32
Homenagem a Gazzaneo Seminário de Metodologia: aprendizados e experiências Vamos Contar, conheça o novo site nº 3 | out / nov / dez 2012 O que vai acontecer em 2013? Nossa equipe ouviu presidenta e diretores para saber

O que vai acontecer - IBGE | Portal do IBGE · Na estreia da série sobre as agências do IBGE ... notadamente em duas questões: ... serviços intensivos em conhecimento:

Embed Size (px)

Citation preview

Homenagem a Gazzaneo

Seminário de Metodologia: aprendizados e experiências

Vamos Contar, conheça o novo site

nº 3 | out / nov/ dez 2012

O que vai acontecer

em 2013?Nossa equipe ouviu presidenta e diretores para saber

nº 3 | out/nov/dez 2012

Publicação do Instituto Brasileiro de Geogra� a e Estatística - IBGE, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Governo Federal.

Centro de Documentação e Disseminação de Informações - CDDI

Coordenação de MarketingRua General Canabarro, 706 - 3º andarMaracanã - Rio de Janeiro - RJ - 20271-205Tel.: (21) 2142-0123 ramais 3597 / 3547

Coordenação de MarketingDanielle Macedo

Editora-executivaAgláia Tavares (MTB. Nº 18 033)

Reportagem e EdiçãoCamila Ermida Pinto, Marcelo Benedicto Ferreira, Marília Loschi de Melo, Mario Grabois e Pedro Henrique de Barros Girão (estagiário)

Edição de ImagensLicia Rubinstein e Helga Szpiz

Projeto Grá� coAlexandre Facuri

NESTA EDIÇÃO:

Editoração EletrônicaAlexandre Facuri e Helga Szpiz

CapaAlexandre Facuri

Fotogra� as/ImagensÁlvaro Vasconcellos, Licia Rubinstein, Marcos Britto, Paulo Weissenberg, Acervo da Memória Institucional do IBGE, Atelier Yoyita, Unidades Estaduais do IBGE (AC)

IlustraçãoEduardo Sidney Araújo

ColaboradoresRose Barros, Silvia Maia, Marco Santos, GDI da Diretoria de Geociências e Unidades Estaduais do IBGE (AC)

Revisão de TextosGerência de Editoração: Kátia Vaz CavalcantiCopidesque e Revisão: Anna Maria dos Santos, Cristina R. C. de Carvalho e Kátia Domingos VieiraProdução Grá� ca: Evilmerodac Domingos da Silva

Impressão Editora Grá� ca Formato 3 Ltda. – MECirculação IBGETiragem 20.000 exemplares

Permitida a reprodução das matérias e das ilustrações desta edição, desde que citada a fonte.

Um novo ano traz perspectivas e desa� os, rea� rma projetos em andamento e faz avançar trabalhos que estão em curso. Para o IBGE, cada novo ano signi� ca também um elo a mais em nossa evolução institucional e continuidade histórica.

Temos grandes projetos em andamento e 2013, certamente, será um ano de muitas realizações. A PNAD Contínua terá seus primeiros resultados entregues à sociedade; a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE), uma das principais iniciativas da Diretoria de Geociências, segue seu percurso de desenvolvimento.

Na área da Diretoria de Informática, vamos incrementar o projeto de integração e padronização de nossas bases de dados. Para a Diretoria-Executiva, estão na ordem do dia as ações para a implantação do Planejamento Estratégico nas Unidades Estaduais e em todo o IBGE e o Comitê Gestor do Plano de Carreiras e Cargos tem pela frente importantes debates. Já o Centro de Documentação e Disseminação de Informações está implementando a inserção do IBGE nas redes sociais.

Gostaria de destacar ainda a Política de Comunicação Integrada, o plano produzido pelo Comitê de Política de Comunicação, cuja implantação começa agora e que terá repercussões muito positivas no instituto.

Esses e tantos outros constituem os desa� os e as perspectivas que estão colocados. Neste ano que se inicia, vale a pena lembrar uma característica marcante do IBGE. Trata-se do permanente envolvimento dos servidores com as discussões sobre o que é a instituição e de como construir o seu futuro. Faz bem para todos nós essa participação. Ela comprova o compromisso com os destinos da casa ao mesmo tempo em que expressa um ponto de honra: mostra o quanto gostamos, vivenciamos e nos sentimos responsáveis por este que é um dos órgãos públicos mais tradicionais do Estado brasileiro e de grande relevância nacional.

A todas as ibgeanas e ibgeanos o nosso desejo de um feliz 2013.

Wasmália BivarPresidenta do IBGEfacebook.com/ibgeo� cial twitter.com/ibgecomunica

Carta da Presidenta

6 Notas

8 Espaço do Leitor

9 Marégrafo A estação das marés.

12 Na Internet Conheça o novo site Vamos Contar.

16 Capa Perspectivas e desa� os para 2013.

20 Aqui tem IBGE As agências nos extremos do país.

22 Homenagem O jornalista que mudou a comunicação no IBGE.

24 Metodologia 1º Seminário abre uma nova fase.

27 Mercosul Encontro debateu harmonização.

28 Nossa história O primeiro recenseamento geral do IBGE.

30 Fotolegenda

24

16

12

24

16

12

Seção4 Sumário • out/nov/dez 2012

Álv

aro

Vasc

once

llos

Edua

rdo

Sidn

ey A

raúj

o

Um novo ano marcado por mais realizações só será possível graças à credibilidade conquistada pelo IBGE em função dos contínuos serviços prestados à sociedade por um corpo de funcionários capacitados e empenhados em retratar o país. E se depender de planejamento e de projetos, como mostra nossa matéria de capa, os ibgeanos terão muito a fazer e o Brasil muito a ganhar com as informações que serão produzidas e disseminadas ao longo de 2013.

Na última edição do ano, a Fala, IBGE apresenta o site Vamos Contar, que é o canal de comunicação do instituto com os educadores. Na seção Nossa História, contamos como foi o primeiro recenseamento realizado pelo IBGE. Também reservamos espaço para a cobertura de dois importantes eventos da área de estatística realizados na instituição: o primeiro seminário de metodologia e o encontro de países do Mercosul que discutiu harmonização de informações.

Você sabe o que faz um marégrafo? Uma reportagem especial conta os detalhes dessa atividade desenvolvida pela área de geociências. Na estreia da série sobre as agências do IBGE localizadas nos pontos extremos do país, apresentamos a Agência Cruzeiro do Sul, no Acre. Como não poderia deixar de fazer, a revista presta uma homenagem ao jornalista que transformou o IBGE em notícia: Luiz Mario Gazzaneo.

Voltando à nossa matéria de capa, podemos ter uma ideia das inúmeras pautas que vamos apurar em 2013, quando a Fala, IBGE completa um ano de vida.

Boa leitura e feliz ano novo!

Equipe de redação

Seção 5Carta da Redaçãoout/nov/dez 2012 •

O portal Ibgeando foi um dos cinco � nalistas na categoria Or-ganização Pública, do prêmio Ser Humano, promovido pela Associação Brasileira de Recursos Humanos - ABRH-RJ 2012.

A apresentação do case feita pela coordenadora de Recursos Humanos do IBGE, Paula Dias Azevedo (na foto), com o apoio da coordenadora-substituta, Luciana Lopes Monteiro, ocorreu no Fórum dos Finalistas, dia 30 de outubro, no auditório do Senac-Rio, no Rio de Janeiro.

Inicialmente, Paula destacou o papel e as atribuições do IBGE na sociedade brasileira, e situou o Ibgeando nesse contexto. Ela descreveu o quadro anterior à existência do portal, no qual prevalecia, segundo ela, um nível insu� ciente de comunicação da área de Recursos Humanos (RH) com os servidores. A partir da criação do portal, no entanto, esse quadro começou a mudar. “A gente tinha reclamação dos servidores em relação à área de recursos humanos, a gente era muito cobrado por ser ine� ciente, por demorar muito a dar as respostas e pelo fato das informações não estarem disponíveis de

um modo fácil”, apontou Paula durante sua explanação.

A coordenadora de RH do IBGE expôs as funcionalidades e os importantes ganhos de comunicação, relacionamento,

atendimento e oferecimento de serviços que chegaram com a implantação do portal, que permitiu também a homogeneidade das informações e a padronização de processos e procedimentos. “A gente tinha diferenças entre as unidades estaduais e com o Ibgeando as regras estão lá, claras, disponíveis para todo mundo”, expôs a coordenadora em sua apresentação. Paula destacou ainda a criação de canais de colaboração e integração que possibilitaram estimular a participação e a criatividade dos servidores.

A Caixa Econômica Federal foi a vencedora da categoria com o case “Rede de talentos”

Outra participação importante da Coordenação de Recursos Humanos (CRH) foi no III Encontro Nacional de Desenvolvimento de Pessoas, promovido pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, em Brasília/DF. A CRH apresentou um artigo sobre os “Processos Seletivos Internos para o cargo de Chefe de Unidade Estadual do IBGE”.

