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São Paulo, 460 anos de fé ESPECIAL 460 ANOS | Edição 2986| 21 a 27 de janeiro de 2014 São Paulo, 460 anos de fé Luciney Martins/O SÃO PAULO

O SÃO PAULO - Caderno Especial edição 2986

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Jornal O SÃO PAULO semanário da Arquidiocese de São Paulo, há 58 anos levando informação e formação para os católicos de SP

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São Paulo, 460 anos de fé

ESPECIAL 460 ANOS | Edição 2986| 21 a 27 de janeiro de 2014

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Capital da Província desde 1815, a cidade foi palco da proclamação da Independência do Brasil, por dom Pedro 1º, em 1822, às mar-gens do Ipiranga. A iniciativa teve o apoio do bispo dom Mateus Pereira, que foi sucedido, naquele século, por dom Manoel Joaquim Andrade (1827-47), dom Antonio de Mello (1852-61), dom Sebastião do Rego (1862-68), dom Lino de Carvalho (1873-94) e dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque (1894-97). No período, houve as inaugurações da Faculdade de Direito (1827), da linha férrea

(1865), da rede de bondes com tração ani-mal (1872), da avenida Paulista (1891) e do Museu do Ipiranga (1895). A expansão da lavoura cafeeira no estado elevou a popula-ção na capital, especialmente pela chegada dos imigrantes. O Censo de 1872 indicava 31.385 moradores, o de 1900, 239.820.

A Arquidiocese foi criada em 1908, dis-seminando a presença da Igreja pela cidade, sob o comando de sete arcebispos nos sécu-los 20 e 21 (veja ao lado)

Dom Duarte Leopoldo e Silva (1908-1938)Criou o Museu de Arte Sacra, o Arquivo Metropolitano (1918) e o Seminário Central do Ipiranga (1934), iniciou as obras da Catedral da Sé (1913) e organizou o 1º Congresso Eucarístico de São Paulo (1915). Também exortou os fiéis à solidariedade diante da epide-mia de gripe espanhola, em 1918, e das mortes no levante Tenen-tista (1924) e na Revolução Constitucionalista (1932). No período, surgiram na cidade o viaduto Santa Ifigênia (1913), a Universidade de São Paulo (1935) e o Aeroporto de Congonhas (1936). Também começaram a operar os primeiros ônibus (década de 1920). A po-pulação, que em 1920 era de 579 mil pessoas, ultrapassou a marca de 1,3 milhão, em 1940.

Dom José Gaspar d´Afonseca e Silva (1939-1943)Reorganizou os serviços eclesiásticos, criou mais de 40 paróquias e o Amparo Maternal (1939), e coordenou o 4º Congresso Eucarísti-co Nacional (1942), antes de falecer em um desastre de avião, em 1943. No período, a cidade passou pela remodelação do sistema viário, para expandir vias no centro.

Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta (1944-1964)O primeiro cardeal da história da Igreja em São Paulo implantou na Arquidiocese as reformas do Concílio Vaticano 2º. Além disso, fundou a PUC-SP (1946), a rádio 9 de Julho e o O SÃO PAULO (1956), idealizou a campanha “Uma paróquia em cada bairro” e inaugurou, ainda sem as torres, a Catedral da Sé (1954). Em 1964, tornou-se o primeiro arcebispo de Aparecida. No período, a indústria era a força econômica da capital, que, com a intensa chegada de migrantes nordestinos, superou a marca de 3,7 milhões de habitantes, em 1960.

Dom Agnelo Rossi (1964-1970)Mesmo no auge do regime militar, não se esquivou de questionar os ditadores. Também estimulou o protagonismo dos leigos e deu atenção às comunidades estrangeiras. Em 1966, a Arquidiocese foi dividida em quatro regiões episcopais. Em 1970, dom Agnelo foi designado para chefiar a Congregação para a Evangelização dos Povos. Naquele ano, viviam na capital paulista 5,9 milhões de pessoas.

