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O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente Desafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do ECA

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Importante documento elaborado pela Associação Brasileira de Magistrados e Promotores da Infância e da Juventude e pela Associação de Assistentes Sociais e Psicólogos do TJSP. Nesse documento são apresentados critérios e argumentos sobre em que condições deveria haver uma vara exclusiva da infância e juventude, bem como critérios e argumentos sobre a constituição de sua equipe técnica. Dada a inexistência de referências sobre esses temas, em particular no que tange à equipe técnica, trata-se de documento fundamental para o estudo da inserção de seus profissionais no poder judiciário.

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O Sistema de Justiçada Infância e da Juventudenos 18 anos do Estatutoda Criança e do Adolescente

Desafios na Especialização para a Garantia deDireitos de Crianças e Adolescentes

COMPOSIÇÃO DA ABMP

Estrutura da ABMP

Diretoria Executiva:

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Presidente:

1º Vice-Presidente:

2ª Vice-Presidente:

1ª Secretária:

2ª Secretária:

Tesoureira:

Eduardo Rezende Melo

Manoel Onofre de Souza Neto

Brigitte Remor de Souza May

Helen Crystine Corrêa Sanches

Vera Lúcia Deboni

Silvana Correa Vianna

Juiz de Direito/SP

Promotor de Justiça/RN

Juíza de Direito/SC

Promotora de Justiça/SC

Juíza de Direito/SC

Promotora de Justiça/MT

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Levantamento realizado pela ABMP

Associação Brasileira de Magistrados, Promotores

de Justiça e Defensores Públicos da Infância e

da Juventude em comemoração dos 18 anos do

Estatuto da Criança e do Adolescente.

Brasília, julho de 2008.

SUMÁRIO

Introdução ............................................................................................................................................ 08

1. Apresentação ABMP- Associação Brasileira de Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores

Públicos da Infância e da Juventude ...................................................................................................... 08

2. A celebração dos 18 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente e o Sistema de Justiça .................. 09

3. A necessidade de um levantamento nacional sobre como se estrutura o Sistema de Justiça da

Infância e da Juventude brasileiros. Visão geral sobre a proposta da ABMP ............................................. 12

Parte I .................................................................................................................................................. 13

4. A necessidade de especialização do Sistema de Justiça da Infância e da Juventude:

varas especializadas, equipes interprofissionais e formação..................................................................... 13

5. Especialização das varas da infância e da juventude. Uma regra esquecida:

a obrigatoriedade de estabelecimento de proporcionalidade entre varas especializadas e população.

O art. 145 do Estatuto da Criança e do Adolescente e a realidade brasileira ............................................ 14

5.1. Primeira inobservância: a falta de critérios formais no país .............................................................. 14

6. Marco situacional ............................................................................................................................. 15

6.1. Estados com varas especializadas em comarcas de menos de 200.000 habitantes ........................... 20

6.2. Estados com varas especializadas em comarcas de menos de 300.000 habitantes ........................... 21

6.3. Estados com varas especializadas em comarcas de menos de 400.000 habitantes ........................... 21

6.4. Estados com varas especializadas em comarcas de menos de 500.000 habitantes ........................... 21

6.5. Estados com varas especializadas em comarcas de mais de 500.000 habitantes .............................. 22

7. Segunda inobservância: a falta de coerência na gestão administrativa nos

Estados e regiões brasileiras. Um quadro da realidade brasileira ................................................................ 22

8. O papel social da Justiça da Infância e da Juventude e a necessidade de correlação das varas

com indicadores de vulnerabilidade da população infanto-juvenil e de suas famílias.

A referência à Política Nacional de Assistência Social, Política do Ministério da Saúde à Saúde

Mental e indicadores do UNICEF como parâmetros de definição dos critérios do art. 145 .............................. 36

9. A Agenda Social Criança e os Objetivos do Milênio: a proposta da ABMP por um compromisso

progressivo de prioridade à criança e ao adolescente brasileiros pelo Sistema de Justiça .............. 40

Parte II ..............................

10. Equipes interprofissionais: um suporte indispensável ao Sistema de Justiça da Infância e da

Juventude Brasileiro. O Judiciário dois anos depois da Resolução nº 02 do Conselho Nacional de Justiça ........ 41

11. O levantamento realizado pela ABMP: a precariedade da assessoria aos magistrados pela

inexistência ou insuficiência de equipes interprofissionais nas Varas da Infância e da Juventude................ 44

11.1. Estados sem equipe técnica

11.2 Estados em que há equipe técnica apenas nas capitais ou irrisória distribuição pelas suas comarcas 44

11.3 Estados em que há uma diversidade maior de comarcas contempladas com equipes técnicas .......... 46

................................................................................................................... 41

.......................................................................................................... 44

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

12. A proporção de técnicos por população em cada Estado pesquisado

13. A (limitada) diversidade de qualificação dos técnicos no levantamento ............................................. 72

14. Equipes interprofissionais: da ausência e insuficiência à efetiva garantia de direitos de

crianças e adolescentes por uma qualificação dos corpos técnicos do Sistema de Justiça da

Infância e da Juventude

15. O impacto da ausência de equipes no Sistema de Justiça da Infância e da Juventude

para a garantia de direitos

16. O estabelecimento de parâmetros para a existência de equipes: a proposta da ABMP ...................... 74

17. A importância de maior diversidade de profissionais compondo as equipes técnicas ......................... 78

18. A necessidade de uma equipe interdisciplinar e integrante do Poder Judiciário na

condição de servidores públicos

19. O papel do CNJ na garantia de direitos de crianças e adolescentes: a exigência de equipes

técnicas na Justiça da Infância e da Juventude

Parte III

20. A formação de magistrados, promotores de justiça e defensores públicos.

Condição fundamental para a garantia de direitos de crianças e adolescentes ......................................... 82

21. Direito da infância como ramo do direito autônomo na consideração de toda perspectiva formativa ... 86

22. O levantamento nacional sobre formação de magistrados, promotores de justiça

e defensores públicos da infância e da juventude

23. O retrato da formação dos magistrados, promotores de justiça e defensores

públicos em cada Estado pesquisado

24. A necessidade de aprimoramento da formação inicial teórico-prática dos

ingressantes no Sistema de Justiça: um imperativo

25. A formação continuada de magistrados, promotores de justiça e defensores

públicos da infância e da juventude

26. O papel da Escola Nacional de Formação de Magistrados e do Ministério Público

na exigência de freqüência a cursos para início das atividades e promoção ........................................... 102

27. A proposta da ABMP de curso de extensão e especialização à distância e a parceria

com os Tribunais de Justiça, Procuradorias e Defensorias Públicas, mas a correlata obrigação

de implementação de cursos de formação continuada

Observações finais

28. A infância e a juventude como prioridade na gestão do Judiciário. ABMP, CNJ e ENFAM .................. 107

29. Créditos e agradecimentos

30. Anexos

................................................. 70

........................................................................................................................ 73

.................................................................................................................... 73

............................................................................................................ 80

....................................................................................... 81

................................................................................................................................................ 82

.................................................................................. 87

..................................................................................................... 93

............................................................................... 100

..................................................................................................... 102

.......................................................................... 104

.............................................................................................................................. 107

............................................................................................................ 108

......................................................................................................................................... 113

INTRODUÇÃO

1. ABMP- Associação Brasileira de Magistrados, Promotores de Justiça eDefensores Públicos da Infância e da Juventude. Breve apresentação

A criação histórica da ABMP remonta a 1968, quando constituída como a primeiraAssociação de Juízes de Menores do Brasil. Nos anos 80 seus estatutos foram alterados paraacolher também os Curadores de Menores, até que uma cisão interna originada a partir dosdebates da Assembléia Nacional Constituinte e da elaboração do Estatuto da Criança e doAdolescente levou à divisão de seus membros.

Por motivos que descabe reproduzir, os dissidentes, inconformados com a atitude deadesão à nova legislação por parte da maioria vencedora nas assembléias internas, restaramde posse dos estatutos originais, enquanto os quadros majoritários vieram a criar uma novapessoa jurídica em 1993, dando início a uma nova e exitosa feição associativa da entidade,cujo nome foi também alterado para Associação Brasileira de Magistrados e Promotores deJustiça da Infância e da Juventude.

Em 2008, a ABMP altera seu estatuto para inclusão, como associados, dos defensorespúblicos da infância e da juventude sinalizando um novo momento histórico para Associação.

Consolida-se com este passo o processo histórico de afirmação da ABMP como umaentidade estruturada em um Sistema de Justiça comprometido com o respeito e garantia dedireitos de crianças e adolescentes. Reconhecendo-os como sujeitos de direitos, inclusivecomo titulares das garantias processuais fundamentais como o devido processo legal e ocontraditório, a ABMP transcende quaisquer diferenças institucionais ou corporativas paraafirmar-se publicamente como baluarte de repúdio à doutrina da situação irregular, quecaracterizava o menorismo vigente não apenas no Brasil mas em toda América Latina.

Sob esta nova configuração, a ABMP atualmente se propõe a abranger os cerca de6000 magistrados, promotores de justiça e defensores públicos da infância e da juventude queatuam nas aproximadamente 2.700 Comarcas da Justiça Comum de todos os 26 EstadosFederados e do Distrito Federal.

A atuação em âmbito nacional da ABMP dá-se através de um quadro de diretoria que,para atuação estadual, articula-se em coordenações regionais e estaduais, estas compostas deum representante de cada instituição do Sistema de Justiça da infância e da juventude: aMagistratura, o Ministério Público e a Defensoria.

Para uma ação mais conseqüente, a ABMP se apóia nas próprias instituições oficiais daJustiça (Tribunais de Justiça, Procuradorias-Gerais da Justiça e Defensorias Públicas Gerais) ouentidades de classe da Magistratura, do Ministério Público e da Defensoria Pública(Associações Estaduais de Juízes, de Promotores de Justiça, o de Defensores Públicos, asEscolas Superiores de cada instituição), além dos Centros de Apoio Operacional da Infância e

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da Juventude do Ministério Público, das Coordenadorias da Infância e da Juventude dosTribunais de Justiça e dos Núcleos das Criança e do Adolescente das Defensorias Públicas.

Sua missão institucional é de “promover e difundir os princípios da Convenção da ONUsobre os Direitos da Criança e do Estatuto da Criança e do Adolescente nos Sistemas de Justiçae de Garantia de Direitos como um todo à infância e à juventude” e, para tanto, propõe-se a:

• Ampliar e qualificar canais de comunicação interna e externa à ABMP-Associação Brasileira de Magistrados, Promotores de Justiça e DefensoresPúblicos da Infância e da Juventude

• Processar avaliação da gestão para transparência e visibilidade das ações• Promover e participar das ações de mobilização social em defesa e garantia dos

direitos de crianças e adolescentes• Participar dos espaços de gestão e democracia participativas em níveis nacional

e estadual, com titularidade de assento nos conselhos dos direitos, nos grupos,comissões, fóruns de trabalho

• Participar de Comissões Técnicas junto ao Poder Legislativo em assuntos deinteresse da criança e da adolescente, dando ampla divulgação aos associadosdos projetos/debates

• Promover cursos para capacitação continuada, por área temática nacional, paraatores/instituições do Sistema de Justiça e do Sistema de Garantia de Direitos,em sua extensão ampliada

• Elaborar metodologias de ensino em parceria e articulação com as Escolas daMagistratura, do Ministério Público, da Defensoria

• Formar equipes de multiplicadores do Sistema de Justiça para fortalecimento doSistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente, difusão dadoutrina e das práticas de proteção integral e para a formação e capacitação naárea

• Desenvolver estratégias de aprimoramento, monitoramento e avaliação da açãodos integrantes do Sistema de Justiça, a partir de protocolos de intenções entreinstituições parceiras (SEDH, ILANUD, UNICEF, CONANDA, CNJ, dentre outros)

• Realizar congressos nacionais (em anos pares) como espaço para debate detemas, teses e experiências por eixos temáticos; para articulação com o Sistemade Garantia de Direitos, numa relação estreita com os Conselhos de Direitos,Tutelares e Políticas Setoriais; e, encontros e seminários regionais (em anosímpares) para debate das questões e desafios regionais.

Neste ano em que se celebram os 18 anos, é mais que esperado que a sociedadebrasileira faça um balanço do efetivo cumprimento dos compromissos políticos assumidosnão apenas em âmbito interno, por ocasião da promulgação da Constituição Federal, doisanos antes, mas também em âmbito internacional, com a ratificação da Convenção sobredireitos da criança, das Nações Unidas.

Não é preciso muito para se constatar que, a despeito de inegáveis progressos,

2. A celebração dos 18 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente e oSistema de Justiça da Infância e da Juventude

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O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

inúmeras crianças e adolescentes continuam vivendo em situação de vulnerabilidade,sujeitando-as às mais diversas violações de direitos.Em grande parte, isto se deve a que muitos dos desafios de 18 anos atrás se mostrampraticamente os mesmos.

Embora teórica e doutrinariamente esteja assentada a passagem da situação irregularde crianças e adolescentes à sua proteção integral, percebe-se na prática o quanto muito aindahá de se caminhar para que esta mudança de paradigmas se torne realidade.

Crianças e adolescentes ainda são tomadas inúmeras vezes objeto de intervenção deadultos, desconsiderando seu direito à participação, portanto à adequada informação sobreseus direitos, à garantia de fala e de que sua opinião seja devidamente considerada, mas,sobretudo, a seu direito de demanda política por efetividade de direitos que promovam seupleno desenvolvimento.

A esperada mudança no fundamento político da garantia desses direitos, com apassagem de um modelo filantrópico ao de políticas públicas, muitas vezes ficou apenas napromessa. Embora as políticas estejam desenhadas, é sabido o quanto não são efetivadas,fazendo com que crianças e adolescentes e suas famílias continuem sendo objeto deconsideração de práticas assistencialistas, mantendo-as alijadas do processo dedesenvolvimento pessoal e nacional, porque não se lhes propicia o efetivo reconhecimento desua condição de sujeitos de direitos de políticas públicas.

Neste contexto, é imperativo se colocar em questão o modo como o Poder Judiciárioresponde a estes imperativos.

O ECA reservou ao Judiciário, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, papéisfundamentais no Sistema de Garantia de Direitos – SGD. O Sistema de Justiça – SISTEMA DEJUSTIÇA tem potencial para se apresentar como capaz para defender, proteger e promover osdireitos previstos nas normativas pertinentes, devendo assumir-se, de acordo com acomunidade internacional, como parte integrante do processo de desenvolvimento nacionalde cada país e ser administrada no marco geral da justiça social de modo não apenas acontribuir para a sua proteção, mas também para a manutenção da paz e ordem na sociedade(Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da Infância e daJuventude, art. 1.4)

Entretanto, o potencial transformador do SISTEMA DE JUSTIÇA não encontraexpressão na realidade brasileira. Mais do que falar em limitações financeiras a restringir aatuação da Justiça, percebe-se uma falta de prioridade pelas instituições do Sistema de Justiçana infância e juventude.

A impressão geral funda-se, de um lado, na elevada demanda feita às Varas da Infânciae da Juventude pela efetivação de direitos de crianças e adolescentes, mas, de outro lado, nasua reduzida capacidade de ação, em razão da deficiente estruturação material e humana dasVaras, Promotorias e Defensorias.

Mas não só. As práticas do Sistema de Justiça nem sempre incorporam a mudança de

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11paradigmas operada pelo ECA e pelas intervenções de outras áreas setoriais.Seria injusto atribuir esta falta apenas aos operadores do direito, especificamente amagistrados, promotores de justiça e a defensores públicos.

Percebe-se, pelo contrário, uma falta de reconhecimento de prioridade do direito decrianças e adolescentes pelas instituições do Sistema de Justiça, em manifesta afronta aopreceito constitucional do art. 227. Esta prioridade só pode ser afirmada se algunspressupostos forem observados.

Primeiro, o reconhecimento da complexidade e especificidade próprias à atuação doSistema de Justiça, chamado a lidar com diversas temáticas, exigindo-lhes conhecimentosinterdisciplinares e uma ação sistêmica e articulada mais em consonância com a rede deatendimento. Portanto, a necessidade de varas especializadas em conformidade com o graude complexidade de problemas que a população infanto-juvenil e suas famílias estão expostas.

Segundo e em decorrência disto, a necessidade de uma formação específicaabrangente, inclusive das políticas públicas voltadas a crianças, adolescentes e suas famílias,com reflexão sobre o papel do Sistema de Justiça na promoção de direitos não apenasindividuais, mas também sociais e coletivos de seu público alvo.

Terceiro, o imperativo suporte de equipes interdisciplinares, capacitadas a uma atuaçãoespecífica e própria ao Sistema de Justiça na garantia de direitos individuais e coletivos decrianças e adolescentes.

Quarto, de que a efetivação dos direitos só pode se dar quando o preceito estatutárioda promoção de direitos se viabiliza de modo articulado, envolvendo o poder constituído, acomunidade e a sociedade civil. Portanto, é fundamental o reconhecimento de que osoperadores do direito no Sistema de Justiça são chamados a uma atuação diversificada, emrede, por determinação legal (art. 86 do Estatuto da Criança e do Adolescente), não sepodendo pautar a aferição de sua demanda de serviço a de operadores de áreas diversas dodireito, cuja atuação tradicionalmente é restrita ao processo e ao espaço do fórum, comlimitado ou inexistente contato com outros atores sociais. É o que análises da atuação doJudiciário têm demonstrado .

