizamos a entrevista semi-
estruturada com 08 estagiários do curso de Serviço Social, sendo quatro alunos do
3º ano, dois do diurno e dois do noturno, e quatro alunos de 4º ano, dois do diurno e
dois do noturno, sendo quatro estagiários de instituições públicas e quatro de
instituições não públicas.
Para análise dos dados utilizamos uma proposta dialética, situando a fala
dos sujeitos entrevistados com o contexto onde ela está inserida, fazendo uma
interlocução com a bibliografia pesquisada. Empregamos a análise de conteúdo para
interpretação da fala dos entrevistados a fim de ultrapassarmos as aparências
imediatas e chegarmos à essência dos fatos, ou seja, a realidade concreta.
Portanto nossa pesquisa partiu desses pressupostos e nossas
considerações efetivadas de forma a promover um debate reflexivo sobre a
formação profissional em Serviço Social, especialmente a supervisão de campo.
Concepção de Estágio Supervisionado
O estágio se constitui como uma atividade imprescindível e de fundamental
importância para formação profissional, por tal motivo, é essencial conhecermos
melhor a concepção de estágio supervisionado.
Para Buriolla (1995, p. 13, grifo do autor): “O estágio é o locus onde a
identidade profissional do aluno é gerada, construída e referida; volta-se para o
desenvolvimento de uma ação vivenciada, reflexiva e crítica e, por isso, deve ser
planejado gradativa e sistematicamente.
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Encontramos também a concepção de estágio de Lewgoy (2009, p. 26):
A formação caracteriza-se não apenas como uma propriedade conferida pelo sistema educativo aos sujeitos sociais, mas como uma relação social que articula várias dimensões advindas das transformações e exigências do mundo e do mercado de trabalho.
Já para Oliveira (online, p. 10):
O estágio curricular, no curso de Serviço Social, tem como premissa oportunizar ao aluno o estabelecimento de relações mediatas entre os conhecimentos teóricos e o trabalho profissional, a capacitação técnico-operativa e o desenvolvimento de habilidades necessárias ao exercício profissional, bem como o reconhecimento da articulação da prática do Serviço Social e o contexto político-econômico-cultural das relações sociais.
No curso de Serviço Social, o estágio supervisionado se configura como
parte indispensável para formação, sendo uma atividade curricular obrigatória. É
concebido pela Política Nacional de Estágio da Associação Brasileira de Ensino e
Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) (2010, p. 14) como um espaço de apreensão
da realidade, que se caracteriza:
[...] pela atividade teórico-prática, efetivada por meio da inserção do (a) estudante nos espaços sócio-institucionais nos quais trabalham os (as) assistentes sociais, capacitando-o (a) nas dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico operativa para o exercício.
Concebemos o estágio como um espaço de troca, um momento de ensino-
aprendizagem, onde o aluno-estagiário vai fazer uma interlocução entre a teoria que
vem aprendendo na universidade, enquanto que o supervisor tem a oportunidade de
refletir e repensar a sua prática, estando assim em uma qualificação profissional
permanente.
Considerando que as organizações têm nos estagiários a oportunidade de estarem próximos do conhecimento acadêmico, bem como de idéias e abordagens inovadoras, e de verem despontar novos talentos. (BRASIL, 2008, online).
O processo de estágio envolve diversos sujeitos, dentre eles o supervisor
acadêmico, o supervisor de campo e o aluno-estagiário, que mesmo tendo os seus
papéis bem definidos estabelecem uma relação de troca, cada qual com suas
responsabilidades e competências.
Segundo a Resolução CFESS nº 533, de 29 de setembro de 2008, cabe ao
supervisor de campo: “Art. 6º. Ao supervisor de campo cabe a inserção,
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acompanhamento, orientação e avaliação do estudante no campo de estágio em
conformidade com o plano de estágio.”
O supervisor de campo é o profissional que vai acompanhar o estagiário no
cotidiano profissional da instituição onde se desempenha o estágio supervisionado,
no caso do Serviço Social é o (a) Assistente Social.
Já o Supervisor Acadêmico segundo a mesma resolução:
Art. 7º. Ao supervisor acadêmico cumpre o papel de orientar o estagiário e avaliar seu aprendizado, visando a qualificação do aluno durante o processo de formação e aprendizagem das dimensões técnico-operativas, teórico-metodológicas e ético-política da profissão. (CFESS, 2008, online).
O Supervisor Acadêmico é o professor que dentro das Unidades de Ensino
vai orientar o aluno quanto à prática de estágio, visando à garantia de aprendizado
por parte do estagiário. Sendo um momento de reflexão da prática realizada nos
campos de estágio.