Cardeal dom Paulo Evaristo Arns (1970-1998)Umas de suas primeiras ações foi vender o Palácio Episcopal, utili-zando o dinheiro para construir comunidades de base na periferia. “Na Campanha da Fraternidade de 1972, ele convidou os repre-sentantes das nove regiões, na época, e colocou o objetivo de criar comunidades, lideranças, e servir ao povo. A grande inovação foi de não querer estruturas ou pensar em uma Igreja instituição, mas numa Igreja povo”, recordou, ao O SÃO PAULO, o padre Ubaldo Steri, primeiro responsável pela Operação Periferia, como ficou conhecida a iniciativa. Dom Paulo enfrentou a repressão do regime militar, que impôs censura ao semanário arquidiocesano e cassou a concessão da rádio 9 de Julho. Em 1972, o Cardeal criou a Co-missão Justiça e Paz. Motivou o povo pelas Diretas Já (1983-1984) e a Constituinte de 1988. No período, a cidade passou por significa-tivas mudanças: perdas de indústrias, aumento das atividades do setor de serviços e intensificação das desigualdades sociais. Em 1974, foi inaugurado o metrô e, em 1982, o Terminal Rodoviário do Tietê. Em 1991, 9,6 milhões de pessoas viviam em São Paulo.

Cardeal dom Cláudio Hummes (1998-2006)Revisitou a cidade no Seminário da Caridade, incentivando a pre-sença da Igreja junto aos pobres. Articulou o restauro da Catedral da Sé (de 1999 a 2002) e a reabertura da rádio 9 de Julho (1999), e foi o responsável pela organização da cerimônia de canonização da Madre Paulina, em 2002. Nomeado prefeito da Congregação para o Clero, deixou a Arquidiocese em 2006. No período, houve a expansão das linhas de trens às margens do rio Pinheiros e a inten-sificação de ações governamentais na tentativa de solucionar as mazelas sociais. Em 2000, mais de 10,4 milhões de pessoas viviam em São Paulo.

Cardeal dom Odilo Pedro Scherer (desde 2007)Entre seus feitos está a organização da celebração de canonização de Santo Antônio de Sant´Anna Galvão (2007), a condução do Ano Paulino na Arquidiocese (2008-2009), do 1º Congresso Arquidio-cesano de Leigos (2010) e da Semana Missionária da JMJ (2013). Lançou as cartas pastorais “Paróquia, torna-te o que tu és” (2011) e “Senhor, aumentai a nossa fé!” (2012). A cidade mantém uma economia centrada no setor de serviços e as mazelas sociais per-sistem. De acordo com o Censo de 2010, 11,2 milhões de pessoas vivem na capital.

arquidiocese surge no século 20REdação

Em 7 de junho de 1908, a Dio-cese de São Paulo se tornou Arquidiocese e sede da Provín-cia Eclesiástica de São Paulo. O primeiro arcebispo foi dom Duarte Leopoldo e Silva, tendo

sido precedido, no começo do século, ainda na fase de diocese, por dom Antonio de Alvarenga (1899-1903) e dom José de Ca-margo Barros (1904-1906). Ao longo do tempo, cada arcebispo buscou atender às necessidades pastorais da cidade. (dG)

Fonte de pesquisa: O SÃO PAULO, sites da Prefeitura de São Paulo e SPTrans, e livro “A Igreja nos quatro séculos de São Paulo” (1955).

cidade e igreja crescem ao longo dos séculos

daniEl GomEsREdação

Assim descreveu, em carta aos seus superio-res Jesuítas, José de Anchieta, que ainda não era padre: “A 25 de janeiro do ano do Senhor de 1554, celebramos, em paupérrima e es-treitíssima casinha, a primeira missa, no dia da conversão do Apóstolo São Paulo e, por

isso, a ele dedicamos nossa casa”. Da “casinha” que os Padres Jesuítas, en-

tre os quais Manuel de Paiva e Manuel da Nó-brega, construíram, surgiu, em 1556, o Colé-gio de São Paulo de Piratininga (atual Pátio do Colégio), ao redor do qual se formou um povoado, elevado a vila em 1558. Ao longo dos séculos, cidade e Igreja não pararam de crescer.

