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O PROGRAMA DE SAÚDE AMBIENTAL DA PREFEITURA DA CIDADE DE RECIFE/BRASIL: UM ESTUDO DE SUAS AÇÕES EDUCATIVAS ATRAVÉS DA PERCEPÇÃO SOCIAL DE SEUS PARTICIPANTES 1 Wellington Duarte Pinheiro 2 Artigo de pesquisa científica e tecnológica Resumo: Este artigo revela pesquisa relativa à percepção social dos participantes do Programa de Saúde Ambiental da Prefeitura da cidade de Recife (PSA) sobre a noção de meio ambiente e ações educativas. Programa esse elaborado para a promoção e o monitoramento das ações pertinentes ao processo de prevenção e identificação de fatores de risco que o meio ambiente provoca na saúde da população. O bairro de Dois Unidos, situado na zona sudoeste da cidade do Recife, nordeste do Brasil, foi o lócus de estudo. Supunha-se que os participantes do PSA construíssem uma percepção social diferenciada das questões ambientais. Os dados levantados por entrevistas com os Agentes responsáveis pela execução do Programa e também com líderes comunitários indicaram uma percepção social do meio ambiente compreendida pelas noções de preservação e sustentabilidade atreladas a uma concepção naturalista do meio ambiente. As ações educativas foram percebidas pelas noções de responsabilização ambiental e ações condicionadas. Palavras-Chave: Educação Ambiental. Meio Ambiente. Percepção Social. INTRODUÇÃO Saúde e ambiente constituem os termos de uma questão que emerge como ponto central no cenário das políticas públicas nacionais e internacionais na atualidade. Nesse cenário, os paradigmas tradicionais de análise e produção de conhecimento são desafiados 1 O presente artigo foi redigido a partir de uma pesquisa para dissertação desenvolvida e defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação, Curso de Mestrado, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), durante os anos 2009-2011, sob a orientação do Prof. Dr. Alexandre Simão de Freitas, e contou com o apoio financeiro da Fundação de Apoio à Ciência e Educação em Pernambuco (FACEPE). 2 Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife-Brasil. Mestre em Educação pela UFPE. Doutorando em Educação pela UFPE.

o Programa de Saúde Ambiental Da Prefeitura Da Cidade de Recife

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Este artigo revela pesquisa relativa à percepção social dos participantes do Programa de Saúde Ambiental da Prefeitura da cidade de Recife (PSA) sobre a noção de meio ambiente e ações educativas. Programa esse elaborado para a promoção e o monitoramento das ações pertinentes ao processo de prevenção e identificação de fatores de risco que o meio ambiente provoca na saúde da população. O bairro de Dois Unidos, situado na zona sudoeste da cidade do Recife, nordeste do Brasil, foi o lócus de estudo.

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  • O PROGRAMA DE SADE AMBIENTAL DA PREFEITURA DA CIDADE DE

    RECIFE/BRASIL: UM ESTUDO DE SUAS AES EDUCATIVAS ATRAVS DA

    PERCEPO SOCIAL DE SEUS PARTICIPANTES1

    Wellington Duarte Pinheiro2

    Artigo de pesquisa cientfica e tecnolgica

    Resumo: Este artigo revela pesquisa relativa percepo social dos participantes do

    Programa de Sade Ambiental da Prefeitura da cidade de Recife (PSA) sobre a noo de

    meio ambiente e aes educativas. Programa esse elaborado para a promoo e o

    monitoramento das aes pertinentes ao processo de preveno e identificao de fatores de

    risco que o meio ambiente provoca na sade da populao. O bairro de Dois Unidos,

    situado na zona sudoeste da cidade do Recife, nordeste do Brasil, foi o lcus de estudo.

    Supunha-se que os participantes do PSA construssem uma percepo social diferenciada

    das questes ambientais. Os dados levantados por entrevistas com os Agentes responsveis

    pela execuo do Programa e tambm com lderes comunitrios indicaram uma percepo

    social do meio ambiente compreendida pelas noes de preservao e sustentabilidade

    atreladas a uma concepo naturalista do meio ambiente. As aes educativas foram

    percebidas pelas noes de responsabilizao ambiental e aes condicionadas.

    Palavras-Chave: Educao Ambiental. Meio Ambiente. Percepo Social.

    INTRODUO

    Sade e ambiente constituem os termos de uma questo que emerge como ponto

    central no cenrio das polticas pblicas nacionais e internacionais na atualidade. Nesse

    cenrio, os paradigmas tradicionais de anlise e produo de conhecimento so desafiados

    1 O presente artigo foi redigido a partir de uma pesquisa para dissertao desenvolvida e defendida junto ao Programa de Ps-Graduao em Educao, Curso de Mestrado, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), durante os anos 2009-2011, sob a orientao do Prof. Dr. Alexandre Simo de Freitas, e contou com o apoio financeiro da Fundao de Apoio Cincia e Educao em Pernambuco (FACEPE). 2 Bacharel em Cincias Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife-Brasil. Mestre em

    Educao pela UFPE. Doutorando em Educao pela UFPE.

  • 2

    ao se exporem insuficincia do saber disciplinar, bem como aos desafios postos pelo

    exerccio da solidariedade frente aos interesses da coletividade.

    Mais precisamente, os problemas ambientais colocam, para a Educao Pblica,

    uma questo que , ao mesmo tempo, dilema e desafio permanente: a formao crtica dos

    sujeitos visando superao dos inmeros condicionantes que se imbricam na teia

    relacional que configura o prprio processo de humanizao em uma dada realidade.

    No Brasil, desde meados da dcada de 1980, os rgos governamentais vm se

    preocupando com as questes ambientais que afetam a vida humana. Esse perodo marca

    um novo momento da histria poltica brasileira que atuou tradicionalmente na vertente dos

    riscos biolgicos, relacionados prioritariamente com o saneamento bsico (gua, esgoto e

    lixo), e com o controle de vetores e zoonoses, no qual o ambiente entendido

    fundamentalmente como uma externalidade ameaadora (Tambellini & Cmara, 1998).

    Contudo, a chamada crise ambiental acabou por suscitar mudanas nas polticas sociais,

    percebidas nas novas propostas de reformulaes e nos discursos intersetoriais vigente. Isto

    se deu ao longo de toda a dcada de 1990 em decorrncia, dentre outros fatores, da

    realizao de movimentos e eventos sociais em prol da sustentabilidade mundial,

    destacando-se como exemplo paradigmtico a elaborao da Agenda 21 e os compromissos

    firmados acerca do meio ambiente.

    O fato que os impactos ambientais decorrentes de agresses natureza ameaam,

    das mais diversas formas, a prpria sobrevivncia da espcie humana. Ou seja, a sociedade

    contempornea tem presenciado uma grave crise no setor ambiental, no qual as alteraes

    drsticas veem acarretando comprometimentos para a vida do conjunto das populaes. A

    dilapidao dos recursos naturais, as pssimas condies de vida e os sistemas de valores

    que propiciam a expanso ilimitada do consumo material, afeta diretamente o bem-estar

    dos sujeitos das localidades afetadas.