Por esta razão, a ABMP entende ser impossível pensar o avanço na promoção dedireitos de crianças e adolescentes no país sem enfrentar o modo como vem sendo pensada,estruturada e gerida a Justiça da Infância e da Juventude brasileira.

Este é um desafio nunca realizado até o momento e que a ABMP assume comoprioridade de sua gestão 2008-2010.

Neste sentido, um foco primeiro há de ser, não a atuação individual dos operadores dodireito, mas a Administração Superior do Sistema de Justiça e o modo como concebe, organizae administra a Justiça da Infância e da Juventude no Brasil.

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O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

1Strauss, Daniel. Análise da atuação institucional do Poder Judiciário e de agentes afins. In: Cadernos de Gestão Públicae Cidadania. Vol. 27, julho de 2003

123. A necessidade de um levantamento nacional sobre como se estrutura oSistema de Justiça da Infância e da Juventude brasileiros. Visão geral sobre aproposta da ABMP- Associação Brasileira de Magistrados, Promotores deJustiça e Defensores Públicos da Infância e da Juventude

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude brasileiro não apenas ocupa um lugarsecundário e marginal na Administração da Justiça Brasileira como é um desconhecido nopaís.

Inexiste levantamento sobre o modo como se estrutura, muito menos uma reflexãoconseqüente e profunda sobre os modos como deveria ser organizado para que a efetivaçãoda garantia de direitos seja uma realidade no Brasil.

Por conseguinte, a ABMP estabeleceu um conjunto inicial de doze tópicos que serãoobjeto de um mapeamento nacional com a colaboração de seus coordenadores regionais eestaduais.

Três deles são objeto do presente levantamento, porque representam o patamar inicialde organização da Justiça da Infância e da Juventude:

1. proporção de Varas da Infância e da Juventude instaladas com população eexistência de critérios para cumprimento do art. 145 do Estatuto da Criança e doAdolescente?

2. existência de equipes interdisciplinares e quantidade de técnicos por comarca eentrância

3. formação e capacitação operadores do direito (ingresso na carreira, formaçãoinicial e continuada)

A ABMP pretende prosseguir seu levantamento discutindo os seguintes tópicos:

4. modo de distribuição de competência quando há mais de uma varaespecializada por comarca: territorial, por matéria?

5. modo de cumulação de competências quando não há vara especializada: com oque cumula? Crime, cível, júri, família, execuções criminais, idoso, outro?

6. média do número de processos da infância por magistrado comparado com asdemais áreas.

7. critérios de aferição de desempenho específicos à infância e juventude por partedos operadores do direito para efeito de cálculo de número de processos porjuiz, promotor de justiça, defensor público e equipe interprofissional

8. existência de varas especializadas em crimes contra a criança e o adolescente?9. existência de câmaras especializadas nos Tribunais e, se cumulam, com o que?10. existência de Centros de Apoio, Coordenadorias e Núcleos em cada uma das

instituições e modo de estruturação; se elaboraram planejamento estratégico,quais os indicadores de avaliação utilizados e como se dá o processo deaferição?

11. mecanismos de articulação em rede12. sistema de dados da justiça e sua inter-relação com políticas setoriaisEstes levantamentos serão gradativos e objeto de discussões progressivas visando o

aprimoramento do Sistema de Justiça.

O primeiro, agora realizado, serve de contexto à celebração dos 18 anos do Estatuto daCriança e do Adolescente, numa discussão histórica capitaneada pelo Conselho Nacional deJustiça - CNJ e pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados - ENFAM.

Mais ainda, ele será utilizado por ocasião da elaboração do relatório da sociedade civilao Comitê de direitos da criança, do Alto Comissariado de Direitos Humanos, das NaçõesUnidas, em cumprimento ao disposto no art. 44 da Convenção sobre os direitos da Criança.

Os demais serão trabalhados nos seminários regionais da ABMP, a serem realizados em2009, bem como em seu Congresso Nacional, em 2010, em Brasília.

Com este levantamento, a ser objeto de publicação integral até 2010, a ABMP pretendecolocar-se como parceira da Alta Administração do Sistema de Justiça da Infância e daJuventude brasileira, em todos os Estados e no DF, mas sobretudo do Conselho Nacional deJustiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, para que, com o aprimoramento dagestão do Sistema, os direitos de crianças e adolescentes possam ser efetivamente garantidose, com isso, o desenvolvimento pleno de crianças e adolescentes brasileiros assegurado.

É com este intuito que passamos a apresentar os dados levantados e a proceder a suaanálise, com recomendações e sugestões para esse efetivo aprimoramento.

A especialização formativa dos operadores do direito e estrutural das Varas da Infânciae da Juventude, seja pela unicidade da temática a ser objeto de análise, seja pela existência deequipes técnicas auxiliares aos magistrados é condição primeira para efetivação da garantia dedireitos de crianças e adolescentes.

Os três temas estão implicados entre si e por isso motivaram sua escolha como foco daprimeira parte deste levantamento.

Dividiremos a apresentação do levantamento propriamente dito nos três eixos deanálise: proporcionalidade de varas especializadas e população, equipes técnicas e formação.

Parte I

4. A necessidade de especialização do Sistema de Justiça da Infância e daJuventude: varas especializadas, equipes interprofissionais e formação

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O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Cada eixo será analisado em quatro grandes marcos, com alguma especificidade na suaexposição, conforme a temática o exija:

• marco legal• marco situacional• diretrizes analíticas de conformação do tema• recomendações

De modo sintomático, o Estatuto da Criança e do Adolescente ao tratar em seu título VIdo acesso à justiça como um direito de toda criança ou adolescente, prevê logo na abertura docapítulo II, referente à Justiça da Infância e da Juventude, em seu art. 145, que “os Estados e oDistrito Federal poderão criar varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude,

e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.”

Trata-se de uma disposição que visa, à toda evidência, definir parâmetros de gestão doPoder Judiciário, focado na missão institucional que a própria lei atribui à Justiça da Infância eda Juventude, no art. 148 do Estatuto, competindo-lhe não apenas a apreciação de daviolação de direitos individuais, mas também coletivos e difusos de crianças e adolescentes,procedendo, ainda, o controle de entidades de atendimento por seu dever de fiscalização (art.95) e seu poder aplicar-lhes as medidas cabíveis quando infrinjam preceitos garantidores dedireitos.

Todavia, no levantamento realizado, verifica-se umaa definir tal proporcionalidade.

Em nenhum Estado pesquisado – como tampouco no Distrito Federal – encontrou-sequalquer ato normativo estabelecendo referida proporcionalidade.

A única referência normativa existente, mas feita por órgão a quem o Estatuto daCriança e do Adolescente não atribui competência para tanto, é a Resolução de nº 113 doCONANDA – Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente que, em seu art. 9º,estabelece que “o Poder Judiciário, o Ministério Público, as Defensorias Públicas e a SegurançaPública deverão ser instados no sentido da exclusividade, especialização e regionalização dosseus órgãos e de suas ações, garantindo a criação, implementação e fortalecimento de:

5. ESPECIALIZAÇÃO DAS VARAS DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE. Uma regraesquecida: a obrigatoriedade de estabelecimento de proporcionalidade entrevaras especializadas e população. O art. 145 do Estatuto da Criança e doAdolescente e a realidade brasileira

5.1. Primeira inobservância: a falta de critérios formais no país.

cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de habitantes,dotá-las de infra-estrutura

absoluta falta de critérios formais nopaís

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I Varas da Infância e da Juventude, específicas, em todas as comarcas quecorrespondam a municípios de grande e médio porte ou outra proporcionalidade por númerode habitantes, dotando-as de infra-estruturas e prevendo para elas regime de plantão;

II Equipes Interprofissionais, vinculadas a essas Varas e mantidas com recursos do PoderJudiciário, nos termos do Estatuto citado”

De acordo com o IBGE, municípios de médio porte são aqueles entre 50.001 a 100.000habitantes e, de grande porte, aqueles com população entre 100.001 a 900.000 habitantes .

Este critério, como se observará no marco situacional, em nada representa a realidadebrasileira.

Como se vê pela tabela abaixo, há 92 comarcas com varas especializadas no país, das quais 18contam com mais de uma vara.

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6. MARCO SITUACIONAL

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O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

2IBGE, 2000. Atlas do Desenvolvimento Humano, 2002.

Municípios quecontam com varas

especializadas no BrasilHabitantes

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

AbaetetubaAltamiraAnanindeua *Anápolis *Aparecida de Goiânia *AracajuArapiracaAraraquara *BarcarenaBelém *Belo Horizonte *Blumenau *Boa VistaBrasília *BrevesCabo de Santo AgostinhoCachoeiro de Itapemirim *CametáCampina GrandeCampinas *Campo GrandeCanoas *CapanemaCariacica *Caruaru *Cascavel *

132.22292.105

484.278325.544475.303520.303202.398195.815

84.5601.408.8472.412.937

292.972249.853

2.455.90394.458

163.139195.288110.323371.060

1.039.297724.524326.458

61.350356.536289.086285.784

xxxxxxxxxxxxxxxXxxxxxxxxXx

xxxxx

xxx

xxxxxxxxx

xxxx

x

xx

x

111112111241111

11112111

1

2

22

2

Municípios quecontam com varas

especializadas no BrasilHabitantes

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

Caxias do Sul *ColatinaConceição do AraguaiaContagem *CuiabáCuritiba *DouradosFeira de Santana *Florianópolis *Fortaleza *Foz do Iguaçu *GaranhunsGoiânia *Guarulhos *ImperatrizJaboatão dos Guararapes *João PessoaJoinville *Juiz de Fora *LinharesLondrina *MaceióManausMarília *Maringá *MossoróNatalNovo Hamburgo *Olinda *Osasco *OsórioPalmasParauapebasPasso Fundo *Paulista *Pelotas *Petrolina *Ponta Grossa *Porto Alegre *Porto VelhoRecife *RedençãoRio BrancoRio de Janeiro *Salvador *Santa Cruz do SulSanta InêsSanta Isabel do ParáSanta Maria *

399.038106.637

45.267608.650526.831

1.797.408181.869571.997396.723

2.431.415311.336124.996

1.244.6451.236.192

229.671665.387674.762487.003513.348124.564497.833896.965

1.646.602218.113325.968234.390774.230253.067391.433701.012

39.290178.386133.298183.300307.284339.934268.339306.351

1.420.667369.345

1.533.58064.583

290.6396.093.4722.892.625

115.85782.02651.763

263.403

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

xxxx

xxx

xxxxx

xxx

x

x

xxxxxxxxxx

x

xxx

xxxx

xx

x

x

xx

x

x

x

x

11112311151

111

211112211131

11111

1

141

11421111

23

5

2

22

13

4

2

16

17

Na análise comparativa por regiões, segundo a população de cada uma e o número de varasespecializadas com competência exclusiva em infância e juventude, percebe-se a pouca ênfasedada à área sobretudo na região Sudeste do país:

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Municípios quecontam com varas

especializadas no BrasilHabitantes

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

Santo André *Santo ÂngeloSão Bernardo do Campo *São José do Rio Preto *São José dos Campos *São LuísSão Paulo *Serra *Sorocaba *TeresinaTimonTucuruíUberaba *Uberlândia *UruguaianaVila Velha *Vitória *TOTAIS

667.89173.800

781.390402.770594.948957.515

10.886.518385.370559.157779.939144.333

89.264287.760608.369123.743398.068314.042

92

xxxxxxxxxxxxxxxxx

xxxxx

x

xxxxxxx

70

xxx

x

18

111112

152121111111

12611 92

215

2

17

BrasilRegiões Habitantes

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

Região SulRegião SudesteRegião Centro OesteRegião NordesteRegião NorteTOTAL BRASIL (Por Regiões)

7.550.24029.688.144

5.934.61913.887.207

5.587.14362.647.353

000000

2024

7231892

1421

5141670

232

102

19

22292

17

2545

92920

128

18 Com efeito, em análise comparativa, percebe-se o grau de distorção em termos dequantidade de população sob responsabilidade de magistrados nas diversas regiões do país.Constata-se que nas regiões Sudeste e Centro-Oeste os magistrados respondem por umnúmero consideravelmente maior de população que nas demais, embora possam ter de lidarcom realidades tão ou mais complexas que a de seus pares:

A grande maioria das comarcas com varas especializadas no país está situada emmunicípios com até 500.000 habitantes, conforme tabela abaixo:

Por região, o quadro revela uma piora significativa nas regiões Sudeste e Centro-Oeste,com um melhor quadro nas regiões Norte e Sul do país. A região Nordeste situa-se na média.

Confira as tabelas abaixo:

Brasil - Municípios com varas especializadas e competênciaexclusiva em infância e juventude (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

29

491714

2,20%9,89%

53,85%18,68%15,38%

Centro-Oeste - Municípios com varas especializadas ecompetência exclusiva em infância e juventude (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

00322

0,00%0,00%

42,86%28,57%28,57%

Percebe-se que a média populacional atendida por magistrado especializado comcompetência exclusiva em infância e juventude no país é elevada, conforme tabela abaixo:

19

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Nordeste - Municípios com varas especializadas ecompetência exclusiva em infância e juventude (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

01

1183

0,00%4,35%

47,83%34,78%13,04%

Norte - Municípios com varas especializadas ecompetência exclusiva em infância e juventude (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

17802

5,56%38,89%44,44%

0,00%11,11%

Sudeste - Municípios com varas especializadas ecompetência exclusiva em infância e juventude (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

00

1185

0,00%0,00%

45,83%33,33%20,83%

Sul - Municípios com varas especializadas ecompetência exclusiva em infância e juventude (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

11

1602

5,00%5,00%

80,00%0,00%

10,00%

Brasil – média de habitantes por juízesespecializados em infância e juventude 438.896,72

20 Por região, verifica-se uma melhora significativa na região Norte e Sul, sendo a regiãoSudeste, paradoxalmente a mais rica, a que apresenta os piores indicadores.

Confira as tabelas abaixo:

Pode-se, portanto, elaborar as seguintes tabelas comparativas, confirmando a grandevariedade de critérios entre os Estados.

6.1. Estados com varas especializadas em comarcas de menos de 200.000habitantes

Centro-Oeste – média de habitantes por juízesespecializados em infância e juventude 494.551,58

Nordeste – média de habitantes por juízesespecializados em infância e juventude 433.975,22

Norte – média de habitantes por juízesespecializados em infância e juventude 279.357,15

Sudeste – média de habitantes por juízesespecializados em infância e juventude 503.188,88

Sul – média de habitantes por juízesespecializados em infância e juventude 302.009,60

Estado Média população/varaNúmerode varas

especializadas

TocantinsEspírito Santo

178.386,00188.050,50

17

216.2. Estados com varas especializadas em comarcas de menos de 300.000habitantes

6.3. Estados com varas especializadas em comarcas de menos de 400.000habitantes

6.4. Estados com varas especializadas em comarcas de menos de 500.000habitantes

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Estado Média população/varaNúmero de

comarcas com varasespecializadas

ParáAmapáRoraimaRio Grande do NorteRio Grande do SulSergipeMato GrossoMaranhãoAcre

203.737,00218.125,50249.853,00252.155,00252.754,07260.151,50263.415,50282.709,00290.639,00

13112

111141

Estado Média população/varaNúmero de

comarcas com varasespecializadas

Mato Grosso do SulParaíbaAlagoasRondôniaPiauíSanta Catarina

302.131,00348.607,33366.454,33369.345,00389.969,50392.232,67

222113

Estado Média população/varaNúmero de

comarcas com varasespecializadas

ParanáMinas GeraisCeará

440.585,00443.106,40486.283,00

651

226.5. Estados com varas especializadas em comarcas de mais de 500.000habitantes

7. Segunda inobservância: a falta de coerência na gestão administrativa nosEstados e regiões brasileiras. Um quadro da realidade brasileira

Percebe-se que em 11 Estados o critério estabelecido foi de menos de 300.000habitantes, em 06, de menos de 400.000 habitantes e em 10, de mais de 400.000 habitantes.A grande maioria, portanto, estabelece um patamar de 400.000 habitantes como critério.

No entanto, se atentarmos para a população dos municípios brasileiros, verifica-seclaramente que sequer este critério é seguido a rigor pelos Estados na média do país:

Seria de se esperar, portanto, que houvesse 253 comarcas com varas especializadas se ocritério fosse de até 500.000 habitantes. Como visto, há apenas 92 no país, evidenciando quesequer se atinge o patamar de um terço delas.

Outra conclusão digna de relevo é que justamente os Estados mais populosos, em quehá maior complexidade de problemas, apresentam os piores critérios populacionais para acriação de varas especializadas em infância e juventude.

, algumas conclusões podem ser extraídas.

A primeira, de uma absoluta falta de critério interno baseado na população para acriação de varas especializadas com competência exclusiva em infância e juventude.

Em relação aos Estados

Estado Média população/varaNúmero de

comarcas com varasespecializadas

BahiaSão PauloDistrito FederalRio de JaneiroGoiásPernambucoAmazonas

576.103,43576.103,43613.975,75677.052,44681.830,67748.648,80823.301,00

211

11381

Brasil Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

4.998313217

2214

89,83%5,63%3,90%0,40%0,25%

Percebe-se, em todos os Estados, que o número médio de habitantes por juízes tem umgrau de variação bastante acentuado quando se compara o número de população das cidadescontempladas com varas.