Entendemos o estagiário como parte integrante do processo de estágio,
como alguém que tem muito a aprender, mas que também tem muito a ensinar, que
leva para o campo de estágio a teoria que vem aprendendo, e faz a mediação
necessária com a prática, é o vivido pensado. De acordo com a Política Nacional de
Estágio (2010, p. 23) o estagiário deve, entre outras coisas:
Observar e zelar pelos cumprimentos dos preceitos ético-legais e as normas da instituição campo de estágio. Realizar seu processo de estágio supervisionado em consonância com o projeto ético-político profissional. Comprometer-se com os estudos realizados nos grupos de supervisão de estágio, com a participação nas atividades concernentes e com a documentação solicitada.
O estagiário deve estar ciente da sua responsabilidade, enquanto parte
integrante do processo de estágio, para contribuir com uma prática de qualidade. É
através do estágio que o aluno vai compreender os desafios atuais da profissão, fará
a relação entre o conteúdo aprendido na sala de aula e a prática profissional
cotidiana, é um momento de extensão do aprendizado, que não se encerra dentro
da universidade.
No que tange à prática de estágio supervisionado, temos o estágio curricular
obrigatório e o estágio curricular não-obrigatório. Segundo a Lei 11.788 de 25 de
setembro de 2008: “Art. 2o O estágio poderá ser obrigatório ou não-obrigatório,
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conforme determinação das diretrizes curriculares da etapa, modalidade e área de
ensino e do projeto pedagógico do curso.”
Para definição de estágio curricular obrigatório temos: “§ 1o Estágio
obrigatório é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é
requisito para aprovação e obtenção de diploma.” (BRASIL, 2008, online).
Já o estágio curricular não-obrigatório é aquele: “§ 2o Estágio não-
obrigatório é aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga
horária regular e obrigatória.” (BRASIL, 2008, online).
O estágio supervisionado dentro dos cursos de Serviço Social tem caráter
obrigatório, sendo concebido como um momento único para que o estagiário possa
ter contato com as diversas expressões da questão social, objeto de estudo e
intervenção do (a) Assistente Social, sendo o campo de estágio um local que
proporciona a vivência dessa realidade, em meio às contradições presentes na
nossa sociedade, que atingem diretamente o cotidiano profissional dos (as)
Assistentes Sociais. Como podemos ver dentro da Política Nacional de Estágio
(2010, p.11):
O estágio se constitui num instrumento fundamental na formação da análise crítica e da capacidade interventiva, propositiva e investigativa do (a) estudante, que precisa apreender os elementos concretos que constituem a realidade social capitalista e suas contradições, de modo a intervir, posteriormente como profissional, nas diferentes expressões da questão social, que vem se agravando diante do movimento mais recente de colapso mundial da economia, em sua fase financeira, e de desregulamentação do trabalho e dos direitos sociais.
Para que o estágio seja realmente um momento de reflexão e troca de
saberes, o estagiário deve ser visto como sujeito do processo educativo. Muitos
acreditam que o estagiário constitui-se mão-de-obra barata e delegam funções
administrativas e burocráticas para o estagiário desenvolver, essa questão deve ser
analisada com muito cuidado, pois o estagiário não deve ser visto como um
trabalhador, mas sim como um aluno que está em processo de formação
profissional. Nessa direção, Oliveira ressalta que:
Devido à situação socioeconômica imperante, sob a lógica neoliberal, os estágios estão adquirindo crescentemente o caráter de emprego para o estagiário, inclusive no Serviço Social: muitos alunos têm o estágio como fonte de renda, inclusive para pagamento das mensalidades escolares, e isto tem refletido diretamente na formação
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profissional. (OLIVEIRA apud POLÍTICA NACIONAL DE ESTÀGIO, 2010, p.07).
A questão central que deve ser levada em consideração é que o estágio
supervisionado não deve ser apenas um mero cumprimento de carga horária e uma
fonte de renda, o estágio supervisionado em Serviço Social vai muito além dessas
concepções.
Além do mais, o estágio, por ser o lócus propício para o treinamento prático-profissional, é também o espaço apropriado para o aluno traçar sua matriz de identidade profissional, por ser aí que ele desenvolve a sua aprendizagem, a sua responsabilidade, o seu compromisso e demais atitudes e habilidades profissionais. (BURIOLLA, 1995, p.24, grifo do autor).