    Diante disso, diversas administraes municipais, incentivadas por programas

    sociais do Governo Federal, tm procurado empreender o atendimento s comunidades

    perifricas dos centros urbanos, conduzindo aes intersetoriais de prtica primria no

    mbito da sade ambiental. Estreitamente ligadas ao campo educacional, essas aes visam

    articular propostas de educao e interveno junto ao meio ambiente local, buscando

    instituir o que tem sido denominado de polticas pblicas saudveis3. Ou seja, polticas que

    buscam romper as barreiras do pensamento cartesiano, por meio de estratgias que

    envolvem diversos setores e reas do conhecimento. Assim sendo, so institudas e/ou implementadas aes educativas voltadas para a preservao ambiental que viabilizam a

    promoo de sade e a melhoria da qualidade de vida.

    nesse contexto que surge, na cidade de Recife, o Programa de Sade Ambiental

    (PSA). Lanado em dezembro de 2001, atravs do Decreto Municipal n 19.187/2002, o

    PSA est sob a responsabilidade da Secretaria de Sade do municpio. O Programa foi

    concebido dentro de uma proposta do Sistema nico de Sade, tendo como referncia os

    preceitos da Agenda 21 e do Programa Marco de Ateno ao Ambiente da Organizao

    Pan-americana de Sade (OPAS).

    3 Trata-se de polticas sociais (de educao, sade, emprego, etc.) que visam criao de ambientes sociais e fsicos promotores de sade em sentido amplo, tendo como pressuposto que "o objetivo de uma poltica saudvel o de tornar mais fceis as tomadas de deciso saudveis" (STROZZI, 1997, p.43).

  • 3

    Alm de seu carter promotor da vigilncia epidemiolgica, o PSA desenvolve

    atividades de natureza educativa, sobretudo no mbito da educao no formal, mediante

    atividades especficas direcionadas conscientizao da populao. Essas atividades

    ocorrem basicamente nas comunidades de subrbio do Recife, localidades que apresentam

    condies propcias ao surgimento de doenas vetoriais como dengue e filariose, alm de

    enfermidades oriundas de veiculao hdrica (como a raiva), e outros agravantes. As aes

    almejam desencadear um processo formativo a fim de propor modificaes na conduta dos

    indivduos em relao ao meio ambiente.

    A escolha do Programa de Sade Ambiental para pesquisa, junto ao Programa de

    Ps-Graduao em Educao da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), se deve,

    portanto, sua relevncia legitimada, entre outros fatores, pelas seguintes questes:

    a) por se tratar de um Programa desenvolvido no espao urbano, de carter intersetorial,

    com grande repercusso na vida das pessoas e na qualidade ambiental da cidade;

    b) por ter surgido como uma proposta de enfrentamento dos graves e crnicos problemas

    que afetam as populaes perifricas da cidade do Recife, articulando para alm do iderio

    da Promoo da Sade princpios e prticas prprias ao campo educacional.

    Vrios estudos tm se debruado sobre o PSA tanto do ponto de vista global quanto

    a partir de recortes do mesmo. O estudo de Albuquerque (2005), por exemplo, buscou

    oferecer subsdios para o aperfeioamento do PSA, problematizando a atividade dos

    Agentes. A autora focalizou o trato que os mesmos do as informaes fornecidas

    populao, identificando problemas nas aes dos mesmos.

    O estudo de Bezerra (2008), por sua vez, teve por objetivo analisar a gesto

    territorial do PSA no que concerne aos princpios da universalidade e equidade. O estudo

    levou em considerao as diferentes especificidades dos bairros recifenses e as dificuldades

    territoriais que os executores do programa enfrentam no cotidiano. Trabalho bastante

    prximo do que foi desenvolvido, anteriormente, por Bezerra & Bitoun (2005), cuja

    finalidade era demonstrar como os conhecimentos geogrficos, sobretudo a

    operacionalizao do espao fsico, contribuem para uma melhor operacionalizao do

    Programa de Sade Ambiental.

    Nessa mesma direo, Bezerra, Bastos e Bitoun (2007) apresentaram uma crtica

    dura s polticas territorializadas de sade, especificamente aos executores das mesmas.

    Crticas ancoradas em uma pesquisa que evidenciou uma desarticulao entre os Agentes

    de Sade Ambiental e Combate a Endemias (ASACEs) e os Agentes Comunitrios de

    Sade (ACS) nos mesmos territrios de atuao.

    Bitoun et al (2005) trataram da relao existente entre o espao geogrfico e a

    vigilncia ambiental, analisando em profundidade as atividades operacionais existentes no

    Programa. Lyra (2002) fez uma anlise da poltica de sade ambiental na cidade do Recife,

    destacando a prpria discusso das chamadas cidades saudveis, embora seu foco

    especfico tenha sido os direitos trabalhistas dos Agentes.

    Trabalhos como os de Nelson (2003) e Ferraz et al (2005) mapearam a capacidade

    de ao do PSA, destacando o volume de atividades, as formas de divulgao das

    atividades e a relao que esse programa tem com outros setores da Prefeitura. Tratando da

    relao Estado-sociedade, pesquisas (Lyra, 2009; Albuquerque, 2005) apontaram que o

    PSA buscou inovar em alguns pontos como o atendimento universal, em detrimento das

    polticas anteriores, nas quais apenas algumas reas dispunham dos servios.

  • 4

    Outra questo investigada foi a contratao de Agentes via seleo pblica, O que

    contribuiu para romper um ciclo clientelstico de distribuio de empregos por polticos (Nelson, 2003). Alm disso, para esse pesquisador, a base territorial fixa de cada Agente

    criou uma relao amistosa de confiana entre governo e sociedade ou entre Agente e

    populao, promovendo um reforo accountability,4 pois os cidados passaram a ter um

    contato mais direto com o governo municipal, que antes no existia.

    Conquanto o saldo avaliativo do PSA, nesses poucos anos de existncia, tenha sido

    considerado positivo, o que pode ser constatado tambm nas premiaes que obteve [por

    exemplo, a do Programa Gesto Pblica e Cidadania,5 ciclo de premiao 2003, em

    reconhecimento a prticas inovadoras (Fundao Getlio Vargas, 2003; Nelson, 2006)],

    algumas lacunas foram apontadas. o que sinaliza o relatrio de Auditoria do Tribunal de

    Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE). O objetivo principal da Auditoria foi avaliar as aes preventivas e interventivas dos agentes bem como alguns problemas de ordem

    gerencial que pudessem comprometer o alcance dos resultados esperados do programa (Ferraz et al, 2005, p. 5). Contudo, no que toca s aes educativas para a reduo das

    situaes de risco sade da comunidade,

    Elas no tm sido executadas com eficincia e os recursos

    disponibilizados para a prtica das mesmas no atendem s necessidades

    dos agentes ambientais; as aes educativas desenvolvidas no tm sido

    suficientes para reduzir as situaes de risco sade da comunidade (Ferraz et al, 2005, p. 6).