Álvaro Vasconcellos

Portal Ibgeando foi fi nalista no Prêmio Ser Humano

Debater pontos como empregabilidade, características valorizadas no mercado de trabalho e planejamento da vida pro� ssional. Esses foram os objetivos do “Encontro com os Estagiários”, realizado no Centro de Inteligência Corporativa – CIC – na Sede do IBGE, no Rio de Janeiro.

Rossana Patitucci Franco, gerente de Provimento e Acompanhamento de Recursos Humanos do IBGE (GEPAR), abriu o encontro contando que a ideia surgiu a partir de uma conversa com outros técnicos da área que, inspirados pela publicação de um caderno no jornal O Globo sobre estágio, onde foram abordados os desa� os, o mercado e outros assuntos, decidiram marcar um encontro para integrar os estagiários do instituto, dar dicas e falar sobre oportunidades de carreira.A psicóloga Carla Bottino Antonaccio, servidora da GEPAR, fez uma apresentação sobre as mudanças do mercado de trabalho nos últimos 20 anos, a importância da criatividade, iniciativa e atitude; entre outros temas. Para Lourenço Loy, um extrovertido estagiário que veio do Zimbábue, o encontro “deu uma direção bacana, permitindo uma busca mais organizada”, no que se refere à própria carreira.

A ideia é realizar novas edições do encontro, uma por ano, e apresentar novos temas. O IBGE atualmente tem 658 estagiários em todo Brasil, sendo 486 lotados no Rio de Janeiro.

Encontro promove integração entre estagiários

Rossana Patitucci Franco conversa com estagiários sobre carreira profi ssional.

um modo fácil”, apontou Paula durante sua explanação.

A coordenadora de RH do IBGE expôs as funcionalidades e os importantes ganhos de comunicação, relacionamento,

atendimento e oferecimento de serviços que chegaram com a atendimento e oferecimento de serviços que chegaram com a

NOME

CARGO EFETIV O

IDENTIDADE

MATRÍCULA SIAP E CP F

Lici

a Ru

bins

tein

Seção6 • out/nov/dez 2012

Notas

Eleitos representantes do Comitê Gestor do Plano de Carreiras e Cargos

Ibgeanos recebem prêmiosDois ibgeanos, em diferentes áreas de atuação, um da Diretoria de Informática (DI) e outro da Diretoria de Pesquisas (DPE), foram premiados no � nal de 2012, por suas atividades.

Cláudio Mariano Fernandes, coordenador de Projetos Especiais da DI, foi um dos cinco ganhadores, pelo segundo ano consecutivo, do prêmio Pro� ssional de Tecnologia da Informação, concedido pela publicação Informática Hoje.

Cláudio Mariano ressaltou a importância do trabalho de equipe que existe na DI, além da ação conjunta com a Diretoria de Pesquisas (DPE). A premiação reconheceu as inovações promovidas pelo IBGE em tecnologia da informação, notadamente em duas questões: na � exibilização que foi possibilitada para o entrevistador que agora pode fazer a transmissão de informações via Wi-Fi e na melhoria do Sistema de Indicadores Gerenciais da Coleta (SIGC).

Já o gerente da Pesquisa de Inovação (Pintec), Alessandro O. M. Pinheiro, recebeu menção honrosa no Prêmio Capes de Tese 2012, por seu trabalho de doutorado intitulado Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC), inovação e serviços intensivos em conhecimento: o que os indicadores retratam e o que poderiam revelar.

Alessandro ingressou no IBGE em 2002, na Unidade Estadual do Pará, obteve licença em 2007 para cursar o doutorado no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e foi transferido para a DPE ao � nal do curso.

Para o ibgeano, a licença concedida pelo IBGE motiva e eleva a “sensação de pertencimento” à instituição. Em relação à conquista do prêmio, ele explica que � cou contente e surpreso ao mesmo tempo, e acredita que o reconhecimento foi devido à originalidade de sua pesquisa. “Já estou aplicando muito do que estudei na Pintec”, observa Alessandro.

Foi divulgado em novembro o re-sultado das eleições para esco-lha dos representantes dos ser-vidores ativos e dos aposentados no Comitê Gestor do Plano de Carreiras e Cargos (CGPCC) para 2012-2014.

Foram 4.860 votos, sendo 4.649 válidos, 7 brancos e 24 nulos.

Julio César Pacheco Augusto (UE-SC), Domingos Roberto Nicolau Cersosimo (DPE) e Marlene Rego Moreira (aposentada) foram os candidatos mais votados, com 495, 490 e 445 votos respectivamente.

No total, foram eleitos três servidores ativos das unidades setoriais do Rio de Janeiro, três das Unidades Estaduais do IBGE e um aposentado, que terão mandato de dois anos.

Con� ra ao lado os nomes dos elei-tos. Caso queira consultar a tabela completa, consulte o seguinte link http://w3.ibgeando.ibge.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=30905&Itemid=142

Titulares:

Nome Lotação Categoria

representada

Votos

Domingos Roberto Nicolau

Cersosimo

DPE Unidades da Sede 490

Clician do Couto Oliveira DPE Unidades da Sede 371

Wilson Ferreira da Costa DE Unidades da Sede 262

Titulares:

Nome Lotação Categoria

representada

Votos

Julio Cesar Pacheco Augusto UE-SC Unidades Estaduais 495

Paulo Roberto Prates Dill UE-RS Unidades Estaduais 423

Cleiton Camargo Batista UE-PR Unidades Estaduais 269

Titular:

Nome Lotação Categoria

representada

Votos

Marlene Rego Monteiro Aposentada Aposentados 441

7

Todo material enviado será analisado e selecionado pela equipe da revista, podendo ou não ser publicado. O material obedecerá a critérios editoriais que excluem todo o tipo de material impróprio. Outras comunicações para a redação podem ser enviadas para [email protected] .

Entre em contato através do e-mail [email protected]

ou nosso endereço: Coordenação de Marketing / CDDI / IBGERua General Canabarro, 706 - Sala 320 - Cep: 20271-205 - Rio de Janeiro/RJTelefone: (21) 2142-0123 - Ramais 4789 / 3597 / 3547

Participe! Este espaço é seu.

Pintura como hobbyCrescimento profi ssionalFaço parte do grupo de aposentados que se sente ainda na Instituição ao receber a Revista do IBGE. Muito obrigada. No entanto, o artigo Capacitar para Crescer (pág. 19, Nº1) menciona o “impulso adicional” para a quali� cação pro� ssional dos servidores do IBGE havido em 1994, relegando ao esquecimento todo um trabalho desenvolvido exclusivamente por técnicos do IBGE, que considerava as necessidades especí� cas da Organização e empregava recursos internos existentes à época. Como exemplos desse trabalho, podem ser citados: o curso por correspondência (CPC) dirigido à rede de coleta; desenvolvimento de um programa de Desenvolvimento de Che� as que abrangeu várias Unidades Estaduais e a DGC e implantação de estratégia e metodologia, elaboração de recursos instrucionais e formação de instrutores para o desenvolvimento do treinamento de Pesquisas Censitárias, da AMS e da Base Operacional. Cabe registrar ainda que existem na ativa servidores que vivenciaram as atividades que aqui citei como exemplo.

Graças Gomes Aposentada - Rio de Janeiro

Trabalho grandiosoOi, sou contratada do IBGE e gostaria de dizer o quanto estou feliz por fazer parte de uma instituição como o IBGE. Estou aqui há uns três meses e já posso dizer que sou uma pessoa abençoada, visto que sou estudante de administração pública e Deus me colocou em um lugar que tem tudo a ver com o que estou estudando. Estou com as melhores notas da faculdade e, tudo isso, devido ao IBGE que tem contribuído para o meu aprendizado. Não tinha ideia do trabalho grandioso que é desenvolvido pelo IBGE. Falo sempre para as pessoas o quanto as pesquisas do IBGE são importantes. Muitas vezes � co pensando que muita gente assim como eu não tem ideia do que o IBGE exatamente faz e como ele é importante para o desenvolvimento do país. Gosto de todas as pesquisas, mas tenho uma favorita: é a Pnad, por acreditar no caráter social que tem a pesquisa e, também, por estar nas casas das pessoas que tanto contribuem para a nossa pesquisa. Pessoas estas maravilhosas que nos são muito úteis para o desenvolvimento da pesquisa. Então rati� co a minha imensa satisfação de fazer parte ainda que temporário do IBGE.

Arislene Rodrigues dos Santos Agente de Pesquisa e Mapeamento - Mato Grosso

"Retornando de uma licença médica, tive a oportunidade de ler o número um da revista do IBGE. A revista é interessante e tem um projeto grá� co nos padrões da “vou te contar”. Gostaria de saber se vocês poderiam analisar meu trabalho para publicá-lo nesta seção. A um ano da aposentadoria, estou começando a levar a sério uma atividade que antes praticava como hobby: as artes plásticas. Desenhava com giz pastel e agora arrisquei as primeiras aquarelas. É isso que farei para gozar da minha mais que merecida aposentadoria, esperada desde abril do ano passado, quando completei 30 anos de contribuição para o IBGE e para a União. Nesse tempo planejei o meu futuro, que poderá ser curto, mas que terá um maravilhoso recomeço."