No que diz respeito à apreensão de conteúdos e construção de
conhecimentos durante o processo de estágio, é de suma importância a troca de
experiências entre estagiário e supervisor de campo, além de proporcionar o
conhecimento acerca da história da profissão, as reais condições de trabalho com
suas facilidades e limites, a aproximação com o usuário e a compreensão das
políticas sociais, evidenciando o papel fundamental do estágio para o curso de
Serviço Social.
Assim, o processo de formação profissional e, particularmente o estágio supervisionado curricular, devem garantir a apreensão do significado sócio-histórico do Serviço Social; das condições de trabalho dos assistentes sociais; das conjunturas; das instituições; do universo dos trabalhadores usuários dos diversos serviços e das políticas sociais. (ABEPSS, 2010, p.12).
É preciso efetivar a dimensão educativa durante o processo de estágio, para
isso o estágio supervisionado precisa ser visto como um lócus que proporcione o
pensar crítico, estimule a criatividade do aluno-estagiário, instigue a intervenção
profissional pautada na apreensão crítica da realidade, com vistas à efetivação de
direitos e a transformação da ordem societária vigente.
Assim, um dos desafios de materialização desse processo organicamente vinculado ao projeto ético-político está na necessidade de o cotidiano romper com as ações reiterativas e fragmentadas, abrindo espaço para a elaboração de pensamento que siga movimentos lógico-dialéticos na interpretação da realidade com o objetivo de compreendê-la para transformá-la. (LEWGOY, 2009, p. 46).
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Portanto, o estágio deve proporcionar a aproximação com a realidade social,
mas uma aproximação que leve o estagiário a refletir sobre os movimentos
contraditórios da sociedade e que o faça problematizar o contexto social, econômico
e político em que está inserido, tendo em mente o nosso compromisso ético político
com a transformação da ordem vigente e o nosso comprometimento com a classe
trabalhadora.
A Supervisão de Campo
A palavra supervisão muitas vezes nos transmite a idéia de fiscalização,
vigia, controle sobre alguma tarefa, de acordo com Buriolla (1996, p. 21), a própria
etimologia da palavra nos remete ao pensamento de controle e fiscalização:
“Acredito que esta concepção advenha e tenha seus fundamentos na própria
etimologia da palavra supervisão, que é formada pelo prefixo latino “super” (por
cima, sobre) e do sufixo “videre”, “visere” (significando ver, olhar, mirar).”
Mas quando falamos de supervisão de estágio o conceito que deve
sobressair é o de orientação, de guiar, sendo algo muito mais complexo do que o
simples treinamento de estagiários para vida profissional.
O estágio supervisionado tem ganhado destaque para formação profissional
nos últimos anos, porém a discussão sobre a supervisão de campo ainda deixa a
desejar, sendo que poucas profissões tem dado o destaque que ela merece como o
Serviço Social tem feito.
Nesta perspectiva, a Supervisão de estágio é essencial à formação do aluno de Serviço Social, enquanto lhe propicia um momento específico de aprendizagem, de reflexão sobre a ação profissional, de visão crítica da dinâmica das relações existentes no campo institucional. Esta visão confere à Supervisão um caráter dinâmico e criativo, possibilitando a elaboração de novos conhecimentos. Considerados desta forma, a Supervisão e o estágio devem ser parte integrante da educação para o Serviço Social e não um apêndice! (BURIOLLA, 1996, p.16).
A prática de supervisão de estágio não é privativa do Serviço Social, outras
profissões também utilizam a supervisão. Dentro do Serviço Social ela existe desde
a fundação da primeira escola, claro que de formas diferentes de acordo com o
contexto histórico. Estudar a supervisão de campo pressupõe compreender o
contexto em que ela está inserida, não é uma categoria isolada, mas faz parte de um
todo muito maior, não está descolada do real e, portanto sofre influências dessa
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realidade que a cerca, como a realidade é dinâmica e está em constante movimento,
assim também ocorre com a supervisão de estágio.
Para a supervisão de estagiários de Serviço Social o supervisor deve ser
um Assistente Social, conforme preconiza a resolução CFESS nº533, de 29 de
setembro de 2008:
Art. 2º. A supervisão direta de estágio em Serviço Social é atividade privativa do assistente social, em pleno gozo dos seus direitos profissionais, devidamente inscrito no CRESS de sua área de ação, sendo denominado supervisor de campo o assistente social da instituição campo de estágio e supervisor acadêmico o assistente social professor da instituição de ensino.
