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O Que Fazer na Hora do Branco
Tenha calma e não se desespere nem se assuste.
Releia o que se pede e delimite o tema para desenvolver o assunto (Merece
uma dissertação genérica ou específica, ou seja, vamos partir do geral ou do
específico?).
Selecione a melhor ideia para fazer a frase-núcleo.
Verifique se o tema pode delimitar o assunto.
Vamos fixar o objetivo (para que, com que finalidade, qual a dimensão, em que
ambiente, como vou formar a lógica do pensamento escrito?).
Selecionar a linha de pensamento, dentro dos limites, para facilitar a coerência.
Reler os parágrafos vendo se a formulação e a tradução das ideias periféricas
como argumentação da proposta central e da finalização do texto estão
distribuídas adequadamente.
Formar a conclusão com consciência de que todas as ideias estão amarradas e
que não existe nenhum pensamento solto na redação.
Verificar as características de organização, unidade, coerência, clareza e
concisão.
O QUE NUNCA DEVE ESTAR NUMA DISSERTAÇÃO:
textos óbvios e pobres em argumentos;
encurtar suas ideias sem necessidade e propósito;
concluir sem integrar as ideias como unidade redacional;
textos densos e cansativos para você e para o examinador;
frases centopéicas e períodos longos;
lógica da redação confusa;
esquecer da clareza e da concisão para quem lê;
deixar pensamentos soltos flutuando na redação e que necessite depois de
reestruturação.
Delimitação do assunto:
Exemplo:
- Esportes (geral);
- Futebol (Específico);
- O papel do futebol como arte;
- O Futebol como profissão;
- O Futebol como propaganda para seus jogadores e para o clube;
- O Futebol como fanatismo da torcida ou como produto de exportação brasileira.
(Isto você determina em sua mente e depois vai selecionando o que é mais apropriado à
redação)
Conclusão Parcial
O Futebol ganha novos prismas que fazem da arte uma profissão para muitos jogadores
de pequenos clubes que sonham com a Seleção Brasileira e os clubes internacionais. Da
profissão surge a capacidade de ser tão famoso pela propaganda que ele, jogador, pode
fazer ao Futebol, promovendo o seu clube e ganhando o carinho e até o fanatismo dos
torcedores que vibram nas arquibancadas, nos rádios, nos televisores, nos jornais e nas
revistas de esportes que acompanham toda a trajetória de uma carreira de muitos gols ou
de uma derrota no Maracanã por um time adversário.
A primeira coisa para livrar-se do branco que ocorre na hora da ansiedade é preparar-se
antecipadamente com muita dissertação e acostumar-se a não perder dois fatores
importantes para sua redação: concentração no momento da leitura do texto e
interpretação da proposta do autor e capacidade de escrever com lógica sem fugir ao que
foi pedido.
Lembre-se que o objetivo desta avaliação é cobrar do vestibulando o conhecimento da
matéria dada, a interpretação do enunciado da questão e a redação própria, com clareza e
objetividade. Aplique suas habilidades com a língua escrita, mediante a produção da
dissertação, partindo da leitura de um texto ou de fragmentos de livros, jornais, revistas,
poesias e figuras abstratas e/ou simbólicas sobre o tema proposto.
Cada candidato tem um tipo variável de leitura ou releitura do texto e a imaginação traduz
de forma criativa a realidade escondida no texto que vai ser interpretado. Urge o estudo da
interpretação de textos. Quem não sabe ler dificilmente poderá interpretar e assim os
níveis de redação podem variar e traduzir um tipo de leitura própria de cada vestibulando.
Procure escrever desde já e ler Livros de Técnicas de Redação e procurar as Dicas de
Português para entender como a Gramática age nas formas redacionais e como os estilos
agem na Gramática tornando-se Literatura Brasileira
Produção de texto com base em esquemas
Caríssimos, é possível (e bem mais tranquilo) desenvolver um texto dissertativo a partir da
elaboração de esquemas. Por mais simples que lhes pareça, a redação elaborada a partir
de esquema permite-lhes desenvolver o texto com sequência lógica, de acordo com os
critérios exigidos no comando da questão (número de linhas, por exemplo), atendendo aos
aspectos mencionados no espelho de avaliação. A professora Branca Granatic (Técnicas
Básicas de Redação) oferece-nos a seguinte sugestão de esquema:
Sugestão de Produção de Texto com Base em Esquemas
Esquema Básico da Dissertação
1º parágrafo: TEMA + argumento 1 + argumento 2 + argumento 3
2° parágrafo :desenvolvimento do argumento 1
3° parágrafo: desenvolvimento do argumento 2
4° parágrafo: desenvolvimento do argumento 3
5° parágrafo: expressão inicial + reafirmação do tema + observação final.
Exemplo:
TEMA: Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves
problemas que preocupam a todos.
Por Quê?
arg. 1: Existem populações imersas em completa miséria.
arg. 2: A paz é interrompida frequentemente por conflitos internacionais.
arg. 3: O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio
ecológico.
Texto definitivo
Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver os graves
problemas que preocupam a todos, pois existem populações imersas em completa
miséria, a paz é interrompida frequentemente por conflitos internacionais e, além do
mais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.
Embora o planeta disponha de riquezas incalculáveis – estas, mal distribuídas, quer entre
Estados, quer entre indivíduos – encontramos legiões de famintos em pontos específicos
da Terra. Nos países do Terceiro Mundo, sobretudo em certas regiões da África, vemos
com tristeza, a falência da solidariedade humana e da colaboração entre as nações.
Além disso, nesta últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos conflitos
internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das
guerras do Vietnã e da Coréia, as quais provocaram grande extermínio.
Em nossos dias, testemunhamos conflitos na antiga Iugoslávia, em alguns membros da
Comunidade dos Estados Independentes, sem falar da Guerra do Golfo, que tanta
apreensão nos causou.
Outra preocupação constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição
desmedida de alguns, que promovem desmatamentos desordenados e poluem as águas
dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas
agressões, acabe por se transformar em local inabitável.
Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a acreditar que o homem está muito
longe de solucionar os graves problemas que afligem diretamente uma grande parcela da
humanidade e indiretamente a qualquer pessoa consciente e solidária. É desejo de todos
nós que algo seja feito no sentido de conter essas forças ameaçadoras, para podermos
suportar as adversidades e construir um mundo que, por ser justo e pacífico, será mais
facilmente habitado pelas gerações vindouras.
Se vocês seguirem a orientação dada pelo esquema, desde o 1º parágrafo, verão que não
há como se perder na redação, nem fazer a introdução maior que o desenvolvimento, já
que a introdução apresenta, de forma embrionária, o que será desenvolvido no corpo do
texto. E lembre-se de que a conclusão sempre retoma a ideia apresentada na introdução,
reafirmando-a, apresentando propostas, soluções para o caso apresentado. Com essa
noção clara, de estrutura de texto, também é possível melhorar o seu desempenho nas
provas de compreensão e interpretação de textos
Esquema, O
Compreendido o tema, não passaremos, de pronto, ao rascunho. Eis um erro muito
comum: os alunos não simpatizam com os esquemas. Acham que o tempo é exíguo e
atiram-se, a esmo, ao trabalho da redação. O fato é que, dispensando o esquema,
perdem, no rascunho, os minutos que pensavam economizar. O que sucede? As ideias
vêm vindo desordenadas, contraditórias. Atrapalhados, eles rabiscam, apagam, voltam a
escrever o que riscaram... É como se estivessem dirigindo num desses dias de trânsito
congestionado: querem correr e não saem do lugar. Qual seria a causa desse
"espaçamento"? Única e exclusivamente a falta de esquema.
Quando principiamos uma redação, temos de traçar uma diretriz, haveremos de tomar um
partido. Se o assunto é "divórcio", obriga-nos a uma definição: seremos divorcistas, ou,
então antidivorcistas? Qual tese defenderemos? O esquema é um mapa. O esquema é um
guia. Não haverá lugar para desvios ou retrocessos se tivermos, anteriormente traçado o
nosso roteiro. O esquema exigirá, talvez, uns dez minutos. Porém, esses minutos são
importantíssimos. Eles nos trarão a ideia básica, alinharão os argumentos contrários e
favoráveis, darão os conceitos introdutórios. Nosso trabalho, daí em diante, será vestir,
com as roupagens da frase, aquilo que o esquema registrou. Esquematizar é planejar. É
caminhar de olhos abertos. É saber o terreno que se pisa. É dar à redação um destino, um
sentido, um fim.
a) As partes do esquema
Todo esquema deve conter três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. No local
destinado ao rascunho o aluno representá-los-á pelas letras a, b e c, respectivamente. Se
escrevesse introdução, desenvolvimento e conclusão, já estaria despendendo tempo
precioso.
b) A concentração de ideias
Não se impressione os alunos se suas ideias custam a chegar. É natural que, no início,
fiquemos um tanto vazios. Idéias não caem do céu. À medida que fomos meditando, elas
irão aparecendo, ainda que desordenadamente. Não nos esqueçamos de que esse é um
momento de concentração absoluta. Imaginação, sensibilidade, inteligência, memória,
todas as faculdades, enfim, devem estar despertas na procura penosa das ideias.
c) Extensão do esquema
O esquema deve ser breve. Caso contrário, perderá sua finalidade. Evitem-se as minúcias,
as divisões e subdivisões. O aluno não esgotará o tempo de exame, fazendo esquema.
Com cinco palavras apenas, pode-se reunir material para uma boa redação.
d) Técnicas de registrar ideias
As ideias vão surgindo sem ordem, sem critério. O aluno começara a registrá-la na
introdução (a), no desenvolvimento (b), ou na conclusão (c), com palavras sintéticas e
abreviadas. Suponha-se que o tema seja "coexistência pacífica". Diversas ideias afloram à
mente do aluno do aluno. Uma delas poderia ser a seguinte: "as nações destinam a maior
parte da sua receita à corrida armamentista... Quantos males já poderia ter sido debelados
da face da terra se tais verbas tivessem sido empregadas no combate ao câncer, na
erradicação da malária..." Se esta ideia não for imediatamente registrada, poderá ser
esquecida. Que devemos fazer? Basta que coloquemos no desenvolvimento do esquema
a palavra "arma". É suficiente para que posteriormente, no rascunho, se desenvolva a
ideia. Um esboço feito dessa maneira não tomará mais de uns dez minutos. Se acharmos
uma comparação expressiva ou uma imagem bonita, não deixemos escapar. Talvez seja
essa a imagem, seja essa a comparação que mais agradará ao examinador.
O esquema não é rígido. É pessoal, e cada um o executa de maneira que achar mais
conveniente Poderemos, pode exemplo, abreviar as palavras, a fim de poupar tempo.
Assim escreveremos "destr." (destruição), interc. (intercâmbio) etc.
e) Seleção de ideias
Se houver sobra de ideias, depois de registradas, deve o aluno selecionar as melhores.
Lembre-se ele de que não vai escrever um ensaio ou um tratado e, sim, uma redação
escolar. Deverá eliminar, portanto, aquelas desnecessárias, aquelas ridículas ou infantis.
Deverão sobrar apenas alguns conceitos fundamentais e alguns outros subsidiários, o
necessário, enfim, para cumprir o limite exigo de linhas.
f) Ordem das ideias
Já vimos que as ideias chegam desconexas, desordenadas. É natural, portanto, que o
aluno coloque na conclusão conceitos ou fatos que, talvez, coubessem melhor no
desenvolvimento ou na introdução. Cumpre, antes de iniciar o rascunho, ordenar as ideias
de modo que as partes da redação conservem sua autenticidade. A maneira mais fácil
será numerar as ideias de acordo com sua ordem, a fim de que não percamos tempo na
montagem de um novo esquema definitivo. O esquema é um roteiro e a redação deve
caminhar progressivamente. Um esquema ordenado, definido, não levará o aluno a
retrocessos.
g) Exemplos de esquema:
Tema: Família e Divórcio
1. A família é importante para a sociedade e a Pátria
2. Os padrões morais cultivados pela família
3. A família unida = consequências benéficas para os filhos.
4. A desunião é prejudicial aos filhos.
5. O divórcio em outros países = Estados Unidos
6. Apoio a todas as medidas de fortalecimento da família.
7. Deveria haver divórcio aplicável aos casos de extrema incompatibilidade.
8. Mais respeito à família = engrandecimento da Pátria.
Esquema
a) importância
b) padrões - união - desunião - divórcio - USA - fortalecimento - extremos
c) respeito - engrandecimento
As ideias que me viera à mente foram aquelas numeradas de 1 a 8. Registrei-as em um
esquema de modo que fosse meu guia. Apenas 10 palavras me foram suficientes,
conforme se pode observar. As palavras registradas lembram-se as ideias. Se assim não
fosse, inútil seria o esquema. Se tivéssemos sido menos sintéticos, ainda assim não
teríamos perdido mais que uns dez minutos. A redação começa com alguns digressões em
torno da importância da família, fixando-a como base da sociedade e da Pátria
(introdução).