Regina entrou no IBGE no Censo de 1980. Depois foi trabalhar na Divisão de Atlas do antigo Departamento de Geogra� a (DEGEO). Lá che� ou o Se-tor de Ilustração. Depois de uma viagem à Europa, onde visitou vários museus, comprou

seu primeiro estojo de giz pastel e começou a desenhar e a pintar. Participou de exposições onde al-gumas de suas obras receberam menções honrosas e uma meda-lha de bronze.

Hoje ela trabalha na Gerência de Documentação e Informação (GDI) da DGC.

Regina Célia Silva Alonso DGC – Rio de Janeiro

Bicicleta em Paraty

Esquina de Paraty

Seção8 • out/nov/dez 2012

Espaço do Leitor

Missão:Missão:marégrafo

Texto Marília Loschi

Da esquerda para a direita: Reginaldo Nabuco, Salomão Soares e Antônio Castro.

Estamos no Porto de Imbetiba, área da Petrobras, na cidade de Macaé, Rio de Janeiro.

Para estar ali, precisamos de autorização prévia, identi� cação do veículo e dos equipamentos que carregamos e observamos estritas normas de segurança. Nossa missão é conhecer a estação maregrá� ca do IBGE, na passarela de acesso ao prédio dentro do porto. Estamos acompanhando a equipe da Diretoria de Geociências que periodicamente cuida da inspeção e manutenção da estação: Antônio Castro, supervisor da Rede Maregrá� ca Permanente para Geodésia (RMPG), e Salomão Soares, supervisor substituto, ambos da Coordenação de Geodésia (CGED), e Reginaldo Nabuco, técnico da Gerência de Levantamentos Geodésicos e Cartográ� cos (GLGC).

O logotipo do IBGE se enxerga a distância. Chegando perto, podemos ler: “Estação maregrá� ca em operação desde novembro de 1994” e a missão da instituição. Uma grande e simples caixa branca, elevada sobre o mar e que a ele se conecta através de largos tubos. Dentro dela, muitos � os, tomadas, componentes eletrônicos e um aparelho que registra, em uma folha quadriculada, o movimento de oscilação 

Foto

s: Á

lvar

o Va

scon

cello

s

9out/nov/dez 2012 •

Marégrafo

O marégrafo analógico registra as oscilações da maré.

Miraci Porto conta sobre seu trabalho de décadas junto ao marégrafo de Macaé.

das marés (maregrama). Este é o marégrafo analógico, que precisa de papel e tinta para mostrar as informações e também de um braço humano para dar corda semanalmente em seu relógio e substituir a folha quadriculada.

A estação conta ainda com um marégrafo digital, em operação desde 2001 (outro marégrafo digital já foi adquirido e, no momento da apuração, ainda não havia sido instalado). Mas nada de descartar os antigos: os três equipamentos funcionarão juntos. Segundo Salomão Soares, isto melhora o controle: “Quanto mais informação, mais qualidade no produto � nal”, a� rma.

Além das visitas de técnicos do Rio de Janeiro, o marégrafo é cuidado por Miraci Porto da Silva, que trabalha na agência de Macaé – uma tarefa que vem realizando religiosamente, desde 1994. Nessa época, aliás, as visitas tinham que ser diárias, pois o equipamento ainda não tinha autonomia semanal. “Eu tinha que estar lá todo santo dia, durante 15 anos. O equipamento que a gente tem hoje dá um giro no tambor por semana, antigamente era por dia. Sábado, domingo, feriado...”

Miraci é um verdadeiro guardião do marégrafo: “Eu vim pra cá em outubro de 1994, quando começou o trabalho do marégrafo. Surgiu a oportunidade de trabalhar aqui e olhei como um desa� o. Era um projeto novo e eu nunca tinha ouvido falar sobre maregra� a”, conta. “Atualmente eu vou lá duas vezes por semana, porque a característica do equipamento, o analógico, é de corda. Adotei as segundas e sextas. Na segunda eu faço a troca do maregrama e na sexta eu dou a corda”.

Controle de qualidade A viagem de inspeção dos técnicos consiste em atividades minuciosas de veri� cação do estado de conservação de cada um dos componentes da estação. Eles procuram sinais de corrosão, deterioração ou avarias que possam exigir posterior manutenção. Na ocasião, inspecionaram o tubo do marégrafo digital, com um orifício de cerca de seis milímetros que eventualmente � ca entupido, obstruído ou com cracas – um tipo de crustáceo marinho que costuma grudar em rochas,

fundos de embarcações e, por que não, no tubo do marégrafo, que em sua base � ca em contato com o mar. Em fevereiro, foi detectado sinal de entupimento; Miraci realizou a limpeza e a nova inspeção mostrou que o problema foi solucionado.

Outra atividade comum, que não precisou ser feita desta vez, é a veri� cação da régua – mais um controle de entupimento. É um teste longo, que dura 12 horas e consiste em leituras da régua de 15 em 15 minutos, fazendo-se a comparação das medidas obtidas.

Segundo Castro, esta é uma rotina que visa assegurar a integridade estrutural para uma operação segura e con� ável. A con� ança que resulta dos dados da rede maregrá� ca é produto de muito controle – e controle do controle! A começar pelos instrumentos da estação maregrá� ca. Dois exemplos de atividades desta

10 • out/nov/dez 2012

Marégrafo

Reginaldo Nabuco e Antônio Castro inspecionam a régua do marégrafo digital e a caixa da estação maregráfi ca.

natureza são o controle geodésico, realizado a partir das referências de nível, e o nivelamento geométrico. As chamadas referências de nível são pontos con� áveis que mostram a altitude. Existem várias delas no porto de Imbetiba. Já o nivelamento geométrico veri� ca o deslocamento vertical dos instrumentos, e é realizado preferencialmente duas vezes ao ano, num trabalho de campo que dura 14 dias. “A gente con� a no aparelho, ele vai dar a informação”, diz Castro, “mas pode ocorrer de ele se deslocar e você achar que está havendo variação no nível do mar, quando na verdade é o aparelho que está subindo ou descendo”.

Estação em rede A estação maregrá� ca de Imbetiba, em Macaé, faz parte da Rede Maregrá� ca Permanente para Geodésia (RMPG), concebida em 1996. Além de Macaé, a Rede conta com outras quatro estações em operação: Imbituba (SC), operando desde 1998; Salvador (BA), desde 2002; Santana (AP), desde 2005; e Fortaleza (CE), desde 2008. A Rede Maregrá� ca tem como objetivo determinar e acompanhar a evolução temporal e espacial dos referenciais altimétricos do Sistema Geodésico Brasileiro. Suas informações também colaboram para o controle de altitude em zonas costeiras. Mas sua importância se estende à sociedade. Para a Marinha, por exemplo, fornece os dados para confecção das tábuas de marés; suas informações também são insumos para estudos de oceanogra� a e meio ambiente.

Quem nunca ouviu falar no aumento do nível do mar? “Mundialmente, todo mundo espera que o nível do mar suba dois a três milímetros ao ano. Se, em alguma hipótese, começar a subir mais do que isto, deve haver um problema. É o caso de se fazer uma análise do ponto onde estão coletando os dados. Se os equipamentos estiverem funcionando normalmente, precisamos ver que outro tipo de fenômeno está acontecendo na região”, conta Salomão Soares.

Além disto, as informações da rede maregrá� ca são importantes para estudos de batimetria (relevo submarino), essencial para navegação, dragagem e estudos hidrológicos. Conforme Salomão: “A quantidade de carga que um navio pode levar está relacionada com a distância do fundo do mar. Isto é importantíssimo para a navegação e envolve muito dinheiro. Como chegar ao porto? Como descarregar?”

Ele conta que a Rede Maregrá� ca detectou alterações nas marés por causa do tsunami da Indonésia, em 2004, e mais recentemente, do Japão, em 2011. “A previsão do movimento das marés é calculada, é matemática. Quando há uma oscilação maior do que a prevista, o marégrafo mostra essa oscilação”, explica. Antônio Castro complementa: “Apesar da distância, foi registrado dois dias após o tsunami, não com tanta intensidade, o movimento das marés, tanto no porto de Imbituba como aqui em Macaé. Deu para perceber”, diz.

11

Projeto Vamos Contar lança novo site para aproximar IBGE

de professores e estudantes

das escolas Mais perto

Um projeto de comunicação, sensibilização e relacionamento contínuo do IBGE com professores, educadores e escolas. Essa é a proposta do Projeto Vamos

Contar, que foi reestruturado, está com um novo site – já alinhado aos padrões grá� cos e tecnológicos que o portal do IBGE está adotando – e chega com boas propostas para avançar ainda mais o trabalho.