    Diversos motivos contribuem para isso, segundo o estudo realizado: a ineficincia

    para divulgao do PSA, a insuficincia de materiais educativos distribudos, a incipincia

    das aes realizadas, a falta de uma poltica estratgica para o desenvolvimento dessas

    aes, ausncia de mecanismos de avaliao das mesmas e falta de planejamento

    pedaggico das aes educativas.

    A partir dessa discusso, percebemos a importncia de desenvolver um estudo sobre

    os aspectos educativos do Programa, mais especificamente sobre a percepo social das

    aes educativas sobre o meio ambiente que ele promove. Julgamos importante perguntar:

    Qual a percepo social que os agentes de sade ambiental e os lderes comunitrios tm

    das aes educativas desenvolvidas pelo Programa de Sade Ambiental?

    Nosso pressuposto era que, apesar do reconhecimento da relevncia do Programa -

    como os diversos estudos atestaram -, o aspecto educativo do Programa ainda est por

    merecer uma anlise especfica. A realizao das prticas educativas do PSA configura-se,

    4 O termo accountability significa responsabilidade ou imputabilidade [...] obrigao de que algum responda pelo que faz [...] obrigao dos agentes do Estado em responder por suas decises, aes e omisses, o que j universalmente consagrado como norma nas sociedades mais desenvolvidas (Schedler, 1999). 5 Organizado pela Fundao Getulio Vargas (FGV-EAESP) e a Fundao Ford, com apoio do BNDES, o

    Programa Gesto Pblica e Cidadania consiste num conjunto articulado de atividades, orientado para identificar, premiar, disseminar e analisar experincias inovadoras de governos estaduais, municipais e de organizaes indgenas no Brasil.

  • 5

    comumente, nas pesquisas, como uma espcie de ponto cego. Embora se constituam como

    um eixo estruturante das aes, as prticas educativas no tm se constitudo como objetos

    especficos de problematizao. Esse trabalho no partiu, portanto, de uma hiptese

    explicativa (do ponto de vista causal) do fenmeno, mas no desconsidera o fato de que a

    percepo dos participantes do PSA, objeto especfico de anlise, pode estar sendo

    estruturada por fatores especficos que se refletem na prpria percepo dos sujeitos.

    Acreditamos que esse aspecto seja to importante (ou at mais) quanto qualquer

    outro que compe o PSA, uma vez que a educao ambiental, tal como apreendida pelos

    formuladores do Programa, apresentada como o fator chave para engendrar mudanas

    necessrias melhoria das condies de vida em nosso habitat. Nesse sentido, o objetivo

    mais amplo da pesquisa consistiu em analisar a percepo social dos Agentes de Sade

    Ambiental e Controle de Endemias (ASACEs)6 e dos lderes comunitrios sobre as aes

    educativas desenvolvidas pelo PSA.

    Para o alcance desse objetivo, foi necessrio propor, por sua vez, certos objetivos

    especficos, quais sejam:

    a) investigar como os sujeitos percebem as aes educativas implementadas pelo PSA no

    bairro delimitado, apreendendo os sentidos que o lugar da questo ambiental tem na

    vivncia dos sujeitos;

    b) investigar se a relao dos moradores com o meio ambiente sofreu alguma alterao

    advinda das aes educativas do PSA.

    MTODO

    Na perspectiva exposta acima, a pesquisa fundamentou-se em uma abordagem

    compreensiva que enfatiza as manifestaes da vida social dos sujeitos e suas percepes

    sobre o vivido no processo de implementao das aes. Trata-se, portanto de uma pesquisa

    de natureza qualitativa, de delineamento tipo estudo de caso. (Haguette, 2003). Isso em

    virtude do objeto que havamos proposto estudar. E os critrios utilizados para a coleta de

    dados obedeceram a princpios que procuraram ser fiis a essa natureza.

    Algumas peculiaridades tambm contribuiram para a escolha do bairro de Dois

    Unidos como lcus para a realizao da pesquisa. Segundo dados do Instituto Brasileiro de

    Geografia e Estatstica (IBGE), a cidade de Recife abriga noventa e quatro (94) bairros e

    seis (6) Regies Poltico-Administrativas (RPA's). Embora a funcionalidade dessa diviso

    se volte mais para as necessidades do planejamento e da administrao, para os quais foi

    criada, ela reflete de algum modo a realidade dos diferentes territrios existentes na cidade,

    do ponto de vista das relaes sociais que neles se desenvolvem ou da realidade econmica

    da populao que neles vivem; permitindo que se identifiquem os locais onde os contrastes

    encontram-se mais acirrados.

    6 ASACE Agente de Sade Ambiental e Controle de Endemias a sigla designativa para a aglutinao dos

    cargos de Agente de Sade Ambiental (ASA) e Agente Operacional de Apoio (AOA), que atuavam nos anos anteriores a 2008, como operacionalizadores das aes do PSA.

  • 6

    A rea do Bairro de Dois Unidos no foge a essa realidade. Inserida na RPA 2,

    constituda em grande parte por Zona Especial de Interesse Social (ZEIS)7, onde

    localizamos diversas comunidades de baixa renda que se confundem com outros bairros da

    mesma RPA, contando ainda em sua rea noroeste com uma Zona Especial de Preservao

    Ambiental (ZEPA), denominada Mata de Dois Unidos - reserva ecolgica de

    remanescentes da Mata Atlntica.

    Entre as ZEPAs protegidas pela Lei Estadual n 9.989, de 13/01/1987, a Mata de

    Dois Unidos se encontra em situao de risco ambiental.

    Convm salientar que a degradao dos remanescentes da Mata Atlntica tem

    produzido, dentre outros fatores, consequncias graves no abastecimento d'gua, na

    proteo contra eroso e deslizamentos; alm de contribuir para o assoreamento dos rios,

    canais e esturios, agravando os problemas de alagamento na plancie.

    A rea do bairro de Dois Unidos predominantemente urbana e j se encontra

    bastante ocupada, concentrando assentamentos de baixa renda da Regio Metropolitana,

    com precrias condies de infraestrutura e diversos problemas socioambientais. A

    morfologia urbana da rea caracteriza-se por um traado irregular, com quadras de tamanho

    mdio, ocupao intensiva em algumas reas, e a presena de vazios.

    Para os critrios do PSA, o bairro de Dois Unidos se constitui uma rea de risco

    alto. Essa classificao utiliza critrios epidemiolgicos e socioeconmicos. Diversas

    comunidades, conforme informa o Atlas de Desenvolvimento Humano no Recife (ADHR)

    (2005), compem o cenrio do bairro:

    a) Comunidades situadas em ZEIS: Dois Unidos, Invaso da Comar, Rua Exp. Joo

    Maria/Rua Jesuno, Rua Hidelbrando Vasconcelos;

    b) Comunidades situadas em outras reas Pobres do bairro: Alto do Capito, Alto do

    Rosrio 2/Cara e Coroa, Alto e Crrego do Curi 2, Alto Jardim Rosrio/Alto do Rosrio,

    Crrego Chagas Ferreira, Crrego do Curi, Crrego So Jos, Ponte de Beberibe e Stio

    do Rosrio.

