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i Campus de Presidente Prudente CLÁUDIA MARQUES ROMA O RURAL, O URBANO E O AGRÍCOLA NO MOVIMENTO ESPIRAL DO ESPAÇO: UM HÍBRIDO Presidente Prudente 2012

O RURAL, O URBANO E O AGRÍCOLA NO MOVIMENTO … · iii FICHA CATALOGRÁFICA Roma, Cláudia Marques R661r O rural, o urbano e o agrícola no movimento espiral do espaço : um híbrido

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i

Campus de Presidente Prudente

CLÁUDIA MARQUES ROMA

O RURAL, O URBANO E O AGRÍCOLA NO

MOVIMENTO ESPIRAL DO ESPAÇO:

UM HÍBRIDO

Presidente Prudente 2012

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Campus de Presidente Prudente

CLÁUDIA MARQUES ROMA

O RURAL, O URBANO E O AGRÍCOLA NO

MOVIMENTO ESPIRAL DO ESPAÇO:

UM HÍBRIDO

Orientador: Prof. Dr. Raul Borges Guimarães

Tese de Doutorado elaborada

junto ao Programa de Pós-

graduação em Geografia, Área de

concentração Produção do Espaço

Geográfico, para obtenção do

Título de Doutor em Geografia.

Presidente Prudente 2012

Faculdade de Ciências e Tecnologia - Seção de Pós-Graduação

Rua Roberto Simonsen, 305 CEP 19060-900 Presidente Prudente SP Tel 18 3229-5352 fax 18 3223-4519 [email protected]

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FICHA CATALOGRÁFICA

Roma, Cláudia Marques

R661r O rural, o urbano e o agrícola no movimento espiral do espaço : um

híbrido / Cláudia Marques Roma. - Presidente Prudente : [s.n], 2012

296 f. : il.

Orientador: Raul Borges Guimarães Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de

Ciências e Tecnologia

Inclui bibliografia

1. Cidades locais híbridas. 2. Circuito de pobreza urbana. 3. Segregação

socioespacial interurbana. 4. Cidade da exclusão social. 5. Atividade

agroindustrial canavieira. 6. Nova Alta Paulista I. Guimarães, Raul Borges. II.

Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências e Tecnologia. III. O

rural, o urbano e o agrícola no movimento espiral do espaço : um híbrido.

q

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO....................................................................... 10

RESUMO................................................................................... 13

ABSTRACT................................................................................ 14

INTRODUÇÃO........................................................................... 15

CAPÍTULO 1. TRANFORMAÇÕES DOS CONTEÚDOS DAS CIDADES LOCAIS .....................................................................

25

1.1. Produção do espaço e rede de cidades............................... 27

1.2. Discutindo a conceituação das cidades .............................. 33

CAPÍTULO 2. RELAÇÕES ENTRE AGENTES SOCIAIS/SUJEITOS

E VISIBILIDADE DOS PROCESSOS ...........................................

57

2.1. Pobreza enquanto problema social..................................... 58

2.1.1. Pobreza e circuito inferior da economia urbana nas cidades locais híbridas......................................................

61

2.2 A pobreza política das cidades locais híbridas....................... 71

CAPÍTULO 3. CIDADES LOCAIS HÍBRIDAS E A SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL INTERURBANA...............................................

81

3.1. Apontamentos sobre os meios de consumo coletivo e a segregação socioespacial .......................................................

83

3.2. Segregação socioespacial interurbana................................ 90

3.2.1. Dependência das relações interurbanas para suprir suas necessidades de acesso aos meios de consumo coletivo e individuais ..................................................................

95 3.2.1.1 Prevalência do circuito inferior da economia

urbana....................................................................

.

95

3.2.1.2. Índices de deslocamentos para acesso aos meios de consumo coletivo e individuais.......................

106

3.2.2. Elementos que levam ao questionamento da existência ou não do caráter urbano da cidade....................

127

3.2.2.1. indicadores de condições de vida..................... 134

CAPÍTULO 4. OS IMPACTOS DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA NAS CIDADES LOCAIS HÍBRIDAS .......................

156

4.1. A estrutura fundiária e a utilização das terras..................... 157

4.2. Alguns apontamentos sobre a desapropriação dos camponeses e as formas regressivas de trabalho.......................

170

4.3. O agronegócio globalizado e as cidades híbridas................. 173 4.4. As cidades locais híbridas e os “estabelecidos” e

“outsiders”...........................................................................

184

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. CAPÍTULO 5. AS RELAÇÕES QUE ENVOLVEM A TRÍADE

RURAL/URBANO/AGRÍCOLA....................................................

200

5.1. A tríade: suas relações, contradições e movimento.............

201

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................ 216

APÊNDICE 1: NOVA ALTA PAULISTA: RECORTE EMPÍRICO................................................................................

.

223

1. Região: um recorte administrativo ou uma construção política

– cultural..............................................................................

224 2. Para se compreender os processos socioespaciais................... 230

3. Dinâmica populacional........................................................ 233 4. Vias de acesso................................................................... 238 5 Unidades Prisionais............................................................. 242

APÊNDICE 2: DESCRIÇÃO METODOLÓGICA............................

251

1. Coleta dos dados............................................................... 252 2. Levantamento dos dados para mapeamento.......................... 254

3. Definição das classes.......................................................... 258 4. Elaboração dos mapas........................................................ 261

5. Escolha das cidades a serem analisadas................................ 264 6. Seleção da amostra........................................................... 266

BIBLIOGRAFIA..........................................................................

268

ANEXOS (disponível em CD Rom) ............................................... 298

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Arco-Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis,

Pracinha e São João do Pau D'Alho 2010 – Meios de consumo coletivo e bens de consumo privado....................................................................

42

Quadro 2 Características dos dois circuitos da economia urbana.... 106 Quadro 3 Flora Rica 2010 – O entrevistado e a cidade.................. 122

Quadro 4 Mariápolis 2010 – O entrevistado e a cidade.................. 123 Quadro 5 Pracinha 2010 – O entrevistado e a cidade.................... 123 Quadro 6 Flora Rica 2010 – Concepção de cidade dos

entrevistados............................................................

129 Quadro 7 Mariápolis 2010 – Concepção de cidade dos

entrevistados............................................................

129 Quadro 8 Pracinha 2010 – Concepção de cidade dos

entrevistados............................................................

130

Quadro 9 Arco-Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Monte Castelo, Paulicéia, Pracinha, Queiroz e São João do Pau

D'Alho 2010 – A cidade e o agronegócio: agricultura camponesa...............................................................

169

Quadro 10 Arco-Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Monte

Castelo, Paulicéia, Pracinha, Queiroz e São João do Pau D'Alho 2010 – A cidade e o agronegócio: emprego e

renda.......................................................................

211 Quadro 11 Cidades, rede urbana 2008......................................... 265 Quadro 12 Amostra de questionários 2010................................... 267

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Mariápolis 2010 – A cidade e os meios de consumo

coletivo e individual: principais locais de consumo.........

43

Tabela 2 Arco-Íris 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e individual principais locais de consumo..........

44

Tabela 3 Mariápolis 2010 – O entrevistado e as relações com

Presidente Prudente, Marília e São Paulo......................

46 Tabela 4 Arco-Íris2010 – O entrevistado e as relações com

Presidente Prudente, Marília e São Paulo......................

47 Tabela 5 Flora Rica 2010 – A cidade e os meios de consumo

coletivo e individual: principais locais de consumo.........

107

Tabela 6 Mariápolis 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e individual: principais locais de consumo.........

109

Tabela 7 Pracinha 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e individual: principais locais de consumo.........

110

Tabela 8 Flora Rica 2010 – Relação interurbana com Dracena...... 120

Tabela 9 Mariápolis 2010 – Relação interurbana com Adamantina..............................................................

120

Tabela 10 Pracinha 2010 – Relação interurbana com Lucélia.......... 120 Tabela 11 Flora Rica 2010 – Definição de cidade e sua aplicação.... 131 Tabela 12 Mariápolis 2010 – Definição de cidade e sua aplicação.... 132

Tabela 13 Pracinha 2010 – Definição de cidade e sua aplicação...... 132 Tabela 14 Nova Alta Paulista 2002, 2006 e 2008 – Estrutura

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fundiária: Produção em toneladas das lavouras permanentes ou temporárias......................................

167

Tabela 15 Arco Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Monte Castelo, Paulicéia, Pracinha, Queiroz, S. J. P. D’Alho 2010 – A cidade e o campo.........................................

206

Tabela 16 Nova Alta Paulista 1991, 2000 e 2010 – População Total, Rural e Urbana.................................................

237

Tabela 17 Nova Alta Paulista 2000 – Setores censitários e indicadores, 2000......................................................

255

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Pracinha 2010 – Renda familiar dos entrevistados.......... 64

Gráfico 2 Flora Rica 2010 – Renda familiar dos entrevistados........ 65 Gráfico 3 Mariápolis 2010 – Renda familiar dos entrevistados....... 65 Gráfico 4 São João do Pau D’Alho 2010 – Renda familiar dos

entrevistados............................................................

66 Gráfico 5 Nova Alta Paulista 1995 e 2006 – Estrutura Fundiária:

número de estabelecimentos agropecuários................

164 Gráfico 6 Nova Alta Paulista 1995 e 2006 – Estrutura Fundiária:

área de estabelecimentos agropecuários.......................

165 Gráfico 7 Nova Alta Paulista 1995 e 2006 – Estrutura Fundiária:

utilização das terras..................................................

166

Gráfico 8 Nova Alta Paulista 2002, 2006 e 2008 – Estrutura Fundiária: área plantada com lavoura permanente ou

temporária...............................................................

167

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 Nova Alta Paulista 2010 – Política-cultural...................... 16 Mapa 2 Nova Alta Paulista 2010 – População.............................. 17

Mapa 3 Adamantina – Mariápolis 2010 – responsável pelo domicílio alfabetizado..................................................

137

Mapa 4 Dracena – Flora Rica 2010 – responsável pelo domicílio

alfabetizado................................................................

138 Mapa 5 Lucélia – Pracinha 2010 – responsável pelo domicílio

alfabetizado................................................................

139 Mapa 6 Adamantina – Mariápolis 2010 – responsável pelo

domicílio sem rendimento mensal..................................

140

Mapa 7 Dracena – Flora Rica 2010 – responsável pelo domicílio sem rendimento mensal...............................................

141

Mapa 8 Lucélia – Pracinha 2010 – responsável pelo domicílio sem rendimento mensal......................................................

142

Mapa 9 Adamantina – Mariápolis 2010 – responsável pelo

domicílio com rendimento mensal de até meio salário mínimo......................................................................

143

Mapa 10 Dracena – Flora Rica 2010 – responsável pelo domicílio com rendimento mensal de até meio salário mínimo......................................................................

144

Mapa 11 Lucélia – Pracinha 2010 – responsável pelo domicílio com rendimento mensal de até meio salário mínimo...............

145

Mapa 12 Adamantina – Mariápolis 2010 – responsável pelo

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viii

domicílio com rendimento mensal mais de meio até dois salários mínimos.........................................................

146

Mapa 13 Dracena – Flora Rica 2010 – responsável pelo domicílio com rendimento mensal mais de meio até dois salários mínimos.....................................................................

147

Mapa 14 Lucélia – Pracinha 2010 – responsável pelo domicílio com rendimento mensal mais de meio até dois salários

mínimos.....................................................................

148 Mapa 15 Adamantina – Mariápolis 2010 – responsável pelo

domicílio com rendimento mensal de mais de 15 salários

mínimos.....................................................................

149 Mapa 16 Dracena – Flora Rica 2010 – responsável pelo domicílio

com rendimento mensal de mais de 15 salários mínimos.....................................................................

150

Mapa 17 Lucélia – Pracinha 2010 – responsável pelo domicílio com rendimento mensal de mais de 15 salários mínimos.........

151

Mapa 18 Nova Alta Paulista 2002 – Área de ocupação de cana-de-

açúcar.......................................................................

161 Mapa 19 Nova Alta Paulista 2008 – Área de ocupação de cana-de-

açúcar.......................................................................

162 Mapa 20 Nova Alta Paulista 2010 – Agroindústria Canavieira.......... 164 Mapa 21 Nova Alta Paulista - 10ª Região Administrativa do Estado

de São Paulo..............................................................

227 Mapa 22 Nova Alta Paulista 2010 – Política-cultural...................... 229

Mapa 23 Nova Alta Paulista 2010 – População.............................. 236 Mapa 24 Nova Alta Paulista – Vias de acesso............................... 239 Mapa 25 Nova Alta Paulista 2010 – Unidades Prisionais................. 244

LISTA DE FIGURAS Figura 1 Modelo de pares recíprocos.......................................... 259

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AGRADECIMENTOS

Os olhares e os pensamentos geográficos nos permitem desvelar as

contradições, os conflitos, as outras possibilidades, os movimentos...

Assim, agradeço a todos os pensadores sejam de iniciação científica,

mestrado, doutorado, pós-doutorado, livre docente e sem titulação que

através de seus trabalhos ou conversas me possibilitaram

desvelar/conhecer a sociedade a partir de uma leitura geográfica.

Esta leitura geográfica me possibilitou compreender que as

diferenças entre as áreas da cidade não são resultados do acaso; que

vender pimenta e, ainda, ficar devendo o transporte, além de não ter um

trator para arar a terra, enquanto, as caminhonetes fazem a poeira subir

não significa uma coisa natural; que a pobreza não é simples consequência;

que as mudanças climáticas não são simplesmente obra de “Deus”; que há

outras possibilidades e, considerando todas as questões, poderia escrever

outra tese, pois a ciência geográfica é complexa, mas, ao mesmo tempo,

simples, pois pode ser pensada e discutida no cotidiano, sem ser simplista.

Agradeço à Universidade Pública que possibilitou que uma “boia-fria”,

sem formação de base encontrada nos melhores colégios fizesse graduação,

mestrado e doutorado em umas das melhores universidade do Brasil. E,

claro, os professores dessa universidade que sempre me apoiaram, me

ensinaram, dentre tantas outras coisas.

Agradeço à FAPESP, pelo apoio financeiro que me permitiu dedicação

exclusiva ao pensamento. E, em especial, ao(à) parecerista do doutorado

que, a cada relatório científico, apontava novos caminhos para o pensamento

- suas críticas (três páginas cada relatório) foram de suma importância para

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x

o melhor desenvolvimento do trabalho e as ponderações nos auxiliaram a

repensar a problemática e problematizá-la.

Agradeço à professora Maria Encarnação que me orientou na

graduação e no mestrado.

Ao Raul, fico pensando como agradecer, pois ele é tão brilhante nas

ideias, como orientador que é difícil encontrar palavras. Mas tenho que

dizer que ser orientanda do Raul foi muito enriquecedor. Obrigada, por

tudo.

Ao Alexandre, meu companheiro de vida e de pesquisa que me apóia,

ajuda, entende, me ama e deixa eu o amar, um grande obrigado.

A Sara, que ficou doente, chorou, exigiu minha presença, mas, sorriu,

disse “eu te amo”, “que seremos as melhores amigas” e pediu para terminar

logo esse doutorado, me fazendo ter mais força e determinação para

concluí-lo.

A minha querida mãe que sempre me apoiou nessa trajetória e, mesmo

sem muita instrução formal, instruiu-me para o caminho do estudo.

Ao Laércio, que de “padrasto” virou pai e também sempre me

incentivou.

Ao meu querido irmão Marcelo.

A todos os amigos que estiveram ao meu lado, seja na vida ou em

nossas longas e longas discussões geográficas.

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APRESENTAÇÃO

A desigualdade social na sociedade capitalista gera cada vez mais

uma urbanização perversa que distingue classes sociais, segregando e

excluindo espaços e pessoas. O que se observa hoje é a constituição de

processos segregativos e excludentes retalhando as cidades e constituindo

enclaves de riqueza e de pobreza, que independem da vontade das

pessoas, mas que se fortalecem por meio de decisões, ações e práticas de

apartação de uma parte da sociedade.

Assim, no início desta pesquisa de doutorado, nosso foco era o

estudo da produção e reestruturação do espaço intra e interurbano e análise

das múltiplas dimensões que envolvem a exclusão social. O ponto norteador

do projeto foi identificar a constituição de circuitos da pobreza urbana nas

cidades locais da Nova Alta Paulista, extremo Oeste do estado de São Paulo,

partindo da hipótese de que nessas cidades locais se estruturam os

processos de segregação socioespacial interurbana e a exclusão social.

Como resultado da pesquisa de mestrado, sabíamos que nas cidades

locais predominava a presença maciça das atividades do circuito inferior.

Seu tamanho populacional determinava que as funções urbanas fossem

destinadas apenas a suprir as necessidades básicas da população. Assim, as

atividades econômicas urbanas sendo, predominantemente, do circuito

inferior da economia, seus moradores dependiam de outras cidades para o

acesso a bens e serviços. Essas aglomerações, para conseguirem suprir as

demandas consideradas básicas, recorriam à mão de obra de outras

cidades, demonstrando que o nível de suas funções estava no limite inferior

da complexidade urbana e o acesso a serviços e equipamentos mais

especializados eram obtidos, necessariamente, em cidades com funções

urbanas mais elevadas.

Nesse contexto, procuramos enfrentar o desafio de identificar o

processo de segregação socioespacial interurbana. Consideramos que a

segregação socioespacial, fruto das contradições sociais, é estruturada a

partir do processo da urbanização. Por que, então, restringir a análise ao

espaço intra-urbano, sendo que a urbanização transcende os limites da

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cidade? E com a pergunta tínhamos o fato de que a população de uma

localidade precisava se deslocar para outros lugares para ter supridas suas

necessidades básicas, e que essa população não se sentia inserida em uma

realidade urbana. Portanto, não estaríamos frente a um processo de

segregação socioespacial interurbana? Ou seja, uma “cidade” toda não

poderia estar segregada socioespacialmente?

Como ponto inicial desta discussão, identificamos alguns indicadores,

tais como: 1) ter prevalência do circuito inferior da economia em sua

economia urbana; 2) ser considerada uma cidade local; 3) depender das

relações interurbanas para suprir suas necessidades de acesso aos meios de

consumo coletivo e privado; 4) apresentar elementos que levem ao

questionamento da existência ou não do caráter urbano desse espaço.

Ainda no sentido de apreendermos um circuito de pobreza urbana em

cidades locais, destacamos pensar a estruturação do processo de exclusão

social, e como esse processo se constituia nos espaços das cidades locais,

principalmente pela presença dos imigrantes nordestinos que se deslocam

de seus espaços identitários para trabalhar no corte da cana-de-açúcar.

Para pensarmos a exclusão social, partimos da tese dos

“estabelecidos” e dos “outsiders”. Nessa relação entre “estabelecidos” e

“outsiders”, nas cidades locais, é que destacamos a presença dos

trabalhadores migrantes que são estigmatizados pela população local,

perdendo os vínculos sociais e, ainda, são submetidos a precárias condições

de trabalho e moradia. A partir deste raciocínio, discutimos a questão do

capital social, fortalecendo ainda mais o processo de exclusão social em

cidades locais.

Identificamos, assim, a preocupação de contemplar a análise da

estruturação das cidades, das condições de vida, moradia e trabalho dos

migrantes e não migrantes, das formas como os moradores percebem e

apreendem as dificuldades/ou facilidades de acesso aos meios de consumo

coletivo e individuais, da mobilidade interurbana, bem como aprofundar as

discussões acerca do agrícola e urbano e das escalas intra e interurbanas.

Por fim, apontamos três principais motivos que justificam o interesse pelos

circuitos da pobreza em cidades locais que geram a exclusão social e

segregação socioespacial interurbana.

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Primeiramente, a necessidade de desmistificar o ideário de cidades

locais como espaços dotados apenas de boas condições de vida. Em

segundo lugar, o grande interesse em analisar as relações intra e

interurbanas, agrícola/rural/urbano pensando a desigualdade social em

múltiplas escalas. Em terceiro, como aponta Guimarães (2006), “o impacto

da globalização está gerando o agravamento da pobreza em todos os

lugares, faz-se necessário o desenvolvimento de pesquisas em realidades

urbanas não-metropolitanas(...)” Nesse sentido, pensar a produção do

espaço urbano e regional das cidades locais nos possibilitará elencar

elementos para elaboração de políticas públicas efetivas a elas.

Após aprofundamento nas leituras e amadurecimento de nossos

objetivos, verificamos mudanças em nossas indagações iniciais e também

sentimos a necessidade de algumas alterações no projeto de pesquisa

proposto inicialmente, conforme poderão ser observadas no

desenvolvimento do trabalho.

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RESUMO

Nessa tese iremos demonstrar a constituição de um circuito de pobreza

urbana que, para seu entendimento, requer um pensamento em espiral que

perpasse os processos e, ao mesmo tempo, se imbrique a eles, diante do

conteúdo das realidades analisadas que se perfaz num híbrido. O híbrido

perpassa todas as dinâmicas e elementos que compõem essas localidades.

O híbrido é a relação essencial para entender as interdependências e

inseparabilidade dos processos. É a relação híbrida dos processos que nos

permite entender que as transformações do período atual expressam

mudanças, permanências e mesclas; que a as escalas intra e interurbana se

imbricam; que a dicotomia cidade e campo não é válida para entender a

realidade da sociedade brasileira; que a pobreza se processa em diferentes

dimensões e se entrecruzam. Portanto, são esses elementos que produzem

o conteúdo das cidades analisadas que são cidades locais, por sua dinâmica

de organização, mas, que estruturam em seus espaços elementos que as

caracterizam como cidades locais híbridas. É nesse sentido que os

conteúdos das cidades locais híbridas substanciam e permeiam a

estruturação dos processos analisados, se expressando em dois vieses, que

se articulam, na constituição de um circuito de pobreza urbana (pobreza

material, política e simbólica) que, em sua dimensão urbana, promove a

segregação socioespacial interurbana e, o outro lado da expansão da

atividade agroindustrial canavieira, que é a cidade da exclusão social.

PALAVRAS CHAVE: circuito de pobreza urbana; cidades locais híbridas;

segregação socioespacial interurbana; cidade da exclusão social; atividade

agroindustrial canavieira; Nova Alta Paulista.

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ABSTRACT

The aim of this doctoral dissertation is to demonstrate the formation of an

urban poverty circuit. The understanding of this circuit requires a spiral

thought through processes and the analysed reality´s contents which create

a crossbreed. This crossbreed pervades all the dynamics and elements that

compose places. The Crossbreed is the essential relation to understand

interdependencies and inseparability of processes. It is the hybrid relation

of processes that makes us understand that: current transformations

express changes, permanencies and mixture: urban and interurban scales

imbricate each other; city-country dichotomy is not adequate to understand

Brazilian reality; poverty processes in different and interbred dimensions.

Consequently, these elements produce the content of the local cities

analysed. They are local because of their dynamics, but they also organise

some elements in space that characterize them as hybrid local cities. It is

then how local hybrid cities´ contents give substance and organise the

processes analysed. The contents are expressed in two articulated ways

that produce urban poverty (material, politic and symbolic poverty):

interurban socio-spatial segregation; and, beyond urban, social exclusion

city related to sugar cane expansion.

Keywords: urban poverty circuit; hybrid local cities; interurban socio-

spatial segregation; social exclusion city; Nova Alta Paulista.

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INTRODUÇÃO

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16

A presente tese foi desenvolvida a partir da experiência de pesquisa

na chamada região da Nova Alta Paulista, localizada no extremo oeste do

Estado de São Paulo e composta basicamente por pequenas cidades,

conforme observamos nos mapas 1 e 2.

Mapa 1

Nova Alta Paulista Política- cultural - 2010

Mapa 2 Nova Alta Paulista

População – 2010

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18

Desde a obra de Pierre Monbeig (1984), sobre a ocupação do Planalto

Ocidental Paulista – “Pioneiros e fazendeiros de São Paulo” – essa porção do

interior paulista tem sido objeto de reflexão da geografia. Mais recentemente os

estudos de Fresca (1993) focaram a formação urbana resultante do processo de

ocupação naquela região e enfatizaram a dinâmica funcional da rede urbana.

Oliveira (2003) analisou a configuração da microrregião geográfica de Dracena e

sua formação histórica, e Silva (2006) discutiu a colonização e enfatizou o

processo de produção dos espaços. Por sua vez, Gil (2007) apresentou três fases

distintas de formação da região ao trabalhar com o desenvolvimento da Nova

Alta Paulista. No estudo sobre tipologias das cidades brasileiras (BRASIL, 2005) a

Nova Alta Paulista também é objeto de reflexão.

Desde o final da graduação em geografia, temos nos preocupado em

desvendar alguns aspectos da produção do espaço urbano na Nova Alta Paulista.

Nesse primeiro momento discutimos a relação entre meios de consumo coletivo e

segregação socioespacial no loteamento Parque do Sol, na cidade de

Adamantina. Na pesquisa de mestrado a Nova Alta Paulista e a temática urbana

em pequenas cidades continuaram como parte da trajetória de pesquisa. Assim,

discutimos a ocorrência do processo de segregação socioespacial em Osvaldo

Cruz e Mariápolis, demostrando as semelhanças e as diferenças na estruturação

desse processo em relação às pequenas cidades.

Como decorrência da pesquisa de mestrado, nos deparamos com o desafio

de pensar o processo de segregação socioespacial nas escalas intra e

interurbanas, com a perspectiva de que a produção do espaço urbano de

pequenas cidades não se restringia ao intra-urbano. A Nova Alta Paulista

favorecia esta reflexão na medida que é formada por uma sub-rede urbana de

pequenas cidades, em um contexto regional de forte expansão da atividade

agroindustrial canavieira.

Na medida que a pesquisa de doutorado foi caminhando, foi necessário

buscar um marco de referência muito mais amplo do que previsto no projeto

inicial. Afinal, a segregação socioespacial interurbana deve ser associada a outros

processos igualmente importantes de um circuito urbano que produz e reproduz

a pobreza, a exclusão social naquela região.

A pobreza urbana e a exclusão social possuem um caráter cumulativo e

multidimensional que impede uma explicação única e linear dos processos.

Assim, pobreza urbana e exclusão social são processos que reproduzem circuitos

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de pobreza, e em sua multidimensionalidade nos permite pensar que um mesmo

processo está relacionado a diversos e diferentes elementos.

A presente pesquisa é resultado do estudo de circuito de pobreza urbana

em cidades pequenas. As dificuldades de compreensão deste fenômeno levou-

nos ao desafio de superação dessa situação da forma linear de pensamento, para

que pudessemos compreender a dialética de suas múltiplas inter-relações. Nesse

sentido, apreender as dinâmicas dos circuitos da pobreza em cidades pequenas

exigiu um pensamento em espiral que perpassasse todos os processos e, ao

mesmo tempo, se imbricasse a eles.

Devemos pontuar que a constituição de um circuito de pobreza,

diferentemente dos circuitos elétricos que se sucedem, são processos que se

imbricam, se articulam e se superam. É por causa disto que esta realidade

apreendida no pensamento constitui-se em um pensamento em espiral, em

movimento.

Para expor este caminho reflexivo, nos capítulos um, dois e cinco da

tese, nossas análises serão no sentido de desvelar os conteúdos que estruturam

as realidades analisadas. Para isso, no capítulo um –Transformações dos

conteúdos das cidades locais- realizaremos uma discussão sobre como se

estruturou a organização espacial pela rede de cidades, demonstrando que o

espaço se organiza a partir de sucessivas sobreposições de divisões do trabalho.

Assim, superando tipologias baseadas em critérios populacionais, de caráter

funcional hierárquico, realizamos uma análise que permite entender como o

espaço se organiza a partir das funções urbanas que propiciam uma vida de

relações.

Essa discussão, principalmente, diante da realidade de cidades pequenas,

não implica somente uma tipologia de classes, mas a possibilidade de

compreensão de seus conteúdos nos auxiliando pensar os diferentes processos

socioespaciais.

Assim, demostraremos que diante das transformações do período atual, as

localidades analisadas estruturam em suas dinâmicas outros elementos

constitutivos que nos permite entendê-las, enquanto, cidades locais híbridas.

Prosseguindo, no capítulo dois – Relações entre agentes sociais/sujeitos e

visibilidade dos processos – demostraremos que essas relações são

características dos conteúdos existentes nas localidades analisadas, fator que

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nos permitirá melhor compreender as dinâmicas existentes entre a dimensão

material e política da pobreza.

Assim, nesse capítulo discutiremos a questão da pobreza estrutural, a

relação entre pobreza e circuito inferior da economia urbana e as questões entre

assistência social e assistencialismo, como elemento estruturador das relações

políticas. Como esses fatores são constitutivos dessas realidades, reforçam a

questão da pobreza em suas múltiplas dimensões.

O circuito de pobreza urbana, considerando, como apontado acima, possui

um caráter cumulativo e multidimensional e essa multidimensionalidade

perpassa por dois vieses que se articulam e se complementam na realidade das

cidades analisadas. O primeiro se relaciona ao processo de segregação

socioespacial interurbana justamente pelo híbrido existente entre o caráter

urbano e não urbano. O segundo diz respeito à entrada da cultura agrícola

canavieira no meio rural adstrito e os impactos gerados nestas cidades.

Diante do conteúdo das realidades analisadas e a articulação desses dois

vieses, nos colocamos diante do desafio de revelar a constituição de um circuito

de pobreza (pobreza material, política e simbólica) que, em sua dimensão urbana

promove a segregação socioespacial interurbana (ROMA, 2008) e, para “além”

do urbano, o outro lado da expansão da atividade agroindustrial canavieira, que

é a cidade da exclusão social1.

Sendo assim, no capítulo três discutiremos o primeiro viés – Cidades locais

híbridas e a segregação socioespacial interurbana. Neste capítulo, defenderemos

que, devido ao contexto social das cidades analisadas, a segregação

socioespacial exige uma imbricação escalar entre o espaço intra-urbano e as

relações interurbanas, pois as incipientes funções urbanas, dialeticamente,

acabam por negar o urbano e nesse processo se estrutura um híbrido entre o

urbano e não urbano. Dessa forma, se coloca a possibilidade da apreensão da

segregação socioespacial interurbana.

Na presente discussão o conceito de segregação socioespacial é utilizado

para explicar processos decorrentes da urbanização, referentes à separação

1 A expressão - o outro lado - da expansão da atividade agroindustrial

canavieira procura enfatizar que além da técnica, da ciência e da informação há

processos excludentes. Portanto, – o outro lado – procura destacar os processos

excludentes que estão associados à expansão da atividade agroindustrial canavieira.

Ainda, frisamos que não existem dois lados, separados, mas processos que fazem parte

da “mesma moeda”.

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entre diferentes segmentos sociais nas cidades, e o acesso aos meios de

consumo coletivo e individuais.

Portanto, procuraremos demostrar que se a segregação socioespacial,

fruto das contradições sociais, é estruturada a partir da urbanização, processo

que transcende os limites da cidade por que, então, restringir sua análise ao

espaço intra-urbano?

Refletindo esta questão a partir dos dados coletados no campo, nos

deparamos com as relações contraditórias entre a desigual distribuição dos

meios de consumo coletivo e as condições de vida da população. Essa discussão

nos conduziu à análise do segundo viés da tese, materializado no capítulo quatro

– Os impactos da atividade agroindustrial canavieira nas cidades locais híbridas.

Ali, discutimos a expansão do atividade agroindustrial canavieira na área de

estudo, demostrando como sua territorialização altera padrões pré-existentes,

gera impactos nas cidades, intensificando, principalmente na realidade analisada,

problemas como a falta de oferta de moradias, a elevação no valor dos aluguéis,

aumento no atendimento na área de saúde e assistência social.

Ainda no sentido de pensar os impactos gerados pela atividade

agroindustrial canavieira, realizamos uma análise sobre a estigmatização dos

trabalhadores migrantes demostrando que este processo configura a relação

entre “estabelecidos” e “outsiders” (ELIAS & SCOTSON, 2000), o que fortalece

ainda mais o processo de exclusão social.

Assim, procuramos demostrar que mesmo a atividade agroindustrial

canavieira sendo vista como o motor do desenvolvimento, produz e reforça, com

muita intensidade, espaços da exclusão social, da pobreza urbana e da

expropriação, gerando o outro lado da cidade do agronegócio, que é a cidade da

exclusão social.

No capítulo cinco – As relações que envolvem a tríade

rural/urbano/agrícola – consideramos tais relações como elementos constitutivos

da realidade dos aglomerados analisados. É por isto que iremos considerar essa

tríade entendida enquanto um híbrido, no qual, a mistura, a relação, a

complementariedade e a síntese são estruturadores da mesma.

Para isso discutiremos as dinâmicas e processos que premeiam o rural, o

agrícola, o urbano e suas especificidades e interfaces, demostrando cada

elemento que compõe a tríade e as relações existentes entre eles como

fundamentais para pensar o processo em sua complexidade.

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Mesmo procurando desvelar os diversos elementos que caracterizam os

processos socioespaciais existentes em uma determinada realidade empírica,

devemos considerar que questões são levantadas e outras são deixadas de lado.

Nesse sentido, procuramos em todos os momentos pensar os diferentes

elementos que poderiam estar relacionados aos processos, que para nosso

entendimento permeia a estruturação de um circuito de pobreza urbana,

contudo, diferentes olhares sobre a mesma realidade poderia acrescentar

elementos aos ponderados por nós, como, também, destacar outros.

Para isso nos utilizaremos de diferentes áreas e correntes do pensamento.

Esse fator não indica, em nosso entendimento, confusões e incoerências teóricas

e metodológicas, mas, sobretudo, a tentativa de superar as leituras

unidimensionais e unicausais dos processos. E corroborando inteiramente com

Suzuki (2007, p. 147) para pensar a compreensão campo e cidade:

Acreditamos, ainda, que não será possível avançar na

compreensão do campo e da cidade, na contemporaneidade,

seguindo por trilhas seguras e bem construídas, como os caminhos

que valorizam somente a dimensão econômica, ou a cultural, ou a

social, ou a política.

Será necessário superar as leituras unidimensionais e unicausais

no encontro com as múltiplas dimensões e determinações, o que

nos conduzirá para a necessidade de diminuir os limites existentes

entre os campos da Geografia (Geografia Agrária, Geografia

Urbana, Geografia Econômica, Geografia Política, Geografia Social,

Geografia Cultural), bem como em relação às outras áreas do

saber, particularmente com a Sociologia, a Antropologia e a

Economia.

As discussões realizadas por nós não têm a pretensão de apreender e

desvelar todas as múltiplas dimensões e determinações dos processos

socioespacias, mas, somente, demostrar que, por exemplo, a cidade da exclusão

social gerada pelos impactos da atividade agroindustrial canavieira permeia-se

por processos econômicos, como, também, culturais e sociais.

Prosseguindo, com a estrutura da tese, pontuamos a existência de dois

apêndices, sendo esses constituídos por elementos que compõem nossas

análises são de suma importância para o entendimento do trabalho. No apêndice

um – Nova Alta Paulista: recorte empírico – faremos uma discussão sobre a

região enquanto um recorte administrativo ou uma construção política –cultural

e, demostraremos a localização da área de estudo, a dinâmica populacional, vias

de acesso da área. Portanto, esse apêndice tem por objetivo apreender as

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dinâmicas da realidade que perpassa os processos socioepaciais analisados nesse

trabalho.

No apêndice dois – descrição metodológica – apresentamos uma minuciosa

descrição dos procedimentos metodológicos adotados por nós, procurando

demonstrar os procedimentos realizados em todas as etapas, desde a coleta de

dados, elaboração do mapeamento, seleção das amostras e escolhas das cidades

analisadas.

No entanto, para um melhor entendimento do trabalho e facilidade de

leitura, de início, pensamos ser necessário indicar quais às cidades selecionadas

para o desenvolvimento de nossas análises.

Para pensar a constituição de um circuito de pobreza urbana, de princípio,

delimitamos como recorte empírico os centros locais da Nova Alta Paulista.

Assim, subdividimos a região em cinco grupos de cidades, quais sejam: Tupã,

Osvaldo Cruz, Lucélia, Adamantina e Dracena que correspondem aos centros

sub-regionais e sua hinterlândia. Em cada grupo de cidade dessas hinterlândias,

selecionamos as cidades que apresentaram os piores indicadores e/ou

características próprias que nos auxiliaram no desenvolvimento de nossa

investigação (como descrito no apêndice dois). Tais cidades foram: Arco-Íris,

Inúbia Paulista, Pracinha, Mariápolis, Flora Rica, São João do Pau D`Alho, Monte

Castelo e Pauliceia, com população de 1.925, 3.630, 2.863, 3.916, 1.752, 2.103,

4.063 e 6.342 habitantes, respectivamente (Censo Demográfico, 2010).

Diante desse recorte inicial, realizamos trabalhos de campo e aplicação de

questionários junto à população. A coleta de dados foi, predominantemente, nas

cidades de Arco-Íris, Inúbia Paulista, Pracinha, Mariápolis, Flora Rica, São João

do Pau D`Alho, Monte Castelo e Pauliceia, mas, para entender as dinâmicas e os

processos que se estruturam nesses aglomerados, tornou-se de suma

importância, em alguns momentos, analisar as inter-relações entre as cidades –

centros locais e centros sub-regionais (como melhor descrito no apêndice dois).

Contudo, diante da infinidade de informações que se apresentaram para

análise, após o exame de qualificação, por indicação da banca examinadora,

decidimos aprofundar nossas investigações em algumas dessas localidades.

Portanto, para cada discussão selecionamos os aglomerados que mais

caracterizavam os elementos apontados. Sendo assim, pontuaremos no início de

cada capítulo as cidades utilizadas enquanto recorte empírico de análise.

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Por fim, para iniciarmos, destacamos que o circuito de pobreza urbana,

sendo multidimensional, nos coloca o desafio e a dificuldade de apresentação

formal da tese, poi, os processos se imbricam de tal maneira que qualquer

divisão que temos de realizar para fim de uma apresentação formal acabaria por

fragmentar o trabalho.

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CAPÍTULO 1

TRANSFORMAÇÕE’S DOS

CONTEÚDOS DAS CIDADES

LOCAIS

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Neste primeiro capítulo iniciaremos nossa discussão percorrendo a

trajetória de estudos dedicada a entender e demonstrar de que maneira se

estrutura a rede de cidades. Nesse processo perceberemos que o espaço se

produz a partir de sucessivas sobreposições de divisões do trabalho, e que, em

cada período, a rede de cidades reflete uma diferente divisão territorial e social

do trabalho, na qual as cidades locais possuem um papel fundamental.

Assim, a análise das cidades locais na rede de cidades perpassa por

tipologias baseadas em critérios populacionais, de caráter funcional hierárquico a

uma análise que permite entender como o espaço se produz a partir das funções

urbanas. Ou seja, não é simplismente o contingente populacional que estrutura

esses espaços – mesmo que seja um elemento pertinente – mas, sim, as funções

urbanas que se desenvolvem e a vida de relações que essas funções propiciam.

A discussão de cidade pequena perpassa a própria discussão de cidade e

urbano. Por isto, pensar uma conceituação para cidades pequenas não implica

somente uma tipologia de classes e não é o ponto de chegada de nosso trabalho,

mas, sim, a possibilidade de compreensão de seus conteúdos. Entender como as

funções urbanas existentes nessas localidades organizam o espaço da cidade e

como essa organização propicia ou não o fortalecimento da vida de relações

existente entre as diferentes localidades, auxilia-nos a pensar os diferentes

processos socioespaciais.

Portanto, o esforço de pensar a produção do espaço a partir das cidades

locais vai além da hierarquização, e essa etapa será tomada como necessária

para compreensão dos processos sociais que estruturam as diferentes realidades

urbanas e, a partir dessa investigação, compreender quais e como os processos

socioespaciais se estabelecem no espaço intra-urbano, como na articulação entre

as escalas intra e interurbana.

Para essa discussão as cidades que utilizaremos enquanto recorte empírico

são as cidades locais de Arco-Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis,

Pracinha e São João do Pau D`Alho, localizadas na região paulista denominada

de Alta Paulista.

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1.1. Produção do espaço e rede de cidades

Diversos estudos geográficos foram importantes para a compreensão da

rede urbana. Dentre estes estudos, particularmente, foi muito importante para o

desenvolvimento do pensamento da geografia urbana brasileira a Teoria dos

Lugares Centrais, formulada pelo alemão Walter Chistaller, em 1933, e

aprofundada na Geografia brasileira por Santos (1981 e 1996) e Corrêa (2001),

dentre outros autores. Segundo estes autores, pressupõem-se a existência de

uma hierarquia entre os diferentes níveis de cidades. Segundo Rochefort (1961,

p. 15), a hierarquia entre as cidades poderia ser apreendida com a seguinte

estrutura: Capital da rede; Capital de grande porte; Grande Centro Regional de

primeira ordem; Centro Regional de primeira ordem; Grande Centro Regional de

segunda ordem, Centro Regional de segunda ordem, Centro Regional de terceira

ordem, Centro Local de primeira ordem e Centro local de segunda ordem.

Ainda no sentido de classificação das cidades a partir de suas funções

urbanas, numa hierarquização das localidades, Geiger (1963) apresentou a rede

urbana estruturada da seguinte maneira: metrópole; metrópole regional; capitais

regionais; centros regionais de primeira categoria; centros regionais de segunda

categoria; centros de terceira categoria; centros locais e elementares.

Notamos que Rochefort (1961) e Geiger (1963) adotam o mesmo princípio

na classificação das cidades: o caráter funcional hierárquico, partindo da cidade

principal para os de menores funções e de hierarquia inferior. A única diferença é

a quantidade de categorias, que são nove na classificação de Rochefort (1961) e

sete na apresentada por Geiger (1963).

Nessa linha de análise temos os estudos de Keller (1968), Azevedo

(1970), Corrêa e Lima (1977) e, também as pesquisas sobre a Região de

Influência das Cidades de 1993 e 2007, realizadas pelo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE).

Keller (1968, p. 308) descreve a produção do espaço e a formação socio-

territorial do Brasil com base na primazia da cidade de São Paulo, estruturando

uma rede de localidades centrais e hierárquica composta por quatro níveis: a

metrópole, os centros regionais, os centros sub-regionais e os centros locais.

Já Azevedo (1970, p.255) classifica as cidades em categorias baseadas no

contingente populacional urbano.

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Corrêa e Lima (1977, p. 596), utilizando-se do estudo Divisão do Brasil em

Regiões Funcionais Urbanas, identificaram quatro níveis de cidades, comportando

as primeiras quatro categorias de centros e as demais duas categorias,

correspondentes às diferentes formas de atuação dos centros: os centros que

comandam as redes; os centros regionais; os centros sub-regionais e os centros

locais, mantém uma relação hierárquica com os demais centros, mas, também,

podem estar vinculados diretamente com as metrópoles, ou seja, os centros que

comandam as redes.

Os estudos sobre a Região de Influência das Cidades (IBGE, 1993 e 2007)

também apresentaram, como os demais autores citados, a organização do

espaço brasileiro compreendido pela hierarquia das funções urbanas

desempenhadas por cada localidade.

No estudo mais recente do IBGE (2007) sobre a Região de Influência das

Cidades, as cidades foram classificadas em cinco grandes níveis, e subdivididos

em dois ou três subníveis: metrópoles – principais centros do país, que

caracterizam-se por seu grande porte e por fortes relacionamentos entre si, e

possuem extensa área de influência direta e foram subdivididas em três

subníveis; capital regional – com capacidade de gestão no nível imediatamente

inferior das metrópoles, mantendo uma área de influência de âmbito regional e

também foram subdivididas em três subníveis; centro sub-regionais - possuem

atividades de gestão menos complexas e uma área de atuação mais reduzida e

se subdivide em dois grupos; centro de zona – nível formado por cidades de

menor porte e com atuação restrita a sua área imediata e exercem funções de

gestão elementares e subdivide-se em dois níveis e; centros locais – cidades cuja

centralidade e atuação não extrapolam os limites do seu município, servindo

apenas aos seus habitantes, têm população predominantemente inferior a 10

mil.

As análises de Corrêa e Lima (1977) e os estudos do IBGE (1993 e 2007)

demonstram que a produção espacial estabelece uma hierarquia pela

funcionalidade que cada localidade desempenha na rede de cidades, mas

indicam, por exemplo, que os centros locais relacionam-se com os “centros que

comandam as redes” (CORRÊA E LIMA, 1977).

Assim, analisar as cidades pelas funções urbanas nos permite explicar a

distribuição dos homens e das atividades sobre a superfície terrestre resultante

da divisão territorial do trabalho (Santos, 1994, p. 125). Divisão do trabalho que,

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como destacamos, se sobrepõe a cada período histórico modificando as

estruturas organizacionais existentes e, com isso, transformando as relações

entre os centros urbanos, entre a cidade e o campo, e alternado os fluxos

materiais (mercadorias, pessoas etc.) e imateriais (informações, dados,

mensagens etc.). Nesse sentido, que a rede urbana que se produz,

predominantemente, de maneira hierárquica passa a uma organização baseada

na inter-relação.

A partir da análise da divisão territorial do trabalho podemos entender a

importância das pequenas cidades. Bernardelli (2004, p. 36), ao trabalhar com

as pequenas cidades, destaca que:

(...) as pequenas cidades também são produtoras e condição da

Divisão Territorial do Trabalho, estando seu movimento, muitas

vezes, verificado em um tempo mais lento, articulado à dinâmica

global de rede.

Portanto, não podemos pensar a questão de forma fragmentada

(...) a rede urbana apresenta uma totalidade, apesar do papel de

destaque das metrópoles, elas não são dotadas de autonomia em

relação às demais cidades, ao contrário, sua existência e

expressão só são possíveis em razão da existência de uma

complexa Divisão Territorial do Trabalho.

Na estruturação e no funcionamento da rede urbana, observamos a

necessidade da existência de diferentes núcleos, com diferentes funções e esse

fator se faz possível por uma complexa divisão territorial do trabalho. A divisão

territorial do trabalho, sendo responsável pela distribuição dos homens e

atividades sobre a Terra, consolida a existência das metrópoles, mas também de

cidades médias e pequenas.

É nesse sentido que entendemos a inserção das cidades pequenas na rede

urbana enquanto produtoras e condição da divisão do trabalho, sendo

reservatório de mão de obra rural (CORRÊA, 1999), local de moradia, de relações

econômicas e políticas possibilitando o ciclo entre produção e circulação e, assim,

fazendo parte da estruturação das redes urbanas.

Com o fortalecimento do processo de globalização marcado pelo meio

técnico-científico-informacional (SANTOS E SILVEIRA, 2006 [2001]), de maior

internacionalização do capital seguido de reestruturações urbanas, regionais e

produtivas, as redes urbanas também se reconfiguram e o processo hierárquico

passa a ser acompanhado, como aponta Camagni (2005), de superposições e/ou

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justaposições de relações. Mantém-se a rede hierárquica, mas, ao mesmo

tempo, temos a interface direta entre cidade pequena e a metrópole.

A hierarquia urbana passa a se realizar num contexto econômico

internacional, transformando a natureza das relações entre cidades, mas não

implicando que deixe de existir nesse processo de mundialização uma estrutura

hierarquizada de relações e articulações entre os diversos centros. No entanto,

essas relações são mediatizadas por novas determinantes (MOURA; WERNECK,

2001).

Sposito (2011, p. 130-131) destaca que os fluxos que definem a rede

urbana não são apenas de tipo vertical, predominante nas redes urbanas

hierárquicas, mas que é preciso:

(...) ler a combinação complexa de fluxos e de modos de

organização e constituição de redes (econômicas, sociais, políticas,

urbanas) que não se estruturam apenas hierarquicamente, mas

resultam de múltiplos fluxos, estabelecidos horizontalmente e

transversalmente.

Na rede urbana hierárquica, as cidades no nível inferior da complexidade

urbana se ligam aos centros sub-regionais, que mantém interações com as

cidades médias, e estas com uma cidade situada no nível superior da hierarquia

urbana, como São Paulo, por exemplo. Mas, face à globalização, as redes se

reconfiguram e as cidades, no limite da complexidade urbana, podem se ligar

diretamente às metrópoles, tanto através dos fluxos materiais e, principalmente,

pelos fluxos imateriais, e mesmo a centros internacionais sem, necessariamente,

passar pelas cidades médias. No entanto, a rede urbana produzida

hierarquicamente não se desfaz por completo.

Como exemplo da superposição e/ou justaposição na rede urbana

podemos citar os serviços de saúde, comércio e o sistema de decisão e gestão

governamental. A população das cidades no limite inferior da complexidade

urbana utilizam-se dos serviços de saúde na própria cidade para atendimentos

ambulatoriais básicos – consulta mensal, curativos, remédios, vacinação etc.-,

recorrem aos centros sub-regionais para procedimentos mais complexos e

internações e em casos de atendimento mais diversificado e especializado são

encaminhados às cidades médias e em alguns casos aos centros metropolitanos.

Porém, dependendo do quadro clínico apresentado e/ou das condições

financeiras, as pessoas são diretamente encaminhadas para os centros mais

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especializados, que podem ser cidades médias ou metrópoles sem,

necessariamente, percorrer as demais localidades situadas na rede hierárquica

de cidades.

No comércio este processo também pode ser observado, pois, geralmente,

a população consome os bens e produtos de primeira necessidade nas cidades

situadas no limite inferior da complexidade urbana, se deslocam para os centros

sub-regionais a fim de realizarem compras mensais e diversificadas ou podem

adquirir os bens e produtos diretamente nas cidades médias ou metrópoles.

Os bens e serviços que suprem a demanda diária da população pressupõe

um acesso imediato, ou que possa ser realizado por curtas distâncias. Por outro

lado, os bens mais sofisticados que não são utilizados para necessidades

imediatas, ditos sofisticados ou raros, podem ser oferecidos em uma distância

espacial maior e localizados em apenas alguns centros urbanos, moldando a

partir das funções desempenhas uma organização funcional na rede de cidades e

um papel hierárquico. Os novos nexos entre os fluxos realizados pelas cidades

provocados pelas inovações tecnológicas comprimem espaço-tempo para fluxos

imateriais, mas o acesso aos bens e serviços – como saúde e comércio –, a

supressão da distância, ainda não se perfaz por completo.

No que tange ao sistema de decisão e gestão, Moura e Werneck (2001, p.

28), apontam que a rede das localidades centrais “cristaliza o sistema de decisão

e gestão, por meio da localização seletiva de órgãos da administração pública e

sedes de grandes corporações, oferecendo um nítido posicionamento

hierarquizado dos centros”. Com a difusão do meio técnico-científico-

informacional, os fluxos de ordens e mensagens se difundem pelo espaço, mas a

localização de órgãos da administração pública em determinada localidade tem o

poder de organizar o espaço de maneira seletiva, centralizando em uma cidade,

por exemplo, as secretarias regionais de educação e saúde. Esse processo drena

para essa localidade os fluxos de pessoas, informações, bens e serviços

oferecendo um posicionamento hierárquico dessa cidade na rede urbana.

Damiani (2006, p. 136), ao pensar as redes de cidades no período atual da

globalização, também aponta que:

O período atual da globalização define possibilidades de contatos

múltiplos entre cidades de todas as dimensões e define uma

simultaneidade de comunicação ou uma rede intrincada de

relacionamentos, rompendo as estritas hierarquias e, portanto,

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deve determinar a reconsideração das hierarquias como

tradicionalmente propostas: há elos financeiros de agentes

financeiros internacionais e toda e qualquer cidade. O

planejamento nacional foi substituído por planejamentos

estratégicos, envolvendo redes de cidades; cidades estas de mais

de um tamanho, num elo direto, sem intermediações assentadas

nas hierarquias.

Em um duplo processo, essa reconfiguração no atual período da

globalização, que dota o espaço de fluidez, acentua a perda de centralidade das

cidades com menos complexidade funcional e, por outro lado, possibilita a

permanência dessas localidades. O desenvolvimento dos transportes e das

tecnologias facilitam o acesso aos bens e serviços em localidades maiores,

reduzindo o mercado consumidor das pequenas cidades e diminuindo sua

centralidade funcional, por exemplo. No entanto, paradoxalmente, a maior

facilidade nos deslocamentos para obter os bens e serviços em outros

aglomerados acaba por possibilitar a permanência da população nesses espaços,

pois podem residir em cidades com menor complexidade funcional, tendo acesso

a bens e serviços ausentes em suas localidades, mas presentes nas demais

cidades da rede urbana, mesmo que esse fator empobreça a economia local e,

consequentemente, a população.

Mesmo não corroborando com Damiani (2006, p. 137), ao afirmar que

esse processo consagra o modelo gerencial metropolitano e que o “modo de vida

metropolitano é simulado em todo e qualquer lugar, negando os tradicionais

estilos de vida”, concordamos com a autora ao apontar para uma rede de

relacionamentos entre as cidades de todas as dimensões, e que devemos

reconsiderar as hierarquias tradicionais. Essa reconsideração pressupõe a

justaposição e/ou superposição das redes hierárquicas e das redes de

relacionamentos.

Portanto, a face da rede de localidades centrais no Brasil no começo do

século XXI é marcada por sobreposição de processos que evolui de uma

estrutura fortemente concentrada para a formação de espaços urbanos

articulados em rede que se conformam as renovações produtivas e aos novos

condicionantes do processo de globalização na produção do espaço (MATOS E

BRAGA, 2005).

Devemos apontar que para a grande maioria das pessoas a rede urbana

ainda se estrutura de forma hierárquica, pois a apreensão da rede urbana está

relacionada à mobilidade do indivíduo que depende de sua posição na escala das

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33

redes (SANTOS, 2004 [1979]), ou seja, a rede urbana não tem o mesmo

significado para as diferentes camadas socioeconômicas (SANTOS, 2004 [1979]).

Portanto, para os segmentos dotados de maior poder aquisitivo e fluidez, a

possibilidade de rompimento da rede hierárquica se processa constantemente.

No entanto, para os segmentos de menor poder aquisitivo essa possibilidade

existe, mas é limitada, persistindo uma forma de acesso a bens e serviços

hierarquizados.

Os novos processos e contextos não eliminam as velhas estruturas por

completo, considerando a estruturação do espaço em movimento. Assim,

retomando Camagni (2005), podemos melhor compreender essa dinâmica em

superposição e/ou justaposição de relações.

Pensar no período atual as dinâmicas da rede urbana e a produção do

espaço urbano consiste em analisar os processos que transformam os conteúdos

socioespaciais das cidades. Desta maneira, discutir a conceituação das cidades

locais nos permite demonstrar a os novos nexos oriundos da produção do espaço

no momento atual.

1.2. Discutindo a conceituação das cidades

Quando se fala de cidades pequenas, a noção de volume da

população vem logo à mente. Aceitar um número mínimo, como o

fizeram diversos países e também as Nações Unidas, para

caracterizar diferentes tipos de cidades no mundo inteiro, é

incorrer no perigo de uma generalização perigosa. O fenômeno

urbano, abordado de um ponto de vista funcional, é antes um

fenômeno qualitativo e apresenta certos aspectos morfológicos

próprios a cada civilização e admite expressão quantitativa, sendo

isso outro problema. (SANTOS, 1982, p. 70)

A classificação baseada puramente na definição de classes ou por

tipologias traz, como aponta o autor, generalizações perigosas. Por exemplo, no

Brasil uma cidade de 20 mil habitantes localizada no estado de São Paulo é

totalmente díspar de uma cidade com o mesmo contingente populacional da rede

urbana da Amazônia.

No entanto, mesmo sendo um problema relacionar os aspectos qualitativos

à dimensão quantitativa, pensamos ser válida a interface entre as duas

dimensões, pois o conceito de cidade pequena perpassa pela discussão do

próprio conceito de cidade e urbano, tornando o conceito de cidade pequena de

difícil compressão. Dessa forma, com todo o cuidado teórico e metodológico

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34

necessário, imbricar as dimensões quantitativas e qualitativas nos possibilita

relacionar melhor o teórico e o empírico, com o intuito de elucidar e

compreender essas realidades urbanas.

Em seu esforço de conceituação das cidades, Santos (2004 [1979] p.283)

considera que a organização do espaço seja pensada a partir de seu nível

funcional. Propõe:

Uma classificação diferente, considerando que a capacidade de

organização do espaço pela cidade depende de seu nível funcional.

Ter-se-iam as cidades locais, as cidades regionais, as metrópoles

incompletas e as metrópoles completas.

Santos (1979, 1982, 1985) pensou a produção do espaço pela rede de

cidades, considerando a dimensão funcional. Para ele o espaço se estruturava da

seguinte maneira: A - cidade local; B - cidade regional; C – metrópole

incompleta; D – metrópole completa; E – vila (SANTOS, 2004 [1979], p. 289).

Nesse modelo organizacional todos os níveis de cidade se interrelacionam,

hierarquicamente, mas, ao mesmo tempo, como demostramos na discussão

anterior há uma sobreposição e/ou justaposição na estruturação das redes

urbanas, ou seja, as redes não são mais predominantemente hierárquicas, elas

conformam espaços urbanos articulados por todos os tipos de fluxos.

Como nosso trabalho se propõe a entender os conteúdos e os processos

socioespaciais existentes nas cidades inseridas no limite inferior da complexidade

urbana, nos debruçaremos para pensar a organização do espaço a partir da

definição de cidade local. O mesmo autor define cidade local como (1982, p. 70 e

71):

Aglomerações em seu nível mais fundamental, nível abaixo o qual

não se pode mais falar da existência de uma verdadeira cidade.

Temos aqui uma questão de limite inferior da complexidade das

atividades urbanas capazes, em um momento dado, de garantir ao

mesmo tempo um crescimento auto-sustentado e um domínio

territorial.

A cidade local é a dimensão mínima a partir da qual as

aglomerações deixam de servir às necessidades da atividade

primária para servir às necessidades inadiáveis da população, com

verdadeira especialização do espaço. Abaixo pode haver

aglomeração, mas não se tratará jamais de uma cidade.

Poderíamos então definir a cidade local como a aglomeração capaz

de responder às necessidades vitais mínimas, reais ou criadas, de

toda uma população, função esta que implica uma vida de

relações.

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Nessa conceituação fica evidente que a cidade local detém o nível

funcional mais elementar na rede de cidades e, mesmo sendo capaz de

responder às necessidades vitais mínimas de sua população, suas demandas,

necessariamente, implicam em uma vida de relações, ou seja, a

interdependência com outros centros é a possibilidade de sua permanência.

No entanto, devido à difusão de novos modelos de informação e de

consumo, Santos (2004 [1979], 310) aponta que as cidades locais tiveram um

impulso e que os novos consumos exigem “uma frequência e uma acessibilidade

que serão satisfeitas com o nascimento e o desenvolvimento de aglomerações

urbanas de nível mais abaixo”. No entanto, a vida de relações é constante, pois a

cidade local não pode atender certos tipos de demandas que serão satisfeitos,

segundo o autor, nas cidades intermediárias.

Ainda no que tange às transformações ocorridas nesses aglomerados,

Santos (1996 [1993], p. 51) apreende que os papéis exercidos pelas cidades

locais se modificam, mudando de conteúdo, deixando de serem cidades dos

notáveis e se transformando em cidades econômicas, passando a apresentar

estoques diversos:

Antes, eram as cidades dos notáveis, hoje se transformam em

cidades econômicas. As cidades dos notáveis, onde as

personalidades notáveis eram o padre, o tabelião, a professora

primária, o juiz, o promotor, o telegrafista, cede lugar a cidade

econômica, onde são imprescindíveis o agrônomo (que antes vivia

nas capitais), o veterinário, o bancário, o piloto agrícola, o

especialista em adubos, o responsável pelos comércios

especializados.

Esses lugares representam estoques de meios de consumo,

estoques de sementes e implementos, estoques de capital de giro

(agora indispensáveis), estoques de mão-de-obra nos mais

diversos níveis, centros de transportes e de comunicação, pólos de

difusão de mensagens e ordens.

As cidades locais, por serem localidades que apresentam funções urbanas

menos complexas e contam com um contingente populacional pequeno, era, na

década de 1980, marcada por relações na quais personalidades como a

professora primária, o padre, o tabelião mantinham um status e um poder

notável na vida comunitária dessas cidades, por isso a denominação utilizada

pelo autor de “cidade dos notáveis”. Com a expansão e qualificação da

urbanização, em um contexto de reestruturação da agricultura, os bens e

serviços se ampliam e se diversificam, perdendo o caráter estritamente local,

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acrescenta-se, também, novos estoques de sementes e implementos, de capital

de giro, de mão-de-obra (também especializada), os centros de transporte e de

comunicação e o papel de polos de difusão. Assim, esses fatores processam

modificações no conteúdo dessas cidades e na organização espacial e funcional

da rede urbana. Neste contexto, para o autor as cidade dos notáveis passam a

cidades econômicas, nas quais o agrônomo, o veterinário, o bancário, o piloto

agrícola e o especialista em adubos representam os novos nexos existentes

nesses espaços.

Diante desse contexto, esses aglomerados não apresentam mais a

dimensão mínima e podem responder além das necessidades vitais mínimas.

Nessa “nova” cidade local, a produção socioespacial se apresenta diversa da

existente no início da década de 1980, quando o autor pensa a conceituação

inicial dessas localidades. As transformações modificam a vida de relações

existentes no espaço interno e externo da cidade.

Devemos considerar que a estruturação espacial proposta por Santos foi

inicialmente desenvolvida na década de 1980 e, posteriormente, revisada na

década de 1990. Porém, após esse período, a urbanização brasileira se

intensificou, modificando a estruturação espacial existente até o momento. Um

processo concomitante de metropolização e desmetropolização (SANTOS, 1996

[1993], p. 122) e o crescimento urbano no interior do país, fator que fortalece

em quantidade e funcionalidade as cidades médias, locais e das vilas – lugarejos.

A rede urbana se alterou, passando de um modelo predominantemente

hierárquico para uma interrelação direta e complementar entre os centros de

diferentes níveis funcionais que acentua ainda mais a urbanização.

Segundo Bógus e Baeninger (1995), essas transformações não ocorreram

com a mesma intensidade pelas regiões brasileiras, destacando-se o interior do

Estado de São Paulo. Para estes autores, o processo de desconcentração das

atividades econômicas e da população fortaleceu o processo de interiorização do

desenvolvimento industrial que foi substancial para a estruturação das cidades,

desta forma, com as melhorias nas redes viárias e de telecomunicações, novos

nexos são incorporados ao processo de urbanização do interior e do

desenvolvimento agrícola.

Nesse sentido, a divisão territorial e social do trabalho vai se

complexificando, modificando cada vez mais os conteúdos dos espaços e

alterando a estruturação espacial da rede urbana. Portanto, como não estamos

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trabalhando com a rede urbana como um todo, mas, sim, uma subtotalidade –

Nova Alta Paulista – podemos dizer que para esta área as transformações nos

conteúdos das cidades e a organização das redes urbanas foram substanciais.

As cidades que eram na década de 1980 compreendidas como cidades

locais devido aos seus conteúdos serem expressão dessa conceituação, se

transformaram em centros sub-regionais. No entanto, nem todas as cidades

evoluíram e se modificaram. Algumas continuaram sendo cidades locais; outras

que podiam ser pensadas como os lugarejos, diante do processo exposto,

incorporaram em seu conteúdo os elementos das cidades locais.

No bojo do processo de expansão e qualificação da urbanização, Santos

(1996 [1993]), como apontado anteriormente, frisa que as cidades locais se

transformam adquirindo novos papéis urbanos, mas não deixando de serem

locais. Esses aglomerados se dinamizam, mas o autor não indica que passariam

a serem cidades sub-regionais. Mesmo diante das transformações, o autor

mantém a conceituação de cidades locais. Devemos ponderar que as cidades

locais das décadas de 1980 e 1990 continuaram a se desenvolver e a se

transformar, dinamizando ainda mais os bens e serviços existentes.

Se tomarmos as observações de Santos, em nossa área de estudo, as

cidades locais são os municípios de Tupã, Dracena, Adamantina, Osvaldo Cruz e

Lucélia, ambos com 63.492, 43.623, 33.797, 30.917 e 19.885 habitantes,

respectivamente (Censo, 2010). Essas cidades apresentam um número elevado

de profissionais liberais como advogados, dentistas, médicos, veterinários,

agrônomos e também representantes dos serviços públicas, como delegados de

polícia, juízes, promotores público. Passaram a oferecer uma maior quantidade e

qualidade do comércio, de escolas particulares, cursos profissionalizantes,

faculdades, bancos, escritórios contábeis, produtos para informática e, após a

entrada da cana-de-açúcar, um incipiente estoque de sementes e implementos, e

ainda um maior número de serviços públicos. Ou seja, essas cidades seguiram o

processo de transformação existente na rede urbana brasileira.

Adamantina, por exemplo, possui cinco supermercados (além dos

minimercados); uma faculdade com 32 cursos de graduação e oito de pós-

graduação; um comércio amplo; uma cooperativa especializada em sementes e

insumos agrícolas, que possui filiais em outros estados brasileiros. Diante destas

condições, esta cidade atenderia somente as necessidades inadiáveis da

população conforme exprime o conceito de cidade local?

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Ainda, nesse sentido, observamos que Bessa, Borges e Soares (2002), ao

analisar cidades que apresentam entre cinco a 69 estabelecimentos

agropecuários, de 289 a 1293 empresas com CGC, e de zero (uma localidade

dentre as 34 cidades analisadas) a sete agências bancárias, utilizam-se da

denominação de cidades locais. Será que essas localidades estão inseridas no

limite inferior da complexidade urbana?

Os estudos do IBGE sobre a Região de Influência das Cidades – REGIC -

(2007) e de Roma (2008) compreendem essas cidades como centros sub-

regionais. Afinal, as funções urbanas desempenhadas por elas geram

centralidade em relação às localidades com menor complexidade urbana. E essa

centralidade está atribuída aos bens e serviços públicos e privados que

concentram-se com mais intensidade nessas localidades gerando um fator de

atração atinente à área de sua hinterlândia e uma certa polarização urbana, mas

não abrangendo a complexidade e atração desenvolvidas pelas cidades médias2.

A população dessas cidades necessita se deslocar constantemente para centros

maiores para obter serviços diversificados e especializados, como, por exemplo,

na área de saúde, entretenimento e cultura, comércios e serviços sofisticados,

centros de tecnologia e educação.

Assim sendo, pontuamos novamente que as cidades que na década de

1980 eram cidades locais se desenvolveram e, segundo nossas análises (ROMA,

2008) e os estudos do IBGE sobre a Região de Influência das Cidades – REGIC -

(2007), tornarem-se cidades sub-regionais, pois essas localidades

desenvolveram, como indicado por Santos (1996 [1993]) e frisado por nós,

papéis de difusão de mensagens e ordens, e estoques diversificados. Assim,

estas cidades, enquanto cidades sub-regionais, são portadoras de bens e

serviços mais diversificados e especializados que mantém uma base local, mas

geram atração em relação a sua hinterlândia e, ao mesmo tempo, necessitam de

deslocamentos para localidades maiores. Portanto, essas aglomerações não

podem ser consideradas cidades locais que suprem somente as necessidades

vitais mínimas e não estão situadas no limite inferior da complexidade urbana.

Fresca (2011) apresenta uma distinção entre pequena cidade e centro

local. A autora observa que ambos vem sendo utilizados como sinônimo, sendo

2 Não podemos generalizar nossas análises para a realidade brasileira, assim,

ponderamos que as transformações observadas por nós diz respeito às cidades

localizadas na região da Nova Alta Paulista, extremo oeste do estado de São Paulo, no

entanto, através de leituras bibliográficas podemos em alguns momentos pensar de

forma mais abrangente.

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um equívoco igualar cidades que em essência são diferentes. Ela destaca que a

palavra pequena é um adjetivo, que remete à noção de tamanho e dimensão, no

caso de cidade, associa-se a pequeno número de habitantes com pequena área.

Para ela, as cidades que extrapolam o denominado nível mínimo (conforme

conceituação de Milton Santos), mas não assumem elementos para serem

consideradas intermediárias, “significando que mesmo tendo certa complexidade

de atividades urbanas acima do nível mínimo, continuam sendo pequenas. E aqui

reside razão para o uso da expressão cidade pequena para aquelas que não são

centros locais” (FRESCA, 2001, p. 77).

Fresca (2011) destaca que o desenvolvimento das cidades se realiza

heterogeneamente e que diversos estudos demonstram que devemos

acrescentar novos caminhos para compreensão das mudanças na formação

social de cada área ou região brasileira, substanciando teoricamente as reflexões

sobre cidades pequenas e, acrescenta uma ressalva:

se Milton Santos (1982) considera a cidade local como o escalão

de menor complexidade na urbanização brasileira, atendendo

apenas demandas mais imediatas de sua população, a

interpretação acima transcrita, evidencia não tratar-se de cidades

locais, mas de pequenas cidades cujas dimensões físico-

territoriais, populacionais e controle de parcela da mais valia, por

exemplo, são superiores às locais.(FRESCA, 2011, P. 79)

Na região da Nova Alta Paulista as cidades sub-regionais são Tupã,

Osvaldo Cruz, Adamantina e Dracena e, neste contexto, a cidade de Lucélia é

considerada pela REGIC (2007) como sub-regional B, pois apresenta menor

complexidade funcional que as demais cidades. Classificar essas localidades

como cidades pequenas, como ressalta Fresca (2011), não expressa a dimensão

da complexidade funcional que elas apresentam, pois, como a própria autora

destaca, nos remete muito mais a uma noção de tamanho e dimensão do que

sua funcionalidade, visto que tanto a pequena cidade como o centro local são

pequenos, mesmo que suas funções e essências sejam diferentes, como o são. É

nesse sentido que entendê-las como centros sub-regionais nos permite melhor

diferenciá-las das cidades locais, pois os centros sub-regionais como destacamos

mantém uma funcionalidade urbana que mesmo não adquirindo os conteúdos

relacionais das cidades médias expressam certa centralidade.

Porém, o que mais gostaríamos de destacar nas análises de Fresca (2011)

é o entendimento de que nas cidades pequenas (que para nós são centros sub-

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regionais) as dinâmicas são superiores às das cidades locais, identificando que as

transformações modificaram os conteúdos das cidades e a estruturação da rede

urbana.

Ainda no que tange à produção do espaço pelas funções urbanas, Santos

(1985, p. 88) apresenta as vilas, que seriam as aglomerações urbanas de nível

abaixo das cidades locais, sendo esses os lugarejos – nível abaixo do urbano:

O problema dos lugarejos – níveis abaixo do urbano – deve e pode

ser tratado como um nível de assistência social. Dependendo,

assim e exclusivamente, do subsistema de governo e, à falta

deste, dos próprios habitantes rurais, como já vem ocorrendo, sua

quantificação e localização não tem maiores problemas. Aqui, as

necessidades são as mesmas para todas, tais como educação

primária, higiene, primeiros socorros, base para a vida

comunitária. Sem dúvida, condição de implantação variarão entre

os diversos subespaços, mas a avaliação das necessidades nem

mesmo necessita estudos complicados. Apenas, devemos ter em

mente que o desenvolvimento econômico e social da região levará

a que muitas dessas funções sejam realizadas em cidades

próximas, na medida em que aumente a acessibilidade física e

financeira de todos.

Como as cidades locais se transformaram devido aos novos modelos de

informação e de consumo, alguns “lugarejos” passaram pelo mesmo processo, se

transformando em cidades.

Santos (1996 [1993], p. 52), nesse sentido, pondera que:

As cidades locais se especializaram tanto mais quanto na área

respectiva há possibilidades para a divisão do trabalho, tanto do

ponto de vista da materialidade quanto do ponto de vista da

dinâmica interpessoal. Quanto mais intensa a divisão do trabalho

numa área, tanto mais cidades surgem e tanto mais diferentes são

uma das outras.

Com a intensificação da divisão territorial do trabalho, fluxos de diferentes

naturezas são fortalecidos, as cidades complexificam cada vez suas funções

urbanas e novas cidades surgem, fortalecendo ainda mais a divisão territorial do

trabalho e a vida de relações, correspondente. Nas cidades de Arco-Íris, Flora

Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Pracinha e São João do Pau D`Alho, com

população de 1.925, 1.752, 3.630, 3.916, 2.863 e 2.103 habitantes,

respectivamente (Censo, 2010), as necessidades como educação primária,

primeiros socorros, higiene, base para a vida comunitária, ainda são elementos

constituintes e continuam, ainda hoje, em num nível de assistência social,

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vivendo dos fundos de repasses governamentais. Portanto, na perspectiva de

Milton Santos, esses aglomerados não poderiam ser considerados urbanos.

No entanto, nos “lugarejos”, mesmo sendo preponderantes as atividades

acima mencionadas, novos elementos são incorporados nos permitindo

caracterizá-los enquanto cidades, pois as funções urbanas se diversificam

passando a responder às necessidades mínimas da população. No entanto, no

início do século XXI, ponderamos, após inúmeros levantamentos bibliográficos e

de trabalhos de campo, que esses aglomerados mantém em sua estruturação

elementos que os caracterizam como cidades, neste contexto, como cidade local.

Portanto, uma indagação sempre será feita, ou seja, o que se considera

por necessidades vitais mínimas. Entendemos que as necessidades vitais

mínimas são o acesso inadiável a bens e produtos que permitam a sobrevivência

humana e a permanência de um aglomerado urbano, mesmo que esse seja

destinado ao reservatório de mão de obra. As funções urbanas são incipientes,

mas existem, e mesmo com essa incipiência, as necessidades vitais mínimas e

inadiáveis são satisfeitas, apresentando a dimensão mínima do urbano,

principalmente se analisarmos essas localidades por elementos para além das

funções econômicas. (Quadro um e tabelas um e dois)

Quadro 1 Arco-Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Pracinha e S. J. do Pau D’ Alho Meios de consumo coletivo e individual e outros – 2010

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Meios de Consumo Coletivo e Individual e Outros

Cidades 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50

Arco Íris

Flora Rica

Inúbia Paulista

Mariapólis

Pracinha São J. do Pau D'Alho

Cidades 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81

Arco Íris

Flora Rica

Inúbia Paulista

Mariapólis

Pracinha São J. do Pau

D'Alho

LEGENDA

19 Ambulante

46 Hotel/dormitório

73 biblioteca

Sem ocorrência

20 Revenda de água

47 Reforma de sofás

74 Máquina de beneficiamento de café

1 ocorrência

21 Papelaria

48 Agência bancária e/ou corresp. Bancário 75 Fábrica de doces

2 ocorrências

22 Bijuterias

49 Igreja

76 Galpão de cereais

3 ocorrências

23 Perfumaria

50 Correios 77 Fábrica de roupas

4 ocorrências ou mais

24 Ótica e relojoaria

51 Cartório de registro

78 Asilo

25 Híper-mercado

52 Centro Cultural

79 CCI

26 Brexo

53 Rodoviária

80 sindicato rural

27 Pet shopp

54 Fisioterapia pública

81 cooperativa de leite

1 Açougue

28 Loja Telefónica

55 Casa da agricultura

2 Mercado e mini-mercado

29 Funerária

56 Centro comunitário

3 Mercearia

30 Escritório Contábil

57 Projeto social

4 Quitanda

31 Salão de beleza/barbearia

58 Secretaria de assistência social

PRESENÇA EM TODAS AS CIDADES

5 Bar

32 Escola de música

59 Velório municipal

Polícia militar

6 Lanchonete

33 Academia

60 Almoxarifado Municipal

Delegacia

7 Restaurante

34 Escritório de Advocacia

61 Ginásio de esportes

Câmara Municipal

8 Padaria

35 Dentista

62 Creche

Prefeitura

9 Sorveteria

36 Lotérica

63 Parque infantil

Centro de saúde

10 Bazar, armarinhos e presentes

37 Informática

64 Piscina pública

Conselho tutelar

11 Loja de roupas

38 Lanhouse

65 Estádio municipal

12 Loja de roupas e calçados

39 Auto elétrica

66 Escola pública

13 Material de construção

40 Serralheria/carpintaria

67 Praça

14 Moveis novos e usados

41 Ofinina mecânica

68 Brinquedoteca

15 Farmácia

42 Borracharia

69 Centro de lazer

16 Agropecuária

43 eletronica

70 Recinto de exposição

17 Revenda de gás

44 Despachante

71 arquivo público

18 Posto de gasolina

45 Lavajato

72 Casa do trabalhador

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Tabela 1

Mariápolis A cidade e os meios de consumo coletivo e individual

Principais locais de consumo – 2010

MEIOS DE CONSUMO COLETIVO

Existên

cia na cidade

Hospital

onde obtém o serviço Frequência % Sim Não

X Adamantina 85 85,00

Adamantina/Marília 7 7,00

Adamantina/Presidente Prudente 2 2,00

Adamantina/Marília/Pte Prudente 1 1,00

Presidente Prudente/Marília 1 1,00

Marília 1 1,00

Presidente Prudente 1 1,00

Não utiliza 2 2,00

Posto de saúde onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Mariápolis 95 95,00

X Mariápolis/Adamantina 2 2,00

Não utiliza 3 3,00

Serviço médico (particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Adamantina 79 79,00

X Adamantina/Presidente Prudente 5 5,00

Adamantina/Lucélia 2 2,00

Adamantina/Marília/Pte Prudente 2 2,00

Presidente Prudente 2 2,00

Adamantina/Tupã 1 1,00

Adamantina/Marília 1 1,00

Adamantina/Dracena/Pte Prudente 1 1,00

Marília 1 1,00

Lucélia 1 1,00

Não utiliza 5 5,00

Serviço de dentista (público/particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Mariápolis 65 65,00

X Adamantina 16 16,00

Adamantina/Mariápolis 4 4,00

Não utiliza 15 15,00

Creche onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Mariápolis 17 17,00

X Não utiliza 83 83,00

Igreja onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Mariápolis 92 92,00

X Adamantina 1 1,00

Não utiliza 7 7,00

Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Adamantina 37 37,00

X Mariápolis 34 34,00

Adamantina/Mariápolis 22 22,00

Adamantina/Inúbia Paulista 3 3,00

Adamantina/Pte Prudente/Mariápolis 1 1,00

Presidente Prudente 1 1,00

Mariápolis/Inúbia Paulista 1 1,00

Inúbia Paulista 1 1,00

Confecções, calçados e armarinhos

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Adamantina 73 73,00

X Adamantina/Mariápolis 12 12,00

Mariápolis 5 5,00

Presidente Prudente 4 4,00

Adamantina/Presidente Prudente 3 3,00

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44

Adamantina/Inúbia Paulista 1 1,00

Não utiliza 2 2,00

Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Mariápolis 29 29,00

X Adamantina 9 9,00

Cidades da região 3 3,00

Panorama 1 1,00

Adamantina/Mariápolis 1 1,00

Presidente Prudente 1 1,00

Não utiliza 56 56,00

Pescaria, igreja, lanchonete, rua e praça (Mariápolis)

Festas e lanchonetes (Adamantina e cidades da região)

Balneário (Panorama)

Escola onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Mariápolis 39 39,00

X Adamantina 6 6,00

Adamantina/Mariápolis 1 1,00

Londrina 1 1,00

Araçatuba 1 1,00

Não utiliza 52 52,00

Adamantina (Faculdade, técnico e ensino médio particular)

Londrina e Araçatuba (Faculdade)

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 2 Arco-Íris

A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Principais locais de consumo – 2010

MEIOS DE CONSUMO COLETIVO

Existência n

a cidade

Hospital

onde obtém o serviço Frequência % Sim Não

X Tupã 50 83,33

Tupã/Marília 10 16,67

Posto de saúde onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Arco Íris 59 98,33

X Tupã 1 1,67

Serviço médico (particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Tupã 47 78,33

X Não utiliza 13 21,67

Serviço de dentista (público/particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Arco Íris 46 76,67

X Tupã/Arco Íris 2 3,33

Não utiliza 12 20,00

Creche onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Arco-Íris 15 25,00

X Não utiliza 45 75,00

Igreja onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Arco-Íris 100 100,00

Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Tupã 52 86,67

X Tupã/Arco Íris 5 8,33

Arco-Íris 3 5,00

Confecções, calçados e armarinhos

onde obtém o serviço Frequência %

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Sim Não Tupã 57 95,00

X Ganha 2 3,33

Não utiliza 1 1,67

Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Arco Íris 10 16,67

X Tupã 7 11,67

Não utiliza 43 71,67

CCI, Praça, futebol, pescaria, rio (Arco Íris)

Baile, festas, clube, pesqueiro (Tupã)

Escola onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Arco Íris 17 28,33

X Tupã 3 5,00

Tupã/Arco Íris 1 1,67

Adamantina/Arco Íris 1 1,67

Osvaldo Cruz 1 1,67

Não utiliza 37 61,67

Tupã (ensino médio particular

e faculdade) Adamantina (faculdade)

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

A população das cidades de Mariápolis e Arco-Íris necessitam se deslocar

para outras localidades, principalmente para Adamantina e Tupã, cidades um

nível acima no que concerne às funcionalidades, para realizar suas atividades.

Os moradores de Mariápolis e Arco-Íris utilizam-se, na própria cidade, de

serviços e equipamentos urbanos públicos, como creche e ensino fundamental e

médio, assim como posto de saúde destinado aos atendimentos básicos de

saúde. No que se refere à aquisição de confecções e armarinhos, calçados e

alimentos, uma boa parcela dos entrevistados da cidade de Mariápolis procura

esses bens em outras localidades. Para a cidade de Arco Íris, os deslocamentos

intensificam-se ainda mais. Dos entrevistados em Arco Íris, nenhum adquire

confecções, calçados e armarinhos na cidade e, no que tange ao comércio

alimentar, apenas 8,33% declararam comprar os produtos concomitantemente

em tupã/Arco Íris, 5,00% os adquirem somente em Arco Íris e 86,67% para ter

acesso a esses bens individuais se deslocam para a cidade de Tupã.

Os que adquirem mercadorias no comércio local, fazem-no pelas

facilidades de pagamento, como, por exemplo, anotações em cadernetas, sem

comprovação de renda, sem emissão de cheque pré-datado, etc, entrelaçando-se

as relações de conhecimento e confiança com as relações econômicas. Essas

pessoas aceitam pagar um preço mais elevado pelas mercadorias, mas

conseguem obtê-las sem maiores dificuldades.

Notamos, ainda, que a população desloca-se para Adamantina e Tupã para

ter acesso a serviços de ensino privado, desde o nível fundamental ao superior,

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bem como os cursos profissionalizantes, de idiomas e de computação e

informática, dentre outros. E são naquelas localidades também que buscam os

serviços do poder judiciário, da previdência social, de um sistema bancário mais

diversificado, de médicos particulares e pronto atendimento de saúde mais

especializado e, finalmente, de comércio.

Quando a demanda de serviços de saúde em determinadas especialidades

não pode se atendida em Adamantina e Tupã, essa população recorre à cidade

de Presidente Prudente para Mariápolis e Marília para a cidade de Arco-Íris. Em

Presidente Prudente, além de serviços médicos, procura o comércio, educação e

em alguns órgãos públicos, como observamos na tabela três, que demonstra a

dependência da população de Mariápolis com relação a Presidente Prudente,

Marília e São Paulo. A dependência da população de Arco-Íris a esses bens e

serviços está mais relacionada com a cidade de Marília e São Paulo, tabela

quatro.

Tabela 3 Mariápolis

O entrevistado e as relações com Presidente Prudente, Marília e São Paulo - 2010 Relação com Presidente Prudente

SIM N. % NÃO N. %

79 79,00 21 21,00

Motivo Frequência %

Saúde 31 31,00

Passeio 21 21,00

Compras 10 10,00

Saúde/passeio 10 10,00

Saúde/compras 6 6,00

Não informou 1 1,00

Relação com Marília

SIM N. % NÃO N. %

81 81,00 19 19,00

Motivo Frequência %

Saúde 75 75,00

Passeio 5 5,00

Saúde/passeio 1 1,00

Relação com São Paulo

SIM N. % NÃO N. %

44 44,00 56 56,00

Motivo Frequência %

Passeio 32 32,00

Moradia 4 4,00

Trabalho 3 3,00

Saúde 3 3,00

Passeio/compras 1 1,00

Passeio/saúde 1 1,00

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 4 Arco-Íris

O entrevistado e as relações com Presidente Prudente, Marília e São Paulo - 2010 Relação com Presidente Prudente

SIM N. % NÃO N. %

7 11,67 53 83,33

Motivo Frequência %

Passeio 2 28,57

Médico 2 28,57

Trabalho 2 28,57

Presidio 1 14,28

Relação com Marília

SIM N. % NÃO N. %

51 85,00 91 15,00

Motivo Frequência %

Saúde 37 72,55

Lazer 5 9,80

Compras 1 1,96

Saúde/compras 1 1,96

Saúde/lazer 1 1,96

Saúde/lazer/compras 1 1,96

Trabalho 1 1,96

Relação com São Paulo

SIM N. % NÃO N. %

17 28,33 43 71,67

Motivo Frequência %

Passeio 10 58,82

Moradia 5 29,41

Trabalho 3 17,65

Compras 1 5,88

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Mesmo havendo uma diferença nas finalidades de deslocamento para as

três cidades, observamos nessa rede de relações que a amplitude dos papéis

exercidos pelas diferentes localidades têm relação com o tamanho demográfico

da população. Isso demonstra que as funções urbanas desempenhadas por cada

núcleo estruturam o espaço pela rede de cidades e possibilitam o

desenvolvimento de uma conceituação do ponto de vista qualitativo.

Como podemos observar a cidade de Mariápolis e Arco-Íris estão situadas

no limite inferior da complexidade urbana. As necessidades básicas são supridas,

como atendimento no posto de saúde, creche, igreja, produtos básicos de

alimentação e vestuário podendo ser pensadas pelos conteúdos de cidades

locais. Mas, também devemos ponderar que entre elas há uma diferenciação,

pois uma vez que bens e serviços encontrados em Mariápolis são mais

desenvolvidos em quantidade e qualidade, o percentual de utilização na própria

cidade se torna maior dos encontrados na localidade de Arco-Íris.

Nessa subtotalidade da rede urbana, os dados identificam a existência de

uma rede hierárquica, mas também da superposição e/ou justaposição da rede

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urbana, conforme estamos discutindo. E, nesse sentido, expressa os conteúdos

de cada localidade inserida no contexto.

Ainda no sentido de pensar os conteúdos desses aglomerados, Santos

(1996 [1993] p. 66), trabalhando com a questão da “autonomia” de M. Sorre,

aponta que “toda cidade dispõe de um fermento local de vida, própria a ela

mesma, independente de impulsões externas”.

Nessas localidades o fermento local de vida é a proximidade espacial, a

visibilidade dos processos sociais que mantém elementos para ações políticas

baseadas no assistencialismo e uma organização da vida comunitária própria

desses aglomerados. Ainda, acrescenta-se a esses fatores as relações que

envolvem a tríade rural/urbano/agrícola que as tornam cidades únicas e, mesmo

com interferência de outros referenciais urbanos impostos pelos meios de

comunicação, suas características não se dissolvem.

As dinâmicas urbanas estão intrinsecamente relacionadas com as

atividades que as deram origem, não no sentido de dependência estrita das

atividades primárias, mas, no sentido de uma relação indissociável da tríade

rural/urbano/agrícola (ROMA, 2008), características fundantes desses

aglomerados.