De outro lado, tampouco se vê a utilização do critério populacional para a criaçãoprogressiva de varas dentro de uma mesma comarca na medida em que há um incremento donúmero de habitantes.

Uma terceira observação pauta-se pelo distanciamento dos Tribunais Estaduais doparâmetro utilizado pelo CNJ para consideração de juízes por habitantes na área da infância eda juventude. Com efeito, é ínfima a proporção de varas especializadas com competênciaexclusiva em infância e juventude se comparado com o número de municípios com mais decem mil habitantes.

Confira as tabelas abaixo.

23

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

AcreComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não Não NãoSim Sim SimCargos não

providosNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Todos os cargos dejuízes estão providos

nestas varas?

Quantidade

Rio BrancoTOTAIS

290.6391 0

X1

x1

x1 00 0

11

Acre Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaAcre Habitantes por juízes

201100

14,55%

290.639,00

90,91%4,55%4,55%0,00%0,00%

24

Alagoas Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

937110

21,96%

366.454,33

91,18%6,86%0,98%0,98%0,00%

Amapá Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

141100

16,25%

218.125,50

87,50%6,25%6,25%0,00%0,00%

AlagoasComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

ArapiracaMaceióTOTAIS

202.398896.965

2 0

xx2

x

1x1

21

123

AmapáComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

MacapáSantanaTOTAIS

344.15392.098

2 0

xx2

xx2 0 0

112

25

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

AmazonasComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

ManausTOTAIS

1.646.6021 0

x1 0

x1

21

22

Amazonas Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

564101

11,61%

823.301,00

90,32%6,45%1,61%0,00%1,61%

Bahia Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

3782413

11

20,48%

576.103,43

90,65%5,76%3,12%0,24%0,24%

BahiaComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

Feira de Santana *Salvador *TOTAIS

571.9972.892.625

2 0

xx2

x

1x1

21

123

26

CearáComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

Fortaleza *TOTAIS

2.431.4151 0

x1 0

x1

55

55

Distrito FederalHabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

Brasília *TOTAIS

2.455.9031 0

x1

x1 0 0

11

Ceará Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

15422

701

10,54%

486.283,00

83,70%11,96%

3,80%0,00%0,54%

Distrito Federal Total de MunicípiosTotal HabitantesComarcas com vara Especializada% comarcas com vara especializadaHabitantes por juízes

12.455.903

1100,00%

613.975,75

Espírito SantoComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

Cachoeiro de Itapemirim *Cariacica *ColatinaLinharesSerra *Vila Velha *Vitória *TOTAIS

195.288356.536106.637124.564385.370398.068314.042

7 0

xxxxxxx7

xxxx

xx6

x

1 0

11112118

GoiásComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

Anápolis *Aparecida de Goiânia *Goiânia *TOTAIS

325.544475.303

1.244.6453 0

xxx3

xxx3 0 0

1113

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

27

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Espírito Santo Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

674700

78,97%

188.050,50

85,90%5,13%8,97%0,00%0,00%

Goiás Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

22811

601

71,22%

681.830,67

92,68%4,47%2,44%0,00%0,41%

28

MaranhãoComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

ImperatrizSanta InêsSão LuísTimonTOTAIS

229.67182.026

957.515144.333

4 0

xxxx4

xx

x3

x

1

2

1

11215

Maranhão Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

01210

4100,00%

282.709,00

0,00%25,00%50,00%25,00%

0,00%

Mato Grosso Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

1334310

10,71%

263.415,50

94,33%2,84%2,13%0,71%0,00%

Mato GrossoComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

CuiabáTOTAIS

526.8311 0

x1 0

x1

21

22

Mato Grosso do SulComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

Campo GrandeDouradosTOTAIS

724.524181.869

2 0

xx2

x1

x

1

2

1

213

29

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Mato Grosso do Sul Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

733110

22,56%

302.131,00

93,59%3,85%1,28%1,28%0,00%

Minas Gerais Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

7893822

31

50,59%

443.106,40

92,50%4,45%2,58%0,35%0,12%

Minas GeraisComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

Belo Horizonte *Contagem *Juiz de Fora *Uberaba *Uberlândia *TOTAIS

2.412.937608.650513.348287.760608.369

5 0

xxxxx4

xxxx4

x

1

2

1

411118

ParáComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

AbaetetubaAltamiraAnanindeua *BarcarenaBelém *BrevesCametáCapanemaConceição do AraguaiaParauapebasRedençãoSanta Isabel do ParáTucuruíTOTAIS

132.22292.105

484.27884.560

1.408.84794.458

110.32361.35045.267

133.29864.58351.76389.264

13 0

xxxxxxxxxxxxx

13

xxxx

xxxxxxxx

12

x

1

2

1

1111211111111

14

30

Pará Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

11320

901

139,09%

203.737,00

79,02%13,99%

6,29%0,00%0,70%

Paraíba Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

2155210

20,90%

348.607,33

96,41%2,24%0,90%0,45%0,00%

ParaíbaComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

Campina GrandeJoão PessoaTOTAIS

371.060674.762

2 0

xx2

x

1x1

21

123

ParanáComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

Cascavel *Curitiba *Foz do Iguaçu *Londrina *Maringá *Ponta Grossa *TOTAIS

285.7841.797.408

311.336497.833325.968306.351

6 0

xxxxxx6 0

x

1

3

1

1311118

PernambucoComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

Cabo de Santo AgostinhoCaruaru *GaranhunsJaboatão dos Guararapes *Olinda *Paulista *Petrolina *Recife *TOTAIS

163.139289.086124.996665.387391.433307.284268.339

1.533.5808 0

XXXXXXXX8

xxxxxxx

7x1 00

31

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Paraná Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

3671714

01

61,50%

440.585,00

91,98%4,26%3,51%0,00%0,25%

Pernambuco Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

15322

811

84,32%

748.648,80

82,70%11,89%

4,32%0,54%0,54%

PiauíComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

TeresinaTOTAIS

779.9391 0

x1 0

x1

21

22

32

Piauí Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

2183110

10,45%

389.969,50

97,76%1,35%0,45%0,45%0,00%

Rio Grande do Norte Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

1595210

21,20%

252.155,00

95,21%2,99%1,20%0,60%0,00%

Rio Grande do NorteComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

MossoróNatalTOTAIS

234.390774.230

2 0

xx2

x

1x1

231

123

Rio Grande do SulComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

Canoas *Caxias do Sul *Novo Hamburgo *OsórioPasso Fundo *Pelotas *Porto Alegre *Santa Cruz do SulSanta Maria *Santo ÂngeloUruguaianaTOTAIS

326.458399.038253.067

39.290183.300339.934

1.420.667115.857263.403

73.800123.743

11 153

xxxxxxxxxxx

11

xxxxxx

xxxx

163

x

1

4

1

11111141111

14

33

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Rio Grande do Sul Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

4552317

01

112,22%

252.754,07

91,73%4,64%3,43%0,00%0,20%

Rio de Janeiro Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

561319

31

11,09%

677.052,44

60,87%14,13%20,65%

3,26%1,09%

Rio de JaneiroComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

Rio de Janeiro *TOTAIS

6.093.4721 0

x1

x1 0 0

44

34

RondôniaComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

Porto VelhoTOTAIS

369.3451 0

x1

x1 0 0

11

RoraimaComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

Boa VistaTOTAIS

249.8531 0

x1

x1 0 0

11

Rondônia Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

464200

11,92%

369.345,00

88,46%7,69%3,85%0,00%0,00%

Roraima Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

140100

16,67%

249.853,00

93,33%0,00%6,67%0,00%0,00%

São PauloComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

Araraquara *Campinas *Guarulhos *Marília *Osasco *Santo André *São Bernardo do Campo *São José do Rio Preto *São José dos Campos *São Paulo *Sorocaba *TOTAIS

195.8151.039.2971.236.192

218.113701.012667.891781.390402.770594.948

10.886.518559.157

11 0

xxxxxxxxxxx

11

xxxxxxxxx

x10

x

1

15

1

111111111

151

25

Santa CatarinaComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

Blumenau *Florianópolis *Joinville *TOTAIS

292.972396.723487.003

3 0

xxx3

xxx3 0 0

1113

35

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Santa Catarina Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

2671610

00

31,02%

392.232,67

91,13%5,46%3,41%0,00%0,00%

São Paulo Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

5274861

63

111,71%

576.103,43

81,71%7,44%9,46%0,93%0,47%

8. O papel social da Justiça da Infância e da Juventude e a necessidade decorrelação das varas com indicadores de vulnerabilidade da populaçãoinfanto-juvenil e de suas famílias. A referência à Política Nacional deAssistência Social, Política do Ministério da Saúde à Saúde Mental eindicadores do UNICEF como parâmetros de definição dos critérios do art. 145

A ABMP entende que dois devem ser os critérios fundantes na definição da proporçãode existência de varas especializadas e população.

SergipeComarcas Habitantes

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

AracajuTOTAIS

520.3031 0

x1

x10

21

22

36

Sergipe Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

694110

11,33%

260.151,50

92,00%5,33%1,33%1,33%0,00%

Tocantins Municípios (habitantes): %

Até 50.000 habAté 100.000 habAté 500.000 habAté 1.000.000 habAcima de 1.000.000 hab

Municípios com vara Especializada% municípios com vara especializadaHabitantes por juízes

1361200

32,16%

178.386,00

97,84%0,72%1,44%0,00%0,00%

TocantinsComarcas

HabitantesMunicípio

sede

Comarca conta comvara especializada comcompetência exclusiva

em infância e Juventude?

Não NãoSim SimNúmerode Juízes

Comarca conta mais de umavara especializada comcompetência exclusiva e

infância e juventude?

Quantidade

PalmasTOTAIS

178.3861 0 0 0

x1

x1

11

Primeiro, uma análise própria ao Judiciário dos critérios estabelecidos para análise degestão do Sistema de Justiça.

Segundo, com maior especificidade na área da infância e juventude, a correlação doscritérios de criação de varas especializadas com competência exclusiva na infância e juventudedaquilo que vem sendo estudado em relação às políticas setoriais focadas em crianças eadolescentes e suas famílias, especialmente aquelas em vulnerabilidade.

De acordo com as duas análises, como veremos, a população de 100.000 habitantesdeveria ser o critério regente para a definição do critério de criação de varas especializadas comcompetência exclusiva em infância e juventude.

Com efeito, o Conselho Nacional de Justiça, em sua análise dos números do Sistema deJustiça, inclusive da Justiça Estadual, pauta-se sempre pela referência de cada cem milhabitantes, conforme seu levantamento de 2006, “A Justiça em números”. O levantamento érealizado segundo os critérios de número de magistrados, de pessoal auxiliar e de pessoalefetivo por 100.000 habitantes.

Sabe-se o quanto os temas correlacionados à infância e juventude estão intimamenteligados ao da família e da comunidade, sobretudo em causas relativas a direitos difusos ecoletivos, não se podendo, portanto, pretender a dissociação da população infanto-juvenil doconjunto maior da população de um município.

Ainda que assim não fosse, em se pautando pela população infanto-juvenilespecificamente – que, sabe-se, é de mais de um terço da população total -, ter-se-ia, na piordas hipóteses, um critério intermediário de existência de magistrado especializado a cada300.000 habitantes.

No entanto, quando se considera o segundo critério utilizado, o de vulnerabilidade deacordo com as políticas setoriais, percebe-se que o número de cem mil habitantes pormagistrado especializado continua sendo o mais adequado.

Com efeito, o critério de vulnerabilidade dita a competência das Varas da Infância, conformedispõe o art. 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente: “As medidas de proteção à criança eao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçadosou violados:

I- por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;II- por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;III- em razão de sua conduta.”

Cuida-se, portanto, de uma competência focada na dimensão difusa e coletiva, intimamentecorrelacionada à existência, adequação e eficácia/efetividade de políticas públicas; nadimensão familiar e individual.

37

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Esta visão ampliada é o que dita a compreensão da ABMP de que não se pode aceitar adissociação do estabelecimento dos critérios de criação de varas especializadas comcompetência exclusiva na infância e juventude daquilo que vem sendo estudado em relação àspolíticas setoriais.

Já se apontou o reconhecimento internacional normativo do papel das Varas daInfância e da Juventude no processo de desenvolvimento de um país, notadamente para apromoção de justiça social (Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração daJustiça da Infância e da Juventude).

Este desenvolvimento deve pautar-se, portanto, pela articulação do Sistema de Justiçacom os referenciais de três políticas setoriais fundamentais para o desenvolvimento decrianças e adolescentes: Assistência Social, Saúde e Educação.

Como se verá abaixo, todas estas três assumem uma referência de 100.000 a 200.000habitantes como cidades de alta complexidade, demandando serviços especializados.

A Política Nacional de Assistência Social, mais intimamente ligada à área da infância eda juventude, assume a centralidade sócio-familiar no âmbito de suas ações, reconhecendo adinâmica demográfica e sócio-econômica associadas aos processos de exclusão/inclusãosocial, vulnerabilidade aos riscos pessoais e sociais em curso no Brasil, em seus diferentesterritórios. Por isso, fundamenta-se em três vertentes de proteção social: as pessoas, as suascircunstâncias e dentre elas seu núcleo de apoio primeiro, isto é, a família. Concebe-se que aproteção social exige a capacidade de maior aproximação possível do cotidiano da vida daspessoas, pois é nele que riscos, vulnerabilidades se constituem. Sob esse princípio é necessáriorelacionar as pessoas e seus territórios, no caso os municípios que, do ponto de vista federal,são a menor escala administrativa governamental. O município, por sua vez, poderá terterritorialização intra-urbanas, já na condição de outra totalidade que não é a nação. Aunidade sócio familiar por sua vez, permite o exame da realidade a partir das necessidades,mas também dos recursos de cada núcleo/domicílio .

Para isso, a política de Proteção Social entende-se necessariamente articulada a outraspolíticas do campo social voltadas à garantia de direitos e de condições dignas de vida (página31). Ou seja, ao invés de metas setoriais a partir de demandas ou necessidades genéricas,trata-se de identificar os problemas concretos, as potencialidades e as soluções, a partir derecortes territoriais que identifiquem conjuntos populacionais em situações similares, e interviratravés das políticas públicas, com o objetivo de alcançar resultados integrados e promoverimpacto positivo nas condições de vida. O que Aldaíza Sposati tem chamado de atender anecessidade e não o necessitado.

Isto levou a Política Nacional de Assistência Social a caracterizar os municípiosbrasileiros de acordo com seu porte demográfico associado aos indicadores socioterritoriaisdisponíveis a partir dos dados censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –IBGE10, com maior grau de desagregação territorial quanto maior a taxa de densidade

3

38

3Política Nacional de Assistência Social, p. 15.

populacional, isto é, quanto maior concentração populacional, maior será a necessidade deconsiderar as diferenças e desigualdades existentes entre os vários territórios de um municípioou região. A construção de indicadores a partir dessas parcelas territoriais terminaconfigurando uma “medida de desigualdade intraurbana”.

Como forma de caracterização dos grupos territoriais da Política Nacional deAssistência Social será utilizada como referência a definição de municípios como de pequeno,médio e grande porte utilizada pelo IBGE agregando-se outras referências de análiserealizadas pelo Centro de Estudos das Desigualdades Socioterritoriais, bem como pelo Centrode Estudos da Metrópole sobre desigualdades intraurbanas e o contexto específico dasmetrópoles

Neste contexto, a ABMP entende que o critério de cidades de grande porte utilizadopela Política Nacional de Assistência Social é o que deveria reger igualmente a definição decriação de varas especializadas com competência exclusiva em infância e juventude.

Com efeito, segundo referida Política, entende-se por municípios de grande porteaqueles cuja população é de 101.000 habitantes até 900.000 habitantes (cerca de 25.000 a250.000 famílias). São os mais complexos na sua estruturação econômica, pólos de regiões esedes de serviços mais especializados. Concentram mais oportunidades de emprego eoferecem maior número de serviços públicos, contendo também mais infra-estrutura. Noentanto, são os municípios que por congregarem o grande número de habitantes e, pelas suascaracterísticas em atraírem grande parte da população que migra das regiões onde asoportunidades são consideradas mais escassas, apresentam grande demanda por serviços dasvárias áreas de políticas públicas. Em razão dessas características, a rede socioassistencial deveser mais complexa e diversificada, envolvendo serviços de proteção social básica, bem comouma ampla rede de proteção especial (nos níveis de média e alta complexidade) .

Quando se analisa a política para saúde mental do Ministério da Saúde, percebe-seigualmente a necessidade de criação de Centros de Atenção Psicossocial focados em crianças eadolescentes em todos os municípios com mais de 200.000 habitantes (art. 4.4 da portaria336, de 2002).

Em relação à educação, embora não se consigne a diversidade de tamanho de cidadespara projetos específicos da educação, todos universais, o Plano de Desenvolvimento daEducação também prevê a organização territorial da educação em sua página 6, indicando anecessidade de articulação intersetorial.

Sabe-se, todavia, o quanto os indicadores de violência em escolas predominam nascidades de grande porte, nos termos indicados pela Política Nacional de Assistência Social,com grande impacto no aprendizado e aproveitamento escolar de crianças e adolescentes .

