O purgatório e os Padres da Igreja

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/7/2019 O purgatrio e os Padres da Igreja

    1/8

    O purgatrio e os Padres da Igreja

    Este texto-resposta a um catlico que transcrevo a seguir em portugus -Purgatory and the earliest Fathers- bastante esclarecedor de como era visto (ou

    no visto) o purgatrio na igreja antiga e de quais so as origens desta doutrina.Serve tambm para refutar o artigo publicado no site Veritatis Splendor: OPurgatrio, a Igreja primitiva e os Santos Padres. Os padres citados e osargumentos utilizados so praticamente os mesmos.

    filsofo_catlico: No h escritos primitivos na igreja primitiva sobre o purgatrio?A evidncia extra-bblica mais explcita para a crena na doutrina do purgatrio naIgreja antiga encontrada nas suas liturgias. Sem excepo, no Oriente e noOcidente, as vrias liturgias Eucarsticas continham pelo menos um memento mori,"memria dos mortos". No teria sentido orar pelos mortos se fosse certo que eles

    j estivessem no cu, assim como no teriam necessidade de oraes. Se elesestivessem no inferno, a orao no lhes poderia fazer nenhum bem. Mas a Igreja

    sabia ento, como sabe agora, que h um "estado intermdio ", onde alguns quemorrem em estado de graa e esto seguros da sua salvao podem beneficiar dasnossas oraes.

    O problema com isto que a igreja primitiva pode ter orado pela "memria dosmortos" sem introduzir uma ideia de purgatrio mistura. A igreja PODE orar pelosmortos independentemente de um purgatrio, e isso o que a evidncia revela. Ohistoriador medievalista e acadmico, Jacques Le Goff, esclarece:

    Finalmente, alguns destes textos descrevem um lugar que, apesar de bastantesemelhante ao "seio de Abrao", no sempre idntico a ele: o refrigerium. Vriasinscries funerrias mencionam as palavras refrigerium ou refrige-rare, (refrigrio,refrigerar), tanto isoladamente como em conjunto com a palavra pax (paz): in pace

    et refrigerium, esto in refrigerio (que ele esteja em refrigerium), in refrigerio animasua (que a sua alma esteja em refrigerium), deus refrigeret spiritum tuum (queDeus refrigere o seu esprito).

    Um excelente estudo filolgico de Christine Mohrmann claramente traou aevoluo semntica de refrigerium do clssico para o Latim Cristo: "Paralelamentea estas bastante vagas e inconstantes definies, as palavras refrigerare erefrigerium assumiram, na linguagem Crist, um significado tcnico muito preciso:a felicidade celestial. Encontramos refrigerium usado neste sentido j emTertuliano, em cujos escritos denota tanto a felicidade temporria das almasesperando o retorno de Cristo no seio de Abrao, segundo a prpria concepo deTertuliano do assunto, como a eterna bem-aventurana do Paraso, que gozada

    pelos mrtires desde o momento que morrem e que prometida aos eleitos aps overedicto divino final Entre os escritores Cristos mais tardios refrigerium usadode uma maneira geral para designar as alegrias do mundo alm-tmulo,prometidas por Deus aos eleitos.

    "Refrigerium tem um lugar especial na pr-histria do Purgatrio apenas por causada concepo pessoal de Tertuliano, qual Mohrmann alude no pargrafo acima.De facto, como vimos, refrigerium denota um estado quase-paradisaco defelicidade e no um lugar. Mas Tertuliano imaginou um tipo especial de refrigerium,o refrigerium interim ou "nterim refrigrio" reservado para alguns dos mortos,escolhidos por Deus como merecedores de tratamento especial durante o perododa sua morte e o momento do julgamento final (The Birth of Purgatory, Ch.1, pp.46-47).

    http://churchmouse57.blogspot.com/2007/03/purgatory-and-earliest-fathers.htmlhttp://churchmouse57.blogspot.com/2007/03/purgatory-and-earliest-fathers.htmlhttp://www.veritatis.com.br/patristica/patrologia/435-o-purgatorio-a-igreja-primitiva-e-os-santos-padreshttp://www.veritatis.com.br/patristica/patrologia/435-o-purgatorio-a-igreja-primitiva-e-os-santos-padreshttp://www.veritatis.com.br/patristica/patrologia/435-o-purgatorio-a-igreja-primitiva-e-os-santos-padreshttp://www.veritatis.com.br/patristica/patrologia/435-o-purgatorio-a-igreja-primitiva-e-os-santos-padreshttp://www.veritatis.com.br/patristica/patrologia/435-o-purgatorio-a-igreja-primitiva-e-os-santos-padreshttp://churchmouse57.blogspot.com/2007/03/purgatory-and-earliest-fathers.html
  • 8/7/2019 O purgatrio e os Padres da Igreja