"Da minha casa até a escola..."Trabalho feito por Skarlatt Geralda Aparecida da Silva, aluna do 5o ano da Escola Municipal Professor Benício da Silva, Rio Manso, Minas Gerais. Orientado pela professora Gleice Ledir de Almeida (nov/dez 2010).

Texto Marcelo Benedicto e Mario Grabois

12 • out/nov/dez 2012

Na Internet

Lançado no Censo 2000 e aperfeiçoado no Censo 2010, o Vamos Contar! teve como objetivo “divulgar a importância das informações obtidas pelo Censo como instrumentos para o exercício da cidadania, por meio da distribuição de materiais didáticos, mapas e peças de divulgação” às escolas de ensino fundamental e médio da rede pública e particular de todo o Brasil. Elaborado pelo IBGE, o projeto foi realizado em parceria com o Ministério da Educação.

A compreensão da importância de o IBGE desenvolver e manter canais de comunicação e relação com os diversos públicos, tipos de usuários e segmentos da sociedade brasileira foi a ideia que animou a criação do projeto e os aperfeiçoamentos que estão sendo desenvolvidos agora. A coordenadora do projeto, Renata Cristina Freire Corrêa, da Coordenação de Marketing (COMAR/CDDI), explica que o objetivo do instituto é ter um relacionamento contínuo com os educadores e com as escolas. “Isso signi� ca que, em vez de a gente ter uma entrada esporádica nas escolas, a gente passa a ter uma forma de entrada que possibilita que as informações produzidas pelo IBGE passem a ser mais utilizadas pelas escolas”, a� rma Renata.

O público-alvo do site são professores e educadores, mas o projeto possui um sentido geral que é a formação das novas gerações, ou seja, os estudantes de hoje, de forma que eles possam conhecer melhor o país em que vivem através da produção gerada pelo IBGE, sejam pesquisas estatísticas ou informações geocientí� cas.

A interação e a participação dos professores é muito incentivada no site. Através do Blog do Professor, os educadores podem relatar as experiências em sala de aula com o uso dos conteúdos fornecidos pelo instituto e informar alguma atividade concebida por eles. A proposta é a construção de um espaço de valorização do professor, sociabilidade e troca de conhecimentos.

Chegando às escolasNo site, os professores encontram atividades para utilizarem em sala de aula, além de recursos como mapas escolares, arquivos para download e materiais audiovisuais. Todos os conteúdos são elaborados com base nas informações produzidas pelo IBGE, de acordo com a divisão curricular de 1o ao 5o ano, 6o ao 9o e Ensino Médio. O site é atualizado semanalmente, sempre com a

O designer Tarsus Magnus Pinheiro, o gerente Ian Monteiro Nunes, o analista Marcelo Dias Gilano de Melo e os designers Regina Iafa Reznik e Roberto Stoeterau, equipe da GEON que atuou no projeto.

A publicitária Renata Cristina Freire Corrêa, a pedagoga Tatiana Barboza e o matemático Geneci Filho, responsáveis pela concepção e conteúdos do site.

Licia Rubinstein Álvaro Vasconcellos

13

inclusão de novos materiais. Também estão sendo planejados blocos de atividades temáticas, como o sobre coleta de lixo seletiva.

Em 2013, o projeto vai ter muito mais para contar. Conforme adianta Geneci Filho, da COMAR, uma das ideias é disponibilizar um bloco temático sobre alfabetização estatística para que os alunos possam ter contato com o assunto desde o ensino fundamental. Tatiana Barboza Miranda, também da COMAR, explica que “assim como nos alfabetizamos na língua para podermos ler as palavras, também é importante alfabetizar os alunos para poderem ler os conteúdos estatísticos (grá� cos e tabelas) e a cartogra� a (mapas)”. 

Para se aproximar das escolas Brasil a fora, o Vamos Contar conta com o trabalho de

divulgação das Supervisões de Documentação e Disseminação de Informações (SDIs) das Unidades Estaduais. Por isso, em outubro a equipe do site realizou uma videoconferência para explicar o projeto e ouvir sugestões das SDIs. “A expectativa é que eles sejam a nossa voz dentro das escolas e que apresentem sugestões sobre o que deve ser melhorado e o que não está dando certo”, explica Geneci. Segundo Tatiana, na conversa com os estados foi solicitado que ampliássemos cada vez mais o uso da internet, inclusive com a produção de conteúdos para smartphone, pois muitos alunos e professores usam o equipamento.

Apesar de ter sido lançado há pouco tempo (junho de 2012), o site já desperta a atenção de pesquisadores. Em outubro, a convite do

O projeto Vamos Contar! tem sua origem na segunda metade da década de 1990, quando os técnicos do Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI) avaliaram a necessidade de o IBGE ampliar sua in� uência e participação junto às escolas e à área de educação, ampliando a disseminação e a divulgação para mais públicos. Marise Ferreira, coordenadora de produção do CDDI, que participou desses debates, lembra que essa estratégia foi sendo desenvolvida com o “Projeto Escola”, em 1996; com o lançamento do Atlas Escolar e do Meu Primeiro Atlas e que o objetivo era estar “junto às escolas”. Marise cita o papel de destaque da servidora Solange Makrakis, responsável

inicial pelo Vamos Contar!, e comenta que o interesse era que “os professores mostrassem para o aluno o que é o IBGE e, a partir daí, que os pequenos reconhecessem que o instituto é importante para a sociedade, que o professor falou e, claro, já preparando a sociedade para o Censo”.

Para Aldo Victorio Filho, coordenador do Vamos Contar 2010, havia o entendimento da necessidade e a importância de formação de um público futuro, mas que é interessante observar que o “público infanto-juvenil já é utilizador, já usufrui das informações que o IBGE oferece à sociedade”.

Do Projeto Escola ao Vamos Contar

14 • out/nov/dez 2012

Na Internet

O Vamos Contar também traz novidades na área de design e de tecnologia. O ponto de partida foi a criação de um projeto gráfico que já estivesse no padrão que foi concebido para o Portal e todos os “subsites” do IBGE. A designer Regina Iafa Reznik, da Gerência de Serviços On-line (GEON/CDDI), responsável pelo desenvolvimento do layout, mostra que o padrão foi pensado para que ele tivesse uma identidade com o próprio site do IBGE, de modo que o usuário, ao navegar, possa ter a “noção exata de que ainda está no site do IBGE”.

O designer Roberto Stoeterau, também da GEON, argumenta que a navegação no Vamos Contar parte da ideia de não se criarem novas demandas de conteúdo, mas sim aproveitar as informações que já existem – e que são muitas e variadas - no site do IBGE em seu conjunto. “Vamos aproveitar os recursos que já existem no próprio Portal, como mapas, tabelas, en� m, o que for possível usar. É lógico que eventualmente algumas coisas vão ser produzidas especi� camente para o Vamos Contar, mas mesmo que seja desenvolvido algum conteúdo especí� co ele vai estar disponibilizado para todo o portal”, diz Roberto.

O gerente da GEON, Ian Monteiro Nunes, comenta sobre a ferramenta escolhida para o desenvolvimento dos novos sites e do Portal do IBGE, o Joomla, um gerenciador de conteúdo muito usado no mundo todo. “Fizemos uma série de estudos sobre que caminhos a gente deveria seguir em termos de tecnologia para o site do IBGE e os portais relacionados. Esses estudos indicaram que a gente deveria usar um gerenciador de conteúdo, e escolhemos o Joomla. O projeto Vamos Contar foi o primeiro a ser feito”, diz Ian.

Novas tecnologias

Instituto de Matemática e Estatística da USP, Tatiana apresentou o Vamos Contar em um seminário sobre educação estatística. Segundo ela, o IBGE foi elogiado pelo fato de além de divulgar os dados também ter a preocupação de possibilitar que as pessoas possam compreendê-los. Em função dessa apresentação, a equipe foi convidada para ministrar uma o� cina para um grupo de professores das redes pública e particular de ensino de São Paulo. “A proposta é ensinar os professores a utilizarem o site, inclusive com a realização de atividades durante a o� cina, simulações de como poderiam aproveitar os materiais em sala de aula”, explica Tatiana.

O site pode ser acessado no portal do IBGE, no link Canais Temáticos, situado na coluna à esquerda; ou diretamente através do endereço: http://vamoscontar.ibge.gov.br/.

Clareza de informações e navegação mais simples: o design do Vamos Contar já está no padrão que será adotado em todo o portal do IBGE.

Aldo Victorio que, junto com Renata, coordenou o trabalho do Vamos Contar 2010.

Lici

a Ru

bins

tein

15

planos e projetos para oIBGE em 2013

Olhando pra frente:

Retratar o Brasil é uma missão que exige planejamento, conhecimento técnico e disposição para estar à frente de grandes projetos como os que estão previstos

para o IBGE realizar a partir de 2013. Tais empreendimentos vão reforçar e ampliar o escopo de atividades desenvolvidas pelo instituto e valorizar os servidores, que além de estarem envolvidos na formulação e implementação desses projetos, também serão alvo de ações especí� cas, como discussões sobre a carreira, reposição do quadro de funcionários e quali� cação pro� ssional.