De passagem para o desenvolvimento, o autor enumera alguns padrões morais cultivados
pela família (amor, fraternidade; honestidade, respeito, etc.) para provar que uma família
unida só pode beneficiar os filhos e que a desunião é calamitosa para eles e para a
sociedade. O autor tece algumas considerações em relação ao divórcio. Condena a
indústria de divórcios que caracteriza certos países e considera-se favorável a todas as
medidas que venham a fortalecer a família. No entanto, para alguns casos de
incompatibilidade extrema, o divórcio é necessário. O autor conclui pedindo mais
preocupações, mais respeito pela família, pois uma família sadia é o embrião de uma país
sadio (conclusão).
Tema: Menores abandonados
1. As crianças pobres são vítimas do progresso.
2. Crianças famintas tornam-se ladrões e assassinos.
3. Os pequenos crimes aumentam com a idade.
4. A ignorância dos pais que têm muitos filhos deve ser enfrentada por uma campanha
bem séria por parte da população.
Esquema
a) progresso - pobreza
b) fome - crime - idade
c) ignorância - educação
O parágrafo-chave: 18 formas para você começar um texto
Caríssimos, um dos motivos que torna a redação uma pedra no sapato de muitos é a
elaboração do primeiro parágrafo, ou seja, da introdução. Feito o parágrafochave, as
ideias fluem com mais facilidade, já que definimos o ponto de vista que iremos defender.
O professor Antonio Carlos Viana, dá-nos algumas sugestões para iniciarmos nossos
textos, confiram.
O parágrafo-chave: 18 formas para você começar um texto
Ao escrever seu primeiro parágrafo, você pode fazê-lo de forma criativa. Ele deve atrair a
atenção do leitor. Por isso, evite os lugares-comuns como: atualmente, hoje em dia, desde
épocas remotas, o mundo de hoje, a cada dia que passa, no mundo em que vivemos, na
atualidade.
Listamos aqui dezoito formas de começar um texto. Elas vão das mais simples as mais
complexas.
1. Uma declaração (tema: liberação da maconha)
É um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta elevação do
consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas
psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura
suficiente para atender à demanda.
A declaração é a forma mais comum de começar um texto. Procure fazer uma declaração
forte, capaz de surpreender o leitor.
2. Divisão (tema: exclusão social)
Predominam ainda no Brasil duas convicções errôneas sobre o problema da exclusão
social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder público e a de que sua
superação envolve muitos recursos e esforços extraordinários. Experiências relatadas
nesta Folha mostram que o combate à marginalidade social em Nova Yorkv em contando
com intensivos esforços do poder público e ampla participação da iniciativa privada.
Ao dizer que há duas convicções errôneas, fica logo clara a direção que o parágrafo vai
tomar. O autor terá de explicitá-lo na frase seguinte.
3.Definição (tema: o mito)
O mito, entre os povos primitivos, é uma forma de se situar no mundo, isto é, de encontrar
o seu lugar entre os demais seres da natureza. É um modo ingênuo, fantasioso, anterior a
toda reflexão e não-crítico de estabelecer algumas verdades que não só explicam parte
dos fenômenos naturais ou mesmo a construção cultural, mas que dão, também, as
formas da ação humana.
A definição é uma forma simples e muito usada em parágrafos-chave, sobretudo em textos
dissertativos. Pode ocupar só a primeira frase ou todo o primeiro parágrafo.
4. Uma pergunta (tema: a saúde no Brasil)
Será que é com novos impostos que a saúde melhorará no Brasil? Os contribuintes já
estão cansados de tirar dinheiro do bolso para tapar um buraco que parece não ter fim. A
cada ano, somos lesados por novos impostos para alimentar um sistema que só parece
piorar.
A pergunta não é respondida de imediato. Ela serve para despertar a atenção do leitor
para o tema e será respondida ao longo da argumentação.
5. Comparação (tema: reforma agrária)
O tema da reforma agrária está presente há bastante tempo nas discussões sobre os
problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparação entre o movimento pela
abolição da escravidão no Brasil, no final do século passado e, atualmente, o movimento
pela reforma agrária, podemos perceber algumas semelhanças. Como na época da
abolição da escravidão existiam elementos favoráveis e contrários a ela, também hoje há
os que são a favor e os que são contra a implantação da reforma agrária.
Para introduzir o tema da reforma agrária, o autor comparou a sociedade de hoje com a do
final do século XIX, mostrando a semelhança de comportamento entre elas.
6. Oposição (tema: a educação no Brasil)
De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo governo. De outro,
gastos excessivos com computadores, antenas parabólicas, aparelhos de videocassete. É
este o paradoxo que vive hoje a educação no Brasil.
As duas primeiras frases criam uma oposição (de um lado / de outro) que estabelecerá o
rumo da argumentação. Também se pode criar uma oposição dentro da frase, como neste
exemplo:
Vários motivos me levaram a este livro. Dois se destacam pelo grau de envolvimento: raiva
e esperança. Explico-me: raiva por ver o quanto a cultura ainda é vista como artigo
supérfluo em nossa terra; esperança por observar quantos movimentos culturais têm
acontecido em nossa história, e quase sempre como forma de resistência e/ou
transformações.(...)
O autor estabelece a oposição e logo depois explica os termos que a compõem.
7. Alusão histórica (tema: globalização)
Após a queda do muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos lesteoeste e o mundo
parece ter aberto de vez as portas para a globalização. As fronteiras foram derrubadas e a
economia entrou em rota acelerada de competição.
O conhecimento dos principais fatos históricos ajuda a iniciar um texto. O leitor é situado
no tempo e pode ter uma melhor dimensão do problema.
8. Uma frase nominal seguida de explicação (tema: a educação no Brasil)
Uma tragédia. Essa é a conclusão da própria Secretaria de Avaliação e Informação
Educacional do Ministério da Educação e Cultura sobre o desempenho dos alunos do 3º
ano do 2º grau submetidos ao Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), que
ainda avaliou estudantes em todas as regiões do território nacional.
A palavra tragédia é explicada logo depois, retomada por essa é a conclusão.
9. Adjetivação (tema: a educação no Brasil)
Equivocada e pouco racional. Esta é a verdadeira adjetivação para a política educacional
do governo.
A adjetivação inicial será a base para desenvolver o tema. O autor dirá, nos parágrafos
seguintes, por que acha a política educacional do governo equivocada e pouco racional.
10. Citação (tema: política demográfica)
"As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais não chorarem mais,
trazerem a criança, jogarem num bolo de mortos, virarem as costas e irem embora". O
comentário do fotógrafo Sebastião Salgado, falando sobre o que viu em Ruanda, é um
acicate no estado de letargia ética que domina algumas nações do Primeiro Mundo.
A citação inicial facilita a continuidade do texto, pois ela é retomada pela palavra
comentário da segunda frase.
11. Citação de forma indireta (tema: consumismo)
Para Marx a religião é o ópio do povo Raymond Aron deu o troco: o marxismo é o ópio dos
intelectuais. Mas nos Estados Unidos o ópio do povo é mesmo ir às compras. Como as
modas americanas são contagiosas, é bom ver de que se trata.
Esse recurso deve ser usado quando não sabemos textualmente a citação. É melhor citar
de forma indireta que de forma errada
12. Exposição de ponto de vista (tema: o provão)
O ministro da Educação se esforça para convencer de que o provão é fundamental para a
melhoria da qualidade do ensino superior. Para isso, vem ocupando generosos espaços
na mídia e fazendo milionária campanha publicitária, ensinando como gastar mal o
dinheiro que deveria ser investido na educação
Ao começar o texto com a opinião contrária, delineia-se, de imediato, qual a posição dos
autores. Seu objetivo será refutar os argumentos do opositor, numa espécie de contra-
argumentação.
13. Retomada de um provérbio (tema: mídia e tecnologia)
O corriqueiro adágio de que o pior cego é o que não quer ver se aplica com perfeição na
análise sobre o atual estágio da mídia: desconhecer ou tentar ignorar os incríveis avanços
tecnológicos de nossos dias, e supor que eles não terão reflexos profundos no futuro dos
jornais é simplesmente impossível.
Sempre que você usar esse recurso, não escreva o provérbio simplesmente. Faça um
comentário sobre ele para quebrar a ideia de lugar-comum que todos eles trazem. No
exemplo acima, o autor diz "o corriqueiro adágio" e assim demonstra que está consciente
de que está partindo de algo por demais conhecido.
14. Ilustração (tema: aborto)
O Jornal do Comércio, de Manaus, publicou um anúncio em que uma jovem de dezoito
anos, já mãe de duas filhas, dizia estar grávida mas não queria a criança. Ela a entregaria
a quem se dispusesse a pagar sua ligação de trompas. Preferia dar o filho a ter que fazer
um aborto.
O tema é tabu no Brasil.(...)
Você pode começar narrando uma fato para ilustrar o tema. Veja que a coesão do
parágrafo seguinte se faz de forma fácil; a palavra tema retoma a questão que vai ser
discutida.
15. Uma sequência de frases nominais (frases sem verbo) (tema: a
impunidade no Brasil)
Desabamento de shopping em Osasco. Morte de velhinhos numa clínica do Rio. Meia
centena de mortes numa clínica de hemodiálise em Caruaru. Chacina de sem-terra em
Eldorado dos Carajás.
Muitos meses já se passaram e esses fatos continuam impunes.
O que se deve observar nesse tipo de introdução são os paralelismos que dão equilíbrio
às diversas frases nominais. A estrutura de cada frase deve ser semelhante.
16. Alusão a um romance, um conto, um poema, um filme (tema: a
intolerância)
Quem assistiu ao filme A rainha Margot, com a deslumbrante Isabelle Adjani, ainda deve
ter os fatos vivos na memória. Na madrugada de 24 de agosto de 1572, as tropas do rei de
França, sob ordens de Catarina de Médicis, a rainha-mãe e verdadeira governante,
desencadearam uma das mais tenebrosas carnificinas da História.(...)
Desse horror a História do Brasil está praticamente livre(...)
O resumo do filme A rainha Margot serve de introdução para desenvolver o tema da
intolerância religiosa. A coesão com o segundo parágrafo dá-se através da palavra horror,
que sintetiza o enredo do filme contado no parágrafo inicial.
17. Descrição de um fato de forma cinematográfica (tema: violência
urbana)
Madrugada de 11 de agosto. Moema, bairro paulistano de classe média. Choperia Bodega
- um bar da moda, frequentado por jovens bem-nascidos.
Um assalto. Cinco ladrões. Todos truculentos. Duas pessoas mortas: Adriana Ciola, 23, e
José Renato Tahan, 25. Ela, estudante. Ele, dentista.
O parágrafo é desenvolvido por flashes, o que dá agilidade ao texto e prende a atenção do
leitor. Depois desses dois parágrafos, o autor fala da origem do movimento "Reage São
Paulo".
18. Omissão de dados identificadores (tema: ética)
Mas o que significa, afinal, esta palavra, que virou bandeira da juventude? Com certeza
não é algo que se refira somente à política ou às grandes decisões do Brasil e do mundo.
Segundo Tarcísio Padilha, ética é um estudo filosófico da ação e da conduta humanas
cujos valores provêm da própria natureza do homem e se adaptam às mudanças da
história e da sociedade.
Caríssimos, dependendo do tema que será abordado, há algumas sugestões bem
interessantes que podem ser aproveitadas. Há que se verificar a natureza do concurso, as
características da instituição promotora, para produzir o seu texto.
As duas primeiras frases criam no leitor certa expectativa em relação ao tema que se
mantém em suspenso até a terceira frase. Pode-se também construir todo o primeiro
parágrafo omitindo o tema, esclarecendo-o apenas no parágrafo seguinte.
Conteúdo, O Você deve saber que as pessoas responsáveis pela organização das provas de redação
não pretendem cobrar dos alunos trabalhos que estejam além de seus conhecimentos,
idade e amadurecimento. Não se pretende quando se propõe o tema "poluição", que você
realize um verdadeiro tratado de ecologia. Afinal, o aluno encontra-se na faixa de idade
variável (em média) entre 15 e 19 anos e não lhe é possível, pela pouca vivência, tratar um
assunto de maneira profissional.