Em nosso recorte territorial de análise o café foi a atividade primária que

deu origem a essas localidades. Essa atividade que lhes deu impulso não faz

mais parte do contexto regional. Agora permanecem atividades ligadas à

produção camponesa e às atividades agrícolas baseadas na ciência, na técnica e

na informação, como a produção canavieira.

Ainda devemos ponderar que as cidades que estamos estudando não

podem ser chamadas de “pseudocidades”, pois para Santos (1982, p. 70) as

“pseudocidades” são aquelas que dependem de atividades primárias e mesmo

não primárias como as cidades industriais ou cidades religiosas, universitárias,

dentre outras, ou até mesmo existem “pseudocidades” em zonas industriais

sendo estas, também, chamadas de cidades-dormitórios. As “pseudocidades”

não possuem a complexidade mínima e interdependência entre as funções, fator

observado nas localidades estudadas.

Ojima, Silva e Pereira (2007), ao discutir o termo cidade-dormitório,

apontam que essas localidades são frutos da conurbação e da formação de

metrópoles que complexificam o processo de urbanização e, ainda, que o termo

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se vinculou à marginalização e periferização da pobreza, principalmente, nos

contextos metropolitanos, sendo na maioria das vezes empregado em um

sentido pejorativo. As principais características que envolvem o conteúdo dessas

cidades é que são essencialmente utilizadas como local de residência, as demais

atividades cotidianas e o trabalho são realizadas em outros municípios. Assim, os

movimentos pendulares são necessários para pensar as características dessas

cidades a partir de evidência comparativa, pois a pendularidade não é a única

associação a ser feita no termo cidade-dormitório. Os autores acrescentam que

com mais frequência o termo está associado às condições socioeconômicas, o

dinamismo econômico e à qualidade de vida dessas localidades.

Nas cidades que estamos analisando, além da função de reservatório de

mão de obra, a moradia se torna um elemento mantenedor da população nesses

espaços, indicando que a função residencial é uma característica. A vida de

relação existente entre esses aglomerados e as cidades com maior complexidade

funcional é intensa, revelando que os movimentos pendulares também são

marcantes. No entanto, as atividades cotidianas como acesso aos bens e serviços

para manter as necessidades inadiáveis da população são satisfeitas na própria

cidade. Observamos, ainda, que pelas condições socioeconômicas, pelo

dinamismo econômico e pelas condições de vida as cidades analisas também

poderiam ser entendidas enquanto cidades-dormitórios, pois como iremos

trabalhar nos capítulos posteriores as condições e o dinamismo econômico são

fatores que aferem as piores condições de vida da população.

No entanto, não corroboramos com o termo cidade-dormitório, pois as

características que elencam para pensar os conteúdos desses aglomerados são

estritamente econômicas. A função residencial, as relações de vizinhança, o

tempo distinto do da metrópole, as relações de conhecimento, a vida política não

são considerados, como se a realização da vida só se contemplasse nas relações

de trabalho e no dinamismo econômico. Contudo, não podemos nos referir a

espaços metropolitanos, mas, para nossa área de estudo as cidades, mesmo

apresentando a função residencial como elemento estruturante, elevados

movimentos pendulares, pouco dinamismo econômico, condições

socioeconômicas que afetam as condições de vida da população não são cidade-

dormitório, porque há a realização da vida além do trabalho e do dormir e há um

fermento de vida local.

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Carlos (2011, p. 64 e 65) realiza uma discussão sobre a produção do

espaço considerando as condições de vida da sociedade em sua multiplicidade de

aspectos, conforme podemos observar a seguir:

É assim que cada momento da história produz um espaço, supõe

as condições de vida da sociedade em sua multiplicidade de

aspectos. Pressupõe a superação do entendimento da produção do

espaço restrito ao plano do econômico, abrindo-se para a

compreensão da sociedade em seu movimento mais amplo, isto é,

o que engloba e supera o mundo do trabalho e da circulação das

mercadorias, apesar de considerar o momento atual como aquele

em que se criam novos setores de atividades como extensão das

atividades produtivas, criadoras de novos espaços. Por outro lado,

também aponta a produção do espaço em sua dimensão abstrata

de mercadoria.

Contraditoriamente, a sociedade revela outro momento, aquele

dos usos do espaço (objetivando a reprodução da vida) que a

prática espacial vai desvendando.

Observamos nas cidades analisadas que o ritmo de vida não expressa mais

as características dos lugarejos, mas, também, não é o metropolitano dotado de

um tempo mais rápido. No entanto, está baseado em uma dinâmica onde as

relações de vizinhança predominam, a identificação com o lugar, a casa própria

como elemento fundamental para a permanência dessas pessoas, a proximidade,

o conhecimento mútuo, as práticas políticas. Todos esses fatores nos demostram

que para além das funções urbanas econômicas existem outros determinantes

que fermentam essas localidades, mesmo que esse urbano seja, dialeticamente,

negado em alguns momentos.

Assim, a dimensão urbana dessas cidades em nenhum momento pode ser

comparado com de outras realidades urbanas. O urbano existente nesses

aglomerados se mescla entre um tempo lento, entre um modo de vida rural e

urbano que não pode ser desconsiderado somente porque suas funções não são

tão desenvolvidas como em outros lugares.

Beaujeu-Garnier e Chabot G. (1970 [1963]), apreendem a dimensão do

urbano, principalmente, pelas funções urbanas econômicas. Porém, ao descrever

as dinâmicas do modo de vida urbano, nos apresentam que:

El ciudadano vive codo a codo com sus semejantes; sigue el

mismo caminho y en el mismo momento que centenares de otros

hombres; su trabajo está regulado por horários hábiles que no

dependen de su voluntad; puede prever y calcular, ya que su

ganancia depende de otros hombres y no está sujeta a los

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caprichos de la naturaliza. Constituye uma de las minúsculas

ruedas de un enorme engranaje. (BEUAJEU-GARNIER E CHABOT,

1970 [1963] p. 414)

Na realidade que viemos pensando observamos que o modo de vida

urbano se processa, pois as pessoas vivem lado a lado, o trabalho está ritmado

por horários determinados por um modo organizacional próprio do urbano, não

estando mais ditado pela natureza e, podem prever e calcular seus ganhos

dependendo este de seu mercado consumidor. Assim, não é o modo

metropolitano de urbano, como frisamos, mas existe em suas práticas cotidianas

uma organização própria de um ritmo urbano.

Essas cidades correspondem a mais de 4.000 localidades no Brasil e,

mesmo que o contingente populacional e suas funções urbanas econômicas não

sejam tão expressivos, fazem parte do processo de urbanização brasileira e,

portanto, não considerá-las enquanto urbanas nos forçaria a concordar com a

obra de José Eli da Veiga, “Cidades Imaginárias: o Brasil é menos urbano do que

se calcula (2002)”.

Essas localidades se afirmam ainda mais como urbanas se utilizarmos do

trabalho de Endlich (2009). A autora nos diz que se trata de pensar as diversas

localidades da rede urbana de forma comparativa. Assim, ao compararmos as

cidades localizadas em nossa área de estudo, podemos claramente observar que

as cidades sub-regionais (Tupã, Dracena, Adamantina, Osvaldo Cruz e Lucélia)

se transformaram e se dinamizaram para além das necessidades vitais mínimas,

e que abaixo desse patamar estão os “lugarejos”, que na realidade que estamos

estudando adquiriram os conteúdos de cidade local.

Ressaltamos que analisar os conteúdos existentes nas cidades locais

somente pelas funções urbanas econômicas, sem considerar os elementos da

reprodução da vida em sua multiplicidade de aspectos ou somente ponderar

esses elementos na análise, não nos permitiria compreender os verdadeiros

nexos e conteúdos estruturantes desses espaços. Apreender o conteúdo dessas

cidades perpassa pelos dois vieses analíticos, sendo, assim, essa interação de

elementos nos possibilita entender os diferentes momentos da produção e

reprodução da vida, a divisão territorial e social do trabalho e, assim, como se

produzem as cidades e as redes.

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Contudo, classificar essas cidades enquanto cidade local, centros sub-

regionais e, sucessivamente, não traz em si elementos importantes para a

discussão, pois as classificações que tendem, somente, à hierarquização não

explicam os conteúdos e os nexos dessas realidades urbanas. Porém, entendê-

las enquanto local ou sub-regional pela leitura de conteúdo nos possibilita

entender os demais processos que são gerados no contexto, pois são as

características presentes em cada realidade que irá intensificar ou modificar os

processos socioespaciais.

Assim, o que caracteriza essas cidades é a relação e a mistura entre os

processos, exigindo que seus conteúdos sejam pensados num híbrido de relações

articuladas e complementares.

Uma das principais discussões em torno da questão do híbrido é do filósofo

Bruno Latour, que destaca a necessidade de pensar o híbrido entre natureza e

sociedade, e não somente coisas naturais e sociais, ou sujeito e objeto. Nessa

discussão aponta para a perspectiva da proliferação dos híbridos. E frisa

(LATOUR, 1994, p. 11):

O buraco de ozônio sobre nossas cabeças, a lei moral em nosso

coração e o texto autônomo podem, em separado, interessar a

nossos críticos. Mas se uma naveta fina houver interligado o céu, a

indústria, os textos, as almas e a lei moral, isto permanecerá

inaudito, indevido, inusitado.

O autor aponta que a discussão do “moderno” designa um conjunto de

práticas que são diferentes e que devem permanecer distintas, no entanto,

deixam de ser, pela proliferação dos híbridos. Assim, elenca dois conjuntos de

práticas, no primeiro, cria-se a mistura, ou seja, um híbrido de natureza e

cultura, já o segundo conjunto por “purificação”, pensaria duas zonas distintas,

humanos de um lado, e não-humanos de outro. Assim, a modernidade decorre

da criação conjunta dos elementos, mas separando o tratamento, enquanto os

híbridos continuam a multiplicar-se como consequência direta da separação. E,

acrescenta que “é essa dupla separação que precisamos reconstituir, entre o que

está acima e o que está em baixo, de um lado, entre os humanos e os não-

humanos, de outro” (LATOUR, 1994, p. 19).

Santos (2006 [1996]) realiza uma discussão enfatizando a questão sobre

“O Espaço Geográfico, um híbrido”. Sendo o espaço um resultado da

inseparabilidade entre sistemas de objetos e sistemas de ações, como pensá-lo a

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partir de conceitos puros e, nesse sentido, o autor trabalha com a noção de

forma-conteúdo que é, na geografia, o correlato à ideia de mistos ou híbridos.

Ao trabalhar com território usado, Maria Laura Silveira (2008) aponta que

esse é um quadro de vida que se caracteriza em um híbrido de materialidade e

de vida social. O território usado abriga ações passadas já cristalizadas em

objetos e normas e as ações presentes e, acrescenta, “no es um dualismo, no

son conceptos puros porque, de um momento histórico a outro, algunas

existencias permanecen, otras se transforman parcialmente, otras desaparecen”

(SILVEIRA, 2008, p. 04)

Também no que tange à discussão de híbrido, Pablo Ciccolella (2010),

trabalha com a ideia da cidade híbrida ou mestiça. Para esse autor entender a

cidade híbrida consiste em pensar a sobreposição de modelos de

desenvolvimento. Assim, o autor aponta que a globalização e os processos como

os de informação, novos centros econômicos, novos nexos financeiros, alterações

territoriais e novas paisagens e morfologias que transformam as metrópoles,

coexistem, ao mesmo tempo, com processos de resistência, permanências e

espaços de exclusão. Portanto, a cidade mestiça ou híbrida consiste em uma

realidade territorial marcada por crescente instabilidade entre tecido de redes e

lugares, fluxos e fixos, estruturas com tempo e velocidades diferentes, uma

mescla de ordem e caos e de cenários instáveis, conduzindo a cenários híbridos.

Assim, “quizás deberemos acostumbrarnos a estudiar a las ciudades como

resultado de processos sobreimpuestos violentamente sobre territorios

heredados: ciudades híbridas o mestizas” (CICCOLELLA, 2010, p. 11).

Como aponta Bruno Latour há uma proliferação dos híbridos, portanto,

emerge a necessidade de trabalharmos com a reconstituição das relações que

foram ou são pensadas separadamente. Nas discussões apresentadas, o

entendimento do híbrido está na relação sociedade e natureza, sujeito e objeto,

na inseparabilidade entre sistemas de objetos e sistemas de ações, tanto para o

espaço geográfico quanto para território usado, que para Santos e Silveira (2006

[2001]) são sinônimos e, na ideia de cidade híbrida.

Portanto, são discussões que nos remetem a pensar na inseparabilidade

dos elementos que constituem cada processo, como se imbricam, quais as

relações, a mistura, a síntese. Neste contexto, identificando que as mudanças

que se produzem sobre territórios herdados, que novos processos mesmo

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modificando os espaços, de maneira conflituosa e contraditório, mantém

estruturas passadas.

No contexto que viemos discutindo, apreendemos que processos como os

da difusão de novos modelos de informação e consumo, da interiorização da

urbanização e da reestruturação produtiva da agropecuária modificam os papéis

das cidades. Contudo, as cidades locais não deixaram de ser as cidades dos

notáveis, os notáveis que exerciam papel de destaque no contexto dos lugarejos,

continuam se mantendo. Esse fator pode ser exemplificado, observando o papel

político que o padre exerce nas eleições municipais, a disputa política gerada em

torno desse agente social é intensa e as aparições deste nos eventos eleitorais é

fundamental para fortalecer determinado candidato3.

Entretanto, há uma imbricação com a cidade econômica, pois se mantém

os notáveis e, ao mesmo tempo, se processa o fortalecimento dos agentes

característicos das cidades econômicas. Estes mesmo não residindo nas cidades

locais, mantém influência e prestígio, pois, a dinâmica regional, principalmente,

com a intensificação da atividade agroindustrial canavieira, está pautada nas

características da cidade econômica e, a cidade local inserida no contexto.

Assim, podemos falar de um híbrido entre a cidade dos notáveis e a cidade

econômica, e como iremos discutir em capítulos posteriores, neste mesmo

sentido, um híbrido entre as relações que envolvem a tríade

rural/urbano/agrícola.

Ao analisar as funções urbanas econômicas como fizemos até o momento,

observamos que as cidades locais, originárias dos “lugarejos”, são urbanas, mas,

devido à incipiência dessas funções, o limite entre o urbano e o não urbano se

processa intensamente, podendo negar a existência desse caráter, pois todo

urbano contém um não urbano. É nesse processo dialético que se estruturam

essas cidades, ou seja, num híbrido entre o caráter urbano e o não urbano.

Para Ciccolella (2010), com a justaposição de modelos de

desenvolvimento, o processo de hibridização revela uma série de atributos, ou

seja, uma exacerbação de contradições e contrastes, agravamento das

desigualdades sociais, econômicas e territoriais, seletividade territorial crescente

do capital e maior hibridação cultural. O referido autor efetua suas análises para

3 O padre no sermão religioso pediu para os fieis observarem os candidatos que

frequentava a igreja antes de decidirem em quem deveria governar a cidade, sendo que

um dos candidatos estava na igreja - o candidato eleito foi o que estava na igreja.

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contextos metropolitanos, mas o processo de globalização remodela as

estruturas preexistentes e modela um novo processo de urbanização. E como

podemos constatar estão presentes em nossa área de estudo através da

expansão do agronegócio globalizado, que efetua mudanças na região e cidades.

Portanto na sobreposição de divisões do trabalho que se apresenta o híbrido

entre as cidades dos notáveis e a cidade econômica, como no híbrido entre as

relações que envolvem a tríade rural/urbano/agrícola.

Ao nos debruçar sobre o híbrido existente entre o caráter urbano e não

urbano nos referimos ao limiar existente nos diferentes modelos organizacionais.

O caráter urbano das cidades locais se expressa na coalescência entre as funções

urbanas, mesmo sendo essas situadas no limite inferior da complexidade urbana,

suprem as necessidades básicas da população. Mas, também, o urbano se revela

ao apreender a produção do espaço numa multiplicidade de aspectos para além

do econômico. No entanto, pela incipiência das funções urbanas econômicas, o

limite entre urbano e não urbano se processa intensamente, e num processo

dialético, negam o caráter urbano. Assim, nesse limite, o não urbano se expressa

no modo de vida rural, na presença do agrícola, mas, também, no modo de vida

dos lugarejos, que não tão somente reflete a vida rural.

Nesse processo de afirmação e negação do caráter urbano, os elementos

nos permitiriam seguir um raciocínio para compreender esses aglomerados

enquanto não urbanos, sendo expressão do modo de vida rural e dos lugarejos,

ponto. No entanto, estaríamos negando o processo dialético existente no

contexto e, recusando-nos a pensar o urbano em outras dimensões. O híbrido

entre urbano e não urbano revela as relações entre as dimensões, a mistura dos

elementos e a síntese que nos demostrará que a vida de relações, intensificada

pelas incipientes funções urbanas reafirmando, ao mesmo tempo, o urbano pelas

práticas socieospaciais que são geradas a partir da vida de relações, sendo essas

práticas elemento da produção do espaço das cidades locais, compreendidas

enquanto cidades híbridas, melhor dizendo, cidades locais híbridas.

Todas as cidades são híbridas, o que tornaria uma redundância

caracterizá-las enquanto cidades locais híbridas. Contudo, destacamos que o

híbrido aqui não é apenas um adjetivo, mas, sim, um substantivo presente

nessas realidades urbanas.

Portanto, a conceituação de cidade local híbrida perpassa por dimensões

além das funções econômicas. Esse tipo de cidade pressupõe em sua

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estruturação um híbrido entre os diferentes elementos e é, nesse sentido, que

partimos das funções econômicas, mas demonstraremos nesta tese que, para

entender as especificidades dessas realidades urbanas, outras dimensões devem

ser contempladas.

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57

CAPÍTULO 2

RELAÇÕES ENTRE AGENTES

SOCIAIS/SUJEITOS E

VISIBILIDADE DOS

PROCESSOS

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Pensar nas relações entre os agentes sociais/sujeitos e a visibilidade dos

processos sociais, características dos conteúdos existentes nas cidades locais

híbridas, nos possibilitará melhor compreender as dinâmicas existentes entre a

dimensão material e política da pobreza e isso, como parte do próprio conteúdo

dessas localidades.

Assim, neste capítulo discutiremos a questão da pobreza estrutural, a

relação entre pobreza e circuito inferior da economia e as questões entre

assistência social e assistencialismo, como elementos estruturadores das

relações políticas. Demonstraremos, assim, que esses fatores são constitutivos

dessas realidades, reforçando a questão da pobreza em suas múltiplas

dimensões4.

Para tratar dessas questões utilizaremos da realidade socioespacial das

cidades de Pracinha, Flora Rica, São João do Pau ‘Alho e Mariápolis, pois dentre

as cidades da área de análise são as que expressam mais intensamente as

questões postas para o debate.

2.1. Pobreza enquanto problema social

A pobreza não é apenas uma categoria econômica, mas acima de tudo

política, que se apresenta como problema social (SANTOS, 1978). Nesse

sentido, destacamos a necessidade de pensarmos a pobreza material e política,

pois sendo a pobreza um problema social analisá-la somente pelo viés material

(econômico) não nos permite uma abordagem satisfatória sobre a questão, pois

é na inter-relação entre as questões materiais (econômicas) e políticas que se

abrange o problema social da pobreza.

Para Santos (2004 [2000], p.69), cada período histórico produziu um

determinado tipo de pobreza ou “três formas de dívida social”: uma pobreza

incluída, a marginalidade e a pobreza estrutural globalizada.

A pobreza incluída era vista como uma pobreza acidental, residual e como

um acidente natural ou social de base local. Assim, as soluções eram privadas,

assistencialistas e locais. Nesse momento o consumo ainda não era largamente

4 Frisamos que, ao refletirmos sobre pobreza e sua relação com o circuito inferior, não

nos deteremos neste capítulo às características desse circuito, ponto que será debatido

no capítulo quatro, ao tratarmos das relações interurbanas, pois circuito inferior e

superior são complementares e só podem ser entendidos em sua inter-relação.

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difundido, tornando a pobreza menos discriminatória (SANTOS, 2004 [2000],

p.70).

Em um segundo momento, a pobreza é vista como marginalidade, uma

doença da civilização, na qual o consumo se impõe sendo o centro das

explicações. Os pobres são chamados de marginais e o enfrentamento dos

problemas é dado pelo poder público (SANTOS, 2004 [2000] ,p.71).

No período atual, a pobreza é estrutural e globalizada. Trata-se de uma

pobreza diferente das duas anteriores, uma “pobreza pervasiva, generalizada,

permanente, global”, pois quem é pobre será pobre em todos os lugares. Nesse

processo presenciamos uma naturalização da pobreza, na qual “os pobres, isto é,

aqueles que são objetos da dívida social, foram já incluídos e, depois,

marginalizados, e acabam por ser o que hoje são, isto é, excluídos”. Na pobreza

estrutural globalizada, o desemprego se expande, a remuneração do emprego se

torna pior e o poder público se retira das tarefas de proteção social (SANTOS,

2004 [2000], p.72 e 73).

Maria Laura Silveira, analisando o circuito inferior, aponta a existência de

uma pobreza estrutural como produto da crescente racionalização da sociedade e

do território e esse processo de racionalização se globalizando também o faz

seus produtos, como a pobreza. “De ese modo, la división del trabajo nacida del

neoliberalismo ha sido productora de pobreza y deudas sociales”, e é com a

superposição da divisão do trabalho das grandes corporações baseadas em

técnica, ciência e informações e mecanismos financeiros que as formas de

trabalhar e os lugares se desvalorizam, “de allí los mecanismos de exclusión y

pobreza” (SILVEIRA, 2008, p. 1476).

Também no sentido de pensar as questões da pobreza no período atual,

Quijano (2004) aponta para os processos que conduzem e ordenam a

perspectiva atual da América Latina e como traço principal destaca a continuada

e crescente polarização social da população, e acrescenta que os processos em

curso incidem efeitos sobre os trabalhadores, lançando a maioria ao

desemprego, à precarização das condições de emprego, à fragmentação social

dos trabalhadores e de suas instituições representativas, e uma crise crescente

de sua identidade social. Desta forma, estruturando uma situação de

empobrecimento crescente, aumento proporcional de pobres e dos níveis de

pobreza são a tendência presente na situação da América Latina.

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Nesse sentido, Antunes (2006, p. 72) aponta que o desemprego e a

precarização das relações de trabalho aprofundam-se no início da década de

1970 através da reorganização produtiva em escala global, cujos contornos mais

evidentes foram o neoliberalismo, a privatização do Estado e a desmontagem do

setor produtivo estatal. Essas questões aprofundam a pobreza e as

desigualdades sociais devido à exclusão de grande parte dos trabalhadores do

processo produtivo, o desemprego. Nesse sentido “ser excluído do processo de

exploração do trabalho no capitalismo não se torna um privilégio, e sim um fator

de inserção em uma condição de privação e de pobreza...” (THOMAZ JUNIOR e

GONÇALVES, 2009, p. 130).

Esses fatores reforçam ainda mais as desigualdades sociais que no Brasil

são estruturais e têm sido característica histórica predominante, sendo

considerado como um dos países de maior concentração de renda e desigualdade

social, fatores fundamentais para entendermos o processo de exclusão social

(VIEIRA et. alli., 2010) e de pobreza.

Apesar da pobreza não poder ser tomada como sinônimo de exclusão

social, ambas mantém uma relação de proximidade, pois grande parcela dos

pobres também são excluídos. Nesse contexto, as desigualdades sociais se

aprofundam e os impactos da globalização sobre a economia urbana intensificam

ainda mais a relação entre circuito inferior e pobreza, acentuando a exclusão

social. A produção da pobreza urbana pode ser facilmente constatada na maior

parte das cidades brasileiras, não sendo uma exclusividade das metrópoles, mas,

também presente nas cidades pequenas.

Portanto, diante dos processos de globalização, naturalização da pobreza,

expansão do desemprego, da má remuneração, da precarização das relações de

trabalho, da fragmentação social dos trabalhadores, da polarização social e um

crescente empobrecimento da população, podemos dizer que a pobreza nos dias

atuais não é funcional ou um acaso, mas, sim, um processo estrutural, como

apontam os diversos autores acima mencionados.

Além de considerar os fatores de estruturação em escala global –

considerando que os processos apontados são globalizados – também devemos

ponderar os elementos do local.

No contexto das cidades locais híbridas, como discutimos no capítulo

anterior, tem-se aglomerados urbanos que atendem apenas às necessidades

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básicas de sua população, sendo essa uma característica que fôra, na década de

1980, utilizada para conceituar as cidades locais que estavam no limite inferior

da complexidade urbana, conforme descrito por Santos (1982). Nestes termos,

as cidades locais híbridas detêm funções urbanas mais simples e estabelecem

relações de dependência com outras cidades. Acoplado a este fator está a

prevalência do circuito inferior da economia. Em vista disto, vejamos como se

reproduz a relação entre pobreza e circuito inferior nessas localidades.

2.1.1. Pobreza e circuito inferior da economia urbana nas cidades

locais híbridas

No que se refere à pobreza e circuito inferior da economia, Santos (1978)

demonstra que a abordagem sobre a pobreza urbana deve ser considerada sobre

os efeitos da modernização, tanto em nível internacional como local, ou o

funcionamento da economia pobre com a economia moderna. Assim, para

entender a pobreza urbana é indispensável analisar a economia urbana não

como um sistema único, mas composto de dois subsistemas – circuito superior e

circuito inferior (SANTOS, 1978, p. 33). Nesse sentido, para as cidades locais

híbridas pensar a pobreza urbana através dos circuitos da economia urbana,

mais especificamente relacionar pobreza e circuito inferior, nos permite entender

a pobreza material que se processa nesses espaços.

Santos (1978, p.37) aponta que a pobreza urbana pensada através dos

dois subsistemas da economia urbana está relacionada com o consumo e que a

sociedade urbana é dividida entre os que têm acesso permanente às mercadorias

e serviços e aqueles que, com as mesmas necessidades, não estão em condições

de satisfazê-las.

Seguindo a linha de pensamento de Santos (1978 e 2004 [1979]) e de

Corrêa (1999), verificamos que uma das principais formas – mas não exclusiva –

de inserção das cidades pequenas na rede urbana é através da constituição do

circuito inferior da economia, destacando, porém, que essa constatação não

implica uma tipologia, segundo a qual a metrópole estaria ligada ao circuito

superior e as cidades pequenas ao circuito inferior. As cidades pequenas não se

inserem na rede urbana unicamente pelo circuito inferior, pois há elos que as

articulam também ao circuito superior, mesmo porque ambos compreendem uma

totalidade que não pode ser pensada apenas a partir de um deles.

Santos (1978, p. 34-35) explica que:

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O circuito superior emana diretamente da modernização

tecnológica, mais bem representado atualmente, nos monopólios,

não está ligado ao local ou regional, mas sim dentro da estrutura

de um país ou de países.

O circuito inferior é formado de atividades de pequena escala,

servindo, principalmente, à população pobre; ao contrário do que

ocorre no circuito superior, essas atividades são profundamente

implantadas dentro da cidade, usufruindo de um relacionamento

privilegiado com sua região.

É o que verificamos nas cidades locais híbridas do porte populacional que

vimos analisando. Nelas observamos a predominância maciça das atividades de

pequena escala (Quadro um, p. 39) característica do circuito inferior. Nesses

espaços o elo entre os dois circuitos da economia se processa nos nexos

financeiros e na possibilidade de compreensão do circuito da economia urbana

através das relações interurbanas, pois as atividades econômicas urbanas sendo

predominantemente do circuito inferior da economia faz com que seus

moradores dependam de outras cidades para o acesso a bens e serviços na rede

urbana.

No sentido de pensar os nexos financeiros entre os dois circuitos da

economia urbana, Silveira (2009, p 69) destaca que:

Os agentes do circuito inferior, que precisavam de liquidez,

tornavam-se uma clientela cativa e dependente, e o agiota era um

traço de união na economia urbana. As instituições financeiras

bancárias e não-bancárias passam a cumprir esse papel. Podemos

dizer que, hoje, o circuito superior reconhece a importância de

desburocratizar o crédito, para estender suas oportunidades de lucro e, assim, os requisitos exigidos são mínimos.

Ao dotar o território de técnica, ciência e informação, o meio-técnico-

científico-informacional intensifica a fluidez, reforçando a importância dos fluxos,

sobretudo da circulação de dinheiro, ainda mais na Região Concentrada - onde se

insere nossa área de pesquisa – que apresenta uma extrema divisão do trabalho

e uma relevante vida de relações (SANTOS E SILVEIRA, 2006 [2001]).

Ainda nesse sentido, Silveira (2009) acrescenta que as firmas comerciais,

se tornando financeiras, tem-se orientado em direção às camadas mais baixas,

aumentando o consumo, mas com menos oportunidade de produzir. Assim, o

consumo dos pobres passa a se realizar crescentemente no circuito superior e

“em consequência, aumenta a distância entre o circuito superior, portador de

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mais lucros e menos capacidade ociosa, e o circuito inferior, cada dia mais pobre

e endividado” (SILVEIRA, 2009, p.72).

Mesmo as cidades locais híbridas apresentando em sua estruturação a

predominância do circuito inferior, a relação entre os dois circuitos se perfaz. A

população residente nessas localidades tem acesso aos nexos financeiros e cada

vez mais o consumo é drenado para o circuito superior e superior marginal, já

que a vida de relações é intensa.

Sendo assim, Santos e Silveira (2006 [2001], p. 203) apontam para o

efeito do tamanho da população:

O efeito do tamanho tem importante papel na divisão interurbana

e também na divisão intra-urbana do trabalho; quanto maiores e

mais populosas as cidades, mais capazes são eles de abrigar uma

extensa gama de atividades e de conter uma lista maior de

profissões, estabelecendo, desse modo, um tecido de inter-

relações mais eficaz do ponto de vista econômico.

O tamanho populacional é um fator importante para que as funções

urbanas sejam destinadas apenas a suprir as necessidades básicas da população.

Nesse contexto, essas características não permitem que se desenvolva um

elevado número de empregos. Assim sendo, o desemprego torna-se uma

questão latente nesses espaços urbanos.

Em todas as cidades estudadas constatamos que a falta de oportunidade

de emprego é um dos principais problemas encontrados, conduzindo a uma

elevada pobreza material. Por exemplo, na cidade de Pracinha, dos entrevistados

que estão em idade ativa 36,92% declararam trabalhar e 44,61% não estão

trabalhando no momento, pela falta de oportunidades de emprego na cidade. Os

serviços e comércios presentes nessas localidades sendo em número (Quadro

um) e tamanho reduzidos, gera uma demanda limitada por mão de obra que, na

maioria das vezes, é suprida pelo trabalho familiar.

Além da falta de oportunidade de emprego, observamos que as profissões

dos entrevistados (Tabelas um, 13, 25, 37, 49, 51, 53 e 65) referentes às

ocupações dos entrevistados (em anexo), mantém uma predominância de

ocupações usualmente exercidas pelos segmentos sociais de menor poder

aquisitivo, pois são ocupações que comumente requerem baixo nível de

escolaridade, pouca qualificação profissional e, no geral, são mal remuneradas,

com destaque para as seguintes: diarista, boia-fria, empregada doméstica,

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pedreiro, trabalhador agrícola (cortador de cana-de-açúcar), dentre outras. As

profissões declaradas pelos entrevistados que se diferenciam das demais foram

de professor, funcionário público municipal e trabalhador agrícola como

maquinista, tratorista, etc.. Ainda nesse sentido, não foi constatado entre os

entrevistados ocupações que usualmente exigem maior qualificação e/ou

conferem remuneração mais elevada, como por exemplo, empresários,

advogados, magistrados, médicos, veterinários, engenheiros, dentre outros.

Podemos observar a renda familiar dos entrevistados das cidades de

Pracinha, Flora Rica, Mariápolis e São João do Pau D‘Alho, nos gráficos um, dois,

três e quatro.

Gráfico 1 Pracinha Renda familiar dos entrevistados - 2010

até 1 salário mínimo – 39%

mais de 1 até 2 sm – 38%

não informou – 15%

mais de 3 até 4 sm – 3%mais de 4 sm – 3% mais de 2 até 3 sm – 2%

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Gráfico 2

Flora Rica Renda familiar dos entrevistados – 2010

mais de 1 até 2 sm – 33%

até 1 salário mínimo – 26%

não informou – 24%

mais de 2 até 3 sm – 11%

mais de 3 até 4 sm – 5% mais de 4 sm – 1%

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Gráfico 3 Mariápolis

Renda familiar dos entrevistados - 2010

mais de 1 até 2 sm – 44%

até 1 salário mínimo – 22%

mais de 3 até 4 sm – 11%

mais de 2 até 3 sm – 10%

não informou – 7%

mais de 4 sm – 6%

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Gráfico 4 São João do Pau D’Alho

Renda familiar dos entrevistados - 2010

mais de 1 até 2 sm – 39%

até 1 salário mínimo – 23%

mais de 2 até 3 sm – 15%

não informou – 15%

mais de 3 até 4 sm – 5%mais de 4 sm – 3%

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Nas quatro cidades, no que tange à renda familiar dos entrevistados, a

maior ocorrência está na faixa de mais de um e até dois salários mínimos,

seguido dos que declararam renda familiar de até um salário mínimo. Assim,

podemos afirmar que a grande maioria dos entrevistados possuem baixa renda

(mais de 50% em todas as cidades); entre mais de dois salários mínimos até

três salários mínimos, observamos, em São João do Pau D’Alho 15%, Flora Rica

11%, Mariápolis 10% e na cidade de Pracinha, apenas 2%, estão nessa faixa de

renda familiar; entre mais de três até quatro salários mínimos, segue São João

do Pau D’Alho 5%, Mariápolis 11%, Flora Rica 5% e Pracinha 3% da renda dos

entrevistados; e mais de quatro salários mínimos, representa a menor

porcentagem de renda dos entrevistados sendo para São João do Pau D’Alho 3%,

Mariápolis 6%, Flora Rica 1% e Pracinha 3%. Portanto, podemos concluir que

temos uma população empobrecida.

Prosseguindo em nossas análises a fim de relacionarmos circuito inferior e

pobreza, devemos ponderar que a prevalência do circuito inferior em uma

economia urbana propicia a criação de riquezas, pois sua dinâmica é baseada no

trabalho intensivo ao invés de capital intensivo, fator que proporciona a geração

de empregos, diversificação das funções, mas, ainda, prevalece a perpetuação

da pobreza.

Silveira (2007, p. 19) ao trabalhar nessa questão, pondera que:

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O problema é imaginar que essa economia, que corresponde à

maioria da nação e do território, não cria riqueza, emprego nem é

produtiva. Na realidade, o circuito inferior e, tantas vezes, o

circuito superior marginal criam riqueza mais lentamente e, por

isso, menos desigualmente. Com menos capital cria-se mais

emprego.

Ainda nesse sentido, mas referindo-se ao mercado consumidor do circuito

inferior, Silveira (2004, p. 66) destaca:

A concentração de pobres na Cidade de São Paulo acaba tendo um

efeito positivo sobre os volumes produzidos e comercializados.

Cria-se um mercado que, apesar das demandas individuais

limitadas, constitui, pelo grande número de famílias, um efeito

ampliado.

Essa dinâmica é denominada economia da pobreza, pois esses não podem

consumir muito, mas são muitos (SILVEIRA, 2004). Portanto, observa-se uma

diferença clara entre a dinâmica do circuito inferior existente nas metrópoles,

como São Paulo, e o circuito inferior das cidades locais híbridas. Enquanto a

concentração de pobres na metrópole permite um efeito positivo sobre os

volumes produzidos e comercializados criando um mercado consumidor, nas

cidades locais híbridas mesmo o circuito inferior sendo o grande responsável pelo

movimento da economia urbana o seu mercado consumidor é restrito e limitado.

Assim, destacamos que o circuito inferior, no contexto das cidades locais

híbridas, é produtivo e responsável pela geração de emprego e renda,

possibilitando a sobrevivência, mas apresenta poucas condições de criar riqueza

e emprego pelo o pequeno número do seu mercado consumidor, influindo ainda

para manter a incipiência das funções urbanas existentes nessas localidades.

Esses fatores corroboram para que o desemprego, o trabalho mal

remunerado e a pobreza sejam questões latentes nesses espaços. Associado a

isto, para pensarmos uma relação concisa entre circuito inferior e pobreza,

devemos considerar também a localização desses aglomerados, a capacidade de

aquisição de bens e produtos e o desvio de oferta e demanda de bens e

produtos.

Assim, Santos (1985, p. 10) aponta que o lugar atribui aos elementos

constituintes do espaço um valor particular. Cada elemento do espaço – homens,

firmas, instituições, meio – adquire características próprias, mesmo estando

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subordinados ao movimento do todo. O autor destaca que fábricas com o mesmo

poder econômico e político apresentam diferenciações de resultados se

considerarmos suas localizações e, também, indivíduos dispondo da mesma

formação e virtualidades “não têm a mesma condição como produtores, como

consumidores e até mesmo como cidadãos” (SANTOS, 1985, p. 10) devido à

localização.

Assim, estar localizado em uma cidade local híbrida, no interior do estado

de São Paulo, é um fator preponderante no fortalecimento da pobreza urbana,

pois nesses espaços as empresas, fábricas e indivíduos não encontram as

mesmas condições como produtores, consumidores e cidadãos, intensificando

ainda mais o aumento do desemprego e uma diminuição do valor do trabalho.

O desemprego e a baixa remuneração interferem na capacidade de

aquisição dos bens e produtos que dependem da disponibilidade de recursos

econômicos, mas “também pela acessibilidade do bem ou do serviço

demandado” (SANTOS, 1985, p. 64).

Nas cidades locais híbridas, os repasses governamentais, como o Fundo

de Participação dos Municípios (FPM), por exemplo, são as principais fontes de

recursos disponíveis para o Poder Público local. O número de serviços e

equipamentos comerciais é reduzido, alta taxa de desemprego e baixa

remuneração também são características e os empregos públicos, em muitos

casos – principalmente aqueles que exigem maior qualificação –, são

preenchidos por pessoas residentes em outras localidades. Esses fatores nos

indicam que a capacidade de consumo de bens e serviços pela população esbarra

na disponibilidade financeira.

Outro fator relacionado ao acesso de bens e serviços se refere à

acessibilidade, pois sua demanda é suprida em sua grande maioria em cidades

maiores5. Assim, as pessoas necessitam deslocar-se esbarrando em horários de

ônibus, recursos financeiros para tarifa e tempo de deslocamento.

Desta forma, o acesso aos bens e serviços pela população das cidades

locais híbridas perpassa a disponibilidade de recursos financeiros, mas, também,

pela questão da acessibilidade.

5 As questões acerca dos deslocamentos e a questão da acessibilidade serão

discutidas com mais ênfase no capítulo três.

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Esses elementos reforçam ou são reforçados pela falta de oferta que acaba

por desviar a demanda, reduzindo as possibilidades de oferta. Esse fator se

intensifica dependendo das condições das estradas e dos transportes,

diminuindo, assim, a importância dos que se encontram abaixo na escala

funcional da rede urbana, e “os indivíduos mais pobres, isto é, os menos móveis

(ou mais imóveis), terão dificultado o seu acesso aos bens e serviços de nível

compatível com seu poder de compra” (SANTOS, 1985, p. 84).

Os estabelecimentos existentes nas cidades locais híbridas não dispõem de

uma elevada oferta de bens e serviços. A demanda é desviada ou suprida para

cidades sub-regionais ou médias. Este fator, por sua vez, reduz a oferta

existente nessas cidades devido à falta de demanda. Além disso, esse desvio de

demanda tende a elevar o preço dos produtos, reduzindo a clientela e, em pouco

tempo, esses estabelecimentos não estarão mais em condições de atender à

população local que buscará os bens e produtos em outros núcleos. Esse

processo é constatado em todas as cidades analisadas, sendo o caso mais

emblemático o da cidade de Flora Rica, onde apenas 10,53% dos entrevistados

declararam adquirir os produtos alimentícios na cidade e, no que tange à

aquisição de confecções, calçados e armarinhos, apenas 3,94% dos

entrevistados os adquirem exclusivamente em Flora Rica e 2,64% declaram

obterem esses produtos em Flora Rica e em outras localidades, fator atribuído

aos elevados preços e reduzida oferta dos produtos.

Santos (1985, p. 84), ao analisar os fatores indicados acima, aponta que:

Torna claro que as opções de organização espacial e urbana têm

relação direta com as tendências à redução ou ao aumento da

pobreza. Se as condições de organização da economia, da

sociedade e do espaço conduzem a agravar a pobreza, isto é, a

reduzir a participação dos trabalhadores urbanos e rurais no fruto

do seu trabalho, a organização do espaço e o perfil urbano

resultantes serão um fator suplementar de pobreza, isto é, farão

com que os pobres se tornem ainda mais pobres.

O autor acrescenta que a organização espacial tende a contribuir para o

aumento da pobreza e que a pobreza também é um fator na organização do

espaço, afinal, as “condições”, as “circunstâncias”, o meio histórico, que é

também meio geográfico, devem, paralelamente, ser considerados, pois “não

podem ser reduzidos à lógica universal”” (SANTOS, 2006, p. 125).

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Portanto, nessa organização espacial do ponto de vista econômico, as

“cidades pequenas se acham em uma posição incômoda. Algumas vegetam,

outras desaparecem, outras tantas resistem como sede de empresas sublocadas,

cidades dormitórios ou reservatórios de mão-de-obra” (SANTOS, 1980, p. 105).

No entanto, podemos dizer que esta estreita relação da cidade local

híbrida e circuito inferior da economia propicia a estruturação da pobreza, que se

processa nas incipientes funções urbanas, na precariedade dos serviços e

equipamentos urbanos, na questão do desemprego e da má remuneração, na

redução do valor do trabalho, na localização, no acesso aos bens e produtos e no

desvio de demanda. Portanto, as características presentes nas cidades locais

híbridas propiciam uma organização espacial que conduz a pobreza urbana.

Sendo que “pobreza e circuito inferior aparecem com relação de causa e efeito

inegáveis” (SANTOS, 2004 [1979], p. 196).

Devemos ressaltar que mesmo ocupando uma posição incômoda e

estruturando, pelos fatores apontados, a pobreza material, a permanência das

cidades locais híbridas se faz como reserva de mão de obra, mas também pela

questão da moradia e das relações familiares e de amizade. Nas cidades de São

João do Pau D`Alho, Pracinha, Mariápolis, Inúbia Paulista, Flora Rica e Arco-Íris

73,00%, 82,00%, 78,00%, 61,00%, 88,00% e 75,00% dos entrevistados,

respectivamente, declararam possuir casa própria, sendo este um dos fatores

que justificam a permanência nessas localidades. Além do mais, quando

perguntados se gostam de morar nas cidades, a grande maioria aponta que sim

e um dos principais fatores de permanência é a convivência entre as pessoas, as

relações de amizade e as relações familiares.

No entanto, para além da pobreza entendida em seus aspectos materiais,

há também a pobreza imaterial, que é o “outro lado da mesma moeda”, a

pobreza política (DEMO, 2003 [1986]). Corroboramos com Demo (2006) ao

destacar que a dimensão econômica da pobreza continua central e decisiva, mas

apontar a dimensão politica é essencial para compreensão da pobreza em seus

múltiplos aspectos.

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2.2. A pobreza política das cidades locais híbridas

Ao discutirmos a questão da pobreza política devemos pontuar que no

Brasil, por ser um país marcado por pobreza estrutural globalizada, há a extrema

necessidade de políticas públicas de distribuição de renda. Nos últimos 10 anos

as políticas públicas de assistência social têm promovido inúmeras mudanças

para que a distribuição de renda seja concretizada para além do assistencialismo,

assim, devemos frisar os avanços de combate à fome, considerando que “a fome

é a face mais cruel da desigualdade e da pobreza” (GRAZIANO DA SILVA, 2003,

p. 52), e também de autonomia, sendo este o principal objetivo das políticas

públicas, como destaca Silva (2003, p. 58):

A assistência social enquanto política pública reconhece o cidadão

como sujeito de direito e o Estado como instituição que tem o

dever de atendê-lo. Por seu turno, o Ministério da Assistência

Social exerce a função de articulação entre as políticas setoriais

básicas.

No entanto, Pedro Demo, que vem trabalhando com o tema da pobreza

política desde 1986, aponta que na primeira parte de 2006 sente-se provocado a

reescrever o texto sobre pobreza política, pois “assalta-nos a constatação de a

pobreza política, não mudou, substancialmente. A população continua “massa de

manobra” (...)” (DEMO, 2006, p. 01).

O que observamos em nossa área de estudo, após inúmeros trabalhos e

observações de campo, é que, mesmo após haver inúmeras mudanças, a política

de assistência social, em alguns aspectos, ainda continua se transformando em

assistencialismo com todos os seus desdobramentos.

No Brasil, a pobreza política se configura em assistencialismo e é

justamente a questão da política assistencialista atrelada ao compadrio e

favorecimento, que se reforçam pela visibilidade dos processos sociais e

proximidade espacial, vem se perpetuando nas cidades locais híbridas (Demo

(2003 [1986]). Assim, as características típicas desses aglomerados podem

propiciar a pobreza material, mas também reforçam cada vez mais a pobreza

política.

Como destaca Endlich (2006, p. 391):

(...) as diferenças entre as grandes e pequenas cidades não são

apenas referentes aos quilômetros quadrados que ocupam suas

edificações e nem somente quanto ao seu volume demográfico,

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mas estão nas relações e interações que existem no âmbito das

mesmas.

As dinâmicas próprias das cidades pequenas, neste contexto de cidades

locais híbridas - como as relações entre os agentes sociais/sujeitos e a

visibilidade dos processos - são as principais diferenças que devem ser

discutidas. Assim, torna-se possível compreender como a pobreza política se

perpetua, ou seja, mesmo alterando a conjuntura política não se altera a

ideologia assistencialista.

As ações dos agentes sociais/sujeitos são marcadas por características

reconhecidas como interioranas, típicas de um modo de vida de uma cidade

pequena entre as quais podemos citar, por exemplo, as relações de proximidade,

como as de compadrio, favorecimento e vizinhança. Sabemos, também, que nas

grandes e médias cidades, esses fatores estão presentes, mas, nas cidades locais

híbridas, isso pode ser vivido e percebido com mais força e visibilidade.

Para discutir as relações entre os agentes sociais/sujeitos, marcada por

proximidade, compadrio, favorecimento, torna-se fundamental analisar a

questão do coronelismo no Brasil e, também, nesse mesmo sentido, pensar o

patrimonialismo, pois constituíram estruturas que marcaram o processo de

formação socioespacial da sociedade brasileira, como observamos ao analisar a

obra de Vitor Leal Nunes – Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime

representativo, no Brasil, (1975 [1949]), o trabalho de Vilaça e Albuquerque –

Coronel, coronéis, (1988 [1965]), como, também, dentre outras, a obra de Faoro

– Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro (1984 [1959]).

Ao analisarmos as obras percebemos que as questões tratadas pelos autores,

após mais de meio século não estão desatualizadas, pois essas dinâmicas se

reproduzem nas cidades por nós estudadas, considerando as respectivas

mudanças de período e contexto.

Nunes (1975 [1949], p. 255) destaca que o fortalecimento do poder

público não tem sido acompanhado do enfraquecimento do “coronelismo”, mas

contribuído, ao contrário, para consolidar o sistema, pois:

garantindo aos condutores da máquina oficial do Estado quinhão

mais substancioso na barganha que o configura. Os próprios

instrumentos do poder constituído é que são utilizados,

paradoxalmente, para rejuvenescer, segundo linhas partidárias, o

poder privado residual dos “coronéis”(...).

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Também Vilaça e Albuquerque (1988 [1965], p. 25), analisando o

coronelismo, apontam para a institucionalização do sistema nas figuras do

prefeito, dentre outros, e destaca que esse chefe político – prefeito – tem muito

dos métodos, atitudes características coronelistas:

Assim, o coronel, por fôrça de seus poderes e domínios, torna-se

senhor também de povoados, de vilas; de cidades e de municípios.

Dono também de riquezas, de terras, de boiadas; dono até de

gentes. Essa situação como que se prolonga no tempo, por fôrça

do relativo imobilismo social e cultural e da rigidez da estrutura

econômica. E chega até nossos dias.

Nesse sentido, Davids (1968) ressalta que, ao procurar o coronel do café,

encontrou o coronel urbano. O coronel da cidade identificava-se com o coronel

do café, pois ambos utilizavam as mesmas formas de controle para manter a

dominação e o status quo, ou seja, mantendo uma relação de compadrio e

amizade, o coronel da cidade é aquele que dá o emprego, entre outras coisas.

Os autores realizaram suas análises nas décadas de 1940 e 1960, mas,

ainda hoje, é possível encontrar os coronéis da cidade, transformados, por

exemplo, em prefeitos que utilizam as benfeitorias públicas e as relações de

amizade e de compadrio para manter cativo seu eleitorado, fator presente nos

elementos que constituem a realidade das cidades locais híbridas, como

observados por nós6.

Entretanto, no que consiste o coronelismo, quais os elementos desse

sistema? Já de início nos parece interessante elencar dois elementos que,

segundo Nunes (1975 [1949]), favorecem a constituição e fortalecimento do

sistema coronelista. Para o autor, a fraqueza financeira dos municípios contribui

para manter o coronelismo na sua expressão governista e, acrescenta, que esse

6 Trabalhar com a questão do coronelismo, patrimonialismo, voto de cabresto e

todos os seus desdobramentos no contexto atual, envolve muitas questões legais, que

não teríamos condições de enfrentar neste trabalho, mas, também ultrapassaria os

objetivos deste que não se restringir somente a essa discussão. Nesse sentido,

ressaltamos que em alguns momentos do trabalho nos reservamos do direito de não citar

o local de ocorrência de alguns fatos – mas são nucleares das localidades apontadas no

início como necessárias para que pudéssemos desenvolver a discussão – importantes

para que possamos demostrar as práticas coronelistas, do voto de cabresto, mercadoria.

Assim, esses elementos são observações de campo registradas por nós em períodos

eleitorais, convivência com os agentes sociais/sujeitos das cidades analisadas, dentre

outros momentos do trabalho de campo.

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sistema tem seu habitat preferencialmente nos municípios rurais, ou

predominantemente rurais.

Em nossa área de estudo, a questão da pobreza material é muito latente e

são aglomerados marcados pela relação entre a tríade rural/urbano/agrícola.

Isso demonstra que os elementos constitutivos dessa realidade contribuem para

manutenção do sistema coronelista.

Para Nunes (1975 [1949]), o coronelismo é uma forma peculiar de

manifestação do poder privado que tem conseguido coexistir em um regime

político de base representativa. Por isso, o coronelismo é um compromisso, uma

troca de proveitos entre o poder público e os chefes locais.

Ao estudar a imprensa e o coronelismo, Melo (1995) destaca que a

contradição básica está na apropriação do Estado pela via do patrimonialismo e o

coronelismo se expressa no interior desse processo.

Nessa acepção, o patrimonialismo acoplado à questão do poder público,

indica que para estruturação do sistema é necessário que os recursos

econômicos e administrativos “dependam do poder soberano ou do poder

público, que atua por meio de concessões, subsídios e autorizações” (FAORO,

1993).

O coronelismo, ao se expressar no interior do patrimonialismo, reforça a

cooptação do poder público pelo privado, pois o patrimonialismo rege-se por uma

racionalidade de tipo material reforçando os compromissos de trocas e proveitos.

Essa troca de proveitos entre o poder público e o chefe local – prefeito – são

formas utilizadas para que possam se manter no poder. Assim, observamos que

os problemas são “resolvidos” nessas localidades de maneira parcial e pontual:

com doação de óculos, uma ambulância em casos “excepcionais”, resolve-se um

problema numa casa, dá-se um emprego e, ainda, essas relações podem ser

observadas quando os entrevistados apontam que alguns dos problemas

encontrados nas cidades são: a “parcialidade em concursos públicos”; “a política

do favorecimento para os que apoiam o prefeito”; “uma das vantagens de se

morar na cidade é a presença de ambulância”; “ser sobrinho do prefeito”, falas,

estas, que demonstram como a política do favorecimento faz parte do espaço

vivido dessas pessoas (ROMA, 2008). Pois, a utilização do dinheiro, dos serviços

e dos cargos públicos é um processo usual de ação partidária (NUNES, 1975

[1949]).

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Nesse processo há uma intencionalidade, qual seja: manter as

necessidades da população, ou seja, do eleitorado para que possa a todo o

momento estar “doando” benfeitorias e ao manterem o vínculo entre “doador” e

“receptor”, manter, ao mesmo tempo, o poder.

Assim, se processa a presença do mandonismo, o filhotismo, o

falseamento do voto, a desorganização dos serviços públicos locais. Tudo exige

um esforço que chega ao heroísmo fortalecendo a liderança municipal. Nesse

processo conseguem comandar um lote considerável de votos de cabresto, este

tipo de voto significa, no plano político, “a luta como o “coronel” e pelo “coronel”.

Aí estão os votos de cabresto” (NUNES, 1975 [1949], p. 25).

Esse sistema tem uma supremacia econômica, mas “adocicadas pelo

compadrio” (VILAÇA E ALBUQUERQUE, 1988 [1965], p. 30). O compadrio

prolonga a família dos coronéis.

Essa relação de amizade, de compadrio e a cooptação da Poder Público

para manutenção do poder se processa em assistencialismo com todos os seus

desdobramentos, e pode ser claramente observado na cidade de São João do

Pau D’Alho pela existência da pobreza material: 72,13% dos entrevistados

utiliza-se da assistência social oferecida pelo município e apenas 27,87%

declararam não utilizar-se desse serviço.

No entanto, os percentuais da assistência social empregada nessa cidade e

também nas demais, são transformados em números de votos, pois como

apontam os entrevistados: “o prefeito é tão bom que ele paga consulta particular

do bolso dele”; “o prefeito é um paizão, se a gente está necessitando ele dá

comida”.

Para Demo (2001, p. 10):

Cada vez mais fica claro que não é imaginável resolver a pobreza

sem a participação do pobre. Com efeito, uma política que

pretende reduzir os níveis quantitativos da pobreza, pode até

distribuir benefícios e minorar compensatoriamente a fome, mas

agrava a pobreza política, porque recria o esmolar, ou seja, aquele

que troca a comida pelo cabresto (CEPAL/PNUD/Unicef, 1984;

Silva Pinto, 1984; Carley & Bustelo, 1984).

Como se processa nessas localidades a questão da pobreza material, as

necessidades da população devem ser supridas por Políticas Públicas. No

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entanto, quando o prefeito paga consulta do “bolso”, se torna um “paizão” e dá

comida não estamos, somente, no âmbito da assistência social, mas, sim do

assistencialismo exacerbado, recriando o esmolar, a verdadeira troca de comida

pelo cabresto.

Segundo Maricato (1996, p. 14):

A formação calcada no favor constitui a negação da universalidade

dos direitos (embora previsto na ordem legal) ou a negação da

cidadania e da dignidade. Ela está na essência da confusão entre a

coisa pública e os negócios privados, na confusão entre governo e

Estado (pelas camadas pobres) submetido a relações pessoais.

No momento em que as pessoas passam a viver de favor, perdem seu

direito à cidadania, que seria condição, como diz Maricato (1996), para reforçar a

dignidade. Esse direito garante-lhes, segundo Costa (2001), o conjunto de

sistemas sociais básicos – o social, o econômico, o institucional, o territorial e o

das referências simbólicas. Esses “favores” fortalecem cada vez mais a figura do

“padrinho”, que protege e ajuda seus protegidos.

Vilaça e Albuquerque (1988 [1965], p. 40) afirmam que o voto de favor se

torna objeto de negócio indicando que o voto de cabresto passa para o voto

mercadoria:

Em fase mais recente, voto vale dinheiro. Origina-se, então, todo

um complexo mecanismo de mercado, em torno da mercadoria-

voto, de que não se ausenta enorme especulação que lhe

determina o preço.

O voto mercadoria7 nas cidades analisadas se processa pré-eleição e

estendem-se no mandato através dos favores, doações etc.

A política do assistencialismo, do apadrinhamento e do favor é tão forte e

personificada na figura do prefeito, ou seja, dos coronéis que, segundo

entrevistados: “tudo que precisa, seja ambulância, remédio é só ir falar com o

7 Como exemplo disso podemos citar um exemplo ocorrido na última eleição municipal,

quando um eleitor residente em outra localidade há mais de 10 anos, que ainda mantém

o título de eleitor em uma das cidades locais híbridas analisadas, não tinha candidato

para vereador e declarou que votaria em quem lhe desse alguma coisa. Um dos

candidatos, a vereador, lhe deu 25 litros de combustível e em troca recebeu seu voto,

vendido enquanto mercadoria. Essa dinâmica não é pontual, mas faz parte das práticas

políticas das cidades analisadas.

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prefeito que ele dá”. Essas relações estão enraizadas nas práticas políticas, não

sob um ponto de vista politizado, mas no sentido de dependência e, também, na

aquisição de vantagens pessoais e benefícios próprios.

Podemos afirmar esse fato, pois em uma das cidades estudadas, o

prefeito aponta que na sua gestão as questões de assistência social são tratadas

somente pela Secretaria de Assistência Social, ou seja, o prefeito, pessoalmente,

não atende mais estas solicitações. Justamente, nessa localidade, ao

perguntarmos aos entrevistados quais os problemas encontrados na cidade,

obtivemos as seguintes respostas: “o prefeito é muito ruim, ele não dá nada, não

atende a gente”; “bom nessa cidade é a primeira dama, ela sim tá trabalhando

bastante na assistência social, ajuda muito as pessoas da cidade”; “um dos

problemas da cidade é que a assistência social está cortando todo mundo, não dá

mais nada”.

Mesmo sendo a “primeira dama” quem, principalmente, atende a

população na assistência social, percebemos que está havendo, dentro dos

limites, uma política de assistência social que é criticada e vista como ruim pela

população. Assim, pobreza não pode ser definida apenas como carência material.

Se assim fosse, não teria causas sociais. “Talvez uma definição razoável seja

aquela que atende como expressão do acesso às vantagens sociais” (DEMO,

2001, p. 13).

Destacamos, novamente, que essas características também são percebidas

em cidades com nível populacional mais elevado, como, por exemplo, Osvaldo

Cruz-SP (ROMA, 2008), mas de forma mais indireta que nas cidades locais

híbridas, o que demonstra como as relações entre os agentes sociais modificam-

se dependendo do contexto e da escala a que estamos nos referindo. Assim,

quanto menor o contingente populacional de uma cidade, maior a visibilidade e a

ocorrência dos processos de apadrinhamento e favorecimento por parte dos

agentes sociais. É por isto que a realidade dessas localidades é calcada no favor.

As políticas públicas, tanto de assistência social, como até mesmo de saúde,

cultura dentre outras, que são destinadas a suprir as necessidades da população

passam a ser colocadas como favor.

A questão da visibilidade dos processos sociais, que tem sua base na

proximidade espacial, é mais um elemento das dinâmicas apresentadas. A

visibilidade dos processos sociais é tão marcante que quase todos os moradores

da cidade sabem o que ocorre com cada individuo, ou seja, as doenças,

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necessidades, festas, nascimentos, dentre tantos outros elementos. Em cada

casa, nas praças, nos bares, em cada conversa, os problemas individuais são

discutidos na escala da cidade.

Em Roma (2008) realizamos uma discussão sobre visibilidade dos

processos sociais nas cidades de Mariápolis e Osvaldo Cruz para pensar a

questão subjetiva da segregação socioespacial. A visibilidade sendo um elemento

constitutivo da realidade de cidades pequenas permeia outros processos, como

fortalecer a dimensão imaterial da pobreza – a pobreza política. O contingente

populacional que nos permite destacar o conhecimento mútuo imputa os

movimentos por mudança, pois os sujeitos podem ficar “marcados” por toda uma

população como aqueles que estão contra o prefeito, ou seria melhor coronéis, e

poderiam de certa maneira deixar de receber os favores que são “doados”.

Assim, como em Roma (2008), destacamos que este ponto se reveste de

extrema relevância. O sentimento de superioridade ou distinção social, de

conhecimento dos problemas individuais, das trocas de favores estende-se

praticamente por toda a cidade, pois o grau de proximidade e conhecimento

entre as pessoas é maior que em outras realidades urbanas, deixando claro quais

são as regras do jogo.

Podemos dizer que a pobreza no Brasil, como destacado por Santos (2004

[2000]), deixa de ser uma pobreza incluída - nas quais as soluções eram

privadas, assistencialistas e locais – e passa para uma pobreza estrutural

globalizada. No entanto, as soluções para a pobreza estrutural globalizada nas

cidades locais híbridas são típicas de um momento anterior, no qual se destaca

as soluções privadas e assistencialistas, demonstrando que em boa parte das

cidades ainda perdura as questões pessoais que estão no limite entre assistência

social e assistencialismo – leia-se assistencialismo como favorecimento e

compadrio.

Pensamos que as soluções privadas e assistencialistas que se perpetuam e

são bases para a estruturação da pobreza política não podem ser consideradas

enquanto incluída e menos discriminatórias, mas, sim, fortalecedora dos

processos que excluem o fator cidadania. Considerando, como já destacado, que

a formação caldada no favor nega a cidadania e a dignidade (MARICATO, 1996).

A pobreza é sempre humilhação, degradação, subserviência e não

somente fome e coisa parecida. Assim, dentro das possibilidades dadas deve-se

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constituir a autonomia relativa enquanto sujeito (Demo, 2006). Acrescenta-se:

sujeito de direitos.

Como sublinhado por Demo (2006, p. 17), no período atual “o pobre

continua marginalizado, mas sente-se incluído porque recebe alguns benefícios

residuais”, pois essas são artimanhas pretensamente inclusivas, mas que inclui

na margem. Assim, podemos dizer que as soluções dos problemas com base no

assistencialismo e no favor não constituem uma verdadeira cidadania, dignidade

e autonomia já que inclui na margem e são formas constitutivas de manutenção

do poder.

A pobreza política deve ser entendida em sua complexidade, pois segundo

Demo (2006, p. 26) a pobreza política não é outra pobreza:

mas o mesmo fenômeno considerado em sua complexidade não

linear. A realidade social não se restringe à sua face empírica

mensurável, mas inclui outras dimensões metodologicamente mais

difíceis de reconstruir, mas, nem por isso, menos relevante a vida

das sociedades e pessoas. Estamos habituados a ver pobreza

como carência material, no plano do ter: é pobre quem não tem

renda, emprego, habitação, alimentos etc. Essa dimensão é crucial

e não poderia, em momento algum, ser secundarizada. Mas a

dinâmica da pobreza não se restringe a escala material do ter.

Avança na esfera do ser e, possivelmente, alcança aí intensidades

ainda mais comprometedoras.

Podemos dizer que nas cidades locais híbridas, situadas no nível inferior da

complexidade urbana, as duas faces da pobreza: a material – relacionada,

principalmente ao desemprego e má remuneração – e a política – ligada ao

assistencialismo e política de favorecimento – se reforçam mutuamente,

constituindo elementos estruturantes de uma pobreza excludente, que é

estrutural e globalizada.

Portanto, a cidade local híbrida, que está no limite inferior da

complexidade urbana, desenvolve apenas as funções econômicas do circuito

inferior que se associa a pobreza material e, devido às relações entre os agentes

sociais/sujeitos e a visibilidade dos processos, também incorpora uma pobreza

política. Assim, os elementos dessa realidade urbana propiciam a constituição de

um circuito de pobreza urbana.

Nesse contexto que defendemos a constituição de um circuito de pobreza

urbana, considerando que ele possui um caráter cumulativo e multidimensional,

e essa multidimensionalidade perpassa por dois vieses que se articulam e se

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complementam na realidade das cidades locais híbridas. O primeiro diz respeito à

entrada da cana-de-açúcar e os impactos gerados nestas cidades, e o segundo

se relaciona ao processo de segregação socioespacial interurbana, justamente

pelo híbrido existente entre o caráter urbano e não urbano.

A articulação desses dois vieses nos coloca o desafio de revelar a

constituição de um circuito de pobreza (pobreza material, política e simbólica)

que, em sua dimensão urbana, promove a segregação socioespacial interurbana

(ROMA, 2008) e, para “além” do urbano, o outro lado da expansão da cana-de-

açúcar, que é a cidade da exclusão social.

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CAPÍTULO 3

CIDADES LOCAIS HÍBRIDAS E A

SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL

INTERURBANA

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Nesse capítulo defenderemos que, devido o contexto social das cidades

locais híbridas, a análise da segregação socioespacial exige uma imbricação

escalar entre o espaço intra-urbano e as relações interurbanas, pois as

incipientes funções urbanas, dialeticamente, acabam por negar o urbano e nesse

processo se estrutura um híbrido entre o urbano e não urbano. Dessa forma, a

possibilidade da apreensão da segregação socioespacial interurbana.

Na presente discussão o conceito de segregação socioespacial é utilizado

para explicar processos decorrentes da urbanização, referentes à separação

entre diferentes segmentos sociais nas cidades locais híbridas e o acesso aos

meios de consumo coletivo e individuais.

No entanto, não objetivamos delimitar os processos segregativos

existentes no espaço intra-urbano das cidades analisadas. Nosso foco de análise

não é indicar a existência/ausência da segregação socioespacial no espaço intra-

urbano, mesmo que esse fator possa evidenciar-se no decorrer do trabalho.

Contudo, utilizaremos dos referenciais conceituais existentes na literatura

referente à segregação socioespacial para pensarmos o processo na escala

interurbana.

Pois, se a segregação socioespacial, fruto das contradições sociais, é

estruturada a partir da urbanização, processo que transcende os limites da

cidade por que, então, restringir sua análise ao espaço intra-urbano?

Da mesma forma que o processo de urbanização não está restrito às

cidades, entendemos que, a partir da justaposição ou superposição de relações

interurbanas, no bojo da globalização, o processo de segregação socioespacial,

expressão do aprofundamento das desigualdades socioespaciais levadas em seus

limites, não deve ser apreendido somente na escala intra-urbana, mas também a

partir das relações interurbanas.

Como nos capítulos posteriores aprofundaremos nossas análises a partir

da realidade empírica de três cidades, dentre elas Mariápolis, Pracinha e Flora

Rica, porém, os dados das demais cidades, que encontram-se em anexo,

também nos subsidia para pensarmos o processo analisado.

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3.1. Apontamentos sobre os meios de consumo coletivo e a segregação

socioespacial

De princípio, pensamos ser necessário pontuar objetivamente o que

compreendemos por meios de consumo coletivo. Eles podem ser divididos entre

os de consumo coletivo e os de consumo individual. Lojkine (1997 [1981], p.

154, 155 e 156) afirma que eles refletem a organização do processo de consumo

e aponta três características para distingui-los uns dos outros:

a) O valor de uso dos primeiros é coletivo, no sentido em que se

dirige não há uma necessidade particular de um indivíduo, mas a

uma necessidade social que só pode ser satisfeita coletivamente:

por exemplo, os transportes coletivos de passageiros, a assistência

hospitalar ou o ensino escolar são valores de uso coletivos no

sentido em que se dirigem ao consumo de uma coletividade social

e-ou territorial (estratos sociais definidos por sua renda, e ainda,

classes sociais cujo modo de consumo está ligado ao lugar no

processo de produção e reprodução do capital).

b) Dificuldade de inserir os meios de consumo coletivos no setor

das mercadorias aparece com a própria duração de seu consumo

(...)

c) Valores complexos de uso (dificilmente divisíveis) duráveis,

imóveis, os meios de consumo coletivos têm enfim a característica

de não possuir valores de uso que não se coagulem em produtos

materiais separados, exteriores às atividades que os produziram.

E o autor (1997 [1981], p. 156) acrescenta:

Enquanto, por exemplo, num meio de subsistência o valor de uso

se cristaliza no próprio objeto material (alimentos, roupas...), no

meio de consumo coletivo há dissociação entre o valor de uso

material ou imaterial dos meios de consumo coletivos (serviços) e

os objetos-suportes das atividades dos prestadores de serviços (de

saúde, de educação, etc.).

É o que explica justamente o caráter difuso, pouco divisível,

desses valores de uso não materializados, não coagulados em

objetos materiais particulares.

Os meios de consumo coletivo se materializam em equipamentos,

infraestruturas e serviços. O primeiro, objeto material, seria a produção dos

suportes das atividades, ou seja, os prédios (equipamentos), e o segundo, o

valor de uso imaterial, seriam os serviços prestados. Na teoria do bem coletivo

oposto ao bem individual, os bens coletivos seriam comuns a todos e ninguém

poderia ser excluído. Entretanto, isso se torna uma ideologia do bem “coletivo”,

devido sua desigual distribuição social geradora da segregação social e espacial

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(LOJKINE, 1997 [1981]).

Quanto aos meios de consumo individuais, sejam eles objetos materiais

(salsichas) ou serviços (aulas)8, a possibilidade de obtê-los está diretamente

relacionada ao poder de compra e à satisfação pessoal de cada cidadão.

A análise da segregação socioespacial relacionada aos meios de consumo

permite-nos entender as relações contraditórias entre a cidade (todo) e os

bairros (as partes), pois revela a desigual distribuição dos meios e as condições

de vida que estão inseridas parcelas da população.

Ao trabalhar com a questão da segregação social e espacial, Lojkine (1997

[1981], p.244-245) destaca três tipos de segregação: a primeira no nível da

habitação; a segunda no nível dos equipamentos coletivos (creches, escolas,

equipamentos esportivos, sociais, etc.); e a terceira segregação no nível do

transporte domicílio-trabalho.

Nesse sentido, o autor (1997 [1981]) correlaciona as dinâmicas

segregativas à distribuição socioespacial dos meios de consumo coletivo na

escala intra-urbana como na escala interurbana, pois a existência dos meios

define a localização das unidades destinadas ao desenvolvimento do capital e da

força de trabalho.

Nessa linha de raciocínio podemos entender uma das questões

relacionadas à permanência das cidades locais híbridas, ou seja, sua existência

se dá em parte pela presença de meios de consumo coletivo necessários a

reprodução da força de trabalho e capital, ao mesmo tempo, a presença desses

meios se dá para manutenção dessa reprodução, assim, tornando as cidades

locais híbridas reservatório de mão de obra.

A produção e manutenção dos meios de consumo coletivo correlacionados

à segregação socioespacial tem no poder público um importante agente social.

Nessa perspectiva, Lojkine (1997 [1981], p. 193) apresenta três principais

intervenções estatais: o controle da localização das atividades industriais e

terciárias (e também de seus meios diretos ou indiretos de incitação); o controle

da localização dos diferentes tipos de habitação; a localização dos meios de

consumo coletivo e, destaca, o Estado como principal agente de distribuição

social e espacial dos equipamentos urbanos para diferentes classes. Assim, o

Estado monopolista reflete negativamente as contradições e as lutas de classes

geradas pela segregação social.

8 Os exemplos arrolados são os mesmos utilizados por Lojkine (1997 [1981], p. 131).

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No mesmo sentido de analisar as intervenções estatais na produção do

espaço, Rodrigues (2008) afirma que a presença e a aparente ausência do

Estado aprofundam as contradições inerentes ao modo de produção capitalista.

No que tange à presença, dentre outras dinâmicas, destaca-se à implantação de

infraestrutura e equipamentos de uso coletivo e ao não promover o acesso

universal a esses o Estado parece ausente.

O Estado atua de forma heterogênea no espaço urbano e esse tipo de ação

acentua a apropriação diferenciada das vantagens e desvantagens locacionais. O

maior ou menor preço dos lotes está diretamente ligado à localização que, por

conter vantagens ou desvantagens locacionais, passam a exercer forte influência

no preço do solo “criando uma hierarquia intra-urbana de áreas mais ou menos

valorizadas” (MELAZZO, 1993).

Nesse sentido, Villaça (2001) aponta que a produção da segregação

socioespacial, qualificada por ele como espacial, é resultado da luta de classes,

que estrutura as desigualdades expressas no espaço urbano, devido à

apropriação diferenciada das vantagens e desvantagens que se distribuem na

cidade.

Nessa dinâmica, além do Poder Público, os promotores imobiliários, são

importantes agentes sociais segregadores e no nível econômico da produção do

espaço as ações dos promotores imobiliários, do sistema financeiro e da gestão

pública às vezes de modo conflitante, em outras, convergente, orientam e

organizam o processo de reprodução espacial através da divisão socioespacial do

trabalho, promovendo especializações de áreas, hierarquizando lugares e

fragmentando os espaços (CARLOS, 2008).

Portanto, nessa sociedade baseada na propriedade privada marcada por

processos segregativos a produção da cidade é pensada pela lógica do processo

de valorização (CARLOS, 2006). Essa lógica da mercadoria e da valorização,

promove no espaço urbano vantagens locacionais e acesso desigual aos meios de

consumo coletivo.

A análise dos meios de consumo coletivo é uma das dimensões que nos

permite entender o processo de segregação socioespacial, pois através do acesso

aos espaços, às infraestruturas e serviços urbanos é possível apreender como a

cidade se apresenta de modo extremamente desigual e quais são os resultados

dessa ausência/presença e/ou qualidade/quantidade dos meios de consumo

coletivo nas condições de vida urbana.

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E como indicamos em Roma (2008, p. 56):

No que concerne à urbanização, em que as diferenciações

socioespaciais estão cada vez mais acentuadas, o que se observa

hoje é a constituição de processos segregativos retalhando as

cidades e constituindo enclaves de riqueza e de pobreza, que

independem da vontade das pessoas, mas que se fortalecem por

meio de decisões, ações e práticas por uma parcela da sociedade

que luta por manter a separação social.

As desigualdades sociais acentuam as diferenciações socioespaciais. Por

sua vez, a diferenciação reforça a manutenção das desigualdades sociais. Nesse

processo:

a segregação socioespacial de parcelas da sociedade é expressa no

espaço urbano pela forma como ele se estrutura e como nele se

distribuem os diferentes usos do solo e o resultado disso é “a

implantação na paisagem geográfica do capitalismo de todo tipo de

divisão de classe, de gênero, e de outras divisões” (HARVEY,

2004) (ROMA, 2008, p. 37).

Nesse espaço geográfico baseado em divisões o processo de segregação

não é uma simples consequência, mas está na base do capitalismo, que se apoia

no desenvolvimento dos empreendimentos imobiliários, nos quais encontrou

possibilidades para fortalecer o regime jurídico da propriedade privada,

melhorando as condições para os negócios particulares (SABATINI, 2001). Por

causa disto, concordamos com Carlos (2006, p. 48) quando afirma que o desafio

para a construção do conceito de segregação deve se deslocar da constatação

prática para a análise do “conteúdo do processo histórico que a produz como

condição de realização da reprodução social fundada na propriedade privada (e

sua extensão)”.

Nesse sentido, o espaço urbano incorpora o universo da reprodução,

funcionalizando a cidade e, desta forma, o acesso à moradia e demais

equipamentos e serviços passa pela compra e venda, e as necessidades do

mercado se impõem sobre a vida humana, capturando-a (CARLOS, 2006).

Assim, na lógica fundada na propriedade privada, o processo de produção

dos espaços incorpora vantagens locacionais, resultando na diferenciação social e

espacial que intensifica os conflitos sociais. Os espaços perdem seu valor de uso

e se constituem, sobretudo, em valor de troca. O uso é submetido às trocas

relacionadas ao mundo da mercadoria, materializando-se, assim, a dissolução

das relações sociais (LEFÈBVRE, 1969).

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Desta forma, a produção da segregação esfacela a cidade produzida

enquanto lugar da vida, para a cidade reproduzida pela lógica do processo de

valorização. No “momento em que o uso vira troca”, a sociedade baseada na

propriedade constrói uma cidade de “acessos desiguais aos lugares de realização

da vida numa sociedade de classes onde os homens se situam dentro dela e no

espaço de forma diferencial e desigual” (CARLOS, 2006, p. 49).

Nessa perspectiva, a cidade vista enquanto local de moradia, lazer, trocas

de experiências, amizade, convivência, conflitos é deixada em segundo plano,

pois as funções econômicas e o mundo da mercadoria é o que constrói e

caracteriza a cidade das trocas. Assim, concordando com Carlos (2006), uma

sociedade que sustenta na propriedade privada sua principal forma de

reprodução social, mantém na estruturação de seus espaços um acesso desigual

aos lugares que resulta na diferenciação, afastamento e isolamento entre

moradores e frequentadores de diferentes áreas da cidade.

Esse processo de diferenciação, afastamento e isolamento foi analisado

originalmente segundo o modelo centro-periferia. No entanto, os espaços

periféricos na cidade brasileira contemporânea contêm uma maior pluralidade de

contextos e práticas socioepaciais e, conceitualmente, não cabe mais a simples

adoção da noção ou conceito de periferia para fazer referência a uma realidade

urbana, pois esses espaços se diversificam cada vez mais (SPOSITO, 2007).

Em Roma (2008, p. 40) destaca-se que a separação socioespacial

repercute de diversas formas nos diferentes segmentos sociais e em diferentes

espaços e tempos:

Dinâmicas segregativas causam uma tensão entre a distância

social e a distância espacial, considerando-se que há distinção

entre elas, pois pode haver a primeira e não haver a segunda. Os

condomínios e loteamentos fechados, de um lado, e os

loteamentos populares, regulares ou não, mais os conjuntos

habitacionais e favelas, de outro estão, ao mesmo tempo,

separados espacial e socialmente, evidenciando em seus “muros”,

cada vez mais, a tensão entre os segmentos sociais.

Nesse sentido, a segregação como estratégia de classe e de poder separa

e implode a cidade enquanto sociabilidade. Segundo Carlos (2006, p. 56), “a

segregação tem um sentido estratégico: a separação das práticas socioespaciais

na cidade, visando à reprodução social que ao delimitar um lugar para cada um

escamoteia o conflito.”

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Essa escamoteação do conflito que é gerado pelo processo de segregação

socioespacial apresenta-se ““dissolvido” no tecido urbano, por meio de uma

diferenciação tida como natural” (PEREIRA, 2006, p. 130). Também na

perspectiva de naturalização dos processos socioespaciais excludentes, Vieira

(2009, p. 16), analisando a realidade de cidades médias, destaca que:

a separação espacial entre ricos e pobres é banal, uma vez que a

definição do “lugar de cada um” é fetichizada por meio das

possibilidades de escolha e do poder de compra. Assim, torna-se

banal que os ricos morem em locais com as melhores condições de

vida e com as melhores infra-estruturas públicas e privadas,

geralmente na “cidade legal”. Por sua vez, torna-se natural que os

pobres morem naqueles locais que lhes restam, com as piores

condições e infra-estrutura precária e, em alguns casos, na “cidade

ilegal”.

Pensamos que esse processo não seja exclusivo de cidades médias, mas

presentes na sociedade contemporânea. É nesse sentido que a proximidade

espacial – não social – entre os diferentes evidencia os conflitos sociais, mas ao

mesmo tempo, a distância social mantida através dos muros, guaritas e

shopping centers que revela a cidade enquanto segregação socieospacial

possibilita escamotear e naturalizar os conflitos.

Ainda nesse sentido, Lefèbvre (1969, p. 124) afirma que:

A separação e a segregação rompem a relação. Constituem, por si

só, uma ordem totalitária, que tem por objetivo estratégico

quebrar a totalidade concreta, espedaçar o urbano. A segregação

complica e destrói a complexidade.

A segregação divide o espaço urbano, rompendo as relações entre áreas,

separando os segmentos da sociedade e dificultando a convivência entre as

diferenças. Ainda, conforme aponta Lefèbvre (1969), o rompimento das relações,

que pode ser espacial, social ou cultural, é determinado por objetivos

estratégicos ou ações previamente definidas por agentes sociais que, na maioria

das vezes, promovem os conflitos sociais na estruturação do espaço urbano.

No processo de urbanização a segregação socioespacial é um produto da

lógica de produção do espaço urbano sob o capitalismo, segundo a qual o solo

urbano é uma mercadoria, o que resulta num acesso diferenciado ao espaço a

partir da desigual distribuição de renda, acirrando as desigualdades e os conflitos

sociais. Isto transforma a cidade, que deveria ser o espaço dos encontros, em

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espaço que se torna apenas lugar de passagem, sem a possibilidade de

encontros entre os diferentes (ROMA, 2008).

Ainda no sentido de apreensão do processo de segregação socioespacial

podemos perceber sua efetivação em outras dimensões como de maneira

voluntária ou involuntária ou no processo de auto-segregação9.

Como também, através da dimensão subjetiva, nesse sentido, Sabatine,

Cáceres e Cerda (2004, p. 63 e 64) demostram a importância da dimensão

subjetiva no processo de segregação socioespacial e frisam que essa dimensão

nos possibilita entender os aspectos mais negativos da segregação, tais como, a

desintegração social e o sentimento de marginalidade. O sentimento de não

pertencimento à cidade se insere nos aspectos subjetivos que permitem

entender como as pessoas se sentem em relação aos espaços da cidade e como

percebem os diferentes espaços.

Essa forma de apreender e analisar a segregação nos permite destacar os

extremos e visualizar claramente o rompimento das relações. No entanto,

Prèteceille (2003 e 2004) defende que a tese da dualização dos espaços que

destaca exemplos contrastantes não possibilita uma visão de conjunto e, frisa

que, entre as condições extremas encontram-se situações intermediárias e,

nesse sentido, indica que a localização residencial das categorias intermediárias

seja considerada.

O autor (2003 e 2004) trabalha na perspectiva das grandes metrópoles,

porém em Roma (2008) e na área de pesquisa atual, observamos que nas

localidades com contingente populacional reduzido – cidades locais híbridas – nas

quais, a proximidade espacial é marcante, a segregação socioespacial percebida

em seus extremos não se configura, ou seja, não existem loteamentos e/ou

condomínios fechados e favelas. Contudo, podemos perceber, através da

observação do espaço urbano e nas relações sociais, uma diferenciação na

estruturação dos segmentos sociais no espaço intra-urbano da cidade.

No entanto, devemos pontuar que nos centros sub-regionais já se

identifica a presença de loteamentos e/ou condomínios fechados e de

aglomerados subnormais, como estudado por Roma (2008).

9 A conceituação de auto-segregação é utilizada por Corrêa (1993), Sposito

(1996); Souza (2003) trabalha com as conceituações de auto-segregação e segregação

induzida; e Villaça (2001) refere-se a processo como segregação voluntária e

involuntária.

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Portanto, essas realidades revelam as desigualdades sociais presentes na

sociedade capitalista em que vivemos, pautada cada vez mais na individualização

e pela separação social.

Estes e outros aspectos da segregação socioespacial podem ser

aprofundados em vários trabalhos produzidos no programa de Pós-graduação em

Geografia da Unesp - Presidente Prudente. Dentre eles destacamos: Marisco

(2003); Silva (2005); Vieira (2005) e Pereira (2006), dentre outros.

3.2. Segregação socioespacial interurbana

Nas cidades locais híbridas as funções urbanas são incipientes, mas

existem, apresentando a dimensão mínima do urbano. Nesse contexto, uma

parte das necessidades da população são, necessariamente, satisfeitas em

localidades com um nível funcional mais elevado, mantendo uma vida de

relações10 entre os diferentes níveis de cidade.

No plano econômico as incipientes funções urbanas em um caráter

dialético, negam o urbano e, o limite entre o urbano e não urbano se processa

intensamente. No entanto, mesmo estas cidades estando inseridas no limite

inferior da complexidade urbana há em seus espaços a coalescência entre as

funções, não nos permitindo negar por completo seu caráter urbano. As funções

urbanas que negam o urbano fazem parte dele mesmo e está no seu próprio

conteúdo e a aparente contradição entre em um momento revelar o caráter

urbano e em outro não, não significa destruir o primeiro. E como frisado por

Lefèbvre (1975), denota, ao contrário, descobrir um complemento de

determinações.

Além disso, são locais de moradia, locais onde se materializam as relações

de vizinhança, de amizade, política e manifestações culturais. É nesse sentido,

que para além das funções urbanas econômicas e de reservatório de mão de

obra rural a dimensão do urbano se apresenta, expressando, ainda mais, a

complexidade do híbrido entre urbano e não urbano. E como destacamos no

capítulo um, esse híbrido nos permite compreender que a vida de relações

reafirma o urbano pelas práticas socioespaciais que são geradas a partir delas,

10

O conceito de vida de relações foi cunhado por P. George, no livro “A Ação do

Homem”, para referir-se às solidariedades internas aos lugares, no entanto, esses

lugares se relacionam uns com os outros. Mais recentemente, Milton Santos e Maria

Laura Silveira mencionam o conceito de vida de relações no livro o Brasil: território e

sociedade do século XXI (2006 [2001]).

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sendo estas práticas um elemento da própria produção do espaço dessas

localidades.

O espaço é entendido enquanto forma, estrutura, função e processo

(SANTOS, 1985). A forma e a estrutura expressam e traduzem as materialidades

observadas no espaço urbano, embora não se restrinjam a essa dimensão, pois

ultrapassam o que é efetivamente material. As funções e os processos referem-

se ao urbano, uma vez que tratam dos papéis exercidos pelas cidades e do

próprio movimento das transformações. As funções apoiam-se nos equipamentos

e serviços urbanos que dão suporte para a existência da vida em sociedade como

educação, saúde, sistema financeiro, comércio, etc. Os processos são as

dinâmicas da sociedade que promovem, por exemplo, a segregação

socioespacial, a exclusão social, a segregação socioespacial interurbana.

Portanto, devemos trabalhar com as relações inerentes ao urbano, pois,

sob o prisma da materialidade, não podemos negar a existência das cidades

locais híbridas, ainda que possamos questionar a incipiência das funções urbanas

econômicas nelas existentes.

É o caráter dialético entre urbano e não urbano que possibilita-nos

defender a existência de segregação socioespacial interurbana. Afinal, em seu

nível urbano essas localidades apresentam uma forte correlação entre incipiência

das funções urbanas, meios de consumo coletivo e segregação socioespacial -

considerando que somente as necessidades básicas da população são satisfeitas.

Contudo, nas cidades locais híbridas a localizações de serviços e

equipamentos urbanos não nos permite correlacionar localização intra-urbana

com o processo de segregação socioespacial, pois esses meios são em sua

grande maioria localizados no centro das cidades. Além do mais, a distância do

centro às áreas periurbanas é pequena. Porém, para esse tipo de cidade, a

presença/ausência dos meios de consumo coletivo, necessários à reprodução da

vida, nos possibilita compreender o processo de segregação socioespacial

interurbana, pois é na comparação com o outro – meios de consumo existentes

em outras localidades – que percebemos a presença/ausência e

qualidade/quantidade dos meios de consumo coletivo e individuais.

Destacamos que em todas as diferentes realidades urbanas – metrópoles,

cidades médias, cidades sub-regionais e cidades locais híbridas – há entre os

espaços urbanos uma vida de relações, devido à divisão territorial do trabalho

existente na estruturação da rede urbana, possibilitando a complementariedade

e a complexidade do urbano. No entanto, as cidades locais híbridas contemplam

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particularidades que lhe são peculiares, pelo seu contingente populacional,

proximidade e visibilidade dos processos sociais, dinâmica econômica e política

que imprimem nesses espaços características próprias.