    2/8

  • 8/7/2019 O purgatrio e os Padres da Igreja

    3/8

    recompensa final (Adversus Marcionem 4.34). At o fim dos tempos o seio deAbrao deve servir como "o receptculo temporrio das almas fiis".

    O pensamento de Tertuliano, de facto, permanece altamente dualista. Na suaopinio existem dois destinos contrastantes: a punio, que expressa porpalavras tais como tormento (tormentum), agonia (supplicum) e tortura

    (cruciatus), e recompensa, expressa pelo termo refrigrio (refrigerium). Em doislugares afirmado que estes destinos so eternos.

    Por outro lado, Tertuliano pe grande nfase nas ofertas aos mortos no aniversriodas suas mortes e declara que essas prticas piedosas podem ser baseadas natradio e na f ainda que no exista fundamento para elas na Escritura. (De ummodo geral, com a excepo de Mateus 12:32 e 1 Corntios 3:10-15 de Paulo,bases textuais para a doutrina do Purgatrio so praticamente inexistentes).Tertuliano escreve: "Fazemos oblaes pelos falecidos no aniversrio da sua morte... Se procurares na Escritura por uma lei formal regendo estas e outras prticassimilares, no encontrars nenhuma. a tradio que as justifica, o costume queas confirma, e a f que as observa" (De corona militis 3.2-3).

    Em relao pr-histria do Purgatrio, a inovao de Tertuliano, se que foi umainovao, foi ter o justo a passar um perodo de tempo no refrigerium interim antesde ir habitar no eterno refrigerium. Mas no h nada realmente novo acerca dolugar de refrigrio, que ainda o seio de Abrao. Entre o refrigerium interim deTertuliano e o Purgatrio existe uma diferena no s de gnero - para Tertuliano uma questo de uma espera tranquila at ao Juzo Final, enquanto com oPurgatrio uma questo de um sofrimento que purifica porque punitivo eexpiatrio - mas tambm de durao: as almas permanecem no refrigerium at aressurreio mas no Purgatrio apenas o tempo que for preciso para expiar os seuspecados.

    Tudo levado em conta, no existe purgatrio na escatologia de Tertuliano. A citao

    que usaste enganosa luz do quadro completo. Mas assumo que a tiraste deoutro website.

    So Cipriano de Cartago (escrito em 253AD) "A fora do verdadeiro crentepermanece inabalvel, e com aqueles que temem e amam a Deus com todo seucorao, a sua integridade continua firme e forte. At mesmo para adlteros umtempo de arrependimento concedido por ns, e paz dada. No entanto, avirgindade no por causa disso deficiente na Igreja, nem a concepo gloriosa dacontinncia enfraquece pelos pecados dos outros. A Igreja, coroada com tantosvirgens, floresce; e a castidade e a modstia preserva o teor da sua glria. Nem ovigor da continncia diminudo por o arrependimento e o perdo ser facilitado aoadltero. Uma coisa pedir perdo; outra coisa, alcanar a glria. Uma coisa

    estar prisioneiro sem poder sair at ter pago o ltimo centavo; outra coisa, recebersimultaneamente a coragem e o salrio da f. Uma coisa ser torturado com longosofrimento pelos pecados, para ser limpo e completamente purificado pelo fogo;outra coisa ter sido purificado de todos os pecados pelo sofrimento. Uma coisa estar em suspenso at que ocorra a sentena de Deus no Dia do Juzo; outra coisa ser imediatamente coroado pelo Senhor".