Como vimos anteriormente o supervisor de campo é o profissional que irá
acompanhar e orientar as atividades do estagiário dentro da instituição onde se
desenvolve o estágio, já o supervisor acadêmico é o professor da faculdade que tem
a finalidade de refletir e debater com os alunos-estagiários aspectos relevantes do
processo de estágio supervisionado. Segundo a Política Nacional de Estágio (2010,
p.22) são atribuições do supervisor de campo:
Realizar encontros sistemáticos, com periodicidade definida (semanal ou quinzenalmente), individuais e/ou grupais com os (as) estagiários (as), para acompanhamento das atividades de estágio e discussão do processo de formação profissional e seus desdobramentos, bem como de estratégias pertinentes ao enfrentamento das questões inerentes ao cotidiano profissional;
As supervisões de campo e as supervisões acadêmicas devem acontecer de
forma conjunta:
Ressaltamos, ainda, o princípio que prevê a indissociabilidade entre estágio e supervisão acadêmica e de campo, em que o estágio, enquanto atividade didático pedagógica, pressupõe a supervisão acadêmica e de campo, numa ação conjunta, integrando planejamento, acompanhamento e avaliação do processo de ensino-aprendizagem e do desempenho do (a) estudante, na perspectiva de desenvolvimento de sua capacidade de investigar, apreender criticamente, estabelecer proposições e intervir na realidade social. (ABEPSS, 2010, p.13).
As supervisões de campo devem acontecer de forma planejada, onde se
tenha um momento especifico com horários e dias pré - estabelecidos para reflexão
dos conteúdos referentes ao estágio e a formação profissional, para que a
supervisão não acontece apenas em momentos de dúvidas no cotidiano profissional,
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sendo uma prática provisória e imediatista. A supervisão de campo deve promover a
reflexão sobre a aprendizagem significativa do estagiário:
Tem como matéria-prima para os supervisores o processo de aprendizagem, que vai se afirmando diante da intencionalidade, da orientação, do acompanhamento sistemático e do ensino, na perspectiva de garantir ao estudante o desenvolvimento da capacidade de produzir conhecimentos sobre a realidade com a qual se defronta no estágio e de intervir nessa realidade, operando políticas sociais e outros serviços. (ABEPSS, 2010, p.16).
Outro aspecto que merece destaque é a formação de identidade profissional
do estagiário através do contato com o supervisor de campo, onde o aluno –
estagiário possui uma referência de profissional, que pode tanto reafirmar essa
prática ou desaprovar. Porém a construção de identidade profissional não se encerra
com o processo de estágio e não sofre influência apenas dele, sendo algo dinâmico
e construído de forma contínua, assim como destaca Buriolla, (1996, p. 36):
A matriz de identidade profissional, neste contexto, não é só o supervisor, mas é o resultado de várias concepções de conteúdo. No contexto contemplado, ela é o somatório da concepção de homem-usuários do Serviço Social, da profissão, da prática profissional, do assistente social, da instituição de ensino e do campo de estágio, de educação, da realidade social, enfim, de todo o contexto sócio-econômico- cultural que circunda o aluno estagiário de forma mais imediata.
A supervisão de campo é de fundamental importância para o processo de
amadurecimento profissional do estagiário, principalmente porque no início do
estágio o aluno se mostra inseguro e com muitas dúvidas, com decorrer do tempo
essas dificuldades serão sanadas, e a construção da identidade profissional será
possível através do acompanhamento e diálogo na relação supervisor-estagiário,
diálogo esse que permita a construção de novos conhecimentos de forma conjunta.
O momento dedicado à supervisão de campo é um espaço de reflexão, de
troca de idéias e experiências, pois o estagiário tem muito a aprender, mas também
tem muito a contribuir com o campo de estágio através da teoria que vem
aprendendo na faculdade, sendo o supervisor de campo responsável por auxiliar o
estagiário a fazer as mediações necessárias entre a teoria e a prática.
Para o supervisor o contato direto com os estagiários pode contribuir para
uma atualização de seus conhecimentos, uma capacitação permanente, que
proporcionará maiores conhecimentos aos sujeitos envolvidos no processo de
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estágio, assim como discorre Pacchioni, (2000, p.154): “A aprendizagem não é
unilateral, mas um processo de interação mútua. Ensinar e aprender são
experiências indissociáveis do agir humano, se referem à continuidade do
aprendizado.”
Ensinar não é apenas transmitir conhecimento, mas sim partilhar
conhecimento, ter consciência do inacabamento dos seres humanos e do processo
de aprendizagem. Estar aberto para o diálogo e para o respeito às diferenças e a
autonomia dos educandos.