Ilust

raçõ

es: E

duar

do S

idne

y A

raúj

o

Texto Marcelo Benedicto e Mario Grabois | Colaborou Camila Ermida

16 • out/nov/dez 2012

Capa

Em 2013, a comunicação também ganha um novo olhar, com um foco especial para a circulação interna de informações. A Contagem da População e o Censo Agropecuário, previstos para 2015 e 2016, respectivamente, já começam a ser planejados – tarefa que, aos poucos, vai envolver toda a casa. Enquanto isso, o Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares e a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE) vão continuar dando muito trabalho – no bom sentido – e importantes resultados. O controle e a segurança de nossa rede de computadores, a padronização das nossas bases de dados e novas formas de disseminação das nossas informações para a sociedade também estão na pauta. Uma outra expectativa é de que nos próximos anos o IBGE ganhe um nova sede para abrigar os servidores do Rio de Janeiro em um único lugar.

Todas as ações para os próximos anos estão previstas no Planejamento Estratégico do IBGE (2012-2015). “Isso para sempre termos um documento de referência sobre os projetos com os quais estamos envolvidos num horizonte de planejamento factível, com metas mensuráveis para que a gente realmente possa cumprir. É um instrumento importante para a casa que esperamos disponibilizar no início de 2013”, explica a presidenta Wasmália Bivar. Segundo Nuno Bittencourt, diretor-executivo, o planejamento está sendo construído de forma coletiva a partir de diretrizes estabelecidas pelo Conselho-Diretor, envolvendo as diretorias e unidades estaduais.

Qualifi cação e carreira dos ibgeanosNa área de recursos humanos, um ponto importante é a realização de um concurso público. “A gente já tem sinal verde do governo para um concurso que vai nos permitir iniciar a reposição de funcionários. Vão ter vagas para nível superior, mas o principal será o nível intermediário”, conta Nuno Bittencourt. Segundo ele, a expectativa é de que boa parte desses novos servidores atuem nas Unidades Estaduais e nas Agências. Sobre o Comitê Gestor do Plano de Carreiras, uma das principais metas é continuar a discutir a regulamentação das Grati� cações de Quali� cação (GQs).

A quali� cação dos funcionários também será foco de atenção em 2013. O objetivo é atualizar o programa de cursos para ampliar a capacitação geral dos servidores e investir em treinamentos a distância para as pesquisas, como os já realizados para a PNAD contínua, por exemplo. Essa modalidade de treinamento sinaliza uma mudança de paradigma e uma aproximação cada vez maior da ENCE com os projetos de pesquisa da instituição, conforme ressalta Denise Britz, coordenadora-geral da ENCE. Ainda segundo ela, dois acontecimentos vão marcar o ano na escola: as comemorações dos 60 anos do curso de graduação em Estatística e o encaminhamento do projeto de implementação do Doutorado, o que representará mais uma oportunidade de aprimoramento pro� ssional para os ibgeanos e a sociedade em geral.

Novos olhares sobre o paísEm 2013, o IBGE vai continuar a percorrer todos os cantos do país para coletar dados. Na área de estatística, a sociedade vai conhecer os primeiros resultados da PNAD contínua, que está em campo desde 2012. Por outro lado, a Pesquisa Nacional de Saúde vai a campo pela primeira vez coletar informações nos domicílios: “Será uma parceria com o Ministério da Saúde e a primeira pesquisa a ser a realizada a partir da amostra-mestra do Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares”, conta Marcia Quintslr, diretora de Pesquisas.

Outro projeto é o teste do Sistema Nacional de Pesquisas da Agropecuária. Também está em negociação com a Secretaria Nacional de Direitos Humanos um teste para uma pesquisa com moradores de rua. Uma inovação será a realização das entrevistas da Pesquisa de Associações de Assistência Social (PEAS) no Centro de Entrevistas Telefônicas Assistidas por Computador (CETAC), que inicialmente foi concebido para as pesquisas econômicas. Vale ainda destacar a elaboração de uma nova base de cálculo para as contas nacionais e o novo modelo de projeção de população.

A informação geocientí� ca também vai ajudar o retrato do país a � car cada vez mais

17

completo. Por isso, em 2013 vai ser concluída e divulgada a base cartográ� ca contínua na escala 1:250.000, englobando todo o território nacional. Outra importante iniciativa é o acompanhamento regular das mudanças da cobertura da terra, como áreas de � oresta que passaram a ser utilizadas para a agricultura ou regiões agrícolas que se tornaram cidade.

Sobre a INDE, a proposta é ampliar a participação dos atores do Governo Federal. “A INDE é uma grande rede cujo principal objetivo é ter uma forma uni� cada de encontrar os dados geoespaciais. Queremos colocar o máximo possível de atores compartilhando os seus dados”, explica Wadih João Scandar Neto, diretor de Geociências.

Informação segura para a sociedadePara possibilitar que toda a agenda de trabalho possa ser concretizada, é preciso ter uma rede de computadores e� ciente e segura. Assim, em 2013 um aspecto que vai continuar a ser tratado é a proteção da rede contra vírus e ataques. De acordo com Paulo César Moraes Simões, diretor de Informática, o controle sobre a utilização da rede é para saber se o que está instalado é um produto licenciado e se afeta a capacidade da rede como um todo.

Segundo ele, outra questão é a relacionada com a segurança da informação: “tanto o critério de acesso às informações, a integridade da informação, a segurança física das informações, a análise de riscos a que os dados do IBGE podem estar submetidos e as providências para se preparar para esses riscos”, detalha Simões - que também ressalta a preocupação com a padronização de sistemas a serem utilizados em diversas pesquisas.

Como parte da missão institucional do IBGE diz respeito ao “exercício da cidadania”, a ampla disseminação das informações produzidas é uma etapa fundamental. Nesse sentido, David

Wu Tai, coordenador-geral do CDDI, aponta o investimento em tecnologias web para espacializar a informação como um projeto para 2013. A intenção é, além da informação estatística, oferecer a componente geográ� ca. E vai mais longe: “concomitantemente, estamos desenvolvendo alternativas para que a menor unidade espacial de divulgação de dados censitários, hoje, o setor censitário, possa ser a face de quarteirão ou um sistema de grades estatísticas que nas áreas urbanas possam ter, por exemplo, 100m x 100m”. Outro destaque, segundo ele, é a ampliação da participação nas redes sociais, de forma a torná-las agentes integradores da sociedade com o instituto.

Conexões ibgeanasManter contato com os usuários de suas informações e estabelecer parcerias em âmbitos nacional e internacional são práticas constantes do IBGE. Em 2013, essas redes serão ampliadas a partir de iniciativas como a criação do Comitê de Estatísticas Econômicas, que vai envolver produtores de informações econômicas do país. No campo internacional, o IBGE vai sediar e coordenar tecnicamente três eventos internacionais: a 6ª Conferência Internacional das Estatísticas da Agropecuária (ICAS), o evento da Associação Internacional sobre Pesquisas de Uso do Tempo (IATUR) e o International Association for Research in Income and Wealth (IARIW).

E mais: continuam os preparativos para o congresso do International Statistical Institute (ISI), que vai acontecer em 2015, no Rio de Janeiro.

A integração com os demais setores do serviço público também faz parte do escopo de atuação do IBGE. Seguindo essa linha, a ENCE assinou o acordo de cooperação com o Sistema de Escolas de Governo da União para atuar no fortalecimento da formação do servidor público.

18 • out/nov/dez 2012

Capa

Em relação ao plano elaborado pelo Comitê de Política de Comunicação do IBGE e entregue ao Conse lho-Diretor no � nal de 2012, a presidenta Wasmália Bivar é enfática: “Eu estou com muita expectativa quanto a essa nova política de comunicação”. Para a presidenta, além de circular informações sobre recursos humanos, a instituição também precisa ter canais para que os servidores debatam sobre dimensões além do trabalho.

Para embasar as discussões do comitê, foi feita a Pesquisa sobre Hábitos de Comunicação do Servidor do IBGE, que foi respondida por 2.753 ibgeanos, total equivalente a 41,6% do quadro. “O que chamou a atenção na pesquisa foi o grande número de servidores que pediam um canal único de informação

(44,3% das respostas)”, conta Silvia Maia Fonseca, coordenadora de Comunicação Social.

Segundo ela, em 76 anos de IBGE é a primeira vez que é criado um comitê, com representantes de todo o IBGE, com a � nalidade de escrever uma política de comunicação. “Agora, a política e o plano de ações de comunicação estão prontos e acabados? Não. Comunicação é igual ao processo de pesquisa, todo ano tem que parar para discutir metodologia”, alerta.