Pode-se, portanto, concluir esta análise entendendo-se plenamente justificável oestabelecimento do critério populacional e, mais ainda, territorial, para a definição das

4

5

39

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

4

5Política Nacional de Assistência Social, p. 46.Abramovay, Miriam. Escola e violência. 2ª Ed., UNESCO.

diretrizes políticas de proteção das pessoas – crianças, adolescentes e suas famílias – emsituação de vulnerabilidade.

Este critério, à luz dos parâmetros institucionais do Judiciário e das políticas setoriais, háde ser de 100.000 habitantes para a criação de varas especializadas com competênciaexclusiva em infância e juventude em todas as cidades ou de novas varas sempre que apopulação exceder tal parâmetro populacional.

A ABMP entende que o ideal e necessário é o estabelecimento de um critério de100.000 habitantes para tal iniciativa. Considerando, todavia, a grande disparidade entreaquilo que é necessário e a realidade do país, é fundamental que se contextualize os esforçosde comprometimento com a garantia de direitos de crianças e adolescentes.

A ABMP entende que estes esforços não são apenas do Judiciário, mas da sociedadecomo um todo e dos Poderes Executivo e Legislativo concorrentemente.

Por isso, é fundamental ter-se presente o quanto esta iniciativa há de estar articuladacom dois grandes movimentos em torno dos direitos das crianças e adolescentes, não apenasno Brasil, mas no mundo.

O primeiro deles, de curto prazo, é a Agenda Social Criança Adolescente, promovidapelo Governo Federal, em amplo esforço para a garantia de direitos de crianças e adolescentesneste ano em que se celebra a “maioridade” do Estatuto da Criança e do Adolescente. Com ointuito de liderar o processo de construção do necessário pacto federativo, em que Estados emunicípios somam esforços e mobilizam a sociedade para a única resposta possível, diante dasameaças da violência, a Agenda articula diversos Ministérios e Estados na implementação deuma série de objetivos.

Com perspectiva de implementação até 2010, a Agenda Social apresenta-se comocontexto fundamental de mobilização em torno da garantia de direitos de crianças eadolescentes que deveria envolver, inicialmente, em sua pauta de ações, a criação eimplantação, em todas as cidades de mais de 200.000 habitantes – e a cada 200.000habitantes nas cidades maiores -, varas especializadas com competência exclusiva em direitoda criança e do adolescente.

No entanto, a perspectiva dos Objetivos do Milênio reclamam uma visão mais ampliadae profunda.

9. A Agenda Social Criança e os Objetivos do Milênio: a proposta da ABMP porum compromisso progressivo de prioridade à criança e ao adolescentebrasileiros pelo Sistema de Justiça

40

Como se sabe, eles estão estruturados em torno de:

1. Acabar com a fome e a miséria;2. Educação de qualidade para todos;3. Igualdade entre sexos e valorização da mulher;4. Reduzir a mortalidade infantil;5. Melhorar a saúde das gestantes;6. Combater a Aids, a malária e outras doenças;7. Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente;8. Todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento;

Todos estes objetivos estão intimamente correlacionados com as políticas setoriaisrelacionadas, que enfatizam a proporção de 100.000 habitantes para a plena garantia dedireitos. Percebe-se a toda evidência, aliás, o quanto estes objetivos estão intimamenterelacionados com a infância e juventude.

Assim, a ABMP entende que o prazo de cumprimento até 2015 deveria servir deparâmetro também para a criação de varas especializadas com competência exclusiva eminfância e juventude, agora nas cidades a partir de 100.000 habitantes, como preconizadopelo Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente, enfatizando-se ocompromisso do Judiciário com as crianças e adolescentes brasileiras.

O Poder Judiciário, depois de 18 anos de vigência do Estatuto, já se apercebeu que a realidadecomplexa do mundo de hoje exige uma postura metodológica sistêmica, interdisciplinar, coma atuação de vários saberes.

Maior expressão disto é a edição da Resolução de nº 2 do Conselho Nacional de Justiça,tratando da obrigatoriedade de estruturação das equipes técnicas nas Varas da Infância e daJuventude.

Nada mais justificado. Pesquisas realizadas por Maria Tereza Sadek ser justamente um dosdesafios do Poder Judiciário o de estruturar-se para lidar com a complexidade do mundocontemporâneo, no qual as mudanças históricas da família, das relações de classe, gênero,geração e etnia exigem novas organizações do aparelho judiciário como uma ferramenta doestado Democrático de Direito.

Parte II

10. Equipes interprofissionais: um suporte indispensável ao Sistema de Justiçada Infância e da Juventude Brasileiro. O Judiciário dois anos depois daResolução nº 02 do Conselho Nacional de Justiça

41

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

A incorporação de uma dimensão interdisciplinar de atuação no âmbito do PoderJudiciário encontrou sua maior expressão na área da infância e da juventude, com aobrigatoriedade de estruturação de equipes interprofissionais nas Varas que tenham porcompetência a garantia de direitos de crianças e adolescentes.

De fato, se o direito da infância e da juventude se estrutura na doutrina da proteçãointegral, concebendo crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, que devem serconsiderados na multidimensionalidade de aspectos que afetem seu desenvolvimento,propiciar meios de promover o encontro e o enfrentamento de saberes diferenciados,superando um conhecimento fragmentado para tratar da complexidade existencial, écondição mesma para a efetividade da garantia de direitos. Esta atuação interdisciplinarrequererá não apenas procedimentos cognitivos sistêmicos, dialéticos, seletivos e abertos,mas a estruturação efetiva dos aparelhos institucionais para que este conhecimento seproduza.

Não é difícil se compreender, portanto, o quão essencial é o papel desempenhado poresta equipe interprofissional na atuação jurisdicional. Suas funções de assessoria para asdecisões judiciais, fornecendo, por meio de relatórios e participação em audiências, subsídiospara a convicção do magistrado quanto à medida judicial que melhor garanta os interessessuperiores das crianças e adolescentes, são fundamentais para contextualizar a demanda docaso à realidade social mais ampla na qual a problemática social trazida ao Poder Judiciário seinsere.

A inserção de profissionais de disciplinas tais como do Serviço Social, Psicologia,Pedagogia e outros como assessores do Juízo, pressupõe portanto uma mudançaparadigmática do funcionamento da Justiça Especializada da Infância e Juventude, em queproblemas de violação de direitos de crianças e de adolescentes, manifestam-se imbricadoscom problemas de ordem social, exigindo do Poder Judiciário uma postura de ação articuladaaos demais poderes e políticas sociais especiais, nos âmbitos federal, estadual e municipal.

A atuação destes profissionais, como assessores diretos do Juízo, permitem que osmesmos subsidiem as ações judiciais viabilizando a garantia dos direitos violados e aconstrução de ações articuladas em rede, que possam prevenir a sistemática ameaça aosdireitos fundamentais de cidadania por ausência ou ineficácia das políticas públicas deatenção à criança e ao adolescente, bem como às suas famílias.

Assim, o trabalho das equipes interprofissionais extrapola o atendimento direto doscasos individuais, dotando o Poder Judiciário de conhecimento e de acesso às políticassetoriais, consolidando o Sistema de Garantia de Direitos.

Neste sentido, PEREIRA considera que “tratando-se do Direito da Criança e doAdolescente fundado em direitos fundamentais constitucionais, tais como Educação, Saúde,Liberdade, Dignidade, Cultura, Lazer, Esporte, etc., não se pode prescindir de recorrer a outras

6

42

6PEREIRA, Tânia da Silva. Direito da Criança e do Adolescente: uma proposta interdisciplinar.Rio de Janeiro:Renovar, 1996. pág. 38.

ciências para prevenir violações e proteger direitos. É prioritária a integração entre asdisciplinas, sobretudo entre aquelas que diretamente irão contribuir para a proposta maior deproteção dos 'novos sujeitos de direitos.'..... Encontram-se na Psicologia, Pedagogia,Sociologia e nas demais ciências, recursos técnicos e princípios dogmáticos para que os finssociais previstos na Lei n.º 8.069/90 sejam atingidos.”

Neste contexto, e não por outra razão, o Estatuto da Criança e do Adolescente previuem seu art. 145 não apenas a criação de varas especializadas e exclusivas da infância e dajuventude, mas também a manutenção de equipe interprofissional. Para tanto, em seu art.150, disciplina a obrigatoriedade, por parte do Poder Judiciário, de prever recursos paramanutenção de equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância e daJuventude na elaboração de sua proposta orçamentária,.”

O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, no art. 7º, inc. I de suaresolução de nº 113, referente ao Sistema de Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes,reforça esta exigência ao condicionar a efetividade da defesa de direitos humanos de crianças eadolescentes à existência, não apenas das varas da infância e da juventude, mas também desuas equipes multiprofissionais.

Nada mais razoável, portanto, era de se esperar o empenho do Poder Judiciário nagarantia destas condições de garantia de direitos daqueles a quem, por mandamentoconstitucional (art. 227) e legal (art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente) se deveriagarantir prioridade absoluta na efetivação dos direitos, assim entendido como a primazia dereceber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; precedência de atendimento nosserviços públicos ou de relevância pública; preferência na formulação e na execução daspolíticas sociais públicas; destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadascom a proteção à infância e à juventude.

Não por outra razão se haveria de esperar ainda que, para promover acesso à justiçacomo o bom julgar, a outorga ao Poder Judiciário, nos termos do art. 99 da ConstituiçãoFederal, de autonomia financeira e administrativa, mas também de competência privativapara organizar suas secretarias e serviços auxiliares propiciasse o cumprimento deste ditamede priorizar e dar condições à efetiva garantia de direitos de crianças e adolescentes.

Paradoxalmente a realidade se mostrou outra. O próprio fato de ter sido necessário queo Conselho Nacional de Justiça, a despeito do mandamento legal, cobrasse a criação eestruturação destas equipes é revelador da falta de prioridade, no âmbito do Judiciário, aosdireitos de crianças e adolescentes.

O levantamento realizado pela ABMP visa, neste momento de celebração dos 18 anosdo ECA, não apenas contribuir para a avaliação de até que ponto esse mandamento legalvem sendo cumprido, mas igualmente quais os critérios utilizados pelo Sistema de Justiça parasua observância.

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O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

11. O levantamento realizado pela ABMP: a precariedade da assessoria aosmagistrados pela inexistência ou insuficiência de equipes interprofissionaisnas Varas da Infância e da Juventude

11.1. Estados sem equipe técnica

11.2. Estados em que há equipe técnica apenas nas capitais

O levantamento e a análise realizada pela ABMP norteou-se por alguns critériosregentes.

Primeiramente, a avaliação da existência efetiva de equipes técnicas na estrutura doJudiciário dos Estados e do Distrito Federal.

Como segundo enfoque, a diversidade de profissionais que compõem as equipestécnicas.

Em terceiro lugar, a distribuição geográfica destes profissionais no Estado, avaliando-seos critérios de estruturação das equipes.

E, finalmente, o grau de demanda populacional sob responsabilidade desses técnicos,considerados por categoria e em sua totalidade.

Uma consideração que não foi objeto de avaliação específica, mas que apareceu nodecorrer da avaliação, foi o tipo de vínculo institucional que estes profissionais mantinhamcom o Poder Judiciário, revelando-se a existência de algumas iniciativas de terceirização. Esteponto será objeto de análise ao final desta seção, embora sem menção específica aos Estadosem que tal prática procurava se dar.

Em seus resultados, a avaliação demonstra ainda a existência de Estados sem qualquerprofissional técnico a assessorar magistrados(as) no desempenho de suas funções.

É o caso dos , que conta apenas com técnicoscedidos, ainda assim em pequeno número e apenas em três comarcas.

Diversos outros contam com equipe apenas e exclusivamente nas capitais, ou, nomáximo, em algumas poucas grandes cidades.

É o caso dos .

Apresentamos abaixo a quantidade de técnicos existente em cada um destes Estados e,logo abaixo, a demanda populacional que sobre eles recai, em tese, a análise noassessoramento à Justiça.

Estados do Ceará e do Rio Grande do Norte

Estados do Acre, Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Piauí, Tocantins, Pará

44

ParáMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

AbaetetubaAltamiraBelém *TOTAIS

132.22292.105

1.408.8473

112

112 0 0

1113

45

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

AcreMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos previstos, de acordo com a entrância:

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

Rio BrancoTOTAIS

290.6391

31 1

x1

21

AlagoasMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos previstos, de acordo com a entrância:

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

MaceióTOTAIS

896.9651

77 0 00

11

BahiaMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos previstos, de acordo com a entrância:

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

Salvador *TOTAIS

2.892.6251

33 0

11

22

1212

Distrito Federal HabitantesQualificação profissional dos técnicos previstos, de acordo com a entrância:

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

Brasília *TOTAIS

2.455.9031

1515 0

11

55

1313

PiauíMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

TeresinaTOTAIS

779.9391

22 0 00

33

TocantinsMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

PalmasTOTAIS

178.3861

11 0 00

11

11.3. Estados em que há uma diversidade maior de comarcas contempladascom equipes técnicas

Dentre os Estados que procuraram diversificar a presença de equipes técnicas em suascomarcas, devem-se registrar os seguintes:

. O Estado do Rio de Janeiro conta com 88psicólogos lotados e uma carência de 49 profissionais; quanto às assistentes sociais, há 153lotadas no Estado.

No Estado de São Paulo, todavia, deve-se registrar de antemão faltar via de regrasinterdisciplinaridade nas comarcas, porque os(as) psicólogos(as) estão lotadas na Capital enas Comarcas Sede de Circunscrições Judiciárias, prestando atendimento à população detodas as cidades e distritos circunvizinhos, que compõem a Comarca sede da CircunscriçãoJudiciária. Por conseqüência, não apenas a população atendida é maior do que a indicada pormunicípio, tornando mais complexa a proporcionalidade número de habitantes porprofissional, como falta uma ambiência interdisciplinar de trabalho no quotidiano das varas decidades de pequeno e médio, por vezes até grande porte, pela falta de profissional da área dapsicologia.

Uma característica marcante deste levantamento quando se faz uma análisecomparativa do número de habitantes por município e da quantidade de técnicos porcomarca, como regra geral, uma manifesta ausência de critérios objetivos para alocação derecursos humanos, bem como uma ausência de proporção adequada.

Pode-se ter uma visão panorâmica e ilustrativa disto quando se compara o número de técnicospela população geral dos Estados do Sul do país:

Um dos fatores determinantes disto, mais uma vez, é a falta de parâmetros claros eobjetivos previstos em lei ou resolução por parte dos Estados e do Distrito Federal para que setenha uniformidade no tratamento da estruturação das equipes nas Varas, avaliando-se seuimpacto no modo de se garantir direitos de crianças e adolescentes.

Numa visão mais detalhada de alguns Estados tomados como ilustrativos, percebe-seque esta é uma marca recorrente de análise:

Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, RioGrande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo

46

Região SulEstados Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos previstos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

ParanáSanta CatarinaRio Grande do SulTOTAIS

5.900.900,0004.885.000,0009.041.468,000

3

3542

986

9009

0000

2003

23

47102

92241

Espírito SantoMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

AracruzBarra de São FranciscoCachoeiro de Itapemirim *Cariacica *ColatinaGuarapariItapemirimLinharesNova VenéciaSão MateusSerra *VianaVila Velha *Vitória *TOTAIS

73.35839.627

195.288356.536106.637

98.07330.833

124.56444.38096.390

385.37057.539

398.068314.042

14

1

34 0 0 0

22

1

6115

18

Mato GrossoMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

Água BoaAlta FlorestaAlto AraguaiaAlto GarçasAlto TaquariApiacásAraputangaArenápolisAripuanãBarra do BugresBarra do GarçasBrasnorteCáceresCampinápolisCampo Novo do ParecisCampo VerdeCanaranaChapada dos GuimarãesCláudiaColíderColnizaComodoroCotriguaçuCuiabáDiamantinoDom AquinoFeliz NatalGuarantã do NorteGuiratingaItaúba

18.99149.14013.790

9.1326.0587.926

15.3359.869

19.10032.49053.24313.97584.17513.66622.32225.92417.18317.37710.67030.69527.88217.93913.740

526.83118.428

8.26110.27930.75413.883

4.625

1

1

11

11

2

1

1

12

1

1111

1

2

1

1

152

1

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O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

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Mato GrossoMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

ItiquiraJaciaraJauruJuaraJuínaJuscimeiraLucas do Rio VerdeMarcelândiaMatupáMirassol d'OesteNobresNortelândiaNova Canaã do NorteNova Monte VerdeNova MutumNova UbiratãNova XavantinaNovo São JoaquimParanaítaParanatingaPedra PretaPeixoto de AzevedoPoconéPontes e LacerdaPorto Alegre do NortePorto dos GaúchosPorto EsperidiãoPoxoréoPrimavera do LesteQuerênciaRibeirão CascalheiraRio BrancoRondonópolisRosário OesteSanto Antônio do LevergerSão Félix do AraguaiaSão José do Rio ClaroSão José dos Quatro MarcosSapezalSinopSorrisoTabaporãTangará da SerraTapurahTerra Nova do NorteVárzea GrandeVera

