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A o QUE VOCE SABE SOBRE •••• ESCORPIOES? o escorplao sempre fasc/nou 0 homem. Alvo da venerat;ao dos povos ant/gos, era Identlflcado com deuses da mltologla, ora s/mboll- zando 0 mal ea morte, ora a astlic/a ou Intellg'nc/a. Com e/e fol re/ac/onada uma das conste/at;oes do Unlverso e dedlcado 0 oltavo slgno do Zodlaco. Como tema de Insplrat;ao, 0 escorplao tem sldo representado em esculturas de ouro, crlstal e madeira, em tapet;a- rlas e plnturas, em co/ares e pulselras. Qual a expllcat;ao desse fasc/nlo? Sem dlivlda, 0 medo que esse animal desperta. Um medo que vem sendo repassado, atraves das gerat;oes, nas lendas e crendlces. Nesse particular, 0 escorplao s6 rlvallza com a aranha, os do/s estando entre' os poucos Invertebra- dos que sao temldos pe/o homem. Sera que esse temor e justlflcado? o escorplao merece, de fato, a reputat;ao que Ihe e atrlbulda? Para responder a estas questoes, nada melhor do que conhecer um pouco os habltos e comportamento desse animal.

o QUE VOCE A SABESOBRE ESCORPIOES? - CiênciaMão · mais ferrenho do escorpiao e 0 homem, que tem combatido implacavelmente esses animais, matan-do-os com agrot6xicos, fogo, a pauladas,

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Ao QUE VOCE SABE SOBRE••••ESCORPIOES?

o escorplao sempre fasc/nou 0 homem. Alvo da venerat;ao dospovos ant/gos, era Identlflcado com deuses da mltologla, ora s/mboll-zando 0 mal e a morte, ora a astlic/a ou Intellg'nc/a. Com e/e folre/ac/onada uma das conste/at;oes do Unlverso e dedlcado 0 oltavoslgno do Zodlaco. Como tema de Insplrat;ao, 0 escorplao tem sldorepresentado em esculturas de ouro, crlstal e madeira, em tapet;a-rlas e plnturas, em co/ares e pulselras.

Qual a expllcat;ao desse fasc/nlo? Sem dlivlda, 0medo que esseanimal desperta. Um medo que vem sendo repassado, atraves dasgerat;oes, nas lendas e crendlces. Nesse particular, 0 escorplao s6rlvallza com a aranha, os do/s estando entre' os poucos Invertebra-dos que sao temldos pe/o homem. Sera que esse temor e justlflcado?o escorplao merece, de fato, a reputat;ao que Ihe e atrlbulda? Pararesponder a estas questoes, nada melhor do que conhecer um poucoos habltos e comportamento desse animal.

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Em certas regi6es do Brasil, os escorpi6es sac cham ados lacraus. Essapalavra, que veio de Portugal, costuma causar confusao com 0 termo lacraia,que sac as centopeias, muito diferentes e menos perigosas que os escor-pi6es. as escorpi6es sac tambem confundidos com as tesourinhas oulacrainhas. cujo corpo termina por uma pinc;:a com a qual agarram suaspresas, e que sac inofensivas ao homem.

Uma ideia muito difundida e que os escorpi6es sao insetos. Mas eles sacaracnideos, que se distinguem dos insetos basicamente por apresentaremquatro pares de pernas e 0 corpo dividido em duas regi6es. enquanto osinsetos possuem tras pares de pernas e tras regi6es corp6reas.

as escorpi6es sac os mais antigos aracnideos. as primeiros f6sseisdatam do periodo Siluriano, ha 350 milh6es de anos e correspondem aespecies provavelmente marinhas. Atualmente os escorpi6es compreendemoito familias que incluem cerca de 115 ganeros e 1200 especies, todasterrestres. Das oito famflias existentes, quatro estao representadas no Brasil,mas e diffcil dizer, com exatidao, quantas especies e sUbespecies ocorremno Brasil e estima-se que este numero deva ser de aproximadamente umacentena.