O Conselho-Diretor aprovou o documento com a política, que será disseminado nos primeiros meses de 2013. Também no começo de 2013 será aprovado, com o Conselho, um Plano de Ações com a � nalidade de melhorar as práticas de comunicação interna e externa.

Novas perspectivas para a comunicação

Casa nova, vida nova e muita comunicaçãoReunir as unidades do IBGE do Rio de Janeiro em só lugar é um projeto que pode começar a se concretizar a partir de 2013. Segundo Nuno Bittencourt, a proposta é construir o prédio em um terreno na zona portuária do município do Rio a ser cedido pela União. Outra forma de aproximar os ibgeanos será a aprovação de um plano de comunicação para a casa (ver box). “O que a gente espera é conseguir de� nir uma política de comunicação que realmente possa facilitar esse � uxo de informação de uma forma clara”, conclui a presidenta Wasmália Bivar.

19

As quatro agênciasmais extremas

do país Foto

s: M

arco

s Br

itto

Texto Agláia Tavares

Do Ailã (Roraima) ao Chuí (Rio Grande do Sul), do Rio Moa (Acre) à Ponta do

Seixas (Paraíba). De seus pontos extremos, um imenso Brasil aparece. E com ele,

desponta o IBGE e sua gente. São as agências mais ao sul, ao norte, ao

leste e ao oeste do país, que a Fala, IBGE quer mostrar. Nessa

e nas três edições seguintes, vamos conhecer as quatro

agências mais próximas dos rincões mais distantes que

fazem do Brasil o maior país da América do

Sul e o quinto maior do mundo

em extensão territorial.

Rio Moa, o ponto mais extremo do Brasil, no lado ocidental, assim como a agência Cruzeiro do Sul, no Acre.

20 • out/nov/dez 2012

Aqui tem IBGE

Entrada do Parque Nacional da Serra do Divisor.

Agência Cruzeiro do Sul.

Começamos pela agência Cruzeiro do Sul, no Acre, a mais próxima do Rio Moa. Localizada na rua Dezessete de Novembro, 167, bairro Morro da Glória, a agência tem cinco municípios - Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Rodrigues Alves, Mâncio Lima e Cruzeiro do Sul – totalizando 131.505 habitantes, sob a sua jurisdição.

Criada em 1949, a agência conta com seis servidores, sendo um efetivo e cinco temporários. José Eleutério Santiago Batalha é chefe de lá desde 2010.

Segundo ele, para realizar pesquisas em Mâncio Lima, onde está situada a nascente

do Rio Moa, o agente de pesquisa e mapeamento (APM), por exemplo, precisa se deslocar numa canoa com motor, auxiliado por um barqueiro ou morador que conheça a região. Além de portar mapas e PDA com GPS.

José Eleutério lembra como foi a coleta no Censo 2010: “a coleta foi feita com a tradicional dificuldade, pois o acesso é somente por barco tipo canoa conduzido por moradores da região”.

Mais a oesteO Rio Moa está situado a 07° 33’ 13” de latitude sul e 73° 59’ 32” de longitude oeste, ponto mais ocidental do Brasil, dentro do Parque

Nacional da Serra do Divisor, entre os afluentes do rio Juruá.

Considerado o local de maior biodiversidade da Amazônia, o parque é o quarto maior no Brasil, sendo habitado por índios que esperam a demarcação da futura reserva indígena Rio Moa.

O parque não é aberto à visitação. Apenas o Rio Moa, cujo acesso pode ser feito fora do parque, é usado por banhistas para nadar ou praticar esportes radicais na época das corredeiras.

Cruzeiro do Sul é a cidade mais próxima do parque, estando a 45 km de Mâncio Lima, ambos ligados pelo Rio Moa.

Agência Cruzeiro do Sul: o IBGE no extremo Norte

21

O IBGE estava se preparando para entrar em campo com o Censo 2000. O questionário ainda era de

papel e os servidores estavam voltados para a grande operação censitária. A democracia se consolidava no país, a escolaridade aumentava e a informação era cada vez mais importante, para que cada cidadão ampliasse sua visão do mundo. Na ocasião, o presidente do IBGE, Sergio Besserman, sabia de tudo isso e não hesitou em convidar um jornalista experiente para o cargo de Coordenador de Comunicação Social. O velho amigo de infância, Luiz Gazzaneo, com mais de 40 anos de jornalismo. Ele já tinha trabalhado com Samuel Wainer na revista “Domingo Ilustrado”, da Bloch, ocupado a che� a de reportagem e editoria do “Jornal do Brasil” e, também, passado pela editoria nacional do jornal “O Globo”. No “Jornal do Brasil”, havia comandado a equipe de repórteres que fez a cobertura da bomba do Riocentro, vencedora do Premio Esso de 1981, a mais importante distinção conferida aos pro� ssionais de imprensa no país.

Gazzaneo provocava discussões, empolgava os colegas e era apaixonado por novas ideias, sobretudo, com potencial explosivo. Ao lado de Besserman, ele traçou a primeira estratégia para ampliar a cobertura jornalística das pesquisas e produtos do IBGE: criar uma parceria com a mídia para levar as informações do instituto para a sociedade. Gazza, como era conhecido, estava convencido de que a questão para o IBGE era “como chegar à sociedade, como popularizar os indicadores do IBGE”. Com esse objetivo, na divulgação dos primeiros resultados

O toque deGazza

Texto Sílvia Maia

Foto

-ilus

traç

ão: Á

lvar

o Va

scon

cello

s e

Edua

rdo

Sidn

ey A

raúj

o

O toque deFo

to-il

ustr

ação

: Álv

aro

Vasc

once

llos

e Ed

uard

o Si

dney

Ara

újo

22 • out/nov/dez 2012

Homenagem

do Censo, em dezembro de 2000, ele detonou o embargo. A prática do embargo consiste em antecipar para os veículos de comunicação o material, com o compromisso de os jornalistas só o divulgarem em data e horário estabelecidos pela Instituição. Uma forma de facilitar para a mídia o entendimento da informação, dando aos jornalistas tempo útil para digerir as pesquisas do IBGE e, também, suporte técnico para compreender melhor as análises.

Foi uma avalanche de notícias que baixou sobre o IBGE e contribuiu para fortalecer a imagem da instituição, como fonte segura e con� ável para a sociedade. Outro bom exemplo ocorreu no lançamento da Síntese de Indicadores Sociais 2002, quando todos os grandes jornais do dia seguinte publicaram manchetes destacando a desigualdade no país. Gazza, entre um e outro cigarro, explicava: “o que nós queríamos com isso? Evidente que era política no sentido mais amplo. A gente teve uma visão política não partidária, não era uma coisa mesquinha. É uma visão política do papel do IBGE e das informações que o IBGE produz”.

A parceria com os jornalistas estava consolidada e o embargo foi notícia na bancada do Jornal Nacional, da TV Globo, na coluna da Miriam Leitão, em “O Globo”, no artigo do Marcelo Beraba, então ombudsman da “Folha de S.Paulo”, entre outros jornais. Na ocasião, Gazza, que tinha um pouco mais de 70 anos, torcedor fervoroso do Palmeiras, lembrava que “mais vale um passo com mil do que mil passos com um”.

Mas, nessa marcha, entre os pesquisadores ainda existia um “sentimento de auto-proteção”, segundo Gazza, e isso se re� etia na relação com a imprensa. Era preciso criar condições para estabelecer um diálogo e romper isso. Gazza trouxe à tona os debates e levou para o auditório do IBGE os jornalistas Elio Gaspari, colunista da “Folha de S.Paulo”, Alberto Dines, do “Observatório de Imprensa”,

Ali Kamel, então diretor-geral de jornalismo da TV Globo, entre outros. De Ali Kamel, por exemplo, os pesquisadores ouviram a seguinte declaração: “o IBGE é um modelo de instituição tanto pela qualidade como pela quantidade da sua produção”.

Todos esses acontecimentos levaram a uma re� exão e à tomada de consciência sobre a importância da divulgação para a mídia, que re� ete em melhorias para o IBGE. Gazza queria estar a par de tudo e se divertia com seus próprios gritos. Sempre que surgia uma oportunidade, pegava a boina e ia ao encontro dos servidores nas Unidades Estaduais. Seu objetivo era garantir a igualdade de acesso aos dados também nos estados, fortalecendo as divulgações regionais com a convicção de que era preciso “capilarizar” a informação. Um desa� o que ele deixou para o IBGE, depois de cumprir brilhantemente seu trabalho.

Embora se declarasse comunista e ateu, Gazza usava uma � ta do Senhor do Bon� m no pulso e trabalhava com muita fé. De forma afetuosa, revelava para os jornalistas: “se há uma coisa que o IBGE tem e é fundamental para o seu trabalho é a credibilidade, que ele conquistou graças à transparência com que trabalha, à dedicação e competência de seus técnicos, cujo comportamento só digni� ca o serviço público”. E acrescentava emocionado, “sou um velho jornalista que teve a fortuna de estar encerrando sua carreira na função que estou exercendo no IBGE”.