Para Freire (1996, p.60):
É neste sentido também que a dialogicidade verdadeira, em que os sujeitos dialógicos aprendem e crescem na diferença, sobretudo, no respeito a ela, é a forma de estar sendo coerentemente exigida por seres que, inacabados, assumindo-se como tais, se tornam radicalmente éticos.
Dito de outra forma, a supervisão de campo no estágio curricular de Serviço
Social, é um momento de reflexão da prática profissional, não é um mero
cumprimento de carga horária, deve ser gestado como um momento de estudo, de
ensino-aprendizagem, tendo um compromisso com o processo formativo dos alunos
estagiários.
De acordo com Buriolla (1996), o supervisor de campo pode assumir
diversos papéis, como o de educador, papel de transmissor de conhecimentos-
experiências e de informações, de facilitador, de autoridade e ainda papel de
avaliador. Papéis esses que não são excludentes, mas podem ocorrer de forma
conjunta. Acreditamos ser a supervisão um processo de ensino-aprendizagem,
portanto destacamos o papel de educador do supervisor de campo:
Como educador, o supervisor partilha com o supervisionado a responsabilidade pelo processo de ensino-aprendizagem. Desta forma, o desempenho do papel de educador faz com que o supervisor oriente e acompanhe todo o processo educativo junto com o estagiário desde o seu inicio. (BURIOLLA, 1996, p. 166).
O supervisor de campo visto como um educador nos remete à ideia de a
supervisão de campo ser uma prática pedagógica, uma relação pautada no
aprendizado tanto do supervisor como do estagiário, onde os sujeitos envolvidos no
processo de supervisão partilham suas experiências e de forma conjunta constroem
novos conhecimentos.
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Entende-se que o processo de ensino-aprendizagem pode vir a ser expressão de criatividade e de auto-realização, tanto do estagiário quanto do supervisor. Ambos vivenciam a aprendizagem a partir da busca de sentido dos próprios acontecimentos. A prática educativa abrange a aprendizagem do supervisor. A aprendizagem significativa reflete a estrutura da ação dos agentes, tanto da realidade do estagiário quanto do supervisor. (PACCHIONI, 2000, p. 41).
Apesar de não estar no espaço acadêmico o supervisor de campo também é
um professor, visto que ele ensina o estagiário através da sua prática profissional,
auxiliando na assimilação de conteúdos aprendidos na faculdade. Percebemos
então que a dimensão educativa é algo intrínseco ao processo de supervisão de
campo, já que o estágio supervisionado se insere no processo de formação
profissional.
Em suma, é indispensável que ele, como educador, seja, por sua vez, educado. Portanto, cabe ao supervisor ser um motivador, um facilitador do processo de ensino-aprendizagem. Ele e o supervisionado comprometer-se-ão com a reflexão, criando-a, provocando-a, permitindo-a e lutando continuamente para conquistar espaços outros que assegurem essa reflexão e uma nova visão e vivencia da Supervisão e do Serviço Social. (BURIOLLA, 1996, p.170).
Podemos compreender a importância da supervisão de campo para
formação profissional do estagiário, sendo o espaço que o estagiário tem para sanar
suas dúvidas, refletir sobre sua ação profissional e fazer a mediação necessária
entre a teoria e a prática. O debate acerca da supervisão de campo como elemento
fundamental para formação profissional é mais do que necessário, principalmente
quando concebemos a supervisão de campo como uma prática educativa, que leve
a uma reflexão crítica do cotidiano profissional e da realidade que o cerca com vistas
à transformação da sociedade.
O Processo Histórico da Supervisão de Campo
A supervisão não é uma atividade privativa do Serviço Social e nem uma
prática recente, ela acompanha o momento histórico da sociedade, assim como a
formação profissional também passa por mudanças com o decorrer da história:
Historicamente, a supervisão corresponde a uma das atividades mais antigas de ensinar e aprender. O ato de supervisionar pode ser examinado desde a Grécia antiga, quando era considerado treinamento para estudantes. (LEWGOY, 2009, p. 65).
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O supervisor tinha a tarefa de treinar os estudantes para prática profissional,
era ele quem mostrava ao aluno o que devia ser feito e como deveria ser realizado.
Apesar da supervisão não ser uma prática exclusiva do Serviço Social ela
está presente desde a fundação das primeiras escolas:
Um breve retrospecto histórico da Supervisão em Serviço Social permite ver que ela começou com a primeira Escola de Serviço Social, em 1898, nos Estados Unidos, quando se criou uma classe para treinamento filantrópico. (BURIOLLA, 1996, p.21).