É justamente, nesse sentido, que podemos falar que a urbanidade nas

cidades locais híbridas se processa na vida de relações com outras localidades,

diferentemente da realidade das metrópoles ou cidades médias, que mantém

intensa vida de relações entre as diferentes cidades, mas sua urbanidade não se

expressa, majoritariamente, nessa dimensão. Essa intensa vida de relações

fortalecida pela necessidade de deslocamento para acesso aos meios de consumo

coletivo e individuais se transformam, pela intensidade, em práticas

socioespaciais da população, pois fazem parte do cotidiano dessas pessoas.

As práticas socioespaciais se revelam nos elevados índices de

deslocamentos realizados pela população para terem acesso aos meios de

consumo coletivo e individuais, como expressos nas tabelas um e dois, como

também na definição de cidade, na qual, os entrevistados identificam sua

localidade como um bairro de outras cidades.

Portanto, se devido às funções urbanas incipientes a população de uma

localidade precisa se deslocar para outros lugares para ter suprida boa parte de

suas necessidades e que uma parcela da população não se sente inserida em

uma realidade urbana, não estaríamos frente a um processo de segregação

socioespacial interurbana? Ou seja, uma cidade toda não poderia estar

segregada socioespacialmente?

Esta hipótese já vem sendo explorada por outros autores.

Prèteceille (2003) apreendeu a inter-relação escalar no estudo da

segregação socioespacial e também correlacionou equipamentos e serviços

urbanos para pensar o processo de segregação socioespacial, utilizando-se da

escala intra-urbana de Paris e dos municípios ao redor da cidade principal.

Por sua vez, Lojkine (1997 [1981], p. 171-172) aponta que a “armação

urbana”, no estágio monopolista, estrutura uma segregação espacial e social

entre os espaços urbanos centrais e os destinados à execução e aos meios de

reprodução empobrecidos, como segue:

A “armação urbana”, no estágio monopolista, aparece então antes

de tudo através de sua rede de cidades médias, de metrópoles

provinciais, nacionais e internacionais, como uma distribuição

social e espacial das diferentes condições gerais da produção, em

função do tipo de atividade que dela faz um uso privilegiado:

zonas industriais – portuárias para a indústria pesada (siderurgia,

petroquímica); universidades, centros de pesquisa, centros de

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atividade intelectual e de formação de dirigentes, centros de

gestão, de informática, etc., nas metrópoles mundiais, para as

atividades de direção geral; extensões regionais das

universidades, dos centros de pesquisa, de gestão e de informática

nas metrópoles provinciais ou nas cidades novas, para as

atividades de direção, de exploração, etc.

Mas, bem mais do que descrever rigorosamente a correlação entre

formas de urbanização e formas da divisão social do trabalho, essa

problemática permite, a nosso ver, substituir uma sociologia da

estratificação social, por uma sociologia da segregação social.

Enquanto toda sociologia urbana que reduz seu campo à

reprodução da força de trabalho só pode revelar os conflitos sociais

sob a forma de oposição entre “estratos” de consumidores,

podemos, ao contrário, formular a hipótese de uma segregação

espacial e social fundamental entre o espaço urbano “central”

monopolizado pelas atividades de direção dos grandes grupos

capitalistas e do Estado e as zonas periféricas onde estão

disseminadas as atividades de execução assim como os meios de

reprodução empobrecidos, mutilados, da força de trabalho. (grifo

nosso)

Devemos pontuar, como destacaremos no capítulo posterior, que as

alterações agrícolas que ocorreram na região da Nova Alta Paulista com a

intensificação do agronegócio da cana-de-açúcar mantem as cidades locais

híbridas e até mesmo sub-regionais como reservatório de mão de obra. Nesse

processo podemos observar a diferenciação entre as atividades localizadas nas

cidades sub-regionais e locais híbridas. Para as locais híbridas a função destinada

pela atividade agroindustrial canavieira é somente a de reservatório de mão de

obra, ou seja, espaços dos “meios de reprodução empobrecidos, mutilados, da

força de trabalho” (LOJKINE (1997 [1981] p. 172).

Para se desenvolver as condições necessárias à reprodução global

capitalista há uma junção entre os meios de consumo coletivo aos meios de

circulação material e, também, a concentração espacial dos meios de reprodução

– meios de consumo coletivo e individuais - e produção da força de trabalho, que

vai duplamente caracterizar a cidade capitalista (LOJKINE, 1997 [1981]). Esse

processo é destinado a permitir e facilitar materialmente o conjunto da

reprodução do capital e da força de trabalho, pois os meios materiais para

continuidade da reprodução da força de trabalho e do capital se inscrevem como

auxiliares necessários do ponto de vista social, mas mantendo-se improdutivos

(LOJKINE, 1997 [1981]).

Nesse sentido, as cidades locais híbridas, sendo reservatório de mão de

obra rural destinada à atividade agroindustrial canavieira, desenvolvem em seus

espaços as formas materiais – meios de consumo coletivo e individuais –

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necessárias à reprodução da força de trabalho. No entanto, mesmo que

necessária para a própria reprodução do capital, a oferta desses meios é

destinada somente para suprir as necessidades básicas destinadas à reprodução

da força de trabalho e capital. Na rede urbana as atividades mais diversificadas e

desenvolvidas estão localizadas nas cidades sub-regionais e médias, mesmo que

isso reflita negativamente nas condições de vida da população residente nas

cidades locais híbridas.

Os custos referentes à oferta dos meios para manter a reprodução da

força de trabalho são repassados pelo monopólio privado ao financiamento

público (LOJKINE, 1997 [1981]). Por sua vez, os conjuntos habitacionais, os

meios de consumo coletivos como escolas, postos de saúde, lazer dentre outros

são financiados pelo Poder Público Municipal.

Nas cidades locais híbridas a esfera pública empobrecida mantém os meios

de consumo para a reprodução da vida dos trabalhadores. Contudo, essas

localidades que vivem majoritariamente dos fundos de repasses governamentais,

somente conseguem suprir os meios de sobrevivência destinados às

necessidades básicas implicando uma vida de relações.

No sentido da vida de relações, Lojkine (1997 [1981], p. 180), pensando

nos bens coletivos, aponta que “a cidade, a região e os diversos tipos de

aglomeração espacial seriam a combinação de infra-estruturas em parte

indissociáveis, estreitamente complementares, que forneciam uma base

indispensável às diferentes atividades”. Desta forma, a reprodução da força de

trabalho e da vida dos trabalhadores nas cidades locais híbridas se possibilita

pela relação existente com as demais localidades, sendo esta indissociável e

complementar. Desta maneira, a cidade local híbrida não se apresenta como

todo, mas como parte de um todo que se completa em outras cidades e até

mesmo na região.

Diante do exposto entendemos que, para se reconhecer o processo de

segregação socioespacial interurbana numa cidade, seja necessário que essa

realidade urbana apresente alguns pressupostos que foram por nós

materializados em indicadores, quais sejam:

1. depender das relações interurbanas para suprir suas necessidades de

acesso aos meios de consumo coletivo e individuais;

2. apresentar elementos que levam ao questionamento da existência ou não

do caráter urbano desse espaço;

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As indagações que vimos desenvolvendo nos levam à necessidade da

constatação desses indicadores sem os quais não é possível defender a hipótese

levantada, pois eles nos possibilitam entender o grau de dependência da cidade

em relação à rede urbana que vai, justamente, expressar ou não a segregação

socioespacial interurbana.

3.2.1. Dependência das relações interurbanas para suprir

necessidades de acesso aos meios de consumo coletivo e

individuais

Os meios de consumo coletivo e bens de consumo individuais presentes

e/ou ausentes nesses aglomerados, demonstram a incipiência dos equipamentos

e serviços urbanos nelas disponíveis, além da pequena expressão do comércio e

da rede bancária, dados que são reforçados pelos índices de deslocamentos

interurbanos realizados pela população para ter acesso a esses meios.

Contudo, para entendermos esses índices de deslocamentos e a

dependência das relações interurbanas para suprir a necessidade de acesso aos

meios de consumo coletivo e individuais, torna-se necessário discutir a

prevalência do circuito inferior da economia urbana nessas localidades.

3.2.1.1. Prevalência do circuito inferior da economia urbana

Para melhor compreender a reprodução da desigualdade na economia

urbana dos países mais pobres, geógrafos passaram a analisar as cidades

através de dois subsistemas da economia urbana, que seriam o circuito superior

ou “moderno” e o circuito inferior. Mas o que caracterizaria cada um dos dois

circuitos? Qual a diferença fundamental entre eles? A teoria dos dois circuitos

formulada na década de 1970 possui força explicativa para compreender

processos atuais em um período de globalização?

Segundo Santos (2004 [1979]), o que diferenciaria as atividades do

circuito superior do circuito inferior seria a tecnologia empregada e o modo de

organização do trabalho. Assim, o circuito superior manteria sua base

diretamente relacionada à modernização tecnológica e aos grandes monopólios,

detentores das novas tecnologias e de poder no mercado financeiro. Por sua vez,

o circuito inferior seria formado pelas atividades de pequena escala, como dos

pequenos comerciantes, mascates e vendedores ambulantes, voltados para o

mercado de consumo local e a população com menor mobilidade (os mais

pobres). Mas não se trata de um setor tradicional porque é produto indireto da

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modernização e uma parte do seu abastecimento vem do setor moderno, do qual

depende (SILVEIRA, 2007).

Já o circuito superior marginal nascido, sobretudo em função da relevância

que adquire a circulação, está próximo do circuito superior pela funcionalidade de

seu trabalho, mas se relaciona com o circuito inferior pelo comportamento de

seus atores (SILVEIRA, 2004). O circuito superior marginal é importante para

difundir novas tecnologias inserindo em sua dinâmica algo moderno, mas, ao

mesmo tempo, é residual.

Nas análises de Maria Laura Silveira, a cidade não é apenas lugar do

circuito superior, “mas também do trabalho não especializado, das produções e

serviços banais, das ações ligadas aos consumos populares” (SILVEIRA, 2004, p.

60). Assim, para a autora, o circuito inferior e superior marginal, nos dias atuais,

encontra maior desenvolvimento e, acrescenta, os circuitos da economia urbana

são “vasos comunicantes, pois sendo ambos um resultado da modernização,

encontram, atualmente, as condições de sua reprodução” (SILVEIRA, 2004, p.

66).

Nessa mesma perspectiva, Oliveira (2009) destaca que os circuitos da

economia urbana são expressões das divisões territoriais do trabalho nos lugares

e frisa que essa discussão, em consequência do projeto neoliberal dos anos

1990, se torna de extrema relevância, pois multiplicam-se os trabalhadores ditos

“informais”, aumenta as dívidas sociais, se acelera o processo de urbanização,

intensificando, ainda mais, a concentração de renda e a segmentação da

produção e do consumo que para o autor está na base da existência dos

circuitos. Destaca, ainda, que a intensificação do consumo e da circulação, em

conjunção com o desemprego crônico e o fortalecimento da pobreza urbana,

incide sobre as dinâmicas dos circuitos, especialmente do circuito inferior.

Portanto, para Oliveira (2009, p. 139):

Em face às características do período atual, a teoria dos dois

circuitos, especialmente o conceito de circuito inferior, oferece

possibilidades realmente heurísticas de interpretação da dinâmica

de atualização da pobreza urbana.

Assim, observa-se que no período atual, marcado por processos de

reestruturações, se dota o espaço de fluidez, de ciência, técnica, informação e

racionalidade, no qual se inscrevem, também, o aumento do desemprego, da

precarização das relações de trabalho e da pobreza estrutural. Nesse sentido, a

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97

teoria dos dois circuitos da economia urbana se reforça, ainda mais, como uma

possibilidade de apreensão das dinâmicas urbanas.

Os circuitos não são estanques, não podendo ser analisados

separadamente, mas são “vasos comunicantes” (Silveira, 2007), em movimento,

que a cada nova divisão territorial do trabalho modifica suas lógicas e a

estruturação do espaço urbano.

Nos espaços urbanos metropolitanos, por exemplo, coexistem inúmeros

elementos constituintes dos dois circuitos, porém, nas cidades locais híbridas a

economia urbana é marcada, predominantemente, pelo circuito inferior. Mas

devemos destacar que não se trata de uma tipologia, pois há elos que as

articulam também ao circuito superior, mas, a base da economia urbana são as

relacionadas ao circuito inferior.

No entanto, não podemos trabalhar com os circuitos da economia urbana

em cidades que apresentam somente as dinâmicas do circuito inferior, como nas

locais híbridas, pois para a estruturação dos circuitos é necessária à dialética

entre ambos. Somente podemos pensar a questão do circuito inferior, em

cidades locais híbridas, acoplada à análise da divisão do trabalho interurbana.

Portanto, a análise do circuito inferior dessas localidades se faz possível

pela intensa vida de relações existente com outros aglomerados que

desenvolvem as dinâmicas do circuito superior e superior marginal, permitindo-

nos a compreensão de uma economia política da urbanização e da cidade. A

relação entre as escalas intra e interurbana permite-nos visualizar as dinâmicas

dos circuitos da economia urbana na produção da cidade, que para as locais

híbridas se expressam no circuito inferior.

A complementariedade dos circuitos, através das relações interurbanas, se

apresenta pelo acesso da população às instituições financeiras, aos

supermercados inseridos no circuito superior e superior marginal, às lojas de

departamentos como, por exemplo, Casas Pernambucas, Casas Bahia, dentre

inúmeros outros nexos. Nesse processo o circuito inferior existente nas cidades

locais híbridas encontra condições para sua reprodução. Isso demonstra-nos que

a economia urbana é um conjunto solidário e contraditório de divisões do

trabalho, como indicado por Silveira (2004) para pensar as cidades.

A prevalência do circuito inferior, nas localidades analisadas, não significa

que essa população não consuma objetos técnicos modernos. Ao contrário, a

interdependência com o circuito superior e superior marginal pelas relações

interurbanas possibilita, como indicado por Silveira (2007, p. 12) “a participação

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98

dos pobres nos eventos contemporâneos”. E é, nesse sentido, que concordamos

com a autora quando afirma que todas as classes podem consumir fora dos

circuitos ao qual estão ligados.

A população empobrecida das cidades locais híbridas, mesmo não tendo

pleno acesso aos meios de consumo coletivo – bens coletivos – consome alguns

objetos técnicos modernos, mas mantem a pobreza estrutural. Assim, Silveira

(2007) destaca que há um equívoco quando se pretende associar pobreza e falta

de consumo, pois o crédito se processa em todos os lugares e classes sociais.

Portanto, circuito superior e inferior se correlacionam sendo opostos e

complementares e, no período atual de globalização, o hibridismo existente em

suas relações se intensifica. Contudo, cada circuito apresenta suas próprias

características, mas a complementariedade para o circuito inferior ganha forma

de dominação (SILVEIRA, 2007).

No entanto, sem levar em consideração o circuito inferior, a compreensão

da cidade é incompleta, principalmente se considerarmos para as cidades locais

híbridas, a relação entre circuito inferior e pobreza, considerando que “pobreza e

circuito inferior aparecem com relação de causa e efeito inegável” (SANTOS,

2004 [1979], p. 196).

Analisando alguns itens da tipologia presente na teoria dos dois circuitos

da economia, observamos quais as principais diferenças existentes entre os dois

e como o circuito inferior - nosso foco de análise – se utiliza das variáveis

existentes no período, demonstrando que, cada vez mais, a teoria nos permite

entender a realidade da economia urbana. Principalmente em um período

marcado por processos acelerados de modernizações, que levam consigo o

desemprego crônico, a obsolescência dos saberes, as técnicas de automação, a

concentração de propriedade e do excedente resultando em uma pobreza

estrutural (SILVEIRA, 2007).

Para a realidade da economia urbana das cidades locais híbridas

apreendemos que as dinâmicas do circuito inferior se modificam diante das

transformações presentes no período atual, mas também constatamos que

algumas variáveis mantêm suas características e outras se mesclam.

Na estruturação do circuito inferior das três cidades analisadas,

observamos que os motivos que levaram a população desempenhar tal atividade

se relacionam, principalmente, as questões ligadas às melhores oportunidades

financeiras, obtenção de renda, melhor lucro, liberdade financeira, trabalhar por

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conta própria como, também, a falta do comércio ou serviços na cidade. Esses

motivos demonstram-nos duas questões.

A primeira é que um dos fatores preponderantes para abertura de um

comércio ou serviço ligados ao circuito inferior é a pobreza material, pois com

pouco capital inicial podem ter a oportunidade de aumento da renda, alternativa

ao desemprego, além da questão de trabalhar por conta e ser dono do seu

próprio negócio. A segunda questão está relacionada à reduzida quantidade de

comércios e serviços existentes nessas localidades, como destacado pelos

entrevistados, ou seja, não havia esse tipo de atividade na cidade para suprir a

necessidade da cidade, dentre outros.

No entanto, ainda no que tange aos motivos para desempenharem

determinada atividade, destaca-se, para as três cidades, a questão da herança.

Esse fator demonstra que a dinâmica desse circuito nas cidades locais híbridas se

difere das demais realidades urbanas, pois a questão herança tangencia que a

abertura das atividades não é efêmera, dito de outra maneira, a mortalidade

dessas atividades existe, mas a forte permanência predomina.

Silveira (2004), ao analisar a cidade de São Paulo, destaca que graças aos

baixos custos de produção, ampla oferta de insumos, mão de obra e clientes

surgem um considerável número de pequenas empresas e mesmo que a

mortalidade seja alta, a demanda possibilita que outras possam nascer.

Ao contrário, nas cidades locais híbridas onde não há o dinamismo das

grandes metrópoles, é reduzida a possibilidade de expansão do número de

atividades e a dinâmica de abertura de novas empresas.

Isso se reflete quando analisamos o tempo de abertura das empresas, que

para Mariápolis está na categoria mais de dez anos (57,14%); para Pracinha

temos mais de um até cinco anos (46,67%), de cinco a dez anos (33,33%) e,

mais de dez anos (20,00%); e para Flora Rica observa-se que até um ano,

corresponde há (12,00%); mais de um até cinco anos (32,00%), mais de cinco

até dez anos (28,00%) e, mais de dez anos de abertura (28,00%).

Nas principais características que compõem o circuito superior e inferior,

destacamos as mudanças ocorridas em ambos os circuitos na era da

globalização, pautada em inovações tecnológicas, telecomunicações e uma maior

e crescente organização do mercado financeiro global.

- Tecnologia e organização;

No circuito inferior está havendo uma adoção de tecnologia, como

observamos com a utilização de computadores e máquinas de cartão de crédito,

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100

pois das empresas entrevistadas as que têm computador perfazem 57,14%,

53,33 e 28,00% para Mariápolis, Pracinha e Flora Rica, respectivamente. As que

possuem máquina de cartão de crédito correspondem 25,00%, 60,00% e

16,00%, respectivamente. Assim, mesmo que em um ritmo mais lento, está

havendo uma mudança nas características do circuito inferior dessas localidades

seguindo a dinâmica de transformações do período atual.

No entanto, mesmo com a introdução de tecnologia, o trabalho continua

sendo intensivo e não o capital intensivo, pois o que gera renda é o trabalho,

seja o familiar, doméstico, ou o trabalho assalariado, de baixa qualificação e

remuneração. Nesse mesmo sentido, a organização continua sendo primitiva,

como, por exemplo, no que tange aos estoques e na forma de demarcação de

preços, necessitando de trabalho intensivo.

Assim, referindo-se a essas duas variáveis, observamos que na

organização dos estoques, em Mariápolis, 53,57% das empresas realiza este

procedimento manualmente, 21,43% computadorizado e 14,29% as duas

formas; para Pracinha 73,33% procedem de forma manual, e apenas 6,67% o

procedem de forma computadorizada; já para Flora Rica temos 92,00%

manualmente e apenas 4,00% computadorizado. Para a demarcação de preços

segue-se quase a mesma dinâmica, como podemos observar nas tabelas 87, 99

e 111, em anexo.

Ainda no sentido de discutir a organização do circuito inferior que continua

sendo primitiva, temos os dados referentes à estrutura administrativa dessas

empresas. Os dados demonstram que, na grande maioria, não há tarefas

específicas e, predominantemente, as funções não são fixas, o que significa que

uma mesma pessoa realiza diferentes atividades no mesmo estabelecimento,

representando 96,43% em Mariápolis, 63,33% em Pracinha e 88,00% em Flora

Rica.

Assim, a inserção de tecnologia não modifica substancialmente a

organização e as formas de trabalho predominantes no circuito inferior dessas

cidades. Esse mesmo fator foi observado por Montenegro (2006) ao trabalhar

com o circuito inferior na cidade de São Paulo, demonstrando que essas

dinâmicas podem estar ocorrendo em diferentes espaços.

-Capital;

O que substancia o circuito inferior não é, como apontamos, capital

intensivo. Nas questões sobre o capital das empresas, contatamos que, nas três

cidades, os investimentos realizados para melhoria dos estabelecimentos é quase

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101

inexistente e, quando ocorre, se refere a reparos na pintura, pequenas reformas

e em apenas um estabelecimento na cidade Mariápolis, investe-se, anualmente,

na troca e manutenção dos equipamentos (computadores) e renovação dos

móveis.

O capital/faturamento das empresas está relacionado à renda familiar,

pois, mesmo com a existência de conta bancária específica para empresa

57,17% dos estabelecimentos de Mariápolis, 66,67% de Pracinha e 24,00% de

Flora Rica a separação entre o capital da empresa e a renda familiar é de apenas

28,57% para Mariápolis, 46,67% para Pracinha e somente 4,00% para Flora

Rica.

-Arranjo organizacional;

As poucas e pequenas empresas instaladas nas cidades locais híbridas

estão baseadas em um arranjo organizacional não burocrático, mantém a forma

de contratação familiar, típico do circuito inferior da economia, com pouca

introdução do trabalho assalariado. Esse quadro se apresenta distribuído da

seguinte maneira: Para Mariápolis 53,57% de mão de obra familiar e 46,43%

assalariada; para Pracinha 40,00% familiar, 46,67% assalariada e 13,33% mista

e; para Flora Rica temos 64,00% familiar e 36,00% assalariada.

Devido ao pequeno porte dos estabelecimentos, nos quais a relação com a

clientela é direta e personalizada, persiste o sistema de registro das despesas em

cadernetas, com pagamento mensal. Mesmo que a adoção de novas tecnologias

tenha permitido a inserção do sistema de crédito, baseado no cartão de débito e

crédito - em alguns estabelecimentos das cidades locais híbridas - a grande

maioria das transações ainda consiste no registro de cadernetas, como podemos

observar nas tabelas 89, 101 e 113, em anexo.

Essa característica do circuito inferior presente nas cidades locais híbridas

se reforça devido à pobreza existente nesses espaços, ou seja, a falta de crédito

ou dinheiro líquido faz com que a população mais pobre adquira os produtos, nas

cidades locais híbridas, mesmo sendo estes sensivelmente mais caros, mas, o

fator determinante está justamente na possibilidade de crédito via caderneta,

“fiado”, além da possibilidade de diminuir os deslocamentos para outras cidades

para adquirir bens e produtos.

O trabalho de Montenegro (2006), com base na cidade de São Paulo, faz

contraponto interessante ao nosso estudo. Diferentemente das cidades locais

híbridas, para as metrópoles, mesmo com a intensificação do circuito inferior, as

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formas de créditos via cartão de crédito, cheque e boleto bancário prevalecem,

tornando o “fiado” quase inexiste.

-Estoques;

Anteriormente, no modelo da sociedade industrial os estoques para o

circuito superior deveriam ser em grande quantidade. Já no período atual, com

as facilidades de deslocamento e comunicação, este sistema de estoque baseia-

se no modelo just-in-time, no qual os estoques são nulos, ou quase nulos

dependendo da demanda. No circuito inferior os estoques reduzidos continuam

sendo característicos – como podemos observar nas tabelas em anexo – devido à

limitação financeira dos estabelecimentos para realização de grandes estoques e

também, em certo sentido, seguindo a lógica do circuito superior e superior

marginal.

No que concerne aos estoques para cidade de Mariápolis a forma mais

usual de realização dos pedidos é através do vendedor, representando 39,29%

dos pedidos, seguido de vendedor e telefone, vendedor, telefone e internet,

telefone e internet e outra forma (adquire diretamente em outras cidades)

variando, percentualmente, entre 17,14% a 17,86%; o tempo para recebimento

das mercadorias varia de um a três dias em 28,57% dos casos e, no

contraponto, mais de 15 dias, corresponde a 14,29% dos pedidos. Para Pracinha

e Flora Rica temos 46,67% e 52,00% dos pedidos realizados por vendedores,

seguido de vendedor e telefone, com 33,33% para Pracinha e, na categoria

vendedor e outra forma (busca em outras cidades), 36,00% para Flora Rica.

Referente ao tempo necessário para recebimento das mercadorias tem-se: um a

três dias, correspondendo a 60,00% (Pracinha) e 20,00% (Flora Rica) seguido de

oito a 15 dias com 6,67% para Pracinha e quatro a sete dias com 48,00% para

Flora Rica.

Podemos observar que mesmo com a introdução de tecnologia em

algumas empresas os pedidos via internet ainda continuam limitados,

principalmente para as cidades de Pracinha e Flora Rica, demonstrando-nos,

acoplado a outros fatores pontuados, que o circuito inferior nas cidades locais

híbridas mantém em sua organização uma dinâmica da divisão territorial do

trabalho característica de um momento anterior, mas, se insere numa nova

forma de divisão do trabalho que altera as dinâmicas de estruturação do circuito,

mas não destrói por completo as formas pretéritas.

-Lucros;

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Para o circuito inferior, ainda que o lucro por unidade comercializada nas

vendas possa parecer alto em comparação com os preços das mercadorias

adquiridas nas cidades sub-regionais (Lucélia, Adamantina, Dracena), como

informam os entrevistados, ele se reduz em função do pequeno montante

comercializado. Esse fato associa-se às relações interurbanas que se

estabelecem entre as cidades locais híbridas e as cidades maiores da região,

determinadas, justamente, pela reduzida oferta e os elevados preços dos

produtos nos estabelecimentos locais.

-Publicidade;

Ainda devemos ponderar que a publicidade no circuito inferior passa de

nula para pequena, mas existente. Dentre as três localidades analisadas a cidade

de Mariápolis foi a que mais introduziu na dinâmica do circuito inferior essa

questão; assim, das empresas entrevistadas, 64,29% já realizaram algum tipo

de publicidade e 35,71% declararam que não ter. Para Pracinha 40,00%

afirmaram buscar o recurso da publicidade e 60,00% não. E, para Flora Rica,

apenas 8,00% das empresas fazem publicidade e 92,00% nunca realizaram

algum tipo de publicidade. As formas utilizadas para publicidade são:

propagandas em rádios AM e FM, jornal da cidade, anúncios em agenda

telefônica, internet, panfletos, sistema de altos falantes em carro de som,

sacolas plásticas, calendários e propagandas em eventos realizados na cidade.

-Crédito;

Como destacado por Silveira (2007), as transformações atuais ocorridas

no circuito inferior também podem ser observadas na relação ao crédito, pois as

camadas da sociedade inseridas no circuito inferior passam a usufruir, cada vez

mais, de linhas de crédito, pois a organização do sistema financeiro ligado ao

circuito superior se utiliza do crédito para drenar a renda dos inseridos no

circuito inferior.

Nas cidades locais híbridas, das empresas entrevistadas, 100%

declararam nunca terem recebido ajuda governamental, como empréstimos para

manutenção dos estabelecimentos, dentre outros. Considerando que a relação

entre capital da empresa e renda familiar é intensa, podemos dizer que a

questão do crédito pode estar atrelada a dimensão pessoal, mesmo que este seja

utilizado na empresa e, como aponta Silveira (2007) à expansão dos nexos

financeiros – crédito – se relaciona à população inserida no circuito inferior,

drenando a renda dos que estão inseridos nesse circuito, aumentando a pobreza

do circuito inferior e as conexões entre os circuitos da economia urbana.

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Ainda no sentido dos nexos entre os circuitos, destacamos, novamente, a

vida de relações, mas, também, a presença das usinas e/ou destilarias na região

e a cooperativa de consumo de Inúbia Paulista, que geram processos que

fortalecem a presença do circuito inferior da economia urbana nessas

localidades.

A grande quantidade de usinas e/ou destilarias na região da Nova Alta

Paulista, pauta-se, na monocultura com concentração de terra e renda

desapropria os camponeses de suas terras. Esses, por sua vez, passam a residir

nas cidades e com o tempo vivenciam ainda mais o empobrecimento,

participando, desta maneira, como consumidores – como já o faziam – e

também passam a constituir o circuito inferior enquanto trabalhadores desse

circuito.

Pensando na mecanização da cana-de-açúcar, processo que começa a se

devolver na região, pode-se dizer que os trabalhadores manuais dessa

monocultura vivenciam a substituição da mão de obra humana pela mecanizada

e esse processo leva, consequentemente, ao aumento do desemprego. Um

exemplo claro desse fator pode ser observado na substituição da plantação

manual da cana-de-açúcar pela mecanizada11. Nesse sentido, o circuito inferior

se reforça ainda mais nessas cidades locais híbridas perpetuando a pobreza, mas

sendo a única opção de obtenção de renda.

Ainda nesse sentido, destacamos a presença da cooperativa de consumo

na cidade Inúbia Paulista que gera um elevado fluxo de pessoas para a cidade

contribuindo para o fortalecimento e, ao mesmo tempo, enfraquecimento do

circuito inferior. Ao possibilitar a aglomeração de diversos camelôs nos seus

arredores, ou seja, proliferam pequenos trailers de venda de lanches, pastéis

etc., vendedores de roupas e outros produtos aumenta em quantidade e

dinamiza o circuito inferior, mas, também enfraquece o pequeno comércio ligado

11 Segundo informações obtidas no trabalho de campo para o plantio manual são

necessários: 2 tratoristas para preparar a terra; 5 ônibus de trabalhadores para o corte

da muda; um operador de carregadeira para o transporte das mudas; diversos

motoristas de caminhão para o transporte de mudas do local de corte para o de plantio;

aproximadamente dois ônibus de trabalhadores para distribuir as mudas nas valas de

plantio e; um tratorista para cobrir as valas e aplicar defensivo agrícola; já para o plantio

mecanizado tem-se: um maquinista que opera a cortadeira; 2 tratoristas que transferem

as mudas para dois caminhões e; três tratoristas que transferem as mudas para a

plantadeira que executa todo o processo final de plantio.

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ao circuito inferior existente na cidade, justamente, pela presença da

cooperativa12.

Dentre as três cidades analisadas, podemos perceber que Flora Rica, na

estruturação do circuito inferior da economia urbana foi à localidade que menos

absorveu as transformações do período atual. A dinâmica do circuito inferior

presente nesse aglomerado, mantém, dentre as três cidades, o modelo de

organização mais primitivo, com menos inserção de tecnologia, dentre outros. E

a pobreza urbana, como nas demais localidades continua sendo parte de seu

conteúdo estruturador.

Mariápolis e Pracinha, mesmo de maneira mais lenta, inserem na dinâmica

do circuito inferior transformações tangenciadas pelos processos de

modernização tecnológicos, mas, ao mesmo tempo, mantém elementos

característicos do circuito inferior da economia urbana observados na década de

1970.

Assim, diante do exposto, para as cidades locais híbridas analisadas por

nós, podemos refletir sobre as características dos circuitos da economia urbana,

principalmente do circuito inferior. Porém, destacamos que as ponderações sobre

o circuito superior, no quadro dois, vem substanciadas pelo referencial teórico

utilizado nesse trabalho e para o circuito inferior as informações referem-se às

dinâmicas presentes nas cidades locais híbridas.

12

Para discussões referente a cooperativa de consumo na cidade Inúbia Paulista

consultar Roma e Vieira (2009).

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Quadro 2

Características dos Dois Circuitos da Economia Urbana

Circuito Superior Circuito Inferior

Tecnologia capital intensivo trabalho intensivo, mas adoção de tecnologia

Organização do trabalho burocrática primitiva mesmo com introdução de tecnologia

Capital elevado reduzido

Emprego reduzido volumoso

Relações de trabalho assalariado dominante Familiar e assalariado

Estoques quantidade reduzida alta qualidade

pequena quantidade qualidade inferior

Preços fixos (em geral) submetida à discussão entre comprador e vendedor

Crédito bancário institucional pessoal não-institucional

Margem de Lucro reduzido ou por unidade, mas importante pelo volume de negócios

elevado por unidade, mas pequena em relação ao volume de negócios

Relação com a clientela (exceção produtos de luxo)

impessoais e/ou com papéis

diretas personalizadas

Custos fixos importantes desprezíveis

Publicidade necessária Passa de inexistente para incipiente, vem se transformando em necessária

Reutilização dos bens nula frequente

Ajuda governamental importante para cidades analisadas, inexistentes

Dependência direta do exterior grande, atividade voltada para o exterior

reduzida ou nula

Fonte: Santos (2004 [1979]), Silveira (2004, 2007, 2008), Montenegro (2006) e Trabalho de Campo, 2012.

Por fim, pontuamos que a predominância do circuito inferior da economia

urbana nas cidades locais híbridas reforça a necessidade de deslocamento de

seus moradores para outras cidades para o acesso a bens e serviços na rede

urbana.

3.2.1.2. Índices de deslocamentos para acesso aos meios de

consumo coletivo e individuais

Para discutir os índices de deslocamentos para acessar os meios de

consumo coletivo e individuais apresentaremos as tabelas cinco, seis e sete13.

Nelas destacam-se a utilização de hospital, posto de saúde, serviço médico

(particular), serviço de dentista (particular e público), creche, igreja, comércio

alimentar, confecções, calçados e armarinho, área de lazer e escola. As

informações sobre as cidades e os meios de consumo coletivo e individuais e os

principais locais de consumo nos substanciará para pensar a

13

Nesse capítulo estamos aprofundando as analises a partir da realidade empírica

de três cidades: Mariápolis, Pracinha e Flora Rica, assim, se repete a apresentação da

tabela um – Mariápolis e os meios de consumo coletivo e individuais e os principais locais

de consumo – para facilitar a leitura do trabalho). No entanto, pontuamos que para todas

as cidades locais híbridas do nosso recorte empírico, também foram levantados os

mesmos dados os quais se encontram em anexo.

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complementariedade e dependência das cidades locais híbridas às localidades

com funções urbanas mais desenvolvidas e, dessa forma, como essa vida de

relações se materializa em práticas socioespaciais, permitindo-nos compreender

como a urbanidade dessas localidades se expressa no outro e o processo de

segregação socioespacial interurbana, intrínseco. Como, também, observar a

relação entre os circuitos da economia urbana na escala interurbana. (tabelas

cinco, seis e sete)

Tabela 5

Flora Rica A cidade e os meios de consumo coletivo e individual

Principais locais de consumo - 2010

MEIOS DE CONSUMO COLETIVO

Existência na cidade

Hospital

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não

X

Junqueirópolis 27 35,53

Junqueirópolis/Dracena 25 32,89

Junqueirópolis/Dracena/P. Prudente 10 13,16

Dracena 4 5,26

Dracena/Presidente Prudente 6 7,89

Junqueirópolis/Presidente Prudente 3 3,94

Dracena/Adamantina 1 1,32

Posto de saúde

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não

X Flora Rica 76 100

Serviço médico (particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Dracena 18 23,68

X Junqueirópolis/Dracena/P. Prudente 6 7,89

Dracena/P. Prudente 16 21,05

Junqueirópolis/Dracena 10 13,16

Presidente Prudente 5 6,58

Junqueirópolis 9 11,84

Marília 1 1,32

Junqueirópolis/Presidente Prudente 1 1,32

Dracena/Junqueirópolis/Adamantina 2 2,63

Não utiliza 8 10,53

Serviço de dentista (público/particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Flora Rica 56 73,68

X Flora Rica/Dracena 4 5,26

Junqueirópolis/Presidente Prudente 1 1,32

Irapuru/Flora Rica 1 1,32

Dracena 3 3,94

Irapuru 4 5,26

Não utiliza 7 9,21

Creche onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Flora Rica 1o 13,16

X Não utiliza 83 83,00

Igreja onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Flora Rica 73 96,05

X Flora Rica/Presidente Prudente 1 1,32

Não utiliza 2 2,63

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Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Dracena 2 2,63

X Flora Rica/Presidente Prudente 1 1,32

Dracena/Adamantina/Pacaembu 1 1,32

Flora Rica 8 10,53

Irapuru 32 42,1

Irapuru/Pacaembu 7 9,21

Irapuru/Pacaembu/Dracena 4 5,26

Pacaembu 10 13,16

Inúbia Pta/Adamantina 4 5,26

Presidente Prudente 2 2,63

Dracena/Junqueirópolis 3 3,94

Emilianópolis 1 1,32

Irapuru/Mascate 1 1,32

Confecções, calçados e armarinhos

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Irapuru/Dracena 14 18,42

X Presidente Prudente 5 6,58

Irapuru 30 39,48

Dracena 2 2,63

Pacaembu 3 3,94

Irapuru/Pacaembu/Dracena 1 1,32

Flora Rica 3 3,94

Dracena/Adamantina/Pacaembu 1 1,32

Irapuru/P. Prudente/Adamantina 1 1,32

Dracena/Junqueirópolis 2 2,63

Irapuru/Dracena/Presidente Prudente 5 6,58

Dracena/Presidente Prudente 4 5,26

Junqueirópolis/Flora Rica 1 1,32

Irapuru/Flora Rica 1 1,32

Mascate/Dracena 1 1,32

Outros 1 1,32

Não utiliza 1 1,32

Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Flora Rica 11 14,48

X Região 9 11,84

Irapuru/Dracena 1 1,32

Presidente Prudente 1 1,32

Não utiliza 54 71,05

Pescaria e zona rural (Região) Atividades da Terceira Idade

(Flora Rica) Shopping (P.Prudente)

Escola onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Flora Rica 30 39,48

X Adamantina 2 2,63

Adamantina/Flora Rica 2 2,63

Flórida Paulista 1 1,32

Lucélia 2 2,63

Não utiliza 39 51,32

Adamantina (Faculdade, técnico e ensino médio particular)

Lucélia (Faculdade)

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 6

Mariápolis A cidade e os meios de consumo coletivo e individual -

Principais locais de consumo - 2010

MEIOS DE CONSUMO COLETIVO

Existência na cidade

Hospital

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não

X

Adamantina 85 85,00

Adamantina/Marília 7 7,00

Adamantina/Presidente Prudente 2 2,00

Adamantina/Marília/Pte Prudente 1 1,00

Presidente Prudente/Marília 1 1,00

Marília 1 1,00

Presidente Prudente 1 1,00

Não utiliza 2 2,00

Posto de saúde

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Mariápolis 95 95,00

X Mariápolis/Adamantina 2 2,00

Não utiliza 3 3,00

Serviço médico (particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Adamantina 79 79,00

X Adamantina/Presidente Prudente 5 5,00

Adamantina/Lucélia 2 2,00

Adamantina/Marília/Pte Prudente 2 2,00

Presidente Prudente 2 2,00

Adamantina/Tupã 1 1,00

Adamantina/Marília 1 1,00

Adamantina/Dracena/Pte Prudente 1 1,00

Marília 1 1,00

Lucélia 1 1,00

Não utiliza 5 5,00

Serviço de dentista (público/particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Mariápolis 65 65,00

X Adamantina 16 16,00

Adamantina/Mariápolis 4 4,00

Não utiliza 15 15,00

Creche onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Mariápolis 17 17,00

X Não utiliza 83 83,00

Igreja onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Mariápolis 92 92,00

X Adamantina 1 1,00

Não utiliza 7 7,00

Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Adamantina 37 37,00

X Mariápolis 34 34,00

Adamantina/Mariápolis 22 22,00

Adamantina/Inúbia Paulista 3 3,00

Adamantina/Pte Prudente/Mariápolis 1 1,00

Presidente Prudente 1 1,00

Mariápolis/Inúbia Paulista 1 1,00

Inúbia Paulista 1 1,00

Confecções, calçados e armarinhos

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Adamantina 73 73,00

X Adamantina/Mariápolis 12 12,00

Mariápolis 5 5,00

Presidente Prudente 4 4,00

Adamantina/Presidente Prudente 3 3,00

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110

Adamantina/Inúbia Paulista 1 1,00

Não utiliza 2 2,00

Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Mariápolis 29 29,00

X Adamantina 9 9,00

Cidades da região 3 3,00

Panorama 1 1,00

Adamantina/Mariápolis 1 1,00

Presidente Prudente 1 1,00

Não utiliza 56 56,00

Pescaria, igreja, lanchonete, rua e praça (Mariápolis)

Festas e lanchonetes (Adamantina e cidades da região)

Balneário (Panorama)

Escola onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Mariápolis 39 39,00

X Adamantina 6 6,00

Adamantina/Mariápolis 1 1,00

Londrina 1 1,00

Araçatuba 1 1,00

Não utiliza 52 52,00

← Adamantina (Faculdade, técnico e ensino médio particular)

← Londrina e Araçatuba (Faculdade)

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 7

Pracinha A cidade e os meios de consumo coletivo e individual

Principais locais de consumo - 2010

MEIOS DE CONSUMO COLETIVO

Existência na cidade

Hospital

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não

X

Lucélia 56 86,15

Lucélia/Adamantina 5 7,69

Lucélia/Marília 2 3,08

Lucélia/Marília/Presidente Prudente 1 1,54

Lucélia/Presidente Prudente 1 1,54

Posto de saúde

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Pracinha 65 100,00

X

Serviço médico (particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Lucélia 23 35,38

X Lucélia/Adamantina 12 18,46

Adamantina 7 10,77

Lucélia/Presidente Prudente 5 7,69

Presidente Prudente 3 4,61

Adamantina/Presidente Prudente 2 3,08

Adamantina/Osvaldo Cruz 2 3,08

Marília/Presidente Prudente 1 1,54

Osvaldo Cruz 1 1,54

Marília/Tupã 1 1,54

Osvaldo Cruz/Presidente Prudente 1 1,54

Lucélia/Dracena/Adamantina 1 1,54

Lucélia/Adamantina/Tupã 1 1,54

Não Utiliza 5 7,69

Serviço de dentista

(público/particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Pracinha 42 64,61

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X Lucélia 5 7,69

Lucélia/Pracinha 4 6,15

Adamantina 3 4,61

Lucélia/Adamantina 2 3,08

Não utiliza 9 13,85

Creche onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Pracinha 4 6,15

X Lucélia 1 1,54

Não utiliza 60 92,31

Igreja onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Pracinha 62 95,38

X Pracinha/Lucélia 2 3,08

Não utiliza 1 1,54

Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Pracinha 37 56,92

X Lucélia 13 20,00

Pracinha/Lucélia 9 13,85

Inúbia Paulista 6 9,23

Confecções, calçados e armarinhos

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Lucélia 45 69,23

X Lucélia/Adamantina 7 10,77

Pracinha/Lucélia 3 4,61

Lucélia/Adamantina/Presidente Prudente

3 4,61

Adamantina 2 3,08

Presidente Prudente 2 3,08

Lucélia/Adamantina/Osvaldo Cruz 2 3,08

Lucélia/Mascate 1 1,54

Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Pracinha 19 29,23

X Adamantina/Lucélia 1 1,54

Cidades da região 1 1,54

Panorama 1 1,54

Lucélia 1 1,54

Martinópolis 1 1,54

Não utiliza 41 63,08

Pescaria, igreja, quermesse, praça (Pracinha)

Festas (Adamantina, Lucélia) Balneário (Panorama,

Martinópolis)

Escola onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Pracinha 27 41,54

X Pracinha/Adamantina 2 3,08

Adamantina 2 3,08

Lucélia 2 3,08

Não utiliza 32 49,23

Adamantina (Faculdade, técnico)

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Os índices de deslocamentos, no que tangem o acesso a hospital e médico

particular, nos indicam que dos entrevistados das três cidades 100% necessitam

se deslocar para outras localidades para obterem os serviços. Esses se destinam

com diferenças, para os centros sub-regionais A e B de Dracena, Adamantina,

Junqueirópolis, Tupã, Osvaldo Cruz e Lucélia e para as cidades médias de

Presidente Prudente e Marília.

Já referente ao posto de saúde, 100% dos entrevistados de Flora Rica e

Pracinha utilizam-se desse serviço na própria cidade e para Mariápolis esse

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112

percentual é de 95%, sendo que 2% declararam utilizar concomitantemente em

Mariápolis e Adamantina e 3% não utilizam.

O acesso aos serviços de dentista (público e particular) apresenta a

seguinte proporção, dos entrevistados - 73,68%, 65%, 64,61%, para Flora Rica,

Mariápolis e Pracinha , respectivamente. Utilizam-no na localidade os demais, ao

mesmo tempo, tem acesso ao serviço na própria cidade como em outros

aglomerados. Dentre os entrevistados os que declararam não utilizar-se dos

serviços, perfazem 9,21% para Flora Rica, 15% para Mariápolis e 13,85% para

Pracinha.

No que concerne aos serviços de saúde devemos destacar que os

atendimentos realizados nos postos de saúde são destinados para atender

apenas procedimentos básicos, como pequenos curativos e inalações e as

especialidades médicas existentes são: clínico geral (para as três cidades, com

atendimento diário no período matutino em todas elas), ginecologista (no

período matutino, duas vezes na semana para Flora Rica e Pracinha e

diariamente em Mariápolis), pediatra (Mariápolis e Flora Rica, duas vezes na

semana, no período matutino) e ortopedista (apenas Mariápolis, duas vezes na

semana, no período vespertino) e, ainda, para Mariápolis tem-se o atendimento

odontológico (diariamente, no período vespertino e noturno). Para Flora Rica e

Pracinha o horário de funcionamento do posto de saúde é de segunda a sexta

feira, das 7h00 às 17h00. Em Mariápolis o atendimento no posto se estende até

as 21h, mas somente para o serviço odontológico. O posto de saúde não

funciona no período noturno, aos sábados, domingos e feriados, faz parte da

política municipal pela autonomia que exerce para decidir/investir nisto.

Assim, intensifica-se a necessidade de deslocamentos por parte da

população para ter acesso aos serviços de saúde, como constatado nos índices

de deslocamentos para os hospitais e médico particular, fortalecendo a

indissociabilidade entre espaços intra e interurbano. Este fator é um dado do

funcionamento das redes urbanas e a lógica por trás dessa vida de relações é a

divisão territorial do trabalho.

Os serviços de alta complexidade, por uma questão de escala, devem

estar localizados nos maiores centros. No entanto, os moradores das cidades

locais híbridas precisam se deslocar para terem acesso a esses serviços e podem

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113

morrer no caminho14. Uma pessoa que teve um enfarto, por exemplo, se mora

perto de um hospital, pode, ainda, ter recurso de emergência (cateterismo, por

exemplo). Contudo, é inviável instalar os serviços de alta complexidade em cada

local, mas, o fato de morar nas cidades locais híbridas os coloca em

desvantagem do ponto de vista de acesso aos recursos tecnológicos, que são

seletivos.

Esse fator penaliza ainda mais os moradores dessas localidades,

considerando que os postos de saúde realizam procedimentos muito

elementares, não dispondo de recursos suficientes para um bom atendimento

entre os primeiros socorros, na cidade local híbrida, e o atendimento nos

hospitais localizados nas cidades sub-regionais ou médias.

No Brasil observamos grandes barreiras no acesso aos serviços

ambulatoriais e hospitalares, embora a saúde seja direito de todos, com acesso

universal e igualitário e essas barreiras, dentre outros fatores, são impostos pela

indisponibilidade da oferta de serviços básicos e especializados à grande maioria

da população (GUIMARÃES; AMARAL; SIMÕES, 2006, p. 17). E os autores

acrescentam:

A discussão sobre o acesso aos serviços de saúde é de

fundamental importância em qualquer estudo sobre as condições

de vida da população, uma vez que as barreiras ou dificuldades

encontradas no atendimento às necessidades de saúde podem

afetar a qualidade de vida e mesmo pôr em risco a sobrevivência

do indivíduo.

Ainda no sentido de discutir o acesso aos meios de consumo coletivo,

Silveira (2008) destaca que a nova rede urbana apresenta áreas luminosas e

áreas opacas, as primeiras são locus dos eventos da nova ordem e as segundas

deixam de contar com o apoio do Estado. Portanto, as pessoas e aos lugares que

não fazem parte da novíssima divisão territorial do trabalho lhes faltará o acesso

a certos consumos coletivos. A autora se refere às densas periferias paulistanas

e outras grandes metrópoles, como as pequenas aglomerações do interior do

Nordeste e da Amazônia.

As cidades que vimos estudando não são pequenas aglomerações no

interior do Nordeste ou da Amazônia, mas por suas dinâmicas de acesso aos

14

Conforme relatado por entrevistados na cidade de Arco-Íris, uma moradora da

cidade teve parada cardiorrespiratória e no deslocamento para a cidade de Tupã veio a

óbito.

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meios de consumo coletivo fazem parte das áreas opacas, no sentido da

racionalidade na distribuição dos equipamentos e serviços de saúde. Não

estamos dizendo que essa população não tenha acesso a esses recursos, pois

podem ser encaminhados para centros maiores, mas, o fator deslocamento ou a

falta de recursos financeiros os coloca em desvantagem em relação aos recursos

tecnológicos.

Portanto, Silveira (2007, p 11 e 12) destaca que a consequência desse

processo é que são privilegiados áreas e pontos em detrimento de extensas

partes, assim se “produz uma enorme dívida social” e acrescenta que não é

inerente ao princípio organizacional dos agentes hegemônicos a busca de justiça

espacial, como destaca vários autores, ao contrário, a globalização tal como é

aceita somente fortalece as polarizações socioespaciais e seu corolário “es la

escasez de recursos, bienes y servicios universales en el resto del territorio y,

por ello, un desigual ejercicio de la democracia, llevando a su fragilidad como

condición de vida de una sociedade”.

A desvantagem no acesso aos serviços universais, tanto os ditos “raros”

como os que deveriam ser básicos, são negados a essa população fragilizando a

vida em sociedade. Assim, o acesso desigual aos serviços e equipamentos de

saúde sendo um fator que aufere nas condições de vida desses moradores, indica

a ocorrência do processo de segregação socioespacial interurbana.

E, ainda mais, reforça a pobreza política que discutimos no capítulo dois,

demonstrando-nos que o circuito de pobreza perpassa por diferentes vieses e as

questões não são estanques ou lineares, se perpassam. Silveira (2007, p. 16)

destaca que os nexos do individualismo mercantil substituem os nexos da vida

coletiva, e acrescenta:

De un modo general, los partidos políticos, unánimemente

preocupados con el crecimiento (Hamilton, 2006), acaban por

aceptar la ley de la oferta y la demanda aplicada a la vida social

como un todo, allí incluidos los servicios universales, ofreciendo

cuando es posible soluciones puntuales y asistencialistas a quien

queda fuera del juego del mercado. La topología es más fuerte que

el espacio banal.

Nas cidades locais híbridas os problemas relacionados aos serviços de

saúde, em alguns casos, são mantidos para que haja o “problema” e possa ser

atendido. Assim, “doa-se” uma ambulância, desloca-se um doente com seu

próprio carro, ao invés de investir em uma política pública municipal de melhoria

no atendimento do ponto de saúde da cidade, na abertura 24 horas, em mais

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especialidades médicas, ou seja, as soluções pontuais e assistencialistas reforça

a pobreza politica. E como os nexos individuais substituem os coletivos, a

população, em certo sentido, perpetua essa dinâmica.

Assim, as desvantagens de acesso aos recursos tecnológicos, a falta de

estrutura nos postos de saúde e a autonomia municipal em não oferecer

atendimento no período noturno, sábados, domingos e feriados, efetivamente

penalizam a população dessas cidades e essas são privações inaceitáveis do

ponto de vista da justiça social.

Retornando a análise das tabelas, pontuamos a utilização de creche e

igreja. No que tange ao primeiro, dos entrevistados da cidade Flora Rica,

Mariápolis e Pracinha 13,16%, 17%, 6,15%, respectivamente, utilizam o serviço

e o acesso se dá na própria cidade, também dos que declararam frequentar

igreja 96,05%, 92%, 95% para Flora Rica, Mariápolis e Pracinha o fazem na

própria localidade. Esses dados nos revelam que o acesso à creche e igreja se

realiza, predominantemente, nas cidades locais híbridas.

Referente ao serviço de educação constatamos que para Flora Rica

51,32%, Mariápolis 52,00% e Pracinha 49,23% dos entrevistados não utilizam-

se do serviço. Dos que declararam utilizar 39,48%, 39% e 41,54%,

respectivamente, o fazem na cidade. Os demais têm acesso nas cidades de

Adamantina, Flórida Paulista, Lucélia, Londrina e Araçatuba e dizem respeito ao

ensino superior, técnico e ensino particular. Volta-se a questão da divisão

territorial do trabalho, pois os serviços educacionais como ensino superior,

ensino técnico, escolas particulares necessitam, para o seu funcionamento, uma

demanda que não é suprida nas cidades locais híbridas. No entanto, ressaltamos

que o oferta de ensino técnico não deveria estar inserido nessa lógica,

considerando que a pobreza material, associada ao desemprego e má

remuneração existente nessas localidades vai ao encontro da necessidade de

investimentos na área de educação profissionalizante.

Pedro Demo, já em 1978, discutia que uma política social que se diga

distributiva deveria, além de outros fatores, centrar na via “ocupação-renda” e,

assim, educação e profissionalização seriam elementos essenciais pelo impacto

que poderiam causar nas condições ocupacionais.

Contudo, no que se refere à população das cidades locais híbridas,

observamos que os deslocamentos necessários para ter acesso a esse tipo de

serviço educacional se traduz em não utilização do mesmo, considerando o

desgaste com deslocamento, o custo, dentre outros fatores, como destacado

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116

pelos entrevistados. Portanto, a dificuldade de acesso aos serviços educacionais

profissionalizantes é um fator que reforça o processo de segregação

socioespacial interurbana.

No que concerne ao lazer dos entrevistados, uma porcentagem elevada

declarou não frequentar locais destinados ao lazer, dentre os motivos destacados

temos o de ordem pessoal, ou seja, não utilizam porque não gostam, preferem

ficar em casa, mas também há os que afirmaram não ter opção de lazer na

própria cidade, como show, teatro, festa, parque, clube – eventos e locais

públicos - e o deslocamento para outras cidades acarreta, também, em

dificuldade de acesso, pois só poderiam se deslocar de “carona” ou de carro

próprio, já que o transporte coletivo não funciona no período noturno, por

exemplo, e ainda acrescenta-se o custo financeiro.

A falta de incentivo à cultura também pode ser observada nas

ponderações realizadas por um entrevistado da cidade de Flora Rica de 72 anos:

ele declarou que participa de um grupo folclórico - Folia de Reis - financiado pelo

Ministério da Cultura e também de grupos de viola, no entanto, não consegue

apoio municipal e para qualquer procedimento burocrático em torno dos projetos

precisa se deslocar a Presidente Prudente e, segundo ele, o prefeito da cidade

sugeriu que se mudasse, porque ali não conseguiria recursos, como poderia

obter, por exemplo, na cidade de Presidente Prudente.

Dos entrevistados que frequentam locais de lazer somente na cidade,

temos: 14,48%, 29% e 29,23% para Flora Rica, Mariápolis e Pracinha, os

demais utilizam-se na própria cidade e, concomitantemente, nas localidades de

Irapuru, Presidente Prudente, Adamantina, Panorama, Lucélia, Martinópolis e nas

demais cidades da região.

Na discussão referente à “qualidade de vida”, Demo (1978) aponta que

satisfazer as necessidades da população não significa garantir acesso a bens

materiais (geladeira, etc.), mas de outras necessidades igualmente importantes

como segurança, liberdade, privacidade, criatividade, lazer e cultura, dentre

outros. Assim, acrescenta que a base material é fundamental, mas a parte

qualitativa não pode ser acréscimo consequente e o acesso a condições mínimas

satisfatórias de subsistência material deva ser de primeira necessidade, mas não

única.

Os moradores dessas localidades não tem acesso ao lazer por falta de

opção e incentivo a cultura na própria cidade, isso se acopla ao fator

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deslocamento, ou seja, essa população está em desvantagem e limitada pelo

deslocamento, reforçando o processo de segregação socioespacial interurbana.

Ainda referente aos dados das tabelas acima, pontuamos o acesso aos

bens individuais que, para nossa análise, destaca-se o comércio alimentar,

confecções, calçados e armarinhos.

Assim, para a cidade de Flora Rica o acesso da população se distribui da

seguinte forma: para o comércio alimentar os que declararam consumir somente

na cidade de Flora Rica perfazem somente 10,53% dos entrevistados, e para

confecções, calçados e armarinhos esses são apenas 3,94%. O acesso dos

demais se distribuem entre as cidades de Dracena, Adamantina, Amelianópolis,

Pacaembu, Irapuru, Inúbia Paulista, Junqueirópolis e Presidente Prudente.

Na cidade de Mariápolis, referente ao acesso ao comércio alimentar,

temos: 34,00% dos entrevistados consomem somente na localidade, os que

declararam consumir, concomitantemente, em Mariápolis e Adamantina são

22,00%, 37,00% afirmaram consumir exclusivamente em Adamantina e os

demais se distribuem entre Inúbia Paulista e Presidente Prudente. Para

confecções, calçados e armarinhos o percentual dos que somente tem acesso na

cidade é de 5,00%, os que utilizam em Mariápolis e Adamantina são 12,00% e

somente em Adamantina 73,00%, os demais para as mesmas cidades do

consumo alimentar.

Para Pracinha, os entrevistados que consomem o comércio alimentar

exclusivamente no aglomerado tem-se um percentual de 56,92%, os que

declararam consumir, simultaneamente, em Pracinha e Lucélia perfazem

13,85%, unicamente em Lucélia 20,00% e Inúbia Paulista 9,23%. Já o acesso a

confecções, calçados e armarinhos nenhum dos entrevistados declarou consumir

esses produtos somente na cidade e 4,61% utilizam-se destes em Pracinha e

Lucélia, e 69,23% exclusivamente em Lucélia e 10,77% em Adamantina, os

demais na cidade de Osvaldo Cruz e Presidente Prudente. Segundo

entrevistados, a predominância de utilização do comércio alimentar na própria

cidade se dá devido à possibilidade de comprar “fiado” e o valor dos produtos

não diferir muito dos encontrados em outras localidades, diferentemente do que

observamos nas demais cidades.

Pela prevalência do circuito inferior da economia os índices de

deslocamentos necessários para obtenção de boa parte dos meios individuais de

reprodução, acoplado ao fator custo financeiro, coloca a população em

desvantagem de acesso. Assim, essa população tem acesso aos bens individuais

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na própria localidade ou em outras cidades, mas, no geral, pagando um preço

mais elevado nos bens e produtos.

Ao correlacionarmos os deslocamentos necessários para acesso aos meios

de consumo coletivo e individuais para pensar a estruturação do processo de

segregação socioespacial interurbana nos suscita a indagação referente ao

acesso aos bens individuais (pela prevalência do circuito inferior da economia

urbana).

Lojkine (1997 [1981]), como discutimos anteriormente, ao trabalhar com

meios de consumo coletivo, divide esses meios em de consumo coletivo

(necessidade social) e consumo individual – organização do processo de

consumo –; o consumo individual pode ser aulas, por exemplo, mas, também,

meio de subsistência e o valor de uso desses se cristaliza no próprio objeto

material. Assim, para o autor, os meios de consumo individuais são meios de

reprodução da força de trabalho e do capital, auxiliares do ponto de vista social.

Somente analisando os deslocamentos necessários para se ter acesso ao

consumo individual não podemos dizer que se estrutura o processo de

segregação socioespaical interurbana, pois esses são auxiliares do ponto de vista

social e não uma necessidade social.

Ainda no sentido de pensar o acesso aos bens individuais e sua correlação

ou não com o processo de segregação socioespacial, podemos utilizar-nos das

ponderações realizadas por Sposito (2011, p. 131):

Corrêa (2007, p. 64) frisa que, na escala da rede urbana,

poderíamos observar a diferenciação funcional dos centros urbanos

como as diferenças entre os tamanhos de cidades. Nesses termos,

tanto se pode observar, a meu ver, as desigualdades como as

diferenças, porque a dimensão quantitativa expressa pelo tamanho

das cidades, reflete-se numa qualidade diversa dos papéis

urbanos. Isso nos possibilita, no que se refere aos tamanhos das

cidades, ler as desigualdades demográficas por meio das

diferenças expressas na complexidade dos papéis urbanos

exercidos por cada cidade na rede urbana e as formas e os cortes

segundo os quais seus moradores se apropriam mais ou menos de

seus espaços urbanos.

A diferenciação funcional está estritamente relacionada ao tamanho da

cidade, que expressa diferenças na complexidade dos papeis urbanos,

intensificando, assim, a vida de relações entre as diferentes cidades. Portanto,

essas diferenças podem, também, revelar desigualdades pelo desigual acesso

aos quais estão submetidas uma parcela da sociedade.

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Os deslocamentos necessários para acesso aos bens individuais, mesmo

não estruturando o processo de segregação socioespacial, afeta, negativamente,

as condições de vida dos moradores, nos permitindo correlaciona-los ao processo

de exclusão social, pois como destacam Vieira, Furini, Nunes e Libório (2010, p.

47), a dimensão econômica da exclusão social:

relacionada principalmente ao aumento das desigualdades e da

pobreza, levando uma grande parcela da população a ter acesso

restrito aos bens de consumo básicos e simbólicos, aos

equipamentos urbanos etc., o que é agravado pela baixa

remuneração e ao desemprego estrutural.

Porém, no sentido que vimos discutindo, os deslocamentos realizados pela

população para acesso aos bens individuais são dados necessários para pensar o

processo de segregação socioespacial interurbana. Esses índices de

deslocamentos reforçam a complementariedade e dependência entre as cidades

locais híbridas e as localidades com complexidade funcional mais desenvolvida,

intensificando a vida de relações, materializando-se em práticas socioespaciais,

sendo as práticas a possibilidade de compreendermos a urbanidade e essa se

expressando no outro.

Assim, os deslocamentos das pessoas para acesso aos bens individuais

fazem parte da divisão territorial do trabalho e esse processo não quer dizer que

haja segregação socioespacial, todavia, a prevalência do circuito inferior nos

ajuda à substânciar a tese da estruturação do processo de segregação

interurbana.

Após analisar os dados de deslocamentos e a questão do acesso aos meios

de consumo coletivo e individuais, podemos associar falta de acesso e

localização, pois estar localizado numa cidade local híbrida impede e/ou dificulta

os moradores de terem pleno acesso, por exemplo, à cultura e lazer, aos

serviços de saúde e educacionais (profissionalizantes).

Os índices de deslocamentos e as questões correlacionadas a este fator,

como discutimos, são reforçados pelos dados contidos nas tabelas referentes às

relações interurbanas (fluxos de deslocamentos). Nas tabelas oito, nove e 10,

identificamos a intensidade dos deslocamentos realizados pelos entrevistados.

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Tabela 8

Flora Rica Relação interurbana com Dracena - 2010

Fluxo

Ocorrência Frequência %

1 vez na semana 5 6,58

2 vezes na semana 10 13,16

3 vezes na semana 4 5,26

4 vezes na semana 1 1,32

Raramente 8 10,53

Sempre 3 3,94

Quando necessita 45 59,21

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Tabela 9 Mariápolis

Relação interurbana com Adamantina - 2010 Fluxo

Ocorrência Frequência %

1 vez na semana 20 20,00

2 vezes na semana 10 10,00

3 vezes na semana 6 6,00

4 vezes na semana 2 2,00

5 vezes na semana -- --

6 vezes na semana -- --

7 vezes na semana -- --

Raramente 7 7,00

Sempre -- --

Quando necessita 55 55,00

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Tabela 10

Pracinha Relação interurbana com Lucélia - 2010

Fluxo

Ocorrência Frequência %

1 vez na semana 4 6,15

2 vezes na semana 6 9,23

3 vezes na semana 4 6,15

4 vezes na semana -- --

5 vezes na semana 1 1,54

6 vezes na semana -- --

7 vezes na semana 4 6,15

Raramente 4 6,15

Sempre 7 10,77

Quando necessita 35 53,85

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Dentre os entrevistados os maiores índices de deslocamentos para as três

cidades está na categoria “quando necessário”, o que evidencia que para

qualquer coisa que necessite a população se desloca para outras localidades.

Segundo os entrevistados, existem semanas em que não há necessidade de

deslocamento, mas, em outras seja indispensável ou até mesmo ocorra várias

vezes na semana. Seguido das ocorrências que indicam uma a duas vezes na

semana, e para cidade de Pracinha, também se expressa a ocorrência sete vezes

na semana e sempre. Os que declararam se deslocar raramente perfazem

10,53% para Flora Rica, 7% para Mariápolis e 6,15% para Pracinha.

A intensa vida de relações interurbanas nos demonstra que as cidades

locais híbridas, pela incipiência dos meios de consumo coletivo e bens de

consumo individual, dependem das demais cidades da rede urbana e, também,

como esses fatores estão relacionados às condições de vida das pessoas

residentes nesses aglomerados. Assim, a lógica dessa vida de relações se

apresenta na divisão territorial do trabalho nos permitindo entender, a partir dos

dados de deslocamentos, por exemplo, como se dão as práticas socioespaciais da

população, como se apresenta a indissociação entre os espaços intra e

interurbano, a dependência e complementariedade.

Ainda nesse sentido, apresentamos as observações dos entrevistados

sobre a própria cidade, como sua relação com o outro – demais localidades com

as quais mantém relações. Assim, destacamos que as questões postas não

significam somente um dado da divisão territorial do trabalho ou hierarquia

urbana, mas reforçam, como demonstramos, uma desvantagem, uma limitação

ou não acesso aos recursos tecnológicos, uma possibilidade de melhor impacto

na questão ocupação-renda e no acesso ao lazer.

Quando analisamos as Tabelas 22, 45 e 62, em anexo – os entrevistados e

a cidade (você gosta de morar na cidade?) – nas quais se apresentam as

opiniões dos moradores sobre a cidade, observamos que as justificativas porque

não gostam de morar no local estão relacionados à dificuldade de acesso aos

equipamentos e serviços urbanos na própria cidade, a dependência da cidade em

relação às outras cidades da rede urbana e a questão relacionada ao emprego

e/ou trabalho, assim para Flora Rica destaca-se: “não tem emprego”; “falta

tudo”. Para Mariápolis apresenta-se as seguintes questões: “não tem emprego e

não proporciona oportunidades”; “tudo depende de Adamantina”; “falta de

acesso ao comércio”. Para Pracinha “muito calma não tem lazer”; “não tem

opção”; “para ganhar dinheiro tem que sair”; “não tem opção de emprego”.

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Observa-se que os assuntos discutidos acima retornam nas ponderações

dos entrevistados. Pois, ao apontarem a questão do emprego, ou poderia ser

trabalho, demonstra que a prevalência do circuito inferior, mesmo gerando

emprego e renda, não é capaz de suprir a oferta de mão de obra, pelo número

reduzido, perpetuando a pobreza. Mas, também, se inscreve o fato de residir

nessas localidades, ou seja, a necessidade de deslocamento é um fator de

desvantagem para obtenção de emprego, como destaca a entrevistada de 18

anos, desempregada da cidade de Pracinha: “aqui não tem emprego, quando

vamos pedir emprego em Lucélia não podemos falar que moramos em Pracinha,

eles acham que vamos chegar atrasados e tem a questão da passagem”.

Acrescenta-se a isso a questão da ocupação-renda, por não ter emprego e

não ser proporcionado mecanismos como formação profissionalizante e, ainda, o

deslocamento ser mais um limitador ao acesso, no mesmo sentido, para a

questão do lazer.

As informações sobre o entrevistado e a cidade nos quadros três, quatro e

cinco (quais as melhorias que faltam na cidade), também nos permitem perceber

essas questões.

Quadro 3 Flora Rica

O entrevistado e a cidade - 2010

Quais as melhorias que faltam em Flora Rica?

Esporte, lazer, educação e saúde Conservação do asfalto Mais médicos e médico 24 horas Lazer e emprego para os jovens Lazer para crianças e jovens Escola Mais horários de ônibus Policiamento Conservar a cidade Terminar a piscina pública Esporte Limpeza pública Melhorar administração há mais de 20 anos está

parada Vereadores acomodados Assistência social para população Mais casas populares Ensino profissionalizante População depende muito da assistência social,

diminuir isso

Mais comércio, mais emprego e mais lazer Emprego para os jovens Indústrias Emprego Mais supermercado e comércio forte Emprego para as pessoas não irem embora Emprego para tirar da cana-de-açúcar Farmácia Emprego para mulher Construir outra cidade Faltam muitas coisas Falta tudo e um pouco mais Não sabe Não falta nada

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Quadro 4

Mariápolis O entrevistado e a cidade - 2010

Quais as melhorias que faltam em Mariápolis?

Rodoviária Lazer Médicos plantonistas Mais policiamento Mais médicos no posto de saúde Pavimentação Lazer para as crianças Hospital

Pronto socorro Mais vagas na creche, faculdades Melhorar qualidade da creche Mais limpeza pública Conservação dos espaços públicos Conservar a cidade como um todo – limpeza,

ruas, campo de futebol e asfalto Não fechar posto de saúde nos feriados Academia ao ar livre Ginástica para terceira idade Mais remédio no posto de saúde Lazer para idosos Saneamento básico Transporte Ambulância pequena para Marília Melhorar atendimento no posto de saúde Maior número de médicos e mais horários de

atendimento Se as melhorias dependerem do prefeito

estamos enrolados, precisa mudar a política Atendimento sem preferências no posto de

saúde Mais democracia no clube dos idosos

Emprego Mercados, lojas e fábricas Industrias Emprego para os jovens Comércio Incentivo a lavoura Fábrica para as mulheres Uma cooperativa, fábrica de bolsas, roupas

Feira livre Médico direto, dia e noite, para não precisarmos

ir para Adamantina Médico que morasse na cidade Pavimentação para melhorar acesso a Presidente

Prudente Melhorar conservação da vicinal (asfalto) entre

Mariápolis e Adamantina Fábrica, para as mulheres não precisarem ir para

Adamantina Cursos profissionalizantes Casas populares Assistência social Tudo bom, acostumado a sofrer Tudo bom Bastante coisa Falta tudo Menos fofoca

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Quadro 5 Pracinha

O entrevistado e a cidade - 2010

Quais as melhorias que faltam em Pracinha?

Lazer, atendimento de saúde Lazer para jovens, crianças Mais horários de ônibus Hospital, pronto socorro Bons médicos plantonistas Festas, mais movimento Acabar a construção das casas populares Eleição roubada Melhor organização Eles estão fazendo, mas a cidade é pequena é

não tem muito recurso Tudo bom, quando não tem serviço o prefeito

ajuda com comida Melhorar o prefeito Tudo bom, depois que entrou esse prefeito as

coisas ficaram melhor Cursos profissionalizantes

Emprego Emprego para jovens quase todos tem que sair

para arrumar emprego fora Emprego para mulheres Emprego para tirar do facão Fábricas, indústrias Mais lavouras, café, tomate, feijão Mais comércio Mais facilidade de acesso à cidade Seria bom não precisar sair da cidade para tudo A cidade não vai para frente porque nada se

instala aqui Aqui não tem emprego, quando vamos pedir

emprego em Lucélia não podemos falar que moramos em Pracinha eles acham que vamos chegar atrasados e tem a questão da passagem

Falta quase tudo Tudo bom De tudo um pouco

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

A cada nova informação que apresentamos, mesmo apreendidas de

maneiras diferentes, as mesmas questões são tangenciadas. Essas remetem-se a

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pobreza política, ao desemprego, mas, também, uma parcela das respostas está

correlacionada aos deslocamentos, dependência a outras cidades e acesso aos

equipamentos e serviços urbanos e individuais.

Dentre essas destacamos as questões referentes aos serviços de saúde

para os quais as principais indagações são a falta de médicos, principalmente de

médicos plantonistas, pronto socorro, não fechamento e mais horários de

funcionamento; a questão do lazer e dos relacionados aos bens e serviços

individuais.

Também nas tabelas 23, 46 e 63, em anexo – o entrevistado e a cidade

(você gostaria de morar em outra cidade?) – observamos que dos entrevistados

que declararam que gostariam de morar em outras localidades os motivos,

dentre outros, foram para Flora Rica “mais opção de emprego”; “mais eventos

culturais, acesso a projetos e oficinas culturais”. Para Mariápolis “mais emprego”;

“ficar mais perto de supermercados, lojas e hospitais”; “uma cidade onde tudo

seja mais fácil, médicos, hospitais, lojas, serviços”. Para Pracinha, destaca-se

“mais opção de emprego”; “Adamantina, tem mais lazer e emprego”.

Na relação com o outro, ou seja, na comparação entre a cidade local

híbrida e a cidade com a qual a população mantém maior interdependência, as

questões apontadas, igualmente, destacam o acesso aos equipamentos e

serviços urbanos, os deslocamentos, a dependência, ou seja, fatores

correlacionados à vida de relações com as demais localidades – Quadros 47, 31,

15 – (em anexo) - o entrevistado e as relações interurbanas (O que você acha de

Lucélia, Dracena, Adamantina, para os entrevistados de Pracinha, Flora Rica e

Mariápolis, respectivamente) – os fatores de maior expressividade foram: ”mais

facilidade de acesso”; “mais bancos, opção de compras, tudo”; “cidade maior, a

população não precisa sair para fazer compras”; “cidade maior, mais

possibilidade de acesso aos serviços e infra-estruturas urbanas”; “bastante opção

para as crianças no lazer, mais faculdades”; “mais facilidade de acesso”;

“melhor, tem hospital e médicos”; “tem faculdade e a escola técnica é boa”;

“dependemos muito de Adamantina”; “tudo de melhor, carro, som..... tem

escolhas coisa que em Mariápolis não tem”; “comércio mais dinâmico e melhor

preço”; “tem opção de escolhas”.

Esses dados confirmam a dependência dos moradores das cidades locais

híbridas em relação a outras localidades, principalmente Lucélia, Adamantina e

Dracena, por oferecerem mais recursos referentes aos meios de consumo

coletivo e individuais. Portanto, a incipiência dos equipamentos e serviços

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urbanos implica uma vida de relações, pois, mesmo sendo capaz de responder às

necessidades vitais mínimas de sua população, suas demandas são supridas,

necessariamente, em outras localidades e é justamente essa interdependência

com outros centros que possibilita a permanência de cidades locais híbridas,

mas, por outro lado, a perda relativa de centralidade.

Assim, a dependência e a falta de opção é um dado da realidade que se

processa na estruturação da segregação socioespacial interurbana. A população,

em determinados momentos, deixa de realizar atividades ou ter acesso aos

meios de consumo coletivo e individuais pelo motivo deslocamento e, a falta de

acesso ou acesso limitado aos equipamentos e serviços de saúde, educação

(principalmente cursos profissionalizante), lazer/cultura, comércio são privações

que penalizam as condições de vida da população indo de encontro à justiça

social e espacial.

Nesse sentido, a dependência das relações interurbanas para suprir a

necessidade da população, no que tange aos meios de consumo coletivo e

individuais, demonstra que as cidades locais híbridas não podem ser analisadas

como uma totalidade, mas na interdependência todo-parte. Esse processo

revela-nos que a totalidade dos processos sociais existentes nas cidades locais

híbridas se processa nas relações entre elas e as demais cidades da rede urbana.

Porém essa totalidade é menor e inserida na totalidade da formação

socioespacial brasileira (SANTOS, 1977).

Santos (1985) indica que sendo a função, ação, a interação supõe

interdependência funcional e nos estudos das interações que se recupera a

totalidade social, ou seja, o espaço como todo. No caso em análise essa

interdependência funcional pela sua intensidade se revela enquanto práticas

socioespaciais.

Pensar sobre os pares dialéticos todo-parte no processo de segregação

socioespacial na escala interurbana nos remete às distinções de Sposito (2004),

entre continuidade/descontinuidade territorial e continuidade/descontinuidade

espacial. Para Sposito (2004, p. 204) a análise da descontinuidade territorial é

diferente de se avaliar a continuidade ou descontinuidade espacial:

Com efeito, muitas vezes, a descontinuidade territorial é possível

porque a continuidade espacial se fortalece por meio de ampliação

de infra-estruturas de circulação e comunicação (sistema viário,

sistema de fornecimento de água ou captação de esgoto, redes de

telefonia, televisão e internet etc) e pela difusão do acesso aos

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equipamentos que possibilitam os deslocamentos e os contatos

(veículos automotivos, antenas, microcomputadores etc).

Quando essas duas dinâmicas – descontinuidade territorial e

continuidade espacial – ocorrem simultaneamente e se articulam,

pode se reconhecer, no plano da forma urbana, a constituição de

rupturas no tecido urbano e, no plano das dinâmicas e processos,

a realização da integração espacial. (grifo do autor)

Na análise interurbana entre as relações das cidades locais híbridas e sub-

regionais, observamos o processo de descontinuidade territorial medido pela

distância física entre as localidades e, concomitantemente, continuidade espacial,

no mesmo sentido descrito pela autora (2004) para escala intra-urbana. Para

haver continuidade espacial a frequência dos fluxos deve ser alta, por isso sua

utilização para pensar processos em aglomerações urbanas, mas devido à

intensidade dos fluxos entre as cidades locais híbridas e sub-regionais esse

processo se perfaz entre diferentes realidades urbanas. Desta forma, a

segregação socioespacial interurbana se efetiva e a integração espacial se

processa pela intensa vida de relações entre as localidades.

Assim, tomando o todo (relações interurbanas) e a parte (cidade local

híbrida e/ou sub-regional), a segregação socioespacial interurbana se materializa

na descontinuidade territorial e na continuidade espacial existente entre os

espaços.

Sposito (2004, p. 2006) aponta que “é seletivo o acesso aos meios que

propiciam a integração espacial, a descontinuidade territorial tem repercussões

profundas nas práticas socioespaciais e no direito à cidade (...)”. A autora

acrescenta ainda que a descontinuidade territorial tem reflexo direto nas práticas

socioespaciais.

Quando uma localidade não oferece o pleno acesso aos bens e serviços

urbanos, os deslocamentos interurbanos tornam-se essenciais para qualquer

indivíduo, como observa Santos (2004, p. 336):

Para certos tipos de consumo, todo indivíduo, qualquer que seja

sua condição ou seu nível de renda, é prisioneiro da cidade. É o

caso dos bens e serviços que, por sua natureza ou devido à

frequência da demanda, exigem uma proximidade no espaço e no

tempo. Para outros consumos, a capacidade de escapar da

sujeição ao mercado local depende da mobilidade do individuo,

que está em estreita ligação com sua posição na escala das

rendas.

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Assim, retomando Santos (2004, p. 338), “a rede urbana não tem,

portanto, o mesmo significado para as diferentes camadas socioeconômicas”.

Mesmo analisando uma sub-totalidade da rede urbana podemos dizer que as

pessoas de maior poder aquisitivo residentes nas cidades locais híbridas têm

acesso à cidade como totalidade por meio dos deslocamentos interurbanos desse

segmento social. É desta forma que a parte (cidade local híbrida) e o todo

(relações interurbanas) sejam apreendidos como totalidade. No entanto, os de

menor poder aquisitivo tem menos possibilidade de consumir e se apropriar da

cidade (cidade local híbrida e relações interurbana) enquanto totalidade, pois

esbarram em suas condições econômicas, que os tornam prisioneiros da parte

(cidade local híbrida)15.

Assim, partindo das premissas de incipientes funções urbanas, da

dificuldade de acesso aos meios de consumo coletivo e individuais, da

dependência de bens e serviços disponíveis em outras cidades, podemos

questionar o caráter urbano das cidades locais híbridas.

3.2.2. Elementos que levam ao questionamento da existência ou

não do caráter urbano da cidade

Quando se avaliam não apenas a cidade como realidade material, mas

também a clara distinção de seus papéis em relação ao campo, é que podemos

questionar se as cidades locais híbridas podem ser consideradas realmente

urbanas, uma vez que somente as necessidades elementares da população são

atendidas, caracterizando forte grau de dependência interurbana.

É no híbrido entre o urbano e não urbano que os questionamentos acerca

da existência ou não de claros papéis urbanos, nessas localidades, se processam.

Nesse processo dialético a incipiência dos equipamentos e serviços urbanos e a

pequena expressão do comércio possibilita que a urbanidade da cidade local

híbrida se expresse no outro. Mas, a vida de relações e a coalescência existente

entre as funções urbanas, presentes nas cidades locais híbridas, mantém sua

urbanidade, além do mais, as características próprias dessas localidades como as

relações entre os agentes sociais/sujeitos e a dos processos e a tríade

rural/urbano/agrícola reafirmam seu caráter urbano.

15

Consideramos que a “totalidade” dos processos que estamos nos referindo não

está restrita a esse recorte de análise, sendo uma abstração considerar os processos

enquanto totalidade, pois são tantos outros nexos que podem ser utilizados para

entender o mesmo processo que a totalidade somente se explica enquanto um método

de apreensão da realidade de acordo com o objetivo proposto para análise.

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Dito de outra maneira, a vida de relações entre as localidades é intensa,

se completam e se conflitam, e as interações passam a representar e objetivar-

se como práticas socioespaciais e essas práticas dão conteúdo à vida de relações

as transformando em conteúdos urbanos. Assim, dizer que a urbanidade se

expressa no outro demostra que o conteúdo urbano das cidades locais híbridas

deixa de ser restrito a sua unidade e se estabelece na interconexão e nos fluxos

que expressam um conteúdo relacional.

O questionamento da existência ou não do caráter urbano dessas

localidades pode ser analisado para além das funções urbanas, considerando que

são lugares de moradia, das relações de vizinhança, amizade, política e conflitos

e, também, pode ser apreendido por meio da análise das concepções de cidade

que seus próprios moradores têm, ainda que o discurso que elaborem esteja

fortemente marcado pelas imagens hegemônicas de cidades grandes

apresentadas pela mídia, pelos livros, sobretudo, didáticos e, por outros gêneros

de literatura.

Mesmo as funções urbanas sendo incipientes, os deslocamentos

necessários e a pobreza, característicos desses espaços, a maior parte dos

entrevistados residentes nas cidades locais híbridas declarou gostar de morar na

cidade e apontou como principais fatores: “pessoas se tratam como irmão, todo

mundo se preocupa comigo”; “conhece todo mundo na cidade”; “amizade”;

“liberdade”; “tranquilidade”; “sem violência”; “não tem roubos”; “não tem muita

droga e tiroteio”; “casa própria”; “só sai da cidade quando morrer”; “criou os

filhos e foi criado já estamos aqui por três gerações”; “é uma família”.

Essas questões elucidam a vida em comunidade muito característica de

um modo de vida rural, mas, igualmente, um modo de vida urbano que se faz

presente em relações não estritamente econômicas numa perspectiva que pensa

o urbano em uma multiplicidade de aspectos. Esse ponto reafirma a tríade

rural/urbano/agrícola enquanto possibilidade de leitura da realidade dessas

localidades elucida que mesmo esses espaços se estruturando com base na

amizade, na moradia, no conhecimento mútuo, no pertencimento ao local,

atributo de um modo de vida rural, os ritmos e signos urbanos também se

perfazem através das funções urbanas que negam e afirmam a urbanidade, nas

dinâmicas políticas.

Assim, mesmo que as funções urbanas econômicas possam negar em

certos momentos o urbano, elas próprias e as demais relações o reafirmam,

demostrando à complexidade do urbano.

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A análise da concepção de cidade dos entrevistados nega e, ao mesmo

tempo, reafirma as cidades locais híbridas enquanto urbanas, conforme

observamos nos quadros seis, sete e oito.

Quadro 6 Flora Rica

Concepção de cidade dos entrevistados - 2010 Os entrevistados e a definição de cidade

Definição

Cidade maior, grande Onde tenha de tudo Maior que essa Melhor que Flora Rica Com mais mercados Grande movimentação Que seja grande mais

sem violência São Paulo, grande e

agitada Toda estrutura para não

precisar sair do seu lugar Rio de Janeiro Tenha muitos habitantes

Saúde, comércio, prefeito, população

Tenha lazer e supermercados

Bastante comércio Lugar que tenha conforto,

médicos e escolas

Segurança Opção de vida Oportunidades Coisa boa Calma e tranquilidade Onde se encontra tudo de

bom e ruim Que tenha emprego e

tudo mais, mas que não seja grande e não tenha violência

Flora Rica já é cidade boa Onde tem muita violência Boa administração

Comunidade População maior Grupo de pessoas Local de convivência com

outras pessoas

Emprego Indústrias Bancos Progresso Desenvolvimento

Muito bem cuidada e o povo seja respeitado

Moradia Prédios Calçadão

Lugar para viver bem, pois o sítio não dá mais

Não sabe

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Quadro 7

Mariápolis Concepção de cidade dos entrevistados - 2010

Os entrevistados e a definição de cidade

Definição

Lazer Saúde Hospital Médicos, escolas e

serviços em geral Eventos Limpeza Ter praça de lazer e

vários restaurantes Tenha tudo, recursos

médicos, saúde e lazer Posto de saúde Tenha rodoviária Lugar com prefeitura Lugar que tenha

prefeito, banco, posto

de saúde Tem que ter de tudo,

fábricas, lazer Lugar que tem tudo Ter conforto, como

lazer, médicos, emprego

É ter mais estrutura e não precisar sair

Lugar bom de morar Atormento, medo,

agitação Correria e atormento Moda Sossego, descanso Centro da sociedade,

recursos Muita coisa, advogados

etc. Lugar para morar

tranquilo Dificuldades Violência Lugar que tenhamos

dignidade, respeito e

cidadania Conforto Vida melhor

Bem grande Uma coisa grande com

transito, poluição Lugar maior,

prosperidade Tem que ter tudo, para

não precisar sair da sua cidade, como acontece com Mariápolis

Maior, que tenha tudo Adamantina é cidade,

tem de tudo, movimento

Não precisar sair do seu lugar para ir longe

Igual à cidade de

Marília Tem que ter de tudo,

médico, trabalho - exemplo a cidade de Adamantina

Cidade grande como Presidente Prudente

São Paulo, lá é cidade Conforto com acesso a

escolas, médicos e supermercados melhores – exemplo a cidade de Adamantina

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População com mais de 50 mil habitantes

Grande e cheia de diversão, indústrias

Bauru, Adamantina, Marília, São Paulo, Campinas

Tipo Adamantina lá tem rodoviária, casa da sopa e vários supermercados

População Pessoas Conjunto de pessoas

morando juntas Movimento de pessoas Aglomeração Lugar que morra

bastante pessoas Convivência com outras

pessoas

Onde temos firmas, emprego

Supermercado, bancos e movimento nas ruas

Oportunidade de emprego, fábricas, comércio

Lugar com lojas Lugar com grandes

supermercados e lojas Bancos Mercadorias mais

acessíveis e baratas

Casas, prédios, carros Lugar cheio de casas

Diferente de sítio Tudo de bom, diferente

do sítio que não dá nada

Não sabe

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Quadro 8 Pracinha Concepção de cidade dos entrevistados - 2010

Os entrevistados e a definição de cidade

Definição

Lugar maior Grande, desenvolvida Melhor que Pracinha Osvaldo Cruz, São Paulo,

Presidente Prudente, Campinas

Ser grande, muito movimento

Grande cheia de prédios Um determinado território

com muita gente e bastante emprego

Ser grande, árvores, parques

Ofereça lazer Médicos Infraestrutura Lugar com hospital Escolas Recursos Água encanada, energia

elétrica, médico, farmácia, proximidade do comércio

Tem que ter tudo, lojas

Facilidade Tudo de bom Melhor que aqui Violência Correria Lugar que encontra tudo

que procura Várias coisas Opção de vida Onde podemos resolver

problemas, tarefas Oportunidade Tecnologia Lugar de viver Conforto Sossego Cidade é um lugar para

sobreviver

Pessoas

Grande movimento Convívio entre as pessoas Conjunto de pessoas

Um lugar onde tem

emprego, tudo que uma cidade deve ter

Progresso, desenvolvimento, evolução, crescimento

Empregos Comércio Bancos

Boa administração, se

não, não pode ser chamada de cidade

Organização

Lugar de moradia Casas Prédios

Não sabe

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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131

As concepções de cidade dos entrevistados contrapõem à diferença

existente entre a vida na cidade e no campo, mas, também, apontam elementos

que negam o urbano das cidades locais híbridas, como por ter hospitais, fábricas,

população com mais de 50 mil habitantes, uma coisa grande com trânsito e

poluição, ou seja, a ideia de cidade relacionada aos serviços e equipamentos

urbanos e de cidade grande são os principais elementos que, na concepção dos

entrevistados, estruturaria uma cidade, portanto negando esses aglomerados

enquanto urbanos.