    No modelo do Programa, a estratgia de atuao prev como principal ator os

    ASACEs, vinculados a um territrio, executando aes de vigilncia ambiental, controle,

    educao e informaes.

    O quantitativo de ASACEs em cada territrio diferenciado em funo do risco

    social e ambiental de cada bairro. Alm desse agente, o Programa conta ainda com o

    Supervisor de rea. A figura abaixo delineia a estruturao organizacional na qual esses

    agentes esto localizados, ao tempo que serve para visualizar a posio dos mesmos com

    respeito funo delineada a cada setor que operacionaliza o PSA:

    Por essa razo, selecionamos como informantes centrais para o estudo os ASACEs,

    pois a eles cabem por em execuo as aes previstas pelo Programa - em rotinas dirias e

    com metas relacionadas rea de risco na qual se inserem (Secretaria de Sade do Recife,

    2001).

    7 Segundo a Prefeitura da Cidade do Recife, ZEIS so reas de assentamentos habitacionais de populao

    de baixa renda, surgidos espontaneamente, existentes, consolidados ou propostos pelo Poder Pblico, onde haja possibilidade de urbanizao e regularizao fundiria (RECIFE, 1997).

  • 7

    Selecionamos tambm lderes comunitrios como informantes, visto que, na lgica

    do Programa, eles podem contribuir para o xito ou no das aes, na medida em que so

    considerados elementos chaves na disseminao e reforo dos benefcios que o Programa

    oferece - em especial aqueles relativos aos aspectos educacionais.

    O quantitativo de entrevistados foi estabelecido da seguinte forma: os quatro

    ASACEs foram escolhidos segundo os critrios de antiguidade no trabalho e

    disponibilidade em participar das entrevistas, dentre os agentes que atuam no bairro (em

    nmero de treze no total), os quais indicaram, por sua vez, os lderes representativos das e

    nas comunidades do bairro entrevistados tambm em nmero de quatro.

    Figura 1 - Estrutura Organizacional do Programa de Sade Ambiental Fonte: Secretaria de Sade do Recife (2001, p. 57).

    Ressaltamos que todos os entrevistados so trabalhadores e moradores que atuam e

    vivem em comunidades distintas do bairro; so do sexo masculino, com idade entre 25 e 65

    anos; tempo de moradia no bairro entre 5 e 55 anos; grau de instruo variando do ensino

    fundamental ao superior completo, conforme Quadro I:

  • 8

    CARACTERSTICAS

    SUJEITOS

    QUANTITATIVO VARIAO

    IDADE

    GNERO TEMPO NO

    BAIRRO

    GRAU DE

    INSTRUO

    ASACEs 4 25-35 Masculino 5-15 anos Mdio Superior

    Incompleto.

    LDERES 4 28-65 Masculino 5-55 anos Fundamental.

    Superior Completo

    Quadro I Caracterizao dos Sujeitos da Amostra

    A escolha da tcnica de coleta de dados que utilizamos foi norteada pelos

    pressupostos mais amplos da pesquisa. Nesse sentido, utilizamos a tcnica da entrevista

    semiestruturadas considerada como prtica discursiva, de forma a entend-la como ao (interao) situada e contextualizada, por meio da qual se produzem sentidos e se

    constroem verses da realidade (Pinheiro, 2000, p. 184). A entrevista d voz aos sujeitos para que expressem a realidade que vivenciam,

    revelando crenas, ideias, maneiras de pensar, sentimentos, opinies, projees para o

    futuro, formas de lidar com determinadas situaes entre outros aspectos. As entrevistas

    semiestruturadas foram organizadas em torno de questes predeterminadas, com outras

    questes emergindo medida que transcorria o dilogo entre entrevistador e entrevistado.

    Essa situao permitiu uma maior flexibilidade, na medida em que podia fazer

    intervenes, de acordo com o andamento da entrevista, conforme Quadro II:

    UNIVERSO DA

    PESQUISA

    QUANTIDADE DE

    ENTREVISTAS

    MDIA DE PERGUNTAS

    FORMULADAS

    ASACES 4 7

    LDERES 4 6

    TOTAL 8 13

    Quadro II Panorama das Entrevistas

    As entrevistas foram realizadas com base em um roteiro composto por questes para

    obter informaes sobre a percepo social dos atores sociais sobre as aes educativas do

    PSA. Foram gravadas em udio (aparelho MP4) e transcritas posteriormente. O local

    escolhido para as gravaes foi o prprio ambiente de trabalho e vivncia dos sujeitos. A

    durao mdia de cada entrevista foi de cinquenta minutos. Posteriormente, o material foi

    submetido tratamento segundo as recomendaes de Gil (2006, p. 125): codificao das

    respostas, identificao dos temas e interpretao que consistiu, fundamentalmente, em

    estabelecer a ligao entre os resultados obtidos com outros j conhecidos, quer sejam

    derivados de teorias, quer sejam de estudos realizados anteriormente por outros derivados

    de teorias, quer sejam de estudos realizados anteriormente por outros pesquisadores.

  • 9

    RESULTADOS E ANLISE

    A partir dos referenciais expostos, fomos ao campo de pesquisa e empreendemos as

    entrevistas com os nossos informantes. Em seguida, organizamos os dados extrados da

    transcrio do material e leitura das informaes obtidas a partir dos mesmos. A

    sistematizao dos dados se deu atravs de uma matriz analtica, a qual relacionou os

    aspectos observados nas falas das pessoas entrevistadas.

    Dessa matriz construmos um corpo sinttico de categorias, tendo como resultado a

    ampliao do olhar para a maneira como as percepes sociais so construdas pelos atores

    envolvidos com as aes educativas do PSA. Nessa fase, foram feitos recortes de frases ou

    palavras-chave como forma de categorizao temtica.

    Posteriormente, trabalhamos com o recorte do texto em unidades de registro, que

    consistiram em palavras ou temas, considerados relevantes durante a pr-anlise,

    produzindo a classificao e a agregao dos dados. Por fim, procedemos discusso dos

    dados, realizando interpretaes e propondo inferncias. Nesse sentido buscamos analisar

    no s aquilo que explicitamente se encontrava no material coletado. Mas, ainda, buscou-se

    desvelar os contedos encontrados nas entrelinhas do processo, apontando e analisando

    dimenses contraditrias e mesmo aspectos silenciados.

    Vale esclarecer que cuidamos em preservar a identidade dos entrevistados,

    codificando-as (Informante 1, 2, 3, etc.), pois o objetivo da anlise , antes de tudo,

    esclarecer a posio dos atores sociais tendo em vista o objetivo do estudo. Por outro lado, na transcrio das falas, procuramos ser o mais fiel possvel elocuo de cada

    sujeito durantes as entrevistas. Os informantes 1, 2, 3 e 4 so ASACEs; os informantes 5, 6,

    7 e 8 so os lderes comunitrios do bairro.