No início do curso de Serviço Social o supervisor era responsável por
atividades administrativas, posteriormente a supervisão sofre grande influência da
psicanálise, com um olhar voltado para ajuda, o ato de supervisionar significava
ajudar o aluno:
Em resumo, as primeiras definições focalizam o supervisor, sua competência e conseqüente autoridade. As mais recentes focalizam o supervisado, acompanhando assim a evolução da pedagogia que passou da atenção dada ao professor para o estudante; tais definições referem-se à Supervisão como um processo educativo de formação, de desenvolvimento e de ajuda dinâmica dada pelo supervisor ao supervisado. (VIEIRA, 1974, p.42, grifo do autor).
Esse processo educativo de formação pautava-se na relação psicossocial, o
supervisor tinha o objetivo de ajudar o aluno a desenvolver suas capacidades, uma
relação hierárquica, onde o supervisor detinha o saber e por tal motivo encarregava-
se de ajudar o estagiário.
O supervisor também já foi visto como orientador da metodologia, dando
ênfase para as técnicas utilizadas no Serviço Social, sofrendo grande influência das
teorias de supervisão advindas dos Estados Unidos:
Para os norte-americanos, a supervisão era entendida como um conjunto de métodos que privilegiam a dimensão técnica do processo de ensino na formação, fundamentada nos pressupostos psicossociais cientificamente validados na experiência, na prática eficiente, ignorando o contexto social, político e econômico. (LEWGOY, 2009 p. 72).
Encontramos a definição mais antiga de supervisão, que também focaliza o
supervisor como um técnico, refletindo o pensamento da época:
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A mais antiga definição de Supervisão é atribuída a Virginia Robinson, de 1936: “Supervisão é o processo educacional pela qual uma pessoa possuidora de conhecimento e experiência prática toma a responsabilidade de treinar outra, possuidora de menos recursos técnicos”. (VIEIRA, 1974, p.38).
A supervisão de campo era vista como um treinamento prático para vida
profissional, o que se aprendia era o modo eficiente de se realizar uma tarefa
baseada em uma relação desigual entre supervisor e estagiário, onde o aluno não
tinha conhecimento algum e por tal motivo era apenas um receptor de informações.
Após o Movimento de Reconceituação a supervisão começa a ganhar
significados diferentes: “A mudança em relação ao conceito de supervisão indica
também a tentativa de romper com as praticas ligadas ás relações psicossociais.”
(LEWGOY, 2009, p.78).
Mesmo que essa ruptura não tenha acontecido de forma abrupta, o
Movimento de Reconceituação contribui para romper com os laços advindos dos
Estados Unidos e as teorias psicossociais ao longo da história. Lembrando que
nenhuma mudança acontece de forma repentina, por tal motivo de inicio a literatura
sobre supervisão de estágio não acompanhou muito os impulsos trazidos pelo
Movimento:
Nesta medida, a revisão teórica realizada pelo movimento de reconceptualização foi impossível de ser implementada imediatamente – pois uma teoria, para ser operacionalizada, passa por um conjunto de mediações e que demandam um tempo – ocorrendo a ausência de possibilidade de prática. (BURIOLLA, 1996, p.153).
Percebemos, então, que a supervisão de campo já passou por diferentes
momentos, refletindo o contexto histórico-social-cultural de cada época. Atualmente
a supervisão de campo em Serviço Social não é simplesmente uma tarefa técnica de
treinamento de estudantes para vida profissional, ela envolve muitos outros aspectos
relacionados ao processo educativo e formativo do estagiário.
Processo educativo este que já foi visto como uma “doutrinação” do
estagiário no início do curso de Serviço Social pautado na Doutrina Social da Igreja
Católica, onde se limitava a supervisão aos princípios religiosos. Também
encontramos conceitos de supervisão em que o estagiário já foi visto como um
depósito de conhecimentos, onde o supervisor tinha o papel de avaliador, como se
fosse um fiscal do trabalho desenvolvido pelo estagiário:
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Nesta medida, o papel do supervisor de aluno era o de educar e avaliar. Educar no sentido de o supervisor imprimir em seu aluno, tanto em sua formação acadêmica, como em seu estágio e na sua vida pessoal, a Doutrina Social da Igreja, embrenhando-se no fazer profissional e pautando-se pelos valores apontados. (BURIOLLA, 1996, p.147).