Mas, ao mesmo tempo, há concepções que reafirmam o urbano, como, por

exemplo, a existência de equipamentos e serviços que atendem as necessidades,

mesmo sendo incipientes como escolas, supermercados dentre outros, ser local

de moradia, a questão da vizinhança, da comunidade e de opção de vida.

Diante das concepções de cidade expressadas pelos entrevistados,

indagamos se sua localidade poderia ser considerada como sendo cidade. Nas

cidades de Flora Rica, Mariápolis, Pracinha e 55,26%, 58,00%, 52,31% dos

entrevistados responderam sim, respectivamente. Enquanto uma parcela

significativa dos entrevistados 47,69%, 42,00% e 44,74%, respectivamente

declarou não considerar sua localidade enquanto cidade, conforme constatamos

nas tabelas subsequentes.

Tabela 11 Flora Rica

Definição de cidade e sua aplicação - 2010 Flora Rica pode ser considerada cidade?

SIM N. % NÃO N. %

42 55,26 34 44,74

Justificativa do Sim Justificativa do não

Tem prefeito Município é cidade

Não chega a ser cidade é um distrito É uma fazenda Uma vila muito pequena Patrimônio igual ao sítio É um município Comunidade rural

É uma cidade pacata mais é É uma cidade, mas é pequena Tranquila e pequena

Poucos habitantes Muito parada não tem futuro

É uma cidade, mas precisa melhorar muito

Uma cidadezinha mais ou menos É, mas está incompleta faltam muitas

coisas É uma cidade sem nada

Está se acabando o povo está indo embora

Se melhorar sim, desta forma, não Está muito acabada, desta forma, vai

virar distrito

É boa para morar todos se conhecem Sim porque gosto dela

Só tem nome de cidade Falta muita coisa para ser cidade Não, porque o pastor mora fora, padre

mora fora, delegado não mora aqui, médico e assistente social vem de fora e até o prefeito anterior morava em

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Presidente Prudente.

É muito pequena não mereceria ter prefeito

É muito pequena não temos as coisas que precisamos

Muito pequena e não tem emprego Muito pequena

É uma vila. Quando fala que vai para cidade vai para Junqueirópolis ou Dracena e ainda vem um ônibus que leva a população para fazer compras no supermercado de Pacaembu porque aqui não tem

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 12 Mariápolis

Definição de cidade e sua aplicação - 2010 Mariápolis pode ser considerada cidade?

SIM N. % NÃO N. %

58 58,00 42 42,00

Justificativa do Sim Justificativa do não

Tem prefeito é cidade Está como cidade Há mais de 60 anos é uma cidade

É um município É um patrimônio Colônia das usinas É um sítio não tem nada

Cidade pequena mais é Cidade pequena, boa para morar não tem

perigo É pequena mais é uma cidade É pequena, mas tem de tudo tem um

pouco Cidadezinha Pequena, mas é cidade, tem rico, pobre e

da mesma forma que tem São Paulo grande precisa de cidade pequena

Cidade pequena do interior Mini cidade Cidade pequena, não como Adamantina

Para ser cidade tem que ter de tudo e não precisar buscar em outra cidade

Falta muita coisa Falta oportunidade de acesso Tá considerado como cidade, mas não é.

Falta muita coisa Faltam investimentos Para ser cidade tem que ter fábricas

Pode moramos aqui, mas está difícil porque as mulheres só podem trabalhar na roça ou fazendo, faxina em Adamantina e nem de boia-fria tem mais como trabalhar, pois acabou o amendoim, o feijão

É uma cidade fraca mais é É, mais falta aperfeiçoar

Não é uma cidade ainda Quase uma cidade

Para mim não tem outra Para mim é cidade Para nós é, mas comparando com as

outras não

Muito pequena Ainda não, por causa do porte pequeno

Não podemos considerar só porque tem prefeito

É um bairro

É uma cidade rural Deveria ser igual à Adamantina

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 13 Pracinha

Definição de cidade e sua aplicação - 2010 Pracinha pode ser considerada cidade?

SIM N. % NÃO N. %

34 52,31 31 47,69

Justificativa do Sim Justificativa do não

Considero, porque passou oficialmente a ser cidade, mas é fraca

Conta no mapa É cidade, porque depois que foi

reconhecida melhorou sistema de saúde

Diz que é mais não é, na verdade é um sítio

Falta muito para ser cidade, é um sítio Diz que é mais é tipo colônia É um sítio

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Pode, quando era distrito de Lucélia era um curau de boi

Cidade constituída já é, mas ainda não foi para frente, no entanto, depois que deixou de ser distrito melhorou 200%

Aqui é o meio do mato É igual o sítio depende de outras cidades É uma fazenda grande

Cidade pequena mais é É uma mini cidade, poderia ser melhor Bem pequenininha

Aqui esta como cidade, mas não considero é muito pequena

Pequena para cidade Pelo nome é pelo tamanho não Miúdo

Cidade que está progredindo Por enquanto ainda não Cidade, cidade não, mas já melhorou

Falta tudo Falta mais conforto Ainda não, não tem tudo que deve ter

em uma cidade se fosse cidade não

precisaríamos sair para fazer pequenas compras

Tem pouca estrutura para ser cidade Poucos recursos Poucas coisas para fazer

Só é cidade para os idosos

Esta mais para um bairro É um bairro de Lucélia

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

As respostas que confirmam a existência de cidade relacionam-se à

situação legal, como a existência de prefeito ou porque está no mapa, como

também às questões ligadas ao tamanho da cidade, ou seja, são cidades

pequenas, mas não deixam por isso de serem cidades, como podemos destacar:

“pequena, mas é cidade, tem rico, tem pobre e da mesma forma que tem São

Paulo, que é grande, precisa de cidade pequena”. Podemos observar, ainda, as

respostas que indicam a existência de cidade pela presença dos equipamentos e

serviços urbanos, mesmo sendo esses incipientes. E em alguns casos os

entrevistados fazem a comparação entre o “sítio” (área rural) e a cidade

considerando essas localidades como “uma cidade rural”, destacando a relação

entre a tríade rural/urbano/agrícola.

Nas respostas em que as localidades não são consideradas cidades,

apontam-nas como: “é uma fazenda grande não uma cidade”; “patrimônio”;

“colônia das usinas”, novamente reforçando a tríade. Outros entrevistados fazem

o exercício da comparação entre sua cidade (cidade local híbrida) e outras

cidades da rede urbana: “cidade é Tupã, aqui eles exploram a gente”; “deveria

ser igual à Adamantina” e; “meu pai quando vai para Osvaldo Cruz fala que vai

para a cidade, então aqui não é cidade”.

O caráter dialético entre urbano e não urbano se expressa nas diversas

questões, pois os elementos apontados pelos entrevistados afirmam e negam a

existência do caráter urbano da cidade.

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Os que consideram suas localidades enquanto sendo cidade, dentre outras,

apontam a questão do tamanho da cidade, a comparação com área rural, à

existência dos equipamentos e serviços urbanos. Os que não as consideram

cidades destacam os mesmos pontos, mas, com conteúdos distintos, ou seja, de

um lado, cidade pequena, mas é; é uma cidade rural; tem de tudo, banco,

correio, mercado; de outro lado: não é cidade porque é muito pequena; é uma

fazenda, parece um sítio; tem que sair para fazer tudo, falta de oportunidade de

acesso.

Destacam também o tamanho das localidades e uma grande maioria não

considera essas cidades como tais devido à ausência de equipamentos e serviços

urbanos e o intenso grau de dependência é reforçado, quando a própria

população considera essas localidades como sendo um bairro de outras

cidades16, conforme revelam os relatos a seguir: “de jeito nenhum, parece um

bairro das outras cidades” – Inúbia Paulista; “é um bairro” – Mariápolis; “é um

bairro de Lucélia” – Pracinha; “podemos dizer que é uma vila de Dracena” – São

J. do Pau D’Alho; “é um bairro” - São J. do Pau D’Alho” e; “É uma vila. Quando

fala que vai para cidade vai para Junqueirópolis ou Dracena e ainda vem um

ônibus que leva a população para fazer compras no supermercado de Pacaembu

porque aqui não tem” – Flora Rica.

Esses aglomerados serem percebidos enquanto um bairro de outra

localidade não significa somente uma hipótese, mas, sim, demonstra-nos que as

práticas socioespaciais da população se expressam na vida de relações, pois os

deslocamentos são cotidianos, fazem parte da estruturação da dinâmica dessas

cidades que não nega por completo a urbanidade, pois sendo um bairro estão

inseridos em uma realidade urbana, mesmo que esta se completa no outro.

Nesse sentido, a percepção dos moradores materializa a dinâmica todo e parte

na estruturação do espaço urbano dessas cidades.

3.2.2.1. indicadores de condições de vida

Prosseguindo nas análises todo-parte, relacionamos alguns indicadores de

condições de vida que nos revelam as desigualdades socioespaciais existentes

entre os espaços. Destacamos esses, pois a desigualdade pode intensificar o

processo de segregação socioepacial, nos permitindo entender as relações

16

As respostas indicando que as localidades parecem um bairro são muito

importantes para fundamentar a ideia de segregação socioespacial interurbana, por esse

motivo, nos utilizaremos dos dados das demais cidades para demostrar que esse

processo não é restrito as três localidades selecionadas para análise nesse capítulo.

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contraditórias entre todo e parte. Além disso, esses indicadores nos revelam as

condições de vida que estão submetidas parcelas da sociedade, possibilitando

melhor compreender a pobreza urbana e perceber que o circuito de pobreza,

sendo multidimensional, se expressa através de diferentes elementos.

Para isto foi fundamental o mapeamento realizado, que permite entender

o contexto socioespacial intra-urbano e abrange a escala interurbana. Esse

recurso metodológico nos permite melhor entender a relação todo/parte. Ou

seja, podemos materializar as cidades locais híbridas como sendo um bairro das

localidades com as quais mantém relações de complementariedade e

dependência.

Desta forma, concordamos com Préteceille (2004) ao discutir sobre os

problemas metodológicos em torno da dificuldade de definir o recorte espacial e

procuramos, em nosso mapeamento, ir além da definição política-administrativa

dos setores censitários definidos para o espaço intra-urbano das cidades.

Neste sentido, Préteceille (2004), aponta que na literatura das ciências

sociais sobre a cidade ou se analisa certos espaços ou o conjunto de uma cidade.

A primeira escolha metodológica tem a vantagem de concentrar a análise nos

fenômenos mais intensos, porém nos dá uma imagem parcial e dicotômica da

estrutura social urbana; por outro lado, a segunda considera o conjunto da

cidade como uma unidade econômica e social, entretanto, a identificação dos

limites do espaço urbano da cidade se apresenta como um problema de método

(PRÉTECEILLE, 2004).

Nesse sentido, Préteceille (2004, p. 15) frisa que:

Alguns países, a maioria da América Latina, limitam-se a uma

definição político-administrativa – além de um patamar de

tamanho, uma municipalidade é considerada como urbana – e não

identificam automaticamente os espaços metropolitanos, quando

estes incluem várias municipalidades diferentes. (...) Fica claro,

nesses casos, que a apreensão do espaço de uma cidade no seu

conjunto se revela bastante difícil, o que conduz vários autores a

limitar-se ao estudo do território da municipalidade principal, o que

pode induzir numerosos vieses e erros nas conclusões.

Na maioria das vezes as análises dos processos socioespaciais se

restringem ao espaço intra-urbano devido a delimitações politico-administrativa

das municipalidades e, portanto, uma dificuldade de obtenção de dados

referentes aos espaços urbanos passíveis de comparações entre diferentes

realidades. Portanto, nossa análise consiste metodologicamente em pensar a

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articulação entre as escalas intra e interurbanas utilizando-se de dados

referentes aos setores censitários de cada localidade. Considerando que não há

recorte espacial que se imponha a priori sendo preciso escolher a escala

correspondente à prática social que se quer privilegiar na análise (PRÉTECEILLE,

2004), definimos a escala interurbana.

Assim, temos os mapas três, quatro e cinco – responsável pelo domicílio

alfabetizado (mapas seis, sete e oito) responsável pelo domicílio sem

rendimento mensal (mapas nove, dez e 11) responsável pelo domicílio com

rendimento mensal de até meio salário mínimo (mapas 12, 13 e 14), responsável

pelo domicílio com rendimento mensal mais de meio até dois salários mínimos

(mapas 15, 16 e 17) referente ao responsável pelo domicílio com rendimento

mensal de mais de 15 salários mínimos.

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Nos indicadores sociais destacamos os que concernem à escolaridade. Nos

mapas cinco, seis e sete (responsáveis pelos domicílios alfabetizados), para a

cidade de Mariápolis e Adamantina, constatamos a presença dos indicadores

classificados como melhor e intermediário, mas, apenas na cidade de Mariápolis

tem-se um setor classificado com o pior indicador.

Para as cidades de Dracena e Flora Rica, observamos que para a primeira

apresentam-se setores classificados como melhor e intermediário e nenhum

setor com o pior índice, enquanto que para Flora Rica somente constatamos os

indicadores classificados como intermediário e pior.

Em Lucélia e Pracinha encontramos o indicador classificado como pior, no

entanto, para a cidade de Pracinha não observamos nenhum setor com o

indicador sendo intermediário ou melhor.

Assim, constatamos que nas cidades locais híbridas, com exceção de um

setor na cidade de Mariápolis, não há indicadores relacionados aos melhores

níveis de escolaridade, diferentemente das cidades sub-regionais (Adamantina-

Dracena-Lucélia) que inscrevem, em seus espaços, áreas com piores, mas,

também, a presença dos melhores indicadores.

Nos indicadores econômicos podemos observar, tanto nas cidades locais

híbridas (Mariápolis – Flora Rica – Pracinha) como nos centros sub-regionais

(Adamantina – Dracena – Lucélia), a presença de setores com indicadores

classificados como piores, intermediários e melhores. Para as cidades locais

híbridas podemos observar que a renda mensal dos responsáveis pelos domicílios

concentra-se em até meio salário mínimo e mais de meio até dois salários

mínimos. Contudo, não constatamos nenhum setor classificado no indicador mais

de 15 salários mínimos para as cidades locais híbridas.

Essas cidades não apresentaram nenhum setor censitário com os melhores

indicadores econômicos, enquanto Adamantina, Dracena e Lucélia mesmo

apresentando setores com piores indicadores também se observa a presença dos

melhores.

Concordamos com as análises de Torres (2004, p. 90) de que a

probabilidade de se conseguir trabalho é afetada pelo seu local de residência,

pois o principal fator para se conseguir trabalho é a rede de relações sociais da

pessoa. Assim:

...o indivíduo mora num local onde só tem gente precariamente

empregada ou desempregada, a probabilidade dela conseguir

trabalho é muito mais baixa. Nesse sentido, do ponto de vista do

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seu contato com uma rede de relações sociais com mais acesso ao

mercado de trabalho, um pobre no centro da cidade é muito

diferente de um pobre da periferia.

Na área educacional isso também ocorre, pois um homem pobre (homens

e mulheres são diferentes) que mora na periferia e tem pais de baixa

escolaridade, tem muito menos probabilidade de completar o ensino médio se

esse sujeito for pobre com pais de baixa escolaridade, que mora no centro da

cidade, o que significa que residir num lugar com alta concentração de pobres

afeta seu desempenho escolar (TORRES, 2004).

Correlacionando os indicadores sociais e econômicos, observamos que as

cidades locais híbridas apresentam, no geral, os piores indicadores nos níveis de

escolaridade e econômicos, corroborando negativamente nas condições de vida

da população, reforçando a pobreza.

A probabilidade das pessoas conseguirem trabalho, melhorar a

remuneração e os níveis de escolaridade é menor nas cidades locais híbridas do

que em outras localidades, como destacamos nos indicadores analisados acima.

Devemos destacar, ainda, que a rede de relações das pessoas residentes nas

cidades locais híbridas é de certa maneira restrita e, como aponta uma jovem

entrevistada na cidade de Pracinha, “Aqui não tem emprego, quando vamos

pedir emprego em Lucélia não podemos falar que moramos em Pracinha eles

acham que vamos chegar atrasados e tem a questão da passagem”.

Ou seja, estar localizado em uma cidade local híbrida propicia a

constituição de um circuito de pobreza urbana e, como vimos demostrando, esse

circuito se materializa pela presença de diversos fatores sendo multidimensional.

A análise dos indicadores que demonstram as condições de vida podem

revelar a ocorrência de processos excludentes e segregativos. Ao observarmos os

espaços intra-urbanos das localidades à luz desses indicadores, percebemos que

em ambos os espaços destacam-se áreas de piores e melhores condições de

vida. No entanto, a análise do todo (cidades locais híbridas e sub-regionais) e

das partes (cidades sub-regional e/ou local híbrida) destacam-se as piores

condições de vida nas cidades locais híbridas, principalmente em relação aos

indicadores sociais e econômicos.

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Como indicamos anteriormente, a segregação socioespacial atrelada à

análise dos meios de consumo coletivo nos permite entender as relações

contraditórias entre o todo e as partes, revelando-nos a desigual distribuição

desses meios e as condições de vida da população.

Após as análises e discussões realizadas, podemos constatar que a

indissociabilidade entre a escala intra e interurbana é um dado do funcionamento

das redes urbanas e que não é possível instalar todos os serviços e

equipamentos urbanos em todas as cidades, fortalecendo a vida de relações,

fundada na divisão territorial do trabalho.

No entanto, a ausência e/ou precariedade no oferecimento de

equipamentos e serviços de saúde, educacional (profissionalizante), lazer e

cultura, como discutido, são privações inaceitáveis do ponto de vista da busca de

uma justiça socioespacial. E essas são privações que penalizam os habitantes

das cidades locais híbridas estruturando o processo de segregação socioespacial

interurbana, pois esses não são somente elementos da divisão territorial do

trabalho ou hierarquia urbana, mas, fatores que os colocam em desvantagem ou

privações de acesso.

Acrescenta-se, ainda, os indicadores de desigualdades e os de

deslocamentos necessários para o acesso aos bens individuais que ao auferirem

piores condições de vida da população, reforçam ou são reforçados, pelo

processo de segregação socioespacial.

Portanto, agrupando-os ao primeiro indicador – depender de relações

interurbanas para suprir as necessidades da população no acesso aos meios de

consumo coletivo e individuais – temos todos os fatores para a afirmarmos a

dependência interurbana das cidades locais híbridas. E, apreendida essa

dependência, inserimos o segundo indicador: apresentar elementos que levem

ao questionamento da existência ou não de um caráter urbano.

Assim, somando-se à dependência da rede urbana ao caráter dialético

entre urbano e não urbano dessas cidades, podemos afirmar que há a

estruturação do processo de segregação socioespacial interurbana, pois os

processos ocorridos nas cidades locais híbridas não podem ser pensados somente

na escala intra-urbana, uma vez que a vida urbana se totaliza a partir de

relações interurbanas.

Portanto, considerando a dimensão urbana, a estruturação do processo de

segregação socioespacial interurbana é um dos vieses que nos permitem pensar

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em um circuito de pobreza que perpassa para “além” do urbano e, como iremos

apresentar no capítulo posterior, se expressa na realidade que vimos discutindo

através da expansão da atividade agroindustrial canavieira, que é a cidade da

exclusão social que deve estar associada a expansão da atividade agroindustrial

canavieira.

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CAPÍTULO 4

OS IMPACTOS DA

AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA

NAS CIDADES LOCAIS

HÍBRIDAS

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Nesse capítulo, primeiramente, iremos demonstrar através de dados as

transformações ocorridas na estrutura fundiária e na utilização das terras. Esses

dados indicam que a intensificação da atividade agroindustrial canavieira vem

promovendo um crescimento econômico cada vez mais desigual, acentuando as

desigualdades socioespaciais.

Portanto, discutiremos a expansão da atividade agroindustrial canavieira

na Nova Alta Paulista e sua territorialização, que altera padrões pré-existentes,

gera impactos nas cidades, intensificando, principalmente nas cidades locais

híbridas, problemas como a falta de oferta de moradias, a elevação no valor dos

aluguéis, aumento no atendimento na área de saúde e assistência social.

Ainda no sentido de pensar os impactos gerados pela atividade

agroindustrial canavieira realizaremos uma análise sobre a estigmatização dos

trabalhadores migrantes demonstrando que este processo configura a relação

entre “estabelecidos” e “outsiders” (ELIAS & SCOTSON, 2000), o que fortalece

ainda mais o processo de exclusão social em cidades locais híbridas.

Assim, procuraremos evidenciar que mesmo a atividade agroindustrial

canavieira sendo vista como o motor do desenvolvimento produz e reforça, com

muita intensidade, espaços da exclusão social, da pobreza urbana e da

expropriação.

Para aprofundar nossas análises nos utilizaremos da realidade empírica

das cidades de Arco Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Monte Castelo,

Paulicéia, Pracinha, Queiroz e São João do Pau D’Alho e, para análise

comparativa, os centros sub-regionais de Tupã, Osvaldo Cruz, Lucélia,

Adamantina e Dracena.

4.1. A estrutura fundiária e a utilização das terras

A estrutura fundiária e a utilização das terras se transformaram na região

em análise – Nova Alta Paulista – refletindo um processo amplo que engloba a

reestruturação da agropecuária brasileira17. Conforme apontado por Elias

(2006), três momentos identificam a reestruturação produtiva da agropecuária.

Segundo a autora o primeiro momento seria o da mudança na base

técnica, por meados da década de 1950, que se constituiu no emprego de

17

Ressaltamos que há um amplo debate crítico referente a este termo, porém nesta

tese procuramos entender a introdução da ciência, técnica e tecnologia, para demonstrar

como esse processo intensifica, cada vez mais, o emprobrecimento e a exclusão social.

Assim, o trabalho não se resume à discussão em torno da reestruturação produtiva da

agropecuátia, mas dos sujeitos envolvidos nesse processo.

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insumos artificiais, na difusão de inovações químicas e mecânicas. Neste período

os insumos, em sua grande maioria, eram importados. O segundo momento, na

década de 1960, as grandes corporações se apropriaram do processo de

produção agropecuária brasileira, promovendo um intenso processo de instalação

de indústrias que assumiram as transformações do setor e a autora, utilizando-

se de Graziano da Silva (1996, 1999), indica que essa mudança caracterizou-se

pela desarticulação do chamado complexo rural para a constituição dos

complexos agroindustriais. Estes, baseados nas atividades agrícolas integradas à

indústria, intensificaram a divisão do trabalho e das trocas intersetoriais e a

especialização da produção agropecuária. E na terceira fase, na década de 1970,

o processo de reestruturação produtiva da agropecuária é centrado na integração

de capitais com a centralização destes e, principalmente, a difusão da

biotecnologia afetando a velocidade de rotação do capital.

Para Elias (2006, p, 07), esse processo de reestruturação produtiva da

agropecuária tem profundos impactos nos espaços agrícolas e acrescenta:

onde a atividade agropecuária se dá baseada na utilização

intensiva de capital, tecnologia e informação, é visível a expansão

do meio técnico-científico-informacional, revelando o dinamismo

da produção do espaço resultante das reestruturação produtiva da agropecuária.

Por outro lado, esse dinamismo da produção do espaço, resultante da

reestruturação produtiva da agropecuária, também promove um crescimento

econômico cada vez mais desigual, como destacado por Elias (2006, p. 10):

Acirrou-se a expansão das relações capitalistas de produção no

campo, conduzida de forma extremamente prejudicial à maioria da

população rural, à organização do território e ao meio ambiente.

Desse modo, promoveu um crescimento econômico cada vez mais

desigual, gerador de desequilíbrios, exclusão e pobreza, e

acentuou as históricas desigualdades socioeconômicas e territoriais

brasileiras.

A estrutura fundiária da Nova Alta Paulista foi constituída de pequenas e

médias propriedades rurais. No entanto, profundas mudanças estruturais que

vêm ocorrendo nas últimas décadas no cenário internacional e nacional

dinamizam o complexo de reestruturação produtiva do capital e, assim, da

agropecuária brasileira e que, para Thomaz Junior (2009), no âmbito da

agricultura, a reestruturação produtiva do capital engendra uma diversidade de

transformações, tais como: avanços tecnológicos e gerenciais; novas formas de

contratação; redefinição das funções e papéis do Estado; novas regras do

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mercado internacional de commodities para os produtos agrícolas e

agroindustrializados. Esse conjunto de modificações se expressa territorialmente,

produzindo uma reformulação na agricultura brasileira e profundas alterações no

espaço e no território.

Em um contexto de globalização as transformações no processo produtivo

demandam a introdução da ciência, da tecnologia e da informação, do que

“resultou, então, um novo modelo técnico, econômico e social de produção

agropecuária, ao qual aqui chamaremos, conforme Santos (2000), de agricultura

científica, oferecendo novas possibilidades para a acumulação ampliada do

capital” (ELIAS, 2006, p.02).

Esse novo modelo técnico, econômico e social de produção agropecuária, a

denominada agricultura científica se estrutura através de relações entre a

agropecuária e o restante da economia, pois os circuitos espaciais da produção

extrapolam os limites da propriedade rural, da região ou país, reforçando a

presença do circuito superior da economia; introdução de ciência, tecnologia e

informação substituindo o meio natural e meio técnico pelo meio-técnico-

científico-informacional numa crescente racionalização do espaço agrário e

aumento da quantidade produzida em relação às superfícies plantadas; produção

agrícola com referência planetária (ELIAS, 2005, 2006).

E “a modernização aparece, então, como a cara visível de um processo

menos explícito de forte concentração do capital e das terras” (SILVEIRA, 1995,

P. 97). Portanto, a atividade agroindustrial canavieira, baseada na introdução de

uma agricultura científica ao se territorializar na Nova Alta Paulista, altera os

padrões pré-existentes e introduz transformações locais e regionais.

Além desses fatores, dois elementos favorecem a expansão da cana-de-

açúcar na região analisada. Primeiro, a atividade agroindustrial canavieira,

dotada de tecnologia, ciência e informação, altos investimentos, expressiva

contratação de trabalhadores e ligado à dinâmica global. Segundo elemento:

camponeses, com predomínio de mão de obra familiar. Entre os dois, existem

propriedades rurais, cujos proprietários, com idade média superior a 50 anos,

contam “com pouco capital para investimento e com dificuldade para reiniciar

uma atividade lucrativa. São pessoas que substituíram os cafezais por pastagens,

que, neste momento, disponibilizam condições favoráveis para a expansão da

cana-de-açúcar” (GIL, 2007, p. 257).

Ao analisar a dinâmica territorial da cana-de-açúcar na Nova Alta Paulista,

utilizamos informações oriundas do projeto CANASAT (INPE) (mapas 18 e 19) e

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destacamos dois momentos – 2002 e 2008 – para demonstrar a expansão dessa

cultura. O ano de 2002 demarca o início desse processo e 2008 uma etapa já

bem consolidada da expansão18.

Mapas 18 e 19 Nova Alta Paulista

Área de ocupação de cana-de-açúcar 2002 e 2008

18 Observamos que segundo Thomaz Junior (2009) e Gil (2007) o boom da cana-

de-açúcar na Nova Alta Paulista ocorreu no ano de 2006.

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Para 2003/2004 a área plantada de cana-de-açúcar correspondia a 53.400

ha, já em 2007/2008 que demarca um momento de consolidação da cultura a

área passa para 126.273 ha, perfazendo um aumento de 120,22% na área

plantada, conforme cartografado. Prosseguindo, na safra 2011/2012 temos

223.205 ha, correspondendo um crescimento de 76,76% em relação à safra

2007/2008.

Isso demostra que mesmo após o boom apresentado pela cultura seu

crescimento continua substancial, ou seja, a cana-de-açúcar continua a se

expandir e a se territorializar.

A expansão da cana-de-açúcar está atrelada ao elevado número de usinas

e destilaria de açúcar e álcool presentes na região da Nova Alta Paulista (mapa

20) reestruturando a dinâmica dos municípios, principalmente, em uma região

basicamente composta por pequenas propriedades. Além das agroindústrias

canavieiras existentes no território da Nova Alta Paulista, encontram-se ainda

usinas e/ou destilarias em Nova Independência, Castilho, Mirandópolis,

Valparaíso, Bento de Abreu, Guararapes, Clementina e Presidente Prudente

(distrito de Ameliópolis), que merecem destaque pela sua proximidade

geográfica com a região analisada, pois a dinâmica da agroindústria canavieira

extrapola os limites municipais/regionais.

Como se pode observar no gráfico seis, sete e oito e na tabela 14, a

expansão da monocultura da cana-de-açúcar, além de transformar a estrutura

fundiária e a utilização das terras, engendra mudanças nos processos

socioespaciais.

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Mapa 20

Nova Alta Paulista Agroindústria canavieira – 2010

Gráfico 5

Nova Alta Paulista Estrutura Fundiária: Número de Estabelecimentos Agropecuários - 1995 e 2006

0

10

20

30

40

50

60

70

menos de

20

20-50 50-100 100-200 200-500 500-1000 de 1000 a

mais

Hectares

(%) 1995

2006

Fonte: Censo Agropecuário 1995 e 2006 (IBGE); Org. autor, 2010.

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Gráfico 6

Nova Alta Paulista Estrutura Fundiária: Área dos Estabelecimentos Agropecuários - 1995 e 2006

0

5

10

15

20

25

30

35

menos de

20

20 - 50 50 - 100 100 - 200 200 - 500 500 - 1000 de 1000 a

mais

Hectares

(%) 1995

2006

Fonte: Censo Agropecuário 1995 e 2006 (IBGE); Org. autor, 2010.

Como já citado, a estrutura fundiária da Nova Alta Paulista caracteriza-se

pelo elevado número de pequenas propriedades. As propriedades que possuem

menos de 20 hectares representavam, em 1995 e 2006, respectivamente, 56,0%

e 59,72% do total dos estabelecimentos, seguido das que detêm entre 20 e 50

hectares, com 13,23% em 1995 e 11,68% em 2006, enquanto nos demais

extratos houve uma pequena diminuição nesse período de 1995 a 2006,

observando-se um discreto aumento nos estabelecimentos com área de 1.000

hectares ou mais (0,72% para 0,80%).

Analisando os municípios individualmente, é possível constatar que as

propriedades com menos de 20 hectares apresentam, no geral, pequenas

variações no que tange à redução e ao aumento do número de estabelecimentos

agropecuários. Destacam-se, com diminuição, os municípios de Irapuru e

Dracena, que passaram de 521 e 731 para 349 e 464 propriedades,

respectivamente. Com aumento, apontamos o município de Herculândia, que

passou de 185 para 369 propriedades, uma mudança atribuída principalmente à

iniciativa da Prefeitura Municipal19.

Quando a área é considerada, observa-se o decréscimo de todas as faixas

(gráfico seis), exceto a dos estabelecimentos com 1.000 hectares ou mais, cujos

índices passam de 175.089,282 hectares (22,35%) para 233.842,000 hectares

(29,97%). A maioria dos municípios apresentou ampliação das áreas com 1.000

19

A Prefeitura Municipal adquiriu uma área com cerca de cinco hectares e

subdividiu-a em pequenas unidades de 500 m² cada, concedendo-as, com direito de uso,

a 146 famílias, para plantarem mudas ornamentais e frutíferas.

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hectares ou mais, destacando-se, dentre eles, Adamantina, Dracena,

Junqueirópolis, Osvaldo Cruz, Parapuã, Queiroz e Tupã.

Observando à ampliação das áreas com 1.000 hectares ou mais podemos

dizer que está havendo, mesmo que de maneira incipiente, uma tendência para

concentração fundiária, considerando ainda que o dado é de 2006 e que a

expansão da atividade agroindustrial canavieira se intensificou após esse

período. Assim, a Nova Alta Paulista começa a seguir o padrão de concentração

fundiária presente no Brasil. Para Oliveira (2003, p. 127), o Brasil “apresenta

elevadíssimos índices de concentração de terra” e “os maiores latifúndios que a

história da humanidade já registrou”. O aumento da concentração fundiária na

região está atrelado à expansão da cana-de-açúcar que, cada vez mais,

desterritorializa os camponeses em favor do agronegócio.

No entanto, Oliveira (2003, p.126) mostra que o discurso dos grandes

proprietários de terra é de que:

não há mais “latifúndios no Brasil” e sim, o que há agora, são

modernas empresas rurais. Alguns mesmos, acreditam que a

modernização conservadora transformou os grandes proprietários

de terra, que agora produzem de forma moderna e eficiente,

tornando seu latifúndio propriedades produtivas. Esses são alguns

dos muitos mitos que se tem produzido no Brasil, para continuar

garantindo no Brasil 132 milhões de hectares de terras

concentradas nas mãos de pouco mais de 32 mil latifundiários.

A ampliação da área de cultivo da cana-de-açúcar também altera a

utilização das terras e a produção de culturas permanentes e temporárias, como

observamos nos gráficos e na tabela abaixo.

Gráfico 7 Nova Alta Paulista Estrutura fundiária: Utilização das Terras - 1995 e 2006

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

350000

400000

450000

500000

550000

600000

650000

Lavouras

Permanentes

Lavouras

Temporárias

Pastagens Matas e Florestas

Áre

a e

m H

ecta

res

1995 2006

Fonte: Censo Agropecuário 1995 e 2006 (IBGE); Org. autor, 2010.

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Considerando-se a área, há uma pequena diminuição das lavouras

permanentes, que passam de 34.254,725 para 33.493,000 ha, um acréscimo

das lavouras temporárias, sobretudo pela presença da cana-de-açúcar, e uma

redução das terras com pastagem, utilizadas, principalmente, com pecuária

extensiva.

Gráfico 8 Nova Alta Paulista

Estrutura fundiária: Área plantada (ha) com lavoura permanente ou temporária - 2002, 2006 e 2008

326 1

5454

735

242

2544 2

1215

720

47547

8356 23640

246 1

3812

435

188

1460 16067

238

95024

3400 17690

221 9253

392

189

582 1

5163

213

163769

3820

13070

Banana Café Maracujá Uva Algodão Amendoim Arroz Cana-de-

açúcar

Feijão Milho

Áre

a P

lan

tad

a e

m H

ecta

res

2002

2004

2008

Fonte: Produção Agrícola Municipal de 2002, 2006 e 2008 – (IBGE); org. autor, 2010.

Tabela 14 Nova Alta Paulista

Estrutura fundiária: Produção em toneladas das lavouras permanentes ou temporárias - 2002, 2006 e 2008

Ano/Produção 2002 2006 2008

Banana 4.503 5.730 4.260

Café 12.701 8.687 6.188

Maracujá 12.701 7.493 7.172

Uva 5.740 5.480 4.992

Algodão 4.110 2.503 1.260

Amendoim 36.627 33.404 39.669

Arroz 1.052 303 306

Cana-de-açúcar 3.635.557 8.363.015 13.517.469

Feijão 7.498 3.341 3.510

Milho 79.941 72.107 50.624

Fonte: Produção Agrícola Municipal de 2002, 2006 e 2008 – (IBGE); org. autor, 2010.

Analisando as principais lavouras da Nova Alta Paulista, observa-se uma

redução em área plantada dessas culturas, sendo a cana-de-açúcar a única a se

expandir, passando de 47.547ha em 2002 para 163.769ha em 2008. Este fator

demonstra uma estagnação das lavouras tradicionais, com a consequente

descapitalização e expropriação dos camponeses.

No que tange à produção, o mesmo cenário se estrutura. Nota-se redução,

principalmente, nas lavouras de café, maracujá, algodão, arroz, feijão e milho, e

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acréscimo nas de cana-de-açúcar e amendoim. O aumento da produção de

amendoim se dá por dois motivos: a) recuperação das áreas de cana-de-açúcar,

devido a sua capacidade de fixação de nitrogênio no solo; b) melhoramento

genético das sementes, que possibilita um amento de 100% das sacas colhidas,

em média.

No geral, observa-se que a cana-de-açúcar destaca-se tanto na extensão

de área utilizada quanto na quantidade produzida, o que leva a uma redução das

áreas de plantio das culturas tradicionais e, consequentemente, das quantidades

produzidas pois, inserido na agricultura científica globalizada, a atividade

agroindustrial canavieira “induz ao aumento exponencial das quantidades

produzidas em relação às superfícies plantadas” (ELIAS, 2006, p. 02), rebatendo

negativamente na estrutura produtiva familiar.

Esta atividade está organizada em um modelo de dominação do capital,

que comercializa alimentos no mercado mundial pelas práxis difundidas por

transnacionais agro-químico-alimentar e financeiras de que a produção

agropecuária tem que servir ao mercado, influindo negativamente na produção

camponesa (THOMAZ JUNIOR, 2009).

Ainda segundo Thomaz Junior (2009) as mudanças macroestruturais no

formato produtivo das matérias primas de origem agropecuárias, alimenta a

voracidade inflacionária no setor de alimentos à casa de 50,00% para 2007 e

2008, “e fazendo da fome a principal chaga da humanidade em pleno século XXI”

(THOMAZ JUNIOR, 2009, p. 158). E acrescenta:

Dessa forma, não se trata de utilizar argumentos extemporâneos,

já que a essência do problema não é a produção dita dos

agrocombustíveis, ou em particular, do etanol, mas os

expedientes, o formato e a estrutura da produção, e o conteúdo do

projeto social lhe dá fundamento para estarem assentados em

grandes extensões de terra, na exploração do trabalho, e

totalmente desatrelada de um programa nacional e sustentável de

produção de alimentos, edificado nas unidades de produção

familiar e enraizado nos referenciais da soberania alimentar dos

povos (THOMAZ JUNIOR, 2009, p. 168).

A territorialização da atividade agroindustrial canavieira rebate

negativamente na produção camponesa e ameaça a soberania alimentar, como

podemos observar na Nova Alta Paulista ao analisarmos o quadro nove referente

ao agronegócio e a cidade.

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Quadro 9 Arco Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Monte Castelo, Paulicéia,

Pracinha, Queiroz e São João do Pau D’Alho A cidade e o agronegócio: Agricultura camponesa - 2010

O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?

Depois da cana-de-açúcar piorou muito as coisas. Acabou com todas as lavouras com o gado, quando morávamos no sítio era muito melhor, tínhamos fartura e hoje é tudo comprado

Tinha mais lavouras e agora é só cana-de-açúcar e isso é ruim

Ruim, tirou as lavouras Ruim, só se vê cana-de-açúcar Acabou com toda agricultura e ainda está

acabando com a oferta de mão de obra Ninguém planta mais nada nas lavouras,

assim a salvação são as usinas Antes era café, amendoim etc. agora só tem

cana-de-açúcar, é o que tem, temos de achar bom

Acabou com todos os outros tipos de lavoura Acabou com o sítio. Antes tinha famílias com

até 10 pessoas morando e trabalhando no sítio agora está tudo desempregado na cidade

Não é bom, se não fosse a cana-de-açúcar teríamos outras lavouras que geram mais renda

Ficou muito ruim, pois arrendou o sítio e não tem o que fazer

Como acabou com as lavouras tirou renda dos agricultores

Menos renda para cidade, pois o forte era a agricultura

Pior, acabou com as lavouras que empregava muito boia-fria e as usinas não pega todo mundo

Com a lavoura tinha emprego para a família toda, com a cana-de-açúcar não

O lado bom é o emprego, mas, o lado ruim supera. Pois, estão somente plantando cana-de-açúcar e não existe mais lavoura branca. Deveria ser repartido o tanto que vai de cada plantação porque não vamos ter mais alimentos para comer

Somente ter cana-de-açúcar no campo não vai desenvolver de forma abrangente, além disso na cana somente trabalha homens sendo que nas outras lavouras todos podiam trabalhar

Acabou com as lavouras e pecuária, só tem álcool e açúcar

Acabando com todas as lavouras só está sobrando cana-de-açúcar, mas ninguém irá beber garapa

Não dá mais para plantar um é de milho Muito ruim para criação de gado Quando tinha outras lavouras tinha mais

emprego e a cana-de-açúcar gera menos emprego

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

A percepção dos entrevistados nas cidades analisadas, principalmente dos

camponeses que devido às reestruturações da agropecuária foram

desapropriados de suas terras, de seu modo de vida e vivem nas cidades locais

híbridas, empobrecidos, materialmente e simbolicamente, é de que a introdução

da atividade agroindustrial canavieira acabou com a lavoura “branca”, referindo-

se a produção de alimentos como feijão e outros, ou seja, com a produção stricto

senso, mas, para além, desta, com a sua reprodução. Ou seja, intensificou o

desemprego no campo, a diminuição de renda e a desapropriação.

Ainda, entre os resultados desses processos, Elias (2006, p. 12) aponta

para o acirramento da dialética na organização do espaço agrícola brasileiro:

Formam-se vários diferentes arranjos territoriais produtivos, a

culminar num espaço agrícola extremamente fragmentado. A

fragmentação dos espaços agrícolas aumenta a diferenciação na

lógica de sua organização, na qual denota-se a seletividade de

distribuição das políticas públicas e dos sistemas de objetos. Desse

modo, reforçam-se as diferenças, cada vez mais complexas e

devastadoras. Isto significa que os lugares escolhidos para receber

investimentos transformam-se em pontos de modernização da

economia e do território enquanto todo o restante fica à margem

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desse processo. Intensifica-se, portanto, a existência de grandes

diferenciações do espaço agrícola, que apresenta distintas densidades técnicas e normativas.

Nesse espaço fragmentado a cana-de-açúcar se territorializa de forma

acelerada, modifica a estrutura fundiária e a utilização das terras, altera a

quantidade produzida de produtos alimentícios, expulsa os camponeses de suas

terras, intensifica os fluxos migratórios, introduz formas regressivas de relações

de trabalho e transforma os pares dialéticos rural/urbano na tríade

rural/urbano/agrícola.

Quando se trabalha com a territorialização do agronegócio, nesse caso a

atividade agroindustrial canavieira, a análise da expulsão dos camponeses de

suas terras e as formas regressivas de relações de trabalho se fazem

extremamente importantes. Essa discussão vem sendo desenvolvida de maneira

intensa pelo grupo de pesquisa CEGET (Centro de Estudos de Geografia do

Trabalho)20. Portanto, nesse trabalho iremos pontuar a ocorrência desses

processos na Nova Alta Paulista, mas, nos debruçaremos nos fluxos migratórios

gerados pela demanda da atividade agroindustrial canavieira e os impactos desse

processo nas cidades locais híbridas.

4.2. Alguns apontamentos sobre a desapropriação dos camponeses e as

formas regressivas de trabalho

Como pudemos observar nas análises de Thomaz Junior (2009) e nas

próprias ponderações dos entrevistados, nas cidades analisadas a expulsão dos

camponeses de suas terras, além de alterar a estrutura produtiva familiar

também os expropria de seu modo de vida, do saber fazer. Pois, “a terra de

negócio ao substituir a terra de trabalho (Martins, 1988b) provoca, além da

expropriação objetiva, a expropriação simbólica” (SILVA, 1999, p. 47)

É nesse sentido que se apresenta o circuito de pobreza, abrangendo as

duas dimensões do empobrecimento do camponês, ou seja, o empobrecimento

material, mas, sobretudo, o empobrecimento simbólico. Essas duas dimensões,

resultantes da expansão da atividade agroindustrial canavieira, podem ser

observadas nas ponderações dos entrevistados residentes nas cidades locais

híbridas analisadas.

20 Grupo de Pesquisa vinculado ao Programa de Pós-graduação em Geografia da

UNESP – Universidade Estadual Paulista, Campus de Presidente Prudente.

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O empobrecimento material se expressa, principalmente, na redução da

renda, no desemprego familiar e até mesmo na necessidade de recorrer à

compra de todos os produtos consumidos pela família.

Ao vender sua terra esse sujeito que tem sua identidade ligada a ela,

muitas vezes, não consegue, nas cidades, inserir-se em outro setor produtivo,

provocando uma diminuição acentuada da renda familiar. Quando a “opção” é o

arrendamento, essa redução ocorre com a revisão dos contratos, com o

empobrecimento do solo e, também, como destacado, o desemprego familiar e a

compra dos produtos alimentares que refletem na renda, como esclarecem dois

entrevistados: “a cana-de-açúcar acabou com os sítios, antes tinha família com

até dez pessoas morando e trabalhando no sítio, agora está tudo desempregado

na cidade”; “a cana-de-açúcar acabou com as lavouras, na cidade não dá para

plantar um pé de milho, temos que comprar tudo.”

Nesse sentido, Thomaz Junior (2009) destaca que ir para a cidade não

necessariamente piora a vida das pessoas, mas, devido às condições que

predominaram no Brasil, através da brutalidade do processo de industrialização,

que ao dinamizar o campo rompeu para um número significativo de camponeses

e trabalhadores os vínculos com a terra, faz com que esses, ao migrarem para as

cidades, conheçam a mesma piora das condições de vida. Resumindo, perda de

vínculos com a terra, diminuição de renda, desemprego, dentre outros

processos.

Thomaz Junior (2009) e Oliveira (2003) apontam as pequenas unidades de

produção como as que mais geram emprego e renda e as responsáveis pela

maior produção de alimentos no campo brasileiro, em contraponto ao discurso do

agronegócio, que atribui este papel de destaque às grandes propriedades.

Portanto, o empobrecimento simbólico é o que caracteriza, para o

camponês, a perda de sua “possibilidade de existência”, como afirma Thomaz

Junior (2009, p. 65):

A respeito das sociabilidades que não se restringem ao circuito da

relação essencialmente capitalista, podemos tomar os exemplos

das práticas socioculturais que envolvem diretamente as

comunidades à memória da terra, ou seja, a terra vista não como

mercadoria, mas sim território de vida, da própria existência, o

que significa então, ao perdê-la perde-se juntamente a

possibilidade da existência.

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Ao serem desapropriados de suas terras, acrescenta Silva (1999, p. 222),

são desenraizados da própria experiência vivida:

O passado dos lugares, das casas, dos objetos é condição básica

de enraizamento. O desenraizamento é uma condição

desagregadora da memória. Portanto, a ação das máquinas, ao

provocar demolição, arrasando os terrenos, não tem somente o

efeito de expulsar os moradores das casas, mas expulsar de suas

lembranças, de suas memórias, os espaços da sociabilidade, do

modo de vida, da cultura, enfim, da própria experiência vivida,

enquanto significados. Ao chegarem à cidade, mesmo que levem

tijolos, telhas das antigas casas, os trabalhadores não conseguem

recriar os espaços de antes.

Nas cidades esses sujeitos, mesmo reproduzindo no espaço dos quintais –

como observamos no capítulo cinco – suas vivencias não conseguem recriar

todas as dinâmicas de antes, ou seja, não compartilham mais o espaço da

produção e reprodução, das lembranças, das memórias, da sociabilidade, do

modo de vida, da cultura e da experiência vivida, além de terem suas próprias

memórias desenraizadas.

Assim, a expansão das relações capitalistas de produção é conduzida de

maneira extremamente prejudicial à maioria da população, especialmente os que

têm na relação com a terra sua forma de reprodução. Desta forma, o

crescimento econômico se apresenta cada vez mais desigual gerando

desequilíbrios, exclusão e pobreza (ELIAS, 2006).

Além da diversidade de transformações que a reestruturação produtiva da

agropecuária engendra, ela também é responsável por profundas redefinições no

mundo do trabalho. Assim, com a expansão da cultura canavieira, verificamos

um aumento significativo do número de migrantes, principalmente nordestinos,

para as pequenas cidades da Nova Alta Paulista.

Tal processo revela um fluxo de trabalhadores

desterritorializados/expropriados em busca de emprego no corte da cana-de-

açúcar, particularmente em São Paulo. Assim, esses trabalhadores migrantes,

mão de obra não qualificada, oriundos dos pequenos municípios empobrecidos,

são alvo da super-exploração do trabalho com prolongamento das jornadas,

trabalho degradante e remuneração por produção (THOMAZ JUNIOR 2009).

Além dos fatores apontados, a reestruturação produtiva da agropecuária

também promove profundas transformações nos espaços urbanos.

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4.3. O agronegócio globalizado e as cidades locais híbridas

Como já discutido em capítulos anteriores e no subitem anterior, na região

analisada se expande o agronegócio globalizado. Nesse espaço o meio natural e

o meio técnico são substituídos pelo meio-técnico-científico-informacional, o que

significa que os espaços agrícolas se mecanizam e as atividades agropecuárias

ligadas ao agronegócio passam a serem baseadas na utilização intensiva de

capital, tecnologia, ciência e informação (ELIAS, 2008). Pois, a introdução da

ciência, da tecnologia e da informação na agropecuária resulta em um novo

modelo técnico, econômico e social de produção agropecuária, que é agricultura

científica (SANTOS, 1996 [1993]; ELIAS, 2005).

No contexto de reestruturação produtiva da agropecuária, as alterações

apresentam-se nas relações entre campo e cidade, transformando os pares

dialéticos rural/urbano na tríade rural/urbano/agrícola (ROMA, 2008). Ou seja, o

capitalismo transforma o meio rural que, por sua vez, transforma o tipo de

produção dos domicílios e das relações sociais, logo, o par rural/urbano na tríade

rural/urbano/agrícola.

Utilizando-nos de Elias (2007) elencamos elementos para se compreender

nas cidades a materialização e os impactos desse processo que, para ela, pode

ser compreendido como as chamadas cidades do agronegócio.

O agronegócio globalizado adapta as cidades próximas às suas principais

demandas e exigências (ELIAS, 2006, 2007, 2008). Assim, consiste apreender

quais os pontos luminosos e/ou de exclusão que se processam nas cidades

analisadas.

Abrindo um parêntese, frisamos que nosso foco de análise consiste em

pontuar os impactos da atividade agroindustrial canavieira nas cidades locais

híbridas - Arco Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Monte Castelo,

Paulicéia, Pracinha, Queiroz e São João do Pau D’Alho. Contudo, em alguns

momentos, torna-se necessário, para entender a própria realidade das cidades

analisadas, apontar as dinâmicas que se materializam nas cidades sub-regionais,

considerando que a expansão do agronegócio globalizado não se restringe

somente as cidades específicas, mas interfere numa dinâmica de âmbito

regional. E este exercício nos permitirá uma análise comparativa entre as

dinâmicas existentes nas cidades locais híbridas e os centros sub-regionais.

Elias (2007) apresenta três temáticas que podem reconhecer as

especificidades existentes nas cidades, por ela denominadas de cidades do

agronegócio globalizado, quais sejam: 1) formação das redes agroindustriais e as

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novas relações campo-cidade; 2) mercado de trabalho agropecuário e dinâmica

populacional e; 3) aprofundamento das desigualdades socioespaciais.

Considerando essas temáticas, a autora (2007) elenca indicadores que

podem expressar a materialização do processo.

No que tange aos sistemas de objetos existentes nas cidades sub-

regionais, temos: aeroportos particulares, pista de pouso, rodovias estaduais,

estradas vicinais, rodoviárias, que funcionam enquanto terminais rodoviários

urbanos; agência de correios, caixa de coleta de correspondência, centrais

telefônicas, terminais telefônicos em serviço, emissoras de rádio, provedores da

internet, antenas parabólicas; centrais de geração e transformação, urbana e

rural; hotéis; espaços destinados à realização de feiras agropecuárias, festas de

peão de boiadeiro e; perímetros irrigados, canais de irrigação, adutoras.

Para as cidades locais híbridas, podemos considerar as estradas vicinais;

agência de correios, centrais telefônicas, terminais telefônicos em serviço,

antenas parabólicas; centrais de geração e transformação, urbana e rural;

perímetros irrigados, canais de irrigação, adutoras.

Nos indicadores associados à economia urbana temos, para as cidades

sub-regionais: equipamento industrial de máquinas agrícolas; cursos de

graduação e cursos técnicos como gestão do agronegócio, engenharia de

alimentos, veterinária, açúcar e álcool, agronomia; empresas comerciais de

máquinas de implementos agrícolas, produtos veterinários e agrotóxicos; aviação

agrícola, informática, empresas de gestão de recursos humanos, de transportes

de cargas, entre outras que se desenvolvem no próprio interior das usinas e/ou

destilarias de açúcar e álcool; empresas provedoras de internet; bancos públicos

e privados; caixas eletrônicos; corretoras. Para as cidades locais híbridas, banco

público e/ou correspondente bancário.

Muitos desses nexos não são utilizados nessas localidades pelas usinas

e/ou destilarias de açúcar e álcool, mesmo sendo uma base técnica e

informacional importante para o setor, como, por exemplo, compra de máquinas

e implementos agrícolas mais sofisticados, dentre outras. Essas agroindústrias

canavieiras estão instaladas na região, porém suas dinâmicas se inserem em

outras escalas, não necessariamente regionais.

Destacamos também que na região da Nova Alta Paulista os itens como,

por exemplo, agência de correios, emissoras de rádio, antenas parabólicas,

centrais de geração de energia, são objetos que existiam antes da entrada

massiva do agronegócio globalizado. O que se observa é uma maior dinamização

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desses com a intensificação da atividade agroindustrial canavieira. E frisamos,

ainda, que a irrigação existente nas cidades locais híbridas se faz, na grande

maioria, pelas próprias usinas e/ou destilarias de açúcar e álcool que ao

arrendarem terras implementam-na nos diversos espaços destinados ao cultivo

da cana-de-açúcar.

Quando o viés de análise é o mercado formal de trabalho agropecuário,

optamos em dividi-lo por categoria ocupacional21. Assim, para o período de

Janeiro de 2007 a Julho de 2012, observa-se que a composição do trabalho

formal agropecuário é extremamente dinâmica e de difícil apreensão, pois no

conjunto da composição do trabalho formal há ocupações que podem ser

exercidas tanto no setor agrícola (cana-de-açúcar) como relacionada a outras

dinâmicas do setor agropecuário, como, por exemplo, “operador de

colheitadeira” – que pode colher cana-de-açúcar, como milho, amendoim, etc..

Assim, nos esforçamos para subdividir esse quadro ocupacional a fim de

caracterizar o emprego formal agropecuário da área em análise.

O emprego formal ligado à atividade agroindustrial canavieira admitiu no

período, aproximadamente, 21.876 pessoas, composto pelo trabalhador da cana-

de-açúcar, sendo uma mão de obra não especializada, como também por

motorista de caminhão, tratorista agrícola, operador de caldeira, auxiliar de

laboratório, dentre outras. No que tange às demais ocupações foram admitidas

16.173 pessoas, aproximadamente, composto por uma diversidade de

ocupações, tais como: trabalhador da avicultura de postura, trabalhador da

agropecuária em geral, trabalhador volante da agricultura, pecuária (bovino de

corte), trabalhador da cultura de mamona, da suinocultura, seringueiro, na

cultura de café, dentre outras.

Para a atividade agroindustrial canavieira há, no período analisado, um

saldo positivo de 2.874 postos de trabalho formal, enquanto que para os demais

setores ligados às atividades do campo identificamos um saldo negativo de 35

postos de trabalho formal. Ou seja, numa análise preliminar notamos que a

atividade agroindustrial canavieira continua gerando novos postos de trabalho

em detrimento das outras atividades.

21 Na tabela 79, em anexo, destacamos as ocupações que mais admitiram no

período analisado, ou seja, as que admitiram até dez trabalhadores devido à infinidade

de ocupações exististes

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Devemos ressaltar que esses dados refletem a estrutura do emprego

formal e que o trabalhador do campo, na maioria das vezes, não está dentro

desta lógica, seja o chamado “boia-fria” que trabalha todos os dias, mas, em

diferentes culturas e para diferentes empregadores, dificilmente, inserido na

estrutura do emprego formal ou o camponês que é reconhecido enquanto

trabalhador rural, no entanto, muitas vezes não está dentro dessa estrutura,

como outras inúmeras situações.

A produção ligada a outros setores, mesmo que num conjunto geral,

apresente saldos negativos é responsável pela geração de emprego e renda. Por

exemplo, foi admitido, no período, 7.095 pessoas na avicultura de postura, 236

pessoas no cultivo de trepadeiras frutíferas, ou seja, há outras alternativas além

da cana-de-açúcar.

Ainda analisando a estrutura formal do emprego, observa-se a presença

de mão de obra qualificada do ponto de vista da formação. Foram contratados,

aproximadamente, quarenta profissionais ligados ao setor agropecuário, tais

como: técnico agrícola, engenheiro agrícola, agrônomo, economista

agroindustrial, analista de transporte e comércio exterior, enfermeiro do trabalho

e economista financeiro. No entanto, numa região com a presença de 10

unidades de produção de açúcar e álcool22, ligadas ao circuito superior da

economia urbana, que apresenta elementos de produção e organização de uma

agricultura científica, a quantidade desses profissionais não representa um

grande dinamismo.

Esse quadro representa um período (Jan/2007 – Jul/2012); quando se

analisa a atividade agroindustrial canavieira anualmente, percebe-se que está

havendo uma redução no numero de admissões, principalmente de mão de obra

não qualificada. Em 2008, na Nova Alta Paulista, o setor admitiu 4.690

trabalhadores da cultura da cana-de-açúcar, já para 2011 as admissões foram de

931 e até julho de 2012, esse número perfaz 706 trabalhadores. Há uma

alteração na estrutura das contratações, ou seja, diminui a mão de obra não

especializada e aumenta a presença de tratoristas, operadores de máquinas

agrícolas etc.. No entanto, o aumento dessa mão de obra, dita mais

especializada, não corresponde à diminuição apresentada.

22

Este é o número de unidades em funcionamento. Segundo informações no site da

UDOP (União das Destilarias do Oeste Paulista) há 04 unidades projetadas ou em

processo de instalação na região da Nova Alta Paulista.

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Sendo assim, podemos dizer que o a atividade agroindustrial canavieira,

na Nova Alta Paulista, segue a dinâmica de contratações e elevação do número

de empregos formais agropecuários, conforme caracterizado para pensar as

cidades do agronegócio.

No entanto, isso confirma que a monocultura da cana-de-açúcar rebate

negativamente no meio rural, na produção camponesa e na segurança alimentar-

se, por um lado, a atividade agroindustrial canavieira está ligada à produção de

commodities, por outro lado, temos a diversidade presente nos demais setores,

ou seja, planta-se alimentos. Além disso, empregam-se mulheres, pessoas com

mais idade, uma mão de obra praticamente descartada pela atividade

agroindustrial canavieira.

Ainda no sentido de pensarmos as dinâmicas do agronegócio globalizado e

as cidades locais híbridas, podemos observar a migração campo-cidade. O

trabalho de Gil (2007) e nossos trabalhos de campo demonstram estar havendo

um fluxo migratório do campo, principalmente para as cidades sub-regionais,

mas, também, para as locais híbridas devido à expansão do agronegócio

globalizado e a desapropriação dos camponeses de suas terras. Para as cidades

locais híbridas, no que tange à migração de mão de obra especializada - cidade

maior para menor – não observamos sua ocorrência. Esses profissionais passam

a residir nas cidades sub-regionais que apresentam uma maior diversificação de

equipamentos e serviços urbanos, fator preponderante para escolha das cidades

sub-regionais por esses profissionais.

Já a migração de mão de obra não qualificada provinda, principalmente,

do nordeste brasileiro destina-se para as cidades locais híbridas. No entanto, as

estatísticas ainda não são sensíveis a esse fluxo devido ao período que tais

trabalhadores permanecem nas cidades – que é aproximadamente oito meses,

correspondente ao período de safra – sendo recenseados em suas cidades de

origem. Assim, a evolução da população dessas cidades não se alterou na última

década ou mesmo involuíram (tabela 16, apêndice 1). Mas, apreendendo essa

questão de maneira qualitativa, através dos trabalhos de campo, observa-se o

aumento substancial de uma população migrante, destinada ao trabalho nas

usinas e/ou destilarias de açúcar e álcool.

A dinâmica do trabalho também se apresenta diversa, com a intensificação

do aparecimento de novas categorias de trabalhador agrícola, como agrícola não

rural – a luz de nossos trabalhos de campo e como analisamos no capítulo três,

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observamos que uma parcela considerável dos trabalhadores das cidades locais

híbridas estão inseridos no trabalho agrícola, mas residem nas cidades, sendo

agrícola não rural.

Portanto, todas essas dinâmicas reforçam as questões discutidas no

capítulo cinco, no qual apontamos as relações que envolvem a tríade

rural/urbano/agrícola, transformando esses espaços, que podem ser analisados e

apreendidos separadamente, mas que se estruturam em espaços híbridos.

A reestruturação produtiva da agropecuária, com a expansão da cana-de-

açúcar, ao se territorializar não apenas ampliou e reorganizou a estrutura

fundiária, a produção agrícola e industrial, mas, também, impactou as cidades,

aprofundando as desigualdades socioespaciais.

Como apontamos, a atividade agroindustrial canavieira necessita de um

contingente elevado de trabalhadores, principalmente braçais, sua expansão

amplia as migrações pendulares de mão de obra para a lavoura da cana-de-

açúcar. Esse processo, considerando a realidade socioespacial das cidades locais

híbridas, intensifica os problemas como a falta de moradias, a elevação no valor

dos alugueis, aumento no atendimento na área de saúde e assistência social e

ampliação do consumo consumptivo.

As alterações no mercado imobiliário dessas localidades estão relacionadas

à oferta de moradias e ao aumento no valor dos aluguéis. Analisando dados

censitários de 2000 e 2010 constata-se, em um âmbito regional, que das 30

cidades da Nova Alta Paulista, em 21 cidades houve redução no número de

domicílios não-ocupados. Considerando os centros sub-regionais de Adamantina,

Dracena, Lucélia, Osvaldo Cruz e Tupã observamos uma redução pequena dos

domicílios não-ocupados. Para as cidades locais híbridas analisadas, temos: um

aumento de domicílios não-ocupados para a cidade de Arco Íris, Flora Rica,

Mariápolis e Paulicéia que passam de 33,30%, 17,52%, 16,59%, 26,60% em

2000 para 42,51%, 21,51%, 20,55%, 34,96% em 2010, respectivamente.

Dentre as localidade que apresentaram diminuição no percentual de domicílios

não-ocupados temos: Inúbia Paulista, Monte Castelo, Pracinha, Queiroz e São

João do Pau D’Alho que passam de 11,13%, 27,62%, 22,24%, 18,95% e

25,68% em 2000 para 12,81%, 15,32%, 15,38%, 13,37% e 15,41% em 2010,

respectivamente.

Para a cidade de Pracinha a diminuição dos domicílios não-ocupados

relaciona-se a presença de uma Unidade Prisional, conforme constatado em

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trabalho de campo, e para Paulicéia o aumento no percentual está atrelada a

dinâmica turística pela presença de ranchos.

Já para a cidade de Mariápolis, por exemplo, houve um aumento no

número de domicílios não-ocupados, ou seja, aumentou o número de imóveis

disponíveis23. Contudo, já em Roma (2008) e em nossos inúmeros trabalhos de

campo e entrevistas junto à secretária de assistência social apreendemos um

aumento no número de migrantes, sendo, esse, um dos principais fatores

apontado pela população pela redução da oferta de imóveis para venda ou

locação, além do aumento no valor dos alugueis.

As alterações nas dinâmicas imobiliárias podem ser observadas

analisando-se, principalmente, os apontamentos dos entrevistados que

destacam: “ajuda o desenvolvimento do comércio e aumenta o número de casas

existentes na cidade”; “aumento movimento na cidade e no valor dos alugueis”;

“aumentou muito, muito o preço dos alugueis”; “além de aumentar o valor dos

alugueis também diminuiu o número de casas disponíveis para alugar”; “piora

muito as coisas, principalmente, pelo valor dos alugueis”; “valorizou muito os

imóveis”; “ficou muito fácil alugar casa”; “como para os baianos o aluguel é

cobrado por cabeça o valor dos alugueis sobe muito”; “nos sorteios de casas

populares eles pegam tudo e as pessoas da cidade não pega nada”.

As pessoas que dependem do aluguel e/ou pretendem a compra de imóvel

pontuam a dificuldade de se encontrar casas na cidade, mas, principalmente, a

elevação no valor dos alugueis e dos imóveis. Por outro lado, os proprietários de

imóveis destacam a valorização dos imóveis e a facilidade de locação, reforçando

a diferenciação social existente entre os segmentos sociais da cidade.

No período atual a pobreza é estrutural e globalizada (SANTOS, 2004

[2000]) e grande parte dos trabalhadores é excluída do processo produtivo,

aprofundando a pobreza e as desigualdades socioespaciais.

As cidades locais híbridas se caracterizam pela presença massiva do

circuito inferior da economia, uma pobreza material relacionada ao desemprego

23

O responsável pela unidade do IBGE na cidade de Adamantina nos informou que

essa constatação, também foi indagada pelas lideranças políticas de Mariápolis e, nos

apresentou dois elementos que levam a essa configuração. O primeiro refere-se à coleta

das informações pelos recenseadores. Por exemplo, no terreno existem dois domicílios, o

da frente é utilizado como residência propriamente dita e o imóvel do fundo mais

deteriorado serve de depósito ou até mesmo para residência dos filhos, no entanto ao

responder o recenseador o proprietário indica o imóvel como não-ocupado. O segundo

elemento sugere que os moradores dessas localidades não querem alugar os domicílios

para migrantes, alegando que seus imóveis serão deteriorados e os declaram como não-

ocupados.

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e má remuneração, baixos índices de escolaridade, insuficiência dos

equipamentos e serviços urbanos e os principais recursos administrativos são

provindos dos fundos de repasses governamentais gerando uma pobreza

material e política, como discutimos no capítulo dois. E é justamente essa

pobreza que vai intensificar os impactos gerados pelo agronegócio globalizado,

aprofundando as desigualdades socioespaciais.

Dentre os problemas apontados pela população, além daqueles referentes

à moradia, os que mais se destacam estão correlacionados aos serviços de saúde

e assistência social: “acaba com a cidade, os recursos vão tudo para eles”; “pega

tudo que é nosso – casa popular, leite”; “não é certo, faltam as coisas para nós e

eles tomam frente de tudo”; “eles tomam frente na saúde, nas coisas do governo

e em tudo”; “os baianos tomaram conta da cidade”; “não é bom, tinha que ter

um limite no número de baianos que poderiam ficar na cidade, pois eles pegam

todo leite do posto e brigam muito”; “não pode julgar, mas exagera o tanto de

gente que toma nossos empregos”; “utilizam muito os médicos”; “baianos

utilizam todas as vagas da creche”; “não é bom. Eles gastam mais no comércio,

mas acabam com nossos medicamentos (EX: 16 vagas de consulta no posto de

saúde 10 são deles”); “eles vem tirar o pouco que nós temos”.

Portanto, as principais questões como pobreza material e política

corroboram para que a presença dos trabalhadores agrícolas provindos de outros

estados brasileiros acentuem ainda mais os problemas urbanos. Essas questões

urbanas são problemas agrários, pois, são gerados pelo modelo adotado de

produção, ou seja, pode-se afirmar que o problema urbano é um problema

agrário e vice-versa.

Outro elemento que transforma a dinâmica das cidades locais híbridas é o

aumento no consumo consumptivo. Nas ponderações de Elias (2005, 2007,

2008) observamos que o campo desencadeiam necessidades de consumo

produtivo e consumptivo.

Assim, para Elias (2005), a reestruturação produtiva da agropecuária gera

um processo de modernização do agrícola, aumenta a demanda pelo consumo

produtivo do campo, adaptando as cidades próximas às suas exigências e essas

passam a fornecer a maioria dos aportes técnicos, financeiros, mão de obra e

dos demais produtos e serviços necessários. Mesmo o consumo produtivo do

campo se ampliando mais rapidamente que o consumo consumptivo, esse

igualmente se amplia (ELIAS, 2005).

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O aumento do consumo produtivo do campo na região da Nova Alta

Paulista desenvolveu-se em parte nas cidades sub-regionais de Dracena,

Adamantina, Lucélia, Osvaldo Cruz e Tupã. Logo nas cidades locais híbridas o

aumento do consumo produtivo não se expressa substancialmente, mas se

atrela as dinâmicas da atividade agroindustrial canavieira como reservatório de

mão de oba rural, destinada a suprir as demandas do setor.

O que constatamos para as cidades locais híbridas é que o consumo

consumptivo é mais elevado do que o produtivo. Esse fator se expressa pelo

aumento da mão de obra de trabalhadores agrícolas provindos, principalmente,

do nordeste brasileiro que movimenta a economia local através do consumo de

bens e produtos. Ainda, destacamos que os trabalhadores migrantes

temporários consomem os bens e produtos nas cidades locais híbridas, ao

contrário da própria população “natural” da cidade, elevando o consumo

consumptivo.

As cidades locais híbridas desenvolvem somente o fator ligado à mão de

obra, ou seja, reservatório de mão de obra rural e, não oferece os aportes

técnicos e financeiros demandados pela atividade agroindustrial canavieira,

como os existentes nos centros sub-regionais, mesmo que estes sendo

incipientes comparativamente a outros espaços. Assim, ainda que o consumo

consumptivo se amplie nas cidades locais híbridas não se processa os

incrementos produtivos e não se transformam em pontos de modernização da

economia.

Pois, para Elias (2007), são escolhidos pontos para receber os

incrementos produtivos e estes se transformam em pontos de modernização,

ficando todo o restante à margem desse processo. A autora aponta que a

fragmentação do espaço agrícola forma arranjos territoriais produtivos agrícolas,

assim as regiões agrícolas dinâmicas são os espaços escolhidos para receber as

Políticas Públicas e a maior parte dos investimentos públicos e privados.

Esses arranjos produtivos agrícolas estruturam os pontos luminosos do

espaço agrícola, pontos de difusão da agricultura científica, verticalidades com

predominância sobre horizontalidades, a escala local-regional articula-se com a

internacional, fluxos rápidos, o território organiza-se sobre imposição do

mercado e ideologias e, também, enquanto território de exclusão e reprodução

das desigualdades sociais (ELIAS, 2007).

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No Brasil agrícola moderno diversas cidades mantêm como função

principal as demandas produtivas dos setores de difusão do capitalismo no

campo. Assim, a urbanização dessas localidades se deve a expansão do

agronegócio e são responsáveis pela materialização das condições gerais de

reprodução do capital (ELIAS, 2007).

Porém, a reestruturação produtiva da agropecuária não se processa de

maneira homogênea em todos os espaços, mesmo no Estado de São Paulo, como

indicado por Elias (2006, p. 32):

Algumas áreas são mais intensamente beneficiadas pelos sistemas

técnicos e sistemas normativos inerentes a agricultura científica e

ao agronegócio. É o caso da região de Ribeirão Preto, a nordeste

do Estado, um dos principais, se não o principal, exemplos do

Brasil agrícola moderno (ELIAS, 1996, 1997, 2003ab), na qual se

concentram os complexos agroindustriais da cana-de-açúcar e da

laranja.

A reestruturação produtiva da agropecuária é seletiva. Enquanto algumas

estruturas sociais, territoriais e políticas permanecem intactas, outras se tornam

enclaves de modernização, privilegiando determinados segmentos sociais,

econômicos e políticos (GOMES, 2009), estruturando um espaço agrícola

totalmente fragmentado (ELIAS, 2006).

Na região da Nova Alta Paulista, com a introdução do agronegócio

globalizado, os espaços rurais se transformam e se diferenciam, fragmentando

os espaços modernizados da atividade agroindustrial canavieira dos espaços

“vistos” como entraves e resquícios do “atraso”, que são a pequena produção e

os espaços de reprodução da vida.

Diante da fragmentação do espaço agrícola, observa-se que as dinâmicas

da atividade agroindustrial canavieira são pontos luminosos, de difusão da

agricultura científica e de todos os demais elementos supracitados a cima. No

entanto, devido a suas dinâmicas estarem baseadas nas verticalidades com

predominância sobre horizontalidades, articuladas com a escala internacional, os

pontos luminosos não se difundem para o restante da economia urbana. Alguns

objetos técnicos e financeiros de aporte à atividade agroindustrial canavieira se

difundem nas cidades sub-regionais, mas considerando uma economia de escala

esses não se processam como em outros espaços, e para as cidades locais

híbridas eles são ausentes.

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Essa predominância das verticalidades sobre as horizontalidades e

articulação das escolas em âmbito internacional presente nas dinâmicas da

agricultura moderna, denota o que Santos e Silveira (2006 [2001], p. 143,144)

indicam como “a necessidade de substituir a noção de circuitos regionais de

produção por circuitos espaciais de produção”, pois, segundo os autores, devido

à crescente segmentação territorial das etapas do trabalho intensificam-se as

trocas e as relações entre as regiões, que não precisam ser entre áreas

contíguas.

Nesse mesmo processo, a rede de cidades da região baseada em cidades

pequenas se torna mais desigual, reforçando as disparidades e concorrências

entre elas e corroborando para o aumento da pobreza nas cidades com menos

complexidade funcional. As cidades sub-regionais passam a responder às

necessidades do agronegócio globalizado, como os cursos técnicos, as lojas de

insumos e adubos etc., ainda que de maneira incipientes. Contudo, nessa mesma

rede urbana, as cidades locais híbridas não apresentam esses elementos,

respondendo às necessidades do agronegócio apenas no que tange à mão de

obra destinada ao setor. Assim, nessa rede de cidades, as cidades sub-regionais

seriam os espaços ditos luminosos (SANTOS e SILVEIRA, 2001) e as cidades

locais híbridas cada vez mais se transformam em espaços de exclusão social.

No entanto, os pontos luminosos apresentados pelas cidades sub-regionais

da Nova Alta Paulista tornam-se incipientes e efêmeros, quando analisados em

relação às dinâmicas existentes na região de Ribeirão Preto (SP), que também

desenvolve o complexo da laranja (ELIAS, 2006), ou nas regiões produtoras de

frutas, como os municípios de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), no baixo curso dos

rios Açu (RN) e Jaguaribe (CE) (ELIAS, 2006), ou ainda com a difusão intensiva

da soja em Barreiras (BA), no sul dos estados do Maranhão e do Piauí (ELIAS,

2006) e na região de Rio Verde (GO) (MENDONÇA, 2009). Afinal, os sistemas de

objetos e a economia urbana mais sofisticados como implementos e maquinários

agrícola, dentre outros, não são supridos na própria região.

Desta forma, se compararmos a Nova Alta Paulista com outras regiões do

Brasil inseridas no agronegócio globalizado, podemos observar que, mesmo

apresentando alguns pontos luminosos, a Nova Alta Paulista torna-se, em sua

totalidade – inserida em uma totalidade maior –, local onde se desenvolvem

mais intensamente os espaços de exclusão social.

Se pensarmos numa análise comparativa entre as diferentes cidades que

são impactadas pelo agronegócio globalizado, podemos dizer que as cidades da

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Nova Alta Paulista apresentam os impactos das transformações ocorridas pela

reestruturação produtiva da agropecuária, mas não desenvolvem os espaços

luminosos em plenitude. Porém, se a comparação for entre as cidades da Nova

Alta Paulista, observamos que são nas cidades locais híbridas que os espaços de

exclusão social se apresentam de maneira mais intensa, reforçando a pobreza já

existente nessas localidades.

Ou seja, para as cidades locais híbridas que não apresentam difusão de

objetos técnicos e financeiros, mas apenas aporte de mão de obra rural e,

mesmo o consumo consumptivo se ampliando, não altera substancialmente a

questão da pobreza, processando em seus espaços os impactos gerados pela

atividade agroindustrial canavieira, como apontado.

Nesse sentido, essas localidades geram o outro lado da cidade do

agronegócio, que é a cidade da exclusão social. Mas, também, as cidades do

agronegócio, analisadas por Elias (2006), mesmo desenvolvendo os pontos

luminosos, também são espaços agrícolas de exclusão. No mesmo sentido, Silva

(2005, p. 32) acrescenta que “o interior paulista considerado uma das regiões

mais ricas somente o é graças à pobreza vigente nestes confins”. Assim,

podemos dizer que os espaços luminosos geram o seu outro que são os espaços

de exclusão.

Esses espaços de exclusão se acentuam ainda mais nas cidades locais

híbridas, se comtemplarmos, além dos problemas urbanos, os conflitos que são

gerados pela presença dos migrantes nordestinos que se deslocam de seus

espaços indentitários para trabalhar no corte da cana-de-açúcar.

4.4. As cidades locais híbridas e os “estabelecidos” e “outsiders”

Eu não gosto de vancê, Papai Noé!

Tamém não gosto desse seu papé de vendê ilusão pra tar da burguesia.

Se os meninu pobre da cidade soubessem o desprezo qui o se tem, pelos humirde, pela

humirdade eu acho que eles jogava pedra em sua fantasia.

Você talvez vancê nem se alembra mais.

Eu cresci, me tornei rapaz, sem nunca me esquecê, daquilo que passô.

Eu lhe escrevi um biete, pedindo um presente a noite inteira eu esperei contente,

chegou o sor, mais vancê num chegou.

Dias depois, meu pobre pai, cansado, me trouxe um trenzinho véio, enferrujado,

e me ponhou ansim na minha mão e me oiando baixinho me falou:

toma, é pra vancê, foi papai noé que mandou.

E vi quandu ele adisfarçou umas lágrima cum a mão.

Eu alegre e inocente nesse caso, pensei que o meu biete embora cum atraso tinha

chegadu em suas mão, no fim do mês.

Limpei ele bem limpado, dei corda, o trem partiu, deu muitas vorta,

meu pai então se riu e me abraçô pela urtima vez.

O resto, eu só pude cumpreender quando cresci e comecei a ver as coisa com a

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realidade.

Um dia meu pai chegou ansim, cum quem tá cum medo e falou pra mim:

me dá aqui aquele seu brinquedo daqui vou trocá por outro na cidade .

Entônce eu entreguei pra ele o meu trenzinho quase a soluçá.

E, como quem não quer abandoná um mimo, um mimo que

lhe deu, quem lhe qué bem, eu supriquei medroso:

?Ô pai eu só tenhu ele! Eu num quero outro brinquedo, eu quero aquele.

Por favor pai, num vá levá meu trem?.

Meu pai calô e pelo seu rosto veio descendo uma lágrima que, inté hoje creio, tão pura e

santa ansim só Deus chorou!

Ele saiu correnu bateu a porta, ansim como um doido varido minha mãe gritou; pra ele:

José! ele num deu orvido. Foi embora e nunca mais vortô.

Vancê, Papai Noé, vancê me transformou num homem que hoje a infância arruinô.

Sem pai e sem brinquedo.

Afiná, dos seus presentes, num ai um que sobre da riqueza do menino pobre que sonha o

ano inteiro com a noite de natá.

Meu pobre pai coitado, mar vestido, pra num me vê naquele dia desiludido, pagô bem

caro a minha inlusão, num gesto nobre, humano e dicisivo, ele foi longe demais pra me

trazer aquele lenitivo, tinha robado aquele trem do filho do patrão.

Quando ele sumiu, pensei que tinha viajadu, no entanto, minha mãe despois deu grande,

me contou em pranto que ele foi preso coitado e tranformadu em réu.

Ninguém pra absolvê meu pai se atrevia.

Ele foi definhando na cadeia, inté,qui um dia, Deus entrou na sua cela e o libertô pro céu.

(Rolando Boldrin, Crônica do Natal Caipira)

O mundo como fábula, como perversidade e como possibilidade são, para

Santos (2004 [2000], p. 18), três mundos num só:

O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização

como fábula; o segundo seria o mundo tal como ele é: a

globalização como perversidade; e o terceiro o mundo como ele

pode ser: uma outra globalização.

A máquina ideológica para a continuidade do sistema nos apresenta uma

ideologização maciça exigida pelo mundo atual que tem como condição essencial

o exercício de fabulações (SANTOS, 2004 [2000]). Nesse contexto, a difusão do

agronegócio globalizado com base na agricultura científica se apresenta

enquanto motor e única opção de crescimento econômico, de fonte de emprego e

renda, de desenvolvimento e de existência. Através dessas fabulações, se

expande o agronegócio globalizado enquanto perversidade que, ao concentrar

riqueza e terra aprofunda as desigualdades sociais, intensificando processos

como o da exclusão social.

A expansão da atividade agroindustrial canavieira, além da desapropriação

dos camponeses de suas terras, da redução na produção de alimentos, dos

impactos gerados nas cidades, também faz emergir nesses espaços os conflitos

entre os moradores antigos das cidades locais híbridas e “os de fora”,

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estabelecendo uma relação de “estabelecidos” e “outsiders”. Nesse processo se

intensifica a exclusão social dos trabalhadores migrantes destinados,

principalmente, ao corte da cana-de-açúcar.

A relação entre “estabelecidos” e “outsiders” foi apresentada por Elias &

Scotson, (2000) demonstrando o aprofundamento da exclusão social e é nessa

relação que as dimensões social e política da exclusão se intensificam. Assim,

contrariando Federico Neiburg (prefácio de Elias & Scotson, 2000), a tese dos

“estabelecidos” e dos “outsiders” não deve se colocar para criticar e reformular o

conceito de exclusão, mas, sim, reforça o processo entendido como

multidimensional (VIEIRA, 2009).

O estudo de Elias & Scotson (2000) foi realizado no fim da década de

1950 e início da década de 1960, numa pequena comunidade na Inglaterra –

Winston Parva – com aproximadamente cinco mil habitantes. Nessa tese mostra-

se uma clara divisão entre um grupo estabelecido desde longa data e um grupo

de novos residentes, os “outsiders”. Os primeiros, os “estabelecidos”,

estigmatizavam e consideravam os “outsiders” pessoas de menor valor humano.

Nessa pequena cidade havia uma interdependência entre os grupos

residenciais de famílias que suscitavam problemas próprios e específicos de uma

comunidade. As famílias mais antigas e/ou os nascidos nessa comunidade

desempenhavam um papel central em todos os setores da vida comunitária, seja

social, político e econômico (ELIAS & SCOTSON, 2000).

No estudo de Elias & Scotson (2000) o processo começa a ocorrer quando

uma fábrica de Londres se transfere para a Winston Parva, sendo acrescentado

mais de 1000 londrinos a essa pequena comunidade e, segundo os autores, essa

“migração em massa” teve impactos tanto nos antigos residentes como nos

migrantes.

José de Souza Martins realiza uma discussão sobre a questão do “outro” e

de “nós”. Essa relação consiste em considerar que o outro não se confunde

conosco e não é reconhecido como “nós”. Essa situação se define como um modo

de viver no limite, na fronteira. Para o autor a fronteira não se reduz ou se

resume à fronteira geográfica, mas a fronteira é, justamente, a situação de

conflito social. Esse conflito é a descoberta do outro e de desencontro, não se

limitando a diferentes concepções de vida, mas desencontros de temporalidades

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históricas, “a fronteira é essencialmente o lugar da alteridade” (MARTINS, 2009,

133).

Analisando os trabalhadores destinados ao trabalho na cana-de-açúcar no

Estado de São Paulo, Silva (1999) identifica que, em relação aos migrantes, recai

o peso de serem de “fora”. Esse trabalhador migrante é percebido enquanto

diferente do, também, trabalhador do “lugar”. A autora não denomina esse

processo como “outsiders” e “estabelecidos”, mas o conteúdo do processo é o

mesmo. E acrescenta (SILVA, 1999, p. 237,238):

No que tange ao trabalhador migrante, torna-se “baiano”,

“mineiro” significa possuir um outro papel, até então inexistente.

Em seus lugares de origem, não possuem esses atributos. Dessa

sorte, há uma verdadeira metamorfose de suas identidades em

face do outro (o paulista, o antigo morador da cidade, o branco,

pobre ou rico).

A principal questão nessas discussões é a fronteira entre “nós” e “eles”, e,

essa fronteira, nas pequenas cidades, principalmente nas menores, como as

cidades locais híbridas, apresentam características próprias devido ao grau de

proximidade espacial entre os agentes sociais/sujeitos, que possibilita uma maior

visibilidade dos processos sociais. Nessas localidades o conhecimento mútuo

entre as pessoas é normal, permitindo um acompanhamento dos problemas

pessoais, corroborando para a manutenção de uma rede de “fofocas” que, de

certa forma, nutre uma coesão social. Além do mais, essas particularidades

mantém nesses espaços o controle social através da igreja, dos grupos políticos

e comunitários.

O sentimento de pertencimento como sendo “da cidade” nessas

localidades restringe a um pequeno grupo o poder político e econômico. Nesse

ponto a estruturação da sociedade brasileira difere das análises dos autores

(ELIAS & SCOTSON, 2000), pois na realidade analisada por eles, a “antiguidade”

era fator preponderante para manutenção do controle político e econômico que,

por sua vez, sustentava um grupo “estabelecido” e outro “outsider”. No entanto,

em nossa sociedade, na qual as desigualdades sociais e a pobreza são

estruturais (SANTOS, 2004 [2000]), a “antiguidade” é apenas um dos fatores de

coesão dos “estabelecidos” contra os ditos “outsiders”, pois nas cidades locais

híbridas analisadas, outros fatores se apresentam.

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Portanto, as características das cidades locais híbridas fortalecem,

sobremaneira, a possibilidade de conflito entre os “da cidade” e “os de fora”. Na

região da Nova Alta Paulista, comparativamente, observamos que são nas

cidades locais híbridas onde mais fortemente se estabelece o conflito entre

“estabelecidos” e “outsiders”. Esse fator ocorre em espaços maiores que se

subdividem em comunidade de bairros, por exemplo. No entanto, em cidades

nas quais a proximidade espacial e a visibilidade dos processos configuram uma

vida própria a elas, esse processo é visível e intenso.