Vila RicaVila Bela da Santíssima Trindade

TOTAIS

12.15924.94510.77432.02338.42211.83030.74114.08414.24324.53814.862

6.23712.652

8.13324.368

7.78218.670

6.88011.54020.03315.63828.98731.11837.910

9.6396.1169.606

17.59244.72910.682

8.6775.053

172.78318.03119.19710.71317.34519.00114.254

105.76255.13410.48476.65710.47814.584

230.3079.188

13.88618.934

79

1111

111

1

3

21

2

2

11111

11

1

11

1

61

1

1

1

19

58 0 0

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Minas GeraisMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

AbaetéAbre CampoAçucenaÁgua BoaÁguas FormosasAimorésAiuruocaAlém ParaíbaAlfenasAlmenaraAlpinópolisAlto Rio DoceAlvinópolisAndradasAndrelândiaAraçuaíAraguariAraxáArcosAreadoArinosBaependiBambuíBarão de CocaisBarbacenaBarrosoBelo Horizonte *Belo OrienteBelo ValeBetim *BicasBoa EsperançaBocaiúvaBom DespachoBom Jesus do GalhoBom SucessoBonfimBonfinópolis de MinasBorda da MataBotelhosBrasília de MinasBrasópolisBrumadinhoBueno BrandãoBuenópolisBuritisCabo VerdeCachoeira de MinasCaetéCaldas

22.47412.86711.12716.43518.51824.232

6.09933.49571.62836.90717.82112.65715.25134.95612.03536.083

106.40387.76434.76313.18117.59218.01621.85026.421

122.37719.352

2.412.93721.369

7.267415.098

13.63837.80144.65742.26015.19817.194

6.7155.828

14.89214.85331.16514.45231.96510.864

9.52221.47213.61410.82039.03913.901

0000000010

000001100000010

1400100000000000000000000

11111112221111113211111131

2911311211111111111111111

50

Minas GeraisMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

CamanducaiaCambuíCambuquiraCampanhaCampestreCampina VerdeCampo BeloCampos AltosCampos GeraisCanápolisCandeiasCapelinhaCapinópolisCarandaíCarangolaCaratingaCarlos ChagasCarmo da MataCarmo de MinasCarmo do ParanaíbaCarmo do Rio ClaroCarmópolis de MinasCássiaCataguasesCaxambuCláudioConceição das AlagoasConceição do Mato DentroConceição do Rio VerdeCongonhasConquistaConselheiro LafaieteConselheiro PenaContagem *Coração de JesusCorintoCoroaciCoromandelCoronel FabricianoCristinaCruzíliaCurveloDiamantinaDivinoDivinópolis *Dores do IndaiáElói MendesEntre Rios de MinasErváliaEsmeraldas

19.70825.01012.52015.16920.25118.68051.37513.18426.95411.31315.49933.06115.30222.24032.06881.73120.81210.94213.65730.71219.48015.74317.06767.38421.00924.59020.42618.07012.70845.984

6.580109.280

21.793608.650

26.13122.74110.77627.392

100.80510.95514.65671.61144.74619.245

209.92113.99624.16113.88718.00255.436

00000000000000010000000100000001050000100000400000

11111121111111221111111211111113181111211221511111

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Minas GeraisMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

Espera FelizEspinosaEstrela do SulEugenópolisExtremaFerrosFormigaFrancisco SáFrutalGaliléiaGovernador Valadares *Grão MogolGuanhãesGuapéGuaranésiaGuaraniGuaxupéIbiáIbiraciIbiritéIgarapéIguatamaInhapimIpanemaIpatinga *ItabiraItabiritoItaguaraItajubáItamarandibaItambacuriItamogiItamonteItanhanduItanhomiItaobimItapagipeItapecericaItaúnaItuiutabaItumirimIturamaJaboticatubasJacintoJacuíJacutingaJaíbaJanaúbaJanuáriaJequeri

20.83531.322

7.13610.29124.88611.38764.58524.83851.766

7.302260.396

14.59429.28613.15218.147

9.48747.89422.06911.023

148.53531.135

7.63224.28917.128

238.397105.159

41.52212.29286.67331.88322.63510.82813.75614.39511.88020.98614.01920.65381.83392.727

6.43931.49515.49612.422

7.22520.38930.38665.38764.98512.965

00000010003000000000000031001000000000110000000000

11111121215111112112111152112111111111231111111221

52

Minas GeraisMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

JequitinhonhaJoaímaJoão MonlevadeJoão PinheiroJuiz de Fora *Lagoa da PrataLagoa DouradaLagoa SantaLajinhaLambariLavrasLeopoldinaLima DuarteLuzMachadoMalacachetaMangaManhuaçuManhumirimMantenaMar de EspanhaMarianaMartinho CamposMateus LemeMatias BarbosaMato VerdeMatozinhosMedinaMercêsMesquitaMinas NovasMirabelaMiradouroMiraíMontalvâniaMonte Alegre de MinasMonte AzulMonte BeloMonte CarmeloMonte Santo de MinasMonte SiãoMontes Claros *Morada Nova de MinasMuriaéMutumMuzambinhoNanuqueNatérciaNepomucenoNova Era

23.98214.88171.65843.229

513.34844.15911.79244.92217.58018.54787.42149.91515.90917.17337.56717.91720.90374.29720.20926.72111.13951.69312.16525.62713.20512.66433.31720.66710.452

6.49330.57812.76910.19712.94915.96118.34822.43712.57344.36720.13319.228

352.3848.297

95.54826.33119.92540.307

4.62324.43017.932

00005000001000000100000000000000000000000101000000

11218111112211111212111111111111111111111413112111

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Minas GeraisMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

Nova LimaNova PonteNova ResendeNova SerranaNovo CruzeiroOliveiraOuro BrancoOuro PretoPadre ParaísoPalmaPapagaiosPará de MinasParacatuParaguaçuParaisópolisParaopebaPassa QuatroPassa TempoPassosPatos de MinasPatrocínioPeçanhaPedra AzulPedralvaPedro LeopoldoPerdizesPerdõesPirangaPirapetingaPiraporaPitanguiPiumhiPoço FundoPoços de CaldasPompéuPonte NovaPorteirinhaPouso AlegrePradosPrataPratápolisPresidente OlegárioRaul SoaresResende CostaResplendorRibeirão das Neves *Rio CascaRio NovoRio ParanaíbaRio Pardo de Minas

72.20711.58614.14560.19530.33137.80533.54867.04818.120

6.11814.41079.85279.73919.60318.08822.20415.285

8.494102.765133.054

81.58917.15724.85111.18456.51813.92419.40717.20810.24051.63624.61830.98415.350

144.38628.39355.68736.864

120.4678.168

25.5118.653

18.25623.90110.53717.024

329.11214.496

8.91410.80928.633

00000000000100000013100010000000010101000000030000

21111212111221111135211121111211131213111111151111

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Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

Rio PiracicabaRio PombaRio PretoRio VermelhoRubimSabaráSabinópolisSacramentoSalinasSanta BárbaraSanta Luzia *Santa Maria de ItabiraSanta Maria do SuaçuíSanta Rita de CaldasSanta Rita do SapucaíSanta VitóriaSanto Antônio do AmparoSanto Antônio do MonteSantos DumontSão Domingos do PrataSão FranciscoSão Gonçalo do AbaetéSão Gonçalo do ParáSão Gonçalo do SapucaíSão GotardoSão João da PonteSão João del ReiSão João do ParaísoSão João EvangelistaSão João NepomucenoSão LourençoSão RomãoSão Roque de MinasSão Sebastião do ParaísoSão Tomás de AquinoSenador FirminoSerroSete Lagoas *SilvianópolisTaiobeirasTarumirimTeixeirasTeófilo OtoniTimóteoTirosTocantinsTombosTrês CoraçõesTrês MariasTrês Pontas

14.31916.715

5.38814.856

9.561120.770

15.88922.15937.37026.185

222.50710.44514.427

9.07834.24615.49217.25524.74645.92217.34952.985

6.15610.30822.75630.75726.09181.91821.83915.68625.01140.441

9.0806.141

61.8386.9347.019

20.862217.506

6.01829.73214.18511.665

126.89576.092

7.41615.704

9.19471.73726.43152.121

00000000001000000000000000100000010001000030000100

11111111113111211121111111211121121113111142111211

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Minas GeraisMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

TupaciguaraTurmalinaUbáUberaba *Uberlândia *UnaíVarginhaVárzea da PalmaVazanteVespasianoViçosaVirginópolisVisconde do Rio BrancoTOTAIS

23.07617.21994.228

287.760608.369

74.495116.093

34.44819.30094.19170.40410.89135.346

313

0011621001000

85 0

1125943112212

467 0 0

ParanáMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

Almirante TamandaréApucaranaAssis ChateaubriandBandeirantesCambéCampo MourãoCascavel *CastroCatanduvasCianorteColombo *Cornélio ProcópioCuritiba *Fazenda Rio GrandeFoz do Iguaçu *Francisco BeltrãoGuaíraGuarapuavaIratiIvaiporãJacarezinhoLoandaLondrina *MarialvaMaringá *PalmasPalmeiraParanaguáParanavaíPato BrancoPiraquaraPonta Grossa *São José dos Pinhais *ToledoUbiratãUmuaramaUnião da VitóriaWenceslau BrazTOTAIS

93.055115.323

32.22632.29092.88882.530

285.78465.363

9.57864.498

233.91646.931

1.797.40875.006

311.33672.40928.683

164.56754.15131.34439.32719.464

497.83330.017

325.96840.48531.234

133.55979.11066.68082.006

306.351263.622109.857

21.21495.15351.04318.691

38

21

115

111

112

11

121

1

11

35

1

1

2

1

1

1119

111

11

12

121

1

22111

1

2

12

2

1

47 0 0

56

57

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Rio Grande do SulMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

AgudoAlegreteAlvorada *Antônio PradoArroio do MeioArroio do TigreArroio GrandeArvorezinhaAugusto PestanaBagéBarra do RibeiroBento GonçalvesBom JesusButiáCaçapava do SulCacequiCachoeira do SulCachoeirinhaCamaquãCampina das MissõesCampo BomCampo NovoCandeláriaCanelaCanguçuCanoas *Capão da CanoaCarazinhoCarlos BarbosaCascaCatuípeCaxias do Sul *Cerro LargoCharqueadasConstantinaCoronel BicacoCrissiumalCruz AltaDois IrmãosDom PedritoEldorado do SulEncantadoEncruzilhada do SulErechimEspumosoEstância VelhaEsteioEstrelaFarroupilhaFaxinal do Soturno

16.71478.188

207.14213.59118.07912.63818.35810.210

7.273112.550

11.478100.643

11.84319.71732.57413.62984.629

112.60360.563

6.34256.595

5.58129.44438.31553.547

326.45837.40558.19623.960

8.3819.499

399.03812.48433.708

9.8427.873

14.72663.45024.81538.14831.31619.53624.15292.94514.99140.74078.81629.07159.871

6.343

1

1

2

1

111

1

1

4

1

1

1

111

58

Rio Grande do SulMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

FelizFlores da CunhaFrederico WestphalenGaribaldiGauramaGeneral CâmaraGetúlio VargasGiruáGramadoGravataí *GuaíbaGuaporéGuarani das MissõesHervalHorizontinaIbirubáIgrejinhaIjuíIraíItaquiIvotiJaguarãoJaguariJúlio de CastilhosLagoa VermelhaLajeadoLavras do SulMarauMarcelino RamosMontenegroMostardasNão-Me-ToqueNonoaiNova PetrópolisNova PrataNovo Hamburgo *OsórioPalmares do SulPalmeira das MissõesPanambiParobéPasso Fundo *Pedro OsórioPelotas *Pinheiro MachadoPiratiniPlanaltoPortãoPorto Alegre *Porto Xavier

11.67925.30727.30828.791

6.1088.782

15.96117.07031.655

261.15093.57821.421

8.3316.873

18.30518.69031.11376.739

8.46836.36118.51727.94411.62619.54127.43467.476

8.11533.778

5.37256.79011.90315.22812.32717.74722.257

253.06739.29011.42333.84636.36048.713

183.3008.039

339.93412.93920.22510.58928.583

1.420.66710.857

1

1

3

1

21

1

1

1

1

42

1

4

6

23

59

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Rio Grande do SulMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

QuaraíRestinga SecaRio Grande *Rio PardoRodeio BonitoRonda AltaRosário do SulSananduvaSanta Bárbara do SulSanta Cruz do SulSanta Maria *Santa RosaSanta Vitória do PalmarSantana do LivramentoSantiagoSanto ÂngeloSanto Antônio da PatrulhaSanto Antônio das MissõesSanto AugustoSanto CristoSão BorjaSão Francisco de AssisSão Francisco de PaulaSão GabrielSão JerônimoSão José do NorteSão José do OuroSão Leopoldo *São Lourenço do SulSão Luiz GonzagaSão MarcosSão Pedro do SulSão Sebastião do CaíSão SepéSão ValentimSão Vicente do SulSapirangaSapucaia do SulSarandiSeberiSobradinhoSoledadeTapejaraTaperaTapesTaquaraTaquariTenente PortelaTeutôniaTorres

22.55215.595

194.35137.704

5.6989.654

40.51014.714

9.122115.857263.403

64.11331.18383.47849.55873.80037.91011.86313.62214.28061.83419.52321.27857.97820.50624.905

6.973207.721

42.33934.48719.64116.61320.35923.787

3.9198.361

73.979122.231

20.41510.87014.16229.92617.50010.45716.55753.42825.76813.90625.10532.358

11

1

11

252

112

11

2

1

1

60

Rio Grande do SulMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

TramandaíTrês CoroasTrês de MaioTrês PassosTriunfoTucunduvaTupanciretãUruguaianaVacariaVenâncio AiresVera CruzVeranópolisViamão *TOTAIS

39.89122.90523.33323.46723.976

5.90722.556

123.74359.93864.44222.70223.904

253.264163 9 0 0 3

1

2

192

RondôniaMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

Alta Floresta D'OesteAlvorada D'OesteAriquemesBuritisCacoalCerejeirasColorado do OesteCosta MarquesEspigão D'OesteGuajará-MirimJaruJi-ParanáMachadinho D'OesteMirante da SerraNova Brasilândia D'OesteNova MamoréOuro Preto do OesteParecisPimenta BuenoPorto VelhoPresidente MédiciRolim de MouraSanta Luzia D'OesteSão Francisco do GuaporéSão Miguel do GuaporéVilhenaTOTAIS

23.85716.48582.38833.07276.15516.29017.64413.66427.86739.45152.453

107.67931.47512.08617.17021.16236.040

4.58332.893

369.34522.19748.894

9.26415.71022.62266.746

26

0000100000010

0

08000

00

10

0000000000000

0

00000

000

000000000000

0

00000

000 3

0120312100221

2

125

130

12

50

61

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Santa CatarinaMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

Abelardo LuzAnchietaAnita GaribaldiAraquariAraranguáArmazémAscurraBalneário CamboriúBalneário PiçarrasBarra VelhaBiguaçuBlumenau *Bom RetiroBraço do NorteBrusqueCaçadorCamboriúCampo AlegreCampo Belo do SulCampo ErêCampos NovosCanoinhasCapinzalCapivari de BaixoCatanduvasChapecóCocal do SulConcórdiaCoronel FreitasCorreia PintoCriciúma *Cunha PorãCuritibanosDescansoDionísio CerqueiraFlorianópolis *ForquilhinhaFraiburgoGaropabaGaruvaGasparGuaramirimHerval d'OesteIbiramaIçaraImaruíImbitubaIndaialIpumirimItá

16,3746,5879,141

21,27857,119

7,3126,761

94,34413,76018,57553,444

292,9728,258

27,73094,96267,55653,38811,391

7,9689,590

28,44752,67718,46520,064

8,733164,803

14,56367,24910,24614,838

185,50610,63837,493

8,70514,792

396,72320,71934,88916,39913,39352,42829,93218,94216,71654,10711,67536,23147,686

7,1186,417

11

1

1

111

12

11

11

1

11

11

11

3

14

21111111111

11

111118

1

1

11111

62

Santa CatarinaMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

ItaiópolisItajaíItapemaItapirangaItapoáItuporangaJaguarunaJaraguá do SulJardinópolisJoaçabaJoinville *LagesLagunaLauro MullerLebon RégisLeoberto LealMafraMaravilhaModeloMondaíNavegantesOrleansOtacílio CostaPalhoçaPalmitosPapanduvaPinhalzinhoPomerodePonte SerradaPorto BeloPorto UniãoPresidente GetúlioQuilomboRio do CampoRio do OesteRio do SulRio NegrinhoSanta CecíliaSanta Rosa do SulSanto Amaro da ImperatrizSão Bento do SulSão CarlosSão DomingosSão Francisco do SulSão João BatistaSão JoaquimSão José *São José do CedroSão Lourenço do OesteSão Miguel do Oeste

19,752163,218

33,76615,23810,71920,57715,668

129,9731,851

24,435487,003161,583

50,17913,70011,735

3,58951,01421,684

3,7729,126

52,63820,85915,693

122,47116,06117,05614,69125,26111,21013,30132,25613,65110,871

6,0436,795

56,91942,23715,311

7,94917,60272,54810,372

9,34637,61322,08924,058

196,88713,69921,79933,806

1

1

112

2

1

111

1

1

111

11

1

121

1

2

153111

1

11

31111111

1

11

11

1

13111

63

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Santa CatarinaMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

SearaSombrioTaióTangaráTijucasTimbóTrombudo CentralTubarãoTurvoUrubiciUrussangaVideiraXanxerêXaximTOTAIS