a corpo do escorpiao e formado pelo tronco epela cauda. Na extremidade da cauda esta 0 telsononde se localizam as duas glandulas de venenoque desembocam no ferrao.

a primeiro segmento do tronco e uma carapa-c;:anao dividida, com um par de olhos pr6ximos aocentro. Junto a borda anterior dessa carapac;:a po-de haver tambem de zero a cinco olhos laterais. Dacarapac;:a sai um par de queilceras em forma depinc;:a, um par de palpos cujo ultimo segmentocorresponde a mao (com dois dedos que formam

uma pinc;:a) quatro pares de pernas, cada pernaterminando com uma garra.

Quando se olha 0 ventre do escorpiao, obser-vam-se duas plaquinhas arredondadas que cobrema abertura genital e, atras delas, ha um par depentes que sac 6rgaos sensoriais caracteristicosdos escorpi6es.

Nos quatro segmentos que seguem a carapac;:a,notam-se, lateralmente, os orfficios que correspon-dem a porta de entrada do aparelho respirat6rio. aoriffcio anal esta localizado entre 0 quinto segmen-to da cauda e 0 telson.

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1.0 em

Algumas especies de escorpioes vivem nas zo-nas tropical e subtropical do mundo. Outras, emlugares frios como a Patagonia. Ha tambem os dezonas secas e aridas, como os desertos ou 0 nor-deste do Brasil, e os que tem seu "habitat" emflorestas umidas, como as da Amazonia. Ha escor-pioes que vivem ao nivel do mar, outros a 4.700mde altitude, nos Andes Peruanos.

Os escorpioes abrigam-se em fendas do solo edos troncos apodrecidos de arvores caidas, sobcascas soltas das arvores e, muito comumente, emcupinzeiros abandonados, que constituem um am-biente estavel e rico em alimento.

Ha especies que cavam refugios de onde saemsomente a noite para ca9ar ou acasalar - e 0 casode uma especie do deserto de Mojave (EstadosUnidos), que se enterra na areia para proteger-sedas condi90es adversas do ambiente, onde a tem-peratura pode chegar a 700Ce a umidade relativafica pr6xima a zero. Certos escorpioes sac arbori-colas, vivendo mais ou menos a do is metros dosolo, na inser9aO das folhas de palmeiras e coquei-ros ou no interior de bromelias suspensas em arvo-

res de mais de 30 metros de altura, como acontececom 0 Tityus cambridgei da Floresta Amazonica. 0Tityus neg/ectus vive em bromelias das dunas deareia que ficam pr6ximas a Natal, no Rio Grande doNorte. Outras especies tem side coletadas em gru-tas e cavernas, onde penetram ocasionalmente. Hatambem as que sac exclusivas desse ambiente,como 0 Tiph/ochactas das grutas do Mexico, que ecompletamente cego e de colorido muito palido.

Os escorpioes sac animais noturnos, que du-rante 0 dia permanecem no seu refugio. Emboravivam isolados, cada um delimitando seu territ6rio,e comum haver um certo gregarismo, ou· seja, nu-ma determinada area diversos escorpioes podemser encontrados. Quando existem condi90es favo-raveis, as popula90es de certas especies, como 0Tityus serru/atus, podem atingir elevados indicesde densidade, ocasionando verdadeiros surtos, co-mo ja aconteceu em Ribeirao Preto (SP) e, recente-mente em Ipatinga (MG), onde foram coletados25.000 Tityus serru/atus em uma semana, duranteuma campanha antiescorpionica realizada pelaPrefeitura local.

as escorpi6es sao carnivoros, alimentando-sede animais que eles ca9am a noite. Localizam apresa orientando-se, principal mente, por vibrac;:6esdo ar e do solo, que eles percebem at raves de pelose 6rgaos sensoriais. Aproximam-se da vitima com a

cauda levantada e os palpos esticados para a frentee, com as pinc;:as,agarram a presa com firmeza. Sea presa se debater, eles picam com 0 ferrao, inocu-lando 0 veneno, que tem efeito paralisante. Noentanto, nem sempre utilizam 0 veneno em suas