Entretanto, não é plausível que uma pessoa que pretende ingressar numa
universidade,cursar o ensino superior, manifeste ideias absurdas, ilógicas, infantis.
É presumível que exista uma média de conhecimento considerados razoáveis para uma
pessoa que pretende tornar-se universitária.
Que fazer para melhorar o nível de conteúdo das redações? Só há um remédio - a leitura.
O ideal será o contato com bons livros, de preferência os que discutam os assuntos mais
atuais. Mas, leitura exige tempo, exige tranquilidade... Os alunos, às voltas com teoremas
matemáticos, com leis de físicas ou com as reações químicas, amedrontados com a
carranca do vestibular, não dispõem de tempo e nem mesmo condições psicológicas para
uma leitura atenta e proveitosa... Resta-nos, daí, uma saída - os jornais, as revista e
alguns bons programas de TV. E alguns sites como este.
Não seja extremista ou radical
Por serem mais agressivos em seu temperamento, por terem desenvolvido certas
neuroses ou frustrações durante a sua vida, certos alunos quando chamados a
desenvolver uma redação sobre um tema polêmico como política, religião, moral, esporte,
passam a definições ou argumentações violentas e comprometedoras.
Guarde bem isto: Não é fácil utilizar o verbo SER.
Se um aluno escreve: "Os governantes são omissos e inoperantes na resolução dos
problemas de nossa cidade", está fixando um posição de agressão a todos os governantes
da cidade. É gravíssima a GENERALIZAÇÃO sem provas. Seja mais equilibrado na
abordagem do tema, não se deixando levar por atitudes irascíveis.
Pese bem a força dos vocábulos.
Existem profundas diferenças entre a linguagem falada e a linguagem escrita. Às vezes,
uma palavra utilizada na expressão escrita adquire uma força negativa acentuada. Se
alguém disser numa roda de amigos: candidato cretino aquele, a palavra cretino não
resulta tão violenta.
Porém, se você escrever: "Não será este candidato, com toda a sua cretinice, que irá
combater a inflação", a palavra cretinice causa uma estranheza acentuada no leitor virtual
do texto.
A humildade exagerada empobrece a redação.
Em todos os manuais de boas maneiras, em todos códigos de conduta social, recomenda-
se a modéstia, a simplicidade, a humildade.
Isso não quer dizer que você deva arvorar-se como o mais ignorante dos homens para que
o corretor de sua redação simpatize com você. Existe um mínimo de dignidade. Existe
aquele orgulho pessoal de se sentir razoavelmente bem informado sobre a realidade que
nos cerca. Se diante de um tema você escrever: "Não me julgo suficientemente culto para
opinar, porém, vou arriscar algumas ideias..." estará colaborando com a avaliação
negativa do conteúdo de sua redação.
Assim como o excesso de humildade influencia negativamente, o excesso de
nacionalidade, ufanismo, religiosidade pode resultar ridículos aos olhos do corretor da
redação.
A repetição de ideias.
Por vezes, o candidato vê-se vazio de ideias. Após titânico esforço mental, aparecem-lhes
algumas, surradas e insuficientes para preencher as linhas exigidas... Que faz ele?
Recurso muito usado é escrever em letras bem maiores ou deixar espaços grande entre
as palavras. Nada disso, porém, passará despercebido ao corretor... Estratégia mais
comum é a repetição de ideias ou a insistência em pormenores de mesmo importância,
anteriormente expressos. Esses recursos são condenáveis. Não passam de maneira
veladas de disfarçar a incapacidade para enfrentar o tema. Não desconhecemos, no
entanto, que muitos alunos poderão encontrar-se em situações semelhantes... É claro que,
neste caso excepcional, ele deve apelar para a repetição, desde que feita de maneira
habilidosa. É preferível insistir numa ideia, vestindo-a de roupagens novas, a entregar a
prova em branco, ou a apresentar algumas poucas linhas, bem abaixo do limite exigido.
Introdução e Desenvolvimento A Introdução deve ser estruturada de duas formas:
Extrinsecamente: ESTÉTICA
Intrinsecamente : LÓGICA ESTRUTURAL - Frase-núcleo
A Estética trata da aparência:
a) Parágrafos bem feitos;
b) Respeito às margens do papel;
c) Acentuação;
d) Formação de períodos frasais.
A parte estrutural da Redação é a lógica que a ideia central ou frase-núcleo deve ter para
formar os argumentos do desenvolvimento (frases periféricas que só fazem sentido por
existir o tópico-frasal).
Veja como montamos nosso esquema mental antes de transferirmos para o papel:
TEMA: BRASIL, 500 ANOS !
Introdução:
Frase-núcleo: O Brasil está para completar quinhentos anos de descobrimento, mas ainda
não sabemos o que comemorar no final deste milênio.
Desenvolvimento:
a) O descobrimento do Brasil aconteceu em 1.500 ... e surgiu uma colônia portuguesa...
b) A situação do Brasil nos dias de hoje não mudou muito em relação ao sistema de
exploração por outros países...
Conclusão:
Ao final deste milênio, que também abre uma comemoração pela descoberta do Brasil,
surge espaço para maiores reflexões acerca do que esperamos desta Nação para os
próximos quinhentos anos e de nossa situação ainda colonialista em relação ao sistema
de exploração que chamamos de Desenvolvimento Alternativo para o Terceiro Mundo ou o
regime de parceria que já era aplicado nas antigas capitanias hereditárias e que aplica-se
na estrutura latifundiária.
Diante de tantos fatos ainda ficamos em dúvida do que realmente podemos comemorar e
do que podemos aguardar para a próxima comemoração futura.
Veja que sua introdução abriu portas para desenvolver a lógica e terminar ilesa sua
conclusão sem nenhum peso na consciência apesar da verdade exposta na redação.
Tente terminar esta redação que iniciei para você e analise a forma com que foi
introduzido o tema e a sequência como desenvolvida.
Você agora será o examinador e estará verificando toda a redação.
Somente assim poderá saber seu nível de redação e ajudar da melhor forma possível as
próximas redações dissertativas.
Forma, A Entende-se como forma de um texto o conjunto de recursos que vão determinar a parte
externa, a "roupagem" desse mesmo texto. Alguns professores preferem usar a palavra
ESTILO para determinar essa importante parte da redação. Outros preferem inserir a
maneira pessoal, a característica própria de cada um escrever, o estilo, dentro da forma,
que seria nesse caso mais genérica, envolvendo outros elementos mais.
Poderíamos, por outro lado, dizer que a forma de um texto é a adequação: estilo+correção
gramatical +adequação da linguagem.
Para adquirir um estilo personalíssimo e atraente, o aluno precisaria, além da tendência
inata (dom), de um convívio estreito e constante com a linguagem.
As pessoa que mantêm um leitura diária, assistente a bons programas na televisão,
conversa com as pessoas cultas, esclarecidas e bem informadas, possuem, sem dúvida,
mais elementos para escrever com desenvoltura e precisão.
Alguns Componentes da Forma
a) Simplicidade: Alguns pensam que utilizando palavras difíceis e rebuscadas
conseguirão "impressionar" os corretores. Puto engano! As palavras devem manter um
nível de simplicidade. O rebuscamento na utilização dos vocábulos só contribui para a
confusão dos períodos.
b) Clareza: A elaboração dos períodos muito longos produz dois defeitos graves. Primeiro,
o leitor se cansa do texto e não compreende bem as mensagens nele contidas, Segundo,
as ideias misturam-se exageradamente. Elabore períodos curtos. É preferível abusar do
pronto final, enfileirar palavras, a construir períodos gigantescos.
c) Precisão: Certifique-se de significado correto das palavras que vai utilizar em
determinado período e verifique se existe adequação desse significado com as ideias
expostas. A vulgaridade de termos ou impropriedade de sentido empobrecem bastante o
texto.
Veja alguns exemplos deploráveis:
I. "É impossível conhecer os antepassados dos candidatos..." (o aluno queria dizer os
"antecedentes")
II. "Urgem campanhas no sentido de exterminar os analfabetos" (o aluno queria dizer,
naturalmente, "exterminar o analfabetismo")
III. "Estou convincente de que..." (o termo próprio é "convencido")
IV. "Através das estradas, o homem transporta suas necessidades..." (o termo envolve
duplo sentido)
V. "Era um tapete de alta valorização..." (o aluno queria dizer, "de alto valor".)
d) Concisão: Ser conciso ao elaborar um texto significa usar as palavras com economia,
com critério. Quanto mais você transmitir, usando palavras, mais concisa será a redação.
As provas de redação terão limitação de tempo e de número de linhas, por isso você não
deve ser prolixo, veja:
Falta de concisão:
"A infância, ou melhor, as crianças abandonadas nas ruas revoltam qualquer pessoa quer
as vê andando na cidade". (18 palavras)
Concisão:
"Qualquer pessoa se revolta, quando vê crianças abandonadas pelas ruas". (10 palavras).
e) Originalidade: O uso excessivo de certas figuras de linguagem ou certos provérbios
acarreta o empobrecimento da redação. Como tudo que existe, as palavras também se
desgastam. É preciso criar novas figuras para expor essa ideias. Dizer que a namorada é
uma flor, ou que o filho de peixe, peixinho é, não realça a redação de ninguém. Use a
imaginação para não precisar desses "chavões" antigos e pobres.
"O grande amor da minha vida".
"Mal traçadas linhas".
"Grande futuro da humanidade".
"A lua foi testemunha".
"Nos píncaros da glória".
"Um misto de alegria e tristeza invade o meu peito".
"Não tenho palavras".
"Com a voz embargada de emoção".
"'Nos primórdios da humanidade".
DEFEITOS GRAVÍSSIMOS DE FORMA:
I. Períodos muito longos;
II. Repetição desnecessária de palavras;
III. Frases confusas, desconexas, ilógicas;
IV. Palavras vulgares, gírias;
V. Chavões, palavras desgastadas pelo uso constante;
VI. Eco (Vicente frequentemente está contente);
VII. Hiato (Vai a Ana à aula);
VIII. Cacofonia (Meu coração por ti gela);
IX. Colisão (Se cedo você se sentasse, cansar-se-ia menos).
CRIE NOVAS FIGURAS DE LINGUAGEM
Todas as figuras de linguagem conhecidas, desde que explorada com criatividade,
contribuem para valorizar o seu texto.
Comparação ("As chamas, como língua de monstro, saíam pelas janelas".)
Metáfora ("As chamas eram centenas de línguas gigantescas")
Metonímia ("As velas lançaram-se ao mar (Velas por navios).)"
Antítese ("De uma parte se diz desceu, de outra se diz subiu".)
Perífrase ("Visitou a cidade do forró.) (Campina Grande)
Gradação ("...Ele foi passando da opulência à abastança, da abastança à mediania à
pobreza, da pobreza à miséria...")
Interrogação ("Quem vos trouxe a esse estado?")
Exclamação ("Ó tempos! Ó costumes!")
A CORREÇÃO GRAMATICAL
Todo o aluno que se preza acompanha com muito interesse e atenção as aulas de
gramática da escola que frequenta. Afinal, é a partir do estudo da morfologia, da sintaxe,
da semântica que alguém domina o "código" necessário para sua expressão escrita ou
falada.
Você já percebeu que expressar-se bem significa utilizar corretamente as palavras da
língua escolhida. É fundamental um bom estudo das LEIS reguladoras da Língua
Portuguesa.
Embora todos os itens gramaticais sejam igualmente importantes para uma redação
correta, ressaltam-se certos aspectos.
Cuidado com:
I. Concordância Nominal
II. Concordância Verbal
III. Partícula SE
IV. Regência Verbal
V. Colocação Pronominal
VI. Imperativos
VII. Ortografia
VIII. Crase
IX. Acentuação Gráfica
X. Pontuação
O texto e sua intenção
Caríssimos, ao redigir é preciso considerar a intencionalidade do texto: há textos que se
articulam basicamente como informação, dentre eles – informação publicitária, política,
médica, profissional, esportiva, etc , e outros que têm a intenção de opinar, de manifestar
um ponto de vista sobre algum fato, ideia etc (panfletos políticos até ensaios acadêmicos).
Em síntese, podemos dizer que a informação é básica e a opinião é secundária, isto é,
sem informação não há opinião sustentada. Querem saber um pouco mais? Leiam o texto
a seguir.