17,12124,42416,838

8,41027,94433,326

6,22192,56911,03110,43918,58844,47940,22824,318

114

11

1

1

142

1111

311

11

102 0 00

São PauloMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

AdamantinaAguaíÁguas de LindóiaAgudosAltinópolisÁlvares MachadoAmericana *Américo BrasilienseAmparoAndradinaAngatubaAparecidaApiaíAraçatuba *Araraquara *ArarasArtur NogueiraArujáAspásiaAssisAtibaiaAuriflamaAvaréBananalBaririBarra BonitaBarra do TurvoBarretosBarrinhaBarueri *

33.28930.18115.86734.22115.13922.859

199.09431.00562.69254.75321.52335.90325.463

178.839195.815108.689

39.45772.713

1.79092.965

119.16613.76080.02610.23330.99535.090

7.620107.988

25.715252.748

1

5

33

34

51

4

3

1

22121

412211256311

7214123

4

4

64

São PauloMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

BastosBatataisBauru *BebedouroBernardino de CamposBertiogaBilacBiriguiBofeteBoituvaBorboremaBotucatuBragança PaulistaBrodowskiBrotasBuriBuritamaCabreúvaCaçapavaCachoeira PaulistaCacondeCafelândiaCaieirasCajamarCajatiCajobiCajuruCampinas *Campo Limpo PaulistaCampos do JordãoCananéiaCândido MotaCapão BonitoCapivariCaraguatatubaCarapicuíba *CardosoCasa BrancaCatanduvaCerqueira CésarCerquilhoCesário LangeChavantesColinaConchalConchasCordeirópolisCosmópolisCotia *Cravinhos

20.61353.525

347.60174.86510.48739.091

6.905103.394

8.56540.78313.752

120.800136.286

19.01820.99617.53914.73538.89880.45831.67418.55216.07381.16358.43628.285

9.51922.695

1.039.29769.81044.68812.03929.57245.27543.77988.815

379.56611.32427.081

109.36216.27634.76914.00512.22616.98923.35215.47319.30953.561

172.82329.377

210

43

10

31

32

11

132

212

116211111211212

115

3113212212211

11112231

65

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

São PauloMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

CruzeiroCubatãoCunhaDescalvadoDiadema *Dois CórregosDouradoDracenaDuartinaEldoradoEmbu *Embu-GuaçuEspírito Santo do PinhalEstrela d'OesteFarturaFernandópolisFerraz de Vasconcelos *Flórida PaulistaFloríniaFranca *Francisco MoratoFranco da RochaGáliaGarçaGeneral SalgadoGetulinaGuaíraGuapiaçuGuaráGuaraçaíGuararapesGuararemaGuaratinguetáGuareíGuaribaGuarujá *Guarulhos *Hortolândia *IacangaIbatéIbitingaIbiúnaIepêIgaraçu do TietêIgarapavaIguapeIlha SolteiraIlhabelaIndaiatuba *Ipaussu

76.098120.271

22.95129.533

386.77924.384

8.75142.10712.38114.038

237.31859.08340.684

8.59014.60161.392

168.89712.660

2.860319.094146.634121.451

6.81242.21810.62610.51536.54416.39218.611

8.50528.66224.854

107.89513.20232.664

296.1501.236.192

190.7819.074

28.04049.95164.832

7.48723.08526.86228.97724.18123.886

173.50812.964

1

1

2

3

3

4

15

231131

2112111241

131312111

1

213

1952

1112

211121

66

São PauloMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

IpuãItaberáItaíItajobiItanhaémItapecerica da SerraItapetiningaItapevaItapevi *ItapiraItápolisItaporangaItaquaquecetuba *ItararéItaririItatibaItatingaItirapinaItuItupevaItuveravaJaboticabalJacareí *JacupirangaJaguariúnaJalesJandiraJardinópolisJarinuJaúJoanópolisJosé BonifácioJundiaí *JunqueirópolisJuquiáJuquitibaLaranjal PaulistaLemeLençóis PaulistaLimeira *LinsLorenaLucéliaMacatubaMacaubalMairinqueMairiporãMaracaíMarília *Martinópolis

14.34417.57622.61714.18280.778

148.728138.450

85.537193.686

68.18738.63314.284

334.91448.73215.11591.47917.57013.889

147.25136.76638.53969.624

207.02816.11236.80447.649

103.57834.61120.611

125.46910.67130.639

342.98318.62819.35227.77724.45484.40659.366

272.73469.27979.31719.21216.173

7.39641.50871.75413.163

218.11323.983

3454

4

33

2

5

5

33

10

1111228221111111113

1241121216

1611

22126121112181

67

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

São PauloMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

MatãoMauá *MiguelópolisMiracatuMirandópolisMirante do ParanapanemaMirassolMococaMogi das Cruzes *Mogi GuaçuMoji MirimMongaguáMonte AltoMonte AprazívelMonte Azul PaulistaMonte MorMorro AgudoNazaré PaulistaNeves PaulistaNhandearaNova GranadaNova OdessaNovo HorizonteNuporangaOlímpiaOrlândiaOsasco *Osvaldo CruzOurinhosOuroestePacaembuPalestinaPalmeira d'OestePalmitalPanoramaParaguaçu PaulistaParaibunaParanapanemaParanapuãPariquera-AçuPatrocínio PaulistaPaulíniaPaulo de FariaPederneirasPedregulhoPedreiraPenápolisPereira BarretoPeruíbePiedade

74.407402.643

19.97222.79625.84917.12851.66066.086

362.991131.870

84.17640.42344.08519.74519.18742.82425.39014.613

8.82510.33417.73945.62534.264

6.62948.02036.149

701.01230.15098.868

7.03513.07210.428

9.63421.29813.94442.11716.45616.667

3.61418.07912.18373.014

8.94240.27015.15638.15256.68124.22054.45748.430

1

1

7

3

11

1

8

3

1

23112141323112111112111112824111131211

11111113111

68

São PauloMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

Pilar do SulPindamonhangabaPindoramaPinhalzinhoPiquetePiracaiaPiracicaba *PirajuPirajuíPirangiPirapozinhoPirassunungaPiratiningaPitangueirasPoáPoloniPompéiaPontalPorangabaPorto FelizPorto FerreiraPotirendabaPraia Grande *Presidente BernardesPresidente EpitácioPresidente Prudente *Presidente VenceslauPromissãoQuatáQueluzRanchariaRegente FeijóRegistroRibeirão BonitoRibeirão PiresRibeirão Preto *Rio Claro *Rio das PedrasRio Grande da SerraRiolândiaRosanaRoseiraSales OliveiraSalesópolisSaltoSalto de PiraporaSanta AdéliaSanta AlbertinaSanta Bárbara d'Oeste *Santa Branca

26.457135.682

14.34511.81714.47522.335

358.10828.22821.03510.31523.70967.78711.28733.329

104.9044.880

19.09135.560

8.06946.05448.76014.327

233.80614.78839.403

202.78937.15534.78611.97110.32328.30317.07053.36911.383

107.046547.417185.421

26.34439.270

9.71319.943

9.0168.187

15.157102.311

37.32413.861

5.042184.318

13.282

1

5

2

1

43

3

102

12

111522113211

1111114127221111221

1341

11

1211

21

69

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

São PauloMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

Santa Cruz das PalmeirasSanta Cruz do Rio PardoSanta Fé do SulSanta IsabelSanta Rita do Passa QuatroSanta Rosa de ViterboSanta SaleteSantana da Ponte PensaSantana de ParnaíbaSanto AnastácioSanto André *Santos *São Bento do SapucaíSão Bernardo do Campo *São Caetano do SulSão Carlos *São FranciscoSão João da Boa VistaSão Joaquim da BarraSão José do BarreiroSão José do Rio PardoSão José do Rio Preto *São José dos Campos *São Lourenço da SerraSão Luís do ParaitingaSão ManuelSão Miguel ArcanjoSão Paulo *São PedroSão RoqueSão SebastiãoSão Sebastião da GramaSão SimãoSão Vicente *Serra NegraSerranaSertãozinhoSeveríniaSilveirasSocorroSorocaba *Sud MennucciSumaré *Suzano *TabapuãTabatingaTaboão da Serra *TambaúTanabiTaquaritinga

30.45841.65527.69344.81726.45622.699

1.3901.654

100.18920.550

667.891418.288

10.515781.390144.857212.956

2.81279.93543.703

4.27851.023

402.770594.948

16.12110.49637.79730.384

10.886.51829.73365.69367.34812.50913.781

323.59924.67136.596

103.55814.713

5.56233.080

559.1577.714

228.696268.777

11.25513.965

219.20021.91323.40053.232

310

514

2

136

1021

1

2

8

1

1

112231

14

161454

24

31310

121

129113116113

17

311

2112

12. A proporção de técnicos por população em cada Estado pesquisado

Uma análise complementar relativa à falta de proporcionalidade de técnicos porpopulação pode ser vista num quadro geral de alguns Estados, analisando-se o número detécnicos, conforme sua qualificação, por população total do Estado.

Acre - Qualificação dos técnicos Habitantes por profissionais

PsicólogoPedagogoAssistente SocialAntropólogoOutrosTotal

302005

96.880

145.320

58.128

Alagoas - Qualificação dos técnicos Habitantes por profissionais

PsicólogoPedagogoAssistente SocialAntropólogoOutrosTotal

701008

128.138

896.965

112.121

70

São PauloMunicípios Habitantes

Qualificação profissional dos técnicos

Psicólogo Assist. SocialPedagogo Antropólogo

obs: indicar a quantidade de técnicos atuantes

Outros:

TaquaritubaTarumãTatuíTaubaté *Teodoro SampaioTietêTremembéTrês FronteirasTupãTupi PaulistaUbatubaUrâniaUrupêsValentim GentilValinhosValparaísoVargem Grande do SulVargem Grande PaulistaVárzea PaulistaVinhedoViradouroVotorantimVotuporangaTOTAIS

22.17012.302

101.838265.514

20.32534.01838.321

5.03162.25613.71275.008

8.72711.917

9.40897.81420.82737.35740.200

100.40657.43517.04399.90177.622

353

4

2

1

1

2373 0 0 0

2

45111

31211

211122132

790

71

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Bahia - Qualificação dos técnicos Habitantes por profissionais

PsicólogoPedagogoAssistente SocialAntropólogoOutrosTotal

32

1201

18

4.693.5577.040.3351.173.389

14.080.670782.259

Distrito Federal - Qualificação dos técnicos Habitantes por profissionais

PsicólogoPedagogoAssistente SocialAntropólogoOutrosTotal

155

1301

34

163.727491.181188.916

2.455.90372.232

Espírito Santo - Qualificação dos técnicos Habitantes por profissionais

PsicólogoPedagogoAssistente SocialAntropólogoOutrosTotal

40

1800

22

580.176

128.928

105.487

Mato Grosso - Qualificação dos técnicos Habitantes por profissionais

PsicólogoPedagogoAssistente SocialAntropólogoOutrosTotal

410

5800

99

61.734

43.639

25.567

Minas Gerais - Qualificação dos técnicos Habitantes por profissionais

PsicólogoPedagogoAssistente SocialAntropólogoOutrosTotal

850

46700

552

186.766

33.994

28.759

Paraná - Qualificação dos técnicos Habitantes por profissionais

PsicólogoPedagogoAssistente SocialAntropólogoOutrosTotal

359

4700

91

168.597655.656125.551

64.845

13. A (limitada) diversidade de qualificação dos técnicos

Uma outra conclusão facilmente perceptível é a visão restritiva da qualificação dasequipes interprofissionais em todo o país, limitada, na imensa maioria dos casos, apenas apsicólogos e assistentes sociais.

Como se mostrará abaixo, isto se mostra inadequado à premissa fundamental deincorporação das equipes técnicas no corpo de assessoramento dos(as) magistrados(as). Se oponto de partida é o reconhecimento da complexidade das demandas apresentadas aoSistema de Justiça para decisão, não se pode esperar que todas elas sejam equacionadas porum corpo técnico de tão circunscrita formação.

72Rio Grande do Sul - Qualificação dos técnicos Habitantes por profissionais

PsicólogoPedagogoAssistente SocialAntropólogoOutrosTotal

90

9203

104

1.004.608

98.277

3.013.82386.937

Santa Catarina - Qualificação dos técnicos Habitantes por profissionais

PsicólogoPedagogoAssistente SocialAntropólogoOutrosTotal

420

10200

144

116.310

47.892

33.924

São Paulo - Qualificação dos técnicos Habitantes por profissionais

PsicólogoPedagogoAssistente SocialAntropólogoOutrosTotal

3730

79000

1.163

102.104

48.209

32.747

Tocantins - Qualificação dos técnicos Habitantes por profissionais

PsicólogoPedagogoAssistente SocialAntropólogoOutrosTotal

101002

857.964

857.964

428.982

73

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

14. Equipes interprofissionais: da ausência e insuficiência à efetiva garantia dedireitos de crianças e adolescentes por uma qualificação dos corpos técnicosdo Sistema de Justiça da Infância e da Juventude

15. O impacto da ausência de equipes no Sistema de Justiça da Infância e daJuventude para a garantia de direitos

Feita esta análise mais bruta dos dados em si, a ABMP apresenta suas consideraçõessobre o impacto da ausência de equipes na prestação jurisdicional, a necessidade deestabelecimento de parâmetros para a estruturação das equipes e de diversificação dosprofissionais que as compõem, como por fim, das razões pelas quais devem ser todosservidores públicos.

Este marco situacional é indicativo do grande quadro de violação de direitos a criançase adolescentes em decorrência do cumprimento de suas obrigações legais por parte do PoderJudiciário.

A Associação dos Assistentes Sociais e Psicólogos do TJSP (AASPTJSP) destaca, compropriedade, que é de notório conhecimento o enorme volume de processos que tramitamnos Tribunais de Justiça de todo território, tendo em vista o aumento de demandas de carátersocial, principalmente com a edição de recentes leis como a Lei Maria da Penha, Estatuto doIdoso e a Lei Orgânica da Assistência Social. A implementação destas leis requer a atuação deprofissionais capacitados e que detêm por formação, conhecimentos no campo social e dapsicologia. O atendimento dessa nova demanda e daquelas já existentes exige um númeromaior de profissionais com conhecimentos específicos, para executar um trabalho dequalidade técnica e atendimento adequado aos usuários da justiça. Entende-se que a atuaçãodesses profissionais é de fundamental importância nas práticas judiciárias, à medida queoferecem subsídios e assessoram à autoridade competente, no que diz respeito à Justiça daInfância e da Juventude, Família e Sucessões.

A Associação dos Assistentes Sociais e Psicólogos do TJSP (AASPTJSP) realizou nestecontexto pesquisa sobre as condições de trabalho de assistentes sociais e psicólogos doTribunal de Justiça Paulista apresentando resultados reveladores acerca da multiplicidade e dacomplexidade das ações com as quais trabalham, da dinâmica e gravidade expressas pelarealidade social e de questões de ordem emocional postas no cotidiano da intervenção, queperpassam pela necessidade de investimentos contínuos como: melhoria nos espaços físicos eequipamentos de atendimento, na ampliação do quadro de pessoal, da capacitaçãocontinuada norteadoras do trabalho.

Tais indicativos apontam para a necessidade de uma política de trabalho, pelainstituição judiciária, que reconheça as necessidades específicas dessas áreas e a importânciada garantia de um serviço público de qualidade - enquanto direito da população ao acesso aserviços e ações do Judiciário. A pesquisa também apontou em suas considerações gerais que

74 o Tribunal de Justiça mantêm em seus quadros funcionais assistentes sociais e psicólogos, massem conhecer o significado e a importância do trabalho que realizam, não reconhecendocomo legítimas as necessidades específicas para a intervenção nessas áreas, como espaçofísico, instalações adequadas, tempo, assessoramento técnico especializado, etc.

Na continuidade de tais considerações, levantou-se a importância de reconstruir osignificado do trabalho, como eixo fundante da sociabilidade humana; o trabalho comoatividade mediadora entre as necessidades de subsistência e as possibilidades detransformação das formas de relação individual e social; o trabalho como fonte de criação e deliberdade constituído em práxis-processo permanente de “objetivações teleológicas do sergenérico consciente que se constitui pelo trabalho”. (Netto, in Borgianni, 1997:39).

Uma das conseqüências possíveis da falta de critérios objetivos para fixar o número deprofissionais da equipe interprofissional, é que a desproporção entre o número de pessoasatendidas por profissional, acaba por determinar práticas limitadas ao atendimento dedemandas de urgência, com considerável restrição às ações de acompanhamento de casos. Asdificuldades para efetivar as funções profissionais de caráter interventivo e preventivo, isolamas equipes, obstaculizando ações articuladas intra e externamente à instituição judiciária.

Este quadro evidencia, portanto, que a própria Resolução nº 2 do CNJ, em que pese seuvalor histórico fundamental para a efetivação de direitos de crianças e adolescentes, demandacomplementação.

A ABMP entende que não apenas a cobrança por efetiva implementação do dispostono art. 150 do Estatuto da Criança e do Adolescente é um compromisso que o Poder Judiciáriobrasileiro encontra-se em falta. O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude carece, ainda,de estabelecimento de critérios objetivos para a estruturação dessas equipes e, ainda, adefinição da natureza de seus cargos, como integrante do Poder Judiciário.