século 17: bandeirantes e a expulsão dos JesuítasA coroa portuguesa incitou os vassalos de São Paulo a expedições pela colônia, e os bandeirantes foram: primeiro para o apri-sionamento de índios ao trabalho escravo,

depois para a descoberta de riquezas mi-nerais. Contrários à captura e escraviza-ção dos índios, os Jesuítas foram expulsos em 1640.

século 18: surge a diocese de são pauloEm 1711, o rei dom João 5º elevou a vila a cidade, e começou a se cogitar a cria-ção de um bispado, o que aconteceu em 1745. O primeiro bispo foi dom Bernardo Rodrigues Nogueira (1745-48), seguido, naquele século, por dom Antonio da Madre de Deus (1751-64), dom Manuel da Res-

surreição (1771-89) e dom Mateus Pereira (1795-1824). A cidade manteve-se como entreposto comercial para escoamento da produção da colônia. Em 1774, foi inaugu-rado o Mosteiro da Luz, construído por frei Antônio de Sant´Anna Galvão, canonizado em 2007.

século 19: a chegada dos imigrantes

Luciney Martins/O SÃO PAULOReprodução

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padre Antonio Manzatto, pro-fessor de teologia na PUC-SP.

Lizete acolhe as pessoas que passam pela Casa de En-contros que a Congregação tem no bairro do Ipiranga. Para ela, “o maior desafio é a incul-turação, para acolher e com-preender expressões culturais peculiares. São Paulo, por ser também um grande polo eco-nômico que foi constituído a partir do fenômeno migrató-rio e, portanto, carrega em seu bojo as contradições das desigualdades sociais. Assim, há muitas pessoas vivendo de forma desumana, abaixo da

linha da pobreza, e esse tam-bém é outro grande desafio”.

Paulo afirmou que a Igreja na grande cidade tem o desa-fio de mostrar que também é grande. “Ela precisa mostrar que não é somente o templo, nem só o padre, mas que os católicos formam uma grande comunidade. Acho que é um desafio formar comunidades que acolham e evangelizam. As paróquias devem ser mais do que um grupinho ou uma pres-tadora de serviços religiosos.”

O jovem apontou o desafio de entender que a evangeliza-ção se dá além das paróquias.

“Outro dia, uma senhora me disse que, às vezes, é difícil conciliar a vida social com a vida religiosa, mas o ideal é que o fiel leigo paute sua vida pelos valores cristãos e não haja dis-tinção. A coerência é um teste-munho que evangeliza”, disse.

Padre Antonio Manzatto destacou dois desafios. O pri-meiro é a realidade da perife-ria. “Facilmente abandonada e esquecida por todos, sua força é grande e seu dinamismo é imenso. Foi a periferia inven-tar os ‘rolezinhos’ e o centro imediatamente se preocupou. De lá poderia vir, também,

Quando se fala em Arquidio-cese de São Paulo, deve-se ter desenhada a ideia de que essa circunscrição eclesiástica é for-mada por uma parte da capital paulistana, sendo alguns extre-mos pertencentes a outras dio-ceses – Santo Amaro, São Mi-guel Paulista e Campo Limpo.

De acordo com o Secretaria-do Arquidiocesano de Pastoral, nos dados enviados ao Vaticano no fim de 2012, a Arquidiocese de São Paulo possui mais de 6 milhões de habitantes, dos quais aproximadamente 5 mi-lhões são católicos. Compreen-

de seis regiões episcopais, 300 paróquias, 2 vicariatos epis-copais, aproximadamente 40 pastorais, 38 movimentos, 48 novas comunidades, além de outros organismos e entidades.