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cac;;adas, tanto que escorpioes sem ferrao podemcontinuar vivos alimentando-se de presas peque-nas, que eles capturam com a ajuda das pinc;;as.Dominada a presa, os escorpioes comec;;am a dila-cerar 0 corpo do animal com a quelfceras, a trituraros pedac;;os arrancados com os dentes e a sugar 0conteudo liqL'efeito por enzimas. As partes s61idasnao sao ingelidas.

as escorl'ioes se alimentam basicamente debaratas, grilo~. e aranhas de pequeno e medio por-te. Em laborat6rio aceitam baratas domesticas, lar-vas e aranhas e os filhotes podem ser alimentadoscom mosca de fruta, principal mente as que, nas-cendo sem asas, nao conseguem voar. as escor-pioes costumam recusar sistematicamente tatuzi-

nhos, opilioes e piolhos de cobra, provavelmenteporque estes animais secretam substancias repul-sivas de defesa.

Quando nao ha alimento disponivel, os escor-pioes, para compensar, abaixam 0 seu metabolis-mo e assim conseguem sobreviver semanas e atediversos meses em jejum absoluto. A agua, entre-tanto, e indispensavel a sua vida. No bioterio daSec;;ao de Artr6podos Pec;;onhentos do Instituto Bu-tantan, onde mais ou menos 300 escorpioes sacmantidos juntos em terrarios, e fornecido alimentoa cada tres semanas. Intervalos maiores podemprovocar canibalismo, ou seja, os escorpioes aca-bam comendo uns aos outros e os filhotes sacdevorados pelos adultos.

as principais inimigos dos escorpioes sao asaves, principal mente corujas, gavioes, seriemas,alguns passaros e tambem as galinhas. Sapos, sa-guis, lagartos, pequenas serpentes e, entre os in-vertebrados, as grandes caranguejeiras e lacraiascostumam predar escorpioes. Casos esporadicos elutas entre escorpioes e insetos tem sido relatadosna literatura. Por exemplo, ha 0 relato de umaabelha capturando um escorpiao e da predac;;ao de

escorpioes por louva-a-deus. Entretanto, 0 inimigomais ferrenho do escorpiao e 0 homem, que temcombatido implacavelmente esses animais, matan-do-os com agrot6xicos, fogo, a pauladas, pisotean-do-os, etc ..

Certas tribos indigenas do Rio Negro alimen-tam-se de escorpioes assados, outras preparamcom eles poc;;oes que, segundo acreditam, tem pro-priedades afrodisfacas e terapeuticas.

A inseminac;;ao da femea e precedida pela dan-c;;anupcial. Ao encontrar uma femea, 0 macho delase aproxima cautelosamente e tenta toca-Ia. Se elefor receptiva, os dois se dao as maos. as dedos dafemea ficam encaixados num vao existente entreos dedos do macho. Assim unidos, iniciam movi-mentos para tras, para diante e em cfrculo, 0 quefoi chamado de "promenade a deux" (passeio adois) e e uma danc;;a nupcial. Em determinado mo-mento, 0 macho ergue a cauda e, com um movi-mento de contrac;;ao do corpo, elimina, atraves dooriffcio genital, uma estrutra tubular, rigida, oca,que contem uma massa de esperma. Essa estrutu-ra, chamada espermat6foro, se fixa no substrato ea femea, conduzida pelo macho, posiciona-se 50-bre ele. Entao, a pressao exercida pelo corpo dafemea sobre 0 espermat6foro aciona a ejec;;ao doesperma para dentro do seu oriffcio genital. E umsistema comparavel a uma catapulta.