A ABMP entende que a garantia do acesso à justiça e a qualidade da jurisdição prestadapelo Poder Judiciário na área da Infância e Juventude integra a defesa e a exigibilidade dosdireitos humanos geracionais.

A estruturação de equipes técnicas interdisciplinares é condição fundamental para aefetivação da garantia de direitos.

Não basta, contudo, haver equipes sem que haja uma discriminação do número detécnicos suficiente para assessoramento dos magistrados.

A legislação contudo não menciona quais os profissionais que devem integrar a equipetécnica.

16. O estabelecimento de parâmetros para a existência de equipes: a propostada ABMP

75

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

O ECA ora fala em estudo social ou perícia por equipe interprofissional (art. 161, § 1º,162, § 2º e 167) ou em relatório da equipe interprofissional (art. 186, § 4º).

Wilson Donizete Liberati sustenta que a composição da equipe técnica deve se daratravés de

Em provimentos regulamentando a atuação dos técnicos, é utilizada ainda a expressãoavaliação psicossocial e em algumas recomendações em conferências .

Inexistem indicadores pelos Conselhos Federais de Serviço Social e de Psicologia,profissões que normalmente compõem o quadro dos setores técnicos dos fóruns.

A Associação dos Assistentes Sociais e Psicólogos do TJSP (AASPTJSP) fez umlevantamento do número de habitantes e o grau de vulnerabilidade social (SEADE) porcomarca do estado de São Paulo.

Para a AASPTJSP, tais indicadores poderiam ser cruzados com o número de processosatendidos e a natureza dos casos. As estatísticas anuais do Movimento Judiciário das Varas daInfância e Juventude, por exemplo, podem indicar a distribuição de processos por natureza (deonde decorreria a complexidade).

Todavia, a referência ao número de processos também é aleatória porque relacionada àcapacidade de gestão por parte do magistrado e não necessariamente reflete um critérioobjetivo, muito menos uma atuação proativa e comprometida com a garantia de direitos,como se espera da Justiça da Infância e da Juventude. Sobretudo na falta de indicadores deprodutividade e de eficiência por parte de magistrados e servidores.

Nos mesmos moldes refletidos acerca da especialização de varas com competênciaexclusiva em infância e juventude, a ABMP entende fundamental que a composição deequipes técnicas paute-se igualmente por critérios populacionais, na esteira do que dispõe oart. 145 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Esta composição deve dialogar mais uma vez com as políticas setoriais.

Duas podem servir como parâmetro.

Primeiro, a Política Nacional de Assistência Social Política Nacional de Assistência Socialserá utilizada como referência a definição de municípios como de pequeno, médio e grandeporte utilizada pelo IBGE agregando-se outras referências de análise realizadas pelo Centrode Estudos das Desigualdades Socioterritoriais , bem como pelo Centro de Estudos daMetrópole sobre desigualdades intraurbanas e o contexto específico das metrópoles:

• Municípios de pequeno porte 1 – entende-se por município de pequeno porte 1aquele cuja população chega a 20.000 habitantes (até 5.000 famílias em média. Possuem

“assistentes sociais, psicólogos, pedagogos, psiquiatras e outros especialistas” 7

8

11

12

13

7

8Liberati, Wilson Donizeti.Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. São Paulo: Malheiros Edtitores, pag.152.II Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente; propõe a equipe para elaboração parecer psicossocial

http://www.rebidia.org.br/iiconf3.html

76 forte presença de população em zona rural, correspondendo a 45% da população total. Namaioria das vezes, possuem como referência municípios de maior porte, pertencentes àmesma região em que estão localizados. Necessitam de uma rede simplificada e reduzida deserviços de proteção social básica, pois os níveis de coesão social, as demandas potenciais eredes socioassistenciais não justificam serviços de natureza complexa. Em geral, essesmunicípios não apresentam demanda significativa de proteção social especial, o que apontapara a necessidade de contarem com a referência de serviços dessa natureza na região,mediante prestação direta pela esfera estadual, organização de consórcios intermunicipais, ouprestação por municípios de maior porte, com co-financiamento das esferas estaduais eFederal.

• Municípios de pequeno porte 2 – entende-se por município de pequeno porte 2aquele cuja população varia de 20.001 a 50.000 habitantes (cerca de 5.000 a 10.000 famíliasem média). Diferenciam-se dos pequeno porte 1 especialmente no que se refere àconcentração da população rural que corresponde a 30% da população total. Quanto às suascaracterísticas relacionais mantém-se as mesmas dos municípios pequenos 1.

• Municípios de médio porte – entende-se por municípios de médio porte aqueles cujapopulação está entre 50.001 a 100.000 habitantes (cerca de 10.000 a 25.000 famílias).Mesmo ainda precisando contar com a referência de municípios de grande porte paraquestões de maior complexidade, já possuem mais autonomia na estruturação de suaeconomia, sediam algumas indústrias de transformação, além de contarem com maior ofertade comércio e serviços. A oferta de empregos formais, portanto, aumenta tanto no setorsecundário como no de serviços. Esses municípios necessitam de uma rede mais ampla deserviços de assistência social, particularmente na rede de proteção social básica. Quanto àproteção especial, a realidade de tais municípios se assemelha à dos municípios de pequenoporte, no entanto, a probabilidade de ocorrerem demandas nessa área é maior, o que leva a seconsiderar a possibilidade de sediarem serviços próprios dessa natureza ou de referênciaregional, agregando municípios de pequeno porte no seu entorno.

• Municípios de grande porte – entende-se por municípios de grande porte aquelescuja população é de 101.000 habitantes até 900.000 habitantes (cerca de 25.000 a 250.000famílias). São os mais complexos na sua estruturação econômica, pólos de regiões e sedes deserviços mais especializados. Concentram mais oportunidades de emprego e oferecem maiornúmero de serviços públicos, contendo também mais infra-estrutura. No entanto, são osmunicípios que por congregarem o grande número de habitantes e, pelas suas característicasem atraírem grande parte da população que migra das regiões onde as oportunidades sãoconsideradas mais escassas, apresentam grande demanda por serviços das várias áreas depolíticas públicas. Em razão dessas características, a rede socioassistencial deve ser maiscomplexa e diversificada, envolvendo serviços de proteção social básica, bem como umaampla rede de proteção especial (nos níveis de média e alta complexidade).

• Metrópoles – entende-se por metrópole os municípios com mais de 900.000habitantes (atingindo uma média superior a 250.000 famílias cada). Para além das

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O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

características dos grandes municípios, as metrópoles apresentam o agravante dos chamadosterritórios de fronteira, que significam zonas de limites que configuram a região metropolitanae normalmente com forte ausência de serviços do Estado.

O critério de divisão populacional por quantidade populacional e indicadores devulnerabilidade deve ser o parâmetro a ser observado em termos de quantificação deprofissionais a compor a equipe.

Todavia, não é possível tomar-se como parâmetro as equipes de referência dos Centrosde Referência na Assistência Social porque baseiam-se no atendimento direto à população,numa dimensão que em muito suplanta a das equipes técnicas dos fóruns.

Com efeito, naquele modelo a previsão daquela Política estrutura-se em torno doatendimento de até 2.500 famílias referência para cada 2 técnicos de nível superior, 2técnicos de nível médio; até 3.500 famílias referência, 3 técnicos de nível superior, 3 técnicosde nível médio e a cada 5.000 famílias referência, 4 técnicos de nível superior, 3 técnicos denível médio, etc.

Na falta de critérios objetivos hoje reinantes, bem como de indicadores confiáveis eobjetivos, a ABMP entende que uma aproximação ao critério populacional dos Centros deAtenção Psicossocial é a mais adequada para ser adotada como parâmetro, nos termos dasdiretrizes da Portaria 336/GM/2002. Isto porque considera-se o atendimento de umapopulação menor que a assistência social, mas ao mesmo tempo considera diversidadepopulacional conforme o tamanho de cidades e o nível de complexidade dos problemas queessas grandezas costumam representar:

a) CAPS I (De 20.000 a 70.000 hab.) – 03 profissionais de nível superior entre ascategorias profissionais de psicologia, assistência social, dentre outros.b) CAPS II (De 70.000 a 200.000hab.) - 04 profissionais de nível superior entre ascategorias profissionais de psicologia, assistência social, dentro outros;c) CAPS III (acima de 200.000 hab.) - 05 profissionais de nível superior entre ascategorias profissionais de psicologia, assistência social, dentre outros.

A ABMP entende que tais referências, na falta de outras específicas, podem seradaptadas para servirem de base para a estruturação de equipes técnicas no Judiciário. Nestesentido, deve-se considerar que a atuação na área jurídica exige dos profissionais o uso detécnicas e instrumentais de forma diversa do sistema de saúde, realizando avaliações,intervenções e elaboração de relatórios e laudos em contingências especiais.

Entende-se que a atuação da equipe interdisciplinar ocorre com o uso dosinstrumentos próprios de cada disciplina que, adaptados à situação institucional e judicial,possibilitam a elaboração de relatórios informativos e propositivos, que ao comporem osautos, permitem ao magistrado a tomada de decisão, o devido acompanhamento daimplementação da medida e da avaliação de seu impacto sobre os sujeitos da ação judicial emcurso e a problemática por ela tratada.

78 Mais ainda, considera-se que o campo de trabalho das equipes interprofissionais não serestringem à área da infância e da juventude, estendendo-se tradicionalmente aos litígiosfamiliares e, hoje, são obrigatórias nos processos relativos a idosos e violência doméstica,aumentando consideravelmente seu campo de atuação e, por conseguinte, seu volume detrabalho.

Mais ainda, a ABMP entende que, na medida em que houver maior númeropopulacional, devam ser ampliadas as qualificações dos profissionais de suporte, incluindo-seoutras profissões em número menor a de assistentes sociais e psicólogos, como pedagogos ousociólogos, à vista da necessidade de suporte nas ações de interesses difusos e coletivos.

Portanto, a proposta institucional da ABMP é de que:

• Comarcas com população entre 20.000 a 70.000 habitantes tenham pelomenos 06 profissionais de nível superior entre as categorias profissionais de psicologia,assistência social, dentre outros;• Comarcas com população entre 70.000 a 200.000 habitantes tenham equipecomposta de pelo menos 08 profissionais de nível superior entre as categoriasprofissionais de psicologia, assistência social, dentro outros;• Comarcas com população acima de 200.000 habitantes, tenham, em cada varaespecializada, uma equipe técnica composta de pelo menos 10 profissionais de nívelsuperior entre as categorias profissionais de psicologia, assistência social, dentreoutros.

A legislação não menciona diretamente, quais os profissionais que devem integrar aequipe técnica. Contudo, ao definir a natureza das medidas de proteção e sócio-educativas, oECA indica a necessidade do estudo de cada caso, por profissionais que possam conhecer arealidade do sujeito inserido em seu grupo de referência familiar e comunitário, de forma agarantir às crianças e aos adolescentes, enquanto pessoas em fase peculiar dedesenvolvimento, o direito de ser ouvido e de ser comunicado, de forma adequada à suaidade, as decisões que lhe digam respeito.

No levantamento nacional efetuado, e, face às necessidades das demandas quechegam ao Fórum, imperativo é que a equipe seja formada, no mínimo, por Assistentesocial e Psicólogo. Tais profissionais são considerados essenciais em outras normativas legais,tais como a Política Nacional de Assistência Social (PNAS) em 2004, da Norma OperacionalBásica - NOB/SUAS em 2005 e da NOB/RH/SUAS em 2006, que definem normas e diretrizespara estruturação da política de Assistência Social e estabelecem a exigência de constituiçãode equipes técnicas formadas por assistentes sociais, psicólogos(as) e outros profissionais.

17. A importância da diversidade de profissionais compondo as equipestécnicas

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O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Jason ALBERGARIA (1991) , todavia, afirma que a equipe interprofissional se constituiainda de outros profissionais, todos técnicos especializados, “como assistente social, opsicólogo, o educador, o psiquiatra e outros especialistas”. Justifica esta diversidade na“complexidade de novos problemas sociais determinou a formação de novos profissionais...osquais estão obrigados a uma superespecialização de caráter interdisciplinar.”

As “Regras de Beijing”, também conhecidas como “Regras Mínimas das Nações Unidaspara a Administração da Justiça de Menores”, prevêem no art. 49 a possibilidade, na medidado possível, de um número suficiente de especialistas como psiquiatras, psicólogos,assistentes sociais, educadores e instrutores técnicos, além de estabelecer no art. 22 aespecialização dos profissionais.

Uma caracterização sumular destes profissionais poderia consistir nos termos queseguem:

O assistente social judiciário intervém prioritariamente como perito a partir de seu saberprofissional, subsidiando ações judiciais que dizem respeito a crianças, adolescentes e famíliasque se encontram em situação de risco ou que, segundo as normas sociais estabelecidas,colocam em risco a sociedade. A título de exemplificação, as atribuições do assistente socialjudiciário no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo foram definidas em Comunicado daSRH Nº 308/2004 , Publicado no D.O.J de 12/03/2003 (Anexo 1)

O Psicólogo Jurídico atua no âmbito da Justiça, colaborando no planejamento eexecução de políticas de cidadania, direitos humanos e prevenção da violência, centrando suaatuação na orientação do dado psicológico repassado não só para os juristas como tambémaos indivíduos que carecem de tal intervenção, para possibilitar a avaliação das característicasde personalidade, contexto familiar e comunitário, e fornecer subsídios ao processo judicial,além de contribuir para a formulação, revisão e interpretação das leis e das políticas públicas.Psicólogo especialista em Psicologia Jurídica (especialidade reconhecida pelo Conselho Federalde Psicologia). As atribuições definidas pelo Comunicado Nº345/2004 – DRH do TJSP(publicado no D.O.J de 26/05/2004), seguem anexas para exemplificação da especificidade dafunção no âmbito do Judiciário.(Anexo 2).

O Pedagogo social, no entendimento da Profa. Dra. Evelcy Monteiro Machado, lidacom uma série de especialidades que, na classificação de Quintana, são as seguintes: atençãoà infância com problemas (abandono, ambiente familiar desestruturado...); atenção àadolescência (orientação pessoal e profissional, tempo livre, férias...); atenção à juventude(política de juventude, associacionismo, voluntariado, atividades, emprego...) - atenção àfamília em suas necessidades existenciais (famílias desestruturadas, adoção, separações...); -atenção à terceira idade; atenção aos deficientes físicos, sensoriais e psíquicos; pedagogiahospitalar; prevenção e tratamento das toxicomanias e do alcoolismo; prevenção dadelinqüência juvenil; atenção a grupos marginalizados (imigrantes, minorias étnicas, presos e

9

9ALBERGARIA, Jason. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. Rio de Janeiro: Aide, 1991. pág. 150.

80 ex- presidiários); promoção da condição social da mulher; educação de adultos animaçãosócio-cultural .

O antropólogo cultural estuda os comportamentos dos grupos humanos, as origensda religião, os costumes e convenções sociais, o desenvolvimento técnico e osrelacionamentos familiares. No âmbito desta ciência, a palavra cultura adquire uma outradimensão do que a que convencionalmente entendida. Não se trata de identificá-la, a cultura,com erudição ou sofisticação, como é comum associar-se essa palavra, mas sim de utilizá-lapara definir tudo aquilo que o homem faz, pois, para o antropólogo, cultura é forma de vidade um grupo de pessoas, uma configuração dos comportamento aprendidos, aquilo que étransmitido de geração em geração por meio da língua falada e da simples imitação. Não setrata de um comportamento instintivo, mas algo que resulta de mecanismoscomportamentais introjetados pelo indivíduo. Sua intervenção se mostra relevante onde hajapresença de povos e comunidades tradicionais de grande demanda (indígenas, quilombolas,seringueiros, etc.).

O levantamento realizado apontou que alguns Estados vinham manifestando intençãode terceirizar suas equipes técnicas.

Pareceu-nos, então, fundamental, nesta análise, fazer uma defesa não apenas danecessidade de pessoal qualificado academicamente, por profissões regulamentadas por Lei,como ainda na quantidade necessária à execução dos serviços e de forma permanente, esempre por contratação por meio de concurso público.

Isto se justifica pelos próprios termos do art. 145 do Estatuto da Criança e doAdolescente, mas, sobretudo, a teor do disposto no art. 37, II, da Constituição da República,estabelecendo como regra que toda admissão de servidor público, não só para a investiduraem cargo público, mas também para emprego público, seja feita mediante a realização de

, excepcionando o texto constitucional tão-somente em relação àquelas que permitem a contratação de pessoal para os chamados cargosem comissão e para o atendimento de necessidades temporárias de excepcional interessepúblico.

Celso Antônio Bandeira de Melo ensina que “A Constituição Federal é intransigente emrelação à imposição à efetividade do princípio constitucional do concurso público, como regraa todas as admissões da Administração Pública, vedando expressamente a ausência destepostulado (...) (apud Alexandre de Moraes, in Direito Constitucional Administrativo, SãoPaulo: Atlas, 2002, p. 150).