O jornalista Luiz Mario Gazzaneo trabalhou no IBGE como Coordenador de Comunicação Social, no período de 2000 a 2010. Ele faleceu no dia 12 de outubro de 2012, aos 84 anos, vítima de

um infarto, no Instituto Nacional de Cardiologia, no Rio de Janeiro.

função que estou exercendo no IBGE”.

O jornalista Luiz Mario Gazzaneo trabalhou no IBGE como Coordenador de Comunicação Social, no período de 2000 a 2010. Ele faleceu no dia 12 de outubro de 2012, aos 84 anos, vítima de

Paul

o W

eiss

enbe

rg

23

Reinventandoo futuro

Preservação, disseminação e con� dencialidade de dados. Com esse tema, que contempla um

conjunto de questões que estão na ordem do dia do trabalho dos institutos de estatística do mundo inteiro, foi realizado, de 5 a 9 de novembro, no Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI), o 1o Seminário de Metodologia do IBGE (SMI 2012) e a XI Reunião IASI sobre Estatística Pública.

Sonho antigo dos técnicos que trabalham na área de metodologia e qualidade e de todos os que estão envolvidos com esta temática no IBGE, seja na Diretoria de Pesquisas (DPE), na Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) ou em outras unidades da instituição, o 1o Seminário de Metodologia foi dividido em conferências, sessões temáticas, apresentações orais e sessões pôster, além de minicursos sobre assuntos ligados ao tema.

O evento reuniu técnicos, pesquisadores e pro� ssionais do IBGE e de outros órgãos e empresas públicas e privadas; produtores e usuários de informações estatísticas o� ciais; representantes do Governo, além de convidados e conferencistas de outros países.

A ideia dos organizadores é que este seminário seja o primeiro de uma série anual de encontros deste tipo, a exemplo do que já ocorre em outros países, como Inglaterra, Canadá e Estados Unidos.

1o Seminário debateu perspectivas e desafi os atuais da metodologia estatística

Na foto de cima, da esq. para a dir.; os organizadores do evento, Pedro Luis do Nascimento Silva, da ENCE; Sonia Albieri, coordenadora da Comeq; Denise Britz do Nascimento Brito, coordenadora-geral da ENCE e Maria Luiza Barcellos Zacharias, da Comeq. Na sessão de abertura do seminário (foto de baixo), a diretora da DPE, Márcia Quintslr, lembrou que a pesquisa para fi ns estatísticos pressupõe o acordo, ou contrato, de confi dencialidade entre o IBGE, ou instituto de pesquisa, e o informante.

Foto

s: Á

lvar

o Va

scon

cello

s

Texto Mario Grabois

24 • out/nov/dez 2012

Metodologia

Instrumento valiosoPara Sonia Albieri, coordenadora de Métodos e Qualidade do IBGE (Comeq/DPE), e integrante das comissões organizadora e cientí� ca do evento, a pesquisa e o desenvolvimento da metodologia no instituto avançaram muito nos últimos anos. “A unidade de metodologia do IBGE fez 35 anos e avaliamos que estávamos maduros para organizar o primeiro SMI desta série que pretendemos que seja anual”, ela explica. A coordenadora lembrou ainda o caminho percorrido até se chegar a esse momento e citou como exemplos de ações efetivadas, nos últimos anos, um seminário temático sobre crítica e imputação, um sobre pesquisas domiciliares, entre outras realizações.

Esse percurso da evolução metodológica no IBGE tem um papel fundamental num mundo em que, a cada dia que passa, mais descobre a importância da informação estatística para os mais diversos usos e � nalidades. A isso soma-se a inovação acelerada das tecnologias de informação e comunicação, que estão revolucionando os processos de censos e pesquisas, de preservação dos dados e as formas de disseminação e divulgação.

Pesquisadores e usuários demandam informações cada vez mais detalhadas, acesso a microdados e desejam que os institutos de estatística forneçam os dados de uma forma sempre mais facilitada. Maria Luiza Barcellos Zacharias, pesquisadora da Comeq e uma das organizadoras do seminário, esclarece que a demanda por informação sempre existiu, mas que agora há uma pressão maior para que se estimule o investimento em novas técnicas e infraestruturas, em acesso remoto e rede de computadores, de modo que as pessoas possam acessar mais facilmente as bases de dados.

Pedro Luis do Nascimento Silva, professor da ENCE e também integrante das comissões organizadora e cientí� ca do evento, entende que esse é um momento para um debate “consistente e amplo”, pois existe uma realidade que junta revolução tecnológica com as necessidades de governos e população. Pedro Luis diz que a sociedade quer se conhecer e para isso precisa da estatística o� cial. “Um seminário como esse é um instrumento valioso para a organização atuar nessa direção”, ele diz, ao esclarecer a escolha desta temática por parte do IBGE para o seu primeiro seminário de metodologia.

Troca de experiênciasO SMI 2012 procurou unir a experiência do IBGE com a de outras instituições nacionais e internacionais, parceiros dos setores público e privado, ministérios, estado e prefeitura, do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), além de pesquisadores e interessados das universidades. De acordo com Denise Britz do Nascimento Silva, coordenadora-geral da ENCE e também participante das comissões cientí� ca e organizadora do seminário, “tentamos fazer um mix entre mostrar o que foi produzido, colocar problemas interessantes de estatística e fomentar o interesse pela pesquisa e metodologia estatística na academia”. A presidenta do IBGE, Wasmália Bivar, também registrou a importância dessa troca de experiência e o grande interesse pelos temas tratados no seminário. “Eles são motivadores para todos nós que trabalhamos com informação”, a� rmou a presidenta do IBGE.

Para Miriam Barbuda Fernandes Chaves, representante do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, o seminário foi uma oportunidade de diálogo com um público  

1o Seminário de Metodologia em números

Participantes do IBGE: 116

Participantes de outras organizações: 137

Total de participantes: 253

Países participantes: 10

Palestrantes convidados estrangeiros: 5

Total de inscritos nos minicursos: 234

Conferências: 14

Sessões temáticas: 3

Minicursos: 6

Apresentações orais: 12

Apresentações em formato pôster: 9

25

mais amplo em relação às iniciativas que o Governo está desenvolvendo na implementação de uma política de dados abertos e na linha de transparência e de abertura de informações para a sociedade.

Entre as instituições que são grandes usuários das informações estatísticas está o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Carlos Henrique Corseuil, diretor-adjunto da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do IPEA, no Rio de Janeiro, destacou a tradição da instituição onde trabalha na utilização dos dados do IBGE e salientou o papel do encontro como espaço de conhecimento e troca de experiências. “A gente sempre teve uma relação muito estreita com o IBGE, esperamos continuar a ter e a nossa perspectiva é de passar nossa opinião para o IBGE como usuários intensos dos dados que ele produz”, disse Carlos Henrique.

Dilemas e tendênciasNovas técnicas, possibilidades, desa� os, o que há e o que virá. O seminário procurou mostrar um amplo painel do que está acontecendo no Brasil e no mundo nas múltiplas dimensões da metodologia estatística.

Mas o debate central - aquele que remete a um tema de grande atualidade numa sociedade que

se de� ne como da informação e do conhecimento – enfocou o dilema entre a crescente demanda por acesso às informações e aos dados que possam ser cada vez mais detalhados e desagregados e o desa� o de como se manter a con� dencialidade das informações e o sigilo dos informantes.

Márcia Quintslr, diretora de Pesquisas do IBGE, situou a discussão destacando que produtores e pesquisadores procuram informações mais especí� cas e, ao mesmo tempo, são pro� ssionais que possuem grande capacidade de processamento de análise, o que os torna ainda mais exigentes. Por outro lado, o conceito de estatística o� cial se amplia, não se limitando mais aos censos e às pesquisas. A diretora da DPE re� ete sobre a questão ao dizer que a conjugação desses fatores - demanda por mais informação, maior capacidade de processamento e análise e ampliação do conceito de estatística o� cial - “coloca como um tema de extrema relevância a sustentação da con� dencialidade da informação”.

A diretora-adjunta da DPE, Zélia Bianchini, lembra que essa discussão tem uma estreita ligação com a de� nição dos princípios das estatísticas. “Se tem a demanda, vamos atender. Mas ao mesmo tempo, quanto mais você detalhar, mais você tem que estar atento à questão de preservar a con� dencialidade”, ensina Zélia Bianchini.

Alan Smith, do UK Offi ce for National Statistics, um dos conferencistas internacionais, falou sobre metodologias para visualização de dados estatísticos. Entre outros convidados estavam Natalie Shlomo, University of Manchester; Robert McCaa, University of Minesotta e Henrique de Alba, do Instituto Nacional de Estadística y Geografía (INEGI), do México, um dos participantes da comissão científi ca do evento.

Sílvia Maia, da CCS, relatou a experiência do Censo 2010 como exemplo de um case e de uma metodologia para fundamentar o trabalho de divulgação. Já David Wu Tai, coordenador-geral do CDDI, destacou, em sua apresentação, o papel do portal do IBGE na Internet, no que chamou de “A revolução na Disseminação de Informações Estatísticas”.