Nas cidades analisadas por nós, principalmente Queiroz, Arco-Íris,

Mariápolis, Monte Castelo e Paulicéia, o processo se faz com a chegada dos

migrantes destinados ao trabalho na atividade agroindustrial canavieira,

intensificado pelo aumento no número de usinas e/ou destilarias de açúcar e

álcool na região da Nova Alta Paulista. Porém, também percebemos que as

localidades de Inúbia Paulista, Pracinha, Flora Rica e São João do Pau D’Alho,

que praticamente não recebem mão de obra desses trabalhadores, desenvolvem

um estigma em relação aos migrantes, “por terem ouvido falar”, elevando esse

processo à escala regional.

Para Winston Parva, o que diferenciava os recém-chegados dos moradores

mais antigos da cidade não eram os salários – que se equiparavam aos das

famílias já residentes na localidade – nem mesmo o tipo de profissão exercida –

pois a maioria dos residentes também eram operários especializados ou semi-

especializados – e sim os costumes, a tradição, as ideias, as crenças e todo o

estilo de vida. Ou seja, os novos moradores tinham ideias e crenças diferentes

das valorizadas na comunidade (ELIAS & SCOTSON, 2000).

Em nossa realidade empírica, esse processo se configura no embate entre

os costumes, tradições, estilo de vida, valores e crenças, mas, também, na

relação entre a população e a assistência social, ou seja, o conflito se processa

na divisão dos recursos provindos da assistência social entre os “da cidade” e “os

de fora”.

Nesse sentido, observamos que há uma questão de classe social imbuída

nesse processo, pois a relação “estabelecidos” e “outsiders” se configura mais

fortemente nas localidades que estão recebendo a migração de uma mão de obra

não-especializada, composta basicamente de cortadores de cana-de açúcar –

Mariápolis, Arco-Íris, Paulicéia – do que nas cidades para as quais a migração

destinada foi das categorias mais especializadas, como maquinistas, motoristas

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etc. – Queiroz e Monte Castelo. E, como aponta Martins (2009, p. 13), é na

situação de fronteira que se encontra o “desencontro genocida de etnias e no

radical conflito de classes sociais”.

No estudo de Elias & Scotson (2000), a questão da assistência social e de

classes não eram fatores preponderantes. Também no trabalho de Mondardo

(2009) não se constata a tese dos “estabelecidos” e “outsiders”, como

identificada pelos primeiros autores (2000), na qual, os moradores mais antigos,

“estabelecidos”, serravam fileiras aos “de fora”, os “outsiders”, os

estigmatizando.

Há no contexto estudado por Mondardo (2009) uma inversão dos papéis.

Os “de fora”, gaúchos e catarinenses, foram vistos como “estabelecidos” e os “de

dentro”, caboclos, passaram ao papel de “outsiders”. Ou seja, “na fronteira se

deu um processo contraditório: estabelecido virou outsiders, enquanto o ‘de fora’

virou estabelecido” (MONDARDO, 2009, p. 349).

Porém, devemos considerar o contexto político e histórico no qual se

insere esse processo, pois a mobilidade gaúcha e catarinense para o Sudoeste

paranaense produziu, como aponta o autor (2009), o mito fundador do “pioneiro”

que se cristalizou em uma “mitologia heroica” do povo ordeiro e trabalhador e

que, através do simbólico, utilizou o recurso do trabalho para criar o sentimento

de pertencimento.

Nesse contexto, também está imbuída uma questão de distinção social

entre os gaúchos e catarinenses e os caboclos, que auxiliou na inversão do

processo. Diferentemente do contexto analisado por nós, no qual se inserem os

trabalhadores migrantes, principalmente, os destinados ao corte da cana-de-

açúcar que, ao migrarem para as cidades locais híbridas empobrecidas, são

vistos como “os de fora”, que poderão “tomar” os parcos e exíguos recursos e

benfeitorias existentes e não como os “desbravadores”.

É nítida a diferença entre as cidades que recebem os cortadores de cana-

de-açúcar e as que vêm recebendo categorias mais especializadas de

trabalhadores agrícolas, como podemos perceber nas falas dos entrevistados:

“os baianos tomam conta da cidade”; “tem de dar valor para os da cidade”; “as

famílias pobres não pode mais pagar aluguel”; “tem uma chuva de alagoano

aqui”; “tirou a liberdade da cidade”; “o aluguel ficou mais caro por causa desse

povo”; “aqui não deveria chamar mais Paulicéia, deveria chamar Alagocéia”. Por

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outro lado, nas cidades que não recebem a mão de obra dos cortadores, a

questão da estigmatização enquanto fábulas imaginárias também ocorrem: “os

cortadores são muito briguentos ‘baianos’”; “em Luziânia tem muita briga ‘o

povo do Maranhão!’”, mas, a valorização da cidade se processa mais

intensamente: “aqui não vem cortador, só quem trabalha dentro da usina”;

“aumentou a população, misturou as culturas”; “vem mais motorista, tratorista

para o corte é pouco”; “valorizou a cidade” e; “valorizou os imóveis”.

No que tange à questão da assistência social, como já destacamos no sub-

ítem anterior, os “estabelecidos” repassam aos migrantes (cortadores) a

“responsabilidade” por boa parte dos problemas sociais da cidade, pois: “eles

tomam a frente nas coisas do governo”; “posto de saúde lotado”; “tira o

emprego do povo da cidade”; “pega tudo que é nosso: casa popular, leite”.

Sendo assim, a relação “estabelecidos” e “outsiders” se apresenta, também, no

embate entre as classes e entre os direitos básicos de cidadania.

O migrante (cortador), além das condições de trabalho precárias, tem sua

vida empobrecida na esfera da reprodução, com o acesso precário à moradia e,

principalmente, no que tange à reprodução social, com a negação simbólica aos

direitos básicos de cidadania, por parte dos “estabelecidos”. Embora os

migrantes (cortadores) tenham, por direito constituído, acesso aos serviços de

saúde, educação e assistência social, estes lhes são negados simbolicamente no

discurso dos “estabelecidos”.

O perfil desse tipo de migração – mão de obra para a atividade

agroindustrial canavieira – na área analisada vem se alterando. No início

predominava a migração de homens que deixavam suas famílias em seu local de

origem; no período atual, alguns desses trabalhadores estão trazendo suas

famílias e, em muitos casos a família inteira, como filhos, esposas, mães etc..

Em nossos trabalhos de campo esse processo foi identificado claramente; tanto

na cidade de Paulicéia como em Mariápolis entrevistamos várias famílias de

migrantes. Segundo os entrevistados, alguns vem para que o marido não fique

sozinho; para ajudar na arrumação de casa, lavar as roupas, fazer comida;

outros para que a mulher também possa arrumar um emprego, como, por

exemplo, de “boia-fria”; mas, também, diversos entrevistados apontaram como

motivo a utilização dos serviços de saúde, ou seja, precisavam fazer exames,

realizar check-up e aqui era mais fácil.

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Assim, a negação simbólica aos direitos básicos de cidadania se estende e

se intensifica, pois, como apontamos, as cidades locais híbridas são

empobrecidas e os repasses governamentais estão atrelados ao contingente

populacional. Acoplado a esse fator, temos os migrantes que não são contados

no recenseamento como moradores dessas cidades, pelo período que

permanecem nesses locais.

Para Martins (2009) a fronteira tem dois lados e, esse entendimento, do

lado de lá e cá, possibilita uma leitura mais abrangente do entendimento da

fronteira como concepção do humano.

Nesse sentido, uma primeira questão que precisa ser pontuada é a

realidade socioeconômica das cidades locais híbridas, que se caracterizam pela

presença massiva do circuito inferior da economia, uma pobreza material

relacionada ao desemprego e má remuneração, baixos índices de escolaridade,

insuficiência dos equipamentos e serviços urbanos e os principais recursos

administrativos são provindos dos fundos de repasses governamentais, gerando

uma pobreza que se processa a partir da pobreza material e política.

Neste contexto, a assistência social torna-se fundamental para a

população e é justamente aí que se fortalece o conflito entre os “da cidade” e os

“de fora”, configurando uma relação de “estabelecidos” e “outsiders”. Assim, a

questão da pobreza material e política são fatores que vão caracterizar os

“estabelecidos” e “outsiders”.

Além dessas questões, o grupo “estabelecido” utiliza-se do estigma para

manter um distanciamento entre “os de fora” e “os da cidade”. Os termos que

estigmatizam outros grupos são próprios de cada contexto de relação e, nessa

conjuntura, os “outsiders são vistos pelo grupo estabelecido como indignos de

confiança, indisciplinados e desordeiros”. Assim, a estigmatização se processa

em um tipo de fantasia coletiva criada pelo grupo estabelecido refletindo, ao

mesmo tempo, justificativa e aversão desse grupo pelos outsiders (ELIAS &

SCOTSON, 2000, p. 27).

Acrescente-se a isso o estranhamento, no sentido de uma coesão social,

por parte dos “estabelecidos”, que não aceitam os “outsiders” (cortadores) e por

isso os estigmatizam e excluem. Esses fatores estigmatizadores foram

percebidos nas cidades analisadas, tanto entre os idosos como entre os jovens,

demostrando que o processo se faz na relação entre os “da cidade” e os “de fora”

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e não entre os mais velhos ou mais jovens, no sentido de grupo etário. Os

“outsiders” migrantes (cortadores), em nossa realidade empírica, também são

vistos pelos estabelecidos como indignos de confiança, indisciplinados e

desordeiros: “causa muita briga”; “ficam nos bares”; “incomoda, gera

desconfiança e nos deixa com medo”; “muita confusão”; “desordeiros”; “já deu

assassinato entre eles”; “a cidade ficou perigosa”; “não se pode deixar mais nada

para fora”; “muito atrito”; “drogas, roubos”; “só acontece coisa pesada”.

A estigmatização em alguns casos é velada. Alguns entrevistados mesmo

considerando os migrantes (cortadores) como trabalhadores que “não

incomodam”; “só vieram trabalhar e vão embora”, dentre outras, acabam

revelando desconfiança em relação aos “outsiders”.

Esse fator pode ser observado em diversos momentos. No entanto, na

cidade de Arco-Íris se explicitou, pois a migração (de cortadores) para essa

localidade é bem específica. Enquanto nas demais cidades, segundo

entrevistados e a Secretaria de Assistência Social, perfazem de 300 a 800

pessoas, para Arco-Íris foram somente 45 trabalhadores provindos do Maranhão

que passaram a residir na cidade durante o período da safra da cana-de-açúcar,

residindo em locais específicos, identificados por nós por motivo de entrevistas,

nos permitindo um conhecimento de tais migrantes.

Porém, na realização de campo nesta cidade fomos abordados de forma

coercitiva por um jovem da cidade e ao comentarmos o ocorrido em uma de

nossas entrevistas com os moradores “da cidade”, esses foram diretos ao atribuir

o ocorrido aos “de fora”, porque, “o povo da cidade não faz essas coisas”,

mesmo tendo anteriormente declarado que os migrantes (cortadores) “são bons,

não fazem nada de mal para ninguém”.

A presença dos migrantes em cidades locais híbridas, de certa maneira,

modifica o estilo de vida comum e o conjunto de normas pré-estabelecidas por

um grupo. Os “estabelecidos” perdem o controle do conhecimento mútuo e a

possibilidade de alteração do padrão de conduta já estabelecido gerando

instabilidade na coesão grupal existente. Mesmo os “estabelecidos” identificando

os “de fora”, conhecendo seus locais de trabalho e residência, não os

reconhecem enquanto iguais.

Assim: “acabou o sossego da cidade, não podemos ter confiança como

temos no povo da cidade e aumentou o barulho”; “é um povo que a gente não

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conhece”; “tem bastante gente desconhecida”; “antigamente era mais próximo

todo mundo se conhecia, agora não”; “não se conhece mais as pessoas todas são

estranhas” e; “não se sabe mais nada da cidade”.

Por não “conhecer” e por reconhecer os migrantes como estranhos, as

fronteiras grupais se estabelecem entre “nós” e “eles”, excluindo os pertencentes

ao outro grupo denominado de “eles”, como descrito por Elias & Scotson (2000).

“Nós” e “eles”, dois pronomes pessoais que se materializam em sujeitos que

mantém a clara distinção entre “os da cidade” e “os de fora”, demarcando

fronteiras.

Nesse contexto, as “fofocas” se tornam uma rede poderosa na

manutenção dos estigmas e da coesão social entre o grupo “estabelecido”. Essa

rede de “fofocas” se baseia no “ouvi falar” e se mantém acesa pela proximidade

espacial e visibilidade dos processos existentes em pequenas cidades. Nesse

sentido: “confusão, brigas, muito preconceito contra eles: falam que já foram

presos e vieram para cá”; “o povo fala que eles são muito esquentados”; “ainda

bem que não vem para cá. Porque me disseram que em Luziânia acabou com

todo o medicamento no posto de saúde”; “tem gente que ficou com medo,

olhava como se fossem bicho” e; “tem gente que reclama, fica com medo”.

A estigmatização dos “outsiders” pelo grupo “estabelecido” é utilizada

como uma forma de coesão e controle social, reservando para os “estabelecidos”

os cargos mais importantes das organizações locais, tanto políticas, econômicas,

como sociais. Na campanha eleitoral de 2008 para os cargos do executivo e

legislativo municipal (prefeitos e vereadores), os slogans dos candidatos eram no

sentido de manter uma tradição e um conhecimento como, por exemplo: “vote

em Maria que tem sua família na cidade há mais de 30 anos”, demostrando o

peso da tradição familiar e do conhecimento. Outro fator muito observado é a

não integração dos migrantes nas organizações religiosas, escolares etc.. Os

migrantes (cortadores) não conseguem se inserir na vida local dessas cidades,

no sentido de uma coesão social, o que, para Elias & Scotson (2000), é uma

arma poderosa para que o grupo “estabelecido” preserve sua identidade e afirme

sua superioridade, mantendo os “outsiders” em seu lugar.

Assim, segundo Bourdieu (2007, p. 85), a estigmatização é uma miséria

coletiva:

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(...) espécie de miséria coletiva que fere, como uma fatalidade,

todos aqueles que estão amontoados nos lugares de rejeição

social, onde as misérias de cada um são redobradas por todas as

misérias nascidas da coexistência e da coabitação de todos os

miseráveis e sobretudo, talvez, do efeito de destino que está

inscrito na pertença a um grupo estigmatizado.

A presença de um grupo estigmatizado perpetua uma espécie de miséria

coletiva, intensificando a presença de um circuito de pobreza urbana que

transcende os limites do urbano, mas se funde no espaço urbano.

Portanto, o estranhamento, no sentido de uma coesão social, por parte

dos “estabelecidos” que não aceitam os “outsiders” (cortadores), gera processos

de estigmatização e exclusão social. No nível do simbólico, segundo Haesbaert

(2005, p. 37), podemos falar:

então, de um migrante “desterritorializado” no sentido cultural ou

simbólico, na medida em que, destituído de seu lugar e de suas

paisagens de origem, ele se vê destituído também de valores

símbolos, que ajudam na construção de sua identidade. (...) O

migrante pode ser visto, como um desterritorializado, no sentido

da perda de uma “experiência total” ou “integrada” do espaço,

fruto, sobretudo, dos processos de exclusão socioespacial que ele

sofre.

O autor (2005, p. 38) pondera que falar de desterritorialização do

migrante é altamente complexo e diferenciado. Diferenciação, esta, que está

acoplada:

a) às classes sociais e aos grupos culturais a que está referida;

b) aos níveis de desvinculação com o território no sentido de:

b1.) presença de uma base física minimamente estável para a

sobrevivência do grupo social, o que inclui seu acesso à infra-

estrutura básica (redes de água, luz, esgoto e comunicações, por

exemplo);

b2.) acesso aos direitos básicos de cidadania, garantidos, ainda

hoje, sobretudo no interior do território estatal-nacional onde o

migrante esteja situado;

b3.) referenciais espaciais que compõem uma identidade

sociocultural.

Segundo o autor (2005), para os mais pobres, a desterritorialização é

multi, ou no limite, uma territorialidade insegura em que a mobilidade é

compulsória e resultado da falta de alternativas, em busca da sobrevivência

física. Os migrantes (cortadores), ao se inserirem no mundo do trabalho deixam

para trás os vínculos sociais que os identificam. Nesses “novos lugares” se vêm

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numa situação de privação das relações sociais, pois, sendo estigmatizados pela

população local, passam a não serem reconhecidos como iguais.

Nesse não reconhecimento como “iguais”, os direitos básicos de cidadania

são negados simbolicamente pelo grupo “estabelecido”, gerando um processo de

desterritorialização, pois, para Haesbaert (2010 [2004], p. 313):

Desterritorialização, se é possível utilizar a concepção de uma

forma coerente, numa “total” ou desvinculada dos processos de

(re)territorialização, deve ser aplicada a fenômenos a efetiva

instabilidade ou fragilização territorial, principalmente entre grupos

socialmente mais excluídos e/ou profundamente segregados e,

como tal, de fato impossibilitados de construir e exercer efetivo

controle sobre seus territórios, seja no sentido de dominação

político-economica, seja no sentido de apropriação simbólica

cultural.

Esses trabalhadores, menosprezados, sentem-se como os “de fora” e, ao

não se inserirem completamente nessa nova territorialidade temporária,

permanecem em uma multiterritorialidade insegura, como aponta Haesbaert

(2005).

No que tange ao capital social para Bourdieu (2007, p. 165), é formado

de:

(...) relações ou ligações (e muito particularmente dessas ligações

privilegiadas que são as amizades de infância ou de adolescência)

ou de todos os aspectos mais sutis do capital cultural e lingüístico,

como os modos corporais e a pronúncia (o sotaque), etc. São

traços que conferem todo o seu peso ao lugar do nascimento (e,

em menor grau, ao lugar de residência).

Sendo assim, no movimento migratório, os trabalhadores agrícolas

diminuem o capital social que os compõem enquanto sujeitos. Os aspectos sutis

do capital cultural e linguístico são transformados em traços estigmatizadores

pelo grupo “estabelecido”. Nesse sentido, uma migrante, esposa de um cortador

de cana-de-açúcar, declarou-nos que a reação “do povo da cidade” é de

estranhamento e preconceito, pois há: “zombaria nas escolas com as crianças

por causa da maneira de falar e também são chamados de baianos cabeça

chata”, ainda, “não pude continuar catando tomate como boia-fria, pois as moças

‘da cidade’ ficavam rindo”.

O capital social, que os compõem enquanto sujeitos, é diminuído,

impossibilitando de construir e exercer controle de dominação política, mas,

principalmente, de apropriação simbólica cultural de seus territórios. No entanto,

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196

como destaca Silva (1999), trata-se de migrações forçadas que provocam muitas

redefinições sociais, mas não significa uma total destruição das relações sociais,

pois segundo a autora “`dar conselhos´ é uma prática que cimenta as relações

sociais e as ações individuais”, essa migração temporária não significa somente

desenraizamento, mas, sim, dialética desenraizamento-reenraizamento, da

tradição-modernidade, da ressignificação da experiência.

No entanto, no campo simbólico, a perda dos laços identitários-territoriais

é, ao mesmo tempo, um dos elementos centrais do processo de

desterritorialização e, pelo qual, o migrante pode manter o mínimo da

territorialidade perdida. Assim, as “geografias imaginárias” permitem que sejam

revividos/rememorados elementos constituidores de sua cultura, reconstituindo a

identidade do migrante enquanto grupo (HAESBAERT, 2005). Essa “geografia

imaginária” se apresenta fortemente no grupo de “outsiders”, pois em todos os

momentos são lembradas as festas que participavam em seus locais de origem,

os grupos de amigos, as coisas da sua terra natal, os temperos, as músicas e,

consequentemente, a vontade de retornar.

Esse sentido reterritorializador não é um transplante da identidade de

origem, mas, um amálgama, um híbrido, permitindo que o sentimento de

pertencimento a seu lugar de origem não se desfaça. No entanto, a interferência

desse processo é dada pela leitura que o “outro” faz do indivíduo migrante

(HAESBAERT, 2005). E, nas cidades locais híbridas, a leitura que o “outro”

realiza em relação aos migrantes (cortadores) é de diferença, de desconfiança,

de fronteiras entre “nós” e “eles”, configurando um conflito entre “estabelecidos”

e “outsiders”.

Portanto, em meio à “barbárie pós-moderna” temos uma violência

indiscriminada que além da própria exclusão socioeconômica, tem-se a

identidade ética como elemento central para delimitação de espaços exclusivos e

excludentes, assim, a exclusão do outro pode transitar entre sua completa

dizimação ou sua reclusão em espaços quase completamente vedados

(HAESBAERT, 2010 [2004]).

Devemos pontuar que um dos principais motivos, mas não o único motivo,

para deixar seus locais de origem para trabalhar na atividade agroindustrial

canavieira no Estado de São Paulo, está atrelado ao fator econômico, como

expresso pelos entrevistados. Mas, também fatores ligados a uma cultura

migratória se inserem nos motivos por terem de sair do seu local de moradia, de

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relações de vizinhança e amizade. Para Silva (2008, p. 173) é essa “cultura

migratória que redefine as práticas sociais, os estilos de vida e as visões de

mundo”.

Assim, para além das explicações puramente econômicas a dimensão da

interpenetração de saberes, também é essencial para o entendimento da

circulação das migrações (SILVA, 1999). Para Goettert (2008) a migração não é

um ato simples, mas, acúmulo de necessidades, desejos, sofrimentos e

esperanças. Ou seja, condicionada por uma multiplicidade de fatores que podem

ser puramente econômicos como também psicológicos, ou impulsos involuntários

vindos de fora e, acrescenta, que as situações e condições podem ser

estruturais, conjunturais e individuais ou subjetivas. Também no sentido de

pontuar as questões envoltas ao processo de migração, Woortmann (1990)

destaca que além da sobrevivência da família, fatores como ritual de passagem

para diferir os homens dos que continuaram sendo rapazes e o aprendizado, são

preponderantes nesse processo.

Portanto, considerando a exclusão social enquanto um processo

multidimensional que engloba aspectos econômicos, políticos e culturais, pode-se

dizer que os trabalhadores migrantes destinados ao corte da cana-de-açúcar

vivenciam esses múltiplos aspectos da exclusão social. Pois, além da exclusão

socioeconômica vivem uma multiterritorialidade insegura, na qual, seus direitos

de cidadania são simbolicamente negados, são estigmatizados, fortalecendo a

fronteira entre “nós” e “eles”, ou seja, nesses locais o capital social que os

compõem é muito baixo. Nesse sentido, a multiterritorialidade insegura se

reforça, pois vivenciam os múltiplos aspectos da exclusão, porém, ao mesmo

tempo, não perdem o capital social que os compõem em seu local de origem, no

qual, mantém solidariedade, amizade, vizinhanças e todos os processos sociais

que permeiam sua identidade.

E esse processo se perpetua, pois a migração desses trabalhadores se

transforma em uma migração temporária permanente (SILVA, 2008, p. 166),

pois, “a grande maioria deles migra todos os anos tendo sua vida dividida no

espaço e no tempo”. E acrescenta:

Em razão das inúmeras migrações que, muitas vezes, não se

destinam para os mesmos lugares, a vida desses trabalhadores

assemelha-se àquela do vôo das andorinhas, que partem em busca

de alimentação e melhores condições climáticas, retornando ao

local de origem, assim que a sobrevivência seja garantida.

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Nesse sentido, os trabalhadores migrantes (cortadores) que possuem um

capital social muito baixo, são estigmatizados, vivenciando uma territorialidade

insegura que geram processos excludentes, reafirmando a configuração de um

circuito de pobreza.

Melazzo e Guimarães (2010, p. 31) consideram de fundamental:

importância o relacionamento dos processos excludentes com a

produção e reprodução da pobreza e desigualdade, espacialmente

quando se pretende compreender a realidade brasileira por meio

dos modos de apropriação dos territórios no interior das cidades.

(grifo nosso)

Portanto, o agronegócio globalizado que reproduz a globalização, enquanto

perversidade, gera o outro lado dos espaços ditos luminosos, a cidade da

exclusão social.

“Agronegócio e classe C levam interior de São Paulo a liderar consumo no

País” (JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO, 02 de dezembro 2011). Segundo essa

matéria, sustentado pela renda do agronegócio da cana-de-açúcar, o interior

paulista foi à região que mais ampliou gastos com alimentação, que se justifica

pelo excepcional crescimento da classe C, tendo como pano de fundo a riqueza

proporcionada pela atividade agroindustrial canavieira e, acrescenta: “a receita

do produtor de cana-de-açúcar acaba sendo o principal indutor do crescimento

para outros segmentos da região, como os prestadores de serviço, a construção

civil e o comércio varejista”.

Apoiado nessa concepção de crescimento econômico, difundida pelos

meios de comunicação, uma grande parte da população da Nova Alta Paulista

também destaca o agronegócio globalizado como a possibilidade de existência da

região, único meio de obtenção de emprego e renda e até mesmo de

sobrevivência.

No entanto, o agronegócio globalizado reproduz a globalização enquanto

perversidade, pois a máquina ideológica apresenta a ideologização do

agronegócio globalizado como a grande possibilidade de crescimento econômico,

sem que esse crescimento esteja permeado por desenvolvimento, como

originalmente pensado, ou seja, busca do bem-estar humano.

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Para Arbix (2001, p. 56), o desenvolvimento foi transformado em usina de

ilusão, e destaca que:

A redução do desenvolvimento a alguns poucos componentes

econômicos e a sua transformação em coadjuvante dos processos

de crescimento da produtividade esvaziaram completamente seu

conteúdo de busca de um ordenamento civilizado da vida em

sociedade.

Assim, o agronegócio globalizado é visto como o principal indutor do

crescimento. No entanto, em nossa perspectiva esse setor é o principal indutor

dos processos degradantes e excludentes que estão se materializando nas

regiões onde se territorializa.

A expansão da atividade agroindustrial canavieira na Nova Alta Paulista, ao

se territorializar, altera padrões pré-existentes, fortalecendo a fragmentação do

espaço agrícola; com a intensificação da monocultura, que concentra terra e

renda, modifica-se a estrutura fundiária e a utilização da terra, alterando a

quantidade produzida de gêneros alimentícios, rebatendo negativamente na

produção camponesa, expulsando o camponês de suas terras e, nesse processo

desapropriando-o de sua possibilidade de existência, que passam a residir nas

cidades, empobrecendo-se, material e simbolicamente. Ainda, há uma

intensificação do processo de migração de mão de obra destinada ao trabalho na

cana-de-açúcar fortalecendo processos de degradação na esfera da produção e

reprodução social, pois, vivenciam diminuição de capital social, estigmatização e

exclusão social, configurando um conflito entre “estabelecidos” e “outsiders” e;

acrescentando a esses fatores os problemas urbanos como os de moradia, saúde

e educação que impactam as cidades locais híbridas.

Todos esses processos reforçam um circuito de pobreza, considerando que

o circuito não deve ser apreendido como uma sucessão de acontecimentos que

se desencadeiam, mas, processos socioespaciais que se articulam e se

complementam.

Diante desses processos, que temos como parte do conteúdo estruturante

das cidades locais híbridas as relações que envolvem a tríade

rural/urbano/agrícola, uma vez que só compreendemos as dinâmicas urbanas

analisando as inter-relações como o modo de vida e os valores rurais e/ou com

as formas de produção agrícola, com as quais se articulam ou às quais se

vinculam.

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CAPÍTULO 5

AS RELAÇÕES QUE

ENVOLVEM A TRÍADE

RURAL/URBANO/AGRÍCOLA

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Aqui demostraremos que um dos elementos constitutivos das cidades

locais híbridas é as relações que envolvem a tríade rural/urbana/agrícola.

Entendemos esta tríade enquanto um híbrido, na qual a mistura, a relação, a

complementariedade e a síntese são estruturadores da mesma.

Para isso discutiremos as dinâmicas e processos que premeiam o rural, o

agrícola, o urbano e suas especificidades e interfaces. Assim, nos esforçaremos

para demonstrar cada elemento que compõe a tríade e as relações existentes

entre eles como fundamentais para pensar a complexidade que envolve o

processo.

Na região na qual estão inseridas as cidades analisadas, a tríade

rural/urbano/agrícola se explica, principalmente, pela entrada da cultura

canavieira.

Para aprofundarmos nossa análise, utilizaremos as observações e dados de

todas as cidades locais híbridas delimitadas na área de pesquisa, quais sejam:

Arco Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Monte Castelo, Paulicéia,

Pracinha, Queiroz e São João do Pau D’Alho, para demostrar que o processo é

intrínseco da dinâmica regional. No entanto, em alguns momentos, para fins de

exemplificação e/ou por maior ou menor ocorrência dos processos em

determinadas localidades, será necessário focar a análise em uma ou outra

cidade.

5.1. A tríade: suas relações, contradições e movimento

As relações que envolvem a tríade rural/urbano/agrícola são vividas em

todas as cidades e de forma intensa, principalmente nas cidades locais híbridas.

Nelas, só é possível compreender as dinâmicas socioespaciais intra-urbanas

analisando as suas inter-relações com o modo de vida e os valores rurais e/ou

com as formas de produção agrícola, com as quais se articulam ou às quais se

vinculam. Para Endlich (2006, p.13) esse debate é extremamente importante

para a análise das pequenas cidades, “pois os limites estabelecidos entre essas

duas dimensões são procurados exatamente nessas localidades”.

Da mesma forma, na análise das cidades locais híbridas não podemos

considerar as dimensões rural e urbana separadamente, pois essa inter-relação é

visível e intensa. Nesse processo dialético, “rural e urbano fundem-se mas sem

se tornarem a mesma coisa, já que preservam suas especificidades” (RUA, 2006,

p. 85).

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Assim, através da complementariedade, rural/urbano afirmam-se “em

função um do outro, não podendo ser compreendido isoladamente, nem ser

também reduzido ao outro, e um concorrendo ativamente para a vigência do

outro” (QUEIROZ, 1975, p. 281).

De acordo com Elias (2005), o processo de reestruturação produtiva da

agropecuária, baseado na ciência e na técnica, adapta as cidades próximas às

suas exigências e necessidades. A cidade torna-se o locus do que se faz no

campo, afeiçoando-se às exigências do campo, respondendo as suas demandas e

dando-lhes respostas cada vez mais imediatas (SANTOS 1996 [1993]).

Assim, a dialética entre rural e urbano se perfaz na tríade

rural/urbano/agrícola. No mesmo sentido que o rural e urbano se contêm

reciprocamente, se recobrem parcialmente, mas não perdem sua identidade

específica, fundindo-se, todavia, não se tornando a mesma coisa. Nesse mesmo

sentido, o agrícola, no período atual, marcado pelo meio-técnico-científico-

informacional, se une a esse processo dialético.

A lei da unidade dos contrários nos remete a contradição dialética sendo

esta uma inclusão dos contrários e, ao mesmo tempo, uma exclusão. Essa

contradição demostra que cada qual tem seu conteúdo concreto, o seu

movimento próprio, mas que agrega diferenças e semelhanças em suas

conexões (LEFEBVRE, 1975).

É claro que o agrícola, o rural e o urbano não são a mesma coisa. Cada

um contém suas próprias dinâmicas. Dito de outra maneira, pode-se pensar as

dinâmicas do rural e suas ressignificações, as do agrícola e suas lógicas, como,

também, no mesmo sentido o urbano. Contudo, através da análise das relações

que envolvem a tríade, observamos que os processos se incluem e, ao mesmo

tempo, se excluem. É neste sentido que a tríade se apresenta enquanto uma das

formas possíveis de leitura da realidade, pois permite apreender a multiplicidade

dos aspectos que envolvem a questão e com isto a diversidade, mas, e acima de

tudo, a contradição existente entre as lógicas de produção agrícola baseadas na

racionalização, na ciência e na técnica e as lógicas do rural balizadas na

produção, enquanto, reprodução da vida e, intrínseco, o urbano, locus dos dois

vieses.

Para entender além das formas – lógica formal – devemos nos atentar aos

conteúdos, e é através da análise do urbano e do rural que os processos

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socioespaciais podem ser apreendidos. Assim, campo e cidade enquanto formas

e rural e urbano como seus conteúdos. Deste modo, ao tratarmos os conteúdos

do rural está imbuída à produção agrícola tanto destinado à reprodução do

camponês, como a produção voltada para as dinâmicas do agronegócio

globalizado.

No entanto, como nos referimos acima, tanto Elias (2006) como Santos

(1996 [1993]) apontam para a reestruturação da agropecuária que culmina com

a racionalização do espaço agrícola, baseado na ciência e na técnica. É por isto

que a cidade torna-se locus do que se faz no campo. E um dos principais vetores

dessa reorganização é a difusão da agricultura científica e do agronegócio

(ELIAS, 2005).

A introdução da ciência, da tecnologia e da informação resulta em um

novo modelo técnico, econômico e social de produção agropecuário denominado

de agricultura científica muito mais produtiva e competitiva, conforme aponta

Elias (2005), que acrescenta:

O estreitamento de relações entre a agropecuária e o restante da

economia é um fator importante quando se quer distinguir a

agricultura científica das demais, nas quais grande parte dos

circuitos espaciais da produção (Santos, 1986, 1988, 2001) se

esgotam no interior do próprio estabelecimento agrícola. Os

círculos de cooperação e os circuitos espaciais da produção da

agricultura científica extrapolam, de forma cada vez mais intensa,

os limites de uma propriedade rural, de uma região ou do país,

reforçando-se sua presença no circuito superior da economia

(Santos, 1979).(ELIAS, 2005, p. 4478).

Essa reestruturação da agricultura brasileira pode ser observada na região

na qual estão inseridas as cidades analisadas pela entrada da cana-de-açúcar. A

atividade agroindustrial canavieira se baseia na monocultura, com concentração

de renda e de terras e apresenta a introdução da tecnologia, da ciência e da

informação, diferentemente das demais formas de produção agrícola encontradas

na região, como a camponesa. Podemos destacar, ainda, que as cidades

próximas tornam-se locus dessa produção, mas, ao mesmo tempo, sua dinâmica

está muito mais ligada a outras escalas, tanto nacionais como globalizadas e

inseridas no circuito superior da economia.

As usinas e/ou destilarias de açúcar e álcool da região contam com capital

tanto de grandes grupos nacionais como também de grupos internacionais que

baseiam seus nexos em escalas que extrapolam a Nova Alta Paulista. Nesse

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contexto, podemos dizer que nessa área vem se estruturando a chamada

agricultura científica e globalizada, fragmentando o espaço rural.

O rural tornou-se tão fragmentado com tantas novas ressignificações que

é difícil pensar como mesma coisa a produção agrícola a desenvolvida pelo

agronegócio globalizado como aquela produzida pelo campesinato, pois são

maneiras diferenciadas de utilização das técnicas e da própria relação com a

terra. E, também, estaríamos somente nos apoiando no fator produção e não nas

dinâmicas que extrapolam o estritamente material como a própria relação com a

terra e o modo de vida. No entanto, é difícil a distinção porque “o rural foi sendo

construído como sinônimo de agrícola”, mas, “rural torna-se, cada vez mais,

diferente de agrícola” (RUA, 2005, p. 48).

A separação da tríade para entendermos as dinâmicas concernentes a

cada elemento é apenas uma aspecto que não deve ser mantida, pois “conhecer

um objeto ou um fenômeno é justamente não considerá-lo como sendo isolado”

(LEFEBVRE, 1975, p. 184).

Portanto, o rural é entendido enquanto locus da existência camponesa.

Para Thomaz Junior (2009), a sociabilidade do camponês não se restringe ao

circuito das relações essencialmente capitalistas, a terra vista não como

mercadoria, mas território de vida, da existência.

As práticas agrícolas do camponês revelam um conhecimento complexo

que perpassa pelo triângulo Deus, Homem, Terra, e não somente a utilização de

diferentes técnicas. Portanto, há uma lógica simbólica da lavoura camponesa que

expressa uma ética de equilíbrio (WOORTMANN, 2009).

Também no sentido de pensar as dinâmicas do campesinato, Wanderley

(1996) destaca que este se baseia em formas particulares de agricultura familiar,

mas como esse sujeito está inserido e convive com outras categorias sociais, sua

sociabilidade ultrapassa os laços de parentesco.

O campesinato, mesmo se transformando, mantém-se enquanto

persistência, como demonstram Àvila e Suzuki (2011), e indicam que “o avanço

espacial da relação social capitalista não implica a destruição de outras formas

de sociabilidade, mas (de modo dialético) de sua recomposição (ou sua

subordinação)” (ÁVILA E SUZUKI, 2009, p. 02). Assim, os autores destacam que

o camponês com seu modo de vida e forma de produzir está imerso na relação

social capitalista, embora contraste com ela.

Desta forma, o rural é entendido enquanto local de produção e essa

produção voltada para a reprodução da vida. A relação com a terra representa a

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própria existência do ser camponês. Ainda que este esteja inserido na lógica

capitalista sua razão de ser não desaparece, mesmo se transformando em alguns

aspectos.

Rua (2006, p. 85) frisa que uma lógica capitalista baseada em uma visão

produtivista, dominante, difunde novas representações e novos sentidos do

espaço rural, que se traduzem em novos qualificativos para outras relações entre

o rural e o urbano e entre cidade e campo. Essas novas relações remetem para

outra conceituação de urbano e rural, mas também de agrícola. “Rural torna-se

cada vez mais diferente de agrícola”.

O rural não é sinônimo de agrícola porque não se limita a dimensão da

produção e o agrícola se associa muito mais ao agronegócio globalizado baseado

na produção em grande escala, na monocultura e suas lógicas estão ligadas ao

contexto global e as técnicas de produção são baseadas, como destacado, na

racionalização, na ciência, na técnica e na informação, dissociando-se do

triangulo descrito por Woortmann (2009) Deus, Homem, Terra. A produção é

estritamente relacionada às lógicas capitalistas, na qual a relação com a terra

não está permeada pela sobrevivência e, como destaca Elias (2005), ligada ao

circuito superior da economia urbana. Tais características diferem

substancialmente da lógica camponesa.

Assim sendo, para nosso entendimento no período atual marcado por

reestruturações do espaço agrícola, rural é diferente de agrícola como apontado

por Rua (2005).

A introdução massiva da cana-de-açúcar baseada na monocultura, com

concentração de terra e renda, reforça fatores que levam a desapropriação dos

camponeses de suas terras e de seu modo de vida e esses passam a residir nas

cidades próximas, cidades sub-regionais, na maioria das vezes, mas também nas

cidades locais híbridas. Os camponeses que permanecem em suas terras

também mantém forte relação com a cidade, pois esta lhe oferece acesso a

bens, serviços e produtos.

É por isto que o urbano, na perspectiva de complementariedade com o

rural e o agrícola, se torna cada vez mais locus do campo, respondendo às suas

lógicas, mas, também se estabelecendo como espaço de gestão.

Na aparência, esses elementos podem ser entendidos separadamente,

mas estaríamos pensando de forma linear e estanque, pois os processos são e

estão em movimento e é assim que a tríade se permeia e se supera.

Rural/urbano/agrícola, sendo intrínsecos um no outro, apresentam contradições

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devido às diferenças estruturais em suas concepções e dinâmicas, principalmente

entre o rural e o agrícola.

Como já destacado, a atividade agroindustrial canavieira adapta as cidades

as suas necessidades e exigências. Neste processo está inserida a questão da

mão de obra, pois as usinas/destilarias de álcool e açúcar requerem um grande

contingente de mão de obra, alterando a dinâmica do trabalho e o movimento

migratório da força de trabalho, impactando as cidades24.

Essa dinâmica do trabalho reforça o papel das cidades pequenas como

reservatório de mão de obra do agronegócio da cana-de-açúcar, como indicado

por Corrêa (1999). Por esse motivo, percebe-se a intensa presença das

profissões voltadas para o agrícola em nossa área de estudo.

Na cidade de Mariápolis 31,00% dos entrevistados declararam trabalhar,

41,00% não estão trabalhando e 28,00% são aposentados. Dos entrevistados

que trabalham 41,94% estão ligados diretamente ao setor agrícola. Ainda neste

sentido, 45,00% dos entrevistados declararam ter alguém da família ligado ao

setor agrícola ou ao rural, desses 95,56% estão no setor agrícola e 4,44% no

rural. Como podemos observar na tabela 15, juntamente com as demais cidades.

Tabela 15 Arco Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Monte Castelo, Paulicéia,

Pracinha, Queiroz, S. J. P. D’Alho A cidade e o campo - 2010

Cidades Não trabalha

%

Aposentado %

Trabalha

Trabalha %

No setor agrícola ou

rural %

Família no setor agrícola ou rural

%

Agrícola %

Rural %

Arco Íris 43,33 30,00 26,67 25,00 18,33 54,54 45,45

Flora Rica 42,10 31,58 26,31 20,00 31,58 91,67 8,33

Inúbia Paulista 42,35 15,29 42,35 25,00 38,82 81,82 18,18

Mariápolis 41,00 28,00 31, 00 41,94 45,00 95,56 4,44

Monte Castelo 50,53 24,21 25,26 25,01 41,05 100,00 --

Paulicéia 34,37 20,84 41,67 7,50 27,08 100,00 --

Pracinha 44,61 18,46 36,92 8,33 21,54 100,00 --

Queiroz 34,38 25,00 40,62 23,10 39,06 100,00 --

S. J. P. D’Alho 26,23 36,07 37,70 21,74 37,80 47,81 21,73

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

A intensa presença dos trabalhadores agrícolas nas cidades locais híbridas

reforça a complementaridade que se desenvolve por meio da existência de

trabalhadores temporários ou boias-frias que vivem na cidade e desempenham

24 Conforme demonstraremos no capítulo quatro referente a entrada da cana-de-

açúcar e seus impactos nas cidades.

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papéis no espaço rural, sendo, portanto, parte do agrícola, ou seja, desenvolvem

hábitos e signos do urbano, mas adquirem seu sustento e experiência

profissional no mundo rural e nas atividades agrícolas.

Essa vivência urbana e laboral agrícola, devido aos períodos de safra e

entre-safra da cana-de-açúcar, desenvolve como descrito por Thomaz (2009)

uma plasticidade do trabalho, na qual, em uma safra o trabalhador pode ser

cortador de cana-de-açúcar e, em outros momentos, vivenciar diferentes

modalidades da informalidade do trabalho.

Alteram-se as dinâmicas internas das cidades e a dialética entre

rural/urbano não é capaz de explicar as transformações que se estruturam,

sendo necessário inserirmos na discussão a questão agrícola, pois, conforme

aponta Santos (1996 [1993], p. 33), “a população agrícola torna-se maior que a

rural exatamente porque uma parte da população agrícola formada por

trabalhadores do campo estacionais (os bóias-frias) (J. Graziano da Silva, 1989)

é urbana pela sua residência. Um complicador a mais para nossos velhos

esquemas cidade-campo”.

Suzuki (2009) aponta que na sociologia e na geografia da população

temos a denominação de população citadina de ocupação agrícola – boias-frias –

que residem na cidade, mas trabalham no campo, pois a ocupação agrícola não

se apresenta enquanto uma dimensão do urbano e acrescenta “não é urbana a

população agrícola que só reside na cidade, pois tal população não vive as

dimensões da sociabilidade urbana” (SUZUKI, 2009, p. 145).

Ainda, no sentido dessa discussão Suzuki (2009, p. 145), destaca que:

No entanto, não é possível aceitar que toda a população reconhecida como rural o seja, sobretudo aquela que vive em conjuntos habitacionais, construídos para além do perímetro urbano, mesmo que considerada, para fins de levantamento, como população rural, na verdade, ela se encontra integrada subalternamente à dinâmica da aglomeração urbana, definindo-se, então, como população urbana. Seguindo o mesmo raciocínio, não é urbana a população inserida no interior do perímetro urbano, mas marcada por práticas sociais rurais, tais como os pequenos olericultores de fundos de quintal, ou de fundos de vales, ou, ainda, cujos cultivos estejam sob os linhões de alta tensão que cortam muitas das grandes aglomerações urbanas brasileiras. População cujas práticas culturais recuperam muitas das tradições das populações camponesas, tal qual foi descrito por Margarida Maria Moura (1986): a religiosidade, o compadrio, o predomínio do direito consuetudinário em relação ao direito positivo (particularmente em relação à herança e à divisão da riqueza produzida pela família _ em muitos casos, extensa).

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208

Em nosso trabalho estamos, diante das transformações observadas,

diferenciando os trabalhadores agrícolas – boias-frias – como aqueles destinados

a desenvolverem suas atividades laborais no setor agrícola, ou seja, do

agronegócio globalizado e a população rural que vive no campo ou na cidade.

A população agrícola não elimina as relações existentes entre o urbano e

rural. Os signos e costumes rurais presentes no espaço urbano e as funções

econômica rurais permanecem, mas com a inserção das dinâmicas agrícolas. Ou

seja, no espaço urbano marcado pelos signos e costumes rurais, acrescenta-se o

trabalhador agrícola e as funções econômicas passam a ser funções

rurais/agrícolas.

No que tange aos signos e costumes, a relação entre campo e cidade liga-

se à vida dos habitantes e seus ritmos. A percepção do espaço urbano por uma

parcela da população das cidades se confunde com o espaço da produção do

campo, materializada pelos habitantes da cidade através dos quintais25,

mantendo uma forma de imanência recíproca (QUEIROZ, 1975).

Esses hábitos fazem com “que suas culturas se aflorem através do sentido

imaterial, subjetivo, composto por ideias, hábitos, vontades e costumes”

(ROSAS, 2010, p. 25 e 193). Nas pequenas cidades, principalmente nas locais

híbridas o rural não se encontra apenas na paisagem, mas nas “relações

cotidianas de produção, funções e hábitos de vida”.

Essas questões são evidenciadas pelos entrevistados e suas percepções

sobre a definição de cidade e sua aplicação. Assim, os entrevistados apontam a

partir das observações sobre a realidade nas quais estão inseridos, qual seja,

cidades locais híbridas, que essas localidades não são cidades pois: “é uma

fazenda grande não uma cidade”; “é parada como um sítio” para a cidade de

Inúbia Paulista; “é um sítio não tem nada”; “colônia das usinas” para os

entrevistados da cidade de Mariápolis; “diz que é mais não é, na verdade é um

sítio”, “é igual um sítio depende de outras cidades”, definição de cidade pelos

entrevistados da cidade de Pracinha; “cidade rural”, “tem nome de cidade mas é

uma curutela” para São João do Pau D’Alho; “comunidade rural”; “patrimônio

igual ao sítio” para os entrevistados da cidade de Flora Rica; “parece um sítio,

25 A ideia dos quintais justifica-se pela utilização desses espaços como locais de

criação de animais e de plantações, reproduzindo os hábitos rurais.

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muito pequena para ser cidade” para Arco-Íris. Nessas falas evidencia-se além

da materialidade da paisagem um modo de vida que está permeado pelo rural

em suas múltiplas dimensões, como a paisagem e o modo de vida.

O jeito de ser e o estilo de vida dos moradores das cidades locais híbridas

são transformados pela mídia, cinema, internet, pelas novas relações agrícolas.

No entanto, mantém suas tradições (permanências) – como um modo de ser

rural, mesmo vivendo na cidade. Assim há transformações, mas, também

permanências (complementariedade) entre o modo de vida rural/urbano.

Portanto, as relações entre urbano e rural se imbricam, pois a população

rural residente nesses aglomerados vivem as duas dimensões com níveis de

inserção diferenciados, vivem a sociabilidade urbana por estarem inseridos na

cidade, pois, tem-se a questão da vizinhança, dos ritmos urbanos, como

também e, sobretudo, manifestam e representam, contundentemente, a

sociabilidade rural, marcada, em alguns casos, pela própria produção de

alimentos e criações em quintais, mas, principalmente, pelas práticas culturais

como a religiosa, o compadrio (não no sentido do sistema coronelista), as festas,

dentre outras.

Nesse sentido, o híbrido se reforça e não temos como pensar rural/urbano

sem necessariamente entendermos essas relações. Ainda neste contexto, temos

a inserção da atividade agroindustrial canavieira que ao se territorializar insere

nessa dinâmica, como apontamos, os trabalhadores denominados boias-frias.

Esses são moradores das cidades que mantém sua vida laboral no campo, mas

vivem nas cidades. De acordo com os que foram entrevistados, podemos

perceber que o trabalho do boia-fria está estritamente ligado a uma determinada

função dentro da lógica da produtividade agrícola capitalista de commodities,

portanto, este sujeito não mantém uma base cultural como a do camponês,

sendo sua sociabilidade urbana26. Com isto se reafirma a imbricação das

dimensões rural/urbano/agrícola.

Referente às funções econômicas, observa-se que o rural/agrícola

complementa o urbano devido à incipiência das funções econômicas urbanas.

Nos municípios analisados, a função econômica do rural/agrícola é fundamental

26

Vários outros tipos não identificados por nós nos trabalhos de campo são

analisados pelos trabalhos desenvolvidos junto ao grupo de pesquisa CEGET (Centro de

Estudos de Geografia do Trabalho).

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para as dinâmicas econômicas das cidades locais híbridas, como podemos

observar na tabela a cidade e o campo e no quadro sobre a cidade e o

agronegócio.

Destacamos que pelo processo de reestruturação da agropecuária e a

inserção da ciência e da técnica no campo, as funções econômicas agrícolas são

hegemônicas, mas, ainda sendo hegemônicas, permanecem, também, as

dinâmicas econômicas rurais, mesmo que essas possam ser lidas como

resistências ou formas de sobrevivência.

A dinâmica das localidades analisadas está fortemente ligada ao setor

agrícola, corroborando para que uma grande parcela dos entrevistados atribua

somente a esse setor a possibilidade de geração de emprego e renda. No quadro

10, observamos como os entrevistados atribuem ao agrícola à manutenção e a

possibilidade de desenvolvimento das cidades.

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211

Quadro 10

Arco Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Monte Castelo, Paulicéia, Pracinha, Queiroz e São João do Pau D’Alho

A cidade e o agronegócio: emprego e renda – 2010 O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?

Única fonte de renda da cidade e dos pobres Melhorou a cidade, sendo a única opção de

emprego Muito emprego Crescimento da cidade, mais poder de compra Mais movimento na cidade, mais emprego É bom para o povo, dá emprego Pela renda é bom, mas tira outras opções É a sorte do povo para trabalhar Bom pela opção de emprego Bom pela parte do emprego, pois se não

fosse à cana-de-açúcar não teríamos outra coisa

Serviço de outra coisa não tem é só prefeitura e cana-de-açúcar

Único serviço do município se não fosse à cana-de-açúcar não teria mais ninguém aqui

Gera muito emprego se não fosse à cana-de-açúcar o povo estava morto

No interior para quem não tem estudo é a única oportunidade de emprego

Maioria das pessoas trabalham na cana-de-açúcar se acabar não teremos o que fazer

Aumento da renda Movimento no comércio Gera emprego, principalmente, para quem

não tem estudo Quem ia embora não vai mais pelo emprego

na cana-de-açúcar Antes não tinha emprego agora tem Emprega muita gente, fica desempregado

quem quer Para a região é muito útil Pela oportunidade de emprego melhorou a

qualidade de vida Se não fosse a cana-de-açúcar não teríamos

mais nada Não temos opção na cidade é somente na

cana-de-açúcar Para quem não tinha emprego a entrada da

cana-de-açúcar foi bom

Favorece muito o município, se não fosse isso estaria muito ruim, pois só temos emprego na prefeitura e um comércio fraco

Melhor qualidade de vida pela renda Mudou para melhor, mas eu não gostaria de

trabalhar na cana-de-açúcar Muito bom para os pobres e sem estudo A solução da nossa cidade Na geração de emprego e renda melhorou

muito, mas quem trabalha no setor precisará se especializar devido à entrada das máquinas

Progresso É a potencia do município Aumento populacional Bom, atrai mais habitantes para a cidade A cana-de-açúcar toma conta de tudo, mas se

não fosse ela não teríamos onde trabalhar Não dá emprego para as mulheres Ajuda muito as pessoas É o único meio de vida, mas as máquinas estão

tirando os empregos Se não fosse a cana-de-açúcar seria muito pior,

passaríamos fome Se não fosse a cana-de-açúcar estaríamos

bebendo pinga e comendo farinha Se não fosse isso a cidade tinha acabado É a única coisa que tem na cidade Salvação do povo A maioria das pessoas da cidade sobrevive da

cana-de-açúcar Se não fosse a cana-de-açúcar estaria pior Sem a cana-de-açúcar seria nosso fim Se não fosse a cana-de-açúcar muita gente

passaria fome Sustento do povo Bom para os pobres, se não fosse à cana-de-

açúcar numa cidade pequena como essa não teríamos outra coisa

Se não fosse a cana-de-açúcar seria difícil para a cidade

Só tem as usinas e coitado de nós se não fosse elas

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

O setor agrícola é visto pela população como o único meio de geração de

emprego e renda, como fortalecimento e desenvolvimento das cidades. Mas,

pontuamos que é igualmente responsável por diminuir a importância das

lavouras ditas tradicionais e auferir renda aos camponeses.

Com todas essas transformações, complementariedades e contradições

dos processos não podemos mais, como apontado por Santos (1996 [1993]),

dividir o Brasil em urbano e rural, mas, pensar em um Brasil urbano incluindo

áreas agrícolas e um Brasil agrícola incluindo áreas urbanas.

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Analisando as colocações de Santos (1996 [1993]), podemos dizer que

para a região da Nova Alta Paulista as dinâmicas concernem às características de

um Brasil agrícola e rural que inclui áreas urbanas: as pequenas cidades da

região, principalmente as locais híbridas. Além do mais, é através da atividade

agroindustrial canavieira que a agricultura moderna se expressa, sendo

responsável pela área de exportação própria do Brasil Agrícola com áreas

urbanas.

Portanto, para as cidades da Nova Alta Paulista sua unidade se dá pela

inter-relação entre o mundo rural/agrícola e o mundo urbano, pois é o campo

que comanda a vida econômica e social do urbano, sobretudo nos níveis

inferiores da complexidade urbana.

No Brasil agrícola com áreas urbanas a agricultura científica comanda as

relações econômicas e as relações que envolvem a tríade rural/urbano/agrícola.

Nesse sentido, emergem as cidades do campo (SANTOS, 1996 [1993]). No

momento atual segundo Elias (2007), estas cidades podem ser chamadas de

cidades do agronegócio. As cidades do agronegócio estão relacionadas

diretamente à consecução do agronegócio globalizado e, conforme Elias (2005,

p. 4482), as demandas das produções agrícolas e agroindustriais modernas:

têm o poder de adaptar as cidades próximas às suas principais

demandas, convertendo-as no seu laboratório, uma vez que

fornecem a grande maioria dos aportes técnicos, financeiros,

jurídicos, de mão-de-obra e de todos os demais produtos e

serviços necessários à sua realização.

O desenvolvimento do agronegócio globalizado representa um papel

fundamental para a expansão da urbanização e crescimento das cidades, médias,

sub-regionais e locais híbridas. Da mesma forma, a multiplicação e

fortalecimento dessas localidades compõem importante papel para a realização

do agronegócio globalizado e a difusão deste se dá de forma social e espacial

excludente, promovendo o acirramento das desigualdades socioespaciais (ELIAS,

2007), principalmente nas cidades sub-regionais e locais híbridas.

Mesmo considerando os elementos constitutivos existentes nas cidades do

campo (SANTOS, 1996 [1993]) e nas do agronegócio (ELIAS, 2007), pontuamos

que para a realidade estudada a utilização dessas denominações elimina em

certo sentido a tríade. Tanto os conteúdos presentes nas cidades do campo como

nas cidades do agronegócio estão contemplados nas localidades analisadas e

fazem parte de sua estruturação, devido às dinâmicas rurais e agrícolas como

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pelas práticas socioespaciais dos moradores, pois como indicamos materializa na

paisagem urbana e nas suas concepções de cidade os hábitos e costumes rurais.

No entanto, também observa-se na concepção de cidade pelos entrevistados o

contrário, definições que as contemplam enquanto urbanas. Assim, considera-las

como cidade do campo ou do agronegócio privilegiaria um determinado viés,

como o agrícola, por exemplo.

Esses aglomerados apresentam dinâmicas rurais, agrícolas e urbanas e a

última não somente voltada para o rural e o agrícola, mesmo sendo locus dos

dois. As incipientes funções urbanas que negam e afirmam esse caráter, as

relações entre os agentes sociais/sujeitos e a visibilidade dos processos sociais, a

tríade rural/urbano/agrícola e o híbrido que perpassa as relações, apontado no

capítulo um, substanciam a cidade local híbrida. Assim, essas localidades são

cidades do campo, do agronegócio, mas, também das funções urbanas mesmo

que incipientes, da moradia, da realização da vida em seus múltiplos aspectos,

do sistema coronelista, do circuito inferior da economia, ou seja, um híbrido

entre todos estes elementos.

Também a denominação de rurbano não se insere nesta discussão. A

análise do projeto rurbano se concentra em entender as atividades não-agrícolas

e a população economicamente ativa envolvida nessas atividades e procura

demonstrar uma urbanização do rural, que não são contemplados pelos critérios

dos órgãos oficiais. Nesse debate se considera unicamente o quantitativo,

“Assim, há necessidade premente de superação de leituras marcadamente

quantitativas, como as de José Eli da Veiga e de José Graziano da Silva”

(SUZUKI, 2009, p. 147).

Todos esses elementos estruturam uma realidade extremamente

contraditória, mas, só é real aquilo que apresenta contradição, que, é a razão de

ser do movimento, nos permitindo captar o processo seja na vida, na sociedade

e no pensamento (LEFEBVRE, 1975). Para o autor, a contradição não significa

destruir o primeiro, esquecê-lo, ao contrário recobrir um complemento de

determinação.

No caso do urbano, por exemplo, as poucas funções urbanas existentes

nas cidades locais híbridas negam o urbano, mas isto está no seu conteúdo, faz

parte dele mesmo. Fechar-se no é ou não é urbano não aponta as contradições,

não torna o pensamento vivo, um pensamento real. A contradição entre em um

momento revelar-se o caráter urbano e, em outro não urbano, não significa

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destruir o primeiro, ao contrário, denota descobrir um complemento de

determinações.

Cada um é aquele que nega o outro. O agrícola, nega o rural e vice-versa

e o rural nega o urbano, contudo este processo faz parte dele mesmo. A lógica

dialética da dupla determinação nos demonstra que cada referencial utilizado

para pensar os processos nos possibilita dizer que um mesmo enunciado seja

falso e/ou verdadeiro, como destacado no estudo de Ávila e Zusuki (2009).

Por isso insistimos na tríade porque a dialética não é dual e pode ser

aprendida de diferentes vieses. Na tríade rural/urbano/agrícola podemos

considerar diversas formas de apreensão da realidade, pois elas se

complementam e cada elemento se perfaz um no outro, assim temos:

Urbano (vida urbana), rural (negação do urbano); agrícola (reafirma o

urbano em uma escala maior, mas não elimina o rural, pois faz parte dele

mesmo);

Agrícola (agronegócio globalizado produção baseada na técnica, na

ciência, na informação e racionalização), rural (nega esse modo de

produzir); urbano (locus dos dois);

Rural (produção para reprodução da vida), agrícola (nega esse modo de

vida, fragmenta o espaço rural, desapropria os camponeses de seu modo

de vida, de sua existência); urbano (locus dos dois);

Urbano (local de reprodução das relações sociais dos camponeses

desapropriados de suas terras), agrícola (urbano, enquanto local de

reservatório de mão de obra), rural (resistência a esse processo, pois

mesmo fragmentado não se difunde no agrícola ou no urbano).

Esse confronto de teses demonstra a contradição dos elementos e ao

confrontar-se “as teses 'convertam-se uma na outra', ao invés de conservarem-

se exteriores e opostas a partir de fora, descubram seu conteúdo no movimento

que as atravessa e se superem nesse movimento” (LEFEBVRE, 1975, p. 233).

Assim, frisamos que nesse contexto de reestruturação produtiva da

agropecuária, as alterações no espaço e no território apresentam-se nas relações

entre campo e cidade, transformando os pares dialéticos rural/urbano na tríade

rural/urbano/agrícola (ROMA, 2008). Ou seja, o capitalismo transforma o meio

rural que, por sua vez, transforma o tipo de produção dos domicílios e das

relações sociais, logo, o par rural/urbano na tríade rural/urbano/agrícola.

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Diante do exposto, observamos que perante as mudanças no modelo

produtivo e organizacional do campo, o modo de vida rural está permeado pelo

modo de vida urbano ou como estudado por Rua (2006, p. 94) “urbanidades no

rural”. No mesmo sentido, o modo de vida nas cidades é permeado pelo rural,

sendo denominado pelo mesmo autor de “ruralidades no urbano”. Essas

múltiplas territorialidades, vivenciadas pelos sujeitos, marcam o “surgimento de

espaços híbridos, inovadores, fruto da interação entre rural e urbano”.

Rua (2006, p.95), ao analisar a urbanização no rural, aponta que as

interações “não serão apenas novas ruralidades, e sim, o urbano presente no

campo, sem que cada espacialidade perca suas marcas. Logo o espaço híbrido

que resulta dessa interação, não é um urbano ruralizado nem um rural

urbanizado”.

E, concordando com Suzuki (2009, p. 145):

A distinção entre o rural e o urbano, muito mais vinculada à lógica

da reprodução das relações sociais que a materialidade espacial,

campo e cidade, permite pensar que há rural na cidade e urbano

no campo.

É nesse sentido que nas cidades locais híbridas, igualmente, podemos

apontar uma relação híbrida que envolve a tríade rural/urbano/agrícola. Ambas

as dimensões se entrecruzam não ruralizando ou urbanizando um ao outro, ou

ainda, substituindo as dinâmicas rurais e/ou urbanas pelas agrícolas, mas uma

complementaridade híbrida entre os espaços que não supera a dialética, mas

reforça sua dinâmica.

Esses elementos fortalecem a necessidade que apontamos de início, qual

seja, pensar a conceituação das cidades locais híbridas considerando dimensões

para além das funções urbanas econômicas, pois são nessas inter-relações que

se elucidam as dinâmicas estruturantes desses aglomerados urbanos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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217

Para pensar os diferentes processos que se estruturam nas localidades

analisadas – segregação socioespacial interurbana e impactos da atividade

agroindustrial canavieira que também gera o seu outro, a cidade da exclusão

social – tivemos de início compreender os conteúdos desses espaços.

Os processos sociais são produzidos e reproduzidos, dependendo das

características próprias de cada local, mesmo que este esteja inserido em uma

dinâmica maior. Assim, são os conteúdos das cidades locais híbridas que

substanciam e permeiam a estruturação dos processos analisados.

E os conteúdos dessas cidades se perfazm num híbrido. O híbrido perpassa

todas as dinâmicas e elementos que compõem essas localidades, o híbrido é a

relação essencial para entender as interdependências e inseparabilidades dos

processos. É a relação híbrida dos processos que nos permite entender que as

transformações do período atual expressam mudanças, permanências e mesclas;

que a as escalas intra e interurbana se imbricam; que a dicotomia cidade e

campo não é válida para entender a realidade da sociedade brasileira; que a

pobreza se processa em diferentes dimensões e se entrecruzam. Portanto, são

esses elementos que produzem o conteúdo das cidades analisadas que são

cidades locais, por sua dinâmica de organização, mas, que estruturam em seus

espaços elementos que as caracterizam, enquanto, cidades locais híbridas.

Portanto, as cidades locais híbridas mantêm, em sua estruturação,

incipientes funções urbanas, estando no limite inferior da complexidade urbana,

porém as necessidades básicas da população são supridas, mas, devido às

incipientes funções urbanas econômicas o limiar entre o urbano e não urbano se

expressa intensamente. Nesse limiar, entre urbano e não urbano se desenvolve

uma vida de relações entre as diferentes localidades e, também, possibilita-nos

apreender que a produção do espaço urbano se materializa em uma

multiplicidade de aspectos além do econômico. Contudo é na vida de relações

que a urbanidade desses espaços se completa, essa intensa vida de relações

fortalecida pela necessidade de deslocamento para acesso aos meios de consumo

coletivo e individuais se transformam, pela intensidade, em práticas

socioespaciais da população, pois fazem parte do cotidiano dessas pessoas,

sendo um elemento da produção do espaço dessas cidades. Também as

incipientes funções urbanas propiciam que se desenvolvam, majoritariamente, as

atividades do circuito inferior da economia urbana, perpetuando a pobreza e,

acoplado a este fator, estão às relações entre os agentes sociais/sujeitos,

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marcada pelo sistema coronelista e seus desdobramentos e a visibilidade dos

processos sociais com sua base na proximidade espacial. Acrescenta-se, ainda,

as relações que envolvem a tríade rural/urbano/agrícola.

Portanto, são esses conteúdos que estruturam os dois vieses que

compõem o circuito de pobreza urbana. Ou seja, se a realidade empírica

expressasse outros conteúdos, como por exemplo, os existentes na realidade

metropolitana, de cidades médias ou mesmo de cidades pequenas inseridas em

outras dinâmicas, os processos por nós analisados, poderiam se estruturar, pois

estão inseridos no processo de urbanização e reestruturação da agropecuária

brasileira, contudo, em outras bases e dinâmicas que podem ir, ao encontro, do

que apreendemos, mas, também, divergir sobremaneira, sendo este o

movimento do pensamento vivo.

Os processos sociais materializados nos dois vieses demonstram as

condições de vida que estão inseridas parcela da sociedade. No primeiro viés a

constituição do processo de segregação socioespacial interurbana.

A segregação socioespacial processo que expressa o aprofundamento das

desigualdades socioespaciais, fruto das contradições social é estruturada a partir

da urbanização que transcende os limites da cidade. Assim, no bojo da

globalização, deve ser entendida a partir da justaposição e/ou superposição de

relações interurbanas, e sua análise não deve se restringir ao espaço intra-

urbano , mas também a partir das relações interurbanas.

Assim, se apresenta a contradição da segregação socioespacial

interurbana, pois a segregação socioespacial se estrutura no espaço intra-

urbano, mas o real que está em movimento, constitui o processo na escala

interurbana, podendo, em certo sentido, negar o intra-urbano, contudo, o

interurbano faz parte dele mesmo.

Portanto, o processo de segregação socioespacial interurbana é apreendido

na inter-relação entre as escalas intra e interurbana, pois as incipientes funções

urbanas, dialeticamente, acabam por negar o urbano e nesse processo se

estrutura um híbrido entre o urbano e o não urbano. Assim, no plano econômico,

essas incipientes funções urbanas, em um caráter dialético, negam o urbano e o

limite entre urbano e não urbano se apresenta, intensamente.

Sendo assim, a segregação socioespacial atrelada à análise dos meios de

consumo coletivo nos permite entender as relações contraditórias entre o todo e

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as partes. Revelando-nos a desigual distribuição desses meios e as condições de

vida da população.

Portanto, a ausência e/ou precariedade no oferecimento de equipamentos

e serviços de saúde, educacional (profissionalizante), lazer e cultura, são

privações inaceitáveis do ponto de vista da busca de uma justiça socioespacial. E

essas são privações que penalizam os habitantes das cidades locais híbridas

estruturando o processo de segregação socioespacial interurbana, pois esses não

são somente elementos da divisão territorial do trabalho ou hierarquia urbana,

mas fatores que os colocam em desvantagem ou privações de acesso. Além das

condições que se apresentam, os indicadores de desigualdades e os

deslocamentos necessários para o acesso aos bens individuais que auferem

piores condições de vida da população, reforçam ou são reforçados, pelo

processo de segregação socioespacial interurbana.

Acrescenta-se que “a segregação tem um sentido estratégico: a separação

das práticas socioespaciais na cidade, visando à reprodução social que ao

delimitar um lugar para cada um escamoteia o conflito” (CARLOS, 2006, p. 56).

As práticas socioespaciais da população residente nas cidades locais híbridas se

perfazem no espaço intra-urbano como, também, na vida de relações. No

entanto, as práticas socioespaciais dos moradores de ambas as localidades, em

um primeiro olhar, são distintas. Pois, mesmo que as práticas socioespaciais dos

moradores das cidades locais híbridas se perfaze na relação, cada um tem seu

lugar, cada um está inserido em uma determinada realidade urbana com seus

problemas, suas características e dinâmicas, mas, ao mesmo tempo, fazem parte

da relação todo/parte. Assim, a aparente separação das práticas socioespaciais

reforça a segregação socioespacial, no sentido estratégico, que delimita o lugar

de cada um.

O segundo viés se apresenta com os impactos da atividade agroindustrial

canavieira que gera o seu outro - a cidade da exclusão social.

A intensificação da atividade agroindustrial canavieira promove um

crescimento econômico cada vez mais desigual, acentuando as desigualdades

sociais existentes. Assim, a cana-de-açúcar se territorializa de forma acelerada,

modifica a estrutura fundiária e a utilização das terras, altera a quantidade

produzida de produtos alimentícios, expulsa os camponeses de suas terras,

intensifica os fluxos migratórios, introduz formas regressivas de relações de

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trabalho e transforma os pares dialéticos rural/urbano na tríade

rural/urbano/agrícola.

Esses processos geram impactos tanto no meio rural, como a

fragmentação, a redução na produção de alimentos e a desapropriação dos

camponeses, como no urbano, pois, nas cidades locais híbridas os problemas

relacionados à moradia, saúde e assistência social são intensificados, e ainda, se

estabelece a fronteira da alteridade, na qual, “nós” e “eles” se conflitam,

estabelecendo a relação “estabelecidos” e “outsiders”, esse não é um problema

urbano, mas se funde no urbano. Assim, essas questões urbanas são problemas

agrários, pois, são gerados pelo modelo adotado de produção, ou seja, pode-se

afirmar que o problema urbano é um problema agrário e vice-versa.

A contradição dialética é uma inclusão plena e concreta dos contrários um

no outro e, ao mesmo tempo, uma exclusão ativa (LEFEBVRE, 1975).

Nesse sentido, que se faz o pensamento em espiral. Pensar a constituição

de um circuito de pobreza urbana de forma linear espedaçaria os processos que

se articulam. Se assim fosse, nosso trabalho poderia ser lido em pedaços, ou

seja, a organização do espaço pela rede de cidades, a pobreza existentes nos

espaços, a relação que envolve a tríade rural/urbano/agrícola, a segregação

socioespacial interurbana e os impactos da atividade agroindustrial canavieira.

No entanto, é para entender a dialética e suas múltiplas inter-relações que

o pensamento em espiral se apresenta. E, como apontamos de início, uma coisa

não leva a outra como se fossem circuitos elétricos que se sucedem, mas, são

processos que se imbricam, se articulam e se superam, pondo o pensamento em

movimento.

Assim, os conteúdos das cidades locais híbridas propiciam processos

socioespaciais que conduzem à pobreza urbana e a exclusão social, constituindo

um circuito de pobreza, que se processa mais nitidamente no espaço intra-

urbano, mas, sua constituição não se limita a essa escala. Estar localizado numa

cidade local híbrida, no interior do Estado de São Paulo, é um fator

preponderante no fortalecimento dos circuitos de pobreza.

Por último, ao “terminar” ou “(re)começar” esse trabalho, ficamos,

enquanto sujeitos que somos, com um sentimento de tristeza, pois são tantos

processos que interferem nas condições de vida das pessoas as colocando em

desvantagem de acesso, em situações de pobreza material e política,

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segregando-as, desapropriando-as, estigmatizando-as, fragmentando os espaços

de vida e inserindo lógicas excludentes que nos imprime a necessidade de pensar

outras possibilidades que possam existir diante desses processos. Ou seja, outra

realidade é possível.

Devemos estar comprometidos com o avanço socialmente justo da

modernidade. Se comprometer com esse avanço nos revela a necessidade de um

mercado socialmente necessário, no qual, a concepção hegemônica de mercado

não seja a única possível. Assim, este ator proposto é pensado de baixo para

cima, tanto, na economia urbana, como, nas formas sociais sobreviventes das

sucessivas modernizações (RIBEIRO, 2005). E nas palavras da autora, pois não

conseguiríamos traduzi-las:

A naturalização da escassez e da carência impõe o corpo reduzido

a objeto, negando a força que subjaz às tentativas de

complementariedade, do “homem lento”, com a ação dos

dominantes. Esta ação subordina-se à crença de que a velocidade

sistêmica é a única definição possível da eficácia. Porém, esta

crença oculta o fato de que aquele que se deixa seduzir por seus

encantos colabora na destruição da urdidura do social.

Ao evitar a co-presença de deserdados e anônimos, a última

versão do capitalismo, aceita pelos que podem consumir, traduz-

se em formas de circulação excludentes; amplifica,

desmesuradamente, a mancha urbana; privatiza serviços até

ontem considerados de responsabilidade do Estado; aumenta as

barreiras que impedem o direito de ir e vir; apropria-se de

tecnologias da informação para o controle social e, não, como

instrumentos de libertação. Além disto, a última versão do

capitalismo é particularmente dura por negar o próprio

evolucionismo, esta visão de mundo cuja crítica já permitiu a

denúncia de seus males etnocêntricos (Cf BADIOU, 1994). A atual

versão do moderno, com níveis crescentes de etnocentrismo,

advoga, ao contrário do evolucionismo, o eterno presente,

desobrigando-se de promessas de um futuro melhor e, sobretudo,

de compromissos com a igualdade (RIBEIRO, 2005, p. 12463)

Investir em meios de consumo coletivo em cidades locais híbridas e

valorizar a produção camponesa, a soberania alimentar em detrimento das

lógicas reproduzidas pelo mercado é dar ênfase ao valor de uso, dizer que a

racionalidade do mercado regida pelo valor de troca não deve imperar sobre a

cidadania. É nesse sentido que um mercado socialmente necessário inspira

caminhos para transformação do território em obra coletiva (Ribeiro, 2005).

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Nesse contexto, a geografia sendo uma ciência que mantém o

pensamento em movimento, se apresenta enquanto uma possibilidade heurística

de interpretação e transformação da realidade.

Na maioria das vezes lemos os trabalhos geográficos de maneira

fragmentada, ou seja, os trabalhos ditos da área de humana, os da área de física

e, dentro destas uma infinidade de pensamentos. Diante de nossas limitações

teóricas, e até mesmo físicas, não conseguimos apreender as possibilidades de

interpretação e transformação da realidade que essa ciência é capaz de desvelar.

Mas, como já nos dizia Ives Lacoste, a geografia serve, antes de mais nada, para

fazer a guerra.

A geografia serve e deve servir para fazer a guerra, principalmente, de

ideias, e essas ideias, se complementando e se contrapondo. Assim, temos em

nossos textos, livros, monografias, dissertações, teses, nas lutas e movimentos

sociais a possibilidade de demostrar que há transformações e que outras

realidades são possíveis. Ver a sociedade em movimento.

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APÊNDICE 1

NOVA ALTA PAULISTA:

RECORTE EMPÍRICO

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Realizaremos um breve balanço sobre o conceito de região com base em

diferentes concepções teórico-metodológicas para apresentar os motivos que nos

levam a escolher a Nova Alta Paulista como recorte empírico, uma vez que nos

interessa desvendar o conteúdo político-cultural da sua configuração territorial,

indo além do entendimento apenas do recorte administrativo.

Assim, apresentaremos uma síntese do processo de formação da Nova Alta

Paulista que teve seu ordenamento socioespacial induzido pela ferrovia, um

caráter especulativo dos loteamentos, uma incipiente presença do Estado, uma

estrutura fundiária com elevado número de pequenas propriedades – em

extensão de área – e, ao mesmo tempo, concentração fundiária, predominância

da agricultura cafeeira e uma rede urbana inicial formada, predominantemente,

de pequenos núcleos, definiram a estruturação socioespacial da região.

Ainda analisaremos a estruturação regional, sua evolução e principais

características atuais da Nova Alta Paulista, tais como: população; presença e

localização de unidades carcerárias e; vias de acesso.

1. Região: um recorte administrativo ou uma construção política –

cultural

Sabemos que o conceito de região foi discutido como núcleo-chave da

Geografia e influenciou o pensamento geográfico como um todo, sendo sua força

advinda da chamada Geografia Clássica de tradição francesa e da Geografia

alemã do início do século XX. Desta forma, a produção geográfica referente ao

conceito de região perpassa por fases cíclicas, nas quais apresentam maior

produção e centralidade em determinados momentos ao seu quase esquecimento

ou abandono em outros. Em vista deste processo de desenvolvimento, podemos

considerar quatro abordagens conceituais, conforme Duarte (1980):

a) a regionalização como diferenciação de áreas – ligada a tradicional noção de

paisagem geográfica e de síntese regional, que “identifica espaços em diferentes

escalas, caracterizadas por diferentes paisagens”. Neste caso, a diferenciação de

áreas divide-se um espaço maior “em subespaços ou regiões complexas, com

alta coesão dos elementos que as definem” (DUARTE, 1980, p. 11), originando

as regiões naturais, a região humana, os complexos regionais e a hierarquia das

regiões.

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b) regionalização como classificação, com base nos princípios da lógica formal,

cujo propósito da classificação é o de dar ordem aos objetos estudados,

sistematizar informações, fazer generalizações indutivas. Assim, o espaço é

classificado de acordo com os propósitos a serem atingidos, como por exemplo,

as regiões homogêneas agrícolas, regiões funcionais urbanas, regiões

administrativas. Para o autor nessa perspectiva o espaço é desagregado de sua

complexidade.

c) regionalização como instrumento de ação, focalizado nas décadas de 1940 e

1950, que apresenta preocupações com as desigualdades espaciais do

desenvolvimento econômico, assim como o planejamento regional utilizado como

estratégia para a política de “desenvolvimento econômico”. Em vista desta

abordagem, a “região passa ser sinônimo de espaços econômicos”, homogêneos

ou funcionais. (DUARTE, 1980, p. 14)

d) regionalização como processo cujas “diferenciações regionais eram o resultado

de processos sociais e econômicos”. Sob este ponto de vista, a região passa a

ser considerada em seus diferentes níveis de desenvolvimento e temos, assim,

as regiões enquanto totalidade social e diferenciações espaciais. (DUARTE, 1980,

p. 16)

Haesbaert (2005) é outro autor que faz uma revisão conceitual

importante. Segundo ele, haveria três “mortes e ressurreições” da região. A

primeira “morte” da região pôde ser observada com os chamados geógrafos

quantitativos de caráter neopositivista. A segunda através do materialismo

histórico discutindo a validade e os objetivos da abordagem regional. E a terceira

“morte”, sendo uma continuação da anterior, decorrente de diferentes posições

dentro do próprio materialismo histórico, enfatiza a predominância das redes e o

desaparecimento das regiões ou indicam a hibridização do mundo, e “a

capacidade do capitalismo de incorporar ou mesmo produzir a diferenciação

(cultural) a fim de criar novos nichos de mercado”. (HAESBAERT, 2005, p. 15)

Evidenciando essa discussão, Markusen (1981, p. 62), mesmo

representando uma posição intermediária entre os marxistas, inicia seu estudo

sobre região e regionalismo apontando que “o conceito de região e seu estudo,

conhecido como ciência regional, não é uma categoria marxista fundamental”,

preferindo considerar o regionalismo à região. No entanto, afirma que a teoria

marxista obriga-se a enfrentar a categoria região quando essa se configura como

um importante objeto da luta humana e como área de conflitos.

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Para Haesbaert (2005) o resgate do conceito de região pela abordagem

neopositivista, consistiu em apresentar a região enquanto classificação de área e

ainda nessa mesma abordagem, mas com outra leitura aparecem as “regiões

funcionais”. A “ressureição” do conceito pelos marxistas enfatiza a dimensão

econômica, vendo a região, “sobretudo como produto da divisão territorial do

trabalho”, destacando os trabalhos de Francisco de Oliveira, Doreen Massey e

Neil Smith, e trabalhos como os de Markusen que enfatizam os movimentos

sociais. Por fim, a “ressurreição” da região nos anos 1990 apresenta-se em três

posições teóricas sendo: a corrente pós-estruturalista e a “região local”, e as

novas correntes materialistas, tanto neoliberais como crítica. E essas novas

proposições apontam, sobretudo a “ressurreição” da região baseada nas

dinâmicas da globalização.

A partir desse breve balanço ressaltamos que o conceito de região ainda

permanece válido. Nosso interesse ao analisar as diferentes abordagens teóricas-

metodológicas consiste em perceber que, mesmo considerando as regiões como

classificação ou enfatizando sua dimensão econômica, tal discussão exige o

aprofundamento da dimensão política. Evidenciando esta preocupação, Markusen

(1981, p. 91) aponta que nos trabalhos marxistas é comum considerar a região

como unidade econômica ou como sinônimo de classe econômica e, é enfática ao

frisar que as unidades econômicas não têm relações, mas “quem as tem são as

classes e instituições políticas nas nações e regiões”. Ele ainda pontua:

Mesmo que uma causa regional seja somente econômica na sua

natureza, seu objetivo é político, uma vez que ela se torna

regionalizada precisamente através de uma reivindicação frente a

uma instituição do Estado para uma mudança no tratamento das

questões territoriais. (MARKUSEN, 1981, p. 83)

Nesse sentido, embasamos nossas discussões sobre o conceito de região e

suas posturas teórico-metodológicas para apresentar os motivos que nos levam a

escolher a Nova Alta Paulista como recorte empírico, uma vez que nos interessa

desvendar o conteúdo político-cultural da configuração territorial da Nova Alta

Paulista, indo além do entendimento apenas do recorte administrativo.

O Estado de São Paulo é subdividido em Regiões Administrativas pela

Secretaria Estadual de Economia, Planejamento e Gestão. A Nova Alta Paulista,

juntamente com Alta Sorocabana e Pontal do Paranapanema, pertence a 10ª

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Região Administrativa, com sede em Presidente Prudente. Nessa subdivisão a

Nova Alta Paulista é composta por 23 municípios. Como podemos observar no

mapa 21.

Mapa 21

Nova Alta Paulista 10ª Região Administrativa do Estado de São Paulo

O governo paulista realiza o zoneamento do Estado em Regiões

Administrativas, e esse modelo como descrevemos, pauta-se na regionalização

como classificação de área, ficando claro nos apontamentos de Duarte (1980)

que a classificação de áreas se dá de acordo com os propósitos a serem

atingidos.

Nesse tipo de zoneamento identifica-se uma cidade-sede, “implantando

sucursais institucionais, principalmente nas áreas de saúde, educação,

planejamento, fiscalização tributária, segurança pública, agricultura, e outras” (G

IL, 2007, p. 173).

Ainda segundo a autora:

Tais iniciativas governamentais, apesar de aparentemente

descentralizadas, contribuíram para o aumento das desigualdades

inter-regionais, pois dotou uma única cidade de infra-estrutura

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tornando-a fortemente polarizadora, enquanto as cidades vizinhas,

polarizadas, foram perdendo capacidade de desenvolvimento.

No modelo adotado de regiões administrativas pelo Estado de São Paulo, o

espaço é desagregado de sua complexidade. A dimensão política e cultural da

região é desconsiderada em detrimento de decisões políticas que não levam em

questão as verdadeiras identidades regionais. Neste sentido, Geiger (1970, p.

168) ao tratar da elaboração das regiões administrativas comenta que:

Para elaboração das regiões administrativas, os estudos de

hierarquia urbana, centralidade, área de influência das cidades e

os espaços polarizados, são básicos. No entanto, não se deve

confundir estes espaços polarizados com as próprias regiões

administrativas, pois para fixar estas últimas, os governos

estaduais, além de recorrer a técnicos de diversas disciplinas,

inclusive geógrafos, finalmente, tomarão a sua decisão política.

Por sua vez, ao realizar um estudo específico sobre o desenvolvimento da

Nova Alta Paulista, Gil (2007) aponta-nos que a articulação pouco sistêmica e

abrangente das lideranças locais com a política central privilegia “interesses

setoriais e lobistas de regiões mais fortalecidas fizeram com que essa área se

posicionasse como periférica, reforçando o seu isolamento.” (GIL, 2007, p. 174)

Assim, na concepção da classe político-econômica da Nova Alta Paulista, o fato

da região não ser reconhecida oficialmente constitui-se um dos nós que

emperram seu desenvolvimento, uma vez que dificulta ações governamentais e

coloca a região em condição secundária quanto à dotação orçamentária.

É a partir desse “sentimento” de isolamento e de periferia que se cria em

1977 a Associação dos Municípios da Nova Alta Paulista (AMNAP), dedicando em

sua trajetória, estratégias de ações de desenvolvimento regional, com intuito de

conseguir o reconhecimento de região administrativa. (GIL, 2007) De acordo

com a AMNAP, a Nova Alta Paulista seria composta por 30 municípios, sendo 23

pertencentes à 10a

Região Administrativa do Estado de São Paulo e os outros

sete são integrantes da 12a

Região Administrativa (mapa 22), com sede na

cidade de Marília. No entanto, todas elas se integrariam à região denominada

Nova Alta Paulista por se identificarem com os problemas e as características

dessa área.

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Mapa 22 Nova Alta Paulista

Política-cultural - 2010

Sucintamente, a AMNAP surge para mediar às questões dos municípios

que compunham a região e o Estado. Afinal, segundo Gil (2007), “as regiões

administrativas, que fizeram emergir as capitais regionais, não tinham poder de

abrangência e articulação com todos os municípios sob sua jurisdição” (GIL,

2007, p.196). Muito pelo contrário, o estudo desta autora demonstra que a Nova

Alta Paulista não seria apenas uma área, mas o sentimento cultural de

pertencimento da população local seria o embasamento que a caracterizaria

como uma região.

Pautando-se na compreensão do conceito de região dotado de identidade

política e cultural podemos considerar a Nova Alta Paulista delimitada e

representada pela AMNAP como uma verdadeira região. Entendendo o conceito

de região, através desse viés analítico, é que escolhemos a Nova Alta Paulista

como recorte empírico desta pesquisa, preocupando-nos em compreender

melhor como vivem, trabalham e convivem a população ali residente.

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Isto não quer dizer que desprezamos as diversas posturas teórico-

metodológicas de se apreender um recorte regional. Nos deparamos, nesta

pesquisa, com a necessidade de utilizar, como ponto de partida, os estudos da

REGIC sobre influência das cidades e discutimos questões de hierarquia urbana

em trabalhos anteriores (ROMA, 2008), como também utilizamos desses

apontamentos. Afinal, Corrêa (2006) frisa que a classificação funcional das

cidades, que parte da compreensão da divisão territorial do trabalho, não deve

ser considerada um fim em si mesma, mas um começo de pesquisa.

Com os apontamentos realizados pode-se dizer que o atual modelo de

regiões administrativas, não satisfaz. E a Geografia, como uma ciência que

manteve em sua trajetória a construção do conceito de região, com “mortes e

ressurreições”, tem condições e deve se apresentar nas discussões acerca dessa

temática.