O texto e sua intenção
Toda produção de texto, oral ou escrito, deve levar em conta os componentes básicos que
participam das situações discursivas em geral: quem fala, para quem fala, com que
intenção e, mediante esses elementos, como fala. Segundo Faraco & Tezza, em Oficina
do Texto, escreve-se sempre com alguma intenção. Todos sabemos sobre o que
escrevemos, qual o assunto; mas o mais importante é saber qual a nossa intenção ao
escrever um assunto qualquer. De acordo com a nossa intenção, toda a estrutura do texto
se modifica: seleção do vocabulário, extensão da sentença, organização dos parágrafos
etc. Intuitivamente, sabemos que a cada intenção corresponde um certo gênero de
linguagem.
Texto Informativo
ULSAN –Quando menos esperava, o meia Ricardinho, do Corinthians, realizou seu sonho
profissional. Tornou-se o 24º jogador convocado pelo técnico Luiz Felipe Scolari para a
Copa do Mundo da Coréia do Sul e do Japão. O corintiano substituiu o volante, e até então
capitão, Emerson, cortado por causa de uma luxação no ombro direito. Deve chegar a
Ulsan na madrugada de terça-feira, horário do Brasil. Embora não tivesse a mesma
promoção e repercussão de Romário, a ausência de Ricardinho da lista dos atletas que
estariam no Mundial foi bastante questionada. A boa fase no Corinthians, coroada com
duas importantes conquistas – o Torneio Rio- São Paulo e a Copa do Brasil -, o colocavam
como um dos nomes mais cogitados para estar na Ásia. Pelo time do Parque São Jorge já
jogou 252 vezes e marcou 63 gols. (O Estado de S.Paulo, 3/6/2002)
Esse texto tem a clara intenção de informar o leitor. O texto de informação trabalha
sempre com fatos: quem faz o quê, onde, quando, etc. Jornais, revistas e noticiários
estruturam-se basicamente com informações e é variada a linguagem desses textos. É
uma típica notícia de jornal: o texto com a vida mais curta que existe (em questão de horas
já está velho). A notícia diária conta com uma certa base informativa do leitor; o fato de a
notícia acima dizer respeito à Copa do Mundo – um tema de presença absoluta no Brasil
durante os jogos- não é preciso explicar tudo com detalhes, supõe-se que o leitor já esteja
familiarizado com o assunto.
Mãos à obras
Vamos exercitar um pouco?
a) Assinale que momento do texto nos revela que estamos diante de uma notícia de jornal.
b) Assinale quantas informações há no texto além do motivo básico da notícia (Ricardinho
substituiu Emerson na seleção brasileira).
Texto de Opinião / Argumentativo
A face da medicina brasileira que temos hoje é tão monstruosa que já provoca o
sentimento de que as doenças seriam menos perniciosas se ela não existisse. Esse
sentimento não tem base científica, mas o fato é que ele existe. Fala-se no mundo todo em
sistemas de saúde e política de saúde, que pressupõem, por definição, complexidade
organizacional, objetivos sociais, estratégias de execução e análise evolutiva para
eventuais correções do curso. Tudo isso sem esquecer o objetivo a ser atingido. No Brasil,
não temos sistema nem política de saúde. Não há objetivo definido, por isso é fácil
esquecê-los. Há uma complexidade desorganizacional que atende a outros interesses.
Centenas de estratégias de execução são realizadas em microuniversos isolados, mas por
não formar um todo coerente acabam antagonizando-se e anulando-se.(...) . No Brasil,
opera-se menos da metade dos pacientes que se pode operar, e opera-se mal. Enquanto
isso, há gente que poderia ser salva, mas morre sem conseguir sequer um diagnóstico.
Não interessam ao doente que vai morrer por falta de socorro médico as razões dessa
falta. (Francisco J. de Moura Theóphilo. VEJA, ed. 1346)
Esse texto tem uma intenção diferente: dar uma opinião sobre a crise da medicina
brasileira, apresentando argumentos em defesa de um ponto de vista. Este também é um
tipo de texto muito frequente. Enquanto o texto de informação é mais descritivo (O técnico
vai trocar esse jogador por aquele...), o texto de opinião é mais argumentativo (isso
acontece porque acontece aquilo, mas...)
Lembrete importante: um grande número de textos cumpre as duas funções: ao mesmo
tempo que informam, emitem opiniões sobre as informações.
Testes de concurso
Como é, concursandos, pensam que vão ficar apenas lendo, sem “carregar pedra”? Nada
disso, usem a cabeça e respondam às questões seguintes.
(TJ-Pr)Texto
Quem tem medo do Absinto
Em outras eras, o absinto era considerado um demônio verde das artes, capaz de levar ao
delírio escritores e artistas em geral. Mas sabe qual é a base do absinto? Pois é losna,
aquela mesma das nossas melhores hortas. Claro que, para chegar ao absinto de
antigamente, a nossa boa e velha losna, na espécie chamada Artemísia absinthum, tinha
que passar por misturas e formulações com outras ervas. O resultado era uma bebida de
altíssimo teor alcoólico, chegando a uns incendiários 75 graus. Tudo isso para dizer que a
Dubar elaborou e está lançando no Brasil um aperitivo de absinto, o Lautrec, igualmente
expressivo, mas bem mais maneiro (53,5 graus) que o seu controvertido avô. Na nova
composição, os vegetais aromáticos que se unem à nossa losna passam por uma
destilação cuidadosa e, posteriormente, por uma retificação dos elementos indesejáveis.
No mais, é o lendário absinto, carregado de história e de um verde sonhador. (Ícaro, abril
de 2001)
01. Segundo o texto, é correto afirmar:
a) O absinto de antigamente, muito consumido por escritores e artistas, era, ao contrário
do de hoje, alucinógeno.
b) Diferentemente do absinto de antigamente, o de hoje é misturado com vegetais.
c) Pelo processamento diferente, o absinto de hoje, ao contrário do de antigamente, tem
cor verde.
d) O absinto de antigamente, ao contrário do de hoje, era produzido a partir de uma erva
caseira e, por isso, não produzia efeitos adversos.
e) n.d.a
02. Cada tipo de texto se caracteriza por uma intenção predominante. Em relação ao
texto acima, é correto caracterizá-lo como:
a) Opinativo: a intenção é apresentar uma série de argumentos para avaliar a bebida.
b) Informativo: a intenção é dar informações sobre o processamento da bebida.
c) Publicitário: a intenção é apresentar os atrativos da nova bebida.
d) Instrucional: a intenção é o modo como se faz a nova medida.
e) n.d.a.
03. Que passagem do texto permite inferir que havia alguma objeção ao antigo
absinto?
a) é o lendário absinto
b) a velha losna (...) tinha que passar por misturas
c) o seu controvertido avô
d) mas bem mais maneiro.
e) n.d.a.
Gabarito
01- A / 02 –C / 03 - C
Rascunho, O
Ao estruturar o esquema da redação, você terá facilitado sobremaneira o seu trabalho e
passará, então, para a produção da redação provisória, o rascunho.
O rascunho é um recurso que não deve ser desprezado pelo aluno, pois permite
reorganização de frases ou períodos, troca de vocábulos, eliminação de ideias truncadas
ou incoerentes.
Desenvolva o rascunho a partir do esquema, que deve estar completamente visível. O
ideal é que o esquema ocupa a parte superior da página e o rascunho o seu restante.
Na redação provisória, você deve usar abreviações e não deve se preocupar com a
estética da letra. A parte de apresentação só tem importância no momento da redação
definitiva.
Releia várias vezes a redação provisória, modifique, tente outras construções, verifique a
logicidade das ideias apresentadas, retire palavras muito usadas, crie novas comparações
e metáforas. O espírito crítico sobre o rascunho é importantíssimo
Estrutura da Dissertação
É uma modalidade de composição que visa análisar, ou comentar expositivamente
conceitos ou ideias sobre um determinado assunto. Pode apresentar-se de forma
expositiva ou argumentativa. Possui uma natureza reflexiva que consiste na ordenação
dessas ideias a respeito de um determinado assunto contido em um uma frase-tema, um
conjunto de textos verbais, não-verbais, ou até mesmo uma mescla de textos.
Dissertar é debater. Para discutirmos questões dos variados assuntos que a sociedade
nos apresenta precisamos da Dissertação. Aquele que desenvolve uma dissertação é
comumente denominado de Enunciador de ideias. Como enunciadores somos nós que
desenvolvemos o texto dissertativo sem usar primeira pessoa, expressando o nosso
ponto de vista para desenvolvê-lo com concisão e clareza. Essas ideias fundamentam
nossa posição. É por isso que toda dissertação deve ser desenvolvida em terceira
pessoa. Estabelecer nos parágrafos do desenvolvimento as relações de causa e
consequência, contribui para um texto correto e conciso. Frases curtas, linguagem direta
apresenta um texto com estrutura organizada e lógicidade de ideias.
A Estrutura do texto Dissertativo
São três as partes básicas de uma redação: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão.
Isso necessariamente não quer dizer que uma dissertação tenha que ter três parágrafos. O
mínimo de parágrafos lógicos seriam quatro e no máximo cinco, por se tratar de um texto
para leitura rápida e concisa.
Na Introdução de texto dissertativo encontramos a delimitação de um tema, através de
frases chamadas de argumentos, ou ideias secundárias, de uma ideia central que
conhecemos como assunto, o assunto do tema que amarrará os parágrafos do
desenvolvimento - sugestão ou duas, ou no máximo três;
No Desenvolvimento do texto dissertativo trabalharemos as frases ideias, ou argumentos
observando a estrutura padrão de um parágrafo de desenvolvimento que apresentarei
mais adiante, apresentando sua causa e consequência e exemplos sempre no fim
parágrafo para mostrar harmonia;
A Conclusão no texto dissertativo também uma estrutura padrão, chega de inventar, até
para finalizar um texto devemos seguir regras. Seguindo-as o resultado final da redação
será primoroso.
Eis o Esquema Estrutural que poderá ajudá-lo a fazer sua dissertação:
Acima temos um modelo para uma redação com cinco parágrafos, abaixo segue o
desenvolvimento de uma redação a partir do seguinte tema:
"ÁGUA, CULTURA E CIVILIZAÇÃO"
No mundo moderno, incrivelmente globalizado, ocorre uma tendência a valorização do
lucro em detrimento a fatores de grande importância para a sobrevivência humana. Pois, a
falta de água potável no futuro trará consequências hediondas. Mas, há uma cultura que
pode ser formada através da educação ambiental nas escolas para as nossas crianças e,
além do mais, descaso de nossos governantes aponta para uma civilização em crise e em
processo de autodestruição.
Embora, o homem não tenha dado o valor devido à importância da água para sua
subsistência. Estudiosos prevêem que daqui a 50 faltará água potável. Que ironia para o
ser humano que vive em um planeta composto por 2/3 de água. Lembrando que 2% da
água da terra é doce e o mais criminoso é que 5% dos 2% está poluída. Além da
destruição de seu "habitat" natural, o aumento demográfico é absurdo, poluindo o que
ainda resta, sem nenhuma ação governamental para conter esta realidade terrível e
inevitável.
Ainda com a falta de políticas públicas, contribuindo para esse descaso. Sem um processo
de Educação Ambiental nada pode ser feito contra essa escassez. Preparar a cultura dos
herdeiros da terra para essa mudança de postura, já entranhada dentro de nossos
governantes que por não terem interesses políticos nada fazem, é essencial.
Mesmo, diante dessas grandes civilizações que dominam o planeta, algumas que
surgiram, ou tem como modelo, se organizarem perto dos grandes rios como vemos o
Tigre, Eufrates, Amarelo, Nilo, Mississipi, Rio Grande, Amazonas e outros. Não foi mera
coincidência, antes sim suas necessidades de vitalidade e de preservação de suas
espécies. A água é vital para todos os seres vivos, é usada em rituais desde a antiguidade.
Logo pode existir a humanidade sem seu líquido precioso que é a água.
Assim, esse bem tão precioso, que para alguns pensadores da Grécia Antiga foi o
princípio de tudo, só terá relevância, com preocupação no âmbito mundial, quando a
catástrofe estiver pronta. Todos os dias os avisos são dados, com a natureza se
rebelando, pó enquanto são os outros seres que estão entrando em extinção. Quando
chegar a vez do bicho homem, só assim, ele irá se preocupar, mas já será tarde demais.
Outros temas:
1. Prova de Redação do Enem 2006
2. Temas (Frases)
"Quem decide pode errar: quem não decide já errou".
"O outro nome da paz é justiça".
"A capacidade de ouvir o adversário da à medida do amor a liberdade".
Lembre-se que o Ponto de vista é a mágica da redação. É a primeira frase para iniciar a
delimitação do tema. Aquela que vem em primeiro lugar na sua mente. Está presente em
seu pensamento após ler qualquer texto. É a primeira ideia que você tem do assunto.