A educação dentro da supervisão de estágio era vista como uma educação
bancária, que segundo Paulo Freire (2006) se constitui por uma educação
dominadora, autoritária e alienante, onde a função do supervisor é de depositar seus
conhecimentos no aluno-estagiário, tolhendo toda a sua criatividade e espírito de
inovação.
Contrapondo à educação bancária, Paulo Freire apresenta a educação para
liberdade, a educação libertadora que vem para refletir e questionar a realidade com
vistas à transformação social. Dentro dessa concepção, estagiário e supervisor são
sujeitos do processo de supervisão e dividem as responsabilidades dentro do
processo de ensino e aprendizagem, onde ambos contribuem com suas
experiências e conhecimentos, diante disso: “o educador já não é o que apenas
educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao
ser educado, também educa.” (FREIRE, 2006, p.26).
E é essa concepção que deve sobressair quando falamos de supervisão de
campo, que como podemos ver já assumiu diversas formas e vem se modificando
junto com a profissão. Na contemporaneidade o supervisor de campo é visto como o
facilitador, o orientador que irá mediar o diálogo entre a teoria e a prática, visto que
ele possui um arcabouço teórico mais vasto do que o estagiário devido a sua
experiência, mas o aluno também participa desse processo como um sujeito ativo
que tem muito a contribuir.
A ação educativa deve permear a supervisão de campo, deve ser um
espaço de aprendizagem. Conceber a supervisão como um momento pedagógico é
um grande salto qualitativo para formação profissional, é reconhecer a importância
do estágio supervisionado e da supervisão de campo para a formação do aluno-
estagiário, é considerar que ambos são sujeitos desse processo e estão juntos na
busca por uma formação profissional que desvele as expressões da questão social,
objeto de estudo e intervenção do Serviço Social e ao mesmo tempo, seja
propositiva e que desperte a criatividade do estagiário - futuro profissional.
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Análise qualitativa dos dados
Para análise qualitativa dos dados utilizamos algumas categorias, escolhidas
com base na realidade apresentada pelos sujeitos da pesquisa, que seria o vivido,
articulando com o estudo teórico da temática abordada.
Foram duas grandes categorias elencadas: o Estágio Supervisionado,
trazendo o seu significado para formação profissional, as facilidades e as
dificuldades encontradas durante o processo de estágio.
A outra categoria seria a Supervisão de Campo na ótica dos estagiários
sujeitos da pesquisa, analisando a importância da supervisão de campo para
formação profissional, como é realizado o processo de supervisão de campo e a
relação entre supervisor e estagiário.
Ao analisar as entrevistas pretendemos compreender a realidade concreta,
procuramos apreender a totalidade dos fatos apresentados na fala dos estagiários,
por tal motivo, estabelecemos contextos diferentes, ou seja, os sujeitos
entrevistados pertenciam ao 3º e 4º ano de Serviço Social diurno e noturno e a
instituições públicas e não públicas.
Podemos perceber que os estagiários pertencentes ao 3º ano trazem mais
dúvidas e se sentem menos preparados para realização do estágio supervisionado.
O que é muito natural, visto que acabaram de ingressar no campo de estágio. Já os
estagiários do 4º ano por terem uma bagagem um pouco maior de prática de estágio
supervisionado sentem-se mais preparados e sabem lidar um pouco melhor com
situações cotidianas do estágio.
Em relação às instituições públicas e não-públicas notamos que as
dificuldades encontradas são as mesmas, dizem respeito aos aspectos relacionados
a formação profissional. O que diferencia são questões que pertencem ao próprio
campo de estágio, ou seja, são específicas da rotina daquela instituição. Como por
exemplo, as tarefas desempenhadas em uma instituição, que muitas vezes são
diferentes de outra instituição, levando em consideração também a área em que
atua aquele campo de estágio.
Portanto, podemos considerar que a supervisão de campo é essencial para
o processo de estágio supervisionado, independente da instituição onde se realiza o
estágio. Sendo o estágio supervisionado um pilar extremamente importante e
indispensável para formação profissional. E por tal motivo, merece uma atenção
especial, assim como a supervisão de campo, para termos uma formação
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profissional qualificada e que esteja em conformidade com as Diretrizes Gerais do
curso de Serviço Social e o nosso Código de Ética Profissional.
Apesar de o estágio supervisionado ser um momento imprescindível para
formação profissional, muitos estagiários encontram dificuldades na realização do
mesmo. Um fator estudado e de grande importância identificado na nossa pesquisa
foi a relação teoria e prática, que aparece em muitos momentos da nossa pesquisa
de campo, bem como na literatura estudada.