Seção26 • out/nov/dez 2012

Metodologia

Foto

s: Á

lvar

o Va

scon

cello

s

Informação e harmonizaçãoampliam integração do Mercosul

O Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI) recebeu, entre os dias 21

e 23 de novembro, dois eventos que reuniram países do Mercosul. No dia 21 foi realizado o Seminário Mercosul e nos dias 22 e 23 o V Encontro da Reunião Especializada de Estatística do Mercosul (REES). O objetivo principal do seminário foi dar visibilidade a REES, através da disseminação dos diferentes trabalhos estatísticos que estão sendo realizados na região.

Na abertura do evento, João Henrique Bayão, assessor do Departamento do Mercosul do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, registrou a importância da existência de um sistema estatístico harmonizado no bloco do Mercosul. “Devemos ter claro que o Mercosul tem por objetivo justamente consolidar a integração política, econômica e social dos países que o integram. Para isso é preciso que nos conheçamos”, defendeu João Henrique Bayão.

De acordo com a presidenta do IBGE, Wasmália Bivar, a instituição atua com o mercado comum do Sul há mais de 15 anos na harmonização das estatísticas e, de 2010 para cá, nesta instância formal que é a Reunião Especializada. Wasmália explica ainda que o trabalho tem sido sempre muito enriquecedor nesse âmbito, não só para o nível da direção do IBGE, mas especialmente no nível técnico, já que ocorre uma signi� cativa

troca de experiências entre as nações que integram o bloco regional.

A diretora do Instituto Nacional de Estadística y Censos (INDEC), da Argentina, Ana Maria Edwin, avalia que a integração é fundamental para os países da região e essencial para governantes, usuários e a população em geral. A diretora diz que é preciso gerar estatísticas para o desenvolvimento de políticas de Estado que não somente concernem a um crescimento econômico, mas a melhoria das condições de vida da população.

Laura Nalbarte, diretora do Instituto Nacional de Estadística (INE), do Uruguai, esclarece que a REES é uma excelente “conquista”, que permite dar continuidade aos trabalhos já iniciados pelos institutos de estatística. Para Laura, essa iniciativa “tem uma importância para a região no sentido de poder dotar os distintos organismos do Mercosul de informações para a tomada de decisões”.

Um ponto a destacar na reunião foi a participação da Venezuela, país que recentemente ingressou de modo pleno no Mercosul. O diretor do Instituto Nacional de Estadística (INE), da Venezuela, Elias Eljuri, ressaltou a entrada do seu país ao Mercosul. “A integração completa com os países do Mercosul terá uma importância de primeira ordem na harmonização das estatísticas”, a� rmou Elias Eljuri.

Texto Marcelo Benedicto e Mario Grabois

Diretores e equipes técnicas dos institutos de estatística dos países do Mercosul.

A presidenta Wasmália Bivar abre o Seminário Mercosul.

Foto

s: Á

lvar

o Va

scon

cello

s

Texto Marcelo Benedicto e Mario Grabois

Texto Marcelo Benedicto e Mario Grabois

Foto

s: Á

lvar

o Va

scon

cello

s

27out/nov/dez 2012 •

Mercosul

Propaganda do Censo 1940 fi ncada no Obelisco da Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro.

Censo tem

históriaTexto Marco Santos

Ao longo deste ano, o IBGE tem divulgado os resultados completos do Censo Demográ� co 2010. E já tinha

começado a divulgar os primeiros resultados exatamente três meses depois que milhares de recenseadores foram às ruas, em 1o de agosto, em busca das informações sobre a população brasileira. Um recorde absoluto na história dos recenseamentos nacionais. Em menos de dois anos e meio todo censo foi publicado. O primeiro censo, em 1872, ainda no tempo do Império, levou quatro anos para ser divulgado. E investigava apenas 13 quesitos. O primeiro recenseamento geral do IBGE, realizado em 1940, concluiu sua apuração e divulgação nove anos após serem pesquisados 20 quesitos entre os indivíduos recenseados. É de se assombrar quando sabemos que o recente censo investigou 37 quesitos (na Amostra, 108).

A atividade censitária sempre foi onerosa. Normalmente, ao longo da História, se contavam pessoas para saber com quantos se poderia contar em caso de guerras, ou mesmo a quantos seria possível cobrar impostos. Há registros de contagens populacionais em documentos sumérios, chineses e egípcios, isso em milênios antes da Era Cristã. A Bíblia também é fonte para informações sobre atividades censitárias. No livro de Números, no Antigo Testamento, está escrito que Moisés mandou contar as tribos de Israel, para conhecer a sua capacidade de arregimentar tropas. E o fez por ordem direta de Jeová, conforme diz nos vers. 1 a 17 do Cap. 1, tendo por quesito único “o número dos nomes de todo o varão, cabeça por cabeça; da idade de 20 anos e para cima”. A História não registra quanto tempo levaram nesta operação, sendo, porém, certo que os recenseadores daquele tempo não contavam com o PDA, o computador de mão largamente usado em 2010.

Ace

rvo

da M

emór

ia In

stitu

cion

al d

o IB

GE.

28 • out/nov/dez 2012

Nossa história

Cré

dito

: Ate

lier

Yoyi

ta

E os censos bíblicos não pararam por aí. Outros foram realizados. Mas, sem dúvida, o censo mais famoso da história da humanidade foi o realizado por ocasião do nascimento de Cristo em 6 a.C. (sim, Cristo nasceu em 6 antes de Cristo, mas isso é uma outra história). Era praxe, de tempos em tempos, Roma fazer recenseamento em seu vasto império para conhecer o número de braços que poderiam pegar em armas e de mãos que poderiam se en� ar nas bolsas para pagar os tributos a César. Sabe-se, contudo, que os romanos � zeram recenseamentos anteriores a este, mais famoso. Por ordem de Roma, também se fazia o diptytcha mortuorum (registros de óbitos) e a inscrição de nascimentos.

Também não há registros do tempo de apuração daquela célebre contagem. Sabe-se, todavia, que a forma de divulgação da realização do censo era por meio de soldados lendo o edital de Roma para o povo. Nem se tem notícia de que os números apurados fossem anunciados a todos.

Muitas centenas de anos depois, a imprensa passou a ser o grande veículo para anunciar a realização da operação censitária e, posteriormente, os seus principais resultados. No primeiro censo do IBGE, em 1940, a população devia ser alertada sobre a visita dos recenseadores. Naquele tempo, não era tarefa fácil convencer um cidadão de poucas luzes intelectuais a abrir a porta de sua residência para um estranho investigar sua vida. Por conta disso, toda forma de divulgação seria bem-vinda. Nos bondes, apareceram cartazes com a famosa foto da folhinha � ncada no obelisco da Avenida Rio Branco. O rádio foi um instrumento valioso. O famigerado DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda, che� ado por Lourival Fontes, fazia os informes do censo chegarem a 75 emissoras espalhadas pelo Brasil. Todos os jornais divulgavam amplamente a data-base e que o povo deveria abrir as portas para o IBGE. Só em 1940, mais de 55 mil artigos ou matérias citando o recenseamento saíram nas folhas. Os cinemas projetavam slides com chamamento para o censo e pequenos � lmes curtos esclarecendo a população sobre a operação. Folhetos de apoio foram lançados de aviões, Carmen Miranda gravou o samba “Recenseamento”. O próprio presidente Getúlio Vargas foi convocado para falar ao povo, pela Agência Nacional, fazendo apelo para colaborarem com o censo.

O resultado de todo esse esforço foi um censo bem feito, que até hoje é citado como referência de uma operação bem realizada. Quanto à divulgação dos resultados, o último volume saiu em março de 1949. Bem antes disso, já era conhecida a população brasileira: 41,2 milhões de habitantes.

O IBGE começava ali a sua trajetória como o órgão que redescobre o país a cada censo, que realiza um trabalho do tamanho do Brasil. O censo faz História e nós ajudamos a contá-la.

Personagens de presépio: soldado romano lendo o edital do censo ao tempo de Jesus.

Cartaz do Censo de 1940.

Cartaz do Censo de 1940.

Car

taze

s: A

ry F

agun

des

(Ace

rvo

da M

emór

ia In

stitu

cion

al d

o IB

GE)

.

29

Algumas Agências Municipais de Estatística dos anos de 1950 serviam de modelo para a implantação de outras agências. Numa réplica, montada no CDDI, podemos conhecer o mobiliário, equipamentos e objetos que eram utilizados nesses locais, como a máquina de calcular e o manual do agente municipal de estatística.

Nosso museu

Texto Marcelo Benedicto | Foto Licia Rubinstein

30 Fotolegenda • out/nov/dez 2012

Ministério doPlanejamento, Orçamento

e Gestão

www.twitter.com/ibgecomunica www.facebook.com/ibgeoficial