2. Para se compreender os processos socioespaciais

Para realizar uma breve síntese do processo de formação da Nova Alta

Paulista, destacamos alguns trabalhos que enfatizam as características: Monbeig

(1984) que apresenta em seu clássico “Pioneiros e fazendeiros de São Paulo” um

estudo sobre a ocupação do Planalto Ocidental Paulista; Fresca (1993) que, ao

trabalhar com as cidades de Osvaldo Cruz e Inúbia Paulista, enfatiza a dinâmica

funcional da rede urbana; Oliveira (2003) que, analisa a configuração da

microrregião geográfica de Dracena e sua formação histórica; Silva (2006) que

discute a colonização e enfatiza o processo de produção dos espaços; Gil (2007),

que apresenta três fases distintas de formação da região ao trabalhar com o

desenvolvimento da Nova Alta Paulista; e, no estudo sobre tipologias das cidades

brasileiras (2005).

Segundo Monbeig (1984) o processo de ocupação da Nova Alta Paulista,

como todo o Planalto Ocidental Paulista, configurou-se como a “Marcha para o

Oeste” em busca de solos férteis para expansão da cafeicultura. Assim, a

colonização dessa região é recente, após 1930. Em um momento em que era

necessário recuperar as antigas regiões produtoras de café, procuravam-se

novas áreas com disponibilidade de recursos naturais como solos férteis,

condições favoráveis às lavouras cafeeiras, madeira e oferta de água.

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Nesse contexto iniciou-se, na atualmente denominada Nova Alta Paulista,

uma colonização de mercado na qual, devido aos fatores de localização e a

ausência de infraestrutura, ofereceram-se aos fazendeiros e empresas loteadoras

os elementos estruturantes para reservas de valor.

Por sua vez, Gil (2007, p. 45) destaca que os fazendeiros e as empresas

loteadoras “foram as que mais se beneficiaram com as ações governamentais

voltadas à criação e oficialização de medidas regulamentadoras para a posse das

terras e instalação de infra-estruturas”.

As principais empresas colonizadoras foram a companhia ferroviária

atuando através de sua empresa de colonização, a Companhia de Agricultura e

Colonização (C.A.I.C.), a Colonização Alta Paulista de Max Wirth, a Companhia

de Indústria, Comércio, Mineração e Agricultura (CICMA) e a Sociedade

Colonizadora do Brasil LTDA, dentre outras. Desta forma, o extremo Oeste

Paulista, entre o espigão divisor dos rios Peixe-Aguapeí, foi a última porção do

estado de São Paulo a ser colonizada. Gil (2007, p. 78) descreve este processo

de colonização da seguinte forma:

A transposição da serra de Quintana impôs vários obstáculos aos

engenheiros e trabalhadores ferroviários, até que, finalmente, os

trilhos chegaram a Tupã, em 1928. Aquela cidade, então, passou a

comandar a colonização das cidades do seu entorno, que são Iacri,

Bastos, Quintana, Herculância, Arco-Íris e Queiroz. Desta cidade, a

ferrovia seguiu mais adiante, parando em Lucélia por alguns anos

e sendo inaugurada, em Adamantina, em abril de 1950. Enquanto

a microrregião de Tupã foi colonizada entre o final da década de

1920 e durante a década de 1930, a microrregião de Adamantina

foi colonizada principalmente nos anos de 1940, e a microrregião

de Dracena, com exceção de Tupi Paulista, que, naquela época, se

chamava Gracianópolis, foi colonizada na década de 1950, sendo

que esta última teve sua colonização um pouco anterior. A ferrovia

chegou a Dracena em 1960, de onde seguiu até Panorama, que é

a sua ponta final, à margem esquerda do rio Paraná.

Para Oliveira (2003) a principal diferença entre a colonização da Nova Alta

Paulista e da Alta Sorocabana e Alta Noroeste, é que mesmo antes de surgirem

os povoados, estas duas últimas regiões possuíam estradas de ferro em pleno

funcionamento em função do desenvolvimento da cafeicultura. Na Nova Alta

Paulista os trilhos chegaram depois da efetivação do povoamento. Isso significou

que o acesso para a Nova Alta Paulista ocorreu originalmente pelas rodovias.

Como as estradas existentes apresentavam más condições de tráfego, além da

enorme distância dos principais centros, os produtos comercializados nas

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fazendas e nos novos núcleos urbanos que se formavam eram mais caros na

Nova Alta Paulista, o que representava uma desvantagem comparativa (FRESCA,

1993).

A chegada da estrada de ferro representou um grande incentivo à

colonização da Nova Alta Paulista, intensificando-se os fluxos os fluxos

migratórios para a região, principalmente de europeus. (GIL, 2007)

Como a maior parte dos novos proprietários eram ex-colonos das antigas

fazendas de café, contando com parcos recursos financeiros, tecnológicos e

técnicos podia comprar somente uma pequena gleba, contribuindo para que a

estrutura fundiária da região fosse constituída de pequenas e médias

propriedades rurais (GIL, 2007).

Com elevado número de pequenas propriedades houve um incremento no

contingente populacional. Aliado a este fator, verificava-se dificuldades de

locomoção por parte dos novos proprietários descapitalizados que não podiam

percorrer grandes distâncias, em sua maioria em lombos de cavalos, o que levou

a formação de pequenos povoados. (MONBEIG, 1984).

Dessa forma, propiciou-se a formação inicial de uma incipiente rede

urbana composta por pequenas cidades. Essas pequenas cidades eram

fundamentais na rede de relações econômicas envolvendo o urbano e o rural.

Situavam-se em uma cadeia de comercialização que, de um lado, beneficiava

alguns produtos do mundo rural, e de outro lado, era ponto de distribuição de

produtos industrializados, provenientes sobretudo das cidades maiores.

A ferrovia impulsionou a colonização dando unidade à região e, ligando-a à

Marília, Campinas, Jundiaí, São Paulo e ao porto de Santos. No entanto, à

medida que:

(...) a ferrovia foi diminuindo sua importância, transportando

menos carga e passageiros, sucateando-se e tornando-se morosa

em relação aos caminhões, ônibus e automóveis, o extremo Oeste

paulista, na porção localizada no espigão divisor Peixe Aguapeí, foi

percebendo quão isolado e desarticulado havia efetuado a sua

colonização. (GIL, 2007, p 135)

Com o sucateamento da ferrovia, a colonização de mercado se fortalece na

região. Para aumentar a valorização de suas terras, os colonizadores passaram

agilizar a instalação de infraestruturas, inaugurar órgãos públicos para tornarem-

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se sedes de comarca e, consequentemente, aumentar seu prestígio junto ao

governo do Estado.

Um outro fator que marcou o processo de formação econômica e social da

região foi a geada de 1975 que, juntamente com a grande ocorrência de pragas

como a nematóide, desestruturou a economia regional pautada, principalmente,

na lavoura cafeeira.

Esse fator acelerou a decadência do setor cafeeiro e a substituição das

lavouras de café e de cereais por pastagens (pecuária bovina de corte,

especialmente), segundo Gil (2007).

O sucateamento da ferrovia e o desmantelamento de processo de

desenvolvimento pautado nas lavouras café o espaço regional da Nova Alta

Paulista apresentou evasão populacional, mudanças na produção agrícola,

desemprego, empobrecimento da maioria da população e aumento das periferias

urbanas.

Esse contexto foi explicitado em 1989, na edição do jornal O Estado de

São Paulo, de 26 de fevereiro, José Costa e Luiz Carlos Lopes publicaram uma

matéria denominando a Nova Alta Paulista (espigão divisor Peixe-Aguapeí) como

“Corredor da fome”, “referindo-se à letargia em que mergulhara, há anos, a

economia regional”. (GIL, 2007, p. 146)

O ordenamento socioespacial induzido pela ferrovia, o caráter especulativo

dos loteamentos, sempre reservando uma área à futura cidade, a incipiente

presença do Estado, uma estrutura fundiária com elevado número de pequenas

propriedades, em extensão de área a concentração fundiária, a presença da

policultura, mas com predominância do café e uma rede urbana inicial

predominando a formação de pequenos núcleos, definiram a estruturação

socioespacial da região.

3. Dinâmica populacional

A rede urbana da Nova Alta Paulista estrutura-se com a predominância de

pequenas cidades, fruto de períodos e divisões do trabalho passadas, que deu

origem a uma estrutura fundiária baseada em pequenas propriedades.

Com base nas informações do Censo Demográfico (IBGE, 2010) o maior

município da região é Tupã com 63.492 habitantes, seguida de Dracena com

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uma população de 43.623, Adamantina e Osvaldo Cruz com 33.797 e 30.917

habitantes, respectivamente. Contudo, a maioria dos municípios possui um

contingente populacional de até 10 mil habitantes, destacando-se com menores

contingentes populacionais as cidades de Pracinha, Santa Mercedes, Queiroz,

Sagres, Nova Guataporanga, São João do Pau D”alho, Arco-Irís e Flora Rica

respectivamente com 2.863, 2.831, 2.808, 2.395, 2.178, 2.103, 1.925 e 1.752

mil habitantes, conforme o mapa 23 e tabela 16.

Entre os anos de 1991 e 2010, a região apresentou um crescimento

populacional de 5,86%, e uma diminuição no contingente da população rural em

detrimento da população urbana, seguindo um cenário presente no Estado de

São Paulo e no Brasil.

Analisando os municípios individualmente, observamos que no período

entre 1991 a 2000 o crescimento total no número de habitantes mantém uma

constante, com perda populacional em um período e recuperação em outros.

Já entre os anos de 2000 e 2010, com a consolidação da atividade

agroindustrial canavieira no ano de 2006 há uma diferenciação entre os

municípios, com acréscimo populacional significativo em uns e perda

populacional em outros. Nesse sentido, os destaques no que concerne ao

incremento populacional.

No que tange a diminuição da população rural, também se constata a

perda de população em todos os municípios, no período de 1991 a 2000, mas

apresentando percentualmente menor perda nos municípios maiores e maior

perda nos municípios menores. Destacamos aqui o município de Arco-Íris que,

pela primeira vez a população urbana supera a rural, mas mantendo um grande

percentual de sua população na zona rural (43%).

Dentre os municípios com faixa populacional acima de 20.000 mil

habitantes, há a inserção do município de Bastos no período entre 2000 e 2010;

a estagnação populacional de Tupã, o maior município da região e de

Adamantina e; Dracena e Osvaldo Cruz apresentando um incremento

populacional de 6,82% e 4,28%, respectivamente.

Entre a faixa populacional de 10.000 e 20.000 mil habitantes, o destaque

é de Rinópolis, com uma população de 10.255 passa para 9.935 mil habitantes.

Em termos populacionais, essa variação não é significativa, no entanto,

considerando que a principal fonte de arrecadação dos municípios pequenos

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advém do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que é distribuído pelo

número de habitantes e mudando seu percentual de repasse a cada 10.000 mil

habitantes, torna-se significativa a diminuição da população neste município. Nos

municípios que compõem essa faixa populacional, a perda de habitantes da área

rural entre 1991 e 2000 está entre 3,30% a 8,51%, com destaque para o

município de Flórida Paulista que apresentou uma diminuição de 14,88%. Já no

período seguinte – 2000 a 2010 – há municípios que ganham população rural,

como Lucélia e Flórida Paulista.

Nos municípios com população com até 10.000 mil habitantes destacamos

Pracinha. A população do município de Pracinha perfazia em 2000, 1.443

habitantes, em 2010 registra-se um contingente populacional de 2.863

habitantes. Este incremento populacional explica-se pela população carcerária

recebida após dezembro de 2006, com a inauguração da unidade prisional.

Observamos que os menores municípios são os que apresentam na região,

percentualmente, a maior perda de população total no período de 2000 a 2010,

destacando Flora Rica e Arco-Íris, com perda significativa de população (-19,52%

e -11,00%, respectivamente). Já com relação à população rural, entre 1991 e

2000, a perda fica entre 9,74% a 15,33% sendo que o incremento na população

urbana não acompanha as perdas. Destacamos, ainda que no período seguinte

Irapuru tem incremento de população rural de aproximadamente 25,00%.

Considerando que essas cidades estão no limite inferior da complexidade urbana,

seu pequeno dinamismo econômico não consegue absorver todo fluxo migratório

advindo do campo.

Mapa 23 Nova Alta Paulista

População - 2010

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Tabela 16

Nova Alta Paulista - População Total, Rural e Urbana - 1991, 2000 e 2010. Municípios População Urbana Rural População Urbana Rural População Urbana Rural Total 1991 Total 2000 Total 2010

Municípios com mais de 50.000 mil habitantes Tupã 61.302 55.578 5.724 63.333 60.366 2.967 63492 60946 2546 90.66% 9,34% 95,32% 4,68% 96,00% 4,00%

Municípios com população entre 20.000 a 50.000 mil habitantes Dracena 39.693 34.863 4.830 40.500 37.153 3.347 43263 39946 3317 87,83% 12,17% 91,74% 8,26% 92,00% 8,00% Adamantina 32.091 27.662 4.429 33.497 30.368 3.129 33797 31948 1849 86,20% 13,18% 90,66% 9,34% 95,00% 5,00% Osvaldo Cruz 28.918 23.663 5.255 29.648 26.141 3.507 30917 27782 3135 81,83% 18,17% 88,17% 11,83% 90,00% 10,00%

Municípios com população entre 10.000 a 20.000 mil habitantes Lucélia 19.289 15.731 3.555 18.316 15.698 2.618 19885 17222 2663 81,55% 18,43% 85,71% 14,29% 87,00% 13,00% Bastos 19.116 15.191 3.925 20.588 17.040 3.548 20461 17624 2837 79,47% 20,53% 82,77% 17,23% 86,00% 14,00% Junqueirópolis 17.708 12.769 4.939 17.005 13.420 3.585 18726 15399 3327

72,11% 27,89% 78,92% 21,08% 82,00% 18,00% Tupi Paulista 14.045 10.621 3.424 13.286 10.877 2.409 14262 11203 3059 75,62% 24,38% 81,87% 18,13% 89,00% 21,00% Flórida Paulista 12.510 8.257 4.253 11.106 8.982 2.124 12849 10138 2711

66,00% 34,00% 80,88% 19,12% 79,00% 21,00% Pacaembu 12.365 8.317 4.048 12.518 9.497 3.021 12934 9745 3189 67,26% 32,74% 75,87% 24,13% 75,00% 25,00% Panorama 12.343 10.702 1.641 13.649 12.665 984 14603 14168 435 86,71% 13,29% 97,79% 7,21% 97,00% 3,00% Parapuã 11.418 7.477 3.941 11.104 8.494 2.610 10844 8896 1948 65,48% 34,52% 76,49% 23,51% 82,00% 18,00% Rinópolis 11.169 7.768 3.401 10.255 7.948 2.307 9935 8636 1299 69,55% 30,45% 77,50% 22,50% 87,00% 13,00%

Municípios com população até 10.000 mil habitantes Arco-Íris 2.163 1.068 1.095 1925 1097 828 49,38% 50,62% 57,00% 43,00% Flora Rica 2.380 1.476 904 2.177 1.568 609 1752 1418 334 62,02% 37,98% 72,03% 27,97% 81,00% 19,00% Herculândia 7.036 5.216 1.820 7.992 6.824 1.165 8696 7921 775 74,13% 25,87% 85,39% 14,58% 91,00% 9,00% Iacri 7.038 4.039 2.999 6.784 4.795 1.988 6419 5050 1369 57,39% 42,61% 70,68% 29,30% 79,00% 21,00% Inúbia Paulista 3.355 2.468 887 3.318 2.764 554 3630 3177 453 73,56% 26,44% 83,30% 16,70% 88,00% 12,00% Irapuru 8.257 5.399 2.858 7.454 5.629 1.828 7787 5505 2282 65,39% 34,61% 75,52% 24,52% 71,00% 29,00% Mariápolis 4.352 2.498 1.857 3.854 2.803 1.051 3916 3137 779 57,40% 42,60% 72,73% 27,27% 80,00% 20,00% Monte Castelo 4.718 2.897 1.821 4.089 3.004 1.085 4063 3211 852 61,40% 38,60% 73,47% 26,53% 79,00% 21,00% Nova Guataporanga 2.133 1.527 606 2.087 1.728 359 2178 1893 285

71,59% 28,41% 82,80% 17,20% 87,00% 13,00% Ouro Verde 7.093 5.666 1.427 7.148 6.345 803 7794 7170 624 79,88% 20,12% 88,77% 11,23% 92,00% 8,00% Paulicéia 4.157 3.074 1.083 5.302 3.934 1.368 6342 5271 1071 73,95% 26,05% 74,20% 25,80% 83,00% 17,00% Pracinha 1.431 1.186 245 2863 1369 1494 82,88% 27,12% 48,00% 52,00% Queiroz 1.936 1.300 636 2.171 1.659 512 2808 2385 423 67,15% 32,85% 76,42% 23,58% 85,00% 15,00% Sagres 2.653 1.214 1.439 2.439 1.578 861 2395 1819 576 45,76% 54,24% 64,70% 35,30% 76,00% 24,00% Salmourão 4.462 3.212 1.250 4.401 3.561 840 4818 4321 497 71,99% 28,01% 80,91% 19,09% 90,00% 10,00% Santa Mercedes 2.982 2.044 938 2.803 2.231 572 2831 2458 373

68,54% 31,46% 79,59% 20,41% 87,00% 13,00% São J. do P. D`Alho 2.814 1.673 1.141 2.180 1.611 569 2103 1705 398

59,45% 40,54% 73,90% 26,10% 81,00% 19,00%

Total 357.333 282.302 75.031 362.598 310.937 51.660 378288 332560 45728 Fonte: IBGE, censo demográfico de 1991, 2000 e 2010. Org. Claudia Marques Roma, 2010.

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4. Vias de acesso

A principal ligação entre a região e as cidades de São Paulo, Marilia,

Presidente Prudente e ao Estado de Mato Grosso do Sul é realizada pela

Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP 294) e localizam-se às

margens dela as cidades de Tupã, Osvaldo Cruz, Adamantina e Dracena,

além de Herculândia, Iacri, Parapuã, Inúbia Paulista, Lucélia, Flórida

Paulista, Pacaembu, Irapuru, Junqueiropólis, Santa Mercedes, Paulicéia e

Panorama.

Transversalmente observamos a presença das Rodovias Gal. Euclides

de Oliveira Figueiredo (SP 583), Júlio Budiski (SP 501), Assis Chateaubriand

(SP 245), principal ligação à cidade de São José do Rio Preto, e da SP 457,

às margens destas localizam-se as cidades de Tupi Paulista e Monte

Castelo, Irapuru e Flora Rica, Rinópolis e Parapuã e Bastos,

respectivamente. O acesso às cidades de Queiroz, Arco-Irís, Sagres,

Pracinha, Mariápolis, Salmourão, Ouro Verde, Nova Guataporanga e São

João do Pau D’alho se dá por vicinais com ou sem pavimentação, conforme

mapa 24.

Mapa 24

Nova Alta Paulista Vias de acesso

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A localização geográfica, também, influi sobre as atividades presentes

nas cidades e encontramos cidades em que estão presentes,

principalmente, as atividades associadas ao circuito inferior, devido a seu

tamanho populacional, sua incipiente função urbana e até mesmo por sua

localização geográfica, pois como afirma Santos (2004, p. 263):

No que diz respeito às atividades do setor moderno, três

elementos essenciais permitem sua expansão: o tamanho da

cidade, seu nível funcional, as economias externas e as

externalidades presentes na cidade. Mas sua instalação

também pode depender seja da decisão dos poderes

públicos, seja da decisão de uma grande firma. Nesse último

caso, trata-se de iniciativas vindas, em geral, de organismos

externos e capazes de tomar macrodecisões que só

interessam ao setor moderno da cidade devido à localização.

As cidades, do porte populacional de Tupã, Osvaldo Cruz, Adamantina

e Dracena têm condições de estabelecer em seus espaços urbanos a inter-

relação entre os circuitos superior e inferior, mesmo que se verifique a

predominância do último. O tamanho das cidades não é inexpressivo,

possibilitando que se desenvolvam funções urbanas mais sofisticadas, fator

que, associado à suas posições geográficas, favorece uma melhor circulação

de produtos e mercadorias.

A circulação do capital pouco depende da posição geográfica, pois os

sistemas de telecomunicações permitem que as informações financeiras

sejam transmitidas via satélite. Porém, no que se refere aos bens materiais,

a posição geográfica ainda é relevante. No caso dos municípios citados

acima, suas localizações às margens da Rodovia Comandante João Ribeiro

de Barros (mapa 24) facilita a instalação de empresas ligadas ao circuito

superior, mas também se desenvolve uma série de atividades do circuito

inferior como, por exemplo, pequenas mercearias de bairros, oficinas e lojas

de conserto de equipamentos elétricos e eletrônicos, dentre outros. A

existência dos dois circuitos faz com que as cidades tenham possibilidades

de manterem, na rede urbana, uma relação de complementaridade mais

evidente com outros centros.

Ainda no que se refere à localização geográfica, as cidades que mais

se desenvolveram foram Tupã, Osvaldo Cruz, Adamantina e Dracena.

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Dentre essas a única que não se constituiu como “Ponta de Trilho” ou “Boca

de Sertão” no período de colonização foi à cidade de Osvaldo Cruz.

Devemos ressaltar que para as cidades se estruturarem a ponto de

viabilizar uma maior complementaridade com outras localidades, a

localização geográfica deve associar-se aos fatores populacionais, políticos e

funcionais. Por exemplo, as cidades de Rinópolis, Lucélia, e Panorama estão

localizadas às margens de rodovias importantes, mas não apresentam o

mesmo dinamismo que as cidades da Nova Alta Paulista com população

acima de 20 mil habitantes.

Essa discussão nos remete as cidades que estão mais distantes das

principais rodovias e cujo acesso se dá por vicinais com ou sem

pavimentação. Cidades como Arco-Irís, Pracinha, Sagres, Mariápolis, Nova

Guataporanga e São João do Pau D’Alho, caracterizam-se pela

predominância maciça das atividades do circuito inferior. Seus tamanhos

populacionais determinam que as funções urbanas sejam destinadas apenas

a suprir as necessidades básicas da população e, juntamente, com suas

posições geográficas, inibem a instalação de empresas ligadas ao circuito

superior. Nesse contexto, as atividades econômicas urbanas são

predominantemente do circuito inferior da economia, fazendo com que seus

moradores dependam de outras cidades para o acesso a bens e serviços na

rede urbana.

Para que os ramos de atividades ligados ao circuito superior da

economia sejam atraídos para uma determinada área é preciso que haja

uma série de suportes e benfeitorias, como destaca Lojkine (1997 [1981],

p. 145):

(...) é o conjunto dos meios de formação de uma força de

trabalho complexa, adaptada às novas condições de

trabalho como à nova divisão das atividades, que é

adaptada a esta socialização do território nacional e

multinacional: para localizar suas unidades de produção, de

gestão, de pesquisa ou direção, os capitalistas exigem

mais, não só estradas ou instrumentos de telecomunicação

mas também conjuntos coletivos de habitação, escolas,

universidades, centros de pesquisa (...).

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As cidades citadas acima, estão localizadas aproximadamente 600 km

da metrópole paulistana, distante de 70 a 160 km das cidades médias que

as circundam, com deficientes sistemas de transporte, dificilmente

apresentarão condições de oferecer suportes às empresas ligadas ao

circuito superior da economia.

5. Unidades prisionais

No Brasil, até o início da década de 1980, as questões regionais e as

políticas públicas foram tratadas de forma verticalizada, concentrando as

decisões políticas-administrativas no governo central. A Constituição de

1988 introduziu alterações nesse perfil, inaugurando um ciclo

descentralizador, no qual, os estados e municípios passam a desempenhar

um papel mais ativo no desenvolvimento de programas e projetos de

alcance local/regional.

O modelo de descentralização adotado, a partir de então, desobriga a

ação direta do estado Nacional e, também “procura estimular a autonomia

financeira de estados e municípios, transferindo parte do encargo relativo

ao desenvolvimento local para os governos subnacionais” (FARAH, 2003, p.

83). A autora ainda comenta que embora tenha havido transferências de

recursos para estados e municípios, esses ainda se defrontam com

dificuldades financeiras, levando-os a desenvolverem projetos de

desenvolvimento local e nesse esforço tendem estabelecer relações de

disputa pautando-se numa ideologia não cooperativa.

É nesse sentido que Vainer (2002) apresenta um debate teórico-

conceitual sobre o poder das escalas da ação política. O autor destaca que a

polaridade global x local domina o debate contemporâneo. De um lado os

que defendem a escala global apontam que o Estado Nacional torna-se cada

vez mais imponente frente aos novos desafios políticos, econômicos, sociais

e ambientais. De outro lado, os localistas apontam que os governos locais

seriam mais eficazes para atrair empresas e promover sua competitividade,

além de oferecer base histórica e cultural para integração dos indivíduos.

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Neste novo contexto, Vainer (2002) aponta para necessidade de uma

articulação das escalas, ou seja, somente uma análise trans-escalar poderia

responder as questões postas atualmente.

As questões sobre centralização e descentralização política realizadas

até aqui, tornam-se relevantes para destacar que na prática são as políticas

verticalizadas, também nos governos estaduais, as mais propensas à

efetivação. Como podemos observar na decisão verticalizada de

descentralização penitenciária realizada no Estado de São Paulo.

O início desse processo deu-se com Mario Covas, a partir de 1997,

quando foram construídas simultaneamente 21 penitenciárias e três

presídios semi-abertos, a maioria no interior paulista, dos quais dez

unidades foram inauguradas na Nova Alta Paulista, concentrando mais de

onze mil detentos, conforme podemos observar no mapa 25.

Gil (2007, p. 27) ao realizar entrevistas com a classe político-

econômica da região destaca que “esse fato inaugura uma nova fase de

relacionamento da região com o governo estadual, que procurou estar mais

presente, atendendo algumas das antigas reivindicações, como

contrapartida da decisão.”. A autora ainda destaca que “nas lideranças

locais, percebe-se grande empenho em aproximar-se do governo do Estado,

acatando-lhe as políticas compensatórias”.

A desconcentração penitenciária, que para se efetivar devido a crise

orçamentária do governo estadual precisava de ““parcerias” com os

municípios, principalmente os mais pobres” (Gil, 2007, p. 236), passa

ideologicamente, de uma ação verticalizada para uma ação articulada com a

escala local.

O governo estadual necessita do “aceite” dos municípios para efetivar

sua decisão vertical, para isso oferece medidas compensatórias, tais como

atender algumas das antigas reivindicações da região, e a classe político-

econômica, para alcançar o “desenvolvimento regional”, as aceita sem

nenhuma discussão aprofundada de quais seriam as vantagens e

desvantagens dessa reestruturação espacial.

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Não nos aprofundaremos a respeito das vantagens e desvantagens

dessa reestruturação da Nova Alta Paulista, pois a questão prisional

brasileira e de segurança pública vai muito além de um subitem para

caracterização de uma região. Porém algumas observações podem ser

suscitadas a fim de instigar novas investigações.

Os principais argumentos para instalação das unidades prisionais

estão relacionados à geração de emprego e renda e arrecadação de ISS na

fase de construção.

Assim, as unidades prisionais geram emprego e renda de forma

direta e indireta, movimentando o comércio local das cidades onde residem

os funcionários, além de vários itens da alimentação oferecida aos detentos

ser advindas do próprio município aquecendo a economia local.

As vagas de emprego oferecidas nas unidades prisionais são

preenchidas mediante realização de concurso público, desta forma, não

assegurando que os moradores das cidades onde se localizam uma unidade

prisional sejam os beneficiados diretos da ampliação de oferta de vagas. No

entanto, devemos considerar que esses trabalhadores residem em algum

lugar e, é, justamente nesse ponto que as cidades sub-regionais mais

desenvolvidas como Tupã, Osvaldo Cruz, Adamantina, Dracena e até

mesmo as cidades de Lucélia, Bastos e Junqueiropolis, por exemplo, se

destacam em relação às cidades locais híbridas, como Pracinha.

As cidades locais híbridas são aglomerações em seu nível mais

fundamental, localizadas no limite inferior da complexidade urbana e assim

possuindo funções urbanas mais simples, desempenhando papel de

dependência em relação a outras localidades. Essas aglomerações, para

conseguirem suprir as demandas consideradas básicas, recorrem à mão de

obra de outras cidades, além do acesso a serviços e equipamentos mais

especializados serem obtidos, necessariamente, em cidades que

apresentam funções urbanas mais elevadas.

Assim, indagamos: os servidores públicos da unidade prisional de

Pracinha residem na cidade? E concordando com Gil (2007, p. 236)

“mesmo que parte destes funcionários opte por morar na cidade sede de

trabalho, o aporte econômico proporcionado pelos novos salários ocorre de

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modo pulverizado, não alavancando atividades que sejam geradoras de

desenvolvimento.”

Os municípios recebem o FPM pelo número de residentes em seu

território, alterando seu percentual de repasse a cada 10.000 mil

habitantes. Por exemplo, em entrevista realizada por (GIL, 2007, p. 240)

com Aristides Alonso Portela, 62 anos, PSDB, ex-prefeito de Tupi Paulista.

Observa-se que:

Tupi Paulista tinha uma população em torno de 13.000

habitantes e a divisão do FPM é proporcional ao número de

habitantes. Como perdemos muita gente nos últimos anos,

ficamos com o menor índice de arrecadação: 0,8%. A

diferença para atingirmos 1% era de apenas 200 pessoas e

isso representaria um acréscimo de 25% no total da receita.

Recebíamos R$ 400.000,00/mês e passaríamos a receber R$

100.000,00 a mais. Os presos supririam a diferença. Além

desse fator orçamentário, havia os empregos e o incremento

no comércio local, com o abastecimento do presídio. Quanto

à segurança, outros municípios já tinham abrigado presídios

e não apresentavam problemas. Inicialmente eu era contra,

mas diante dos fatos e dos números, mudei de idéia.

O município de Pracinha, como já destacado anteriormente, possuía

em 2000 um contingente populacional de 1.443. Em 2010 salta para 2.863,

sendo que 1.063 são detentos da unidade prisional. Qual foi o efetivo ganho

que a cidade de Pracinha obteve? Quais as questões relacionadas às

políticas de saúde?

Além disto, as unidades prisionais servem de justificativa, para o

acirramento da segmentação socioespacial do espaço urbano dessas

pequenas cidades, reforçado pela ação dos agentes imobiliários, como

observado por Roma (2008) ao trabalhar com a cidade de Osvaldo Cruz.

A região da Nova Alta Paulista é empobrecida, principalmente, no que

tange os municípios com menor contingente populacional.

Bitoun (2009) ao trabalhar com a tipologia das cidades brasileiras

realiza uma caracterização sub-regional, caracterizando, quatro tipos sub-

regionais do PNDR resultantes da combinação de níveis de rendimento e de

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níveis de variação do PIB. Esses quatro tipos são: tipo 1 – alta renda; tipo 2

– dinâmica; tipo 3 – estagnada; tipo 4 – baixa renda.

Ao analisarmos o mapa com a caracterização desses quatro tipos,

podemos observar para o estado de São Paulo a predominância do tipo 1 –

“alta renda” -, no entanto, a área que se entende pela microrregião de

Dracena e Adamantina, nas quais, estão localizados a maior parte dos

municípios que compõem a Nova Alta Paulista, se caracteriza como tipo 3

“estagnadas”.

Com relação aos indicadores sociais, como os índices de pobreza e de

Gini, destacamos que na região os municípios com menor número de

habitantes são as que possuem os piores índices de referência.

Identificamos que Pracinha possui o pior índice de pobreza com 66,22%,

seguida de Queiroz (55,75%) e Santa Mercedes com 50,69%, enquanto que

em Tupã e Osvaldo Cruz temos um percentual de 20,12% e 18,12%,

respectivamente. No índice de Gini, os piores indicadores estão presentes

em Arco-Íris (0,33), Queiroz e Pracinha, ambos com 0,34 e, a melhor

avaliação é obtida pelos municípios de Tupã, Dracena e Adamantina, ambos

com 0,45.

Também no que se refere a indicadores econômicos, observamos que

na composição do PIB da indústria, da agropecuária e dos serviços os

municípios mais populosos também se destacam em relação às localidades

com contingente populacional menor, mesmo que no geral possamos

perceber algumas variações e especificidades.

Assim, atrelando a composição dos PIBs dos municípios com as

funções urbanas desempenhadas por cada cidade, podemos afirmar que as

cidades menores são as que apresentam o menor dinamismo no setor

agropecuário, industrial e de serviços, no número de empresas locais, no

número de estabelecimentos de saúde e os piores indicadores sociais.

Quando se refere à população que depende do circuito “marginal” da

economia, Gunder (1966), apud Santos (1978, p. 28), afirma que: “os

pobres ‘não são socialmente marginais, e sim rejeitados; não são

economicamente marginais, e sim explorados; não são politicamente

marginais e sim reprimidos’”. Podemos estender essa reflexão para as

cidades inseridas no circuito inferior da economia porque, mesmo sendo

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248

vistas social, econômica e politicamente como marginalizadas, fazem parte

do sistema que possibilita e reproduz a divisão territorial do trabalho.

Ainda, a fim de compreender as cidades localizadas na Nova Alta

Paulista, com base no mapeamento realizado por Roma (2010) tendo como

referência o ano de 2000, apresentavam uma diferenciação socioespacial

existente entre os espaços.

Esse mapeamento (em anexo) permite-nos visualizar o espaço

intraurbano na escala interurbana, ou seja, os setores censitários das

cidades podem ser observados com os mesmos valores de referência na

escala interurbana, nos permitindo uma comparação entre as diferentes

cidades. Dessa forma, compreender as articulações escalares, identificando

que os processos sociais que ocorrem em uma determinada escala, não se

restringem a ela.

Assim, referente os indicadores relacionados aos domicílios e

infraestruturas urbanas não há uma diferenciação acentuada entre as

diferentes cidades, em praticamente todas as localidades podemos observar

setores com melhores e piores indicadores.

No entanto, analisando os indicadores econômicos, podemos ressaltar

claramente que as cidades com menor contingente populacional apresentam

os menores níveis de renda. Nos indicadores responsável pelos domicílios

sem rendimento mensal, responsável pelos domicílios com rendimento

mensal de até meio salário mínimo e responsável pelos domicílios com

rendimento mensal de meio a dois salários mínimos, destacamos: no

primeiro com o pior percentual a cidade de Panorama, no segundo as

cidades de Rinópolis, Ouro Verde, Monte Castelo, Flórida Paulista, Flora

Rica, Pracinha, Herculândia e Osvaldo Cruz e no terceiro as localidades de

Ouro Verde, Nova Guataporanga, Flora Rica, Queiroz e Osvaldo Cruz.

Ainda em relação a esses indicadores, constatamos que um número

elevado de setores censitários das cidades locais híbridas são classificados

como intermediários para pior. Já nos centros sub-regionais estão os

melhores indicadores e os intermediários para melhor. Destacamos nesse

grupo que a cidade de Osvaldo Cruz apresenta em seu espaço urbano dois

setores censitários classificado como pior e intermediário para pior, sendo

um deles o setor censitário denominado pelo IBGE como aglomerado sub-

normal “favela”.

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249

Quando analisamos o indicador responsável pelo domicílio com

rendimento mensal com mais de 15 salários mínimos evidencia-se, ainda

mais, a diferença de nível socioeconômico presente nas cidades da Nova

Alta Paulista. Com os melhores indicadores temos somente as cidades de

Dracena, Adamantina e Tupã e, como intermediários as cidades de

Junqueirópolis, Pacaembu, Tupi Paulista, Lucélia, Bastos e Osvaldo Cruz.

Ressaltamos que praticamente todos os setores censitários das cidades com

população inferior a 5.000 habitantes, as quais estão inseridas no limite

inferior da complexidade urbana, apresentaram os piores indicadores

(Queiroz, Arco-Íris, Mariápolis, Pracinha, Inúbia Paulista, Salmourão,

Sagres, Flora Rica, Santa Mercedes, São João do Pau D’Alho, Ouro Verde e

Nova Guataporanga), somente em Monte Castelo e Inúbia Paulista

observamos setores censitários classificados como intermediários para pior,

perfazendo 3,85 a 6,55% dos domicílios.

Os indicadores sociais. No que concerne à escolaridade responsável

pelos domicílios sem instrução e menos de um ano de estudo, e responsável

pelos domicílios com 17 anos ao mais de estudo, identificamos também que

nas cidades locais híbridas estão os piores níveis de escolaridade.

No primeiro os setores censitários com os piores indicadores estão

nas cidades de Flora Rica e Osvaldo Cruz e os melhores percentuais podem

ser observados em Tupã, Dracena, Adamantina, Osvaldo Cruz, Tupi

Paulista, Junqueirópolis, Parapuã, Herculândia, Bastos e Iacri. Destacamos,

novamente, que nas cidades menores não há ocorrência de nenhum

indicador classificado como melhor sendo que os intermediários estão

indicando para pior, enquanto nas maiores além de estruturarem em seus

espaços os melhores indicadores (exceto um setor de Osvaldo Cruz)

observamos os intermediários para melhor.

No segundo evidencia-se que os maiores níveis de escolaridade

acompanham o aumento no contingente populacional da região. Somente

na cidade de Tupã, constatamos a presença de setores censitários

classificados com os melhores indicadores, enquanto em Adamantina,

Dracena e Osvaldo Cruz e as localidades com população acima de 5.000

habitantes apresentam indicadores intermediários. Nesse indicador,

constatamos que todos os setores censitários das cidades locais híbridas,

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inseridas no limite inferior da complexidade urbana, são considerados como

piores.

Essa caracterização da região da Nova Alta Paulista, enquanto

realidade empírica torna-se importante para que possamos melhor

compreender as dinâmicas estruturadora que se estrutura os processos

socioespaciais analisados nesse trabalho, ou seja, em que contexto

socioespacial estão inseridas as cidades analisadas nesse trabalho.

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APÊNDICE 2

DESCRIÇÃO METODOLÓGICA

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1. Coleta dos dados

A) Nossa principal fonte secundária de coleta de dados é o IBGE. Assim

utilizamos as informações disponibilizadas dos Censos Demográficos de

1991, 2000 e 2010, dos Censos Agropecuários de 1995 e 2006, da

Pesquisa Agrícola Municipal de 2002, 2006 e 2008, da base de dados

@cidades® e do projeto canasate.

No Censo Agropecuário de 2006, os dados referentes à área dos

estabelecimentos agropecuários estruturam-se da seguinte maneira:

Ouro Verde - SP Total 20360

Ouro Verde - SP Mais de 0 a menos de 0,1 ha -

Ouro Verde - SP De 0,1 a menos de 0,2 ha -

Ouro Verde - SP De 0,2 a menos de 0,5 ha -

Ouro Verde - SP De 0,5 a menos de 1 ha X

Ouro Verde - SP De 1 a menos de 2 ha X

Ouro Verde - SP De 2 a menos de 3 ha 7

Ouro Verde - SP De 3 a menos de 4 ha 18

Ouro Verde - SP De 4 a menos de 5 ha 110

Ouro Verde - SP De 5 a menos de 10 ha 365

Ouro Verde - SP De 10 a menos de 20 ha 768

Ouro Verde - SP De 20 a menos de 50 ha 1630

Ouro Verde - SP De 50 a menos de 100 ha 1745

Ouro Verde - SP De 100 a menos de 200 ha 1896

Ouro Verde - SP De 200 a menos de 500 ha 4963

Ouro Verde - SP De 500 a menos de 1000 ha 2954

Ouro Verde - SP De 1000 a menos de 2500 ha X

Ouro Verde - SP De 2500 ha e mais X

Ouro Verde - SP Produtor sem área -

OBS: 1 - Os dados das Unidades Territoriais com menos de 3 (três) informantes estão

desidentificados com o caractere X.

Ao somarmos as áreas dos estabelecimentos agropecuários dos

municípios, observamos que o total obtido não corresponde ao total da área

do município. Nesse sentido, a diferença entre a soma das áreas e o total

foi por nós acrescentadas nos locais assinalados com o caractere “X”.

Exemplificando:

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Ano 1995 Ouro Verde

menos de 20 1466,804

20 - 50 1855,955

50 - 100 1395,13

100 - 200 1683,86

200 - 500 5283,018

500 - 1000 6892,26

de 1000 a mais 8513,56

Total soma das áreas 27090,587

Total área do município 27090,587

Diferença 0

Ano 2006 Ouro Verde

menos de 20 hectares 1273

20 - 50 hectares 1630

50 - 100 hectares 1745

100 – 200 hectares 1896

200 – 500 hectares 4963

500 – 1000 hectares 2954

de 1000 a mais hectares 5899

Total soma das áreas 14456

Total área do município 20360

Diferença 5904

Constatamos que na maioria dos municípios o caractere “X” identifica

as áreas de 1.000 a mais hectares, ou seja, na escala municipal este

cuidado do IBGE para preservar a individualidade dos informantes de

poucas unidades acaba mascarando o aumento da concentração fundiária

na região. Sem essa adequação o percentual das áreas com mais de 1.000

hectares em 2006 passaria de 29,97% para 20,68% do total, não

correspondendo à realidade.

B) Coleta de dados mediante trabalho de campo.

- Realizamos trabalhos junto às unidades do IBGE, para esclarecimentos de

dúvidas sobre dados e informações encontrados nas fontes secundárias;

- Visitamos todas as trinta cidades da Nova Alta Paulista para confirmar

informações coletadas nas fontes secundárias; analisar a estruturação do

espaço intraurbano; efetuar levantamento dos usos do solo, dos meios de

consumo coletivo e individual e; verificar as formas e condições de acesso a

essas localidades.

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- Trabalho de campo com aplicação de questionários junto à população das

cidades selecionadas para estudo;

-Entrevistas, nas cidades selecionadas, com trabalhadores migrantes

destinados ao corte da cana-de-açúcar.

- Trabalho de campo junto à população das cidades de Dracena,

Adamantina e Lucélia para verificar as questões correlacionadas ao processo

de segregação socioespacial interurbana.

- Trabalho de campo com aplicação de questionários junto ao comércio e

serviços referente as características do circuito inferior da economia urbana.

2. Levantamento de dados para mapeamento

Optamos por descrever essa metodologia e formas estatísticas de

compilação dos dados por entender que as modelagens estatísticas não

explicam os processos, mas facilitam uma melhor utilização e visualização

das informações.

Os indicadores utilizados para realizar o mapeamento do espaço

intraurbano das cidades, tiveram como fonte o Censo Demográfico de 2000

(para análise das cidades que seriam selecionadas para pesquisa) e 2010

(Dados do Universo), a partir das informações por setores censitários das

cidades, que apresentam uma infinidade de informações às quais tivemos

acesso, junto ao IBGE.

Para cada indicador – 19 no total (exemplo utilizando o mapeamento

com os dados do Censo Demográfico de 2000) – elaboramos uma tabela

contendo os setores censitários e as informações relacionadas de todas as

cidades analisadas. Desta forma, estaremos transformando as diferentes

cidades em partes de um todo e, posteriormente, realizando a análise

todo/parte.

Exemplo de tabela com apenas alguns setores:

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Tabela 17 Nova Alta Paulista

Setores censitários e indicadores, 2000

setores A B C D E F G H I J L M N O P Q R S T U

Adamantina 1 302 0,00 2,32 0,66 0,00 5,30 0,00 0,00 0,00 0,00 99,67 0,33 0,00 0,99 0,00 19,87 14,90 8,61 2,32 0,99

Adamantina 2 306 0,00 0,00 0,00 0,00 3,27 100,00 0,33 100,00 0,00 100,00 0,00 12,91 2,29 0,33 23,53 10,46 9,80 0,98 0,65

Adamantina 3 253 0,40 3,16 1,19 0,00 11,07 99,67 0,00 100,00 0,40 100,00 0,00 13,73 0,00 0,40 14,62 25,69 10,67 2,37 0,00

Adamantina 4 291 0,00 0,00 7,90 0,00 4,81 100,00 0,00 99,60 0,00 100,00 0,00 17,00 6,53 0,34 22,68 20,96 11,00 3,09 0,69

Adamantina 5 308 0,00 0,00 0,00 0,00 3,25 100,00 0,00 100,00 0,00 100,00 0,00 15,12 1,30 0,32 23,70 12,01 14,61 1,62 0,32

Adamantina 6 303 0,00 0,00 0,00 0,00 1,98 100,00 0,00 100,00 0,00 100,00 0,00 13,64 4,29 0,33 30,03 7,26 15,18 1,32 0,00

Adamantina 8 281 0,00 0,00 0,00 0,00 1,42 100,00 0,00 100,00 0,00 100,00 0,00 18,81 0,00 0,71 23,84 9,61 12,10 1,07 0,00

Adamantina 9 202 0,00 0,00 0,00 0,00 0,50 100,00 0,00 100,00 0,00 100,00 0,00 17,79 0,00 0,50 50,00 1,98 18,32 0,50 0,00

Adamantina 10 216 0,00 4,63 0,00 0,00 0,00 100,00 0,46 100,00 0,00 99,54 0,46 15,84 0,00 0,00 43,06 0,46 20,37 0,93 0,00

Adamantina 11 303 0,00 0,33 4,95 0,00 1,65 99,54 0,33 100,00 0,00 100,00 0,00 20,83 0,00 0,33 26,40 12,54 12,87 0,33 0,33

Adamantina 12 373 0,00 0,00 0,00 0,80 5,09 99,67 1,07 100,00 0,00 99,20 0,80 15,51 0,80 0,00 26,54 10,46 11,26 1,34 0,00

Adamantina 13 353 0,00 0,00 0,85 0,00 0,00 98,12 1,70 100,00 1,70 100,00 0,00 13,67 0,28 0,57 41,93 1,70 21,81 0,00 0,57

Adamantina 14 295 0,00 1,02 0,00 0,00 0,34 98,30 0,68 98,30 0,00 100,00 0,00 20,11 3,05 0,34 37,63 4,75 21,36 0,34 0,00

Adamantina 15 332 0,30 0,00 0,00 1,51 0,00 99,32 7,83 100,00 0,00 100,00 0,00 19,32 3,31 1,81 54,52 1,51 25,60 0,30 0,60

Adamantina 16 352 0,28 1,14 0,00 1,42 0,28 90,66 4,55 100,00 0,00 99,43 0,57 21,69 14,49 2,84 55,40 0,28 24,72 0,00 0,28

Adamantina 17 365 0,27 2,19 0,00 0,00 0,00 94,03 9,32 100,00 0,27 99,73 0,27 27,84 4,93 1,92 62,74 0,27 23,01 1,64 0,27

Adamantina 18 390 0,00 0,26 0,00 0,00 3,59 90,68 0,26 99,73 0,00 100,00 0,00 25,21 5,64 0,00 29,49 10,26 17,69 0,77 0,26

Adamantina 19 327 0,00 0,00 0,00 0,00 0,31 99,74 0,00 100,00 0,00 100,00 0,00 18,72 3,98 0,31 38,53 1,22 16,82 0,00 0,31

Adamantina 20 194 0,00 0,00 0,00 1,03 1,03 100,00 0,00 100,00 0,52 100,00 0,00 20,80 2,06 0,52 55,15 0,52 23,71 0,00 1,03

Adamantina 21 192 0,00 0,00 0,00 0,00 4,69 98,97 0,00 99,48 0,00 99,48 0,52 20,10 0,00 0,52 28,65 13,02 13,54 1,04 0,00

Adamantina 22 201 0,00 0,00 0,00 0,50 1,00 100,00 6,47 100,00 0,00 100,00 0,00 21,88 1,49 0,00 24,88 1,00 11,94 1,00 1,00

Adamantina 23 208 0,00 0,48 0,00 0,00 1,44 93,03 0,96 100,00 0,00 100,00 0,00 17,91 1,44 0,00 30,77 3,37 8,65 0,96 0,48

Adamantina 24 369 0,00 0,00 0,00 0,00 1,36 99,04 1,90 100,00 0,00 100,00 0,00 23,08 1,90 0,00 32,52 6,50 15,99 0,81 0,00

Adamantina 25 252 0,00 0,00 0,00 0,00 0,40 98,10 0,00 100,00 0,00 100,00 0,00 11,11 0,40 0,40 36,90 1,19 16,67 0,40 0,00

Adamantina 26 247 0,40 0,00 0,00 0,40 2,43 100,00 0,40 100,00 0,00 100,00 0,00 24,60 1,62 0,00 35,22 7,69 14,57 0,40 0,40

Adamantina 27 193 1,04 0,00 0,00 0,00 0,00 99,19 0,00 100,00 0,00 99,48 0,52 16,60 0,00 0,52 56,99 0,00 10,88 1,04 0,00

Adamantina 28 228 0,44 0,00 0,00 0,00 0,00 100,00 1,75 100,00 0,00 99,12 0,88 17,10 3,51 0,00 57,02 0,00 23,25 0,00 0,88

Adamantina 29 247 0,81 0,00 0,00 0,40 0,00 98,25 0,00 100,00 0,00 99,60 0,40 25,44 1,62 0,00 65,99 0,00 27,53 0,00 0,40

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256

Adamantina 30 283 0,71 2,12 0,00 0,00 0,71 99,60 2,47 100,00 0,00 99,65 0,35 33,60 0,71 1,06 36,40 2,12 17,31 0,35 0,35

Adamantina 31 249 0,40 3,61 0,00 2,41 0,40 97,53 11,65 100,00 0,40 98,39 1,61 17,67 8,84 2,41 48,19 0,80 24,50 1,61 0,00

Adamantina 33 14 0,00 0,00 0,00 0,00 7,14 85,94 #### 99,6 100,00 100,00 0,00 24,90 0,00 0,00 28,57 28,57 14,29 0,00 0,00

Adamantina 34 275 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 94,55 5,09 99,64 0,36 99,64 0,36 7,14 4,73 2,55 45,45 0,73 20,00 0,00 0,00

Arco-Íris 1 304 0,00 0,00 0,00 0,66 0,00 97,37 1,97 99,34 0,66 99,01 0,99 21,82 2,96 1,32 66,45 0,99 33,88 0,00 0,66

Bastos 1 180 0,00 0,00 0,00 0,00 2,78 100,00 0,00 100,00 0,00 99,44 0,56 24,01 1,67 0,00 23,33 8,89 10,00 0,56 0,00

Bastos 2 265 0,00 0,38 0,00 0,00 2,64 100,00 0,00 100,00 0,00 100,00 0,00 24,44 1,51 0,00 32,45 8,30 8,30 1,13 0,75

Bastos 3 310 0,32 0,97 0,00 0,32 1,94 99,35 0,32 99,35 0,00 99,35 0,65 20,75 0,32 0,65 20,32 15,16 4,84 2,26 0,32

Bastos 4 203 0,00 0,49 0,00 0,00 0,00 99,01 0,99 100,00 0,00 100,00 0,00 22,58 7,88 0,99 45,32 1,97 11,82 0,00 0,00

Bastos 5 202 0,99 0,50 0,00 0,00 0,00 98,02 1,98 99,5 0,00 100,00 0,00 21,67 0,50 1,49 59,41 0,00 10,40 0,00 0,50

Bastos 6 176 0,57 0,57 0,00 0,00 0,57 100,00 0,00 100,00 0,00 100,00 0,00 23,27 1,70 1,14 64,77 0,57 20,45 0,00 2,84

Bastos 7 280 0,00 0,36 0,00 0,00 0,36 100,00 0,00 100,00 0,00 100,00 0,00 23,86 2,86 0,00 50,71 1,43 13,21 0,36 0,36

Bastos 8 141 0,00 4,26 0,00 0,71 4,26 90,07 9,22 95,74 0,00 95,74 4,26 20,00 13,48 0,00 31,91 7,09 2,84 0,00 0,71

Bastos 9 190 0,53 0,00 0,00 0,00 0,53 98,95 1,05 100,00 0,00 100,00 0,00 23,40 0,53 1,58 44,21 0,53 10,53 0,53 1,58

Bastos 10 229 0,00 0,00 0,00 0,00 0,44 100,00 0,00 100,00 0,00 100,00 0,00 22,63 0,44 0,87 47,60 1,31 5,24 0,44 0,44

Bastos 11 52 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 88,46 11,54 98,08 0,00 98,08 1,92 24,89 0,00 0,00 42,31 0,00 11,54 0,00 1,92

Bastos 12 211 6,64 0,47 0,00 0,00 0,00 96,21 3,79 96,21 0,00 98,58 1,42 25,00 5,21 0,00 38,39 0,00 5,69 9,95 0,47

Bastos 13 104 1,92 0,00 0,00 1,92 0,00 98,08 0,00 100,00 0,00 100,00 0,00 20,38 2,88 3,85 62,50 0,00 12,50 0,00 0,00

Bastos 14 303 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 99,34 0,66 99,34 0,33 99,67 0,33 28,85 1,98 1,32 64,36 0,00 27,06 0,00 0,33

Bastos 15 345 0,00 6,38 0,00 0,58 0,00 99,13 0,29 98,26 0,29 100,00 0,00 30,03 3,77 2,32 61,16 0,00 21,45 0,00 1,45

Bastos 16 288 0,35 1,39 0,00 0,35 0,00 99,31 0,35 99,65 0,35 92,71 7,29 24,64 5,21 0,69 45,83 0,35 21,53 0,00 1,74

Bastos 17 250 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 98,80 1,20 100,00 0,00 100,00 0,00 23,96 9,20 0,00 50,40 0,40 13,60 0,00 1,60

Bastos 18 290 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 99,31 0,69 100,00 0,00 98,28 1,72 21,20 5,86 1,03 58,28 1,03 15,17 0,00 0,34

Bastos 19 283 0,00 0,00 0,00 0,00 0,71 99,65 0,35 100,00 0,00 99,29 0,71 22,07 1,06 1,41 49,82 2,47 7,42 0,00 0,00

Bastos 20 167 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 100,00 0,00 100,00 0,00 100,00 0,00 28,27 0,60 0,60 44,31 0,00 13,17 0,60 0,60

Bastos 21 234 0,00 0,00 0,00 0,43 0,00 99,57 0,00 100,00 0,00 100,00 0,00 25,15 1,28 3,85 52,56 0,43 10,26 0,00 0,43

Dracena 1 165 0,00 0,00 3,64 0,00 21,82 100,00 0,00 100,00 0,00 100,00 0,00 37,18 1,21 0,00 6,67 29,09 6,67 1,82 0,00

Dracena 2 167 0,00 0,00 0,00 0,00 10,78 100,00 0,00 100,00 0,00 98,20 1,80 7,27 1,20 0,00 14,37 26,95 5,39 2,40 0,00

Dracena 3 255 0,00 0,00 0,39 0,00 7,45 100,00 0,00 100,00 0,00 100,00 0,00 14,37 1,18 0,00 24,31 17,65 11,37 1,96 0,00

Dracena 4 169 0,00 0,00 0,00 0,00 6,51 100,00 0,00 100,00 0,00 100,00 0,00 14,90 2,37 0,59 29,59 17,16 12,43 4,14 0,00

SUCESSIVAMENTE

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257

A- Número dos domicílios; B- Domicílios particulares improvisados (%); C- Domicílios particulares permanentes tipo cômodo(%); D- Domicílios Coletivos(%); E- Domicílios particulares permanentes sem banheiro ou sanitário(%); F- Domicílios particulares permanentes com quatro banheiros ou mais(%); G- Domicílios particulares permanentes esgotamento sanitário ligado a rede geral de esgoto(%); H- Domicílios particulares permanentes esgotamento sanitário de outra forma(%); I- Domicílios particulares permanentes com abastecimento de água(%); J- Domicílios particulares permanentes com abastecimento de água outra forma(%); L- Domicílios particulares permanentes com coleta de lixo(%); M- Domicílios particulares permanentes com outro destino do lixo(%); N- Domicílios particulares permanentes com mais de cinco moradores(%); O- Pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes sem rendimento mensal(%); P- Pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes com rendimento nominal de até ½ salário mínimo(%); Q- Pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes com rendimento nominal de até dois salários mínimos(%); R- Pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes com rendimento nominal de mais de 15 salários mínimos(%); S- Pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes sem instrução e menos de um ano de estudo(%); T- Pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes com 17 anos ou mais de estudo(%); U- Pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes com 10 a 19 anos de idade(%);

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258

3. Definição das classes

Uma primeira observação é que inicialmente uma extensão constante de

cada classe parecia uma regra impreterível e o intervalo não deixava de ser

decimal: 0-10, 10-20, 20-30 etc.. Aperfeiçoando essa técnica adotamos os

intervalos correspondentes a uma porcentagem fixa de variável, a sucessão de

valores seria uma progressão geométrica. Nesse tipo de organização a maior

dificuldade é que os intervalos vão sempre aumentando, mas na maioria dos

casos o que mais interessa são os valores extremos, tanto máximo ou mínimo.

(Libault, 1975).

É a partir do princípio de valores extremos que, para a elaboração dos

mapas e de suas legendas, utilizamos a definição de classes por pares

recíprocos, técnica que permite aproximar os pares (parecidos) e destacar os

dados da tendência geral, tendências e exceções.

Exemplificando (por se tratar de um número elevado de dados,

demonstraremos essa técnica utilizando-se de dados ilustrativos, pois como

apontamos para definição das classes utilizamos o software estatístico

MiniTab®):

No que se refere ao indicador “domicílios com quatro banheiros ou mais”,

temos os seguintes percentuais: 0,00 - 12,82 – 4,00 – 1,37 – 5,12 – 0,97 – 4,14

– 10,09 – 6,76 – 13,54 – 1,27 – 0,47 – 0,31 – 0,77 – 0,30 – 0,43.

Na definição das classes por pares recíprocos ordenam-se,

primeiramente, os números do menor para o maior, distribuindo-os na tabela

(papel milimetrado) e obtendo o seguinte resultado: 0,00 - 0,30 – 0,31 – 0,43 –

0,47 – 0,77 – 0,97 – 1,27 – 1,37 – 4,0 – 4,14 – 5,12 – 6,76 – 10,09 – 12,82 e

13,54.

Posteriormente, como segundo passo, define-se o intervalo das classes,

que consiste na diferença entre o maior e o menor número que, nessa

exemplificação, é: 13,54 – 0,00 = 13,54 (100%).

Em seguida, agrupam-se os dados, observando os menores intervalos. Na

série analisada, o primeiro está entre o 0,30 e 0,31, resultando, portanto, em

um intervalo de 0,01.

Dessa forma: 0,01 = 13,24 então 0,01 x 100 = 0,07%

X 100 13,24

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259

Então, no papel milimetrado, marcamos o ponto de 0,07%, depois, unimos

os pontos e, assim sucessivamente até a obtenção de 100%, conforme se

observa no exemplo a seguir.

Figura 1 Modelo de Pares Recíprocos

0,30 0,31 0,43 0,47 0,77 0,97 1,27 1,37 4,00 4,14 5,12 6,76 10,09 12,82 13,54

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

100

0,00

0,00 - 1,374,0 - 5,12

6,76

10,09

12,82 - 13,54

MO

DE

LO

DE

PA

RE

S R

EC

ÍPR

OC

OS

CLASSES

Elaboração: Claudia Marques Roma, 2008.

Essa técnica por pares recíprocos permite uma perda de até 15% dos

detalhes e, dessa maneira, a linha traçada no exemplo acima representa esses

15%, e é justamente no cruzamento entre as linhas que se define o intervalo das

classes.

No entanto, dependendo da quantidade de classes obtidas no cruzamento

da reta traçada na altura dos 15%, pode-se alterar para 10%, por exemplo, mas

não se recomenda a mudança para mais de 15%, devido à perda de detalhes.

Além disso, considera-se que o número máximo de classes viável para a

construção do mapa seja seis. Acima dessa quantidade, a visualização das

informações torna-se mais difícil. Board (1994) aponta que o mapa

sobrecarregado pode causar uma “confusão visual” e, dessa forma, prejudicar

sua leitura. Quando se trabalha com corocromatismo ou monocromatismo, que é

a correspondência entre cores e valores “como não se pode (em geral) utilizar

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260

tantas cores quantos são os valores, há necessidade de agrupar os valores em

classes. A definição da classe torna-se um fator essencial na execução da carta”.

(Libalut, 1975, p. 274). Nesse mesmo sentido Martinelli (1991) ao trabalhar com

a variável cor, aponta que sobre o círculo das cores a rotação nos permite

escolher conjuntos de até seis cores.

Dessa forma, a organização do mapa contendo o indicador de “domicílios

com quatro banheiros ou mais” obteve seis classes que são: 0,00 a 1,37; 4,00 a

5,12; 6,76; 10,09; 12,82 e 13,54. Percebe-se um maior nível de agregação dos

dados na primeira classe, que vai do 0,00 a 1,37, e o destaque para informações

que se distanciam da tendência maior como, por exemplo, as classes 6,76 e

10,09.

As classes de um grupo de cidade, por exemplo, utilizando-se do

MiniTab® na definição de pares recíprocos com técnica estatística da distância

máxima euclidiana, apresentam-se da seguinte maneira:

Exemplo selecionando apenas um grupo de cidades, definição das classes.

setores Classes (%) responsável pelos

d. sem instrução e menos

de um ano de estudo

Adamantina 1 1 8,61

Adamantina 23 1 8,65

Adamantina 2 1 9,80

Adamantina 3 1 10,67

Adamantina 27 1 10,88

Adamantina 4 1 11,00

Adamantina 12 1 11,26

Adamantina 22 1 11,94

Adamantina 8 1 12,10

Adamantina 11 1 12,87

Adamantina 21 1 13,54

Adamantina 33 2 14,29

Adamantina 26 2 14,57

Adamantina 5 2 14,61

Adamantina 6 2 15,18

Flórida Paulista 8 2 15,66

Adamantina 24 2 15,99

Pacaembu 7 2 16,00

Adamantina 25 2 16,67

Adamantina 19 2 16,82

Adamantina 30 2 17,31

Flórida Paulista 2 2 17,54

Adamantina 18 2 17,69

Pacaembu 3 2 17,78

Adamantina 9 2 18,32

Pacaembu 6 2 19,11

Adamantina 34 3 20,00

Adamantina10 3 20,37

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261

Pacaembu 4 3 20,48

Adamantina 14 3 21,36

Adamantina 13 3 21,81

Flórida Paulista 6 3 22,32

Flórida Paulista 1 3 22,63

Adamantina 17 3 23,01

Adamantina 28 3 23,25

Adamantina 20 3 23,27

Pacaembu 1 3 23,27

Pacaembu 9 3 23,90

Adamantina 31 3 24,50

Adamantina 16 3 24,72

Adamantina 15 4 25,60

Flórida Paulista 9 4 26,34

Pacaembu 5 4 26,55

Adamantina 29 4 27,53

Pacaembu 10 4 27,76

Flórida Paulista 3 4 28,18

Mariapólis 2 5 29,63

Pacaembu 8 5 29,81

Pacaembu 2 5 30,08

Mariapólis 4 5 30,92

Flórida Paulista 5 5 31,07

Flórida Paulista 4 5 31,90

Mariapólis 1 5 32,46

Flórida Paulista 7 6 33,76

Mariapólis 3 6 34,80

Pacaembu 11 6 35,00

OBS: Essa técnica foi elaborada para todos os indicadores e grupos de mapas.

Após o tratamento estatístico para definição das classes, obtivemos para o

indicador responsável pelos domicílios sem instrução e menos de uma ano de

estudo do grupo de cidades, os seguintes intervalos: 8,61 a 13,54; 14,29 a

19,11; 20,00 a 24,72; 25,60 a 28,18; 29,63 a 32,46 e ; 33,76 a 35,00. Assim

partimos para elaboração dos mapas.

4. Elaboração dos mapas

Como utilizamos dos dados do Censo Demográfico (IBGE) e estes são

agregados por setores censitários, houve a necessidade de delimitá-los nas

plantas das cidades estudadas. O IBGE através do software STATCART® e pelo

seu sitio somente disponibiliza a planta das cidades com os respectivos setores já

delimitados, para as cidades com mais de 20.000 habitantes.

Assim, conseguimos obter a planta com os setores censitários das cidades

de Tupã, Dracena, Adamantina e Osvaldo Cruz para as demais cidades, que em

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262

nossa pesquisa representa a maioria, vetorizamos os setores censitários

manualmente27.

Ao delimitarmos os setores censitários de cada cidade, nos preocupamos

em não englobar os vazios urbanos juntamente com uma área urbanizada. Se

não houver a delimitação das áreas loteadas, excluindo da representação dos

setores censitários áreas que não foram ainda parceladas para finalidade urbana,

o fenômeno pode se diluir ou o mapa representar uma falsa realidade. Assim,

num mapa base das cidades, vetorizamos todos os setores censitários existentes

no perímetro urbano para posteriormente inserir os dados referentes a cada

indicador.

Ressaltamos que a classe definida para cada indicador é única para todas

as cidades, nos permitindo compreender o espaço intraurbano de cada cidade na

escala interurbana. No entanto, para que o software MapInfo® geocodifique as

informações com os respectivos setores censitário torna-se necessário que a

elaboração dos mapas seja individual. Assim, com os mapas finalizados juntam-

se todos em um único layout.

Desta forma para que apresentássemos o conjunto de 19 mapas para a

Nova Alta Paulista foi necessário a elaboração de 570 mapas.

Nos mapas, no que se refere a variável visual cor partimos dos

pressupostos apresentados por Libault (1975) e Martinelli (1991).

Libault (1975) destaca que “pelo menos nos países ocidentais, as cores

evocam vários sentimentos que o cartógrafo não pode desprezar”. (242), e que a

noção mais usual que corresponde às cores é a noção de calor, na qual, o

vermelho é considerado uma cor quente e o azul uma cor fria. Nesta técnica de

coloração tem-se o colorido corocromático convencional, sendo uma gama

simples crescente vermelho ao laranja, e colorido corocromático convencional,

sendo gama dupla que vai vermelho ao amarelo e no outro extremo azul escuro

aos tons mais claros. O autor acrescenta que “uma tradição no uso das cores

pode se estabelecer, mas uma normalização jamais conseguirá agregar todas as

adesões”. (p. 242)

27 Exemplo de descrição dos setores censitários: do ponto inicial - rua das araras -

rua bem-te-vi - rua pinguim - alameda yosakichi yoshida - segue por esta ate a rua juriti

- deflete a direita por 90º numa distancia de 400 mts. na divisa de propriedade de

natalino chagas - rua nabuco yoshikawa - por 225 mts. - deflete a direita por 90º na

divisa de propriedade de seisaburo ito por 400 mts. - prolongamento da alameda

yosakichi yoshida - rua das cerejeiras - rua dos canarios - ate o ponto inicial.

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263

Libault (1994, p. 26) ao explicar a combinação da variável cor destaca que

sua composição não é fortuita:

Podemos tentar, intencionalmente, dar idéia de tensão por

antagonismos num mesmo campo ou, ao contrário, buscar a

sensação de harmonia e quietude.

Uma combinação é contrastante quanto as cores são totalmente

diversas entre si, como as opostas sobre o círculo cromático – as

complementares.

Uma combinação é harmônica quando as cores possuem uma

parte básica comum a todas, como a escala monocromática ou as

cores vizinhas sobre o fundo cromático.

É com base nessas considerações teóricas que podemos efetuar

modulações corretas da variável visual cor na representação

gráfica, em geral e na cartografia temática, em particular.

O autor ainda nos ressalta que a percepção das cores deve levar em conta

três fatores, ou três dimensões das cores: o matiz, a saturação e o valor. A

dimensão valor é a quantidade de energia refletida, organizados em

equidistâncias perceptivas. Essa dimensão consiste em uma série de valores que

podem ser uma sequência de cinzas, indo do preto ao branco, ou vermelho ao

amarelo, etc..

Por exemplo, podemos utilizar em mapas, a sequência do vermelho ao

amarelo. O vermelho por destacar-se pode ser utilizado para as áreas de

ocorrência dos piores indicadores até o amarelo representando as áreas de

ocorrência dos melhores indicadores. Nessa sequência utiliza-se do colorido

corocromático convencional, sendo uma gama simples crescente vermelho ao

laranja – amarelo.

Destacamos que em uma primeira versão dos mapas, utilizamos do

corocromatismo. No entanto, após diversos testes optamos por representar a

seqüência monocromática numa sequência de tons cinza para o preto. Da

mesma maneira que o corocromatismo, a sequência monocromática é utilizada

para manifestar a relação entre intensidade e valor.

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264

5. Escolha das cidades a serem analisadas

Os dados e as análises apresentados na sessão anterior nos demostram

que na Nova Alta Paulista as cidades sub-regionais caracterizam-se por

apresentarem, em relação às cidades locais híbridas, os melhores indicadores.

Nesse contexto ressaltamos ainda que dentre o conjunto de indicadores

apresentados são classificados como piores na região os indicadores sociais e

econômicos que são justamente os que mais fortalecem a diferenciação

socioespacial entre os espaços intraurbanos reforçando a diferenciação entre as

cidades sub-regionais e locais híbridas.

As análises também nos indicam que as cidades locais híbridas inseridas

no limite inferior da complexidade urbana, são os espaços que apresentam os

piores indicadores econômicos, sociais e as piores formas de acesso aos

equipamentos e serviços urbanos.

Assim, para desenvolvermos a hipótese levantada nesta tese, qual seja,

da existência de um circuito de pobreza urbana em cidades locais híbridas,

partimos do estudo sobre as Regiões de Influência das Cidades (IBGE (2008) que

demonstra relações mais diretas e de dependência das cidades locais com a

cidade sub-regional que as agregam. Esse recorte possibilita-nos melhor

apreender as inter-relações entre as cidades locais híbridas e sub-regionais,

segundo característica pensado por nós.

No quadro 11, identificamos as cidades sub-regionais e locais, segundo

estudo IBGE (2008) existentes na Nova Alta Paulista.

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265

Quadro 11

Cidades, rede urbana - 2008. CIDADES/REDE URBANA (REGIC)

Sub-reginal (A) Sub-regional (B) Local/Centro de Zona

Adamantina Florida Paulista Mariápolis Pacaembu

Dracena Flora Rica Irapuru Junqueirópolis Monte Castelo Nova Guataporanga Ouro Verde Panorama Paulicéia Santa Mercedes São João do Pau D’Alho Tupi Paulista

Lucélia Pracinha

Osvaldo Cruz

Inúbia Paulista Sagres Salmourão

Tupã Arco-Íris Bastos Herculândia Iacri Parapuã Queiroz Rinópolis

Fonte: IBGE, Regiões de influência das cidades, 2008. Org. Claudia M. Roma, 2010.

Assim, subdividimos a região em cinco grupos de cidades, quais sejam:

Tupã, Osvaldo Cruz, Lucélia, Adamantina e Dracena que correspondem à cidade

sub-regional e sua hinterlândia. Em cada grupo de cidade dessas hinterlândias,

selecionamos as cidades locais híbridas que apresentaram os piores indicadores

e/ou características próprias que nos auxiliariam no desenvolvimento de nossa

investigação, tais cidades foram: Arco-Íris (pior índice de Gini); Inúbia Paulista

(presença de uma Cooperativa de Consumo); Pracinha (pior índice de pobreza);

Mariápolis (aumento da população migrante destinada ao corte da cana-de-

açúcar); Flora Rica (destaca-se com os piores indicadores utilizados na

elaboração dos mapas); São João do Pau D’Alho (está entre os municípios que

apresentam os menores PBIs, mas, também consideramos sua localização

geográfica) – para o grupo de Dracena foram selecionados dois municípios

devido o maior número de cidades existentes.

A coleta de dados foi, predominantemente, das cidades locais híbridas,

mas, algumas análises foram realizadas entre as cidades locais híbridas e sub-

regionais, pois, para compreendermos as dinâmicas e os processos que se

estruturam nas cidades locais híbridas, é de suma importância analisar as inter-

relações entre as cidades locais híbridas e sub-regionais.

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266

Observamos, ainda, a necessidade de acrescentarmos os municípios de

Queiroz, Monte Castelo e Paulicéia no que tange as questões relacionadas à

entrada da atividade agroindustrial canavieira, pois, Queiroz possui uma usina

e/ou destilaria de açúcar e álcool, destacando-se na composição do PIB

industrial; Monte Castelo e Paulicéia no que se refere à mão-de-obra destinada à

atividade agroindustrial canavieira.

6. Seleção da amostra

Após a elaboração dos questionários procuramos definir qual a amostra se

mostraria representativa para desvendar as problemáticas apresentadas.

Primeiramente definimos como referência a população urbana dos oito

municípios definidos como recorte empírico da pesquisa.

Assim, num primeiro momento nos reportamos à metodologia estatística

trabalhada na pesquisa de mestrado que teve como referência o trabalho de

Gerardi e Silva (1981) e também nas modelagens estatísticas utilizadas pelo

IBGE nas pesquisas PNAD e Censo Demográfico (questionário completo).

Porém, concluímos que as duas modelagens estatísticas não

contemplariam ou extrapolariam nossos objetivos. A primeira, aplicada no

mestrado (ROMA, 2008) se mostrou ultrapassada, pois a amostra apresentou

muito elevada (quantitativamente), tornando-se repetitiva. A segunda,

apresentou-se por demais complexa para os objetivos propostos, inclusive

considerando dados das áreas urbanas e rurais, contrariamente aos

questionamentos por nós apontados.

Dessa forma buscamos suporte no Laboratório de Epidemiologia e

Estatística, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que

disponibiliza on-line uma ferramenta de pesquisa que possibilita calcular a

amostra em pesquisas quantitativas.

Optamos pela metodologia de “estimação de uma média” que visa

“estimar um valor médio referente à população de interesse”, pois, “ao calcular a

amostra para este problema, estaremos supondo que a variável que contém a

resposta de interesse segue uma distribuição normal com desvio-padrão

supostamente conhecido” (LEE, 2010).

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267

Portanto, como em nossa pesquisa as cidades locais híbridas analisadas

apresentam uma distribuição normal da população – pequena e estagnada no

período de 2000 (IBGE, Censo Demográfico) e 2007 (IBGE, Contagem

Populacional) – e com desvio padrão entre elas definido por uma variação

populacional de 2% (para mais ou para menos) optamos em trabalhar com esta

metodologia.

Além disso, para o cálculo da amostra é necessário à definição do “Erro

máximo da estimativa”, que “indica o quanto a estimativa deve se distanciar da

verdadeira média” e do “Nível de significância: que indica a porcentagem de

casos na população que estarão fora do intervalo estimado para a média” (LEE,

2010).

Dessa forma, identificada a população urbana de cada município, definido

o desvio padrão em cima da variação (acréscimo ou decréscimo) em torno de

2% do total da população urbana, um erro máximo de 20% (para cidades com

população inferior a 2.000 habitantes – municípios de Arco-Íris, Pracinha, Flora

Rica, São João do Pau D’Alho) ou 25% (cidades com mais de 2.000 habitantes –

Mariápolis, Queiroz, Monte Castelo, Paulicéia e Inúbia Paulista) e nível de

significância igual a 5% obtivemos as seguintes amostras, conforme apresentado

no quadro 12.

Quadro 12 Amostra de questionários, 2010

CIDADES POPULACÃO URBANA – 2000*

AMOSTRA (número de questionários a serem

aplicados)

ARCO-ÍRIS 1.068 60

FLORA RICA 1.568 75

INÚBIA PAULISTA 2.764 96

MARIÁPOLIS 2.803 96

PRACINHA 1.186 63

QUEIROZ 1.659 65

MONTE CASTELO 3.004 96

SÃO JOÃO DO PAU D’ALHO 1.611 61

PAULICÉIA 3.934 96

Fonte: IBGE (2000) e LEE (2010). Org. Alexandre Bergamin Vieira e Cláudia Marques Roma. * A referência da população urbana recai sobre o Censo Demográfico de 2000 pois a Contagem Populacional de 2007 não se subdivide em população rural e urbana.

Como o universo de referência é a população urbana das diferentes

cidades definimos como metodologia de aplicação dos questionários o inquérito

por domicílios, de forma a abranger geograficamente toda área urbana das

cidades selecionadas e entrevistar pessoas de diferentes idades, sexo e renda.

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298

ANEXOS

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i

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Arco-Íris 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 8 Quadro 2 Arco-Íris 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 9

Quadro 3 Arco-Íris 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 9 Quadro 4 Arco-Íris 2010 – Local de origem dos entrevistados.............. 15 Quadro 5 Arco-Íris 2010 – O entrevistado e a cidade........................... 16

Quadro 6 Arco-Íris 2010 – O entrevistado e a cidade........................... 16 Quadro 7 Arco-Íris 2010 – O entrevistado e as relações interurbanas

com Tupã.......................................................................

16

Quadro 8 Arco-Íris 2010 – Concepção de cidade dos entrevistados........ 17 Quadro 9 Flora Rica 2010 – A cidade e o agronegócio.......................... 20

Quadro 10 Flora Rica 2010 – A cidade e o agronegócio.......................... 21 Quadro 11 Flora Rica 2010 – A cidade e o agronegócio.......................... 21

Quadro 12 Flora Rica 2010 – Local de origem dos entrevistados............. 27 Quadro 13 Flora Rica 2010 – O entrevistado e a cidade........................ 28 Quadro 14 Flora Rica 2010 – O entrevistado e a cidade......................... 29

Quadro 15 Flora Rica 2010 – O entrevistado e as relações interurbanas com Dracena..................................................................

29

Quadro 16 Flora Rica 2010 – Concepção de cidade dos entrevistados..... 30 Quadro 17 Inúbia Paulista 2010 – A cidade e o agronegócio................... 33

Quadro 18 Inúbia Paulista 2010 – A cidade e o agronegócio................... 34 Quadro 19 Inúbia Paulista 2010 – A cidade e o agronegócio................... 34 Quadro 20 Inúbia Paulista 2010 – Local de origem dos entrevistados...... 40

Quadro 21 Inúbia Paulista 2010 – O entrevistado e a cidade.................. 41 Quadro 22 Inúbia Paulista 2010 – O entrevistado e a cidade.................. 42

Quadro 23 Inúbia Paulista 2010 – O entrevistado e as relações interurbanas com Osvaldo Cruz..........................................

42

Quadro 24 Inúbia Paulista 2010 – Concepção de cidade dos

entrevistados.................................................................

43

Quadro 25 Mariápolis 2010 – A cidade e o agronegócio........................ 47

Quadro 26 Mariápolis 2010 – A cidade e o agronegócio........................ 47 Quadro 27 Mariápolis 2010 – A cidade e o agronegócio......................... 48 Quadro 28 Mariápolis 2010 – Local de origem dos entrevistados............ 54

Quadro 29 Mariápolis 2010 – O entrevistado e a cidade......................... 56 Quadro 30 Mariápolis 2010 – O entrevistado e a cidade......................... 56

Quadro 31 Mariápolis 2010 – O entrevistado e as relações interurbanas com Adamantina.............................................................

57

Quadro 32 Mariápolis 2010 – Concepção de cidade dos entrevistados...... 59

Quadro 33 Monte Castelo 2010 – A cidade e o agronegócio.................... 62 Quadro 34 Monte Castelo 2010 – A cidade e o agronegócio................... 63

Quadro 35 Monte Castelo 2010 – A cidade e o agronegócio.................... 64 Quadro 36 Monte Castelo 2010 – Local de origem dos entrevistados....... 65 Quadro 37 Paulicéia 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 68

Quadro 38 Paulicéia 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 68 Quadro 39 Paulicéia 2010 – A cidade e o agronegócio.......................... 69

Quadro 40 Paulicéia 2010 – Local de origem dos entrevistados.............. 70 Quadro 41 Pracinha 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 72 Quadro 42 Pracinha 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 73

Quadro 43 Pracinha 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 73 Quadro 44 Pracinha 2010 – Local de origem dos entrevistados............... 79

Quadro 45 Pracinha 2010 – O entrevistado e a cidade........................... 80 Quadro 46 Pracinha 2010 – O entrevistado e a cidade.......................... 81 Quadro 47 Pracinha 2010 – O entrevistado e as relações interurbanas

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ii

com Lucélia.................................................................... 81

Quadro 48 Pracinha 2010 – Concepção de cidade dos entrevistados........ 82 Quadro 49 Queiroz 2010 – A cidade e o agronegócio............................ 85

Quadro 50 Queiroz 2010 – A cidade e o agronegócio............................. 86 Quadro 51 Queiroz 2010 – A cidade e o agronegócio............................ 87

Quadro 52 Queiroz 2010 – Local de origem dos entrevistados............... 88 Quadro 53 São João do Pau D'Alho 2010 – A cidade e o agronegócio...... 90 Quadro 54 São João do Pau D'Alho 2010 – A cidade e o agronegócio....... 91

Quadro 55 São João do Pau D'Alho 2010 – A cidade e o agronegócio....... 91 Quadro 56 São João do Pau D'Alho 2010 – Local de origem dos

entrevistados...................................................................

97 Quadro 57 São João do Pau D'Alho 2010 – O entrevistado e a cidade...... 99 Quadro 58 São João do Pau D'Alho 2010 – O entrevistado e a cidade...... 99

Quadro 59 São João do Pau D'Alho 2010 – O entrevistado e as relações interurbanas com Dracena................................................

100

Quadro 60 São João do Pau D'Alho 2010 – Concepção de cidade dos entrevistados...................................................................

101

Quadro 61 Flora Rica – Atividade desenvolvida no circuito inferior – 2012 104

Quadro 62 Flora Rica – Custos fixos – 2012......................................... 108 Quadro 63 Pracinha - Atividade desenvolvida no circuito inferior - 2012 108

Quadro 64 Pracinha - Custos fixos – 2012........................................... 112 Quadro 65 Mariápolis - Atividade desenvolvida no circuito inferior - 2012 112 Quadro 66 Mariápolis - Custos fixos – 2012......................................... 116

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Arco-Íris 2010 – Ocupações dos entrevistados...................... 7

Tabela 2 Arco-Íris 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 8 Tabela 3 Arco-Íris 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e

individual – meios de locomoção para Tupã.........................

10 Tabela 4 Arco-Íris 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e

individual – transporte coletivo para Tupã............................

11

Tabela 5 Arco-Íris 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e individual – infraestrutura.................................................

11

Tabela 6 Arco-Íris 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e individual – principais locais de consumo.............................

11

Tabela 7 Arco-Íris 2010 – Assistência Social..................................... 12

Tabela 8 Arco-Íris 2010 – O entrevistado e as relações com Presidente Prudente, Marília e São Paulo.............................................

13

Tabela 9 Arco-Íris 2010 – Relações interurbanas com Tupã................. 14 Tabela 10 Arco-Íris 2010 – O entrevistado e a cidade.......................... 15 Tabela 11 Arco-Íris 2010 – O entrevistado e a cidade.......................... 16

Tabela 12 Arco-Íris 2010 Definição de cidade e sua aplicação............... 18 Tabela 13 Flora Rica 2010 – Ocupações dos entrevistados.................... 19

Tabela 14 Flora Rica 2010 – A cidade e o agronegócio......................... 20 Tabela 15 Flora Rica 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e

individual – meios de locomoção para Dracena e Presidente

Prudente.........................................................................

22 Tabela 16 Flora Rica 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo

e individual – transporte coletivo para Dracena e Presidente Prudente.........................................................................

23

Tabela 17 Flora Rica 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo

e individual – infraestrutura...............................................

23

Tabela 18 Flora Rica 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo 24

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iii

e individual – principais locais de consumo..........................

Tabela 19 Flora Rica 2010 – Assistência Social.................................... 25 Tabela 20 Flora Rica 2010 – O entrevistado e as relações com

Presidente Prudente, Marília e São Paulo.............................

26

Tabela 21 Flora Rica 2010 – Relações interurbanas com Dracena.......... 26

Tabela 22 Flora Rica 2010 – O entrevistado e a cidade......................... 28 Tabela 23 Flora Rica 2010 – O entrevistado e a cidade......................... 30 Tabela 24 Flora Rica 2010 Definição de cidade e sua aplicação............ 31

Tabela 25 Inúbia Paulista 2010 – Ocupações dos entrevistados............. 32 Tabela 26 Inúbia Paulista 2010 – A cidade e o agronegócio.................. 33

Tabela 27 Inúbia Paulista 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo e individual – meios de locomoção para Adamantina e Osvaldo Cruz................................................................

35

Tabela 28 Inúbia Paulista 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo e individual – transporte coletivo para Adamantina e

Osvaldo Cruz...................................................................

36

Tabela 29 Inúbia Paulista 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo e individual – infraestrutura...................................

36

Tabela 30 Inúbia Paulista 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo e individual – principais locais de consumo...............

37

Tabela 31 Inúbia Paulista 2010 – Assistência Social............................. 38 Tabela 32 Inúbia Paulista 2010 – O entrevistado e as relações com

Presidente Prudente, Marília e São Paulo............................. 39

Tabela 33 Inúbia Paulista 2010 – Relações interurbanas com Adamantina e Osvaldo Cruz...............................................

39

Tabela 34 Inúbia Paulista 2010 – O entrevistado e a cidade.................. 41 Tabela 35 Inúbia Paulista 2010 – O entrevistado e a cidade.................. 43 Tabela 36 Inúbia Paulista 2010 Definição de cidade e sua aplicação...... 44

Tabela 37 Mariápolis 2010 – Ocupações dos entrevistados................... 45 Tabela 38 Mariápolis 2010 – A cidade e o agronegócio......................... 46

Tabela 39 Mariápolis 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo e individual – meios de locomoção para Adamantina.............

49

Tabela 40 Mariápolis 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo

e individual – transporte coletivo para Adamantina...............

50

Tabela 41 Mariápolis 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo

e individual – infraestrutura...............................................

50

Tabela 42 Mariápolis 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo

e individual – principais locais de consumo..........................

50

Tabela 43 Mariápolis 2010 – Assistência Social.................................... 52 Tabela 44 Mariápolis 2010 – O entrevistado e as relações com

Presidente Prudente, Marília e São Paulo.............................

52

Tabela 45 Mariápolis 2010 – Relações interurbanas com Adamantina..... 53

Tabela 46 Mariápolis 2010 – O entrevistado e a cidade........................ 55 Tabela 47 Mariápolis 2010 – O entrevistado e a cidade........................ 58 Tabela 48 Mariápolis 2010 Definição de cidade e sua aplicação............. 60

Tabela 49 Monte Castelo 2010 – Ocupações dos entrevistados.............. 61 Tabela 50 Monte Castelo 2010 – A cidade e o agronegócio................... 62

Tabela 51 Paulicéia 2010 – Ocupações dos entrevistados..................... 66 Tabela 52 Paulicéia 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 66 Tabela 53 Pracinha 2010 – Ocupações dos entrevistados..................... 71

Tabela 54 Pracinha 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 72 Tabela 55 Pracinha 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e

individual – meios de locomoção para Lucélia.......................

74

Tabela 56 Pracinha 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e 74

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iv

individual – transporte coletivo para Lucélia.........................

Tabela 57 Pracinha 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e individual – infraestrutura.................................................

75

Tabela 58 Pracinha 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e individual – principais locais de consumo.............................

76

Tabela 59 Pracinha 2010 – Assistência Social...................................... 77 Tabela 60 Pracinha 2010 – O entrevistado e as relações com Presidente

Prudente, Marília e São Paulo............................................. 78

Tabela 61 Pracinha 2010 – Relações interurbanas com Lucélia.............. 78 Tabela 62 Pracinha 2010 – O entrevistado e a cidade........................... 80

Tabela 63 Pracinha 2010 – O entrevistado e a cidade........................... 81 Tabela 64 Pracinha 2010 – Definição de cidade e sua aplicação............. 83 Tabela 65 Queiroz 2010 – Ocupações dos entrevistados....................... 84

Tabela 66 Queiroz 2010 – A cidade e o agronegócio............................ 85 Tabela 67 São João do Pau D'Alho 2010 – Ocupações dos entrevistados. 89

Tabela 68 São João do Pau D'Alho 2010 – A cidade e o agronegócio...... 90 Tabela 69 São João do Pau D'Alho 2010 – A cidade e os meios de

consumo coletivo e individual – meios de locomoção para

Dracena e Tupi Paulista....................................................