    De novo, Le Goff fala sobre isto:

    "Alguns autores tm creditado Cipriano com uma importante contribuiodoutrinria para o Purgatrio j em meados do sculo terceiro. Na sua Carta aAntoniano [Carta 51:20] Cipriano faz a distino entre dois tipos de Cristos: 'Umacoisa esperar o perdo e outra coisa chegar glria; uma coisa ser enviado

    para a priso [no crcere] para ser solto apenas quando o ltimo centavo for pagoe outra coisa receber imediatamente a recompensa da f e virtude; uma coisa

  • 8/7/2019 O purgatrio e os Padres da Igreja

    4/8

    ser aliviado e purificado dos seus pecados atravs de um longo sofrimento no fogoe outra coisa ter todas as suas falhas limpas pelo martrio; e uma coisa serenforcado pelo Senhor no Dia do Juzo e outra ser imediatamente coroado porele.'... A refutao de Jay sobre a noo de que Cipriano props uma doutrinasemelhante do Purgatrio parece-me bem fundamentada. Segundo Jay, o queest a ser discutido na carta a Antoniano a diferena entre Cristos que no

    resistem perseguio (os lapsos e apstatas) e os mrtires. No uma questode "purgatrio" na vida aps a morte, mas de penitncia aqui em baixo. Areferncia priso no tem a ver com o Purgatrio, que ainda no existia, mas simcom a disciplina penitencial da Igreja". (The Birth of Purgatory, pp57-58)

    So Joo Crisstomo (347-407 AD) "Deixem-nos ajudar e comemorar. Se os filhosde J foram purificados pelo sacrifcio de seu pai, por que deveramos duvidar queas nossas ofertas pelos mortos lhes trazem alguma consolao? No hesitemos emajudar aqueles que morreram e em oferecer as nossas oraes por eles".

    Verifiquei de onde a passagem veio (Homilias sobre I Corntios, 41:5) e noencontrei nada que trouxesse um contexto de purgatrio passagem. luz dos

    outros padres, Crisstomo pode estar a falar sobre outra coisa aqui. Tens maisalguma coisa dele para qualificar esta passagem de maneira diferente das outras?

    Santo Agostinho (354-430AD) "Lemos no livro de Macabeus que o sacrifcio foioferecido aos mortos. Mas mesmo que no fosse encontrado em nenhum lugar nosescritos do Antigo Testamento, a autoridade da Igreja universal que clara nesteponto no tem peso pequeno, onde, nas oraes do sacerdote derramadas aoSenhor Deus em Seu altar, o louvor dos mortos tem seu lugar".

    Citarei o meu amigo, Jason Engwer desta vez:

    Agostinho largamente considerado o pai do Purgatrio. Os catlicos romanoscitam-no muitas vezes referindo-se a algo semelhante moderna doutrina catlica.

    Mas o que estes catlicos no explicam que Agostinho reconheceu que estava aespecular. Em outras palavras, ele no estava a passar alguma tradio apostlicaproferida de gerao em gerao em sucesso ininterrupta desde os apstolos. Aocontrrio, ele estava a especular sobre o que pode acontecer na vida aps a morte.Jacques Le Goff explica:

    "[Joseph Ntedika] ps o dedo num ponto chave, mostrando no apenas que aposio de Agostinho evoluiu ao longo dos anos, o que era de se esperar, mas quepassou por uma mudana acentuada num ponto especfico no tempo, que Ntedikasitua no ano 413 .... Na Carta a Dardinus (417), ele [Agostinho] esboou umageografia do alm, onde no h lugar para o Purgatrio". (The Birth of Purgatory[Chicago, Illinois: The University of Chicago Press, 1986], pp 62, 70).

    Em outras palavras, as opinies de Agostinho sobre o tema desenvolveram-se aolongo do tempo, e ele foi inconsistente. O historiador Protestante George Salmonexplica o significado destes factos:

    "Da mesma forma, quando Agostinho ouve a ideia sugerida de que, como ospecados dos homens bons lhes causam sofrimento neste mundo, ento tambmpodem causar at certo ponto no prximo, diz que no vai arriscar dizer que nadado tipo no possa ocorrer, porque talvez possa. Bem, se a ideia de purgatrio notinha conseguido ir alm de um "talvez" no incio do sculo V, podemos dizer comsegurana que no foi pela tradio que a Igreja mais tarde chegou certeza sobreo assunto; pois, se a Igreja tivesse alguma tradio no tempo de Agostinho, essegrande Padre no podia ter deixado de conhec-la" (The Infallibility of the Church

    [London, England: John Murray, 1914], pp. 133-134).Aqui est um exemplo de Agostinho expressando a sua incerteza:

  • 8/7/2019 O purgatrio e os Padres da Igreja

    5/8

    "E no impossvel que algo do mesmo tipo possa ocorrer mesmo depois destavida. uma matria que pode ser investigada, e apurada ou deixada na dvida, sealguns crentes devem passar por uma espcie de fogo purificador, e na proporoem que amaram com mais ou menos devoo os bens que perecem, ser mais oumenos rapidamente livres dele" (O Enchiridion, 69).