    A anlise propriamente dita das entrevistas resultou do entrecruzamento de uma

    categoria geral percepo social - e duas categorias especficas: meio ambiente e aes educativas, conforme Quadro III:

    PERCEPO SOCIAL

    MEIO AMBIENTE

    ATIVIDADES EDUCATIVAS

    Lugar da vida Atividades preventivas

    Algo a cuidar/preservar Atividades interventivas

    Quadro III Categorias e Subcategorias Temticas

    Conforme indicado, ao longo dessa dissertao, um dos objetivos centrais de nossa

    investigao consistiu em apreender a percepo do meio ambiente dos sujeitos envolvidos

    com o PSA. Assim, ao problematizar essa questo, constatamos, de imediato, entre os

    entrevistados a predominncia de uma perspectiva ancorada nas ideias de: preservao e

  • 10

    sustentabilidade. Noes essas que emergiram atreladas a uma concepo naturalista do

    meio ambiente.

    Questionados sobre o que compreendiam por meio ambiente, os sujeitos abordados

    revelaram que:

    (...) para mim, minha viso de meio ambiente, assim... de preservao,

    ou melhor, de conservar, pois conservar no tocar, conservar manter,

    n (INFORMANTE 1, destaque nosso).

    Eu vejo a populao, entende? A populao que precisa estar ali, naquele

    lugar, para poder sobreviver. Essa a minha ideia, assim, de

    sustentabilidade. Meio ambiente essa sustentabilidade, usar sem

    destruir(INFORMANTE 3, destaque nosso).

    De modo geral, no argumento construdo pelos sujeitos para explicitar sua

    percepo, o meio ambiente foi tratado pela cifra da preservao. Ou seja, eles no

    expressaram diretamente o que entendiam por meio ambiente. Esse foi abordado a partir de

    aes concretas, as quais consistem fundamentalmente em proteger os recursos naturais da atividade predatria do homem (INFORMANTE 5) diante da lgica desenvolvimentista vigente na sociedade.

    Ao mesmo tempo, as falas dos sujeitos entrevistados sugeriam uma associao

    direta entre o meio ambiente e a noo de sustentabilidade, entendida como a capacidade de

    usar sem destruir.

    Eu e minha esposa temos o hbito de tomar o refrigerante e colocar a

    garrafa na bolsa. Isso no destruir a natureza. o que a gente pode fazer

    para no acabar com a natureza... O semestre passado paguei uma

    disciplina sobre Engenharia Ambiental o que me abriu minha mente sobre

    o que seria a questo do meio ambiente (INFORMANTE 1)

    Assim, a degradao ambiental foi apreendida como decorrente da ausncia de

    aes especficas de preservao tanto do poder pblico quanto da populao. Mas o que

    importante destacar nessa problematizao do meio ambiente, pelos atores locais do PSA,

    a percepo de que preservao e sustentabilidade configuram-se como elementos vitais no

    entendimento das relaes sociais que se estabelecem com o meio.

    Mais especificamente, essa percepo aponta para o papel central que os prprios

    seres humanos ocupam na discusso sobre o meio ambiente. O que no quer dizer que ela

    no contenha suas prprias contradies. Pois, ao mesmo tempo em que aponta para o lugar

    do ser humano nos processos de degradao ambiental, os sujeitos ressaltam uma viso

    romantizada de preservao na qual emergia, quase sempre, uma separao do homem em

    relao ao seu meio natural. Esse tipo de postura pode ser percebido, de modo exemplar, na

    fala de um dos sujeitos, para quem preservar significa fundamentalmente conservar e conservar, por sua vez, no tocar.

  • 11

    Observa-se, assim, que a questo ambiental foi percebida como o prprio espao

    natural onde realizamos nossa vida, ao executar nossas necessidades bsicas - como o ato

    de nos alimentarmos. Nessa viso, destaca-se uma viso naturalista do meio ambiente

    sendo enfatizados, sobretudo, elementos de natureza fsica que permite compreender a

    ambincia a partir de fatores prprios do ambiente natural. Logo, para os sujeitos

    entrevistados, h uma relao diretiva entre o meio ambiente e o espao fsico.

    O fato que, durante nossa pesquisa, observamos apenas um nico sujeito que

    apresentou uma compreenso interacionista, ou seja, a percepo social do meio ambiente

    ancorada na noo de interao do homem com a natureza.

    Para mim, meio ambiente no consiste apenas no espao fsico, na

    natureza fsica, mas todo espao ocupado pelo homem e o prprio homem

    um ser integrante do ambiente. Ns, aqui, por exemplo, neste quarto,

    estamos em um meio ambiente. Isto seria, em poucas palavras, a minha

    concepo de meio ambiente... (INFORMANTE 5).

    Para esse sujeito, em particular, o meio ambiente s pode ser compreendido se

    levamos em conta o carter relacional dessa categoria. A questo da interao faz

    referncia, portanto, s aes, valores e hbitos que os indivduos pem em prtica para

    entrar em relao com o meio ambiente. Acreditamos que essa percepo pode estar

    relacionado tanto ao grau de escolaridade desse ator (curso superior completo) como

    tambm ao fato dele ser ativista da questo ambiental.

    De um modo amplo, todos os sujeitos entrevistados expressaram a compreenso de

    que o meio ambiente impensvel sem alguma forma concreta de cuidado. Sem essa

    dimenso, para eles, no haveria como sustentar qualquer forma de equilbrio ecolgico.

    Quanto ideia de cuidado, na perspectiva dos sujeitos abordados, se relaciona

    diretamente capacidade dos indivduos em serem cautelosos e interessados com a causa

    ambiental. Ou seja, o cuidado no tomado aqui como uma simples categoria terica, mas

    se materializa principalmente em gestes e aes efetivas que podem poupar o meio ambiente do acmulo de entulhos (INFORMANTE 2), produzidos pelos seres humanos, por exemplo. A noo de cuidado denota a presena de uma sensibilidade dos entrevistados

    com a questo ambiental, evidenciada na forma que o indivduo tem para manter contato com o mundo em que vive a partir da relao entre os objetos e o homem (Rocha, 2002, p. 103). A percepo do meio ambiente e do prprio trabalho educativo do ASCASE surge,

    portanto, modelada pelo sentido desse cuidado.

    Aqui na comunidade eu trabalho com povo e o povo trabalha com a gente.

    Na hora do carro do lixo passar, as pessoas deixam de colocar o lixo para

    ir assistir novela. Era s deixar na calada, isso precisa melhorar. O povo

    precisa melhorar o cuidado com o meio ambiente, e ns precisamos

    trabalhar mais esse cuidado (Informante 7).

    O bairro vai precisar de melhorar as galerias e os esgotos: o saneamento

    bsico, n? preciso as pessoas ter cuidado com sua casa. Eu tenho um

    quarto cheio de sucata e cuido de limpar ele sempre. A caixa dgua

  • 12

    quando precisa limpar, eu chamo um menino desses, dou um trocado, e

    fica tudo limpo. Eu no vejo as pessoas ter esse cuidado (sic) com o meio

    ambiente (Informante 6).