92

Tabela 70 São João do Pau D'Alho 2010 – A cidade e os meios de

consumo coletivo e individual – transporte coletivo para Dracena e Tupi Paulista.....................................................

93

Tabela 71 São João do Pau D'Alho 2010 – A cidade e os meios de

consumo coletivo e individual – infraestrutura......................

93

Tabela 72 São João do Pau D'Alho 2010 – A cidade e os meios de

consumo coletivo e individual – principais locais de consumo.........................................................................

93

Tabela 73 São João do Pau D'Alho 2010 – Assistência

Social...................

95

Tabela 74 São João do Pau D'Alho 2010 – O entrevistado e as relações

com Presidente Prudente, Marília e São Paulo.......................

95

Tabela 75 São João do Pau D'Alho 2010 – Relações interurbanas com Dracena e Tupi Paulista.....................................................

96

Tabela 76 São João do Pau D'Alho 2010 – O entrevistado e a cidade...... 98 Tabela 77 São João do Pau D'Alho 2010 – O entrevistado e a cidade...... 100

Tabela 78 São João do Pau D'Alho 2010 – Definição de cidade e sua aplicação.........................................................................

101

Tabela 79 Nova Alta Paulista – Emprego agropecuário formal – 2012..... 102 Tabela 80 Flora Rica – Motivo que levou desempenhar atividade – 2012 104 Tabela 81 Flora Rica – Tempo de atividade – 2012.............................. 105

Tabela 82 Flora Rica – Tecnologia – 2012........................................... 105 Tabela 83 Flora Rica – Estrutura administrativa – 2012........................ 105

Tabela 84 Flora Rica – Capitais – 2012............................................... 106 Tabela 85 Flora Rica – Empregos – 2012............................................ 106 Tabela 86 Flora Rica – Estoques – 2012............................................. 107

Tabela 87 Flora Rica – Preços das mercadorias -2012......................... 107 Tabela 88 Flora Rica – Margem de lucro – 2012.................................. 107

Tabela 89 Flora Rica – Relação com o cliente – 2012........................... 108 Tabela 90 Flora Rica – Publicidade – 2012.......................................... 108 Tabela 91 Flora Rica – Ajuda governamental p/ o estabelecimento –

2012..............................................................................

108

Tabela 92 Pracinha – Motivo que levou desempenhar atividade – 2012 109

Tabela 93 Pracinha – Tempo de atividade – 2012................................ 109 Tabela 94 Pracinha – Tecnologia – 2012....... ..................................... 109

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v

Tabela 95 Pracinha – Estrutura administrativa – 2012......................... 110

Tabela 96 Pracinha – Capitais – 2012................................................ 110 Tabela 97 Pracinha – Empregos - 2012.............................................. 110

Tabela 98 Pracinha – Estoques – 2012............................................... 111 Tabela 99 Pracinha – Preços das mercadorias -2012............................ 111

Tabela 100 Pracinha – Margem de lucro – 2012.................................... 111 Tabela 101 Pracinha – Relação com o cliente – 2012............................. 112 Tabela 102 Pracinha – Publicidade – 2012............................................ 112

Tabela 103 Pracinha – Ajuda governamental p/ o estabelecimento - 2012 112 Tabela 104 Mariápolis – Motivo que levou desempenhar atividade – 2012 113

Tabela 105 Mariápolis – Tempo de atividade – 2012.............................. 113 Tabela 106 Mariápolis – Tecnologia – 2012.......................................... 114 Tabela 107 Mariápolis – Estrutura administrativa – 2012....................... 114

Tabela 108 Mariápolis – Capitais – 2012.............................................. 114 Tabela 109 Mariápolis – Empregos – 2012........................................... 115

Tabela 110 Mariápolis – Estoques – 2012............................................. 115 Tabela 111 Mariápolis – Preços das mercadorias -2012.......................... 115 Tabela 112 Mariápolis – Margem de lucro – 2012.................................. 116

Tabela 113 Mariápolis – Relação com o cliente – 2012........................... 116 Tabela 114 Mariápolis – Publicidade – 2012.......................................... 116

Tabela 115 Mariápolis – Ajuda governamental p/ o estabelecimento - 2012..............................................................................

116

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Arco-Íris 2010 – Idade dos entrevistados.......................... 7 Gráfico 2 Arco-Íris 2010 – Sexo dos entrevistados...................…........ 7

Gráfico 3 Arco-Íris 2010 – Renda familiar dos entrevistados................ 9 Gráfico 4 Arco-Íris 2010 – Situação do imóvel................................... 10

Gráfico 5 Arco-Íris 2010 – Tempo de residência em anos dos entrevistados...................................................................

14

Gráfico 6 Flora Rica 2010 – Idade dos entrevistados.......................... 18

Gráfico 7 Flora Rica 2010 – Sexo dos entrevistados.................…......... 19 Gráfico 8 Flora Rica 2010 – Renda familiar dos entrevistados............... 22

Gráfico 9 Flora Rica 2010 – Situação do imóvel.................................. 22 Gráfico 10 Flora Rica 2010 – Tempo de residência em anos dos

entrevistados................................................................... 27

Gráfico 11 Inúbia Paulista 2010 – Idade dos entrevistados................... 31 Gráfico 12 Inúbia Paulista 2010 – Sexo dos entrevistados...............…... 32

Gráfico 13 Inúbia Paulista 2010 – Renda familiar dos entrevistados........ 35 Gráfico 14 Inúbia Paulista 2010 – Situação do imóvel........................... 35 Gráfico 15 Inúbia Paulista 2010 – Tempo de residência em anos dos

entrevistados...................................................................

40

Gráfico 16 Mariápolis 2010 – Idade dos entrevistados......................... 44

Gráfico 17 Mariápolis 2010 – Sexo dos entrevistados........................... 45 Gráfico 18 Mariápolis 2010 – Renda familiar dos entrevistados.............. 49 Gráfico 19 Mariápolis 2010 – Situação do imóvel................................ 49

Gráfico 20 Mariápolis 2010 – Tempo de residência em anos dos entrevistados...................................................................

53

Gráfico 21 Monte Castelo 2010 – Idade dos entrevistados.................... 60 Gráfico 22 Monte Castelo 2010 – Sexo dos entrevistados...................... 61 Gráfico 23 Monte Castelo 2010 – Tempo de residência em anos dos

entrevistados...................................................................

64

Gráfico 24 Paulicéia 2010 – Idade dos entrevistados........................... 64

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vi

Gráfico 25 Paulicéia 2010 – Sexo dos entrevistados............................. 65

Gráfico 26 Paulicéia 2010 – Tempo de residência em anos dos entrevistados...................................................................

66

Gráfico 27 Pracinha 2010 – Idade dos entrevistados............................ 70 Gráfico 28 Pracinha 2010 – Sexo dos entrevistados..........................… 71

Gráfico 29 Pracinha 2010 – Renda familiar dos entrevistados............... 71 Gráfico 30 Pracinha 2010 – Situação do imóvel.................................... 73 Gráfico 31 Pracinha 2010 – Tempo de residência em anos dos

entrevistados...................................................................

74

Gráfico 32 Queiroz 2010 – Idade dos entrevistados............................ 79

Gráfico 33 Queiroz 2010 – Sexo dos entrevistados............................... 83 Gráfico 34 Queiroz 2010 – Tempo de residência em anos dos

entrevistados................................................................... 84

Gráfico 35 São João do Pau D'Alho 2010 – Idade dos entrevistados....... 87 Gráfico 36 São João do Pau D'Alho 2010 – Sexo dos entrevistados......... 88

Gráfico 37 São João do Pau D'Alho 2010 – Renda familiar dos entrevistados...................................................................

88

Gráfico 38 São João do Pau D'Alho 2010 – Situação do imóvel.............. 91

Gráfico 39 São João do Pau D'Alho 2010 – Tempo de residência em anos dos entrevistados............................................................

96

MAPAS

Mapas Mapeando os indicadores intra-urbanos na escala interurbana

117

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7

Gráfico 1 Arco-Íris

Idade dos entrevistados – 2010

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Gráfico 2

Arco-Íris Sexo dos entrevistados – 2010

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 1 Arco-Íris

Ocupações dos entrevistados - 2010

Trabalha?

SIM N. % NÃO N. % Aposentado N. %

16 26,67 26 43,33 18 30,00

Profissão

Profissão Frequência % Profissão Frequência %

Boia-fria 3 18,75 Conselho tutelas 1 6,25

Doméstica 3 18,75 Pedreiro 1 6,25

Prefeitura Municipal 2 12,50 Motorista (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)

1 6,25

Comércio 2 12,50 Funcionário público 1 6,25

Cozinheira 1 6,25 Serviços gerais 1 6,25

Fonte: Trabalho de campo, 2010

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8

Tabela 2 Arco-Íris

A cidade e o agronegócio - 2010

Alguém da família que trabalha em usinas e destilarias de açúcar e álcool e/ou no campo?

SIM N. % NÃO N. %

11 18,33 49 81,67

Profissão

Profissão Frequência % Entre-safra Frequência %

Boia-fria 5 45,45 Direto 2 18,18

Cortador de cana-de-açúcar 3 27,27 Fica parado 2 18,18

Maquinista (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 9,09 Bico 3 27,27

Motorista (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 9,09 Não informou 4 36,36

Granja 1 9,09

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Quadro 1 Arco-Íris

A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha do trabalho na cana-de-açúcar?

Muito, muito difícil Deve ser difícil Piores condições de trabalho Péssimo, muito difícil Pesado, mas precisa trabalhar A cana-de-açúcar não dá lucro, mas

temos poucas opções

Como qualquer outro

Não sabe

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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9

Quadro 2 Arco-Íris

A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?

Bom, atrai mais habitantes para cidade Emprego Mais opção de emprego

Bom pela parte do emprego, mas acabou com todas as lavouras

Quando tinha outras lavouras tinha mais emprego a cana-de-açúcar gera menos emprego

Só dá cana-de-açúcar Acabou com a lavoura Menos renda para cidade, pois o forte era a

agricultura Menos emprego, acabou com as lavouras Pior, acabou com as lavouras que

empregava muito boia-fria e as usinas não pega todo mundo

Com a lavoura tinha emprego para família toda com a cana-de-açúcar não

Mais emprego, mas os caminhões que passam na cidade quebra a fiação e danifica os asfaltos, além da poluição

Acabou com as estradas e as pontes

O pessoal daqui ainda não está indo muito na cana-de-açúcar é mais prefeitura e diarista

Poluição Destruição da natureza

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Quadro 3 Arco-Íris A cidade e o agronegócio - 2010

O que você acha dos trabalhadores que vem de outras cidades para trabalhar na cana-de-açúcar?

Toma todos os nossos serviços Tiram nossos empregos, mas não

perturbam

Mais movimento na cidade Vende mais no comércio

Tem muito maranhense. Dá medo, perdemos a liberdade, eles brigam e as

mulheres temem andar sozinhas Tem gente que ficou com medo, olhava

como se fossem bicho É um povo que a gente não conhece Tem gente que reclama, fica com medo Acho estranho, gente desconhecida, só

homem, sem família; preferia que fosse só dá cidade

Muita confusão, bebidas e mulheres de fora

Só foi para pior, só sai briga, estragou a cidade

Meu namorado fica com ciúmes

Foi bom a vinda deles Tem muita gente de fora, mas não muda

nada Os maranhense gostam daqui eles não

querem mais voltar Tem muita gente do maranhão, mas eles

não mexem com ninguém Não muda nada Não muda nada: os de fora vem trabalhar

aqui e os daqui vão para fora Nunca mexeram comigo São bem educados e respeita o povo Nem vejo eles Normal, vieram para trabalhar Indiferente Não muda nada, mas o maranhão tomou

conta da cidade

Não sabe

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Gráfico 3

Arco-Íris Renda familiar dos entrevistados – 2010

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10

Fonte: Trabalho de Campo, 2010

Gráfico 4 Arco-Íris Situação do imóvel – 2010

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Tabela 3 Arco-Íris

A cidade e os meios de consumo coletivo e individual - Meio de locomoção para Tupã - 2010

Principais meios de locomoção utilizados pela população

Meio locomoção N. %

Transporte Coletivo 36 60,00

Condução Própria / Transporte Coletivo

15 25,00

Condução Própria 4 6,67

Outros 5 8,33

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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11

Tabela 4 Arco-Íris

A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Transporte coletivo - 2010

Suficiência do transporte coletivo

SIM N. % NÃO N. % NÃO SABE

N. %

40 66,67 15 25,00 5 8,33

Justificativa do sim Justificativa do não

Vários horários É bom, mais faltam horários Não sabe

Passagem cara Falta vaga para idoso Ônibus velho Não tem cobrador Não tem ponto de parada

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Tabela 5 Arco-Íris

A cidade e os meios de consumo coletivo e individual – Infraestrutura - 2010

Existência de pavimentação?

SIM N. % NÃO N. %

60 100,00 00 00

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Tabela 6

Arco-Íris A cidade e os meios de consumo coletivo e individual

Principais locais de consumo - 2010

MEIOS DE CONSUMO COLETIVO

AExistência na cidade

Hospital

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não

X

Tupã 50 83,33

Tupã/Marília 10 16,67

Posto de saúde

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Arco Íris 59 98,33

X Tupã 1 1,67

Serviço médico (particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Tupã 47 78,33

X Não utiliza 13 21,67

Serviço de dentista (público/particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Arco Íris 46 76,67

X Tupã/Arco Íris 2 3,33

Não utiliza 12 20,00

Creche onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Arco-Íris 15 25,00

X Não utiliza 45 75,00

Igreja onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Arco-Íris 100 100,00

Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %

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12

Sim Não Tupã 52 86,67

X Tupã/Arco Íris 5 8,33

Arco-Íris 3 5,00

Confecções, calçados e armarinhos

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Tupã 57 95,00

X Ganha 2 3,33

Não utiliza 1 1,67

Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Arco Íris 10 16,67

X Tupã 7 11,67

Não utiliza 43 71,67

CCI, Praça, futebol, pescaria, rio (Arco Íris)

Baile, festas, clube, pesqueiro (Tupã)

Escola onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Arco Íris 17 28,33

X Tupã 3 5,00

Tupã/Arco Íris 1 1,67

Adamantina/Arco Íris 1 1,67

Osvaldo Cruz 1 1,67

Não utiliza 37 61,67

Tupã (ensino médio particular e faculdade)

Adamantina (faculdade)

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 7

Arco-Íris Assistência social - 2010

Utiliza ou já utilizou assistência social do município?

SIM

N. % NÃO N. % Não respondeu

N. %

33 55,00 26 43,33 1 1,67

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 8 Arco-Íris

O entrevistado e as relações com Presidente Prudente, Marília e São Paulo - 2010 Relação com Presidente Prudente

SIM N. % NÃO N. %

7 11,67 53 83,33

Motivo Frequência %

Passeio 2 28,57

Médico 2 28,57

Trabalho 2 28,57

Presidio 1 14,28

Relação com Marília

SIM N. % NÃO N. %

51 85,00 91 15,00

MOTIVOS

Motivo Frequência %

Saúde 37 72,55

Lazer 5 9,80

Compras 1 1,96

Saúde/compras 1 1,96

Saúde/lazer 1 1,96

Saúde/lazer/compras 1 1,96

Trabalho 1 1,96

Relação com São Paulo

SIM N. % NÃO N. %

17 28,33 43 71,67

MOTIVOS

Motivo Frequência %

Passeio 10 58,82

Moradia 5 29,41

Trabalho 3 17,65

Compras 1 5,88

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 9 Arco-Íris

Relações interurbanas com Tupã – 2010 Fluxo

Ocorrência Frequência %

1 vez na semana 6 10,00

2 vezes na semana 6 10,00

3 vezes na semana 5 8,33

4 vezes na semana -- --

5 vezes na semana -- --

6 vezes na semana -- --

7 vezes na semana -- --

Raramente -- --

Sempre 5 8,33

Quando necessita 38 63,33

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Gráfico 5 Arco-Íris Tempo de residência em anos dos entrevistados – 2010

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Quadro 4 Arco-Íris

Local de origem dos entrevistados - 2010 Onde nasceu? Motivo da mudança para Mariápolis?

Origem Motivo

Minas Gerais Paraná Bahia Sítio da região São Paulo (capital) Alagoas Tupã (SP) Pernambuco Borá (SP) Braúna (SP) Pompéia (SP) São José do Rio Preto (SP) Queiroz (SP) Garça (SP) Jaú (SP) Campinas (SP) Mato Grosso Mato Grosso do Sul Rinópolis (SP)

Família Lavoura não dava mais Trabalhar nas fazendas de café Casamento Doença Pai e mãe vieram Sossego Trabalho Concurso do filho

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 10 Arco-Íris

O entrevistado e a cidade - 2010

Você gosta de morar em Mariápolis?

SIM

N. % NÃO N. %

58 96,67 2 3,33

Justificativa Justificativa

Sossego Pacata Calma e sem violência Calma e tem liberdade Bom para adolescentes, sem drogas e

armas Muito tranquila Boa para criar os filhos Ninguém perturba ninguém Não tem ladrão É calma, não gosto de cidade grande

Porque não tem nada

Acostumou Amigos Muita gente boa Família Vizinho bom Adoro, não quero ir embora nunca

Porque é pequena, confortável e dão recursos

Porque tenho casa própria, mas não gosto muito

É melhor do que o sítio, tem posto de saúde

Boa para morar, mas falta emprego

Porque é o único jeito que tenho Não sabe

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Quadro 5 Arco-Íris

O entrevistado e a cidade - 2010

Quais as melhorias que faltam em Arco Íris?

Lazer Médico 24 horas Policiamento Hospital Pronto socorro 24 horas Cultura Médicos de diversas especialidades Rodoviária e ponto de ônibus para se proteger da

chuva

Emprego Tudo, principalmente emprego Fábricas Supermercado bom Emprego para mulheres Emprego para jovens É boa, mas falta emprego

Moradia Tá bom assim Nada Tudo bom

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Quadro 6 Arco-Íris

O entrevistado e a cidade – 2010 O que você acha de Arco Íris?

É uma cidade boa, pequena É calma Muito boa Maravilhosa É lugar bom não tem ladrão Sossegada

Deveria ter mais emprego e lazer para os jovens

É uma cidade mais ou menos É muito parada É boa para aposentado e para quem trabalha

na prefeitura

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Quadro 7 Arco-Íris O entrevistado e as relações interurbanas com Tupã - 2010

O que você acha de Tupã?

Ótima, tem de tudo Boa, gostaria de morar lá É boa porque é maior Grande, tudo que precisa tem É maior, tem mais opções Muito grande, tem mais lugar para compras Se eu pudesse morar lá. Aí de nós Se não fosse Tupã, não teria Arco Íris Maior é melhor Maior e mais problema É uma cidade melhor que aqui Mais desenvolvida

Boa, comercio Boa, lojas e festas Tem comércio Boa para trabalho Boa para comércio, mas também tem pouco

emprego

Bom para médicos É muito boa, todos são bem atendidos lá Nada Gosto muito Não sabe Eu amo Tupã

Não é muito bom tem muito roubo e o lugar pequeno é melhor que o grande

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 11 Arco-Íris

O entrevistado e a cidade - 2010 Gostaria de morar em outra cidade?

SIM N. % NÃO N. %

15 25,00 45 75,00

Qual cidade Motivos

Tupã (SP) Birigui (SP) Jaú (SP) Campo Grande (MS) Clementina (SP) São José do Rio Preto

(SP)

Mais emprego Mais opção Cidade natal

Bem longe daqui

Uma cidade com mais emprego

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Quadro 8

Arco-Íris Concepção de cidade dos entrevistados – 2010

Os entrevistados e a definição de cidade

Definição

Igual a Tupã, Marília Grande, bastante carro Imagino ser grande Cidade grande São Paulo, Bauru, Marília Grande, onde as coisas

são longe

Hospital e médicos bons Lazer Lazer, hospital, vizinhos Atende as necessidades

(médico, escola, supermercado)

Violência Reunião de tudo Tem de tudo Melhor para viver oportunidade

Grupo de pessoas Povoamento Pessoas, prédios e

empresas e movimento

Bastante emprego Progresso, indústria,

emprego, lazer Não sabe

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 12 Arco-Íris

Definição de cidade e sua aplicação - 2010 Arco Íris pode ser considerada cidade?

SIM N. % NÃO N. %

35 58,33 25 41,67

Justificativa do Sim Justificativa do não

Quando era distrito era ruim agora melhorou

Em vista do que era antigamente hoje é

É um distrito É um patrimônio Parece um sitio, muito pequena para

ser cidade É um patrimônio, não tem nada, tudo

caro É um município

Cidadezinha Pequena, mas é cidade Pelo tamanho não, mas tem esgoto,

creche aí pode ser cidade

É cidade, tem esgoto, correio e banco Pequena, mas é, tem de tudo Não tem de tudo, mas é cidade

Não é não é muito meia boca Ainda não, tudo vai para Tupã Não tem nada Não tem nada ainda pode ser que um

dia vire cidade Não tem estrutura Falta muito para ser cidade, mas já

melhorou

Agora está aumentando um pouco, mas precisa muito emprego. Não é fácil pegar serviço aqui. Precisa trazer firmas para as mulheres

Muito pequena Meio parada Muito pequena para ser cidade

Cidade pequena, parece um sítio Pequena, mas parece uma fazenda

grande

Cidade é Tupã. Aqui eles exploram a gente

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Gráfico 6 Flora Rica Idade dos entrevistados – 2010

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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19

Gráfico 7 Flora Rica

Sexo dos entrevistados – 2010

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 13 Flora Rica

Ocupações dos entrevistados - 2010

Trabalha?

SIM N. % NÃO N. % Aposentado N. %

20 26,31 32 42,10 24 31,58

Profissão

Profissão Frequência

%

Profissão Frequência

%

Funcionário público 8 40,00 Revendedora natura 1 5,00

Cortador de cana-de-açúcar

3 15,00 Lavrador 1 5,00

Empregada doméstica 3 15,00 Não informou 2 10,00

Cabelereira 2 10,00

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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20

Tabela 14 Flora Rica

A cidade e o agronegócio - 2010

Alguém da família que trabalha em usinas e destilarias de açúcar e álcool e/ou no campo?

SIM N. % NÃO N. %

24 31,58 52 68,42

Profissão

Profissão Frequência % Entre-safra Frequência %

Cortador de cana-de-açúcar 18 75,00 Direto 10 41,67

Administrador de fazenda 2 8,33 Bico 7 29,17

Auxiliar de destilaria (usina

e/ou destilaria de açúcar e

álcool)

1 4,17 Fica parado 5 20,83

Barraqueiro (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 4,17 Não informou 2 8,33

Tratorista (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 4,17

Motorista (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 4,17

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Quadro 9 Flora Rica

A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha do trabalho na cana-de-açúcar?

Um trabalho muito difícil e penoso É muito sofrido É difícil e muito pesado Cansativo, escravo só trabalha por

necessidade É um serviço ruim É bravo Por ser muito pesado desgasta muito É difícil, admiro quem corta cana-de-

açúcar porque é desgastante Sofrido O corte é muito sofrido, mas as outras

profissões são boas

É bom não é ruim não É bom Ótimo, porque se não fosse a cana-de-

açúcar o que seria de mim

É o pão de cada dia É o único emprego que tem

Não sabe

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Quadro 10 Flora Rica

A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?

Foi bom, se não fosse a cana-de-açúcar muita gente passaria fome

É a única coisa que tem Não temos outro serviço só cana-de-

açúcar e usinas Só temos emprego na prefeitura e na

cana-de-açúcar É emprego para o povo, se não fosse a

cana-de-açúcar teríamos que sair trabalhar fora

Se não fosse a cana-de-açúcar não teríamos mais nada

O emprego que tem aqui é somente esse

Não temos opção na cidade é somente a cana-de-açúcar

Para quem não tinha emprego a entrada da cana-de-açúcar foi bom

Se não fosse a cana-de-açúcar, Flora Rica não existiria mais

Cana-de-açúcar é nosso sustento Favorece muito o município, se não

fosse isso estaria muito ruim, pois só temos a prefeitura e um comércio fraco

Só tem as usinas e coitados e nós se não fossem elas

Cruel, a cana-de-açúcar está matando nosso povo, aumentando as filas nos postos de saúde e acabou com a agricultura

Lado bom é o emprego, mas o lado ruim supera, pois somente estão plantando cana-de-açúcar e não existe mais lavoura branca. Deveria ser repartido o tanto que vai de cada plantação porque não vamos ter mais alimentos para comer

Somente ter cana-de-açúcar no campo não desenvolve de forma abrangente, além disso na cana somente trabalha homens sendo que nas outras lavouras todos podiam trabalhar

A maioria da população depende da cana-de-açúcar, no entanto está entrando as máquinas e teremos mais desemprego na região

Fonte de emprego que vai acabar A cana-de-açúcar não dá emprego para as

mulheres Acabou com as lavouras, pecuária. Só tem

álcool e açúcar

Mudou para melhor, mais emprego Mais emprego Geração de renda Na questão do emprego e renda melhorou

muito, mas quem trabalha no setor precisará se especializar devido à entrada das máquinas

A solução da nossa cidade

Muita sujeira, fuligem e poluição Deveria eliminar as queimadas e diminuir a

quantidade de veneno que é utilizado, pois acaba com tudo

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Quadro 11

Flora Rica A cidade e o agronegócio - 2010

O que você acha dos trabalhadores que vem de outras cidades para trabalhar na cana-de-açúcar?

Tira nossas oportunidades com certeza Não vem, mas acho que são tranqueiras

Se viesse seria bom para aumentar a cidade

Não deve incomodar tem serviço para todo mundo

Não atrapalha cada uma tem seu modo de vida

Não sabe Não veem para Flora Rica Aqui não tem vindo, mas em Emilianópolis

tem bastante Eles não ficam aqui porque não acham

casa

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Gráfico 8

Flora Rica Renda familiar dos entrevistados – 2010

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Gráfico 9 Flora Rica Situação do imóvel – 2010

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Tabela 15

Flora Rica A cidade e os meios de consumo coletivo e individual

Meio de locomoção para Dracena e Presidente Prudente - 2010 Principais meios de locomoção utilizados pela população

Meio locomoção N. %

Transporte Coletivo 39 51,32

Condução Própria 15 19,74

Condução Própria/Transporte coletivo 6 7,89

Transporte Coletivo / Carona 8 10,53

Carona 3 3,94

Condução Própria / Carona 5 6,58

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Tabela 16 Flora Rica

A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Transporte coletivo para Dracena e Presidente Prudente - 2010

Suficiência do transporte coletivo

SIM N. % NÃO N. % NÃO SABE

N. %

56 73,68 12 15,79 8 10,53

Justificativa do sim Justificativa do não

Conhecimento com o motorista e cobrador

Tem horários de sábado e domingo

Poucos horários muita lotação Falta respeito com os idosos

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Tabela 17

Flora Rica A cidade e os meios de consumo coletivo e individual – Infraestrutura - 2010

Existência de pavimentação?

SIM N. % NÃO N. %

75 98,68 1 1,32

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Tabela 18

Flora Rica A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Principais locais de consumo - 2010

MEIOS DE CONSUMO COLETIVO

Existência na cidade

Hospital

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não

X

Junqueirópolis 27 35,53

Junqueirópolis/Dracena 25 32,89

Junqueirópolis/Dracena/P. Prudente 10 13,16

Dracena 4 5,26

Dracena/Presidente Prudente 6 7,89

Junqueirópolis/Presidente Prudente 3 3,94

Dracena/Adamantina 1 1,32

Posto de saúde

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não

X Flora Rica 76 100

Serviço médico (particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Dracena 18 23,68

X Junqueirópolis/Dracena/P. Prudente 6 7,89

Dracena/P. Prudente 16 21,05

Junqueirópolis/Dracena 10 13,16

Presidente Prudente 5 6,58

Junqueirópolis 9 11,84

Marília 1 1,32

Junqueirópolis/Presidente Prudente 1 1,32

Dracena/Junqueirópolis/Adamantina 2 2,63

Não utiliza 8 10,53

Serviço de dentista (público/particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Flora Rica 56 73,68

X Flora Rica/Dracena 4 5,26

Junqueirópolis/Presidente Prudente 1 1,32

Irapuru/Flora Rica 1 1,32

Dracena 3 3,94

Irapuru 4 5,26

Não utiliza 7 9,21

Creche onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Flora Rica 1o 13,16

X Não utiliza 83 83,00

Igreja onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Flora Rica 73 96,05

X Flora Rica/Presidente Prudente 1 1,32

Não utiliza 2 2,63

Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Dracena 2 2,63

X Flora Rica/Presidente Prudente 1 1,32

Dracena/Adamantina/Pacaembu 1 1,32

Flora Rica 8 10,53

Irapuru 32 42,1

Irapuru/Pacaembu 7 9,21

Irapuru/Pacaembu/Dracena 4 5,26

Pacaembu 10 13,16

Inúbia Pta/Adamantina 4 5,26

Presidente Prudente 2 2,63

Dracena/Junqueirópolis 3 3,94

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Emilianópolis 1 1,32

Irapuru/Mascate 1 1,32

Confecções, calçados e armarinhos

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Irapuru/Dracena 14 18,42

X Presidente Prudente 5 6,58

Irapuru 30 39,48

Dracena 2 2,63

Pacaembu 3 3,94

Irapuru/Pacaembu/Dracena 1 1,32

Flora Rica 3 3,94

Dracena/Adamantina/Pacaembu 1 1,32

Irapuru/P. Prudente/Adamantina 1 1,32

Dracena/Junqueirópolis 2 2,63

Irapuru/Dracena/Presidente Prudente 5 6,58

Dracena/Presidente Prudente 4 5,26

Junqueirópolis/Flora Rica 1 1,32

Irapuru/Flora Rica 1 1,32

Mascate/Dracena 1 1,32

Outros 1 1,32

Não utiliza 1 1,32

Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Flora Rica 11 14,48

X Região 9 11,84

Irapuru/Dracena 1 1,32

Presidente Prudente 1 1,32

Não utiliza 54 71,05

Pescaria e zona rural (Região) Atividades da Terceira Idade

(Flora Rica) Shopping (P.Prudente)

Escola onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Flora Rica 30 39,48

X Adamantina 2 2,63

Adamantina/Flora Rica 2 2,63

Flórida Paulista 1 1,32

Lucélia 2 2,63

Não utiliza 39 51,32

← Adamantina (Faculdade, técnico e ensino médio particular)

← Lucélia (Faculdade)

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 19

Flora Rica Assistência social - 2010

Utiliza ou já utilizou assistência social do município?

SIM

N. % NÃO N. %

47 61,84 29 38,16

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 20 Flora Rica

O entrevistado e as relações com Presidente Prudente, Marília e São Paulo - 2010 Relação com Presidente Prudente

SIM N. % NÃO N. %

68 89,47 8 10,53

MOTIVOS

Motivo Frequência % Motivo Frequência %

Saúde 27 39,7 Saúde/passeio 10 14,71

Passeio 15 22,06 Saúde/compras 13 19,12

Compras 3 4,41

Relação com Marília

SIM N. % NÃO N. %

26 34,21 50 65,79

MOTIVOS

Motivo Frequência % Motivo Frequência %

Saúde 15 57,7 Saúde/passeio 2 7,69

Passeio 7 26,92 Outros 2 7,69

Relação com São Paulo

SIM N. % NÃO N. %

30 39,47 46 60,53

MOTIVOS

Motivo Frequência % Motivo Frequência %

Passeio 21 70 Saúde 6 20

Moradia 3 10

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 21

Flora Rica Relação interurbana com Dracena - 2010

Fluxo

Ocorrência Frequência %

1 vez na semana 5 6,58

2 vezes na semana 10 13,16

3 vezes na semana 4 5,26

4 vezes na semana 1 1,32

Raramente 8 10,53

Sempre 3 3,94

Quando necessita 45 59,21

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Gráfico 10 Flora Rica

Tempo de residência em anos dos entrevistados - 2010

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Quadro 12 Flora Rica

Local de origem - 2010 Onde nasceu? Motivo da mudança para Flora Rica?

Origem Motivo

Minas Gerais Pernambuco Bahia Alagoas Paraíba Sítio da região Adamantina (SP) Tarabaí (SP) Santa Cruz do Rio Pardo (SP) Presidente Epitácio (SP) São Paulo (SP) Mirandópolis (SP) Emilianópolis (SP) Santos (SP) Pacaembu (SP) Irapuru (SP) Norte do Brasil

Trabalhar usina/destilaria Família Emprego Cansou de morar em São Paulo (SP) Casamento Não respondeu

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 22 Flora Rica

O entrevistado e a cidade - 2010

Você gosta de morar em Flora Rica?

SIM

N. % NÃO N. %

68 89,47 8 10,53

Justificativa Justificativa

Muito boa Calma Sossego Adora muito Tranquilidade Não tem violência É bastante quieto

Muito parada

Se adaptou e acostumou ao lugar Amizades Construiu a vida na cidade Família toda mora na cidade

Falta tudo Não tem emprego

Não sabe

Sem motivo

Sem motivo

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Quadro 13 Flora Rica

O entrevistado e a cidade - 2010

Quais as melhorias que faltam em Flora Rica?

3. Esporte, lazer, educação e saúde 4. Conservação do asfalto 5. Mais médicos e médico 24 horas 6. Lazer e emprego para os jovens 7. Lazer para crianças e jovens 8. Escola 9. Mais horários de ônibus 10. Policiamento 11. Conservar a cidade 12. Terminar a piscina pública 13. Esporte 14. Limpeza pública

Mais comércio, mais emprego e mais lazer Emprego para os jovens Indústrias Emprego Mais supermercado e comércio forte Emprego para as pessoas não irem embora Emprego para tirar da cana-de-açúcar Farmácia Emprego para mulher

Assistência social para população Mais casas populares Ensino profissionalizante População depende muito da assistência social,

diminuir isso

Faltam muitas coisas Falta tudo e um pouco mais Não sabe Não falta nada Construir outra cidade

Melhorar administração há mais de 20 anos parada

Vereadores acomodados

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Quadro 14 Flora Rica

O entrevistado e a cidade - 2010 O que você acha de Flora Rica?

Boa Calma, sossegada, tranquila Limpa Não tem lugar melhor para morar do que

Flora Rica População é toda unida Gosta da cidade, pois todos são amigos um

ajuda o outro Cidade pequena mais é boa Não é ruim Organizada Solidária Bem administrada

As pessoas são legais, mais não gosta da cidade

Boa, mais falta uma administração mais competente

Boa, mais não tem emprego É preciso aumentar fazer benfeitorias É pacata precisa de desenvolvimento Agora acabou, mas já foi muito melhor Cidade muito fora de mão Não dá para fazer futuro tem de ir para fora Melhorar população É fraca Muito tranquila É preciso “limpar” a cidade É lugar para Aposentado Aqui não tem nada para tudo tem de sair,

buscar fora

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Quadro 15 Flora Rica O entrevistado e as relações interurbanas com Dracena – 2010

O que você acha de Dracena?

Tem bons hospitais Tem opção de escolhas Boa para médicos e exames Tem mais festas Razoável, mas tem mercados Boa, comércio e mercados Boa, conforto, tudo que precisa As mercadorias são mais baratas Boa para alugar casa Conforto tem bancos Mais empregos, faculdade, hospital

Tem emprego Bom para emprego Muita opção de emprego e lazer

Ótima é grande Boa, grande Boa, é mais movimentada Melhor cidade da região

Boa Chique Não sabe Organizada

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 23 Flora Rica

O entrevistado e a cidade - 2010 Gostaria de morar em outra cidade?

SIM N. % NÃO N. %

27 35,53 49 64,47

Qual cidade Motivos

Presidente Prudente (SP) Três lagoas (MS) São Paulo (SP) Dracena (SP) Americana (SP) Santa Rita do pardo (MS) Santos (SP) Bahia Junqueirópolis (SP) Indaiatuba (SP) Mato Grosso Adamantina (SP)

Mais opção de emprego Mais eventos culturais acesso a

projetos e oficinas culturais Trabalhar em refinarias Para melhorar de vida Família Cidade maior

Cidade maior

Qualquer uma menos Flora Rica

Área rural

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Quadro 16 Flora Rica Concepção de cidade dos entrevistados - 2010

Os entrevistados e a definição de cidade

Definição

Cidade maior, grande Onde tenha de tudo Maior que essa Melhor que Flora Rica Com mais mercados Grande movimentação Que seja grande mais sem

violência São Paulo, grande e agitada Toda estrutura para não

precisar sair do seu lugar Rio de Janeiro

Saúde, comércio, prefeito, população

Tenha lazer e supermercados Bastante comércio Lugar que tenha conforto,

médicos e escolas

Segurança Opção de vida Oportunidades Coisa boa Calma e tranquilidade Onde se encontra tudo de

bom e ruim

Que tenha emprego e tudo mais, mas que não seja grande e não tenha violência

Flora Rica já é cidade boa Onde tem muita violência Boa adminstração

Comunidade Tenha muitos habitantes População maior Grupo de pessoas Local de convivência com

outras pessoas

Emprego Indústrias Bancos progresso

Desenvolvimento Muito bem cuidada e o

povo seja respeitado

Moradia Prédios Calçadão

Lugar para viver bem, pois o sítio não dá mais

Não sabe

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 24 Flora Rica

Definição de cidade e sua aplicação - 2010 Flora Rica pode ser considerada cidade?

SIM N. % NÃO N. %

42 55,26 34 44,74

Justificativa do Sim Justificativa do não

Tem prefeito Município é cidade

Não chega a ser cidade é um distrito É uma fazenda Uma vila muito pequena Patrimônio igual ao sítio É um município Comunidade rural

É uma cidade pacata mais é É uma cidade, mas é pequena Tranquila e pequena

Poucos habitantes Muito parada não tem futuro

É uma cidade, mas precisa melhorar muito

Uma cidadezinha mais ou menos É, mas está incompleta faltam muitas

coisas É uma cidade sem nada

Está se acabando o povo está indo embora

Se melhorar sim, desta forma, não Está muito acabada, desta forma, vai

virar distrito

É boa para morar todos se conhecem Sim porque gosto dela

Só tem nome de cidade Falta muita coisa para ser cidade Não, porque o pastor mora fora, padre

mora fora, delegado não mora aqui, médico e assistente social vem de fora e até o prefeito anterior morava em Presidente Prudente.

É muito pequena não mereceria ter prefeito

É muito pequena não temos as coisas que precisamos

Muito pequena e não tem emprego Muito pequena

É uma vila. Quando fala que vai para cidade vai para Junqueirópolis ou Dracena e ainda vem um ônibus para comprar no supermercado de Pacaembu porque aqui não tem

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Gráfico 11

Inúbia Paulista Idade dos entrevistados - 2010

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Gráfico 12 Inúbia Paulista

Sexo dos entrevistados - 2010

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 25

Inúbia Paulista

Ocupações dos entrevistados - 2010

Trabalha?

SIM N. % NÃO N. % Aposentado N. %

36 42,35 36 42,35 13 15,29

Profissão

Profissão Frequência

%

Profissão Frequência

%

Diarista (faxineira) 1 2,78 Funcionário Público (prefeitura)

2 5,55

Costureira 1 2,78 Serviço gerais (usina e destilaria de açúcar e álcool)

1 2,78

Empregada doméstica

5 13,89 Bóia-fria 1 2,78

Cortador de cana-de-açúcar

3 8,33 Produtor rural 1 2,78

Servente de escola 2 5,55 Auxiliar de montador de móveis

1 2,78

Cabeleireira 1 2,78 Encarregado (usina e destilaria de açúcar e álcool)

1 2,78

Recenseador 1 2,78 Analista laboratório (usina e destilaria de açúcar e álcool)

1 2,78

Taxista 1 2,78 Tratorista (usina e destilaria de açúcar e álcool

2 5,55

Cozinheira 1 2,78 Pedreiro 1 2,78

Repositor (supermercado)

1 2,78 Auxiliar de enfermagem

1 2,78

Operador de caixa (supermercado)

1 2,78 Auxiliar educacional de escola infantil

1 2,78

Professora 1 2,78 Não informou 4 11,11

Fonte: Trabalho de campo, 2010

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Tabela 26 Inúbia Paulista

A cidade e o agronegócio - 2010

Alguém da família que trabalha em usinas e destilarias de açúcar e álcool e/ou no campo?

SIM N. % NÃO N. %

33 38,82 52 61,18

Profissão

Profissão Frequência

%

Entre-safra Frequência

%

Cortador de cana-de-açúcar 23 69,70 Bico 18 54,54

Braçal em fazenda 1 3,03 -- 5 15,15

Motorista (usina e destilaria

de açúcar e álcool)

2 6,06 Direto 10 30,3

Tratorista em fazenda 1 3,03

Produtor rural 1 3,03

Bóia-fria 2 6,06

Pecuarista 1 3,03

Encarregado (usina e

destilaria de açúcar e álcool)

1 3,03

Tratorista (usina e destilaria

de açúcar e álcool)

1 3,03

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Quadro 17 Inúbia Paulista A cidade e o agronegócio – 2010

O que você acha do trabalho na cana-de-açúcar?

Para cortador é muito cansativo, acaba com as pessoas

Muito sofrido, sol muito quente, poeira ← Desumano Duro, mais é a salvação dos pobres Ruim, mais é a única coisa que tem Difícil; pesado Muito serviço para pouco ganho Muito forçado, cansativo, mas permite

sobreviver Difícil, judia da pessoa Sofrimento, mas dá emprego para a

cidade. Não temos comércio, as únicas coisas são a cooperativa e a cana-de-açúcar

O povo da cidade não tem estudo o único emprego é a cana-de-açúcar

O trabalho por produção é muito difícil, a pessoa tem que ser máquina, mas é o único meio de vida

Perigoso Não tem outro Única fonte de renda para os pobres É um serviço de escravo

Bom Melhor serviço que tem é na cana-de-

açúcar ← Bom, ganha bem Bom pelo emprego, mas é muito pesado Bom, para quem não tem outro emprego Bom para ganhar dinheiro, mas o trabalho

é ruim

Não sabe

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Quadro 18 Inúbia Paulista

A cidade e o agronegócio – 2010 O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?

Única fonte de renda da cidade e dos pobres

Melhorou a cidade, sendo a única opção de emprego

← Muito emprego, mais movimento Crescimento da cidade, mais poder de

compra Ajuda muito as pessoas É o único meio de vida, mas as

máquinas estão tirando os empregos Pelo emprego é bom para o povo Pela renda é bom, mas tira outras

opções Se não fosse a cana-de-açúcar seria

muito pior, passaríamos fome Se não fosse a cana-de-açúcar

estávamos bebendo pinga e comendo farinha

É a sorte do povo para trabalhar Ruim, passa ter somente emprego na

cana-de-açúcar não diversifica

Muita sujeira Muitas queimadas ← Devido das queimadas temos muita falta

de ar Para o meio ambiente é ruim Muito ruim, queimada causa doenças

Depois da cana-de-açúcar piorou muito as coisas, acabou com todas as lavouras, com o gado. Quando morávamos no sítio era muito melhor, tínhamos fartura e hoje é tudo comprado

Tinha mais lavouras agora é só cana-de-açúcar e isso é ruim

Ruim, tirou a lavoura Ruim, só se vê cana-de-açúcar

Progresso

Não sabe

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Quadro 19 Inúbia Paulista

A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha dos trabalhadores que vem de outras cidades para trabalhar na cana-de-

açúcar?

A gente não conhece mais quem é quem

Aumento da população piorou a cidade ← Aumento da população Muita gente diferente

Mesma coisa Não muda nada ← Inúbia Paulista ainda não mudou muita

coisa Não atrapalha Gosta do convívio Vem em busca de trabalho não toma frente

de ninguém Não faz nada para ninguém Muita mudança, mas não trouxe problemas Mistura de pessoas é melhor Não incomoda Cada um tem seu modo de vida, mas eles

vem em busca de emprego que lá não tem Não mudou nada para a cidade as brigas

são entre eles

Nos sorteios de casas populares eles pegam tudo e as pessoas da cidade não pega nada

Não deveria vir, eles tomam serviço do pessoal da cidade

Acaba com a cidade, os recursos vão tudo para eles

Diminuiu nossos empregos Tira nossas oportunidades, emprego

Dinamiza o comércio Mais renda, mais movimento para a cidade

Não sabe Não sabe, não tem muito contato

Aumento valor dos alugueis Aumento da procura por casas

Aumento da criminalidade, brigas Vinha muita gente para cá, mas depois

que teve morte parou Não tem briga, cada um na dele Bastante encrenca, mas tem alguns

bons

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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35

Gráfico 13 Inúbia Paulista

Renda familiar dos entrevistados - 2010

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Gráfico 14 Inúbia Paulista

Situação do imóvel - 2010

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Tabela 27

Inúbia Paulista A cidade e os meios de consumo coletivo e individual

Meio de locomoção para Adamantina e Osvaldo Cruz - 2010 Principais meios de locomoção utilizados pela população

Meio locomoção N. %

Condução Própria 10 11,76

Transporte Coletivo 50 58,82

Transporte Coletivo / Carona 5 5,88

Transporte Coletivo / Condução

Própria

13 15,29

Carona 7 8,23

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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36

Tabela 28 Inúbia Paulista

A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Transporte coletivo para Adamantina e Osvaldo Cruz – 2010

Suficiência do transporte coletivo

SIM N. % NÃO N. %

49 57,65 24 28,23

REGULAR N. % NÃO SABE N. %

3 3,53 9 10,59

Justificativa do sim Justificativa do não e regular

Bons horários Bom Bom, mais faltam horários

Falta horários Ônibus velhos com mais de 20 anos Lotação, sempre muito cheio Ruim, péssimo, não tem conforto, não tem

concorrência Má conservação, quebrados Chove dentro Poucas vagas para aposentados Valor elevado da passagem

Não sabe

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Tabela 29 Inúbia Paulista

A cidade e os meios de consumo coletivo e individual – Infraestrutura - 2010

Existência de pavimentação?

SIM N. % NÃO N. %

79 92,94 6 7,06

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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37

Tabela30 Inúbia Paulista

A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Principais locais de consumo – 2010

MEIOS DE CONSUMO COLETIVO

Existência

na cidade

Hospital

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não

X

Adamantina 75 88,23

Adamantina/Osvaldo Cruz 4 4,7

Osvaldo Cruz 3 3,53

Adamantina/Marília 1 1,18

Adamantina/Osvaldo Cruz/Marília 1 1,18

Marília 1 1,18

Posto de saúde

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Inúbia Paulista 85 100

X

Serviço médico (particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Osvaldo Cruz 23 27,06

X Adamantina 20 23,53

Adamantina/Osvaldo Cruz 17 20

Marília 2 2,35

Lucélia 2 2,35

Osvaldo Cruz/Londrina 1 1,18

Rinópolis 1 1,18

Presidente Prudente 1 1,18

Tupã 1 1,18

Adamantina/Osvaldo Cruz/Tupã 1 1,18

Não utiliza 15 17,65

Não informou 1 1,18

Serviço de dentista (público/particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Inúbia Paulista 44 51,76

X Osvaldo Cruz 20 23,53

Inúbia Paulista/Osvaldo Cruz 5 5,88

Inúbia Paulista/Adamantina 2 2,35

Lucélia 1 1,18

Adamantina 1 1,18

Adamantina/Osvaldo Cruz 1 1,18

Não utiliza 11 12,94

Creche onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Inúbia Paulista 6 7,06

X Não utiliza 79 92,94

Igreja onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Inúbia Paulista 78 91,76

X Inúbia Paulista/Osvaldo Cruz 1 1,18

Inúbia Paulista/Parapuã 1 1,18

Não utiliza 5 5,88

Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Inúbia Paulista 83 97,65

X Inúbia Paulista/Osvaldo Cruz 1 1,18

Inúbia Paulista/Lucélia 1 1,18

Confecções, calçados e armarinhos

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Inúbia Paulista/Osvaldo Cruz 27 31,76

X Osvaldo Cruz 21 24,7

Inúbia Paulista 13 15,29

Adamantina/Osvaldo Cruz 9 10,59

Inúbia Paulista/Osvaldo Cruz/Adamantina/Lucélia

4 4,71

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38

Lucélia 3 3,53

Adamantina 3 3,53

Presidente Prudente/Adamantina/Osvaldo Cruz

2 2,35

Mascate/Osvaldo Cruz 1 1,18

Não compra/Ganha 1 1,18

Não informou 1 1,18

Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Inúbia Paulista 14 16,47

X Adamantina 4 4,71

Lucélia 2 2,35

Lucélia/Osvaldo Cruz 2 2,35

Osvaldo Cruz 2 2,35

Adamantina/Osvaldo Cruz 1 1,18

Não informou 1 1,18

Não utiliza 59 69,41

15. Pesqueiro (Lucélia) 16. Praça, rua , Futebol, Baile,

Ginástica terceira idade, esporte adaptado terceira idade, Igreja, Sítio (Inúbia Paulista)

17. Clube, Parquinho infantil, festa, (Osvaldo Cruz)

18. Festa (Adamantina)

Escola onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Inúbia Paulista 38 44,7

X Osvaldo Cruz 2 2,35

Adamantina 1 1,18

Lucélia 1 1,18

Não utiliza 43 50,59

Adamantina (Faculdade) Osvaldo Cruz (Faculdade) Lucélia (Faculdade)

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 31

Inúbia Paulista Assistência social - 2010

Utiliza ou já utilizou assistência social do município?

SIM

N. % NÃO N. %

45 52,94 40 47,06

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 32 Inúbia Paulista

O entrevistado e as relações com Presidente Prudente, Marília e São Paulo - 2010 Relação com Presidente Prudente

SIM Nº % NÃO Nº %

55 64,71 30 35,29

MOTIVOS

Motivo Frequência % Motivo Frequência %

Compras 17 30,91 Compras -saúde 2 3,64

Passeio 16 29,09 Trabalho 1 1,82

Saúde 13 23,64 Passeio - saúde 1 1,82

Passeio - compras 5 9,09

Relação com Marília

SIM Nº % NÃO Nº %

63 74,12 22 25,88

MOTIVOS

Motivo Frequência % Motivo Frequência %

Saúde 51 80,95 Passei - saúde 5 7,94

Passeio 6 9,52 Trabalho 1 1,59

Relação com São Paulo

SIM Nº % NÃO Nº %

31 36,47 54 63,53

MOTIVOS

Motivo Frequência % Motivo Frequência %

Passeio 22 70,97 Passeio - saúde 1 3,22

Moradia 3 9,68 Saúde 1 3,22

Trabalho 2 6,45 Não informou 1 3,22

Aeroporto 1 3,22

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 33

Inúbia Paulista Relação interurbana com Adamantina e Osvaldo Cruz - 2010

Fluxo

Ocorrência Frequência %

1 vez na semana 10 11,76

2 vezes na semana 6 7,06

3 vezes na semana 5 5,88

4 vezes na semana -- --

5 vezes na semana 1 1,18

6 vezes na semana 2 2,35

7 vezes na semana 3 3,53

Raramente 11 12,94

Sempre 3 3,53

Quando necessita 44 51,76

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Gráfico 15 Inúbia Paulista

Tempo de residência em anos dos entrevistados – 2010

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Quadro 20 Inúbia Paulista

Local de origem – 2010 Onde nasceu? Motivo da mudança para Inúbia Paulista?

Origem Motivo

Sítio na região Marília (SP) Parapuã (SP) Indiana (SP) Lucélia (SP) Paraná Salmourão (SP) Pernambuco Florida Paulista (SP) Garça (SP) São Paulo (SP) Osvaldo Cruz (SP) Rio de Janeiro Junqueirópolis (SP) Sorocabana (SP) Jaú (SP) Minas Gerais Olímpia (SP) Mato Grosso Pacaembu (SP) Maranhão Sergipe Bahia

Aracaju Bilac (SP)

Acabou o café Não dava mais para plantar Acabou lavoura Falecimento esposo Procura de emprego Casamento Cidade mais facilidade que o sítio Família Procura de sossego Trabalho

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 34 Inúbia Paulista

O entrevistado e a cidade - 2010

Você gosta de morar em Inúbia Paulista?

SIM

N. % Razoável N. % NÃO N. %

69 81,18 1 1,18 15 17,65

Justificativa Justificativa

Paz Calma Tranquilidade Sossego

Cidade abençoada Sem barulho da cidade grande Boa de morar Mais liberdade

Falta opção de acesso aos equipamentos e serviços urbanos

Falta de lazer, lanchonetes, restaurantes

Falta de bancos, médicos Não tem nada

Não falta trabalho Falta de emprego Falta trabalho para jovens e mulheres Falta opção de emprego

Não tem violência Não tem bandido Sem assaltos Sem brigas Não tem vagabundo

Muito tranquilo Não tem o que fazer Não tem movimento Necessidade constante de

deslocamento

Conhece todo mundo Amizades

Não sabe

Comodismo

Não sabe

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Quadro 21

Inúbia Paulista O entrevistado e a cidade -2010

Quais as melhorias que faltam em Inúbia Paulista?

Lazer (festas, cinema, diversão para jovens, piscina pública, parque infantil, atividade para idosos)

Saúde (especialistas, atendimento 24 horas, maior quantidade de médicos)

Asfalto Tudo bom, tem ambulância, farmácia, dentista

Mais fábricas, comércio e indústrias Mais concorrência no comércio, não somente

cooperativa Emprego (mais opção, emprego para jovens,

emprego para mulheres, ) Bancos Desenvolvimento da cidade, sem ser a

cooperativa Emprego, sem ser na cana-de-açúcar

Conservação da cidade Voltar prefeito anterior Menos impostos

Casas populares Maior atuação assistência social Remédio

Melhorar sistema tratamento de esgoto Ta bom assim, se fosse cidade grande não estaria aqui

Não tem nada Falta de tudo um pouquinho Não falta nada Tudo bom Muitas coisas Não sabe

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Quadro 22 Inúbia Paulista

O entrevistado e a cidade - 2010 O que você acha de Inúbia Paulista?

Cidade para aposentado Muito boa, só falta emprego Muita fofoca Só tem lei para alguns, para outros não Cooperativa, não deixa crescer mais nada Só cooperativa domina a cidade Cidade parece abandonada

Muito boa, sossegada, aconchegante Cidade boa de morar Bem administrada Tem de tudo por causa da cooperativa

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Quadro 23 Inúbia Paulista O entrevistado e as relações interurbanas - 2010

O que você acha de Osvaldo Cruz?

Bons médicos

Boa, tem clubes, lanchonetes Tem, rodoviária para comprar passagem Tem hospital Mais facilidade de acesso Tem faculdade Mais lazer

Comércio muito bom

Variedade de lojas Várias agências bancárias Mais opção de compra Tem indústrias Mais empregos

Muito boa, é grande Muito desenvolvida Tudo fazemos em Osvaldo Cruz dependemos de

lá É maior, tem trabalho, comércio, mais opção de

lazer Boa, comparando com Inúbia Paulista lá tem

mais emprego, atendimento médico 24 horas e mais lazer

Para morar é ruim Mais movimento, ótima Maior que Inúbia Paulista, bom Cidade grande, mais conforto

Mais oportunidade Muito violenta Cidade regular Perfeita para tudo Tem de tudo Não respondeu Mais opção

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 35 Inúbia Paulista

O entrevistado e a cidade - 2010 Gostaria de morar em outra cidade?

SIM N. % NÃO N. %

37 43,53 48 56,47

Qual cidade Motivos

Adamantina (SP) Osvaldo Cruz (SP) Salmourão (SP) Presidente Prudente (SP) Paraná São J. do Rio Preto (SP) Marília (SP) Indaiatuba (SP) Ribeirão Preto (SP) Curitiba (PR) Rinópolis (S) Sagres (SP)

Comércio Falta de cinema Opção de emprego Família Ter de tudo, lazer, médicos,

oportunidades

Uma cidade com mais oportunidade de emprego

Uma cidade maior

Cidade grande

Uma cidade que ofereça maior oportunidade de estudo

Uma cidade com mais oportunidade para viver

Sítio

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Quadro 24

Inúbia Paulista Concepção de cidade dos entrevistados - 2010

Os entrevistados e a definição de cidade

Definição

Rua Tem que ter hostital, boas

escolas Médico Lazer Faculdade Lojas, mercados,

farmácias Limpeza Infra-estrutura Boa estrutura na saúde Escolas Posto de Gasolina Cinema Comércio no geral

Opção de vida Tranquila, que não tenha

roubos, violência Recursos Lugar de oportunidade Várias opções Melhoria de vida Facilidade Tudo perto Sossego Segurança Melhor condição de vida Misturas Barulho

Lugar bem grande Uma cidade grande Campinas, São Paulo Tem que ser como

Adamantina, Osvaldo Cruz, Tupã, ter de tudo

Para ser cidade é de Adamantina para cima

Igual Inúbia Paulista, tem moradores, farmácia, e mercado

Organização boa Prefeito

Emprego Indústria

Diferente de sítio tem prédios, indústrias

População Pessoas reunidas Muito movimento Aglomeração de casas,

comércio, fábrica e pessoas

Movimento de carros Vizinhos Comunidade

Ambiente urbano Mais desenvolvida, que não

precisássemos sair para fora constantemente

Zona urbana

Casas Prédios Lugar de morar

Não sabe

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 36 Inúbia Paulista

Definição de cidade e sua aplicação - 2010 Inúbia Paulista pode ser considerada cidade?

SIM N. % NÃO N. %

57 67,06 28 32,94

Justificativa do Sim Justificativa do não

Parada mas é Tem de tudo

Para ser de verdade teria que ser maior É muito pequena para ser cidade

As pessoas moram juntas Como moro nela acho que sim Pela quantidade de habitantes

Tem que sair para fazer tudo Falta muita coisa Falta bastante para acontecer Cidade mesmo, ainda não Cidade não precisa ficar deslocando-se

para outros lugares, assim comparando com outras cidades, não é

Cidade pequena, mas é Cidade já cresceu muito Cidadinha

É uma fazenda grande, não uma cidade É um sítio, somente pela cooperativa

dá ar de cidade Patrimônio, depende de tudo Vila, falta tudo É parada como um sítio Vila ou bairro, menos cidade Povoado

Só é cidade pela presença da cooperativa, se não seria uma fazenda

Se não fosse a cooperativa Inúbia Paulista não existiria

De jeito nenhum, parece um bairro das outras cidades

Parece um bairro, só não falam que é pela presença da cooperativa

Não sabe População pequena

Não tem movimento

Meu pai quando vai para Osvaldo Cruz fala que vai para a cidade, então aqui não é cidade

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Gráfico 16

Mariápolis Idade dos entrevistados - 2010

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Gráfico 17 Mariápolis

Sexo dos entrevistados - 2010

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 37

Mariápolis

Ocupações dos entrevistados - 2010

Trabalha?

SIM N. % NÃO N. % Aposentado N. %

31 31,00 41 41,00 28 28,00

Profissão

Profissão Frequência

%

Profissão Frequência

%

Faxineira 5 16,13 Operador de máquina (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)

1 3,22

Cortador de cana-de-açúcar

4 12,90 Supervisor (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)

1 3,22

Pedreiro 3 9,68 Motorista (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)

1 3,22

Funcionário público municipal

3 9,68 Baba 1 3,22

Bico 2 6,45 Professor 1 3,22

Servente (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)

2 6,45 Doméstica 1 3,22

Tratorista (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)

2 6,45 Auxiliar enfermagem 1 3,22

Bóia-fria 2 6,45 Vendedor comércio 1 3,22

Fonte: Trabalho de campo, 2010

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Tabela 38 Mariápolis

A cidade e o agronegócio - 2010

Alguém da família que trabalha em usinas e destilarias de açúcar e álcool e/ou no campo?

SIM N. % NÃO N. %

45 45,00 55 55,00

Profissão

Profissão Frequência

%

Entre-safra Frequência

%

Cortador de cana-de-açúcar 27 60,00 Direto 20 44,44

Boia-fria 3 6,67 Fica parado 5 11,11

Maquinista (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

3 6,67 Bico 4 8,89

Tratorista (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

3 6,67 Não informou 16 35,55

Lavrador 2 4,44

Motorista (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

2 4,44

Auxiliar de empacotamento

(usina e/ou destilaria de

açúcar e álcool)

1 2,22

Desenvolvimento agrícola

(usina e/ou destilaria de

açúcar e álcool)

1 2,22

Mecânico (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 2,22

Encarregado (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 2,22

Ajudante geral (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 2,22

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Quadro 25 Mariápolis

A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha do trabalho na cana-de-açúcar?

Preço da cana de açúcar muito baixo, cansativo demais

Muito pesado, sofrido, mas é o único meio de sobrevivência

Não é bom, mas é um meio de vida Muito pesado, tem que ter força Maltrata muito Corte é muito pesado Terrível Sacrificado Não tem outra saída tem que ir

trabalhar, mas tem de ter saúde Para quem não tem estudo é bom Muito difícil, última opção de emprego Último trabalho do mundo A cinza deixa doente Não é serviço para mulher Não presta, mas, é o único para

sobreviver Paga-se muito pouco pela diária Pesado, dá dor nos braços, costas etc.

Bom, é o único que tem Feliz quem arruma emprego na cana de

açúcar Muito bom é o sustento

Não sabe

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Quadro 26 Mariápolis A cidade e o agronegócio - 2010

O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?

Bom pela pouca opção de emprego Bom pela parte do emprego, pois se

não fosse a cana de açúcar não teríamos outra coisa

Se não fosse ela iríamos passar fome Se não fosse isso Mariápolis tinha

acabado É a única coisa que tem na cidade Dá emprego mais explora muito e paga

pouco Serviço de outra coisa não tem é só

Prefeitura e cana de açúcar Salvação do povo Único serviço do município se não fosse

esse não teria mais ninguém aqui Gera muito emprego se não fosse a

cana de açúcar o povo estava morto A maioria das pessoas da cidade

sobrevive da cana de açúcar Se não fosse a cana de açúcar estaria

pior Sem a cana de açúcar seria nosso fim

Acabou com toda agricultura e ainda está acabando com a oferta de mão de obra

Ninguém planta mais nada nas lavouras, assim a salvação são as usinas

Acabo com as lavouras Ruim, só tem cana de açúcar Antes era café, amendoim etc. agora só

cana de açúcar, é o que tem, temos de achar bom

Muito bom Gera muito emprego para cidade Forte gerador de emprego Ajuda muito Aumento da renda Fundamental para cidade Bom, o sítio está arrendado da usina Bom para o município É a potência do município

As queimadas são ruins Não traz benfeitorias somente sujeira As queimadas são ruins poluição

Não sabe

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Quadro 27 Mariápolis

A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha dos trabalhadores que vem de outras cidades para trabalhar na cana-de-

açúcar?

Pega tudo eu é nosso – casa popular, leite

Não é certo, falta as coisas para nós eles tomam frente de tudo

Eles tomam frente na saúde, nas coisas do governo e em tudo

Os Baianos tomaram conta da cidade Não é bom, tinha que ter um limite no

número de baianos que poderiam ficar na cidade, pois eles pegam todo leite do posto e brigam muito

Não pode julgar, mas exagera o tanto de gente que toma nossos empregos

Desfruta tudo que tem na cidade e vão embora e ainda acabam tendo mais chances que a gente.

Baiano só vem buscar o que tem aqui e vai embora. Deixa mulher grávida, filhos

Tira o emprego das pessoas da cidade Utilizam muito os médicos São sem educação. Querem ser donos

da cidade que não é deles Tem de dar valor para os dá cidade Baiano fica tudo rico e vai embora Baianos utilizam todas as vagas da

creche Não é bom. Eles gastam mais no

scomércio, mas acabam com nossos medicamentos (EX: 16 vagas de consulta no posto 10 são deles)

20% dos que vem são bons o restante só quer se encostar e bagunçar

Tira nossas oportunidades

Ajuda desenvolvimento do comércio, aumentou o número de casas existentes na cidade

Custo de vida mais alto

Aumento movimento na cidade, no valor dos alugueis

Aumentou muito, muito o preço dos alugueis

Aumento da população Mudou muito a cidade Além de aumentar o valor dos alugueis

também diminuiu o número de casas disponíveis para alugar

Piora muito as coisas, principalmente, pelo valor dos alugueis

Para o comércio é muito bom, eles ganham e gastam em Mariápolis

Valorizou muito os imóveis Ficou muito fácil alugar casa Como para os baianos o aluguel é cobrado

por cabeça o valor dos alugueis sobre muito

Causa muita briga Ficam nos bares Não atrapalha, mais sai muitas brigas Incomoda, gera desconfiança e nos

deixa com medo Muita confusão

Acabou o sossego da cidade, não podemos ter confiança como temos no povo da cidade e aumentou o barulho

Desordeiros Já deu assassinato entre eles

Não incomoda Só vieram para trabalhar e vão embora Só vem em busca de emprego Para mim não tem problemas, não vem na

minha casa Vem ganhar o pão

Não mudou nada Eles estão certos Vem ganhar dinheiro não atrapalha Os coitados vêm ganhar o pão É bom, melhora a vida deles Sol brilha para todos A cidade tem que ser aberta para todos Vem tentar a vida para melhor Uns heróis Eles não tem móveis nenhum, vem marido

e mulher para tentar a vida

Não sabe

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Gráfico 18 Mariápolis

Renda familiar dos entrevistados - 2010

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Gráfico 19

Mariápolis Situação do imóvel - 2010

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Tabela 39 Mariápolis

A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Meio de locomoção para Adamantina - 2010

Principais meios de locomoção utilizados pela população

Meio locomoção N. %

Transporte Coletivo 55 55,00

Condução Própria 20 20,00

Transporte Coletivo / Condução

Própria

14 14,00

Transporte Coletivo / Carona 7 7,00

Carona 2 2,00

Condução Própria / Carona 2 2,00

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Tabela 40 Mariápolis

A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Transporte coletivo para Adamantina - 2010

Suficiência do transporte coletivo

SIM N. % NÃO N. % NÃO SABE

N. %

70 70,00 19 19,00 11 11,00

Justificativa do sim Justificativa do não

Bons horários Bom Único que tem Serve Ajuda Ótimo Bom, mas precisa melhorar

horário Bom, pouco movimento para

colocar mais horários Não sabe

Faltam horários Poucos horários No período da tarde temos

que vir em pé No período da noite não tem

circulação Empresa de ônibus implica

com as caronas Falta lugar nos ônibus Elevado valor da passagem Falta uma rodoviária Não sabe

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Tabela 41

Mariápolis A cidade e os meios de consumo coletivo e individual – Infraestrutura – 2010

Existência de pavimentação?

SIM N. % NÃO N. %

89 89,00 11 11,00

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Tabela 42 Mariápolis A cidade e os meios de consumo coletivo e individual -

Principais locais de consumo - 2010

MEIOS DE CONSUMO COLETIVO

Existência na cida

de

Hospital

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não

X

Adamantina 85 85,00

Adamantina/Marília 7 7,00

Adamantina/Presidente Prudente 2 2,00

Adamantina/Marília/Pte Prudente 1 1,00

Presidente Prudente/Marília 1 1,00

Marília 1 1,00

Presidente Prudente 1 1,00

Não utiliza 2 2,00

Posto de saúde

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Mariápolis 95 95,00

X Mariápolis/Adamantina 2 2,00

Não utiliza 3 3,00

Serviço médico (particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Adamantina 79 79,00

X Adamantina/Presidente Prudente 5 5,00

Adamantina/Lucélia 2 2,00

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Adamantina/Marília/Pte Prudente 2 2,00

Presidente Prudente 2 2,00

Adamantina/Tupã 1 1,00

Adamantina/Marília 1 1,00

Adamantina/Dracena/Pte Prudente 1 1,00

Marília 1 1,00

Lucélia 1 1,00

Não utiliza 5 5,00

Serviço de dentista (público/particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Mariápolis 65 65,00

X Adamantina 16 16,00

Adamantina/Mariápolis 4 4,00

Não utiliza 15 15,00

Creche onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Mariápolis 17 17,00

X Não utiliza 83 83,00

Igreja onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Mariápolis 92 92,00

X Adamantina 1 1,00

Não utiliza 7 7,00

Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Adamantina 37 37,00

X Mariápolis 34 34,00

Adamantina/Mariápolis 22 22,00

Adamantina/Inúbia Paulista 3 3,00

Adamantina/Pte Prudente/Mariápolis 1 1,00

Presidente Prudente 1 1,00

Mariápolis/Inúbia Paulista 1 1,00

Inúbia Paulista 1 1,00

Confecções, calçados e armarinhos

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Adamantina 73 73,00

X Adamantina/Mariápolis 12 12,00

Mariápolis 5 5,00

Presidente Prudente 4 4,00

Adamantina/Presidente Prudente 3 3,00

Adamantina/Inúbia Paulista 1 1,00

Não utiliza 2 2,00

Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Mariápolis 29 29,00

X Adamantina 9 9,00

Cidades da região 3 3,00

Panorama 1 1,00

Adamantina/Mariápolis 1 1,00

Presidente Prudente 1 1,00

Não utiliza 56 56,00

Pescaria, igreja, lanchonete, rua e praça (Mariápolis)

Festas e lanchonetes (Adamantina e cidades da região)

Balneário (Panorama)

Escola onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Mariápolis 39 39,00

X Adamantina 6 6,00

Adamantina/Mariápolis 1 1,00

Londrina 1 1,00

Araçatuba 1 1,00

Não utiliza 52 52,00

Adamantina (Faculdade, técnico e ensino médio particular)

Londrina e Araçatuba (Faculdade)

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 43 Mariápolis

Assistência social - 2010

Utiliza ou já utilizou assistência social do município?

SIM

N. % NÃO N. %

61 61,00 39 39,00

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 44

Mariápolis O entrevistado e as relações com Presidente Prudente, Marília e São Paulo - 2010

Relação com Presidente Prudente

SIM N. % NÃO N. %

79 79,00 21 21,00

Motivo Frequência %

Saúde 31 31,00

Passeio 21 21,00

Compras 10 10,00

Saúde/passeio 10 10,00

Saúde/compras 6 6,00

Não informou 1 1,00

Relação com Marília

SIM N. % NÃO N. %

81 81,00 19 19,00

MOTIVOS

Motivo Frequência %

Saúde 75 75,00

Passeio 5 5,00

Saúde/passeio 1 1,00

Relação com São Paulo

SIM N. % NÃO N. %

44 44,00 56 56,00

MOTIVOS

Motivo Frequência %

Passeio 32 32,00

Moradia 4 4,00

Trabalho 3 3,00

Saúde 3 3,00

Passeio/compras 1 1,00

Passeio/saúde 1 1,00

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 45 Mariápolis

Relação interurbana com Adamantina - 2010 Fluxo

Ocorrência Frequência %

1 vez na semana 20 20,00

2 vezes na semana 10 10,00

3 vezes na semana 6 6,00

4 vezes na semana 2 2,00

5 vezes na semana -- --

6 vezes na semana -- --

7 vezes na semana -- --

Raramente 7 7,00

Sempre -- --

Quando necessita 55 55,00

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Gráfico 20 Mariápolis Tempo de residência em anos dos entrevistados - 2010

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Quadro 28 Mariápolis

Local de origem - 2010 Onde nasceu? Motivo da mudança para Mariápolis?

Origem Motivo

Minas Gerais Paraná Flora Rica (SP) Quintana (SP) Flórida Paulista (SP) Ameliópolis (SP) Adamantina (SP) Caiabú (SP) Osasco (SP) Birigui (SP) Bahia Floresta do Sul (SP) Sítio da região Rio de Janeiro Ceará Lucélia (SP) Pracinha (SP) São Paulo (capital) Araçatuba (SP) Alagoas Paraíba Bauru (SP)

Martinópolis (SP) Valparaíso (SP) Ouro Branco (SP) Tupã (SP) São João do Pau D`Alho (SP) Pernambuco Arco-Íris (SP)

Negócio iludido Trabalhar nas lavouras do município (boia-fria) Família Emprego Emprego público e não tinha muito facilidade

de acesso devido os poucos horários do transporte coletivo

Cidade mais sossegada Procurar melhoria de vida Lavoura não dava mais Pensou que era bom Os pais vieram derrubar mata Vendeu o sítio Parou de tocar lavoura Trabalhar na cana de açúcar Não pode mais trabalhar na roça Casamento Para ter a casa própria

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 46 Mariápolis

O entrevistado e a cidade - 2010

Você gosta de morar em Mariápolis?

SIM

N. % NÃO N. %

92 92,00 8 8,00

Justificativa Justificativa

Tranquilidade Sossego Pode andar por tudo que não

acontece nada Não existe outra Para morar é muito tranquila, mas

para saúde é péssima Podemos dormir com a janela aberta Não tem roubos Sem violência Não tem muito barulho Liberdade

Muito calma, não tem lazer Muitas fofocas

Conhecimento Pessoas se tratam como irmãos, todo

mundo se preocupa comigo Acostumou Conhece todo mundo na cidade Gosto do lugar, do povo Criou os filhos Terra natal Não tem muita droga e tiroteios Amizade

Não tem empregos e não proporcionada oportunidades

Casa própria Tudo depende de Adamantina Falta de acesso ao comércio

Gosta daqui, mas a Bahia é melhor Tem que gostar

Não sabe

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Quadro 29 Mariápolis

O entrevistado e a cidade - 2010

Quais as melhorias que faltam em Mariápolis?

Rodoviária Lazer Médicos plantonistas Mais policiamento Mais médicos no posto de saúde Pavimentação Lazer para as crianças Hospital Pronto socorro Mais vagas na creche, faculdades Melhorar qualidade da creche Mais limpeza pública Conservação dos espaços públicos Conservar a cidade como um todo – limpeza,

ruas, campo de futebol e asfalto Não fechar posto de saúde nos feriados Academia ao ar livre Ginástica para terceira idade Mais remédio no posto de saúde Lazer para idosos Saneamento básico Transporte Ambulância pequena para Marília Melhorar atendimento no posto de saúde Maior número de médicos e mais horários de

atendimento

Emprego Mercados, lojas e fábricas Industrias Emprego para os jovens Comércio Incentivo a lavoura Fábrica para as mulheres Uma cooperativa, fábrica de bolsas, roupas Feira livre

Se as melhorias dependerem do prefeito estamos enrolados, precisa mudar a política

Atendimento sem preferências no posto de saúde

Mais democracia no clube dos idosos

Médico direto, dia e noite, para não precisarmos ir para Adamantina

Médico que morasse na cidade Pavimentação para melhorar acesso a Presidente

Prudente Melhorar conservação da vicinal (asfalto) entre

Mariápolis e Adamantina Fábrica, para as mulheres não precisarem ir para

Adamantina

Cursos profissionalizantes Casas populares Assistência social

Tudo bom, acostumado a sofrer Tudo bom Bastante coisa Falta tudo Menos fofoca

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Quadro 30 Mariápolis

O entrevistado e a cidade - 2010 O que você acha de Mariápolis?

Que tem uma assistência social muito boa, sem preferências

É um bom lugar Cidade boa Agora está boa Povo muito amigo, conhecido Atende a pobreza. Do jeito deles, mas atende Assistência social está bem melhor Melhorou muito Não tenho do que reclamar

Muito parada Cidade pequena sem oportunidades para os

jovens é uma cidade para idosos Faltam muitas coisas Uma cidade pequena, uma pessoa faz ou fala

alguma coisa o outro está sabendo, mas, depois dos baianos ninguém mais sabe quem é quem

Precisa crescer Lugar fraco Policia muito bruta Boa para morar, mas não tem recursos Cidade para aposentado

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Quadro 31 Mariápolis

O entrevistado e as relações interurbanas com Adamantina - 2010

O que você acha de Adamantina?

Bastante opção para as crianças no lazer, mais moradia e faculdades

Opção para os estudos Adamantina além de emprego tem lazer Mais médicos Mais opção. Tem fórum, INSS, lojas etc. Mais facilidade de acesso Ótima infraestrutura Melhor, tem hospital e médicos Tem faculdade, escola técnica é boa

Variedade no comércio Mais opção de compras Comércio mais dinâmico e melhor preço Melhor comércio, movimento Melhor para trabalho e comércio Mercadorias são mais baratas Emprego Boa para o comércio, mas também faltam

indústrias Adamantina é nosso centro comercial Tem fábrica

Bom gerenciamento Prefeito bom

Mais violenta, mas precisamos ir lá É uma cidade que vai pra frente, acho que é a

melhoria de vida

Grande, tem mais opção de emprego Dependemos muito de Adamantina Tudo que precisa acha, lá tem conforto aqui não Mais desenvolvida Gosta, nem muito grande nem pequena Muito boa, grande Uma cidade grande de movimento É grande tem mais coisas Muito desenvolvida, grande Adamantina é como uma arvore maior que

Mariápolis se precisamos pegar um fruto vamos Para lá, é, assim, com médicos e supermercados

Diferente de Mariápolis Mais evoluída que Mariápolis Cidade maior Bem melhor que Mariápolis, tem de tudo Melhor em tudo, emprego, compra, comércio Tudo de melhor, carro, som.... tem escolhas

coisa que em Mariápolis não temos

Nada Não sabe Boa Muitas coisas boas Movimentada Tem de tudo Lugar bom, mas opção Tudo que precisa tem lá Um recurso a mais Ótima Excelente

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 47 Mariápolis

O entrevistado e a cidade - 2010 Gostaria de morar em outra cidade?

SIM N. % NÃO N. %

39 39,99 61 61,00

Qual cidade Motivos

Adamantina (SP) Jundiaí (SP) Marília (SP) Flórida Paulista (SP) Presidente Prudente (SP) Campinas (SP)

Mudar de vida Mais emprego Procurar por melhoras Família Ficar mais perto de

supermercados, lojas e hospitais

Para crescer na vida, ser alguém

Mais lazer

Uma cidade com mais oportunidade de emprego

Voltar para Bahia

Uma cidade maior, para conhecer pessoas diferentes

Uma cidade onde tudo seja mais fácil, médicos, hospitais, lojas, serviços

Uma cidade com mais diversão e emprego

Uma cidade com mais

opção

Cidade maior

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Quadro 32 Mariápolis

Concepção de cidade dos entrevistados - 2010 Os entrevistados e a definição de cidade

Definição

Bem grande É ter mais estrutura e não

precisar sair Uma coisa grande com

transito, poluição Lugar maior, prosperidade Tem que ter tudo, para

não precisar sair da sua cidade, como acontece com Mariápolis

Maior, que tenha tudo Adamantina é cidade, tem

de tudo, movimento Não precisar sair do seu

lugar para ir longe Igual à cidade de Marília Tem que ter de tudo,

médico, trabalho - exemplo a cidade de Adamantina

Cidade grande como Presidente prudente

São Paulo, lá é cidade Conforto com acesso a

escolas, médicos e supermercados melhores – exemplo a cidade de Adamantina

População com mais de 50 mil habitantes

Grande e cheia de diversão, indústrias

Bauru, Adamantina, Marília, São Paulo, Campinas

Tipo Adamantina lá tem rodoviária, casa da sopa e vários supermercados

Lazer Saúde Hospital Médicos, escolas e serviços

em geral Eventos Limpeza Ter praça de lazer e vários

restaurantes Tenha tudo, recursos

médicos, saúde e lazer Posto de saúde Tenha rodoviária

Tem que ter de tudo, fábricas, lazer

Lugar que tem tudo Conforto Vida melhor Ter conforto, como lazer,

médicos, emprego Lugar bom de morar Atormento, medo,

agitação Correria e atormento Moda Sossego, descanso Centro da sociedade,

recursos Muita coisa, advogados

etc. Lugar para morar

tranquilo Dificuldades Violência

População Pessoas Conjunto de pessoas

morando juntas Movimento de pessoas Aglomeração Lugar que morra bastante

pessoas Convivência com outras

pessoas

Onde temos firmas, emprego

Supermercado, bancos e movimento nas ruas

Oportunidade de emprego, fábricas, comércio

Lugar com lojas Lugar com grandes

supermercados e lojas Bancos Mercadorias mais acessíveis

e baratas

Lugar que tenha prefeito, banco, posto de saúde

Lugar que tenhamos dignidade, respeito e cidadania

Lugar com prefeitura

Casas, prédios, carros Lugar cheio de casas

Diferente de sítio Tudo de bom, diferente do

sítio que não dá nada

Não sabe

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 48 Mariápolis

Definição de cidade e sua aplicação - 2010 Mariápolis pode ser considerada cidade?

SIM N. % NÃO N. %

58 58,00 42 42,00

Justificativa do Sim Justificativa do não

Tem prefeito é cidade Está como cidade Há mais de 60 anos é uma cidade

É um município É um patrimônio Colônia das usinas É um sítio não tem nada

Cidade pequena mais é Cidade pequena, boa para morar não tem

perigo É pequena mais é uma cidade É pequena, mas de tudo tem um pouco Cidadezinha Pequena, mas é cidade. Tem rico, pobre e

da mesma forma que tem São Paulo grande precisa de cidade pequena

Cidade pequena do interior Mini cidade Cidade pequena, não como Adamantina

Para ser cidade tem que ter de tudo e não precisar buscar em outra cidade

Falta muita coisa Falta oportunidade de acesso Tá considerado como cidade, mas não

é. Falta muita coisa Faltam investimentos

Para ser cidade tem que ter fábricas

Pode moramos aqui, mas está difícil porque as mulheres só podem trabalhar na roça ou fazendo faxina em Adamantina e nem de boia-fria tem mais como trabalhar, pois acabou o amendoim, o feijão

É uma cidade fraca mais é É, mais falta aperfeiçoar

Não é uma cidade ainda Quase uma cidade

Para mim não tem outra Para mim é cidade Para nós é, mas comparando com as

outras não

Muito pequena Ainda não, por causa do porte pequeno

Não podemos considerar só porque tem prefeito

É um bairro

É uma cidade rural Deveria ser igual à Adamantina

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Gráfico 21 Monte Castelo Idade dos entrevistados - 2010

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Gráfico 22 Monte Castelo

Sexo dos entrevistados - 2010

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 49

Monte Castelo

Ocupações dos entrevistados - 2010

Trabalha?

SIM N. % NÃO N. % Aposentado N. %

24 25,26 48 50,53 23 24,21

Profissão

Profissão Frequência

%

Profissão Frequência

%

Doméstica 3 12,50 Tratorista (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)

1 4,17

Pedreiro 2 8,33 Técnico em logística 1 4,17

Boia-fria 2 8,33 Lavadeira de roupa 1 4,17

Comerciante 2 8,33 Motorista (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)

1 4,17

Prefeitura Municipal 1 4,17 Operador de máquina (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)

1 4,17

Autônomo 1 4,17 Instalador de antena 1 4,17

Funcionário público 1 4,17 Reciclagem de lixo 1 4,17

Auxiliar de laboratório (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)

1 4,17 Diarista 1 4,17

Cabeleireiro 1 4,17 Manicure 1 4,17

Jardineiro 1 4,17

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Tabela 50 Monte Castelo

A cidade e o agronegócio - 2010

Alguém da família que trabalha em usinas e destilarias de açúcar e álcool e/ou no campo?

SIM N. % NÃO N. %

39 41,05 56 58,95

Profissão

Profissão Frequência % Entre-safra Frequência %

Cortador de cana-de-açúcar

(usina e/ou destilaria de

açúcar e álcool)

18 46,15 Bico -- --

Motorista (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

5 12,82 Direto -- --

Laboratório (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

3 7,69 Fica parado -- --

Dentro da usina (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

3 7,69 Depende da

safra

-- --

Mecânico (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

2 5,13

Operador de máquina (usina

e/ou destilaria de açúcar e

álcool)

2 5,13

Tratorista (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

2 5,13

Serviços gerais (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

2 5,13

Bombeiro (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 2,56

Medidor (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 2,56

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Quadro 33 Monte Castelo

A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha do trabalho na cana-de-açúcar?

Muito pesado tem de ter coragem para encarar

Ruim Muito pesado Só corta porque não tem outro emprego Muito sofrido Não é aquelas coisas, mas precisa Não é fácil Difícil É um serviço escravo Não é bom não Sacrificado Cansativo

Bom, mas é pesado Bom Muito bom Bom ganha bem, mas é pesado Bom para os homens, ruim para as

mulheres Trabalho normal Gosto do emprego

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Quadro 34 Monte Castelo

A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?

Melhorou, mais renda, pode compras as coisas Só não trabalha quem não quer Melhorou muito Muito emprego A cidade não tinha movimento Antes não tinha empego Se não fosse a usina estava todo mundo parado Melhorou o movimento financeiro da cidade A maioria dos empregos na cana-de-açúcar é com carteira assinada Pelo emprego foi bom É a salvação dos boias-frias. Porque acabou com o serviço do povo Graças a Deus que tem o serviço na cana-de-açúcar, senão o que seria do povo Até mulher corta cana-de-açúcar Fora da usina não tem outra opção de emprego A cana-de-açúcar tomou conta de tudo, mas deu muito trabalho para o povo

Antes tinha roça, agora acabou. É só cana-de-açúcar

Ninguém planta mais nada. O boia-fria e o lavrador acabou tudo

Precisa diversificar só tem cana-de-açúcar Acabou com a lavoura. Mulher trabalhava

de boia-fria, na cana-de-açúcar não Acabou com a pecuária e subiu muito o

preço da carne Lavoura acabou, gado acabou, a carne e o

arroz estão caros O único emprego é a cana-de-açúcar e isso

acabou com as lavouras. Assim quem não pode trabalhar na cana-de-açúcar fica sem nada

Onde vai parar o preço dos alimentos? Quem vai continuar a plantando?

Emprego para uns e outros não. Antes na lavoura todos podiam trabalhar. A lavoura acabou: uns comem e outros não

Não se planta mais lavoura para comer. Ninguém vive só de cana-de-açúcar

É ruim, porque sem estudo e acima dos 50 anos não consegue trabalho e acabou com outras lavouras

A cana-de-açúcar tirou o que comer do povo. Não se planta mais nada

A cana-de-açúcar é bom, mas tá avançando demais e acabando com o gado

A cana-de-açúcar tira emprego, porque depois da safra não tem mais emprego

Poderia ter cana-de-açúcar e mais tipos de trabalho

Estragou a cidade agora só tem esse serviço

Para a maioria não melhorou nada Mudou para pior Ruim, o álcool está caro, o açúcar está

caro e a carne também A usina prefere os jovens Quando não tinha cana-de-açúcar tinha

mais emprego. A cana-de-açúcar tomou conta de tudo

Entra a cana-de-açúcar e mais nada. Em cinco anos não tem mais terra e ainda o açúcar é caro

Mais fumaça e poluição Sujeira Falta de ar Ardência nos olhos Ar poluído Muita queimada Mudou, abafado

Só tem cana-de-açúcar A cidade está ficando muito pequena, pois

a cana-de-açúcar está muito perto Além da cana-de-açúcar tem trabalho na

uva Cana-de-açúcar e uva são os trabalhos que

tem na cidade Tem colorau, uva, manga e cana-de-açúcar

dá para escolher Tem outros empregos sem ser a cana-de-

açúcar

Não sabe

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Quadro 35 Monte Castelo

A cidade e o agronegócio – 2010 O que você acha dos trabalhadores que vem de outras cidades para trabalhar na cana-de-

açúcar?