Supondo que você fosse dissertar sobre um tema simples e comum que todos usam para
explicar ponto de vista. "A TELEVISÃO".
O que geralmente chamamos de ideias são pontos de visão do tema, que inseridos em
uma frase servem como frase inicial. A primeira frase para iniciar o primeiro parágrafo O
Ponto de Vista. O Ponto de Vista depende de sua capacidade de leitura e absorção de
ideias, conhecimentos. Quanto mais informação você tem melhor para desenvolver e
expor suas ideias na forma escrita. É por isso que eu sempre afirmei para meus alunos e
agora na internet me permitam finalizar com a minha eterna frase.
"Só se escreve sobre aquilo que se conhece. - Robson Moura"
Coesão e Coerência Uma das propriedades que distingue um texto de um amontoado de palavras ou frases é o
relacionamento existente entre si. De que trata, então, a coesão textual? Da ligação, da
relação, da conexão entre as palavras de um texto, através de elementos formais, que
assinalam o vínculo entre os seus componentes.
Uma das modalidades de coesão é a remissão. E a coesão pode desempenhar a função
de (re)ativação do referente. A reativação do referente no texto é realizada por meio da
referenciação anafórica ou catafórica, formando-se cadeias coesivas mais ou menos
longas.
A remissão anafórica (para trás) realiza-se por meio de pronomes pessoais de 3ª pessoa
(retos e oblíquos) e os demais pronomes; também por numerais, advérbios e artigos.
Exemplo: André e Pedro são fanáticos torcedores de futebol. Apesar disso, são diferentes.
Este não briga com quem torce para outro time; aquele o faz.
Explicação: O termo isso retoma o predicado são fanáticos torcedores de futebol; este
recupera a palavra Pedro; aquele , o termo André; o faz, o predicado briga com quem
torce para o outro time - são anafóricos.
A remissão catafórica (para a frente) realiza-se preferencialmente através de pronomes
demonstrativos ou indefinidos neutros, ou de nomes genéricos, mas também por meio das
demais espécies de pronomes, de advérbios e de numerais. Exemplos:
Exemplo: Qualquer que tivesse sido seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de
profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos
dele, o professor, gordo e silencioso, de ombros contraídos.
Explicação: O pronome possessivo seu e o pronome pessoal reto ele antecipam a
expressão o professor - são catafóricos.
De que trata a coerência textual ? Da relação que se estabelece entre as diversas partes
do texto, criando uma unidade de sentido. Está, portanto, ligada ao entendimento, à
possibilidade de interpretação daquilo que se ouve ou lê.
Modelo de questão: coesão e coerência (AFRF-2003)
As questões de números 01 e 02 têm o texto abaixo como base.
Falar em direitos humanos pressupõe localizar a realidade que os faz emergir no contexto
sócio-político e histórico-estrutural do processo contraditório de criação das sociedades.
Implica, em suma, desvendar, a cada momento deste processo, o que venha a resultar
como direitos novos até então escondidos sob a lógica perversa de regimes políticos,
sociais e econômicos, injustos e comprometedores da liberdade humana.
Este ponto de vista referencial determina a dimensão do problema dos direitos humanos
na América Latina.
Neste contexto, a fiel abordagem acerca das condições presentes e dos caminhos futuros
dos direitos humanos passa, necessariamente, pela reflexão em torno das relações
econômicas internacionais entre países periféricos e países centrais.
As desarticulações que desta situação resultam não chegam a modificar a base estrutural
destas relações: a extrema dependência a que estão submetidos os países periféricos,
tanto no que concerne ao agravamento das condições de trabalho e de vida (degradação
dos salários e dos benefícios sociais), quanto na dependência tecnológica, cultural e
ideológica.
(Núcleo de estudos para a Paz e Direitos Humanos, UnB in: Introdução Crítica ao
Direito, com adaptações)
01. Assinale a opção que não estabelece uma continuidade coerente e
gramaticalmente correta para o texto
a) Nesta parte do mundo, imensas parcelas da população não têm minimamente garantida
sua sobrevivência material. Como, pois, reivindicar direitos fundamentais se a estrutura da
sociedade não permite o desenvolvimento da consciência em sua razão plena?
b) Por conseguinte, a questão dos Direitos tem significado político, enquanto realização
histórica de uma sociedade de plena superação das desigualdades, como organização
social da liberdade.
c) Assim, pois, a opressão substitui a liberdade. A percepção da complexidade da
realidade latino-americana remete diretamente a uma compreensão da questão do homem
ao substituí-lo pela questão da tecnologia.
d) Na América Latina, por isso, a luta pelos direitos humanos engloba e unifica em um
mesmo momento histórico, atual, a reivindicação dos direitos pessoais.
e) Não nos esqueçamos que a construção do autoritarismo, que marcou profundamente
nossas estruturas sociais, configurou o sistema político imprescindível para a manutenção
e reprodução dessa dependência.
DICAS: esse tipode questão exige a capacidade de seleção das informações básicas do
texto e de percepção dos elementos de coesão constitutivos do último período e sua
interligação com o parágrafo subsequente; nesse caso, a opção que será marcada.
O texto trata dos direitos humanos - a realidade no contexto sócio- político e histórico
estrutural - processo de criação das sociedades; "as relações econômicas internacionais
entre países periféricos( a sua dependência) e países centrais".
O gabarito assinala a altern. C.
Justificativa: o comando da questão pede "a opção que não estabelece uma
continuidade..." , a alternativa C inicia, estabelecendo relação de conclusão ( "Assim,
pois,a opressão...") utilizando-se de elementos que não são citados no texto: opressão -
liberdade - tecnologia, caracterizando incoerência textual.Nas demais alternativas há
expressões que fazem menção às ideias do texto. Serão grifadas as palavras ou
expressões relacionadas ao texto:
*na altern.a)"... nessa parte do mundo..." (países periféricos),
* na altern.b)"... a questão dos Direitos tem significado político..." (parte inicial do texto),
*na altern. d) "Na América Latina, por isso, a luta pelos direitos humano..."
* na altern.e)"... o sistema político imprescindível para a manutenção e reprodução dessa
dependência." (tanto a letra d) quanto a e) fazem referência às informações básicas do
texto.
02. Assinale a opção em que, no texto, a expressão que antecede a barra não retoma
a ideia da segunda expressão que sucede a barra.
a) "realidade" (l.2) / " contexto sócio-político e histórico-estrutural do processo" (l.2 e 3)
b) "deste processo" (l.6) / " Processo contraditório de criação das sociedades" (l.3 e 4)
c) "Este ponto de vista referencial" (l.11) / "ideias expressas no primeiro parágrafo.
d) "Neste contexto" (l.14) / discussão sobre os direitos humanos na América Latina.
e) "desta situação" (l.20) / relações econômicas internacionais entre países periféricos e
países centrais.
GABARITO:A
DICAS: essa questão é típica de coesão textual que trata dos elementos anafóricos-
aqueles que retomam um elemento referencial(anterior). O objetivo do comando é "a
expressão que antecede a barra não retoma a ideia da segunda expressão. Se se
observar com atenção, a palavra "realidade" da altern. a) vem citada antes, no texto, que a
expressão "contexto sócio-político e histórico-estrutural do processo", portanto
corresponde ao que se pede. Daí, o gabarito apontar a altern a) como a indicada.
Tema, O Comumente, verificamos que um aluno sente-se angustiado ao perceber que não sabe
iniciar uma redação sobre o tema proposto. Essa dificuldade inicial provoca um
sentimento, de incapacidade que vai acentuando, e provoca um bloqueio mental maior do
que os que já existem em qualquer pessoa. Parece que, apesar de certas ideias boas
aparecem esparsas em nossa cabeça, as palavras estão presas e não querem sair. Isso
acontece não só com o estudante. Mesmo os escritores mais renomados sentem esse
"bloqueio" momentâneo.
Às vezes, uma pessoa poderá iniciar uma redação abordando diretamente o assunto, sem
introdução isso depende da maneira de cada um. É impossível determinar um padrão
imutável para a introdução de uma redação, assim como para as outras partes. Tudo é
variável, apesar de obedecer a algumas normas imutáveis.
EXEMPLO DE PARÁGRAFO COM INTRODUÇÃO
TEMA: A fome de crianças abandonadas
"Você já parou para pensar na tristeza de uma criança faminta? Ela mastiga as migalhas
de pão duro encontradas nas latas de lixo sem entender porque não há o momento do
almoço e do jantar como ocorre com as outras crianças".
Você pode observar que o início do parágrafo traz uma introdução em forma de pergunta.
O escritor questiona o virtual leitor sobre o problema, tentando levá-lo a um ato de
reflexão.
EXEMPLO DE PARÁGRAFO SEM INTRODUÇÃO
TEMA: A fome de crianças abandonadas.
"Vasculham as latas de lixo como se estivessem procurando diamantes perdidos. Um
pedaço de pão duro, uma fruta podre, um doce estragado, tudo serve para aquele menino
que não tem nada para colocar no estômago ansioso".
No caso deste texto, o escritor entra diretamente no tema que vai desenvolver, sem
rodeios introdutórios.
Logicamente, existem muitas causas que concorrem para essa inibição no momento da
expressão linguística. Vejamos algumas delas:
Causas objetivas: Em primeiro lugar você deve saber que nem tudo pode ser traduzido
para um código linguístico. Há emoções que não podem ser expressas pela língua.
Além disso, a linguagem escrita envolve um condicionamento completamente diferente da
linguagem falada:
a) Na escrita não há diálogo do autor com o leitor. Você escreve sozinho e deve conduzir o
discurso sem a ajuda de um interlocutor.
b) Na escrita, as situações não estão configuradas. Você tem que criá-las.
c) Na escrita, enfim, não podemos recorrer aos gestos, que tanto nos auxiliam e tantas
palavras poupam.
Causas subjetivas ou psicológica: Por influência da média, da normalidade do
comportamento social, desenvolvemos em nós mesmos uma auto-censura rigorosíssima.
Todos nós temos um grau de vergonha, timidez que reprime muitas ações que
gostaríamos de realizar.
Considere, por exemplo, as pessoas reunidas em uma festa ou solenidade qualquer, ou
mesmo um grupo de pessoas, em determinada situação. As discussões descontraídas e
acaloradas acerca de um assunto qualquer cessarão imediatamente se alguém se
aproximar e ligar o gravador.
Isso acontece também com a linguagem escrita. Você sabe que existe um leitor virtual que
exercerá um julgamento de valor do que for produzido. Isso basta para deixá-lo hesitante
sobre o que e como escrever. Constatados esses problemas, a atitude correta do aluno
está em encarar com otimismo a tarefa que deve realizar. O temor inicial com relação ao
tema proposto é natural, porém você deve fazer o seguinte raciocínio: "Eu preciso fazer" -
"Eu quero fazer" - "Eu farei". Não poder haver pré-julgamentos daquilo que você se propõe
a realizar.
É fundamental que você leia, atenciosamente, a proposição, bem como o texto de apoio,
se ele ocorrer. Se o tema for "O clima do Brasil", não adianta fazer obra-prima versando
sobre "O clima de Minas Gerais", porquanto o seu trabalho resultará inútil. Os corretores
vão considerar que houve fuga ao tema proposto.
Cada pessoa possui um temperamento próprio, o que influência sua maneira de escrever.
Alguns são sentimentalistas, românticos e nesse caso, os temas mais subjetivos como
amor, amizade, carinho, serão tratados com mais desenvoltura. Outros são mais realistas,
práticos, com raciocínio mais científico e, nesse caso, os temas como justiça social,
poluição, guerras serão preferidos a outros que seja mais emocionais.
Como, nos exames e provas, você não tem oportunidade de escolha, convém que pratique
variados temas. Você deve tentar ser um "curinga". O atleta que joga em qualquer posição
tem mais chance de ser escalado.
Como fazer uma dissertação
Certamente você já deu a sua opinião sobre um assunto qualquer. Numa roda de amigos
ou até mesmo numa conversa ao telefone, constantemente queremos dizer o que
pensamos, expor nossas idéias. Sempre que fazemos isso, estamos fazendo uma
dissertação. Então podemos afirmar que dissertar é expor nossa opinião sobre
determinado assunto.