    E nesse sentido, a anlise da percepo social do meio ambiente, pelos sujeitos da

    nossa pesquisa, aponta para uma compreenso sofisticada sobre a ambincia, indicando que

    noes como sustentabilidade e preservao ainda parecem estar desconectadas do mundo

    da vida dos atores, apesar da sua apropriao discursiva muito provavelmente associada s

    aes promovidas pelos Agentes. A questo saber em que medida, incorporada pelos

    gestores do programa, a questo do cuidado poderia provocar mudanas mais significativas

    na percepo social que os sujeitos tm do meio ambiente.

    Ao mesmo tempo, a percepo social do meio ambiente compreendida pela noo

    naturalista do meio ambiente emerge como uma alerta para os gestores e os executores do

    PSA, em virtude do prprio programa tratar a concepo de meio ambiente com maior

    criticidade.

    O segundo aspecto abordado em nosso trabalho de campo, junto aos sujeitos

    selecionados, dizia respeito s atividades educativas desenvolvidas pelo PSA. Nesse

    sentido, a inteno era apreender como os atores compreendiam essas aes e os impactos

    que elas poderiam desempenhar em suas percepes sobre as questes ambientais. Durante

    o processo de analise das entrevistas essa questo foi desdobrada em duas subcategorias por

    ns denominadas de atividades preventivas e atividades interventivas. De maneira sinttica, as primeiras consistem num trabalho de orientao para a preveno de agravos

    oriundos da ambincia, enquanto as atividades interventivas consistem nas atividades

    prticas inerentes rotina de trabalho dos ASACEs.

    Vale ressaltar, contudo, que para todos os sujeitos entrevistados as aes educativas

    foram percebidas como extremamente relevantes:

    O ato educativo deles ao ir na casa das pessoas e passam uma mensagem

    do lixo, da dengue, de ter cuidado com isso e aquilo outro, tem uma ao

    muito importante mesmo... Eu tenho presenciado eles preocupados, j

    tiveram na minha casa duas ou trs vezes, onde eu vi botar produto nas

    caixas de gua, eles veem as latas, cobre coisas abertas e orienta nesse

    caso eficaz (sic) (INFORMANTE 8).

    Para os ASACEs, houve uma nfase na educao compreendida como um processo

    de transmisso de conhecimento. Essa percepo emergiu, sobretudo, quando eles

    discutiam as atividades preventivas que so realizadas pelo PSA, aparecendo em expresses

    como: multiplicao de informao e levar conscincia. Mais ainda, essa compreenso da educao conduzia, os sujeitos entrevistados, a uma percepo social de

    responsabilizao ambiental das atividades educativas por partes dos ASACEs.

    Explicitemos a partir de uma fala:

  • 13

    Veja, a funo da gente levar o povo conscincia, de maneira que a

    gente no faa interveno. Ento, a funo da gente manter que o povo

    mantenha seus reservatrios tampados, para que as pessoas evitem jogar

    o lixo nas caneletas, no rio, para que as pessoas tenham seu lixo

    acondicionado, cuidem do seu quintal para evitar mosquito, ratos. Ento,

    a funo da gente educativa, n? (INFORMANTE 4, grifo nosso).

    Assim, para alguns ASACEs, a responsabilizao ambiental est relacionada ao

    fato das atividades educativas buscarem promover um processo de conscientizao junto

    populao. Essa, sim, seria a executora das atividades.

    Como o informante faz questo de lembrar, os agentes no deveriam realizar

    intervenes diretas. As intervenes propriamente ditas, como o acondicionamento correto

    da gua nos reservatrios ou o tratamento adequado do lixo, seriam da alada da populao

    e no dos agentes. Assim, do ponto de vista educativo, os agentes seriam responsveis por

    realizar um dilogo com os moradores, ao longo das visitas, para que as aes sejam

    compreendidas, produzindo a construo de comportamentos saudveis com o meio

    ambiente, a partir de uma nova conscincia em relao ao mesmo.

    Foi possvel identificar, ento, a percepo de que as aes educativas tinham um

    carter predominantemente informativo, cuja finalidade ltima consistia em prevenir os

    inmeros agravos provocados a partir do binmio sade-meio ambiente. Esse tipo de

    percepo produz uma imbricao entre os processos educativos e a gesto ambiental. Em

    outros termos, a educao ambiental foi apreendida como mais um mecanismo de gesto

    ambiental voltado administrao e ao controle das condutas dos moradores. Observa-se,

    assim, na tica dos agentes que

    A populao tem mudado seus hbitos no dia a dia, por exemplo, a

    questo da filariose, a vacinao de ces e gatos, os cuidados dos

    moradores com os seus ces e gatos ao vacinar nas campanhas (sic), o

    maior cuidado com a restante da alimentao para no ocorrer o

    surgimento de ratos, o conserto dos canos (fossas). Tudo isso veio com a

    questo das visitas dirias, o que antes no existia. Agora a preocupao

    dos moradores passou a se preocupar em manter seus depsitos de gua

    fechada. Ento, tudo isso vem da educao que os agentes promovem nas

    comunidades. Sem essa ao educativa preventiva ns no teramos essa

    mudana visvel no comportamento dos moradores da regio (Informante

    2).

    O argumento acima direto. As aes educativas, lastreadas na ideia de

    responsabilizao com o meio ambiente, compreende um processo de mudana dos hbitos

    dos moradores em relao questo ambiental que passa pela dinmica de conscientizao

    gerada pela visita dos agentes.

    A problematizao dessa percepo da prtica educacional dos agentes implica

    questionar o prprio modelo de formao a que eles esto sujeitos. Questionados sobre

    isso, os informantes disseram que

  • 14

    Durante o curso, no processo de formao terica do Agente de Sade

    Ambiental foram disponibilizados conhecimentos especficos sobre reas

    de interesse sade ambiental, tais como: o estudo geomorfolgico dos

    solos; o estudo das doenas transmitidas por vetores como a dengue e

    filariose; o estudo de medidas cpticas em relao aos destinos dos dejetos

    sanitrios dentre outras abordagens (Informante 2).

    Em outros termos, embora se reconhea o carter educativo da ao dos agentes de

    sade ambiental e que a educao uma questo chave para a mudana de comportamentos

    da populao atingida pela ao dos mesmos, o processo de formao predominantemente

    voltado para a aprendizagem de determinadas tcnicas a serem repassadas para a

    populao. Em nenhum momento, a formao dos agentes contemplou aspectos

    propriamente pedaggicos.

    Neste contexto muitas aes, consideradas como educativas, so de carter instrumental como, por exemplo, o uso do suspiro em fossas spticas, para expelir os gases oriundos dos dejetos humanos na fossa.

    As aes educativas, quando concebidas pelos agentes atravs da noo de

    responsabilizao ambiental, reduziu o impacto educativo dimenso preventiva de riscos

    e agravos considerados fundamentais para o processo de preservao e equilbrio

    ambiental, o que indica uma viso restritiva das aprendizagens provenientes de suas aes e

    incorporadas no cotidiano da populao atendida por essa poltica pblica.