as escorpioes sac vivfparos, ou seja, ovos de-senvolvem-se no interior do corpo da mae e osfilhotes nascem at raves de parto. Em Tityus bahien-sis 0 parte se da ap6s cerca de tres meses degestac;;ao. Nesta especie, os filhotes comec;;am a

aparecer em setembro, podendo chegar a vinte porninhada. No momenta do parto, a mae suspende acauda, distende os palpos e eleva 0 corpo do chao,apoiando-se nas pernas arqueadas. A medida queos filhotes vao saindo pelo oriffcio genital, a mae osrecolhe com os dois pares anteriores de pernas e,lentamente, eles caminham em direc;;ao ao seu dor-so. Nessa fase, em vez de unhas, os filhotes tem, naparte final das pernas, almofadinhas que funcio-nam como ventosas adesivas e, com elas, eles seprendem a mae.

as filhotes de Tityus trocam de pele, pel a pri-meira vez, cerca de duas semanas ap6s 0 nasci-mento e 56 entao abandonam a mae. Ficam adultosem geral depois de cinco mudas, com aproximada-mente um ana de idade e vivem, em media, de tresa quatro anos.

A distinc;;ao entre macho e femea nem sempre efacil e varia muito conforme a especie. Em Tityuscambridgei 0 macho tem maos muito finas e acauda bem mais longa que a femea; em Tityusbahiensis, ao contrario, 0 macho e reconhecidopor ter as maos muito volumosas e um vao arre-<;londado entre os dedos.

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E crenc;a muito difundida que os escorpioes,quando colocados em um cfrculo de fogo, matam-se, inoculando 0 proprio veneno para nao morrerem agonia prolongada. a que ocorre, de fato, a queo animal, muito irritado com 0 calor, ergue a caudabem acima do corpo, 0 ferrao chegando a altura dacabec;a e, com a cauda faz movimentos em variasdirec;oes, procurando ferroar 0 inimigo que ele nao

consegue identificar. Isso da a impressao de queesta tentando envenenar-se. Na verdade, acabamorrendo, nao por suicfdio, mas pelo dessecamen-to do corpo provocado pelo calor. ExperiEmciasdemostraram que os escorpioes sac muito resis-tentes ao veneno da propria espacie, corroborandoa falsidade dessa crenc;a.

No Hospital Vital Brasil, do Instituto Butanta,sac atendidos anualmente cerca de 300 casos deacidentes por escorpiao, ocorridos na sua quasetotalidade em Sao Paulo e municfpios situadosnum raio aproximado de 50 km da Capital. Istomostra que 0 escorpionismo nao a restrito a zonarural, como muitos acreditam, sendo importanteque a populac;ao das regioes urbanas seja tambamconcientizada sobre os problemas que os escor-pioes podem representar.

No interior do ultimo segmento da cauda detodos os escorpioes ha duas glfmdulas de veneno.a veneno a eliminado para 0 exterior atravas dedois oriffcios, situados lateral mente perto da pontado ferrao, que portanto a semelhante a uma agulhade injec;ao. Qualquer espacie de escorpiao podeinocular veneno pelo ferrao; poucas, entretanto,oferecem risco de vida para 0 homem.

as principais fatores que determinam a pericu-losidade de uma espacie sac:

1) A toxicidade do veneno em relac;ao ao ho-memo a veneno de certas espacies a muito toxicopara 0 homem, enquanto 0 de outras a praticamen-te inofensivo.

2) A abrangencia da area de distribuic;ao geo-Igratica. Uma espacie amplamente distribuida e emregioes densamente povoadas tem mais probabili-dade de ocasionar acidentes.

3) as habitos da espacie. Algumas espaciesdomiciliam-se com facilidade e, se encontraremcondic;oes favoraveis. podem proliferar muito, au-mentando significativamente 0 indice de picados.

Alam desses fatores, a gravidade dos acidentesprovocados por espacies reconhecidamente peri-gosas, como a 0 caso do Tityus serrulatus e Tityusbahiensis depende da quantidade de veneno que ainoculado no momenta da picada, da regiao dapicada (em regioes de pele fina e muito vasculari-2.ada0 risco a maior), e da sensibilidade da pessoaao veneno.