Dissertação Escrita
Colocar uma opinião no papel é bem diferente de dizê-la a alguém. Ao escrevermos, não
podemos usar alguns recursos que temos na fala como, por exemplo, gírias (já é, o cara, a
mina, bolado), interjeições (argh!, putz!). Mas por que isso? Porque quando escrevemos,
principalmente em redações, devemos ser mais formais para não atrapalhar o
entendimento de quem vai ler. Uma pessoa mais idosa, por exemplo, pode não entender
uma expressão como "já é" e interpretar tudo errado. Não imagine que o leitor entenda
tudo que você escreve, portanto seja simples e formal (mas sem exageros) quando
escrever uma DISSERTAÇÃO.
Planejando o Texto
Em uma prova, o tempo para escrever é muito curto, portanto, você deve, antes de tudo,
planejar a sua redação. A primeira etapa é identificar o tema.
Identificação do Tema
Em alguns concursos, a banca fornece o tema através de pequenos textos-guias. Veja o
exemplo:
01. (FUVEST - 1997) Redija uma dissertação em prosa, relacionando os três textos a
seguir.
Texto 1
Na prova de Redação dos vestibulares, talvez a verdadeira questão seja sempre a mesma:
"Conseguirei?". Cada candidato aplica-se às reflexões e às frases na difícil tarefa de falar
de um tema A proposto, com a preocupação em B - "Conseguirei?" - para convencer
o leitor X.
Texto 2
Ao escrever "Lutar sem palavras / é a luta mais vã. / Entanto lutamos / mal rompe a
manhã", Carlos Drummond de Andrade já era um poeta maior da nossa língua.
Texto 3
"É difícil defender,
só com palavras, a vida". (João Cabral de Melo Neto)
Neste exercício acima, está claro que o tema é "a dificuldade de se expressar através das
palavras". Então, nesse caso, basta escrever falando sobre cada aspecto citado em cada
um dos três textos. Não se pode copiá-los, apenas fale um pouco sobre o que cada texto
diz.
Tema Live
Se o tema da redação for livre, isto é, se você tiver a opção de escolhê-lo, basta pensar
algum assunto interessante e depois delimitar o tema.
O que é "Delimitar o Tema"?
Vamos supor que o tema que você escolheu seja "televisão". O que escrever? Há uma
variedade enorme de aspectos: a televisão educativa, a televisão como entretenimento, o
poder influenciador da televisão, a história da televisão, a televisão e a família, a televisão
brasileira, etc.
Bem você deve ter notado que cada tópico especifica um tema. Então basta escolher um
tema apenas e falar somente sobre ele, esquecendo os demais.
Observação: veja que ao colocar a palavra verão ao lado de "a moda", eu delimitei o
tema, ou seja, eu não vou mais falar sobre o mundo da moda e sim, somente da
moda que é usada no verão.
Leia mais em: http://www.redijamelhor.blogspot.com
A Introdução
Aristóteles já dizia: "A introdução é aquilo que não pede nada antes, mas que exige algo
depois". E ele tinha razão, pois a introdução inicia o leitor no assunto. Diz o que o texto
vai dizer. Então, já deu pra perceber que nas primeiras linhas, o leitor deve ser informado
sobre o tema da redação. E mais: como essa tema será apresentado.
Comece com frase bem atrativa, que chame a atenção de quem está lendo. Pode ser uma
pergunta, uma declaração, uma exclamação. O importante é que esteja dentro do tema.
Bem, mas como aqui a gente mata a cobra e mostra o pau, vamos dar um exemplo de
introdução nota 10:
O mundo anda carente de confiança. Em quem acreditar, em quem confiar? Antigamente a
gente confiava mais nas pessoas. Hoje talvez sejamos mais espertos, criancinhas
conhecem mundos e maldades que a gente só conhecia depois de casado...e olhe lá.
Olhe que bela introdução de texto: logo na primeira frase, o autor já diz o tema da redação,
que é a carência de confiança que o mundo está sofrendo. Depois ele reforça o tema com
uma pergunta (em quem confiar?). Após isso, ele apresenta argumentos para provar o
valor da declaração inicial: antigamente, confiávamos mais nas pessoas e as crianças
estão conhecendo as maldades cada vez mais cedo.
São esses argumentos que serão defendidos no desenvolvimento, um em cada parágrafo.
Fácil, não?
Vejamos outro modelo de introdução:
Parece que agora o governo brasileiro quer ensinar aos governantes estrangeiros como
sair da penúria. Do jeito que falam, dão a entender que o Brasil é um exemplo de
administração pública e prosperidade, ao contrário dos outros países. Mas basta viajar
para a Europa, por exemplo, para se ter uma opinião bem diferente da dos nossos
dirigentes.
Nessa introdução, o autor começa com uma frase inicial bem irônica e ela já contém o
tema: o governo brasileiro quer ensinar aos estrangeiros a como sair de uma crise
econômica. Depois, ele apresenta um argumento para explicar o que disse anteriormente
e na última frase, ele demonstra que não concorda com a atitude dos governantes
brasileiros e assim já nos mostra qual é o objetivo do texto.
tema: o governo brasileiro
delimitação do tema (tópico frasal): o governo brasileiro quer ensinar aos estrangeiros a
como sair de uma crise.
objetivo: mostrar que a realidade não é outra
Vamos a outro exemplo:
Desde que comecei a votar, sempre depositei minha confiança no Partido dos
Trabalhadores. Demorou, mais Lula chegou lá. Foram oito anos de governo, continuados
agora com Dilma, em quem também votei. Reconheço que houve muitos erros, muitos
escândalos, mas nada muito diferente da época em que o PSDB estava no poder. O país
avançou economicamente, mas a miséria continua. Agora me pergunto: vale a pena
continuar acreditando no PT?
Dessa vez, o autor foi esperto. Começou falando sobre os seus primeiros votos,
analisando os candidatos que escolheu. Depois fez uma pergunta que instiga o leitor a
continuar lendo. O desenvolvimento dessa introdução só tem um caminho: responder a
essa pergunta. Acho essa uma das melhores formas de se introduzir um texto
O Parágrafo
Caríssimos, minha proposta nesse artigo é afastar o fantasma que se cria em torno da
produção de textos, mais especificamente da prova de redação dissertativa.
Tenho verificado, nos encontros de redação, certa deficiência por parte dos candidatos na
estruturação dos textos dissertativo-argumentativos; o produtor do texto domina o
conteúdo teórico (nas provas discursivas), tem conhecimento do tema, do conteúdo a ser
discutido, todavia desconhece a forma de estruturá-lo, enfim de dar sentido às sua ideias
com sequencia lógica, com coesão.
Com o intuito de auxiliá-los nessa árdua e dolorosa tarefa, passarei algumas dicas que
lhes poderão ser úteis na produção do seu texto, numa situação de concurso, por
exemplo. As questões discursivas (referentes a disciplinas específicas) também seguem a
orientação dos textos dissertativos, considerando-se que a estrutura – introdução,
desenvolvimento conclusão - está presente na articulação de todos os textos.
Antes de pensarmos na estruturação global do texto dissertativo-argumentativo, devemos
conhecer a estrutura de uma de suas unidades básicas: o parágrafo.
O parágrafo é organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é desenvolvida por ideias
secundárias. O parágrafo pode ser formado por uma ou mais frases, sendo seu tamanho
variável. No texto dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos
relacionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apresentada na
introdução.
Embora existam diferentes formas de organização de parágrafos, os textos dissertativo-
argumentativos e alguns gêneros jornalísticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa
estrutura consiste em três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que
desenvolvem a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em parágrafos
curtos, é raro haver conclusão.
Conheça a estrutura-padrão a seguir, observando sua organização interna
ideia-núcleo: A poluição que se verifica principalmente nas capitais do país é
um problema relevante, para cuja solução é necessária uma ação conjunta de
toda a sociedade.
ideia secundária: O governo, por exemplo, deve rever sua legislação de
proteção ao meio ambiente, ou fazer valer as leis em vigor; o empresário pode
dar sua contribuição, instalando filtro de controle dos gases e líquidos
expelidos, e a população, utilizando menos o transporte individual e aderindo
aos programas de rodízio de automóveis e caminhões, como já ocorre em São
Paulo.
conclusão: Medidas que venham a excluir qualquer um desses três setores da
sociedade tendem a ser inócuas no combate à poluição e apenas onerar as
contas públicas.
Observe que a ideia-núcleo apresentou palavras-chave (poluição / solução / ação
conjunta / sociedade) que vão nortear o restante do parágrafo. O período subsequente –
ideia secundária – vai desenvolver o que foi citado anteriormente: ação conjunta – do
governo, do empresário e da população. O último período retoma as ideias anteriores,
posicionando-se frente ao tema.
Em suma, note que todo o parágrafo se organiza em torno do primeiro período, que expõe
o ponto de vista do autor sobre como combater a poluição. O segundo período desenvolve
e fundamenta a ideia-núcleo, apontando como cada um dos setores envolvidos pode
contribuir. O último período conclui o parágrafo, reforçando a ideia-núcleo.
Outro aspecto que merece especial atenção são os elementos relacionadores, isto é, os
conectores ou conetivos. Eles são responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura
mais fluente; visam a estabelecer um encadeamento lógico entre as ideias e servem de
“elo” entre o parágrafo, ou no interior do período, e o tópico que o antecede. Saber usá-los
com precisão, tanto no interior da frase, quanto ao passar de um enunciado para outro, é
uma exigência também para a clareza do texto. Sem esses conectores – pronomes
relativos, conjunções, advérbios, preposições , palavras denotativas – as ideias não fluem,
muitas vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro, sem coerência.
Os elementos relacionadores não são, todavia, obrigatórios; geralmente estão presentes a
partir do segundo parágrafo. No exemplo a seguir, o parágrafo demonstrativo certamente
não constitui o 1º parágrafo de uma redação.
Exemplo de um parágrafo e suas divisões
“Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta
elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as
drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura
suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o caos.”
(Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)
Elemento relacionador : Nesse contexto.
Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha.
Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado
perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas
instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à
demanda.
Conclusão: Enfim, viveremos o caos.
(Obra consultada: MOURA, Fernando. Nas Linhas e Entrelinhas, 6ª edição, 2004.
Ed.Vestcon)
Caríssimos, nesse contato, meu objetivo era mostrar a estrutura da unidade básica dos
textos, o parágrafo. No próximo encontro conversarei sobre a estrutura global do texto e
na sequência passarei dicas sobre coesão, coerência e aspectos formais da redação, além
de outros assuntos.
Meu objetivo, também, é convencê-los de que as provas discursivas não são tão
preocupantes a ponto de os candidatos desistirem do concurso. Basta seguir a orientação
dada, com conhecimento prévio do que será avaliado no texto, que a nuvem negra da
insegurança se dissipará.
Fiquem à vontade para questionar, sugerir assuntos para serem discutidos. Estou à
disposição para elucidar alguma dúvida; pretendo ser clara e objetiva nas respostas.
Críticas (construtivas) e sugestões serão bem vindas.
Tipos de Discursos
Discurso aqui deve ser entendido como a maneira que o narrador "deixa" a fala de suas
personagens serem reproduzidas ou reproduz o que falam. São três os tipos de discurso:
direto, indireto, indireto livre.
Discurso Direto
O mais comum de todos, nele o narrador "deixa" a personagem falar diretamente com o
leitor, reproduzindo integralmente o que ela diz. Geralmente, usa-se o travessão para
iniciar tal discurso.
Leia: O menino suportou tudo com coragem de mártir, apenas abriu ligeiramente a boca
quando foi levantado pelas orelhas: mal caiu, ergueu-se, embarafustou pela porta fora, e
em três pulos estava dentro da loja do padrinho, e atracando-se-lhe às pernas. O padrinho
erguia nesse momento por cima da cabeça do freguês a bacia de barbear que lhe tirara
dos queixos: com o choque que sofreu a bacia inclinou-se, e o freguês recebeu um
batismo de água de sabão.
- Ora, mestre, esta não está má!...
- Senhor, balbuciou este... a culpa deste endiabra- do...
O que é que tens, menino?
O pequeno nada disse; dirigiu apenas os olhos espantados para defronte, apontando com
a mão trêmula nessa direção.
O compadre olhou também, aplicou a atenção, e ouviu então os soluços da Maria.
- Ham! resmungou; já sei o que há de ser... eu bem dizia... ora ai está!
E desculpando-se com o freguês saiu da loja e foi acudir ao que se passava.
Por estas palavras vê-se que ele suspeitara alguma coisa; e saiba o leitor que suspeitara a
verdade.