    So Cirilo de Jerusalm (315-386AD)Ento fazemos meno tambm dos que jdormem; em primeiro lugar, os patriarcas, profetas, apstolos, e mrtires, que por

    suas oraes e splicas, Deus receba a nossa petio. Depois, fazemos menotambm dos santos padres e bispos que j dormem e, para p-lo em formasimples, de todos entre ns que j dormem, pois acreditamos que isso ser degrande benefcio para as almas daqueles por quem a petio feita, enquanto estesanto e solene sacrifcio apresentado".

    De novo, na melhor das hipteses, esta citao poder ser usada para transmitirque Cirilo acreditava que os que esto no cu oram por ns e que ns podemosorar por eles durante a celebrao da Eucaristia. De novo, luz dos outros padresanteriores a Cirilo, no podemos simplesmente assumir que estas oraes so para

    aqueles que esto no purgatrio.Epifnio de Salamina (escrito em 375 AD) "So teis, com efeito, as oraes queso feitas em seu favor, mesmo que no possam eliminar todas as suas culpas. Etambm til, porque neste mundo frequentemente tropeamos voluntaria ouinvoluntariamente, e isto um lembrete para fazermos melhor.

    Gostaria de ver isto num contexto mais alargado, antes de poder comentar. Parece-me que isto vem do seu Panarium, mas no consigo encontr-lo em lado nenhum.No sei por quem ele est a dirigir as oraes. Apenas se afirma "em seu favor. Aquem se refere o pronome "seu"? Como sabes se de um morto que se est a falaraqui? Talvez ele acreditasse numa purificao aps a morte, ou talvez no. No hnenhuma maneira de realmente saber.

    So Gregrio de Nissa, (escrito em 382 AD) "Se um homem distinguir em si o que peculiarmente humano do que irracional, e se ele estiver atento a uma vida demaior urbanidade para si mesmo, nesta vida presente purificar-se- a si prprio dequalquer mal contrado, superando o irracional pela razo. Se ele tiver tendnciapara a presso irracional das paixes, usando para as paixes a cooperao ocultadas coisas irracionais, ele pode posteriormente de uma forma completamentediferente estar bastante interessado no que melhor, quando, depois de suapartida do corpo, ele ganhar conhecimento da diferena entre a virtude e o vcio, edescobrir que no pode participar da divindade at que seja purificado do contgioimundo na sua alma pelo fogo purificador" (Sermo sobre a Morte).

    A mesma coisa acontece aqui. No obstante, Orgenes e Clemente de Alexandriaviveram no segundo e terceiro sculos. Eles propuseram a possibilidade de umapurificao aps a morte. H padres que viveram durante ou aps este perodo quetambm buscaram esta possibilidade. De modo que, no nenhuma surpresa ver aideia do purgatrio desenvolver-se inteiramente. Contudo, houve outros padres quecontradisseram a ideia do purgatrio. Novamente, cito o meu amigo, Jason Engwere os seus comentrios:

    Clemente de Roma sempre refere que os Cristos falecidos esto no cu. Elerepetidamente menciona esta noo, sem referncia ao Purgatrio. A IgrejaCatlica Romana acredita que alguns cristos no tm que ir para o purgatrio,mas como poderia Clemente de Roma e outros padres da igreja saber que umapessoa foi capaz de evitar o Purgatrio? Uma vez que eles no teriam tido esse

    conhecimento, a explicao mais provvel para a sua referncia aos Cristos

  • 8/7/2019 O purgatrio e os Padres da Igreja

    6/8

    falecidos estarem no Cu parece ser que eles no tinham noo do Purgatrio.Clemente escreve:

    "Pedro, por injusta inveja, suportou no um ou dois, mas numerosos trabalhos equando ele sofreu finalmente o martrio, partiu para o lugar de glria que lhe eradevido .... Portanto foi ele [Paulo] removido do mundo, e entrou no lugar santo,

    tendo provado ser ele um notvel exemplo de pacincia A estes homens quepassaram as suas vidas na prtica da santidade, h que acrescentar uma grandemultido dos eleitos, que, tendo por inveja suportado muitas indignidades etorturas, deram-nos mais um exemplo excelentssimo. Por inveja, aquelasmulheres, Danaides e Dirces, sendo perseguidas, aps terem sofrido terrveis eindizveis tormentos, terminaram a carreira da sua f com firmeza e, emborafossem fisicamente fracas, receberam uma nobre recompensa ... Abenoados ospresbteros que, tendo terminado a sua carreira at agora, obtiveram uma frutferae perfeita partida deste mundo; porque eles no temem que algum os prive dolugar agora lhes designado Todas as geraes desde Ado at este dia jpassaram; mas aqueles que, pela graa de Deus, foram aperfeioados em amor,possuem agora um lugar entre os piedosos, e sero manifestados na revelao do

    reino de Cristo" (Primeira de Clemente, 5-6, 44, 50).*******************************

    Gregrio Taumaturgo parece no ter tido nenhuma noo do Purgatrio. Como osProtestantes, ele se refere a dois reinos da vida aps a morte, e no trs, comtodos os "homens bons" a irem para o Cu na morte:

    "E o homem bom deve partir com alegria para a sua prpria habitao eterna; maso vil, deve ocupar o seu lugar com choro, e nem prata armazenada, nem ouroprovado, tero mais qualquer utilidade. Porque um acidente poderoso cair emcima de todas as coisas, at mesmo sobre o cntaro junto ao poo, e sobre a rodada vasilha que pode porventura ter sido deixada no buraco, quando o curso do

    tempo chegar ao seu fim e o perodo de estudo de uma vida que como gua tiverpassado" (Uma Parfrase do Livro de Eclesiastes, 12).

    *******************************

    Ireneu no acreditava na doutrina do Purgatrio. Sabemos que Jesus foi para oParaso no dia da sua crucificao (Lucas 23:43), e Ireneu refere que todos oscrentes vo para o mesmo lugar at o momento da ressurreio. Ele tambmidentifica este lugar como o lugar onde Paulo foi em 2 Corntios 12:2-4. Ireneurefere que todos os crentes vo para o Paraso, que ele distingue do Cu, at aomomento da ressurreio. Como expliquei em relao a Papias, o Paraso simplesmente outra *regio* a que os evanglicos se referem como "Cu". A

    terminologia de Ireneu diferente da dos evanglicos, mas as suas definies sobasicamente as mesmas, como provado por suas referncias a Jesus indo paraeste lugar e a sua referncia a 2 Corntios 12. O Catolicismo Romano diz-nos pararezar para que os Cristos falecidos possam ser tirados de um lugar de sofrimentoantes da ressurreio. Ireneu, por outro lado, refere que todos os cristos falecidosesto no Paraso, no num lugar de sofrimento, at a ressurreio:

    "Portanto, tambm os ancios que eram discpulos dos apstolos nos dizem queaqueles que foram trasladados foram transferidos para esse local (porque o Parasofoi preparado para os homens justos, aqueles que tm o Esprito; em cujo lugartambm o apstolo Paulo, quando foi preso, ouviu palavras que so indizveisquanto a ns na nossa presente condio), e que a devem os que foram

    trasladados permanecer at a consumao de todas as coisas, como um preldiopara a imortalidade ... Pois como o Senhor foi ao meio da sombra da morte onde asalmas dos mortos estavam, mas depois ressurgiu no corpo, e aps a ressurreio

  • 8/7/2019 O purgatrio e os Padres da Igreja

    7/8

    foi elevado ao cu, manifesto que tambm as almas dos Seus discpulos, porquem o Senhor passou estas coisas, iro para o lugar invisvel lhes atribudo porDeus, e ali permanecero at a ressurreio, esperando esse evento; entorecebendo os seus corpos, e ressuscitando na sua totalidade, ou sejacorporalmente, exactamente como o Senhor ressurgiu, eles chegaro assim presena de Deus. Porque nenhum discpulo est acima do Mestre, mas todo

    aquele que perfeito ser como o seu Mestre. Como o nosso Mestre, portanto,no partiu logo para o cu, mas aguardou o momento da Sua ressurreio prescritopelo Pai, que tinha sido tambm manifestada atravs de Jonas, e ressurgindo trsdias depois foi elevado ao cu; assim devemos tambm aguardar o momento danossa ressurreio prescrito por Deus e preanunciado pelos profetas, e assim,ressurgidos, sermos elevados, tantos quantos o Senhor considerar dignos desteprivilgio" (Contra as Heresias, 5:5:1, 5:31:2).