Este é o cenário da Igreja Católica em São Paulo. No seu imenso desafio de evangelizar, o 11º Plano de Pastoral faz um convite a todos os católicos que vivem na metrópole, ser “Tes-temunha de Jesus Cristo na ci-dade” e mostrar que “Deus ha-bita esta cidade imensa”, como recorda o arcebispo metropoli-tano, dom Odilo Pedro Scherer.

O coordenador do Secre-tariado Arquidiocesano de Pastoral, padre Tarcísio Mar-

ques Mesquita, destacou, em entrevista ao o sÃo paUlo, que a palavra “dificuldade” é a mais adequada para definir “os imensos desafios desta gran-de cidade, com seus abismos sociais, suas imensas perife-rias povoadas por gente sim-ples que merece uma grande e constante atenção do Poder Público e de todos nós”.

“Há desafios pastorais a se-rem enfrentados no que tange a compreender e se expressar de acordo com a linguagem e o entendimento dos diversos grupos, tribos e movimentos, religiosos ou não, que estão presentes por toda a cidade. Há o desafio não somente das

periferias geográficas, mas as imateriais também”, afirmou o Padre.

Para o Sacerdote, na reali-dade atual da cidade, um dos desafios que se destacam é a compreensão da juventude e atualização dos ensinamentos do Evangelho para sua lin-guagem e compreensão. “Não basta somente ensinar, mas é preciso reunir, formar comuni-dade em que os jovens sejam também agentes da evangeli-zação”, afirmou.

É preciso lembrar ainda, comenta o coordenador, os ido-sos e solitários, os presídios da cidade, as casas para menores infratores, o povo de rua, as

pessoas de outra denominação cristã e outras religiões, os sem religião ou ateus, os poucos recursos humanos para evan-gelizar e os poucos recursos financeiros para investir na for-mação e liberação de agentes de pastoral para tantos desa-fios onde a Igreja sempre deve estar presente.

“A meu ver, o que se define por desafio acaba se tornando incentivo na promoção de um valor cristão inalienável: servir árdua e generosamente, sem esperar ganhos financeiros, mas prazerosamente em meio de todos como simples servidor, jamais como quem manda e oprime”, conclui padre Tarcísio.

são paulo e os desafios para a evangelizaçãoEdcarlos bispo dE santana

rEdaçÃo

para comunicar a palavra às pessoas de hojeA Igreja em São Paulo e os desafios à evangelização, a partir do olhar de quem vive o dia a dia na metrópole

nayá FErnandEsrEdaçÃo

A Igreja na cidade de São Paulo busca, a cada dia, novas formas de anunciar a Palavra com aque-le mesmo espírito do Apóstolo que falou a todos: judeus, gen-tios, gregos. E ele tem muito a ensinar, pois para alguns estu-diosos, Paulo foi um dos únicos, na história da Igreja, a viver a inculturação do Evangelho.

Hoje, a comunidade dos fiéis continua o projeto de co-municar às pessoas do seu tempo a mensagem perene da Boa-Nova. Para falar sobre os desafios da evangelização na metrópole, o sÃo paUlo ouviu o jornalista e leigo Pau-lo Teixeira; a irmã Lizete So-ares da Cunha, religiosa da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, e o

grande impulso evangelizador atingindo o cerne da cidade.”

“Mesmo quando se pergun-ta se da periferia pode vir algo de bom, é forçoso ver que as grandes transformações acon-tecem de baixo para cima. E Jesus mesmo rezava dizendo: ‘Eu te louvo Pai porque escon-destes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos; sim, Pai, por-que assim foi do teu agrado’ (Mt 11, 25)”, lembrou.