(Memórias de um sargento de milícias, Manuel Antônio de Almeida)
O discurso direto é considerado mais "natural"; o narrador, para introduzi-lo na narrativa
precisa utilizarse dos chamados verbos dicendi ou declarativos, que introduzem as falas
das personagens. Os verbos mais frequentes são: falar, dizer, observar, retrucar,
responder, replicar, exclamar, aconselhar, gritar. Antes das falas das personagens
aparece, com frequência, o uso de dois pontos e travessão. Há autores, no entanto, que
preferem, em vez do travessão, colocar entre aspas as falas das personagens.
"Quando lhe entreguei a folha de hera com formato de çoração (um coração de nervuras
trementes se abrindo em leque até as bordas verde- azuladas), ela beijou a folha e levou-a
ao peito. Espetou-a na malha do suéter: "Esta vai ser guardada aqui." Mas não me olhou
nem mesmo quando eu saí tropeçando no cesto."
(Lígia Fagundes reles, "Herbarium", in Os melhores contos)
"Não sei o que me aconteceu, o pau estava no chão, agarrei-o e fiz o risco, Nem lhe
passou pela ideia que poderia ser uma varinha de condão, Para varinha de condão
pareceu-me grande, e as varinhas de condão sempre eu ouvi dizer que são feitas de ouro
e cristal, com um banho de luz e uma estrela na ponta, Sabia que a vara era de negrilho,
Eu de árvores conheço pouco, disseram-me de- pois que negrilho é o mesmo que ulmeiro,
sendo ulmeiro o mesmo que olmo, nenhum deles com poderes sobrenaturais, mesmo
variando os nomes, mas, para o caso, estou que um pau de fósforo teria causado o
mesmo efeito, Por que diz isso, O que tem que ser; tem de ser; e tem muita força, não se
pode resistir-lhe, mil vezes o ouvi à gente mais velha, Acredita nafatalidade, Acredito no
que tem de se!: "
(José Saramago, Jangada de Pedra, Record, J 999)
Discurso indireto
Como o próprio nome esclarece, o narrador "fala" indiretamente por sua personagem. Para
tanto, terá que usar, necessariamente, as conjunções integrantes que e se ao introduzir tal
discurso. Veja o exemplo:
"E a madrinha, Dona Isolina Vaz Costa (cuja especialidade era doce de ovos) foi de
parecer que quanto à dicção ainda não era visto, mas quanto à expressão Cícero
lembrava o Chabi Pinheiro. No entanto advertiu que do meio para o fim é que era mais
difícil."
(Antônio de A. Machado, NO Inteligente CíceroN, in Laranja da China, Ed. )
Fôssemos passar o trecho acima para discurso direto, teríamos:
E a madrinha, Dona Isolina Vaz Costa (cuja especialidade era doce de ovos) foi de parecer
que quanto à dicção ainda não era visto, mas quanto à expressão Cícero lembrava o
Chabi Pinheiro. No entanto advertiu:
- Do meio para o fim é que é mais difícil.
Outros exemplos:
"Miguilim chorou de bruços, cumpriu tristeza, soluçou muitas vezes. Alguém disse que
aconteciam casos, de cachorros dados, que levados para longes léguas, e que voltavam
sempre em casa. Então, ele tomou esperança: a Pingo-de-Ouro ia volta!"
(João Guimarães Rasa, Campo Geral, in Manuelzão e Miguilim, José Olímpio Editora)
"No noivado da sua caçula Maria Aparecida, só por brincadeira, pediu que uma cigana
muito famosa no bairro deitasse as cartas e lesse seu futuro. A mulher embaralhou as
cartas encardidas, espalhou tudo na mesa e avisou que se ela fosse no próximo domingo
à estação rodoviária, veria chegar um homem que iria mudar por completo sua vida (...)."
(Lígia Fagundes Teles, Pombo Enamorado, Os Melhores Contos, José Olímpio Editora)
Discurso indireto livre
O mais difícil de todos: é resultado da mistura entre os dois outros discursos. Há dois
pressupostos básicos para que aconteça nas narrativas:
a) narrador em terceira pessoa;
b) narrador onisciente.
Muito usado nas narrativas contemporâneas, este tipo de discurso quase não se registra,
por exemplo, no Romantismo. O Realismo de linha de análise psicológica experimentou-o,
mas coube à narrativa moderna desenvolvê-lo e usá-lo como recurso dos mais
expressivos. Podemos defini-lo como sendo a captação do pensamento das personagens
que vêm à tona num texto de terceira pessoa, sem nenhuma marca indicadora de Discurso
Direto (travessão, aspas) ou Indireto (as conjunções integrantes):
"Entregue aos arranjos da casa, regando os craveiros e as panelas de losna, descendo ao
bebedouro com o pote vazio e regressando com o pote cheio, deixava os filhos soltos no
barreiro, enlameados como porcos. E eles estavam perguntadores, insuportáveis. Fabiano
dava-se bem com a ignorância. nnha o direito de saber? nnha? Não tinha. "
(Vidas Secos - Graciliano Romos)
"Mas a água, só a que lhe inundou de repente as partes, e lhe escorria pelas coxas
abaixo, quente, viscosa, pesada...
Estremeceu. Poderia ainda continuar? Poderia ainda arrastar-se, cheiadefebre, extenuada,
emferida,pelaserra a cabo? E as dores, cada vez mais apertadas, que a varavam de lado a
lado, a princípio rastejantes, quase , voluptosas, e depois piores que facadas? Não, não
podia continua1: Agora só atirar-se ao chão e, como no dia de São Martinho, rolar sobre a
terra em brasa, negra, saibrosa, eiçada de tocos carbonizados, sem palha centeia e
quebrar a dureza das arestas, e sem o desavergonhado. do Armindo a cantar-lhe loas ao
ouvido... Aguilhoado de todos os lados, o corpo começou a torcer-se, aflito. "
(Miguel Torga, HMadalena., Os Bichos, Coimbra)
Discurso Direto e Indireto
O discurso é direto quando são as personagens que falam. O narrador, interrompendo
a narrativa, põe-nas em cena e cede-lhes a palavra. Exemplo:
"- Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia, logo que apareceu à porta do jardim, em
Santa Teresa.
- Depois do almoço, que acabou às duas horas, estive arranjando uns papéis. Mas não é
tão tarde assim, continuou Rubião, vendo o relógio; são quatro horas e meia.
- Sempre é tarde para os amigos, replicou Sofia, em ar de censura."
(Machado de Assis, Quincas Borba, cap. XXXIV)
No discurso indireto não há diálogo, o narrador não põe as personagens
a falar diretamente, mas faz-se o intérprete delas, transmitindo ao leitor o que disseram ou
pensaram. Exemplo:
"A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava muito conhecer Carlota e
perguntou por que não a levei comigo."
Para você ver como fica fácil vou passar o exemplo acima para o discurso direto:
- Desejo muito conhecer Carlota - disse-me Glória, a certo ponto da conversação. Por que
não a trouxe consigo?
Veja mais:
Tipos de Discurso
As falas - ou discursos - podem ser estruturadas de duas formas básicas, dependendo de
como o narrador as reproduz: o discurso direto e o discurso indireto.
Discurso Direto
O discurso direto caracteriza-se pela reprodução fiel da fala do personagem.
COISA INCRÍVEIS NO CÉU E NA TERRA
De uma feita, estava eu sentado sozinho num banco da Praça da Alfândega quando
começaram a acontecer coisas incríveis no céu, lá para as bandas da Casa de Correção:
havia uns tons de chá, que se foram avinhando e se transformaram nuns roxos de
insuportável beleza. Insuportável, porque o sentimento de beleza tem de ser
compartilhado. Quando me levantei, depois de findo o espetáculo, havia umas moças
conhecidas, paradas à esquina da Rua da Ladeira.
- Que crepúsculo fez hoje! - disse-lhes eu, ansioso de comunicação.
- Não, não reparamos em nada - respondeu uma delas. - Nós estávamos aqui esperando
Cezimbra.
E depois ainda dizem que as mulheres não têm senso de abstração...
Mário Quintana
As falas do personagem-narrador e de uma das moças, reproduzidas integralmente e
introduzidas por travessão, são exemplos do discurso direto. No discurso direto, a fala
do personagem é, via de regra, acompanhada por um verbo de elocução, seguido de dois-
pontos. Verbo de elocução é o verbo que indica a fala do personagem: dizer, falar,
responder, indagar, perguntar, retrucar, afirmar, etc.
No exemplo apresentado, o autor utiliza verbos de elocução ("disse-lhes eu", "respondeu
uma delas), mas abre mão dos dois-pontos.
Numa estrutura mais tradicional teríamos:
"... havia umas moças conhecidas, paradas à esquina da Rua da Ladeira. Ansioso de
comunicação, disse-lhes eu:
- Que crepúsculo fez hoje!
Respondeu-me uma delas:
- Não, não reparamos em nada."
Discurso Indireto
O discurso indireto ocorre quando o narrador utiliza suas próprias palavras para
reproduzir a fala de um personagem.
No discurso indireto também temos a presença de verbo de elocução (núcleo do
predicado da oração principal), seguido de oração subordinada (fala do personagem). É o
que ocorre na seguinte passagem.
"Dona Abigail sentou-se na cama, sobressaltada, acordou o marido e disse que havia
sonhado que iria faltar feijão. Não era a primeira vez que esta cena ocorria. Dona Abigail
consciente de seus afazeres de dona-de-casa vivia constantemente atormentada por
pesadelos desse gênero. E de outros gêneros, quase todos alimentícios. Ainda bêbado de
sono o marido esticou o braço e apanhou a carteira sobre a mesinha de cabeceira:
'Quanto é que você quer?'"
NOVAES, Carlos Eduardo. O sonho do feijão.
Nesse trecho, temos a fala (discurso) de dois personagens: a do marido ('Quanto é que
você quer') e a de Dona Abigail que disse ao marido "que havia sonhado que iria faltar
feijão".
Ao contrário da fala do marido, em que o narrador reproduz fielmente as palavras do
personagem, a fala de Dona Abigail não é reproduzida como as palavras que ela teria
utilizado naquele momento. O narrador é quem reproduz com suas próprias palavras
aquilo que Dona Abigail teria dito. Temos aí um exemplo de discurso indireto.
Veja como ficaria o trecho acima se fosse utilizado o discurso direto:
"Dona Abigail sentou-se na cama, sobressaltada, acordou o marido e disse-lhe:
- Sonhei que vai faltar feijão."
Verifique que, ao transformar o discurso indireto em discurso direto, o verbo de
elocução (disse) se manteve, o conectivo (que) desapareceu e a fala da personagem
passou a ser marcada por sinal de pontuação.
Veja, ainda, que o verbo sonhar, que no discurso indireto se encontrava no pretérito
mais-que-perfeito composto (havia sonhado), no discurso direto passa para o pretérito
perfeito simples (sonhei), e o verbo ir, que no discurso indireto estava no pretérito (iria),
no discurso direto aparece no presente do indicativo (vai).
Repare que o tempo verbal, no discurso indireto, será sempre passado em relação ao
tempo verbal do discurso direto. Reproduzimos, a seguir, um quadro com as respectivas
relações:
Verbo no presente do indicativo: - Não bebo dessa água - afirmou a
menina.
Verbo no pretérito imperfeito do indicativo:
- A menina afirmou que não bebia daquela água.
Verbo no pretérito perfeito: - Perdi meu guarda-chuva - disse ele.
Verbo no pretérito mais-que-perfeito: Ele disse que tinha perdido seu guarda-
chuva.
Verbo no futuro do indicativo: - Irei ao jogo.
Verbo no futuro do pretérito: Ele confessou que iria ao jogo.
Verbo no imperativo: - Aplaudam! - ordenou o diretor.
Verbo no pretérito imperfeito do subjuntivo:
O diretor ordenou que aplaudíssemos.
Discurso Indireto Livre
Finalmente, há um caso misto de reprodução das falas dos personagens em que se
fundem palavras do narrador e palavras dos personagens; trata-se do discurso direto
livre. Observe a seguinte passagem do romance As meninas, de Lygia Fagundes Telles.
"Aperto o copo na mão. Quando Lorena sacode a bola de vidro a neve sobe tão leve.
Rodopia flutuante e depois vai caindo no telhado, na cerca e na menininha de capuz
vermelho. Então ela sacode de novo. 'Assim tenho neve o ano inteiro'. Mas por que neve o
ano inteiro? Onde é que tem neve aqui? Acha lindo a neve. Uma enjoada. Trinco a pedra
de gelo nos dentes."
Na forma do discurso direto, teríamos:
"Então ela sacode de novo e diz:
- Assim tenho neve o ano inteiro.
Mas por que neve o ano inteiro?"
Na forma do discurso indireto, teríamos:
"Então ela sacode de novo e diz que assim tem neve o ano inteiro."