    Assim, o que esta percepo social das atividades educacionais condicionadas nos

    revela, por um lado, a falta de comprometimento do Estado com as finalidades

    propriamente educativas das aes do PSA. H apenas uma execuo parcial do potencial

    de formao crtica e emancipatria que essas aes poderiam desenvolver na concepo

    que os indivduos tm sobre a questo ambiental.

    Logo, esta mesma percepo social tambm nos mostra a necessidade dos agentes

    das atividades educativas os ASACES - iniciarem um processo de desprendimento do processo de governamentalizao das atividades educacionais em curso no programa,

    desenvolvendo um trabalho educativo capaz de mobilizar a sua prpria condio de

    educador ambiental.

    Nessa direo, foi de fundamental importncia apreender, para alm das ideias de

    responsabilizao ambiental e aes educativas condicionadas, junto aos prprios sujeitos

    entrevistados, uma percepo social pautada na noo de interao social como base das

    aprendizagens difundidas pelo PSA. Assim, para os sujeitos abordados,

    (...) o ato educativo comea ao irmos na casa das pessoas e passam uma

    mensagem de cuidado... No caso, aqui em casa, eu s vezes chego, e o

    pessoal diz: olha, o rapaz da dengue passou aqui e recomendou isso e isso. s vezes, eu nem o vejo, mas s pelas recomendaes, eu sinto e vejo o que ficou para mim. Eu acho que toda ao educativa importante

    e que o trabalho deles eficaz neste sentido: que eles chegam numa casa

    e deixam uma mensagem de cuidado to convincente que quando chega

    outra pessoa; essa para e escuta, o que quer dizer que eles atingem s

  • 15

    pessoas positivamente. Companheiro, isso eu acho um trabalho educativo

    muito positivo para a comunidade (INFORMANTE 8, grifo nosso).

    Na lgica argumentativa desse sujeito desvela-se uma percepo social das

    atividades educativas pautadas pela nfase na qualidade das interaes sociais

    desenvolvidas entre os Agentes e os moradores, o que tem rebatimento direto no tratamento

    das questes ambientais. O curioso que nesse momento das entrevistas, mais uma vez,

    reaparece a ideia de cuidado como um eixo ao redor do qual as atividades educativas dos

    Agentes so percebidas e tematizadas.

    A melhor parte do trabalho a visita do Agente. Ele passa na data certa.

    s vezes, as pessoas pedem para eles passarem antes da data para ver

    outros problemas da sua casa. Na visita, as perguntas que ele faz muito

    importante, como o cuidado com o lixo, a limpeza do quintal e o cuidado

    com a gua. A forma como ele apresenta a orientao... o trabalho dele

    muito importante para a comunidade. O morador tem contato direto e eles

    tem, assim, todo um cuidado no modo de dizer, de esclarecer as situaes

    e de nos ajudar a perceber como certas coisas afetam nossas vidas

    (INFORMANTE 7, grifo nosso)

    Essa e outras falas evidenciaram que as atividades educacionais oportunizadas pelos

    agentes, durante as visitas domiciliares, so compreendidas pelos sujeitos entrevistados

    atravs da cifra do cuidado. como se a questo do cuidado funcionasse como um filtro

    valorativo para o desenvolvimento das aes realizadas pelos agentes, e sendo assim seria

    um componente-chave na construo de novas atitudes e conhecimentos por parte dos

    sujeitos. Nosso prprio entendimento que, talvez, esta questo do cuidado, mobilize um

    processo educativo de maior afetao dos sujeitos para com o meio ambiente.

    Dizendo de modo mais direto: o padro afetivo-relacional estabelecido pelos

    agentes, junto aos moradores, produziria um contexto de confiana e credibilidade

    potencializador das mudanas de atitudes. Diante disso, ressaltamos que a percepo social

    das atividades educativas referenciadas pela noo de cuidado pode potencializar

    positivamente as prticas do PSA, criando a possibilidade das pessoas aumentarem seu

    comprometimento e compreenso da importncia que a discusso ambiental tem para sua

    vida sem cair, necessariamente, na tica do controle das condutas e dos comportamentos.

    Ao final da analise das entrevistas, fica-nos, ento, a compreenso de que a

    percepo social das aes educativas do PSA, para os entrevistados de Dois Unidos, por

    um lado, apontaram para uma perspectiva reducionista ancorada na viso de

    responsabilizao ambiental, onde as aes educativas tm por alvo o condicionamento e a

    regulamentao das condutas dos moradores atendidos. Uma viso que se coaduna com a

    percepo naturalizada (e dicotmica) que os sujeitos revelaram acerca do prprio meio

    ambiente.

    Mas, por outro lado, constatamos tambm uma espcie de linha de fuga presente,

    sobretudo, na percepo do cuidado como elemento vital na articulao dos processos de

    aprendizagem a partir das interaes sociais estabelecidas entre os sujeitos que so afetados

  • 16

    por esse programa. Estes resultados quando confrontados com os objetivos propostos por

    nossa pesquisa indicam que as percepes sociais relativas ao meio ambiente e s aes de

    educao ambiental ainda carregam um tom ambivalente.

    Se, por um lado, o ambiente ainda abordado de modo naturalista, pelos sujeitos

    entrevistados, observa-se, em um segundo momento, a emergncia de uma percepo sutil

    de relao com o meio ambiente atravessada pela ideia de cuidado.

    Desta forma, nos arriscamos a frisar que a percepo das atividades educativas,

    mediadas pela ideia de cuidado, pode vir a provocar mudanas significativas na

    compreenso que os sujeitos tm no apenas das atividades educacionais do PSA, mas do

    prprio meio ambiente, desnaturalizando-o e inserindo-o em uma matriz de pensamento de

    base relacional. Com isso, o prprio enfoque regulamentador, dado pelas aes

    governamentais, poderia se deslocar para uma dimenso poltico-pedaggica, fazendo

    avanar o trato com o meio ambiente em uma perspectiva democrtica e cidad.

    CONCLUSES

    O Programa de Sade Ambiental (PSA) se constitui numa prtica pioneira ao

    realizar a preveno de riscos sade, ocasionados por fatores ambientais, de forma

    integrada. Trata-se de uma iniciativa de fundamental importncia para produzir melhorias

    nas condies de sade da comunidade. Apesar de ser um programa recente, criado

    pela Prefeitura da Cidade do Recife, sob a responsabilidade da Secretaria de Sade, o

    PSA tem apresentado resultados positivos no combate a problemas graves, resultantes das

    condies ambientais urbanas da cidade, contribuindo especialmente para a reduo dos

    ndices de doenas epidemiolgicas.

    Os princpios do PSA, alm da universalidade, buscam estabelecer a

    intersetorialidade, a descentralizao e a integralidade como forma de potencializar as

    aes de proteo ao ambiente, atuando diretamente nas causas das condies

    insalubres com nfase nas aes educativas de preveno. Esses princpios conferem ao

    Programa um aspecto distinto em relao s outras experincias realizadas na rea de

    sade do municpio. No modelo de gesto do PSA, os domiclios e adjacncias so

    atendidos como unidades onde convivem com situaes de riscos e necessidade de

    proteo para sade humana. A estratgia torna o Agente de Sade Ambiental e

    Controle de Endemias (ASACE), vinculado a um territrio, o principal ator da

    ao, executando atividades de vigilncia, controle e educao ambiental.