Para o Padre, que atua nas comunidades de base da Bra-silândia, zona noroeste da ca-pital, o segundo desafio é o do protagonismo dos leigos. “Em tempos de clericalismo, leigos e leigas são facilmente esque-cidos ou então vistos simples-mente como enviados do clero, a quem devem serviço e obedi-ência. A afirmação do sagrado ahistórico apenas aumenta o poder clerical, visto como re-presentante ou controlador do sagrado. O papa Francisco aler-ta contra este perigo. Privilegiar a formação de leigos e leigas e abrir-lhes espaço de participa-ção na vida e na estrutura ecle-sial pode trazer renovada força evangelizadora para a Igreja desta cidade grande”, explicou.

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

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São 720 pizzas por minuto para atender a 19 milhões de pessoas da cidade que conta com 160 teatros, a segunda maior frota de helicópteros do mundo e realiza 90 mil eventos por ano, cerca de 1 evento a cada 6 minutos. Os dados do site oficial de turismo da cidade de São Paulo (www.cidadedesaopaulo.com) mos-tram a grandiosidade da metrópole, que completa 460 anos no dia da So-lenidade da Conversão do Apóstolo que lhe deu o nome.

No tempo de Paulo ainda não ti-nha sido inventada a pizza, e ele só

teve a experiência de viajar a cavalo, camelo ou de barco. Mas, o Apósto-lo, que desejou ir até o centro do Império para

ali testemunhar o Evange-lho, passou em grandes cida-

des como Corinto, Atenas, Jerusalém e Roma e participou de importantes eventos, até a ponto de comparar sua vida a uma grande corrida. “Combati o bom combate. Completei a carrei-ra. Guardei a fé” (2 Tm 4,7).

Mas, o maior evento da vida do Apóstolo foi o encontro com Jesus na estrada de Damasco, como lem-brou irmã Zuleica Silvano, biblista e professora na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia e no Serviço de Animação Bíblica em Belo Hori-zonte (MG). “Um evento marcante da história, que a Igreja sempre faz memória é a experiência de fé que fez o apóstolo Paulo. Experiência essa narrada nos Atos dos Apósto-los (At 9, 1-19; 22, 1-21 e 26, 2-23) e recordada pelo próprio Apóstolo nas cartas aos Gálatas, Filipenses e Coríntios.”

Para celebrar a solenidade do dia 25, a Arquidiocese de São Paulo pre-parou um tríduo que tem como tema principal “São Paulo: Testemunha de vida cristã” e como temas cada um dos três dias: a fé, os frutos da Pala-vra e a missão dos discípulos missio-nários de Jesus.

Irmã Zuleica explicou que, para Paulo, fé é, antes de tudo, aderir a Jesus Cristo Crucificado e Ressusci-tado, o Filho de Deus. “Desse modo, fé é um dom de Deus e uma adesão livre. Adesão celebrada no seio de

uma comunidade, por meio do Batis-mo. Todo batizado é chamado a ser uma ‘nova criação’, que consiste no processo de configuração a Cristo (Gl 4,19). A palavra configuração, utiliza-da por Paulo, significa a dinâmica de crescimento do feto no ventre mater-no, deste modo somos gerados pelo Espírito e, pouco a pouco, assumi-mos as feições de Cristo.”

A Religiosa lembrou que a fé não é separada de uma comunidade e da responsabilidade social e ética (cf. Caritas in Veritate 1-9), que Paulo chama de caridade (1Cor 13), base-ada no esvaziamento de Cristo Jesus (Fl 2, 1-11). “Diante dessa certeza, Paulo formou as comunidades do seu tempo, num empenho constante. Hoje, mesmo sabendo que o cenário cultural não é tanto favorável à fé “se faz necessário um empenho eclesial mais convicto, para redescobrir a alegria de crer e de reencontrar o en-tusiasmo (Porta fidei 7).”

“Assim, ao recordarmos o evento da experiência de Paulo, que sejamos capazes de mudar os critérios de discernimento da realidade; de con-frontar nossa vida com a vontade de Deus; e nos fortalecer na vivência da comunhão, celebrar a vida e o Mis-tério Pascal na ação litúrgica e nos inserir no mundo como testemunhas da justiça e da caridade”, destacou irmã Zuleica.