Outro Exemplo
Discurso Direto
- Bom dia. Estou procurando um vestido para minha mulher.
- O senhor sabe o número dela?
- Ela é meio gordinha.
- O maior tamanho que temos é 44.
- Acho que é esse o número dela. Ou 44 ou 88.
- Vou apanhar uns modelos para o senhor ver.
Discuro Indireto (conta com o narrador)
O homem entrou na loja, saudou o vendedor e lhe disse que estava procurando um
vestido para sua mulher. O vendedor lhe perguntou o número e ele apenas disse que sua
mulher era um pouco gorda, ao que o vendedor respondeu que o maior número que
tinham na loja era o 44. O homem afirmou que esse era o número dela, mas que também
podia ser o 88. O vendedor saiu e foi buscar alguns modelos para que o homem pudesse
vê-los."
Veja mais ainda:
Aí vai tudo o que você precisa saber sobre o assunto, diretamente de um dos maiores
gramáticos brasileiros: Celso Cunha:
Discurso direto
Examinando este passo do conto Guaxinim do banhado, de Mário de Andrade:
"O Guaxinim está inquieto, mexe dum lado pra outro. Eis que suspira lá na língua dele -
"Chente! que vida dura esta de guaxinim do banhado!..."
verificamos que o narrado, após introduzir o personagem, o guaxinim, deixou-o expressar-
se "Lá na língua dele", reproduzindo-lhe a fala tal como ele a teria organizado e emitido.
A essa forma de expressão, em que o personagem é chamado a apresentar as suas
próprias palavras, denominamos discurso direto.
Observação
No exemplo anterior, distinguimos claramente o narrador, do locutor, o guaxinim.
Mas o narrador e locutor podem confundir-se em casos como o das narrativas
memorialistas feitas na primeira pessoa. Assim, na fala de Riobaldo, o personagem-
narrador do romance de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.
"Assaz o senhor sabe: a gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra
banda é num ponto muito mais embaixo, bem diverso do que em primeiro se pensou. Viver
nem não é muito perigoso?"
Ou, também, nestes versos de Augusto Meyer, em que o autor, liricamente identificado
com a natureza de sua terra, ouve na voz do Minuano o convite que, na verdade, quem lhe
faz é a sua própria alma:
"Ouço o meu grito gritar na voz do vento:
- Mano Poeta, se enganche na minha garupa!"
Características do discurso direto
1. No plano formal, um enunciado em discurso direto é marcado, geralmente, pela
presença de verbos do tipo dizer, afirmar, ponderar, sugerir, perguntar, indagar ou
expressões sinônimas, que podem introduzi-lo, arrematá-lo ou nele se inserir:
"E Alexandre abriu a torneira:
- Meu pai, homem de boa família, possuía fortuna grossa, como não ignoram." (Graciliano
Ramos)
"Felizmente, ninguém tinha morrido - diziam em redor." (Cecília Meirelles)
"Os que não têm filhos são órfãos às avessas", escreveu Machado de Assis, creio que no
Memorial de Aires. (A.F. Schmidt)
Quando falta um desses verbos dicendi, cabe ao contexto e a recursos gráficos - tais como
os dois pontos, as aspas, o travessão e a mudança de linha - a função de indicar a fala do
personagem. É o que observamos neste passo:
"Ao aviso da criada, a família tinha chegado à janela. Não avistaram o menino:
- Joãozinho!
Nada. Será que ele voou mesmo?"
2. No plano expressivo, a força da narração em discurso direto provém essencialmente
de sua capacidade de atualizar o episódio, fazendo emergir da situação o personagem,
tornando-o vivo para o ouvinte, à maneira de uma cena teatral, em que o narrador
desempenha a mera função de indicador das falas.
Daí ser esta forma de relatar preferencialmente adotada nos atos diários de comunicação
e nos estilos literários narrativos em que os autores pretendem representar diante dos que
os lêem "a comédia humana, com a maior naturalidade possível". (E. Zola)
Discurso indireto
1. Tomemos como exemplo esta frase de Machado de Assis:
"Elisiário confessou que estava com sono."
Ao contrário do que observamos nos enunciados em discurso direto, o narrador
incorpora aqui, ao seu próprio falar, uma informação do personagem (Elisiário),
contentando-se em transmitir ao leitor o seu conteúdo, sem nenhum respeito à forma
linguística que teria sido realmente empregada.
Este processo de reproduzir enunciados chama-se discurso indireto.
2. Também, neste caso, narrador e personagem podem confundir-se num só:
"Engrosso a voz e afirmo que sou estudante." (Graciliano Ramos)
Características do discurso indireto
1. No plano formal verifica-se que, introduzidas também por um verbo declarativo (dizer,
afirmar, ponderar, confessar, responder, etc), as falas dos personagens se contêm, no
entanto, numa oração subordinada substantiva, de regra desenvolvida:
"O padre Lopes confessou que não imaginara a existência de tantos doudos no mundo e
menos ainda o inexplicável de alguns casos."
Nestas orações, como vimos, pode ocorrer a elipse da conjunção integrante:
"Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo cálculo aproximado do tempo,
pois estava sem relógio e mesmo se o tivesse não poderia consultá-la à fraca luz da
masmorra, imaginava podiam ser onze horas." (Lima Barreto)
A conjunção integrante falta, naturalmente, quando, numa construção em discurso
indireto, a subordinada substantiva assume a forma reduzida.:
"Um dos vizinhos disse-lhe serem as autoridades do Cachoeiro." (Graça Aranha)
2. No plano expressivo assinala-se, em primeiro lugar, que o emprego do discurso
indireto pressupõe um tipo de relato de caráter predominantemente informativo e
intelectivo, sem a feição teatral e atualizadora do discurso direto. O narrador passa a
subordinar a si o personagem, com retirar-lhe a forma própria da expressão. Mas não se
conclua daí que o discurso indireto seja uma construção estilística pobre. É, na verdade,
do emprego sabiamente dosado de um e de outro tipo de discurso que os bons escritores
extraem da narrativa os mais variados efeitos artísticos, em consonância com intenções
expressivas que só a análise em profundidade de uma dada obra pode revelar.
Transposição do discurso direto para o indireto
Do confronto destas duas frases:
"- Guardo tudo o que meu neto escreve - dizia ela." (A.F. Schmidt)
"Ela dizia que guardava tudo o que o seu neto escrevia."
verifica-se que, ao passar-se de um tipo de relato para outro, certos elementos do
enunciado se modificam, por acomodação ao novo molde sintático.
a) Discurso direto enunciado 1ª ou 2ª pessoa.
"-Devia bastar, disse ela; eu não me atrevo a pedir mais." (M. de Assis)
Discurso indireto: enunciado em 3ª pessoa:
"Ela disse que deveria bastar, que ela não se atrevia a pedir mais"
b) Discurso direto: verbo enunciado no presente:
"- O major é um filósofo, disse ele com malícia." (Lima Barreto)
Discurso indireto: verbo enunciado no imperfeito:
"Disse ele com malícia que o major era um filósofo."
c) Discurso direto: verbo enunciado no pretérito perfeito:
"- Caubi voltou, disse o guerreiro Tabajara."(José de Alencar)
Discurso indireto: verbo enunciado no pretérito mais-que-perfeito:
"O guerreiro Tabajara disse que Caubi tinha voltado."
d) Discurso direto: verbo enunciado no futuro do presente:
"- Virão buscar V muito cedo? - perguntei."(A.F. Schmidt)
Discurso indireto: verbo enunciado no futuro do pretérito:
"Perguntei se viriam buscar V. muito cedo"
e) Discurso direto: verbo no modo imperativo:
"- Segue a dança! , gritaram em volta. (A. Azevedo)
Discurso indireto: verbo no modo subjuntivo:
"Gritaram em volta que seguisse a dança."
f) Discurso direto: enunciado justaposto:
"O dia vai ficar triste, disse Caubi."
Discurso indireto: enunciado subordinado, geralmente introduzido pela integrante que:
"Disse Caubi que o dia ia ficar triste."
g) Discurso direto:: enunciado em forma interrogativa direta:
"Pergunto - É verdade que a Aldinha do Juca está uma moça encantadora?" (Guimarães
Rosa)
Discurso indireto: enunciado em forma interrogativa indireta:
"Pergunto se é verdade que a Aldinha do Juca está uma moça encantadora."
h) Discurso direto: pronome demonstrativo de 1ª pessoa (este, esta, isto) ou de 2ª
pessoa (esse, essa, isso).
"Isto vai depressa, disse Lopo Alves."(Machado de Assis)
Discurso indireto: pronome demonstrativo de 3ª pessoa (aquele, aquela, aquilo).
"Lopo Alves disse que aquilo ia depressa."
i) Discurso direto: advérbio de lugar aqui:
"E depois de torcer nas mãos a bolsa, meteu-a de novo na gaveta, concluindo:
- Aqui, não está o que procuro."(Afonso Arinos)
Discurso indireto: advérbio de lugar ali:
"E depois de torcer nas mãos a bolsa, meteu-a de novo na gaveta, concluindo que ali não
estava o que procurava."
Discurso indireto livre
Na moderna literatura narrativa, tem sido amplamente utilizado um terceiro processo de
reprodução de enunciados, resultante da conciliação dos dois anteriormente descritos. É o
chamado discurso indireto livre, forma de expressão que, ao invés de apresentar o
personagem em sua voz própria (discurso direto), ou de informar objetivamente o leitor
sobre o que ele teria dito (discurso indireto), aproxima narrador e personagem, dando-nos
a impressão de que passam a falar em uníssono.
Comparem-se estes exemplos:
"Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez com a respiração presa. Já nem
podia mais. Estava desanimado. Que pena! Houve um momento em que esteve quase...
quase!
Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. Entretanto, qualquer urubu... que
raiva... " (Ana Maria Machado)
"D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. Para que estar catando defeitos
no próximo? Eram todos irmãos. Irmãos." (Graciliano Ramos)
"O matuto sentiu uma frialdade mortuária percorrendo-o ao longo da espinha.
Era uma urutu, a terrível urutu do sertão, para a qual a mezinha doméstica nem a dos
campos possuíam salvação.
Perdido... completamente perdido..."
( H. de C. Ramos)
Características do discurso indireto livre
Do exame dos enunciados em itálico comprova-se que o discurso indireto livre conserva
toda a afetividade e a expressividade próprios do discurso direto, ao mesmo tempo que
mantém as transposições de pronomes, verbos e advérbios típicos do discurso indireto.
É, por conseguinte, um processo de reprodução de enunciados que combina as
características dos dois anteriormente descritos.
1. No plano formal, verifica-se que o emprego do discurso indireto livre "pressupõe duas
condições: a absoluta liberdade sintática do escritor (fator gramatical) e a sua completa
adesão à vida do personagem (fator estético) " (Nicola Vita In: Cultura Neolatina).
Observe-se que essa absoluta liberdade sintática do escritor pode levar o leitor desatento
a confundir as palavras ou manifestações dos locutores com a simples narração. Daí que,
para a apreensão da fala do personagem nos trechos em discurso indireto livre, ganhe
em importância o papel do contexto, pois que a passagem do que seja relato por parte do
narrador a enunciado real do locutor é, muitas vezes, extremamente sutil, tal como nos
mostra o seguinte passo de Machado de Assis:
"Quincas Borba calou-se de exausto, e sentou-se ofegante. Rubião acudiu, levando-lhe
água e pedindo que se deitasse para descansar; mas o enfermo após alguns minutos,
respondeu que não era nada. Perdera o costume de fazer discursos é o que era."
2. No plano expressivo, devem ser realçados alguns valores desta construção híbrida:
a) Evitando, por um lado, o acúmulo de quês, ocorrente no discurso indireto, e, por outro
lado, os cortes das oposições dialogadas peculiares ao discurso direto, o discurso
indireto livre permite uma narrativa mais fluente, de ritmo e tom mais artisticamente
elaborados;
b) O elo psíquico que se estabelece entre o narrador e personagem neste molde frásico
torna-o o preferido dos escritores memorialistas, em suas páginas de monólogo interior;
c) Finalmente, cumpre ressaltar que o discurso indireto livre nem sempre aparece isolado
em meio da narração. Sua "riqueza expressiva aumenta quando ele se relaciona, dentro
do mesmo parágrafo, com os discursos direto e indireto puro", pois o emprego conjunto
faz que para o enunciado confluam, "numa soma total, as características de três estilos
diferentes entre si".
Fonte: Celso Cunha in Gramática da Língua Portuguesa, 2ª edição, MEC-FENAME
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