Um dos problemas apontados foi a falta de articulação entre teoria e prática,
dificultando a assimilação de conteúdos por parte do estagiário. Acreditamos que
faltam estratégias por parte da faculdade e do campo de estágio para efetivação da
práxis profissional. Muitos supervisores de campo não têm claro as concepções
filosóficas e ético-políticas que norteiam a profissão, realizando, assim, uma prática
profissional que não condiz com os pressupostos do Serviço Social.
Em contrapartida, a faculdade também não promove um respaldo para o
supervisor de campo ou estagiário, dando ênfase na parte teórica, com poucas
disciplinas que abordam a dimensão técnico-operativa e os instrumentais da
profissão.
Ressaltamos a importância da supervisão acadêmica para assimilação da
relação teoria e prática, o que ainda não acontece no curso de Serviço Social na
UNESP – Campus de Franca, sendo esse o momento para estabelecer a mediação
entre teoria e prática profissional, um espaço para refletir e dialogar sobre o
cotidiano de estágio supervisionado.
Outro ponto que merece destaque é o preparo dos alunos para ingressarem
no campo de estágio, pois muitos estagiários ficam perdidos quando se deparam
com a realidade social, esse preparo contribuiria também para que eles, como
futuros supervisores de campo, tivessem clara a função de supervisor de campo,
que muitos supervisores não possuem e desconhecem suas responsabilidades
enquanto tal.
O estágio supervisionado é sem dúvida um divisor de águas na formação
profissional do estagiário, que pode servir como um incentivo a mais na caminhada
profissional ou pode ser um momento de decepções e frustrações, como
acompanhamos na pesquisa.
A relação entre estagiário e supervisor de campo foi um fator que
ressaltamos no nosso estudo, e podemos encontrar relações baseadas na
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hierarquia e autoritarismo, chegando até à ações desrespeitosas e antiéticas, mas
vimos também relações baseadas no profissionalismo e no companheirismo.
Proveniente dessas relações, é que os estagiários desenvolvem a sua
identidade profissional, claro que ela é formada por diversos outros fatores, mas o
estágio supervisionado tem uma grande influência na construção da identidade
profissional do estagiário. Os supervisores são vistos como modelos a serem
seguidos ou não pelos estagiários.
Por isso é fundamental o papel educativo do supervisor de campo, para que
ele desenvolva a supervisão de campo em uma relação pedagógica que vise o
aprendizado por parte do estagiário e ele seja visto como um sujeito em processo de
formação profissional.
Pensando nas dificuldades encontradas pelos estagiários e percebendo os
equívocos que acontecem na realização do estágio supervisionado, acreditamos ser
de fundamental importância a elaboração do plano de estágio exigido pela
faculdade. Essa elaboração deve ser realizada em conjunto entre estagiário e
supervisor, esse plano deve servir para nortear o estágio, definir os seus objetivos e
as atribuições tanto do supervisor, quanto do estagiário.
Seria uma forma de deixar claras as concepções de estágio e supervisão de
campo que vão nortear aquele processo de estágio, contribuindo para que haja uma
segurança por parte do estagiário e fazendo com que essa prática tenha uma
intencionalidade bem definida, sendo ela o aprendizado do estagiário.
Efetivamente, a supervisão de campo é essencial para formação profissional
do estagiário, encontramos muitos desafios que precisam ser enfrentados pelos
supervisores de campo, estagiários e pela faculdade, mas também vimos através do
processo histórico da supervisão de campo que houve avanços, sobretudo no que
diz respeito às leis que norteiam o processo de estágio e a concepção da supervisão
de campo que vem sendo atrelada a um espaço de ensino e aprendizagem, não
mais apenas como um “treino” do estagiário para vida profissional.
Considerações Finais
Nossa maior intenção com a pesquisa foi promover uma reflexão acerca da
formação profissional em Serviço Social, em especial sobre a supervisão de campo,
analisada a partir da fala de um dos sujeitos partícipes desse processo, os
estagiários.
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Pesquisar a formação profissional em Serviço Social é sempre um desafio,
pois constitui-se uma profissão de caráter interventivo, que deve portanto estar
atenta às transformações da sociedade que atingem diretamente o agir cotidiano do
profissional e a formação profissional como um todo, sendo o estágio supervisionado
e a supervisão de campo um dos pilares dessa formação.
Não há dúvidas dos grandes avanços que alcançamos ao longo da história,
mas há certeza também que ainda precisamos trilhar um longo caminho, que nos
leve a uma visão pedagógica e educativa sobre a supervisão de campo e nos faça
compreender a mesma em sua totalidade.
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