No dia 25 de janeiro, a Igreja ce-lebra na liturgia a solenidade da Conversão de São Paulo, e a cidade e a Igreja de São Paulo celebram sua fundação e seu pa-trono. É preciso, porém, lembrar que também faz aniversário de fundação este semanário, o jornal o sÃo paUlo. Ele completa 59 anos.

Além de registrar a história da Igreja em São Paulo, este jor-nal também tem sua história. Na história do jornalismo no Brasil e do jornalismo confessional estão reservadas para o o sÃo paUlo bonitas páginas, que, além de mostrar a missão evangelizado-ra da Igreja, falam da presença da Igreja na vida da cidade, nas lutas pela redemocratização do Brasil, na árdua tarefa de tornar a cidade mais fraterna, solidária, acolhedora.

Uma página importante da his-tória do semanário arquidiocesa-no foi a sua resistência à censura política nos tempos da ditadura. De maneira firme, o jornal disse

não à mordaça, seja manten-do os espaços em bran-co onde deveriam estar

matérias censuradas e, nesses espaços, a frase “Leia e divulgue o sÃo paUlo”; seja ainda mimeo-grafando as matérias censuradas e enviando-as às paróquias e co-munidades.

Não contente de tentar calar a voz da Igreja, o regime de for-ça chegou a divulgar uma edição apócrifa colocando na boca de dom Paulo Evaristo Arns um pedi-do de perdão, como se o “cardeal dos direitos humanos” se arre-pendesse por arrancar das garras da ditadura os que sonhavam um caminho novo para o Brasil.

Jornal o sÃo paUlo! Quem as-sina este texto, padre Cido Perei-ra, é um padre cuja matrícula no seminário metropolitano, aos 12 anos, está registrada na primeira edição do jornal em 25 de janeiro de 1956. Hoje, com 43 anos de sa-cerdócio e 31 anos como repórter, editor e diretor do o sÃo paUlo, ele deixa a direção. Leva consigo, porém, o santo orgulho (orgulho santo a gente pode ter) de ter co-laborado para que o sÃo paUlo continuasse sua missão de infor-mar e formar o Povo de Deus, de construir comunhão na Igreja de São Paulo, de contribuir para que cada vez mais Deus habite esta cidade.

Em 1956, na primeira edição do o sÃo paUlo, o então arcebis-po, cardeal Motta, afirmava que queria que o jornal enfrentasse a batalha da informação, fosse a “boa imprensa” que a Igreja e a sociedade brasileira precisavam. Naquele momento, chegava ao Brasil a televisão e outros meios de comunicação. A Igreja de São Paulo não perdeu tempo. No mes-mo janeiro em que cidade e a Ar-quidiocese aniversariavam, o se-manário o sÃo paUlo começava sua história e a rádio 9 de Julho também. Hoje novos meios se so-mam a eles. E vamos em frente. A missão da Igreja é evangelizar. Evangelizar é comunicar. E a com-petência no uso de todos os meios de comunicação permite colher mais frutos ainda da missão.

Uma nova direção, com nova disposição, com novas ideias para tornar o jornal mais ansiosamente acolhido e lido pelo Povo de Deus, se apresenta agora. E vamos em frente! Que não faltem à brilhante e jovem equipe do o sÃo paUlo, agora até com novo formato, mais dinâmico, e ao novo diretor, o querido irmão padre Michelino, as bênçãos do grande apóstolo das nações, o incrível comunicador e apóstolo Paulo de Tarso.

Um evento muda a históriaO encontro com Jesus transformou a vida do apóstolo que soube anunciar o Evangelho nas grandes cidades do seu tempo

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os 59 anos do jornal o sÃo paUlopadrE cido pErEira

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