    *******************************

    Justino Mrtir contradisse a doutrina do Purgatrio, no apenas ao referir que osremidos vo para um lugar melhor, mas tambm ao mencionar apenas duasregies no alm, e no trs. Ele parece no ter noo das pessoas irem para umterceiro lugar, sendo depois transferidas para o Cu algum tempo antes do

    julgamento:

    "As almas dos piedosos permanecem num lugar melhor, enquanto as dos injustos eperversos esto num pior, esperando o momento do julgamento" (Dilogo comTrifo, 5).

    *******************************

    Atengoras rejeita a noo de Purgatrio em favor dos crentes irem para o Cu

    quando morrem. No apenas diz que os crentes vo para o Cu, mas menciona oInferno como a nica alternativa, sem mencionar qualquer Purgatrio:

    "Porque, se cremos que viveremos apenas a vida presente, ento podemos sersuspeitos de pecar, sendo escravos da carne e sangue, ou vencidos pelo ganho oudesejo carnal; mas como sabemos que Deus testemunha do que pensamos e doque dizemos tanto de noite e de dia, e que Ele, sendo Ele mesmo luz, v todas ascoisas em nosso corao, estamos convencidos de que quando formos retirados davida presente vamos viver uma outra vida, melhor do que a presente, e celestial,no terrena (j que habitaremos junto de Deus, e com Deus, livres de todas asalteraes ou sofrimento na alma, no como carne, apesar de termos carne, mascomo esprito celestial), ou, caindo com o resto, uma pior e no fogo; pois Deus nonos fez como ovelhas ou animais de carga, uma mera mo-de-obra, e que devamosmorrer e ser aniquilados (Apelo em favor dos Cristos, 31).

    Por que acreditaria eu num escritor que nasceu no sculo 20 e escreveu contra opurgatrio? Prefiro antes colocar a minha f no que os Antigos Padres da Igrejaensinaram.

    Resposta: Porque ests a ser selectivo e a supor que esses padres esto a sugerir opurgatrio, partindo da suposio de que um purgatrio existe. E depois aindasupes que houve um consenso entre todos os padres sobre o purgatrio, quandoevidentemente no houve.

    Quanto mais prximo da fonte, mais clara a gua.

  • 8/7/2019 O purgatrio e os Padres da Igreja

    8/8

    exactamente o meu ponto! Quanto mais perto estamos da igreja primitiva, maispercebemos a ausncia de qualquer noo de purgatrio. Foi a partir dasespeculaes de Clemente de Alexandria que se comeou a elaborar a noo de umstio ou condio de purificao aps a morte. A minha objeco que o purgatrio uma doutrina baseada em conjecturas e sem sustento bblico adequado.

    Eu desafio o autor a refutar o que os Padres da Igreja disseram sobre o Purgatrio.

    Creio ter dado razo suficiente para mostrar que nenhum desses padres fala dopurgatrio. Tu simplesmente supes que falam. Os antigos padres no falam desseconceito, outros padres mais tardios no so exactamente claros sobre o que elesacreditam, alguns padres teorizaram o conceito, outros padres contradizemqualquer conceito de purgatrio, e outros padres podem ter acreditado em algumtipo de purificao na vida aps a morte, feita antes da ressurreio, mas noindicando como. O ponto principal que os padres da Igreja acreditavam em todo otipo de coisas e podem ser equiparados a qualquer escritor cristo, do passado e dopresente, que nos cede as suas opinies e reflexes. Eles no so infalveis. Oponto principal que tu s podes supor que eles esto a falar sobre o purgatrio,sob a presuno de que j existe um purgatrio. Isso tornou-se evidente na tualtima frase.

    CM