Um fator que influencia 0 numero de aciden-tes a a apoca do ano. Em geral, os acidentes sacmais frequentes nos perfodos em que aumentam 0indice de pluviosidade e 0 calor. Existe uma corre-lac;ao estreita entre temperatura e atividade do ani-

mal - temperaturas altas correspondem a umaatividade mais intensa dos escorpioes, aliada a umaumento de metabolismo e a necessidade de maiorconsumo de alimento, que eles vaG encontrar comfartura justamente perto das casas. No calor, osrest os de comida, nem sempre devidamente acon-dicionados, deterioram-se com rapidez e atraemmoscas, baratas e insetos de modo geral, queconstituem 0 prato predileto dos escorpioes.

Em Sao Paulo e municfpios vizinhos, a espacieperigosa mais frequente a 0 Tityus bahiensis. Cercade 60% das pessoas acidentadas por escorpioes,atendidas no Instituto Butantan, sac picadas poressa espacie, que a encontrada tanto nos bairrosde alto poder aquisitivo, como tambam em regioesda periferia. Ela aparecem em loteamentos emconstruc;ao, em terrenos baldios e quintais malcuidados, com vegetac;ao alta, lixo domastico eentulho acumulado (pedac;os de maderia, pedras,tel has, tijolos, blocos de cimento vazados, etc).Penetram nas moradias levados passivamente(dentro de caixotes, no meio de roupas) ou quandosaem para cac;ar, ao anoitecer. Costumam abrigar-se em poroes, sotaos, garagens, atras de moveis,cortinas e rodapas despregados, em frestas deparedes e muros de pedras, embaixo de panos dechao, em ralos de pia e esgoto, em lenha parafogao ou lareira, Esta espacie ocorre desde MinasGerais ata 0 Rio Grande do Sui, em Goias e MatoGrosso, penetrando no Paraguai e norte da Argen-tina.

Somente quinze a vinte acidentes causadospor Tityus serrulatus sac tratados anualmente noinstituto Butantan. Esta espacie tem ampla distri-buic;ao geogratica, ocorrendo desde 0 norte daBahia ate 0 Parana. Ela e a especie de escorpiaodo Brasil. que causa os acidentes mais graves.

De acordo com os dados do Hospital VitalBrasil, 0 perigo de morte por picada de escorpiao apequeno no caso de adultos, mas aumenta signifi':cativamente no caso de crianc;as menores de seteanos. a veneno do escorpiao tem ac;ao toxica so-bre 0 sistema nervoso. a principal sintoma doenvenenamento e uma dor intensa e persistente,que se irradia alem do local da picada. a tratamen-to em 90% dos casos e apenas de combate a dor e

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consiste em infiltrac;;ao de anestesico perto do pon-to da picada; a aplicaC;;ao pode ser repetida se,depois de uma hora, a dor ainda persiste. Quando,alem da dor, outros sintomas importantes apare-cem ou quando a vftima e crianc;;a menor de 7anos, costuma-se aplicar, por cautela, 2, 3, 5 oumesmo 10 ampolas de soro antiescorpionico ouantiaracnidico. A aplicaC;;ao do soro requer cuida-dos especiais e deve ser feita somente por pessoas'habilitadas. Nao sac recomendaveis diversas prati-cas habitualmente usadas como, por exemplo,amassar 0 escorpiao que picou e aplicar a pasta no

local da picada ou af colocar fumo, amoniaco, etc.Simpatias tambem nao resolvem quando 0 caso egrave. Se 0 acidentado m.orar em Sao Paulo, 0procedimento mais correto e procurar 0 Hospitaldo Instituto Butantan, que permanece sempreaberto. Aqueles que moram em locais distantesdevem procurar 0 Centro de Saude mais proximoou os Centros de InformaC;;aoToxicologica, instala-dos em hospitais de diversos estados do Brasil. EmSao Paulo, existem seis desses Centros, funcionan-do em Ribeirao Preto, Botucatu, Sorocaba, Campi-nas, Taubate e na Capital.