    Embora situada no campo das polticas pblicas, da gesto e do planejamento

    educacional, a pesquisa no focalizou a dimenso normativa do PSA, mesmo reconhecendo

    sua importncia como outros estudos j demonstraram. Seguindo as orientaes de

    Azevedo (1997), priorizamos nossa anlise na dimenso subjetiva da poltica, ou seja, nos

    referenciais simblicos da ao governamental, e, mais especificamente, na compreenso

    que os prprios sujeitos afetados por uma determinada poltica ou ao governamental tm

    da mesma. Como tambm ressalta Martins (2008; 2009; 2010) (?), esse tipo de investigao

    tem se revelado de fundamental importncia para evidenciar aspectos, comumente,

    negligenciados pelos atores governamentais, fornecendo visibilidade a dimenses da ao

    que tm passado despercebidos pelos gestores e planejadores das polticas pblicas.

  • 17

    De modo amplo, o estudo revelou que a percepo social do meio ambiente foi

    compreendida pelas noes de preservao e sustentabilidade, associadas, por sua vez, com

    uma concepo naturalista do meio ambiente. Essa percepo social naturalizada do meio

    ambiente emerge como uma alerta tanto para os gestores, quanto para os executores do

    PSA, em virtude do prprio programa tratar a concepo de meio ambiente com maior

    criticidade.

    Mas, curiosamente, para os sujeitos entrevistados, a relao com o meio ambiente

    tambm apareceu associado ao cuidado com consigo mesmo e com os outros sujeitos que

    partilham de um mesmo espao. Esse se configurou um dado importante na medida em que

    os prprios gestores do PSA, em seus documentos normativos, parecem no ressaltar nem

    trabalhar especificamente com essa noo quando do planejamento e execuo das aes de

    interveno. A anlise dessa percepo parece indicar que noes como sustentabilidade e

    preservao ainda parecem estar desconectadas do mundo da vida dos atores, apesar da sua

    apropriao discursiva muito provavelmente estar associada s aes promovidas pelos

    prprios Agentes. A questo saber em que medida, incorporada pelos gestores do

    programa, a questo do cuidado poderia provocar mudanas mais significativas na

    percepo social que os sujeitos tm do meio ambiente.

    Em relao s aes educativas, segundo objetivo especfico da investigao, nossa

    pesquisa identificou que a percepo social para os entrevistados no bairro de Dois Unidos

    est baseada centralmente nas concepes de responsabilizao ambiental e aes

    condicionadas.

    Em outros termos, para os sujeitos entrevistados, o trabalho educativo do PSA

    apresentou o carter de promoo de aes condicionadas, ou seja, foram concebidas mais

    como mecanismos de controle das aes dos indivduos, configurando-se como uma

    estratgia de gesto ambiental e no como uma estratgia pedaggica.

    Mas, do mesmo modo como ocorreu com a percepo social do meio ambiente, a

    anlise nos revelou tambm uma percepo das atividades educativas permeadas pelo

    sentido de cuidado uma concepo que no formalmente discutida no processo de formao dos ASACEs. como se a questo do cuidado funcionasse como um filtro

    valorativo interno, mobilizado pelos agentes e lideranas comunitrias, para avaliar o

    desenvolvimento das aes realizadas pelo PSA.

    Nosso entendimento que o padro afetivo-relacional estabelecido pelos agentes,

    junto aos moradores, produz um contexto de confiana e credibilidade. Esse, sim,

    potencializador das mudanas de atitudes esperados pelos gestores do programa. Diante

    disso, ressaltamos que a percepo social das atividades educativas referenciadas pela

    noo de cuidado pode potencializar positivamente as prticas do PSA, criando a

    possibilidade das pessoas aumentarem seu comprometimento e compreenso da

    importncia que a discusso ambiental tem para sua vida sem precisar cair,

    necessariamente, na tica do controle das condutas e dos comportamentos.

    Logo, os resultados alcanados quando confrontados com os objetivos propostos por

    nossa pesquisa indicam que as percepes sociais relativas ao meio ambiente e s aes de

    educao ambiental ainda carregam um tom ambivalente. Por um lado, o ambiente ainda

    abordado de modo naturalista, por outro se observa uma percepo sofisticada de relao

    com o meio ambiente atravessado pela ideia de cuidado.

  • 18

    Por fim, nos arriscamos a defender que a percepo das atividades educativas,

    mediadas pela ideia de cuidado, pode vir a provocar mudanas significativas na

    compreenso que os sujeitos tm no apenas das atividades educacionais do PSA, mas do

    prprio meio ambiente, desnaturalizando-o e inserindo-o em uma matriz de pensamento de

    base relacional. Com isso, o prprio enfoque regulamentador, dado pelas aes

    governamentais, poderia se deslocar para uma dimenso poltico-pedaggica, fazendo

    avanar o trato com o meio ambiente em uma perspectiva democrtica e cidad.

    Assim, apesar de termos encontrado pontos frgeis na percepo social do meio

    ambiente de nossos entrevistados (pontos marcados pela persistncia de uma concepo

    dicotomizada em relao ao meio ambiente humano e natural), acreditamos que o PSA

    poder contribuir de forma significativa para o trabalho relacionado ao meio ambiente, na

    medida em que esse incorpore a dimenso relacional do cuidado, caminhando, portanto,

    para um trabalho educativo que no se restrinja logica de prevenir os riscos e os agravos

    ambientais. Mais especificamente, acreditamos na possibilidade do PSA produzir aes

    educativas, situando-se para alm de um mecanismo de controle socioambiental,

    abandonando a noo de atividades interventivas, as quais Veiga-neto (2007) denomina de

    pedagogias culturais, cujo alvo adestrar o comportamento dos indivduos para uma

    determinada finalidade.

    Nesse sentido, fica evidente a necessidade do Estado deixar de exercer, apenas, o

    controle e o governamento da discusso ambiental. O que revela, mais uma vez, a

    importncia que as aes educativas tm para o processo de formao da populao sobre

    essas questes. A prpria identificao destas percepes sociais, a nosso ver, indica a

    necessidade do PSA passar por processo reordenao do processo formativo dos ASACEs a

    fim de fazer avanar as prticas educativas mobilizadas.

    Ousamos mesmo, no final desse trabalho, em recomendar aos gestores do PSA rever

    o processo de formao pedaggica dos ASACEs para uma discusso mais qualificada

    sobre o meio ambiente na cidade do Recife. Isso na medida em que a anlise da percepo

    social das atividades educativas parece apontar um caminho de fuga, dentro da prpria estrutura do Estado como fica evidenciado na percepo de posturas e prticas pautadas por

    preceitos relacionais de cuidado com o meio ambiente tal como foram defendidas pelos

    sujeitos entrevistados durante a pesquisa.

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