Tira o emprego do povo que já é pouco aqui na cidade

Tem que dar preferência para quem é daqui

Com certeza tira os empregos do povo daqui

Mais concorrência no emprego: mecânico e tratorista

Tira nossa vez no posto de saúde Tira nossas oportunidades. Mas cada

um na sua não faz brigas

Não mudou nada São gente boa Quem mora na cidade e quer trabalhar tem

serviço. Então não tira emprego

Vem muita gente, mas não percebi nada de diferente

Vem muita gente para trabalhar nas máquinas. Não mudou nada

Tem muita gente diferente, mas não mudou nada

Dificulta na parte do aluguel mais gente, mas não tem nenhum conflito

Vieram em busca de emprego dentro e fora da usina

Tem muito serviço na cana-de-açúcar, para todos

Vem muita gente, mas não tira o emprego de ninguém

Tem emprego para todos

Gente que não conhecemos Cheio de gente da usina, são diferentes,

povo esquisito não é amigo da gente Não sei de onde, mas tem muita gente

diferente Gente desconhecida, tira o sossego, fico

mais preocupada Não conheço mais ninguém Piorou devido o pessoal do corte da

cana-de-açúcar, muita gente estranha. Os motoristas são bons mais amigos

Mais violência, brigas, bebem demais

Aluguel ficou mais caro (de R$200 para R$500); preço das casas e dos terrenos também subiu

Subiu o valor dos alugueis

Valorizou os imóveis, o aluguel Mais movimento na cidade Mais gente na cidade As casas não estão mais fechadas Abriu mais comércio, então mudou

bastante Mais movimento no comércio Melhorou bastante. Corto bastante

cabelo do pessoal da usina Não sabe

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Gráfico 23 Monte Castelo

Tempo de residência em anos dos entrevistados - 2010

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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65

Quadro 36 Monte Castelo

Local de origem dos entrevistados – 2010 Onde nasceu? Motivo da mudança para Monte Castelo?

Origem Motivo

Nova Independência Catanduva (SP) Ceará Pernambuco Guararapes (SP) Iacri (SP) Rancharia (SP) Paraná Novo Horizonte (SP) Andradina (SP) Pirajuí (SP) Lutercia Pompéia (SP) Terra Nova Rio Claro (SP) Mirassol (SP) Mirandópolis (SP) Americana (SP)

Campinas (SP) Tupi Paulista (SP) Panorama (SP) Mato Grosso do Sul

Santa Mercedes (SP) Dracena (SP) Bauru (SP) Junqueirópolis (SP) Sítios da região Norte Bahia Minas Gerais Alagoas São Paulo (Capital)

Lavoura quebrou Filhos vieram para cidade e a lavoura acabou Cansou do trabalho no sítio Trabalho na cana-de-açúcar mais fácil que no

sítio Trabalho na usina Morar perto da mãe Família Trabalho Casamento Alagamento do lago para construção da usina

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Gráfico 24

Paulicéia Idade dos entrevistados - 2010

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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66

Gráfico 25 Paulicéia

Sexo dos entrevistados - 2010

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 51 Paulicéia

Ocupações dos entrevistados - 2010

Trabalha?

SIM N. % NÃO N. % Aposentado N. % N. respondeu

N. %

40 41,67 33 34,37 20 20,84 3 3,12

Profissão

Profissão Frequência

%

Profissão Frequência

%

Doméstica 7 17,50 Assistente agrícola (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)

1 2,50

Faxineira 4 10,00 Eletricista (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)

1 2,50

Professora 4 10,00 Costureira 1 2,50

Comerciante 4 10,00 Carpinteiro 1 2,50

Ceramista 2 5,00 Agente de saúde comunitária

1 2,50

Vassoureiro 2 5,00 Cabeleireiro 1 2,50

Funcionário público 2 5,00 Atendente 1 2,50

Pecuarista 1 2,50 Porteira 1 2,50

Pedreiro 1 2,50 Não respondeu 4 10,00

Açougueiro 1 2,50

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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67

Tabela 52 Paulicéia

A cidade e o agronegócio - 2010

Alguém da família que trabalha em usinas e destilarias de açúcar e álcool e/ou no campo?

SIM N. % NÃO N. %

26 27,08 70 72,92

Profissão

Profissão Frequência

%

Entre-safra Frequência

%

Operador de máquina (usina

e/ou destilaria de açúcar e

álcool)

4 15,38 Bico -- --

Dentro da usina (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

3 11,54 Direto -- --

Tratorista (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

2 7,69 Fica parado -- --

Mecânico (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

2 7,69 Depende da

safra

-- --

Motorista (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

2 7,69

Bombeiro (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

2 7,69

Carpinteiro (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 3,85

Cortador de cana-de-açúcar

(usina e/ou destilaria de

açúcar e álcool)

1 3,85

Dosador de veneno (usina

e/ou destilaria de açúcar e

álcool)

1 3,85

Bituqueiro (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 3,85

Escritório (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 3,85

Irrigação (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 3,85

Vigia (usina e/ou destilaria

de açúcar e álcool)

1 3,85

Fiscal (usina e/ou destilaria

de açúcar e álcool)

1 3,85

Auxiliar geral (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 3,85

Carregamento (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 3,85

Topografia (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 3,85

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Quadro 37 Paulicéia

A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha do trabalho na cana-de-açúcar?

Muito ruim Muito difícil Sol muito quente, muito abafado Muito pesado É um serviço para quem precisa

Muito bom Bom, muito bom, quero entrar na usina

para o corte da cana-de-açúcar É bom, ruim é a quentura Bom trabalho Alguns gostam

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Quadro 38

Paulicéia A cidade e o agronegócio - 2010

O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?

Gerou emprego antes era só cerâmica Desenvolvimento da região É bom, faz açúcar e álcool Desenvolvimento 100% da cidade;

grande empresa que gera emprego para centenas de pessoas a cidade era parada

Gera bastante emprego Melhor, mais emprego Aumento da população Aumentou movimento da cidade Se não fosse a usina não teria emprego

para o povo Muito bom para a cidade Melhorou a vida aqui Ajudou muito na nossa vinda para cá Tirou o povo da miséria A cana-de-açúcar é a salvação do povo Melhor, não tinha emprego agora tem.

O povo passava fome era um corredor de fome

Evoluiu bastante Revolucionou a cidade. Trouxe

progresso Quem trabalhava com gado fracassou e

arrendou para cana-de-açúcar Aumentou movimento no comércio

Acabou com outras lavouras, aumento no preço dos alimentos porque não sobra terra

Pior, acabou com as lavouras, gado. A

família não pode trabalhar na cana-de-açúcar. Tomávamos conta de uma fazendo, mas o patrão mandou embora para arrendar para cana-de-açúcar

Acabou com outras lavouras

Poluição Queimada, fumaça Matou os animais As aves estão vindo para a cidade As margens dos rios estão acabando Economicamente melhorou para o meio

ambiente é ruim Muito veneno Tirando as queimadas é bom

Gera mais emprego, mas temos as cerâmicas também

As cerâmicas dão mais emprego que as usinas

Por enquanto está bom pelo emprego, depois não se sabe

Ruim, aumento no valor dos alugueis A cidade está cheia já não conheço todo

mundo Ruim, o preço da carne subiu não tem

gado Trouxe trabalho para o povo de fora os

daqui não sabe trabalhar na cana-de-açúcar

Acabou com as estradas

Não alterou nada Não sabe

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Quadro 39 Paulicéia

A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha dos trabalhadores que vem de outras cidades para trabalhar na cana-de-

açúcar?

Levou as mulheres embora A verba de remédio, dentista é igual. O

povo da cidade fica sem usar Tem o dia deles no posto de saúde

O posto de saúde tá lotado Eles vão acabar tomando frente de tudo Tem uma chuva de alagoano aqui Não tem mais sossego eles querem ser

os donos da cidade e a gente não pode ficar por baixo

Tira emprego do pessoal daqui Porque esse povo vem tudo para cá e

não vai para outro lugar Alagoano é praga Aqui era Paulicéia agora é “alagocéia”

Não mudou nada Vem só para trabalhar O serviço está para todos não trabalha

quem não quer

Não incomoda São mais educados que o pessoal da

cidade Eles gostam daqui Teve atrito no começo, agora melhorou Não mexem com ninguém Tem muita gente, mas não tirou emprego

de ninguém Ninguém mexe com ninguém Veio muito alagoano eles já vem

contratados

Aumentou as brigas Muito atrito A cidade está desestabilizada; brigas,

roubos Confusão, brigas, muito preconceito

contra eles: falam que já foram presos e vieram para cá

O povo fala que eles são muito esquentados

Drogas, roubos Só acontece coisa pesada Barulho, bagunça A cidade ficou perigosa Tem muito furto na cidade Não se pode deixar mais nada para fora A cidade virou tumulto Muita gente diferente Tirou a liberdade da gente Mais gente mais assalto Eles bebem muito O pessoal reclama que eles quebram

orelhão. Muita bebedeira. Corre atrás das mulheres na rua

Aumentou o movimento; até roubo está tendo

Eu não vejo, mas falam que brigam

muito Não todos, mas o povo diz que eles

brigam muito. Nem pode ter festa na cidade que eles brigam

Tem bastante alagoano. Foi bom para o comércio; eles bebem e comem demais

Mais movimento no comércio Mais construção de casas Movimentou mais o comércio de pinga Em parte mudou para melhor (aumento no

comércio e valorizou os imóveis) em parte piorou ( aluguel subiu)

Mais movimento Aumentou a população Só melhorou A cidade cresceu Quanto mais gente melhor para o comércio É bom para a cidade

Não se conhece mais as pessoas; todos são estranhos

Muita gente estranha Não se sabe mais nada da cidade

Tirou a liberdade da cidade Ninguém mais é amigo, não dá para

confiar mais em ninguém São diferentes Gerou insegurança

Dobrou a população mais a verba para a saúde é a mesma

Ficou tudo mais caro Subiu o valor dos alugueis Não tem mais casas para alugar Não tem mais casa para alugar; eles

acabam com as casas. Tudo que ganha no aluguel precisa usar na reforma depois

O aluguel ficou mais caro por causa desse povo

As famílias pobres não pode mais pagar aluguel

Não sobra mais casa para alugar

Viemos para cá porque lá é muito ruim para serviço. Seis meses tem serviço, comemos mais ou menos e seis meses passamos necessidade

Fui bem recebido, todos são amigos. Eu vim em busca de emprego

Estou gostando, vim com a família toda e aos poucos tento fazer amizade mais é difícil.

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Gráfico 26 Paulicéia

Tempo de residência em anos dos entrevistados - 2010

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Quadro 40 Paulicéia Local de origem dos entrevistados - 2010

Onde nasceu? Motivo da mudança para Paulicéia?

Origem Motivo

Primavera (SP) Penápolis (SP) Tupi Paulista (SP) Panorama (SP) Brasilândia (MS) Ilha tibiriça Paraná Mato Grosso do Sul Osvaldo Cruz (SP) Novo Horizonte (SP) Promissão (SP) São João do Pau D’Alho (SP) Rosana (SP) Santa Mercedes (SP) Santos (SP) Ouro Verde (SP) Dracena (SP) Barra Bonita (SP) Bauru (SP) Junqueirópolis (SP) Santo Anastácio (SP) Monte Castelo (SP) Presidente Venceslau (SP) Araçatuba (SP) Jales (SP) Sítios de outros Estados Sítios da região Norte Bahia Minas Gerais

Alagoas Pacaembu (SP) São Paulo (Capital) Não respondeu

Com os pais Família Terreno barato Tentar a vida Trabalhar Casamento Alagamento do lago para construção da usina

hidrelétrica Não tinha emprego vim para trabalhar na

cerâmica e virei pescador Trabalho na cana-de-açúcar

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Gráfico 27 Pracinha

Idade dos entrevistados - 2010

12%

15%

14%

9%

25%

25%

Até 19 anos

20 a 29 anos

30 a 39 anos

40 a 49 anos

50 a 59 anos

60 anos ou mais

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Gráfico 28

Pracinha Sexo dos entrevistados - 2010

57%

43%Feminino

Masculino

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 53 Pracinha

Ocupações dos entrevistados - 2010

Trabalha?

SIM N. % NÃO N. % Aposentado N. %

24 36,92 29 44,61 12 18,46

Profissão

Profissão Frequência

%

Profissão Frequência

%

Mecânico 1 4,17 Motorista 1 4,17

Pedreiro 4 16,67 Açougueiro 1 4,17

Empregada doméstica

2 18,33 Cortador de cana-de-açúcar

2 8,33

Funcionário público (prefeitura)

5 20,83 Comerciante 1 4,17

Projeto social (prefeitura)

3 12,50 Professor 1 4,17

Conselheiro Titular 1 4,17 Não informou 2 8,33

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Tabela 54 Pracinha

A cidade e o agronegócio - 2010

Alguém da família que trabalha em usinas e destilarias de açúcar e álcool e/ou no campo?

SIM N. % NÃO N. %

14 21,54 51 78,46

Profissão

Profissão Frequência

%

Entre-safra Frequência

%

Cortador de cana-de-açúcar 10 71,43 Bico 4 28,57

Dentro da usina (não

especificou)

1 7,14 Direto 2 14,28

Barraqueiro (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 7,14 Fica parado 1 7,14

Tratorista (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

2 14,29 Depende da

safra

7 50,00

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Quadro 41 Pracinha A cidade e o agronegócio - 2010

O que você acha do trabalho na cana-de-açúcar?

Terrível Péssimo, o ganho depende da qualidade

da cana-de-açúcar Muito pesado Pesado, mas preciso O trabalho na cana-de-açúcar já foi

melhor hoje abaixou muito o preço do metro de cana-de-açúcar cortada

Um trabalho sofrido Muito ruim, pesado só realiza porque

precisa Não é bom, mas não tem outra opção Cansativo, mas dá para ganhar o pão Para homem é bom para mulher

desumano

Não é muito ruim, é uma boa opção para quem não estuda

Bom, mas é pesado Digno Muito bom Ganha-se muito bem trabalhando na cana-

de-açúcar

Não sabe

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Quadro 42 Pracinha

A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?

Terrível, mais é a única fonte de emprego e renda

Dá emprego para a cidade No interior para quem não tem estudo é

a única oportunidade de emprego Aqui em Pracinha ou é cana-de-açúcar

ou prefeitura Se não fosse a cana-de-açúcar muita

gente passaria fome É o sustento do povo de Pracinha O povo de Pracinha maioria trabalha do

corte, dentro da usina é difícil pegar daqui

Só gera emprego para homem Maioria das pessoas trabalham na cana-

de-açúcar se acabar não teremos o que fazer

Bom para os pobres, se não fosse a cana-de-açúcar numa cidade pequena como esse não teríamos outra coisa

Melhor qualidade de vinda pela renda Muito mais renda para cidade Mudou para melhor, mas não gostaria de

trabalhar na cana-de-açúcar

Acabou com todos os outros tipos de lavoura

Acabou com o sítio, antes tinha famílias com até 10 pessoas morando e trabalhando no sítio agora está tudo desempregado na cidade

Não é bom, se não fosse a cana-de-açúcar teríamos outras lavouras que geram mais renda

As queimadas são ruins

Não sabe

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Quadro 43 Pracinha

A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha dos trabalhadores que vem de outras cidades para trabalhar na cana-de-

açúcar?

Em Pracinha ainda não chegou Veio mais já foram embora Eles não vem mais para Pracinha

porque é muito difícil arrumar casa para alugar

Não vem

Eles vêm em busca de emprego não atrapalham ninguém

Aqui só nos atrapalham os que vêm do presídio

Não incomoda Não atrapalha, tem muitas usinas Não tem nem para os que moram aqui,

para quem vir mais gente Eles tomam muito a frente do povo da

cidade Eles vem tirar o pouco que nós temos Tira emprego das pessoas da cidade

Aumento da população

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Gráfico 29 Pracinha

Renda familiar dos entrevistados - 2010

39%

38%

2%3%

3%

15%Até 1 salário mínimo

Mais de 1 até 2salários mínimos

Mais de 2 até 3salários mínimos

Mais de 3 até 4salários mínimos

Mais de 4 saláriosmínimos

Não informou

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Gráfico 30 Pracinha

Situação do imóvel - 2010

82%

2%

5%

11%

Própria

Alugada

Financiada

Cedida

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Tabela 55

Pracinha A cidade e os meios de consumo coletivo e individual

Meio de locomoção para Lucélia - 2010 Principais meios de locomoção utilizados pela população

Meio locomoção N. %

Condução Própria 16 24,61

Transporte Coletivo 26 40,00

Transporte Coletivo / Carona 3 4,62

Transporte Coletivo / Condução

Própria

5 7,69

Carona 12 18,46

Condução Própria / Táxi 3 4,62

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Tabela 56

Pracinha A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Transporte coletivo para Lucélia - 2010

Suficiência do transporte coletivo

SIM N. % NÃO N. % NÃO SABE

N. %

42 64,61 2 3,08 21 32,31

Justificativa do sim Justificativa do não

Antes não tinha circulação de transporte coletivo

Ótima Agora tem, antes tinha que

esperar carona

Ainda poucos horários Valor elevado da tarifa

Não sabe, porque ainda não utilizou

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Tabela 57 Pracinha

A cidade e os meios de consumo coletivo e individual – Infraestrutura - 2010

Existência de pavimentação?

SIM N. % NÃO N. %

63 96,92 2 3,08

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Tabela 58

Pracinha A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Principais locais de consumo - 2010

MEIOS DE CONSUMO COLETIVO

Existência na cidade

Hospital

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não

X

Lucélia 56 86,15

Lucélia/Adamantina 5 7,69

Lucélia/Marília 2 3,08

Lucélia/Marília/Presidente Prudente 1 1,54

Lucélia/Presidente Prudente 1 1,54

Posto de saúde

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Pracinha 65 100,00

X

Serviço médico

(particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Lucélia 23 35,38

X Lucélia/Adamantina 12 18,46

Adamantina 7 10,77

Lucélia/Presidente Prudente 5 7,69

Presidente Prudente 3 4,61

Adamantina/Presidente Prudente 2 3,08

Adamantina/Osvaldo Cruz 2 3,08

Marília/Presidente Prudente 1 1,54

Osvaldo Cruz 1 1,54

Marília/Tupã 1 1,54

Osvaldo Cruz/Presidente Prudente 1 1,54

Lucélia/Dracena/Adamantina 1 1,54

Lucélia/Adamantina/Tupã 1 1,54

Não Utiliza 5 7,69

Serviço de dentista (público/particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Pracinha 42 64,61

X Lucélia 5 7,69

Lucélia/Pracinha 4 6,15

Adamantina 3 4,61

Lucélia/Adamantina 2 3,08

Não utiliza 9 13,85

Creche onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Pracinha 4 6,15

X Lucélia 1 1,54

Não utiliza 60 92,31

Igreja onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Pracinha 62 95,38

X Pracinha/Lucélia 2 3,08

Não utiliza 1 1,54

Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Pracinha 37 56,92

X Lucélia 13 20,00

Pracinha/Lucélia 9 13,85

Inúbia Paulista 6 9,23

Confecções, calçados e armarinhos

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Lucélia 45 69,23

X Lucélia/Adamantina 7 10,77

Pracinha/Lucélia 3 4,61

Lucélia/Adamantina/Presidente Prudente

3 4,61

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Adamantina 2 3,08

Presidente Prudente 2 3,08

Lucélia/Adamantina/Osvaldo Cruz 2 3,08

Lucélia/Mascate 1 1,54

Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Pracinha 19 29,23

X Adamantina/Lucélia 1 1,54

Cidades da região 1 1,54

Panorama 1 1,54

Lucélia 1 1,54

Martinópolis 1 1,54

Não utiliza 41 63,08

Pescaria, igreja, quermesse, praça (Pracinha)

Festas (Adamantina, Lucélia) Balneário (Panorama,

Martinópolis)

Escola onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Pracinha 27 41,54

X Pracinha/Adamantina 2 3,08

Adamantina 2 3,08

Lucélia 2 3,08

Não utiliza 32 49,23

Adamantina (Faculdade, técnico)

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 59 Pracinha

Assistência social - 2010

Utiliza ou já utilizou assistência social do município?

SIM

N. % NÃO N. %

44 67,69 21 32,31

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 60 Pracinha

O entrevistado e as relações com Presidente Prudente, Marília e São Paulo - 2010 Relação com Presidente Prudente

SIM N. % NÃO N. %

42 64,62 23 35,38

MOTIVOS

Motivo Frequência % Motivo Frequência %

Passeio 14 33,33 Saúde/compras 2 4,76

Saúde 14 33,33 Esporte 1 2,38

Compras 9 21,42 Trabalho 1 2,38

Relação com Marília

SIM N. % NÃO N. %

49 75,38 16 24,62

MOTIVOS

Motivo Frequência % Motivo Frequência %

Saúde 45 91,84 Esporte 1 2,04

Passeio 3 6,12

Relação com São Paulo

SIM N. % NÃO N. %

32 49,23 33 50,77

MOTIVOS

Motivo Frequência % Motivo Frequência %

Passeio 20 62,50 Passeio/Moradia 2 6,25

Moradia 5 15,62 Esporte 1 3,12

Trabalho 3 9,37 Saúde 1 3,12

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 61

Pracinha Relação interurbana com Lucélia - 2010

Fluxo

Ocorrência Frequência %

1 vez na semana 4 6,15

2 vezes na semana 6 9,23

3 vezes na semana 4 6,15

4 vezes na semana -- --

5 vezes na semana 1 1,54

6 vezes na semana -- --

7 vezes na semana 4 6,15

Raramente 4 6,15

Sempre 7 10,77

Quando necessita 35 53,85

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Gráfico 31 Pracinha

Tempo de residência em anos dos entrevistados - 2010

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Quadro 44 Pracinha Local de origem dos entrevistados - 2010

Onde nasceu? Motivo da mudança para Pracinha?

Origem Motivo

Mariápolis (SP) Paraná Martinópolis (SP) Lucélia (SP) Paraíba Bastos (SP) Osasco (SP) Minas Gerais Jundiaí (SP) Rondônia Sitio na região Flórida Paulista (SP) Sagres (SP) São Paulo (capital) Norte Araçatuba (SP) Pernambuco Pacaembu (SP)

Casamento Para trabalhar depois se casou Emprego Família São Paulo era muito perigoso Lavoura não deu mais nada, os filhos vieram

para a cidade Acabou os arrendamentos de café Tentar a vida e ficou Sitio começo a ter muitos gastos e vendia as

coisas muito barato, acabava não pagando as dívidas

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 62 Pracinha

O entrevistado e a cidade - 2010

Você gosta de morar em Pracinha?

SIM

N. % Razoável N. % NÃO N. %

54 83,08 1 1,54 10 15,38

Justificativa Justificativa

Sossego Tranquilidade Gosta por que é tranqüilo, mas não é

bom

Gosta pelo sossego, mas não tem opções

Pelo sossego é bom para criar os filhos

Boa de morar

Muito calma, não tem lazer Não tem opções Não tem nada para fazer é um lugar

muito parado

Vizinhos, muitas fofocas

Acostumou com as pessoas Só sai da cidade quando morrer Conhecimento

Criou os filhos e foi criada já estamos aqui por três gerações

Conhece todo mundo, é pequeno Amizade Teve filhos e construiu tudo na cidade Não saio daqui de jeito nenhum

Para ganhar dinheiro tem que sair daqui

Não tem opção de emprego

Casa própria Cidade muito pequena

Tanto faz a cidade Não sabe

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Quadro 45 Pracinha O entrevistado e a cidade - 2010

Quais as melhorias que faltam em Pracinha?

Lazer, atendimento de saúde

Lazer para jovens, crianças Mais horários de ônibus Hospital, pronto socorro Bons médicos plantonistas Festas, mais movimento Acabar a construção das casas populares

Emprego

Emprego para jovens quase todos tem que sair para arrumar emprego fora

Emprego para mulheres Emprego para tirar do facão Fábricas, indústrias Mais lavouras, café, tomate, feijão Mais comércio

Eleição roubada Melhor organização Eles estão fazendo mas a cidade é pequena é

não tem muito recurso Tudo bom, quando não tem serviço o prefeito

ajuda com comida Melhorar o prefeito Tudo bom, depois que entrou esse prefeito as

coisas ficaram melhor

Mais facilidade de acesso à cidade Seria bom não precisar sair da cidade para tudo A cidade não vai para frente porque nada se

instala aqui Aqui não tem emprego, quando vamos pedir

emprego em Lucélia não podemos falar que moramos em Pracinha eles acham que vamos chegar atrasados e tem a questão da passagem

Cursos profissionalizantes Falta quase tudo Tudo bom De tudo um pouco

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Quadro 46 Pracinha

O entrevistado e a cidade - 2010 O que você acha de Pracinha?

As pessoas ajudam umas as outras por ser uma cidade pequena

Está boa Está crescendo Um lugar solidário

Muito parada Falta emprego, precisa de mais comércio Cidade pequena tem muita fofoca Cidade para aposentado Nada a declarar

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Quadro 47 Pracinha O entrevistado e as relações interurbanas com Lucélia - 2010

O que você acha de Lucélia?

Tem santa casa Mais facilidade de acesso Mais bancos, opção de compras, tudo que

precisa encontra na cidade

Mais emprego Mais opção de compra Mais bancos

A administração não é boa Razoável Tem mais futuro que Pracinha Tem mais coisas para fazer Não sabe Tem mais opção Divertida

Cidade maior, a população não precisa sair para fazer compras

Melhor que Pracinha, mais lazer e emprego Também é boa, mas Pracinha é melhor Comércio melhor do que Pracinha Mais desenvolvida É grande As coisas que não tem aqui têm lá Ta igual Pracinha Para morar é ruim é boa para compras Mais movimentada Cidade maior, mais possibilidade de acesso aos

serviços e infra-estruturas urbanas Ponto de referência, tudo resolve em Lucélia

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 63 Pracinha

O entrevistado e a cidade - 2010 Gostaria de morar em outra cidade?

SIM N. % NÃO N. %

29 44,62 36 55,38

Qual cidade Motivos

Lucélia (SP) Mariápolis (SP) Adamantina (SP) Campinas (SP) Birigui (SP) Presidente Prudente (SP) Exterior (Holanda) Jundiaí (SP) Alagoas Ribeirão Preto (SP)

Lucélia tem mais opção de emprego

Família Adamantina, campinas é bem

maior Mais opção de emprego Mais opção na vida Adamantina, tem mais lazer e

emprego

Uma cidade maior

Uma cidade boa para estudar

Uma cidade com mais emprego

Sítio

Tenha mais oportunidade de tudo

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Quadro 48 Pracinha

Concepção de cidade dos entrevistados - 2010 Os entrevistados e a definição de cidade

Definição

Lugar maior Grande, desenvolvida Melhor que Pracinha Osvaldo Cruz, São Paulo,

Presidente Prudente, Campinas

Ser grande, muito movimento

Grande cheia de prédios Um determinado território

com muita gente e bastante emprego

Ser grande, árvores, parques

Ofereça lazer Médicos Infra-estrutura Lugar com hospital Escolas Recursos Água encanada, energia

elétrica, médico, farmácia, proximidade do comércio

Facilidade Tudo de bom Melhor que aqui Violência Correria Lugar que encontra tudo

que procura Várias coisas Opção de vida Onde podemos resolver

problemas, tarefas Tem que ter tudo, lojas

etc. Oportunidade Tecnologia Lugar de viver Conforto Sossego Cidade é um lugar para

sobreviver

Pessoas Grande movimento Convívio entre as pessoas Conjunto de pessoas

Um lugar onde tem emprego, tudo que uma cidade deve ter

Progresso, desenvolvimento, evolução, crescimento

Empregos Comércio Bancos

Boa administração, se não, não pode ser chamada de cidade

Organização

Lugar de moradia Casas Prédios

Não sabe

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 64 Pracinha

Definição de cidade e sua aplicação - 2010 Pracinha pode ser considerada cidade?

SIM N. % NÃO N. %

34 52,31 31 47,69

Justificativa do Sim Justificativa do não

Considero, porque passou oficialmente a ser cidade, mas é fraca

Conta no mapa É cidade, porque depois que foi

reconhecida melhorou sistema de saúde Pode, quando era distrito de Lucélia era

um curau de boi Cidade constituída já é, mas ainda não foi

para frente, no entanto, depois que deixou de ser distrito melhorou 200%

Diz que é mais não é, na verdade é um sítio

Falta muito para ser cidade, é um sítio Diz que é mais é tipo colônia É um sítio Aqui é o meio do mato É igual o sítio depende de outras

cidades É uma fazenda grande

Cidade pequena mais é

É uma mini cidade, poderia ser melhor Bem pequenininha

Aqui esta como cidade, mas não

considero é muito pequena Pequena para cidade Pelo nome é pelo tamanho não Miúdo

Cidade que está progredindo Por enquanto ainda não Cidade, cidade não, mas já melhorou

Falta tudo Falta mais conforto Ainda não, não tem tudo que deve ter

em uma cidade se fosse cidade não precisaríamos sair para fazer pequenas compras

Tem pouca estrutura para ser cidade Poucos recursos Poucas coisas para fazer

Só é cidade para os idosos

Esta mais para um bairro É um bairro de Lucélia

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Gráfico 32

Queiroz Idade dos entrevistados - 2010

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Gráfico 33 Queiroz

Sexo dos entrevistados - 2010

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 65

Queiroz

Ocupações dos entrevistados - 2010

Trabalha?

SIM N. % NÃO N. % Aposentado N. %

26 40,62 22 34,38 16 25,00

Profissão

Profissão Frequência

%

Profissão Frequência

%

Serviços gerais (prefeitura municipal)

4 15,38 Operador de carregadeira (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)

1 3,85

Faxineira 2 7,69 Operador de máquina (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)

1 3,85

Babá 2 7,69 Tratorista (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)

1 3,85

Pedreiro 2 7,69 Serviços gerais (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)

1 3,85

Comerciante 1 3,85 Motorista (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)

1 3,85

Merendeira 1 3,85 Cozinheira (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)

1 3,85

Bancária 1 3,85 Pintor 1 3,85

Autônomo 1 3,85 Monitor de educação 1 3,85

Doméstica 1 3,85 Caminhoneiro 1 3,85

Corretor imobiliário 1 3,85 Inspetor de alunos 1 3,85

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Tabela 66 Queiroz

A cidade e o agronegócio - 2010

Alguém da família que trabalha em usinas e destilarias de açúcar e álcool e/ou no campo?

SIM N. % NÃO N. %

25 39,06 39 60,94

Profissão

Profissão Frequência

%

Entre-safra Frequência

%

Maquinista (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

6 24,00 Bico -- --

Motorista (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

3 12,00 Direto -- --

Escritório (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

3 12,00 Fica parado -- --

Dentro da usina (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

3 12,00 Depende da

safra

-- --

Tratorista (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

3 12,00

Borracheiro (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

2 8,00

Laboratório (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 4,00

Enfermeira do trabalho

(usina e/ou destilaria de

açúcar e álcool)

1 4,00

Vinhaça (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 4,00

Engatador (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 4,00

Caldeiro (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 4,00

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Quadro 49 Queiroz

A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha do trabalho na cana-de-açúcar?

Muito pesado Muito difícil, mas quem precisa tem de

trabalhar É péssimo Horrível cortar cana-de-açúcar Um pouco pesado Uns falam que é pesado, mas depois

acostuma Ruim, sol quente cansativo

Bom Para quem quer trabalhar não tem serviço

pesado Serviço como outro qualquer

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Quadro 50 Queiroz

A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?

Mais emprego para região toda Maravilhosa mais renda para a cidade Bom para a cidade trás emprego Só a usina gera emprego não tem outra

opção Gera emprego na roça Só tem prefeitura e cana-de-açúcar Emprego para todo mundo Aumentou a cidade, número de casas Muitas vantagens: combustível mais

barato; renda para os municípios; antes era diarista agora todo mês recebe

Desenvolveu a cidade e o comércio Para o nosso município é a nossa

salvação Setor mais produtivo que gera riqueza

para a cidade Valorizou os imóveis Se não fosse a cana-de-açúcar o povo

passava fome É uma grande oportunidade para

trabalhar Melhorou o movimento A cidade cresceu Bom, mais habitantes para trabalhar na

cana-de-açúcar Não tem emprego a cana-de-açúcar é a

alternativa

Só melhorou o emprego ficou ruim para as demais plantações

Bom para o usineiro; ruim para a lavoura Não tem mais um pé de plantação só cana-

de-açúcar Mudou 100% o dado ruim é que não tem

mais lavouras Bom pelo emprego, ruim porque acabou

com as outras lavouras Pior, tinha mais lavoura e mais emprego. A

cana-de-açúcar empega menos A roça não tem mais nada Menor renda para a cidade, pois o forte era

a agricultura

Mudou bastante a cidade, muita gente Mudou muito a cidade ela não estava

preparada para receber tantas modificações

Aumentou o número de casas, o preço dos aluguéis, o comércio e os problemas de vagas nas escolas

Subiu o preço do aluguel Mais emprego, mas queimadas e os

caminhões na cidade quebra os fios de o asfalto

Acabou com as estradas e pontes Não vejo vantagens ganha-se muito pouco A cana-de-açúcar aqui não dá emprego A usina para a cidade não é nada

Suja muito a cidade Poluição A usina é muito perto da cidade faz mal

para as crianças Progresso – bem e mal: valorizou a

cidade, o comércio, mas polui os rios Progresso e poluição

Trás emprego para os homens, mas as mulheres não tem opção

Dentro da usina só trabalha quem tem estudo. Os daqui não tem estudo e só tem a cana-de-açúcar

Todos querem trabalhar na usina, a usina que não quer o pessoal daqui

Aqui o serviço é só prefeitura, bem pouco vai para a cana-de-açúcar

Aqui não tem quase ninguém na cana-de-açúcar

Aqui todos trabalham mais na prefeitura ou em Tupã, principalmente as mulheres

Só tem cana-de-açúcar Não sabe Indiferente

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Quadro 51 Queiroz

A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha dos trabalhadores que vem de outras cidades para trabalhar na cana-de-

açúcar?

Aqui não vem cortador só quem trabalha dentro da usina

No começo veio bastante cortador agora parou, mas aumenta do comércio

Já veio bastante, hoje não vem muito; mecanização

O cortador parou, mas tá vindo outros e isso fez aumentar a prostituição

Veio bastante, mas foram embora não tem mais facão

No corte já veio hoje parou. Vem muitos para trabalhar dentro da usina e muito serviço terceirizado

Muitos já foram embora Diminuiu cortador (mecanização) vem

alguns especializados Vem mais maquinista, tratorista para o

corte pouco

O povo daqui não quer trabalhar na cana-de-açúcar, sobra vaga para muitos

Tem trabalho para todos se não querem trabalhar tem outros que precisam

Todo mundo precisa trabalhar Não muda nada Tem emprego para todo mundo Aumento bastante a população e misturou

a cultura (músicas) Bastante gente de fora, mas não tem nada

de diferente Não tira emprego porque os daqui já estão

trabalhando e continuam Não tem o que reclamar Acho eles bacana, nunca ouvi falar nada.

Se der queixa na usina são mandados embora

Para os que tem estudo não tira Vem só para cortar cana-de-açúcar não

atrapalha Ainda bem que não vem para cá.

Porque me falaram que em Luziânia acabou com tudo até remédio no posto de saúde

Tira emprego do pessoal daqui. Eles vem com firma e deixa a população sem chance de emprego

Ruim, o serviço tem que ser gerado para quem mora na cidade

Tira emprego do pessoal da cidade. Tem pouca firma aqui e quando vem uma trás o pessoal de fora

Tem muito desempregado porque o pessoal de fora tira a vaga

Tira o emprego porque falta qualificação do pessoal daqui

Tem bastante gente desconhecida Antigamente era mais próximo todo mundo

se conhecia, agora não Pessoas diferentes Muita gente diferente que não conheço não

tenho contato

Tira a paz da cidade Fazem bagunça Algumas brigas e problemas que são

graves Aumentou as brigas Os cortadores são muito briguentos,

bravos “baianos” Em Luziânia tem muita briga “o povo do

Maranhão”

Aluguel mais caro Aumentou o comércio A cidade cresceu

A maioria fica na semana e vai embora ao final de semana

Vim em busca de oportunidade e emprego fora da minha cidade

Não sabe Prefiro não falar

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Gráfico 34 Queiroz Tempo de residência em anos dos entrevistados - 2010

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Quadro 52 Queiroz

Local de origem dos entrevistados - 2010 Onde nasceu? Motivo da mudança para Pracinha?

Origem Motivo

Pernambuco Sítio da região Norte Bahia Minas Gerais Pompéia (SP) Lins (SP) Sergipe Alagoas Pacaembu (SP) São Paulo (Capital) São Vicente (SP)

Trabalhar Família Construção da usina Tentar coisa melhor que o sítio Desempregado em São Paulo Marido faleceu teve de sair do sítio Para descansar Casamento Lavoura não deu mais

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Gráfico 35

São João do Pau D’Alho Idade dos entrevistados - 2010

7%20%

16%7%10%

40%

Até 19 anos

20 a 29 anos

30 a 39 anos

40 a 49 anos

50 a 59 anos

60 anos ou mais

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Gráfico 36

São João do Pau D’Alho Sexo dos entrevistados - 2010

70%

30%

Feminino

Masculino

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 67 São João do Pau D’Alho

Ocupações dos entrevistados – 2010

Trabalha?

SIM N. % NÃO N. % Aposentado N. %

23 37,70 16 26,23 22 36,07

Profissão

Profissão Frequência

%

Profissão Frequência

%

Funcionário Público (prefeitura)

1 4,35 Mecânico (usina e destilaria de açúcar e álcool)

1 4,35

Diarista (faxineira) 2 8,69 Costureira 1 4,35

Lavrador 1 4,35 Manicure 2 8,69

Operador de caldeira (usina e destilaria de açúcar e álcool)

1 4,35 Professor 1 4,35

Serralheiro 1 4,35 Bóia-fria 2 8,69

Serviços gerias (Asilo)

1 4,35 Acompanhante de idoso

1 4,35

Empregada doméstica

3 13,04 Vendedor 3 13,04

Pescador 1 4,35

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Tabela 68 São João do Pau D’Alho

A cidade e o agronegócio - 2010

Alguém da família que trabalha em usinas e destilarias de açúcar e álcool e/ou no campo?

SIM N. % NÃO N. %

23 37,80 38 62,30

Profissão

Profissão Frequência

%

Entre-safra Frequência

%

Cortador de cana-de-açúcar 2 8,69 Bico -- --

Dentro da usina (não

especificou)

3 13,04 Direto 4 40,00

Mecânico (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

2 8,69 Fica parado 1 10,00

Tratorista (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

4 17,39 Depende da

safra

4 40,00

Bóia-fria 3 13,04

Lavrador 2 8,69

Analista (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

2 8,69

Operador de máquina (usina

e/ou destilaria de açúcar e

álcool)

2 8,69

Encarregado (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 4,35

Serviços gerais (usina e/ou

destilaria de açúcar e álcool)

1 4,35

Não informou 1 4,35

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Quadro 53 São João do Pau D’Alho

A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha do trabalho na cana-de-açúcar?

Para o braçal é muito difícil Não é bom Pesado, só trabalha na cana-de-açúcar

porque precisa muito Muito sol, muito ruim Muito perigoso Depende da função, para o cortador é

bravo Não gostaria de forma alguma trabalhar

na cana-de-açúcar Muito bruto

Bom para quem não tem outro emprego É bom para não ficar parado sem emprego

Não sabe

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Quadro 54 São João do Pau D’Alho

A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?

A cana-de-açúcar toma conta de tudo, mas se não fosse ela não teríamos onde trabalhar

Bom para quem não tem outro emprego Mais emprego Aumento da renda Mais movimento no comércio Mais movimento na cidade Se não fosse a cana-de-açúcar o povo

passaria fome Gera emprego principalmente para

quem não tem estudo Quem iria embora da cidade não vai

mais pelo emprego na cana-de-açúcar Aqui só tem emprego na cana-de-

açúcar e na prefeitura Se não fosse a cana-de-açúcar seria

difícil para a cidade Aumento populacional Antes não tinha emprego agora tem Emprega muita gente, fica

desempregado quem quer Para a região é muito útil Muito bom para os pobres e sem estudo Pelas oportunidades de emprego

melhorou a qualidade de vida

Acabou com todas as lavouras Ficou muito ruim, arrendou o sítio e não

tem mais o que fazer Como acabou com as lavouras tirou renda

dos agricultores Acabando com todas as lavouras só está

sobrando cana-de-açúcar, mas ninguém irá beber garapa

Não dá mais para plantar um pé de milho Muito ruim para criação de gado

Fumaça das queimadas faz muito mal para saúde

Muita queimada Muita poluição

Igual a época do café

Acabou com todas as estradas

É um mar de cana-de-açúcar

Melhorou tudo

Não sabe

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Quadro 55

São João do Pau D’Alho A cidade e o agronegócio – 2010

O que você acha dos trabalhadores que vem de outras cidades para trabalhar na cana-de-açúcar?

Para cá não vem Não tem muita casa disponível, então

eles não vem Está indo para Paulicéia Não vem, mas também não quero que

vem não

Muita gente estranha Pouco mais está vindo, passa ter pessoas

diferente Aqui é poucos e já não conhecemos mais

todo mundo imagine se fosse igual a Paulicéia

Tira um pouco da oportunidade dos dá cidade Emprego tem para todos

Tem muitas usinas Não atrapalha

Não sabe

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Gráfico 37

São João do Pau D’Alho Renda familiar dos entrevistados - 2010

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23%

39%

15%

5%

3%

15%Até 1 salário mínimo

Mais de 1 até 2salários mínimos

Mais de 2 até 3salários mínimos

Mais de 3 até 4salários mínimos

Mais de 4 saláriosmínimos

Não informou

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Gráfico 38 São João do Pau D’Alho

Situação do imóvel - 2010

11%

8%

8%

73%

Própria

Alugada

Financiada

Cedida

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Tabela 69

São João do Pau D’Alho A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Meio de locomoção para Dracena e Tupi Paulista - 2010

Principais meios de locomoção utilizados pela população

Meio locomoção N. %

Condução Própria 13 21,31

Transporte Coletivo 22 36,06

Transporte Coletivo / Carona 9 14,75

Transporte Coletivo / Condução

Própria

12 19,67

Carona 3 4,92

Condução Própria / Carona 2 3,28

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Tabela 70 São João do Pau D’Alho

A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Transporte coletivo para Dracena e Tupi Paulista - 2010

Suficiência do transporte coletivo

SIM N. % NÃO N. % NÃO SABE

N. %

39 63,93 14 22,95 8 13,11

Justificativa do sim Justificativa do não

Tem poucos horários mais está bom

Está bom, tem poucos horários mais o aumento não compensa pela quantidade de usuários

Não sabe

Poucos horários Horários ruins, sábados,

domingos e feriados não tem ônibus, assim não podemos sair daqui para se divertir ou passear aos sábados e domingos

Tiraram todos os horários Vai para Dracena depois não

tem horário para voltar Como têm poucos horários

os ônibus circulam lotados

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Tabela 71

São João do Pau D’Alho A cidade e os meios de consumo coletivo e individual – Infraestrutura - 2010

Existência de pavimentação?

SIM N. % NÃO N. %

61 100 -- --

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Tabela 72

São João do Pau D’Alho A cidade e os meios de consumo coletivo e individual

Principais locais de consumo - 2010

MEIOS DE CONSUMO COLETIVO

Existência na cidade

Hospital

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não

X

Tupi Paulista 27 44,26

Tupi Paulista/Dracena 22 36,06

Dracena 6 9,84

Dracena/Tupi Paulista/Presidente Prudente

2 3,28

Dracena/Presidente Prudente 1 1,64

Tupi Paulista/ Andradina 1 1,64

Dracena/Andradina 1 1,64

Tupi Paulista/Presidente Prudente 1 1,64

Posto de saúde

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não São João do Pau D’ Alho 61 100,00

X

Serviço médico (particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Dracena 23 37,70

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94

X Dracena/Tupi Paulista 16 26,23

Tupi Paulista 6 9,84

Dracena/Presidente Prudente 4 6,56

Dracena/Andradina 2 3,28

Andradina 1 1,64

Não utiliza 9 14,75

Serviço de dentista (público/particular)

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não São João do Pau D’ Alho 37 60,65

X Tupi Paulista 9 14,75

São João do Pau D’ Alho/Tupi Paulista 3 4,92

Dracena 3 4,92

Dracena/Tupi Paulista 2 3,28

São João do Pau D’ Alho/Andradina 1 1,64

Panorama 1 1,64

Não utiliza 5 8,20

Creche onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não São João do Pau D’ Alho 54 88,52

X Não utiliza 7 11,48

Igreja onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não São João do Pau D’ Alho 60 98,36

X São João do Pau D’ Alho/Dracena 1 1,64

Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não São João do Pau D’ Alho 29 47,54

X Tupi Paulista 15 24,59

São João do Pau D’ Alho/Tupi Paulista 11 18,03

Dracena/Tupi Paulista 2 3,28

São João do Pau D’ Alho/Dracena 2 3,28

Nova Guataporanga 2 3,28

Confecções, calçados e armarinhos

onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não Tupi Paulista 25 40,98

X São João do Pau D’ Alho/Tupi Paulista 14 22,95

São João do Pau D’ Alho 11 18,03

Tupi Paulista/Dracena 7 11,47

Dracena 1 1,64

São João do Pau D’ Alho/Dracena 1 1,64

Depende da ocasião 1 1,64

Não compra 1 1,64

Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não São João do Pau D’ Alho 16 26,23

X Tupi Paulista 5 8,20

Panorama/Paulicéia/Dracena 2 3,28

Dracena/Tupi Paulista 1 1,64

Não utiliza 37 60,65

CCI, baile, lanchonete, rio, escola da família, praça, pescaria, igreja e rodeio (São João do Pau D’ Alho)

Lanchonete, festas (Tupi Paulista e Dracena)

Balneário (Panorama e Paulicéia)

Escola onde obtém o serviço Frequência %

Sim Não São João do Pau D’ Alho 18 29,51

X Dracena 2 3,28

Tupi Paulista/Dracena 1 1,64

São João do Pau D’ Alho/Dracena 1 1,64

Não utiliza 39 63,93

Dracena (faculdade e técnico)

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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95

Tabela 73 São João do Pau D’Alho

Assistência social - 2010

Utiliza ou já utilizou assistência social do município?

SIM

N. % NÃO N. %

44 72,13 17 27,87

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 74

São João do Pau D’Alho O entrevistado e as relações com Presidente Prudente, Marília e São Paulo - 2010

Relação com Presidente Prudente

SIM N. % NÃO N. %

43 70,49 18 29,51

MOTIVOS

Motivo Frequência % Motivo Frequência %

Saúde 28 65,12 Compras 2 4,65

Passeio 7 16,28 Concurso 2 4,65

Passeio/saúde 3 6,98 Saúde/compras 1 2,32

Relação com Marília

SIM N. % NÃO N. %

18 29,51 43 70,49

MOTIVOS

Motivo Frequência % Motivo Frequência %

Saúde 12 66,67 Passeio 6 33,33

Relação com São Paulo

SIM N. % NÃO N. %

26 42,62 35 57,38

MOTIVOS

Motivo Frequência % Motivo Frequência %

Passeio 20 76,92 Passeio/Moradia 1 3,85

Moradia 3 11,54 Igreja 1 3,85

Trabalho 1 3,85

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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96

Tabela 75 São João do Pau D’Alho

Relação interurbana com Dracena e Tupi Paulista - 2010 Fluxo

Ocorrência Frequência %

1 vez na semana 7 11,47

2 vezes na semana 8 13,11

3 vezes na semana 1 1,64

4 vezes na semana -- --

5 vezes na semana -- --

6 vezes na semana -- --

7 vezes na semana 3 4,92

Raramente 9 14,75

Sempre 3 4,92

Quando necessecita 29 47,54

Não informou 1 1,64

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

Gráfico 39

São João do Pau D’Alho Tempo de residência em anos dos entrevistados - 2010

Fonte: Trabalho de campo, 2010.

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Quadro 56 São João do Pau D’Alho

Local de origem dos entrevistados - 2010 Onde nasceu? Motivo da mudança para São João do Pau D’Alho?

Origem Motivo

Rinópolis (SP) Pernambuco (PE) Sítio da região Monte castelo (SP) Paraíba São José do Rio Preto (SP) Andradina (SP) Mirandópolis (SP) Pacaembu (SP) Jaú (SP) Santa Mercedes (SP) Nova Guataporanga (SP) Maranhão Votuporanga (SP) Junqueirópolis (SP) Presidente Prudente (SP) Americana (SP) Norte Flórida Paulista (SP) Bahia (BA) Paulicéia (SP) Marília (SP)

Mariápolis (SP) Minas Gerais

Com os pais Café acabou Não sabe Concurso público Casamento Emprego Lavoura não deu mais O café acabou, os filhos vieram embora e nós

ficamos velhos Tentar a vida Trabalhávamos como diarista e foi acabando a

lavoura

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Tabela 76 São João do Pau D’Alho

O entrevistado e a cidade - 2010

Você gosta de morar em São João do Pau D´Alho?

SIM

N. % Razoável N. % NÃO N. %

59 96,72 -- -- 2 3,28

Justificativa Justificativa

Calma, tranquila Pode dormir de porta aberta que

ninguém mexe com ninguém, amo essa cidade

Não tem violência Sossegada Porta aberta ninguém entra Não tem perigo de roubo Não tem bandido

Falta de lazer

Amizade é tudo uma família. Cidade grande ninguém conhece ninguém, não se ajudam. Cidade pequena é

uma família um precisa o outro ajuda. Não tem melhor Acostumou Gosta do lugar Conhecimento Amizade Criou-se na cidade Vizinhos Aconchegante Um ajuda o outro Conhece todo mundo Cidade grande éramos presos, aqui

somos mais soltos Pessoas boas Apego

Não tem emprego Falta opção de emprego

Bom para criar os filhos Cidade pequena melhor para criar os

filhos Por ser pequena

Casa própria

Tem que gostar

Assistência social fornece tudo, o prefeito nos ajuda

Ajudas Tem todos os recursos quando precisa

Não sabe

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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Quadro 57 São João do Pau D’Alho

O entrevistado e a cidade - 2010

Quais as melhorias que faltam em São João do Pau D’Alho?

Médicos Saúde em geral e lazer Mais diversão para os jovens Hospital, bons médicos Mais, médico posto de saúde Médicos 24 horas Lazer Mais recursos na área de saúde

Emprego Indústrias Emprego para as mulheres Tirar a cana de açúcar para gerar outro tipo de

trabalho Opção de emprego para os jovens Uma firma para dar empregos sem ser na cana

de açúcar Mercados Mais comércio Farmácia, Posto de gasolina

Tudo bom Como todos se ajudam não precisamos de mais

nada

Emprego para não precisar sair da cidade Mais horários de ônibus, para melhor

deslocamento

Cursos profissionalizantes Administração pública

Acabar com o mau cheiro da granja

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Quadro 58

São João do Pau D’Alho O entrevistado e a cidade - 2010

O que você acha de São João do Pau D’Alho?

Cidade boa, calma Cidade pacata, não tem brigas Maravilhosa, limpa, sossegada Organizada Boa para morar não para emprego Como morava em cidade grande acho que

falta mais comércio Nosso prefeito é maravilhoso Cidade boa, todos unidos Bem administrada Quando preciso sou atendido

Cidade para idosos Tão pequena que não tem muito que falar Para idosos é sossegada já os jovens tem de

arrumar emprego fora Não sabe

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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100

Quadro 59 São João do Pau D’Alho

O entrevistado e as relações interurbanas com Dracena - 2010

O que você acha de Dracena?

Mais médicos Boa, mas também faltam médicos Bom para todas as infraestruturas Tudo que precisa encontra na cidade Bastante lugar de lazer Hospital Todos os recursos Melhor infraestrutura Festas e restaurantes

Mais movimento no comércio Mais opção de comércio Emprego Muita opção de compra e emprego É maravilhosa tem mais farmácias, lojas etc.

Cidadão, boa, melhor, mais movimento Para tudo que precisa Cidade mais desenvolvida Utiliza tudo nela Grande, mais opção em tudo Muito grande, mais opção no comércio Melhor que São João do Pau D´Alho Tem tudo Outra coisa, grande metrópole Cidade grande

Não respondeu Não sabe Cidade boa Não tem muito que falar

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 77 São João do Pau D’Alho O entrevistado e a cidade - 2010

Gostaria de morar em outra cidade?

SIM N. % NÃO N. %

14 22,95 47 77,05

Qual cidade Motivos

Bauru (SP) Andradina (SP) Dracena (SP) São J. do Rio Preto (SP) Curitiba (PR)

Falta de emprego Cidade pequena Família Não sabe

Cidade que tiver melhor proposta de emprego

Cidade que possibilite uma renda maior

Cidade maior

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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101

Quadro 60 São João do Pau D’Alho

Concepção de cidade dos entrevistados - 2010 Os entrevistados e a definição de cidade

Definição

Dracena, Adamantina, Tupi Paulista, Marília, São Paulo, Americana

São Paulo, Rio de Janeiro (violência), cidade pequena (sossego)

Grande, correria, badalação

Cidade grande Lugar maior Maior que São João do Pau

D’Alho Muito grande Cidade grande (emprego),

pequena (morar e criar os filhos)

Tem que ter tudo que necessita para não precisar ir buscar fora

Mais desenvolvida que São João do Pau D´Alho (como Dracena, Presidente Prudente)

Mais movimento

Faculdade Centro de saúde Ofereça infraestrutura Lazer Opção na área de saúde

Lugar onde vive Conforto Acesso Bonita Limpeza Melhorias Paraíso Tem que ter tudo,

grande Diferente de sítio e muito

barulho Convívio Violência Melhor condição de vida

Conjunto de moradores Povoamento, com

comércio, bar e farmácia

Progresso Muito emprego Indústrias

Bem organizada, limpa e grande

Casas Ruas, carros e prefeitura Prédios

Não sabe

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

Tabela 78

São João do Pau D’Alho Definição de cidade e sua aplicação - 2010

São João do Pau D´Alho pode ser considerada cidade?

SIM N. % NÃO N. %

46 75,41 15 24,59

Justificativa do Sim Justificativa do não

Tem prefeito É um município

É um patrimônio Cidade rural

Tem o nome de cidade mais é uma curutela

Curutela

Cidade pequena mais é Cidadinha

Mais ou menos, falta um pouco Cidade ainda não é Não é cidade, mas é bom de morar

Tem de tudo Tem banco e igreja Tem mercado, tem correio

Falta comércio tem que sair para tudo Não tem opções

Para quem mora aqui Pode dizer que é uma vila de Dracena É um bairro

Não sabe

Fonte: Trabalho de Campo, 2010.

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102

Tabela 79 Nova Alta Paulista

Emprego formal – 2012

FUNÇÃO

Período Jan/2007 a Jul/2012

ADMISSÃO DEMISSÃO SALDO

Trabalhador da cultura da cana-de-açúcar 17.382 15.072 2.310

Trabalhador da avicultura de postura 7.095 6.426 669

Trabalhador agropecuário em geral 3.451 4.709 -1.258

Trabalhador volante da agricultura 2.815 2.225 590

Tratorista agrícola 1.366 1.238 128

Motorista de caminhão 1.184 1.005 179

Trabalhador pecuária (bovino corte) 883 910 -27

Operador de pá carregadeira 494 346 148

Aux. De excritório em geral 327 236 91

Aux. De produção farmaceutica 240 207 33

Operador de máquina de beneficiamento de produtos agrícolas 238 163 75

Trabalhador no cultivo de trepadeiras frutíferas 233 260 -27

supervisor de exploração agrícola 208 249 -41

Trabalhador pecuária (bovino de leite) 163 209 -46

Aux. De laboratório de imunobiologia 163 150 13

Trabalhador pecuário polivalente 131 159 -28

Operador de caregadeira 129 117 12

Trabalhador pecuária (bovino leite) 121 150 -29

Mecânico de manutenção de máquinas agrícolas 107 96 11

Operador de colheitadeira 101 121 -20

Continuo 100 32 68

Alimentador linha de produção 94 113 -19

Motorista de furgão ou veículos similares 93 57 36

Operador de motoniveladora 84 76 8

Trabalhador cultura café 84 72 12

Seringueiro 80 65 15

Carpinteiro 69 59 10

Trabalhador produção de mudas e sementes 67 40 27

Operador de máquinas fixas, em geral 66 60 6

Supervisor de exploração agropecuária 63 71 -8

Recreador 56 40 16

Tropeiro 56 47 9

Trabalhador na suinocultura 53 52 1

criador de peixes 51 43 8

Operador de incubadora 50 54 -4

Caseiro (agricultura) 46 61 -15

Trabalhador da avicultura de corte 46 68 -22

Trabalhador da cultura de mamona 44 33 11

Assistente administrativo 43 50 -7

Administrador 39 44 -5

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103

Ajudante de motorista 39 34 5

Trabalhador da cultura do amendoim 36 45 -9

Trabalhador na siricicultura 34 49 -15

Trabalhador cultivo de árvores frutiferas 31 33 -2

Trabalhador pecuária (budalinos) 28 22 6

Apontador de mão de obra 28 35 -7

Soldador 27 23 4

Mecânico manutenção de automóveis, motonetas e similares 25 11 14

Mecânico de veículos automotores a disel 24 26 -2

Operador de máquinas de abrir valas 24 19 5

Almoxerife 23 14 9

Operador de caldeira 21 18 3

Apontador de produção 20 21 -1

Balanceiro 19 13 6

Eletricista de instalação 19 12 7

Operador de equipamento de refinação de açúcar 18 13 5

Lubrificador industrial 18 11 7

Técnico agrícola 17 13 4

Engenheiro agronomo 16 12 4

Viveirista florestal 15 14 1

Técnico em segurança do trabalho 13 9 4

Contador 11 8 3

Técnico em secretáriado 9 8 1

Engenheiro segurança do trabalho 9 7 2

Técnico laboratório industrial 6 9 -3

Técnico florestal 6 3 3

Secretária executiva 6 5 1

Médico veterinário 5 2 3

Engenheiro agrícola 4 5 -1

Biologo 3 2 1

Aux. De enfermagem do trabalho 3 0 3

Enfermeiro do trabalho 3 1 2

Analista de suporte computacional 3 1 2

Psicologo do trabalho 3 2 1

Economista agroindustrial 3 2 1

Técnico contabilidade 3 3 0

Médico do trabalho 3 1 2

Enfermeiro 2 0 2

Nutricionista 2 2 0

Períto contábil 2 1 1

Técnico em manutenção equiapamento de informática 2 1 1

Economista financeiro 2 2 0

Secretária bi e trilingue 2 1 1

Topográfo 2 2 0

Técnico agropecuário 1 2 -1

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104

Engenheiro ambiental 1 1 0

Engenheiro florestal 1 0 1

Engenheiro mecânico automotivo 1 1 0

Analista de transporte e comércio exterior 1 1 0

Tecnologo em logistica de transporte 1 0 1

Técnico em caldeira 1 2 -1

Programador sistema de informaçãp 1 0 1

Técnico controle meio ambiente 1 0 1

Técnico enfermagem do trabalho 1 0 1

Técnico de apoio em pesquisa e desenvolvimento agroflorestal 1 2 -1

Técnico obras cívis 0 2 -2

Analista pesquisa de mercado 0 1 -1

Zootecnista 0 2 -2

Fonte: Ministério do trabalho e emprego, 2012. Organizado por Claudia Marques Roma, 2012.

Quadro 61

Flora Rica Atividade desenvolvida no circuito inferior - 2012

Revenda de gás Loja de roupas (2) Bazar Açougue Quitanda

Padaria Sorveteria Borracharia Lotérica Restaurante

Farmácia Loja e armarinhos Bar e lanchonete (6) Minimercado (5) Salão de Beleza

Fonte: Trabalho de Campo, 2012.

Tabela 80

Flora Rica Motivo que levou desempenhar a atividade? - 2012

Motivo Frequência (%)

Sempre teve vontade de ter um comércio 1 4

Falta de outras opções 1 4

Surgiu a oportunidade 1 4

Não havia o tipo de loja na cidade 2 8

Liberdade financeira e melhorar de vida 3 12

Cansou de trabalhar na lavoura e resolveu abrir a loja 4 16

Herança 5 20

Gosta do ramo 7 28

Não respondeu 1 4

Fonte: trabalho de campo, 2012.

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105

Tabela 81 Flora Rica

Tempo de atividade - 2012

Período Frequência (%)

Até 1 ano 3 12

Mais de 1 ano até 5 anos 8 32

Mais de 5 anos até 10 anos 7 28

Mais de 10 anos 7 28

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 82

Flora Rica Tecnologia - 2012

3.1

Tem computador?

SIM – 7 (28%) NÃO – 18 (72%)

3.2

Sistema de demarcação de preços?

Manual – 22 (88%) Computador – 2 (8%) As duas formas – 1 (4%) Não respondeu ou não se aplica – --

3.3

Forma de controle de estoque?

Manual – 23 (92%) Computador – 1 (4%) As duas formas – -- Não respondeu, não se aplica ou não tem estoque – 1 (4%)

3.4

Possui maquina de cartão de crédito?

SIM – 4 (16%) NÃO – 21 (84%)

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 83

Flora Rica Estrutura administrativa - 2012

4.1 Como é dividido o serviço no estabelecimento. Tem uma pessoa específica para desenvolver cada atividade?

Não tem divisão – 19 (76%)

Tem divisão – 6 (24%)

Não respondeu – ----

4.2 As funções são fixas

Sim – 3 (12%) Não – 22 (88%)

Fonte: trabalho de campo, 2012.

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106

Tabela 84 Flora Rica

Capitais -2012

Faturamento-Investimento

5.1

Tem uma conta bancária específica para empresa ou junto com a conta pessoal?

Junta – 17 (68%) Separada – 6 (24%) Não respondeu ou não tem conta bancária – 2 (8%)

5.2

Tem separação entre o dinheiro da empresa e a renda familiar? Ou é tudo junto?

Junto – 23 (92%) Separada – 1 (4%) Não respondeu – 1 (4%)

5.3 Investimento

Realiza investimentos mensais para melhor a empresa?

Sim – 19 (76%)

- apenas responderam q faz investimentos

Não – 3 (12%) Não respondeu – 3 (12%)

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 85 Flora Rica

Empregos - 2012

6.1 Quantas pessoas trabalham no estabelecimento? E qual a forma de contratação?

Quantidade Frequência (%) Forma Frequência (%)

1 7 28 Familiar 16 64

2 7 28 Assalariado 9 36

3 7 28

4 4 12

5 ou mais 1 4

Fonte: trabalho de campo, 2012.

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107

Tabela 86 Flora Rica

Estoques - 2012

7.1 quantidade

Grande – 21 (84%) Pequena – 1 (4%) Não se aplica ou sem estoque – 3 (12%)

7.2 Qual a forma que se utiliza para fazer pedidos?

Forma Frequência (%)

Vendedor 13 52

Vendedor e telefone 1 4

Telefone 1 4

Vendedor e outra forma (busca em outras cidades – abate e vende)

9 36

Não se aplica 1 4

7.4 Quanto tempo em média que demora para chegar os produtos?

Período (em dias) Frequência (%)

1 a 3 5 20

4 a 7 12 48

8 a 15 2 8

Não se aplica 6 24

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 87 Flora Rica Preços das mercadorias - 2012

Fixos – 17 (68%) Negociável – 8 (32%) Fixo e negociável – ---

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 88

Flora Rica Margem de lucro -2012

Porcentagem Frequência (%)

20 a 29% 3 12

30 a 39% 14 56

40 a 49% 3 12

50 ou mais% 4 16

Não respondeu 1 4

Fonte: trabalho de campo, 2012.

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Tabela 89 Flora Rica

Relação com o cliente - 2012

10.1 Qual é a forma de atendimento ao cliente?

Pessoal – 25 (100%)

10.2 Forma de venda oferecida aos clientes?

Forma de pagamento Frequência (%)

Cheque e a vista 3 12

Caderneta, cheque e a vista 14 56

Caderneta, cheque, a vista e cartão 3 12

Caderneta e cheque 2 8

Caderneta e a vista 2 8

Somente a vista 1 4

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Quadro 62 Flora Rica

Custos fixos - 2012

Apenas custo de manutenção – água, luz e produtos – 13 (52%) Aluguel mais custos de manutenção – 3 (12%) Aluguel, custos de manutenção, salários funcionários e escritório – 9 (36%)

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 90 Flora Rica

Publicidade - 2012

Sim – 2 (8%) Não – 23 (92%)

Panfleto – 1 (50%) Eventos na cidade – 1 (50%)

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 91

Flora Rica Ajuda governamental para o estabelecimento - 2012

Sim – --- Não – 25 (100%)

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Quadro 63 Pracinha

Atividade desenvolvida do circuito inferior -2012

Material de Construção (2) Conveniência Loja atendimento Loja e armarinhos Restaurante (2)

Posto de Gasolina Bar e restaurante Minimercado (2) Telefônica

Bar Sorveteria Salão de Beleza Farmácia

Fonte: trabalho de campo, 2012.

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109

Tabela 92 Pracinha

Motivo que levou desempenhar essa atividade? - 2012

Motivo Frequência (%)

Para suprir a necessidade da cidade 1 6,67

Aumentar a renda 1 6,67

Necessidade financeira 1 6,67

Na lavoura estava difícil 1 6,67

Para obter renda 2 13,33

Herança 2 13,33

Não havia o tipo de loja na cidade 4 26,67

Não respondeu 3 20,00

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 93 Pracinha

Tempo de atividade - 2012

Período Frequência (%)

Até 1 ano -- --

Mais de 1 ano até 5 anos 7 46,67

Mais de 5 anos até 10 anos 5 33,33

Mais de 10 anos 3 20,00

Não respondeu -- --

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 94 Pracinha

Tecnologia - 2012

3.1

Tem computador?

SIM – 8 (53,33%) NÃO – 7 (46,67%)

3.2

Sistema de demarcação de preços?

Manual – 9 (60%) Computador – 5 (33,33%)

As duas formas – 1 (6,67%) Não respondeu ou não se aplica – 3 (20%)

3.3

Forma de controle de estoque?

Manual – 11 (73,33%)

Computador – 1 (6,67%)

As duas formas – --

Não respondeu, não se aplica ou não tem estoque – 3 (20%)

3.4

Possui maquina de cartão de crédito?

SIM – 9 (60%) NÃO – 6 (40%)

Fonte: trabalho de campo, 2012.

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Tabela 95 Pracinha

Estrutura administrativa -2012

4.1 Como é dividido o serviço no estabelecimento. Tem uma pessoa específica para desenvolver cada atividade?

Não tem divisão – 5 (33,33%)

Tem divisão – 7 (46,67%)

Não respondeu – 3 (20%)

4.2 As funções são fixas

Sim – 1 (6,67%) Não – 14 (93,33%)

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 96 Pracinha

Capitais - 2012

Faturamento-Investimento

5.1

Tem uma conta bancária específica para empresa ou junto com a conta pessoal?

Junta – 4 (26,67%) Separada – 10 (66,67%) Não respondeu ou não tem conta bancária – 1 (6,67%)

5.2

Tem separação entre o dinheiro da empresa e a renda familiar? Ou é tudo junto?

Junto – 8 (53,33%) Separada – 7 (46,67%) Não respondeu – --

5.3 Investimento

Realiza investimentos mensais para melhor a empresa?

Sim – 2 (13,33%)

- anualmente reforma e pintura

Não – 13 (86,67%) Não respondeu --

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 97 Pracinha Empregos - 2012

6.1 Quantas pessoas trabalham no estabelecimento? E qual a forma de contratação?

Quantidade Frequência (%) Forma Frequência (%)

1 -- -- Familiar 6 40,00

2 8 53,33 Assalariado 7 46,67

3 4 26,67 Os dois 2 13,33

4 1 6,67

5 ou mais 2 13,33

Fonte: trabalho de campo, 2012.

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111

Tabela 98 Pracinha

Estoques - 2012

7.1 quantidade

Grande – 2 (13,33%)

Pequena – 10 (66,67%)

Não se aplica ou sem estoque – 3 (20%)

7.2 Qual a forma que se utiliza para fazer pedidos?

Forma Frequência (%)

Vendedor 7 46,67

Vendedor e telefone 5 33,33

Vendedor, telefone e internet 1 6,67

Vendedor e internet 1 6,67

Vendedor, telefone e outra forma (busca em outra cidade) 1 6,67

Não se aplica 1 6,67

7.4 Quanto tempo em média que demora para chegar os produtos?

Período (em dias) Frequência (%)

1 a 3 9 60,00

4 a 7 4 26,67

8 a 15 1 6,67

Não se aplica 1 6,67

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 99

Pracinha Preços - 2012

Fixos – 7 (46,67%) Negociável – 7 (46,67%) Fixo e negociável – 1 (6,67%)

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 100

Pracinha Margem de lucro - 2012

Porcentagem Frequência (%)

20 a 29% 6 40,00

30 a 39% 5 33,33

40 a 49% 2 13,33

50 ou mais% 2 13,33

Fonte: trabalho de campo, 2012.

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112

Tabela 101 Pracinha

Relação com o cliente - 2012

10.1 Qual é a forma de atendimento ao cliente?

Pessoal – 15 (100%)

10.2 Forma de venda oferecida aos clientes?

Forma de pagamento Frequência (%)

Cheque e a vista 3 20,00

Caderneta, cheque e a vista 5 33,33

Caderneta, cheque, a vista e cartão 5 33,33

Caderneta e cheque 2 13,33

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Quadro 64 Pracinha

Custos fixos - 2012

Apenas custo de manutenção – água, luz e produtos – 8 (53,33%) Aluguel mais custos de manutenção – 3 (20%) Aluguel, custos de manutenção, salários funcionários e escritório – 4 (26,67%)

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 102 Pracinha Publicidade - 2012

Sim – 6 (40%) Não – 9 (60%)

Jornal – 2 (33,33%) Eventos na cidade – 2 (33,33%)

Rádio – 1 (16,67%)

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 103 Pracinha Ajuda governamental - 2012

Sim – --- Não – 15 (100%)

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Quadro 65

Mariápolis Atividade desenvolvida no circuito inferior - 2012

Minimercado e açougue Loja de material esportivo Funerária (2) Loja de roupas (2 Posto de Gasolina Auto-elétrica Bar (4)

Academia (2) Bar e mercearia (2) Mercado (2) Sorveteria e Restaurante Loja de material de alumínio e portões Escritório de Contabilidade

Salão de Beleza Nutrimar Farmácia (2) Bazar LanHouse Açougue

Fonte: trabalho de campo, 2012.

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113

Tabela 104 Mariápolis

Motivo que levou desempenhar essa atividade? - 2012

Motivo Frequência (%)

Não havia o tipo de loja na cidade 1 3,57

Para ter lucro e já tinha experiência como vendedora 1 3,57

Necessidade: tinha outro comércio que faliu e já trabalhou no ramo anteriormente como assalariado e decidiu abrir o próprio negócio.

1 3,57

Era motorista e resolveu abrir o próprio negócio pois estava velho 1 3,57

Na época em que abriu o negócio não havia outro na cidade 1 3,57

Expandir o negócio, pois tem outras duas lojas em cidades diferentes e pela carência na cidade

1 3,57

Era da capital e resolveu trazer o negócio para o interior 1 3,57

Queria trabalhar por conta 1 3,57

Estabelecimento é da família 1 3,57

Porque gosta da profissão e da lucro 1 3,57

Sonho 1 3,57

Já trabalhava na área 1 3,57

Gosta do ramo 1 3,57

Trabalho 1 3,57

Trabalhava na roça e montou o bar com a intenção de estudar os filhos 1 3,57

Para ter autonomia financeira – fonte de renda 2 7,14

Herança 3 10,71

Para suprir a necessidade da cidade 7 25,00

Não respondeu 2 7,14

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 105

Mariápolis Tempo na atividade - 2012

Período Frequência (%)

Até 1 ano 3 10,71

Mais de 1 ano até 5 anos 4 14,29

Mais de 5 anos até 10 anos 4 14,29

Mais de 10 anos 16 57,14

Não respondeu 1 3,57

Fonte: trabalho de campo, 2012.

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114

Tabela 106 Mariápolis

Tecnologia - 2012

3.1

Tem computador?

SIM – 16 (57,14%) NÃO – 12 (42,86%)

3.2

Sistema de demarcação de preços?

Manual – 14 (50%) Computador – 8 (28,57%)

As duas formas – 4 (14,29%) Não respondeu ou não se aplica – 2 (7,14%)

3.3

Forma de controle de estoque?

Manual – 15 (53,57%)

Computador – 6 (21,43%)

As duas formas – 1 (3,57%)

Não respondeu, não se aplica ou não tem estoque – 6 (21,43%)

3.4

Possui maquina de cartão de crédito?

SIM – 7 (25%) NÃO – 21 (75%)

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 107 Mariápolis Estrutura administrativa – 2012

4.1 Como é dividido o serviço no estabelecimento. Tem uma pessoa específica para desenvolver cada atividade?

Não tem divisão – 19 (67,86%)

Tem divisão – 9 (32,14%)

Não respondeu – --

4.2 As funções são fixas

Sim – 1 (3,57%) Não – 27 (96,43%)

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 108 Mariápolis

Capitais - 2012

Faturamento-Investimento

5.1

Tem uma conta bancária específica para empresa ou junto com a conta pessoal?

Junta – 10 (35,71%) Separada – 16 (57,14%) Não respondeu ou não tem conta bancária – 2 (7,14%)

5.2

Tem separação entre o dinheiro da empresa e a renda familiar? Ou é tudo junto?

Junto – 20 (71,43%) Separada – 8 (28,57%) Não respondeu – 2 (7,14%)

5.3 Investimento

Realiza investimentos mensais para melhor a empresa?

Sim – 7 (25%)

- anualmente renovação de móveis e computadores - anualmente - sim - em produtos - pintura e infraestrutura do imóvel - na melhoria e diversidade da mercadoria - reforma geral

Não – 18 (64,29%) Não respondeu – 3 (10,71%)

Fonte: trabalho de campo, 2012.

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115

Tabela 109 Mariápolis

Empregos - 2012

6.1 Quantas pessoas trabalham no estabelecimento? E qual a forma de contratação?

Quantidade Frequência (%) Forma Frequência (%)

1 8 28,57 Familiar 15 53,57

2 7 25,00 Assalariado 13 46,43

3 5 17,86

4 3 10,71

5 ou mais 5 17,86

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 110

Mariápolis Estoques - 2012

7.1 quantidade

Grande – 2 (7,14%) Pequena – 20 (71%) Não se aplica ou sem estoque – 6 (21,43%)

7.2 Qual a forma que se utiliza para fazer pedidos?

Forma Frequência (%)

Vendedor 11 39,29

Vendedor e telefone 3 17,86

Telefone e fax 2 17,14

Vendedor, telefone e internet 2 17,14

Vendedor, telefone e outra forma (busca em outra cidade) 1 3,57

Telefone e internet 2 17,14

Internet 1 3,57

Outra forma (busca em outra cidade) 3 17,86

Não se aplica 3 17,86

7.4 Quanto tempo em média que demora para chegar os produtos?

Período (em dias) Frequência (%)

1 a 3 8 28,57

4 a 7 6 21,43

8 a 15 4 14,29

Mais de 15 4 14,29

Não se aplica 6 21,43

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 111 Mariápolis Preços - 2012

Fixos – 10 (35,71%) Negociável – 17 (60,71%) Fixo e negociável – 1 (3,57%)

Fonte: trabalho de campo, 2012.

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116

Tabela 112 Mariápolis

Margem de lucro - 2012

Porcentagem Frequência (%)

20 a 29% 9 32,14

30 a 39% 8 28,57

40 a 49% 1 3,57

50 ou mais% 7 25,00

Não respondeu 3 17,86

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 113

Mariápolis Relação com o cliente - 2012

10.1 Qual é a forma de atendimento ao cliente?

Pessoal – 28 (100%)

10.2 Forma de venda oferecida aos clientes?

Forma de pagamento Frequência (%)

Cheque e a vista 1 3,57

Caderneta, cheque e a vista 14

Caderneta, cheque, a vista e cartão 6

Caderneta e cheque 1 3,57

Caderneta e a vista 3 17,86

Somente a vista 1 3,57

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Quadro 66

Mariápolis Custos fixos - 2012

Apenas custo de manutenção – água, luz e produtos – 9 (32,14%) Aluguel mais custos de manutenção – 9 (32,14%) Aluguel, custos de manutenção, salários funcionários e escritório – 10 (35,71%)

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 114

Mariápolis Publicidade – 2012

Sim – 18 (64,29%) Não – 10 (35,71%)

Jornal – 9 (50%) Jornal e internet – 1 (5,56%)

Rádio – 1 (5,56%) Panfleto e carro de som – 1 (5,56%)

Jornal, internet e rádio – 1 (5,56%) Sacola plástica e calendário – 1 (5,56%)

Jornal e rádio – 2 (11,12%) Jornal e agenda telefônica – 1 (5,56%)

Agenda telefônica – 1 (5,56%)

Fonte: trabalho de campo, 2012.

Tabela 115

Mariápolis Ajuda governamental - 2012

Sim – -- Não – 28 (100%)

Fonte: trabalho de campo, 2012.

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117

Mapeando os indicadores intra-urbanos na escala interurbana

A fim de compreender a estruturação das cidades localizadas na Nova Alta

Paulista, elaboramos um mapeamento dos espaços intraurbano dessas localidades. Os

indicadores que compõem o mapeamento revelam a diferenciação socioespacial

existente nesses espaços.

O mapeamento que apresentaremos permite-nos visualizar o espaço

intraurbano na escala interurbana, ou seja, os setores censitários das cidades podem

ser observados com os mesmos valores de referência na escala interurbana, nos

permitindo uma comparação entre as diferentes cidades. Dessa forma, compreender

as articulações escalares, identificando que os processos sociais que ocorrem em uma

determinada escala, não se restringem a ela. Assim, optamos apresentar os mapas

em quatro subgrupos28:

- indicadores habitacionais ( mapa – domicílios improvisados; mapa – domicílios tipo

cômodo; mapa – domicílios coletivos; mapa – domicílios sem banheiro ou sanitário;

mapa – domicílios com quatro banheiros ou mais; mapa – domicílios com cinco

moradores ou mais).

- indicadores de infraestrutura de saneamento básico (mapa - domicílios com

abastecimento de água ligado à rede geral; mapa - domicílios com abastecimento de

água de outra forma; mapa - domicílios com esgotamento sanitário ligados à rede

geral; mapa - domicílios com esgotamento sanitário outro destino; mapa - domicílios

com lixo coletado pelo serviço de limpeza e; mapa - domicílios com lixo outro

destino).

- indicadores econômicos (mapa - responsável pelo domicílio sem rendimento

mensal; mapa - responsável pelo domicílio com rendimento mensal até meio salário

mínimo; mapa - responsável pelo domicílio com rendimento mensal mais de meio a

dois salários mínimos e; mapa - responsável pelo domicílio com rendimento mensal

mais de 15 salários mínimos).

- indicadores sociais (mapa - responsável pelo domicílio sem instrução e menos de

um ano de estudos; mapa - responsável pelo domicílio com 17 anos ou mais de

estudos e; mapa - responsável pelo domicílio com 10 a 19 anos de idade).

28 A metodologia que estamos discutindo e foi utilizada para elaboração desse

mapeamento está descrita nos procedimentos metodológicos contido neste trabalho.

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Os indicadores habitacionais revelam a localização dos diferentes segmentos

sociais no espaço intraurbano da Nova Alta Paulista a partir da característica das

moradias, ou seja, boa condição (mapa - domicílios com quatro banheiros ou mais)

ou condição ruim (mapa - domicílios improvisados; mapa - domicílios tipo cômodo;

mapa - domicílios coletivos; mapa - domicílios sem banheiro ou sanitário e; mapa

domicílios com cinco moradores ou mais).

Numa análise geral dos mapas, observamos que as cidades locais começam a

se destacar com os melhores indicadores (por exemplo, quando verificamos que em

Dracena e Tupã estão localizados os setores censitários com melhor avaliação em

relação a presença de domicílios com quatro banheiros ou mais, além disso, a quase

totalidades dos setores das cidades locais classificam-se no pior indicador), enquanto

as cidades menores apresentam os piores indicadores (como Bastos, Paulicéia,

Parapuã, Iacri e Rinópolis,que possuem os piores setores censitários em relação aos

domicílios improvisados, ou Ouro Verde em relação aos domicílios sem banheiro ou

sanitário).

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Os mapas estão relacionados aos domicílios com infraestrutura de saneamento

básico. Nessa análise podemos identificar pontualmente, em todos os seis mapas, os

poucos setores censitários que se classificam com os piores indicadores

No entanto, mesmo que pontualmente, nos indicadores de domicílios com água

ligados a rede geral e domicílios com água outra forma notamos a presença dos

piores indicadores nas cidades de Flora Rica, Adamantina e Tupã. No mesmo sentido

(mapa - domicílios com lixo coletado pelo serviço de limpeza e mapa – domicílios

com lixo outro destino), destacamos com os piores indicadores as cidades de Tupã,

Flora Rica e Flórida Paulista.

Comparando os indicadores relacionados à água com os de esgoto sanitário,

observamos que na região o segundo apresenta um número mais elevado de setores

censitários classificados como pior. Assim, destacamos nos piores indicadores de

esgotamento sanitário as cidades de Ouro Verde, Pacaembu, Flora Rica, Dracena,

Osvaldo Cruz, Parapuã, Adamantina, Rinópolis, Tupã e Paulicéia. Nesta última

localidade observamos esse fator no espaço intraurbano como um todo. Além disso,

como apontamos anteriormente, há na cidade um crescimento acelerado da atividade

turística voltada principalmente para pesca, ampliando o número de loteamentos para

atender a demanda turística. As demais cidades da região classificam-se nesse

indicador como intermediárias, destacando-se com os melhores indicadores as cidades

de Tupi Paulista, Iacri, Bastos e Arco-Íris.

Constatamos que os piores indicadores localizam-se praticamente nos mesmos

setores censitários nas diferentes cidades, demonstrando uma diferenciação

socioespacial entre os espaços da cidade. E, ainda, percebemos que nesses

indicadores há uma maior homogeneidade ao compararmos as cidades sub-regionais

e as cidades locais, ou seja, no âmbito das pequenas cidades da Nova Alta Paulista, as

infraestruturas de saneamento básico, apresentam-se com bons e intermediários

indicadores, seguindo um padrão presente no estado de São Paulo.

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Analisando os indicadores econômicos contidos nos mapas, podemos ressaltar

claramente que as cidades com menor contingente populacional apresentam os

menores níveis de renda. Nos indicadores responsável pelos domicílios sem

rendimento mensal – mapa, responsável pelos domicílios com rendimento mensal de

até meio salário mínimo – mapa , responsável pelos domicílios com rendimento

mensal de meio a dois salários mínimos – mapa, destacamos: no primeiro com o pior

percentual a cidade de Panorama, no segundo as cidades de Rinópolis, Ouro Verde,

Monte Castelo, Flórida Paulista, Flora Rica, Pracinha, Herculândia e Osvaldo Cruz e no

terceiro as localidades de Ouro Verde, Nova Guataporanga, Flora Rica, Queiroz e

Osvaldo Cruz.

Ainda em relação a esses indicadores, constatamos que um número elevado de

setores censitários das cidades híbridas são classificados como intermediários para

pior. Já nas cidades locais estão os melhores indicadores e os intermediários para

melhor. Destacamos nesse grupo que a cidade de Osvaldo Cruz apresenta em seu

espaço urbano dois setores censitários classificado como pior e intermediário para

pior, sendo um deles o setor censitário denominado pelo IBGE como aglomerado sub-

normal “favela”.

Quando analisamos o indicador responsável pelo domicílio com rendimento

mensal com mais de 15 salários mínimos evidencia-se, ainda mais, a diferença de

nível socioeconômico presente nas cidades da Nova Alta Paulista. Com os melhores

indicadores temos somente as cidades de Dracena, Adamantina e Tupã e, como

intermediários as cidades de Junqueirópolis, Pacaembu, Tupi Paulista, Lucélia, Bastos

e Osvaldo Cruz. Ressaltamos que praticamente todos os setores censitários das

cidades híbridas com população inferior a 5.000 habitantes, as quais estão inseridas

no limite inferior da complexidade urbana, apresentaram os piores indicadores

(Queiroz, Arco-Íris, Mariápolis, Pracinha, Inúbia Paulista, Salmourão, Sagres, Flora

Rica, Santa Mercedes, São João do Pau D’Alho, Ouro Verde e Nova Guataporanga),

somente em Monte Castelo e Inúbia Paulista observamos setores censitários

classificados como intermediários para pior, perfazendo 3,85 a 6,55% dos domicílios.

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Neste último grupo de mapas, demonstramos os indicadores sociais. No

que concerne à escolaridade responsável pelos domicílios sem instrução e menos

de um ano de estudo – mapa, e responsável pelos domicílios com 17 anos ao

mais de estudo – mapa, identificamos também que nas cidades híbridas estão os

piores níveis de escolaridade.

No primeiro os setores censitários com os piores indicadores estão nas

cidades de Flora Rica e Osvaldo Cruz e os melhores percentuais podem ser

observados em Tupã, Dracena, Adamantina, Osvaldo Cruz, Tupi Paulista,

Junqueirópolis, Parapuã, Herculândia, Bastos e Iacri. Destacamos, novamente,

que nas cidades híbridas não há ocorrência de nenhum indicador classificado

como melhor sendo que os intermediários estão indicando para pior, enquanto

nas cidades locais além de estruturarem em seus espaços os melhores

indicadores (exceto um setor de Osvaldo Cruz) observamos os intermediários

para melhor.

No segundo evidencia-se que os maiores níveis de escolaridade

acompanham o aumento no contingente populacional da região. Somente na

cidade de Tupã, constatamos a presença de setores censitários classificados com

os melhores indicadores, enquanto em Adamantina, Dracena e Osvaldo Cruz e as

localidades com população acima de 5.000 habitantes apresentam indicadores

intermediários. Nesse indicador, constatamos que todos os setores censitários

das cidades híbridas, inseridas no limite inferior da complexidade urbana, são

considerados como piores.

No mapa - responsável pelos domicílios com 10 a 19 anos de idade os

piores indicadores são observados em Tupã, Panorama e Herculândia e nas

demais cidades da região, apresentam-se os indicadores intermediários.