Tityus serrulatus (escorpiao amarelo) - Saoescorpioes de colorido geral amarelo claro, 0 tron-co, os dedos e metade posterior da face ventral dacauda sac escuros. Pernas e palpos sem manchasescuras. Quarto segmento da cauda com um acinco dentes em forma de espinho no lade dorsal,formando uma serrilha (dai 0 nome serrulatus).Adultos com cerca de 7cm de corpo.

Tityus bahiensis (escorpiao marrom) - Colori-do geral marrom avermelhado escuro. Palpos epernas com manchas escuras contrastantes. Semserrilha no quarto segmento da cauda. Adulto comaproximadamente 7cm de corpo. Mao do machovolumosa, com um VaGna base dos dedos.

Os soros antiescorpionico e antiaracnidico doInstituto Butanta sac fabricados a partir do veneno

dessas duas especies. A populaC;;aopode colaborarcom 0 Instituto, enviando escorpioes vivos, cujoveneno sera mensalmente extraido por choque ele-trico. Os escorpioes nao sac agressivos. Para cap-turar um escorpiao, basta prender a cauda comuma pinc;;alonga (30 cm) e coloca-Io em um frasco.Pode-se, tambem, colocar um frasco de boca largaaberto e invertido sobre 0 escorpiao e, em seguin-da, com calma. passar a tampa por baixo, virando-se, por fim, 0 frasco com a boca para cima. Paramanter 0 animal vivo, e bom colocar, no vidro umchumac;;o de algodao embebido em agua. Os escor-pioes capturados podem ser entregues na Sec;;aode Artopodos Pec;;onhentos do Instituto Butanta.Podem tambem ser enviados dentro de caixas demadeira, por via ferrea ou aerea.

Para evitar acidentes por escorpioes, sac acon-selhadas as seguintes providencias:

- manter limpos quintais e jardins. evitandoacumulo de entulho e lixo domestico;

- limpar terrenos baldios situados nas redonde-zas das moradias, deixando a vegetac;;ao bem apa-rada, recolhendo as folhas cafdas e retirando pe-dras e objetos descartados que possam servir deabrigo para os escorpioes;

- rebocar paredes e muros, de modo que naoapresentem vaos e frestas; vedar a soleira das portas com saquinhos de areia, colocar tela nas janelas;

- vedar ralos de pias, de tanques e de chao comtela ou valvulas apropriadas, desinfetando periodi-camente 0 ralo com creolina;

- colocar 0 lixo em sacos de plastico, quedevem ser mantidos fechados para evitar 0 apareci-mento de baratas, moscas e outros insetos dosquais os escorpioes se alimentam;

- examinar roupas e calc;;ados antes de usar,principal mente de manha, ao levantar, inspecionar

as toalhas de banho e rosto, assim como as roupasde cama, usar luvas de raspa de couro quando fortrabalhar com materiais de construc;;ao, andar sem-pre calc;;ado, etc ...

Nao e recomendavel 0 usa periodico de inseti-cidas para matar escorpioes, po is eles podem oca-sionar intoxicac;;oes em pessoas e animais. So nosfocos de infesta9ao a dedetizac;;ao pode ser utiliza-da como medida de emergencia. 0 ideal e fazerinicialmente uma faxina no local. Usando botas eluvas de cano longo, deve-se revirar cuidadosa-mente e examinar com atenc;;aotodo 0 material quepossa servir como alojamento para os escorpioes.Os que forem encontrados devem ser colocadosem uma lata ou recipiente de plastico. Todo 0material vistoriado precisa ser removido do localde imediato. So entao e feita a pulverizac;;ao deinseticida na area, em especial nos lugares ondeforam encontrados escorpioes e nas principais viasde acesso ao interior das moradias (batentes dejanelas, soleiras de portas, etc).

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