10

18. A necessidade de uma equipe interdisciplinar e integrante do PoderJudiciário na condição de servidores públicos

concurso público de provas ou de provas ou títulos

10Pedagogia e a pedagogia social: educação não formal Profa. Dra. Evelcy Monteiro [email protected] (Mestrado em Educação, Universidade Tuiuti do Paraná)http://www.utp.br/mestradoemeducacao/pubonline/evelcy17art.html

81

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Ainda acerca da matéria, conforme bem ressaltado por Ronaldo Pinheiro de Queiroz,Procurador da República no Distrito Federal : “A Constituição da República praticamente iniciao Capítulo VII, referente à Administração Pública, afirmando que a investidura em cargo ouemprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas etítulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma previstaem lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeaçãoe exoneração (CF, art. 37, II). O concurso público é a forma mais democrática e legítima de sebuscar as melhores pessoas, dentre as que participaram do certame certame, para ingressar noserviço público. Além de ensejar a todos iguais oportunidades de disputar cargos ou empregosna Administração Pública direta ou indireta, atende, a um só tempo, aos princípios dalegalidade, igualdade, impessoalidade, eficiência e, acima de tudo, moralidade [...]

Só através do concurso público há a garantia da capacitação continuada dosprofissionais , que deve ser norteadoras do trabalho.

A ABMP e a AASPTJSP, além de se posicionar contra a tendência de terceirização nosetor, apontam para a necessidade de uma política de trabalho, pela instituição judiciária, quereconheça as necessidades específicas dessas áreas e a importância da garantia de um serviçopúblico de qualidade - enquanto direito da população ao acesso a serviços e ações doJudiciário.

É com grande expectativa que a ABMP, ao promover este levantamento e análise, vê napossibilidade de intervenção por parte do Conselho Nacional de Justiça a mudança do cenárionacional no âmbito do Sistema de Justiça para a efetivação da garantia a um atendimento comqualidade pelas Varas da Infância e da Juventude.

Isto apenas será possível na medida em que a lei for cumprida: Varas especializadascom atribuição exclusiva em infância e juventude forem criadas e, em todas as comarcas,independentemente da especialização, houver equipes técnicas interprofissionais parasubsidiar as decisões de magistrados(as).

Neste contexto, a ABMP entende fundamental nova iniciativa por parte do ConselhoNacional de Justiça para a criação e estruturação de equipes técnicas em todas as comarcas dopaís, estabelecendo-se parâmetros objetivos, com base na população da comarca uma melhoradequação do serviço.

Mais ainda, a ABMP entende imprescindível que essas equipes sejam formadas apenaspor servidores públicos, contratados por meio de concurso, visando garantir maior qualidadee segurança de sua atuação de assessoramento dos(as) magistrados(as).

11

19. O papel do CNJ na garantia de direitos de crianças e adolescentes: aexigência de equipes técnicas na Justiça da Infância e da Juventude

11A contratação temporária, o Supremo Tribunal Federal e o alcance da expressão "necessidade temporária de excepcionalinteresse público". Elaborado em 08.2004 por Ronaldo Pinheiro de Queiroz, Procurador da República no Distrito Federal,mestrando em Direito pela PUC/SP, cujo texto foi publicado na internet no site: jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6193.

82 É neste contexto em que, mais uma vez, a ABMP coloca-se à disposição do ConselhoNacional de Justiça e de todos os Tribunais de Justiça do país, em seu comprometimento com oaprimoramento do Sistema de Justiça da Infância e da Juventude brasileiros.

Uma das mais relevantes funções do Sistema de Justiça Brasileiro é, sem dúvida, apromoção, defesa e garantia dos interesses de crianças e adolescentes, que atualmente, deacordo com dados do IBGE, representam mais de 34 % da população brasileira.A mudança do paradigma jurídico de defesa dos direitos humanos, e, especialmente, decrianças e adolescente, introduzido pela Constituição Federal de 1988, com a adoção dadoutrina da proteção integral, em obediência aos compromissos internacionais e pararegulamentar as conquistas em favor dessa população, exige de todos, continuamente, areflexão e superação dos velhos hábitos e práticas jurídicas.

Nessa esteira, a Lei nº 8.069/90 – Estatuto da Criança e Adolescente - e inúmeros outrosDiplomas Legais posteriores, surgiram em resposta ao anseio social, contrariando e acabandode vez com a imagem que se tinha de que a Justiça da Infância era uma 'Justiça menor',implantando em nosso ordenamento jurídico, um novo microssistema de distribuição dejustiça, fundamentado em uma tutela jurisdicional diferenciada a partir do reconhecimento decrianças e adolescentes como 'sujeitos de direitos'.

Desse modo, uma vez não atendidos os direitos de que crianças e adolescentes sãotitulares de forma espontânea pelos co-obrigados - família, sociedade e Estado, o desafio quese impõe aos operadores do Sistema de Justiça, como integrante do Sistema de Garantia deDireitos da Criança e do Adolescente – SGD, é sem dúvida, a sua concretização pela via judicial,

[...] acenando com uma tutela jurisdicional diferenciada como forma de aproximar osplanos do direito material e processual, capaz de propiciar a adequada proteção estatal aosinteresses irrealizados, incluindo crianças e adolescentes na esfera da cidadania .

Assim, considerando que os direitos de crianças e adolescente inserem-se no campodos direitos do homem, vale lembrar a constatação de Norberto Bobbio, para quem

[...] o problema que temos diante de nós não é filosófico, mas jurídico e, num sentidoamplo, político. Não se trata de saber quais e quantos são esses direitos, qual a sua natureza efundamento, se não direitos naturais e históricos, absolutos ou relativos, mas sim qual é omodo mais seguro para garanti-los, para impedir que, apesar das solenes declarações, elessejam continuamente violados .

Parte III

20. A formação de magistrados, promotores de justiça e defensores públicos.Condição fundamental para a garantia de direitos de crianças e adolescentes

12

13

12

13

GARRIDO DE PAULA, Paulo Afonso, Direito da Criança e do Adolescente e Tutela Jurisdicional Diferenciada. São Paulo:Revista dos Tribunais, 2002, p. 79.

BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992, p. 25.

83

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Integrando o sistema estão o Juiz, o Promotor de Justiça, o Defensor Público e/ou Advogado eos técnicos, que através de ações articuladas promovem a justiça garantindo e restabelecendoos direitos da criança e do adolescente.

Todos os integrantes possuem papel de relevância importância. A Lei nº 8.069/90atribuiu a cada um deles um importante papel, que será complementado pelo exercício dafunção do outro, em uma atuação sistêmica. Para este fim, o Conselho Nacional dos Direitosda Criança e do Adolescente, em sua Resolução n. 113/2006, instituiu parâmetros para oreconhecimento e a institucionalização do Sistema de Garantia de Direitos, definindo-o assim:

“Art. 1º O Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente constitui-se naarticulação e integração das instâncias públicas governamentais e da sociedade civil, naaplicação de instrumentos normativos e no funcionamento dos mecanismos de promoção,defesa e controle para a efetivação dos direitos humanos da criança e do adolescente, nosníveis Federal, Estadual, Distrital e Municipal.

§ 1º Esse Sistema articular-se-á com todos os sistemas nacionais de operacionalizaçãode políticas públicas, especialmente nas áreas da saúde, educação, assistência social, trabalho,segurança pública, planejamento, orçamentária, relações exteriores e promoção da igualdadee valorização da diversidade.

§ 2º Igualmente, articular-se-á, na forma das normas nacionais e internacionais, com ossistemas congêneres de promoção, defesa e controle da efetivação dos direitos humanos, denível interamericano e internacional, buscando assistência técnico-financeira e respaldopolítico, junto às agências e organismos que desenvolvem seus programas no país.

Neste contexto, em que o Sistema de Garantia de Direitos vê como de sua competênciaa promoção, defesa e controle da efetivação dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais,culturais, coletivos e difusos, em sua integralidade, em favor de todas as crianças eadolescentes, de modo que sejam reconhecidos e respeitados como sujeitos de direitos epessoas em condição peculiar de desenvolvimento; colocando-os a salvo de ameaças eviolações a quaisquer de seus direitos, além de garantir a apuração e reparação dessasameaças e violações, o Sistema de Justiça ganha um papel de grande relevo.

Com efeito, nesta visão sistêmica, nas mãos do Sistema de Justiça está a defesa dosdireitos humanos de crianças e adolescentes, caracterizada de forma ampla pela garantia doacesso à justiça, ou seja, pelo recurso às instâncias públicas e mecanismos jurídicos deproteção legal dos direitos humanos, gerais e especiais, da infância e da adolescência, paraassegurar a impositividade deles e sua exigibilidade, em concreto.

Trata-se de um desafio de monta, afinal este Sistema de Garantia de Direitos, na esteirados princípios constitucionais, é pensado com a missão de enfrentar os atuais níveis dedesigualdades e iniqüidades, que se manifestam nas discriminações, explorações e violências,baseadas em razões de classe social, gênero, raça/etnia, orientação sexual, deficiência elocalidade geográfica, que dificultam significativamente a realização plena dos direitoshumanos de crianças e adolescentes, consagrados nos instrumentos normativos nacionais e

84 internacionais, próprios. Mais que isto, ainda segundo esta visão do Conselho Nacional deDireitos da Criança e do Adolescente, do qual participa a ABMP, incumbe-lhe fomentar aintegração do princípio do interesse superior da criança e do adolescente nos processos deelaboração e execução de atos legislativos, políticas, programas e ações públicas, bem comonas decisões judiciais e administrativas que afetem crianças e adolescentes.

Procura-se, com isso, superar uma visão assistencialista ou paternalista da Justiça daInfância, como ocorria na chamada doutrina da 'situação irregular do menor'. A Justiça daInfância e da Juventude passou a ter suas funções jurisdicionais repensadas às peculiaridadespróprias do Direito da Criança e Adolescente, que será acionada sempre que seus direitosforem ameaçados ou violados, passando à qualidade de Justiça Especializada.

É neste quadro e por estas razões que o reordenamento institucional do PoderJudiciário, especialmente na área da infância e da juventude, se afigura imprescindível, comoamplamente abordado na necessidade de especialização de varas e na implantação dasEquipes Técnicas, pois, conforme Kazuo Watanabe,

[...] aspecto que não pode ser negligenciado é a organização judiciária, certo éque, por mais perfeitas que sejam as leis materiais e processuais, sempre seráfalha a tutela jurisdicional dos direitos, se inexistirem juízes preparados paraaplicá-las e uma adequada infra-estrutura material e pessoal para lhes dar oapoio necessário .

Por outro lado, apesar de todos os membros do Poder Judiciário, Ministério Público eDefensorias Públicas possuírem titulação acadêmica em Direito, na formação jurídicatradicional, oferecida pelas universidades, não há espaço para o aperfeiçoamento dessesprofissionais com vistas ao exercício profissional e intervenção eficaz na garantia dos direitosde crianças e jovens.

Primeiro, porque a disciplina do Direito da Criança e Adolescente ainda não é deexigência obrigatória nos cursos de graduação no Brasil.

Segundo, porque não é da tradição dos cursos jurídicos que seus conteúdospedagógicos tenham uma dimensão inter ou transdisciplinar, colocando em risco o própriosentido de uma ação sistêmica.

De fato, a transdisciplinaridade implica mais que um mero diálogo paralelo entre asdisciplinas (enfoque multidisciplinar) ou do que uma coordenação dos trabalhos entre asdisciplinas, fazendo com que a necessária troca de idéias entre os vários campos seja integradopor um conceito regente, superior a todas elas (enfoque interdisciplinar).

14

14WATANABE, Kazuo. Da cognição no processo civil. 2. ed. Campinas: Bookseller, 2000, p. 29.

85

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

O enfoque transdisciplinar reclama uma axiomática comum a um conjunto dedisciplinas, em que todo um sistema educacional e de inovação científica seja coordenado aum nível múltiplo a partir de uma postura comum do espírito (no sentido largo e filosófico dotermo) para reger a ação em todas as esferas.

Exige uma postura aberta, transistórica e humanista, que trabalhe rigorosamente ecom conseqüência com a complexidade dos problemas, sem querer reduzi-los a uma únicalógica, a um mero problema técnico, mas sim considerando-o nas dimensões múltiplas quemarcam a experiência humana e que, por conseguinte, incluem campos extensos como aexperiência interior, a artística e criativa, porque só então realmente serão capazes de atuarsobre a concretude da existência.

Por tal razão, todo conhecimento e ação que se pretenda formular de modo múltiplodepende de uma postura superadora de preconceitos contra o olhar alheio sobre o modocomo exercitamos nossas tarefas, despindo-nos de nossas defesas e da garantia de segurançaque um modo tradicional de ação de um lado nos resguarda, mas, de outro, nos enrijece,desprovendo nossa própria atuação de sentido. A postura transdiciplinar reclama, pelocontrário, que nos abramos ao diálogo promotor da construção de sentidos coletivos de ação,que busquem garantir a promoção de direitos individuais e coletivos, a inclusão social e apromoção da cidadania para além de regionalismos, nacionalismos e outras categoriasreducionistas, mantendo aberto o espaço da individualidade.

É neste contexto que se poderá efetivamente falar numa ambiência sistêmica deatuação, criando-se condições de um processo sempre dialógico e enriquecedor, semhierarquias pré-estabelecidas entre todos os atores do sistema fazendo com que atransdisciplinaridade se abre ao enfoque da multirrefencialidade, isto é, de uma linha detrabalho constantemente aberta ao heterogêneo, ao outro, que apontam os limites de nossacapacidade de ação e, portanto, a necessidade de interlocução e de construção, cada vez maiscrescente, de redes.

Neste quadro, o grande desafio formativo do Sistema de Justiça é de efetivamente ver-se não como articulador, numa perspectiva paternalista ainda muito comum na área dainfância, mas como integrante de uma rede, vistas como aliança de atores e de forças numbloco de ação política e operacional, articulada não em forma piramidal e por conseguintehierárquica, mas, sim, através de uma interação comunicativa e transparente, pela qual aspropostas possam ser apresentadas e legitimadas em uma avaliação coletiva e dinâmica.Ainda que com o respeito a papéis institucionais claros, o impacto da intervenção de cada atorreclama que a totalidade resultante desta articulação ditada por lei (art. 86 do Estatuto daCriança e do Adolescente) esteja sempre em diálogo com movimentos singulares que seapresentam em seu bojo. Neste contexto, não é apenas um problema determinado que leva-aà articulação, mas sujeitos, atores, forças para propiciar poder, recursos, dispositivos para aação, para a auto-organização, auto-reflexão do coletivo, que incorpora e repensa seus rumosna interlocução com as vertentes individuais que nele se processam.

86 Será apenas assim que o Sistema de Justiça poderá efetivamente abrir-se a umaperspectiva de efetivação de direitos humanos de crianças e adolescentes, vistos como sujeitode direitos.

Com esse propósito, a formação específica na temática busca atender à necessidade deaperfeiçoamento de magistrados, Promotores de Justiça e defensores públicos, a fim deviabilizar ainda o debate e a troca das idéias e posturas, com o propósito de criar a base ética,jurídica e filosófica necessária ao efetivo cumprimento da ordem jurídica.

Uma consideração preliminar se mostra fundamental para a compreensão do critérioutilizado para o levantamento: o que foi considerado como direito da criança e adolescente?

A doutrina nacional já vem defendendo a autonomia do Direito da Criança e doAdolescente, que, sob o aspecto objetivo e formal, representa a disciplina das relaçõesjurídicas entre crianças e adolescente, de um lado, e de outro, a família, sociedade e o Estado.

O Código Civil Brasileiro, ao enxergar crianças e adolescentes quase que exclusivamentesob a ótica da capacidade dificultou o reconhecimento de que seus interesses deveriamsubordinar interesses da família, sociedade e do Estado. A partir das distinções conceituaisentre pessoa, personalidade e capacidade, construi-se um sistema onde a proteção de criançase adolescentes revelou-se pela tutela do mundo adulto, sendo beneficiários apenas de umaespécie de proteção reflexa, de modo que somente indiretamente vislumbrava-se a tutelajurídica.

Somente com a Constituição de 1988 e que se reconheceu a possibilidade de crianças eadolescentes participarem direta e amplamente de relações jurídicas com o mundo adulto, naqualidade de titulares, de interesses juridicamente protegidos. Foram concebidos, finalmente,como sujeitos de direitos, capazes para o exercício pessoal de direitos relacionados aodesenvolvimento saudável e das garantias relacionadas à integridade.

Na lição de Paulo Afonso Garrido de Paula,

Trata-se de um ramo do direito autônomo: a normativa internacional e as regrasconstitucionais lhe dão a base; princípios próprios de sua distinção; diplomas legaisespecíficos o separam de outros ramos; didática particular determina o aprendizado desuas diferenças .

21. Direito da infância como ramo do direito autônomo na consideração detoda perspectiva formativa

15

15GARRIDO DE PAULA, 2002, p. 42.

87

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

O tema não tem merecido a devida atenção e tratamento adequado, seja nasAcademias, seja no recrutamento ou formação inicial e continuada dos operadores do Sistemade Justiça, onde o empirismo e a falta de formação ainda comprometem a eficácia da tutelajurisdicional.

Em muitas delas, o direito da criança e do adolescente ainda é visto como um apêndice dodireito de família ou do direito penal, impedindo uma compreensão da criança e doadolescente, seja como sujeito de direito, inclusive à proteção integral, com uma visãoholística, focada não apenas em seu presente existencial, mas também em seu processo dedesenvolvimento. Trata-se de uma visão ultrapassada que não foi reconhecida nolevantamento como contempladora de uma efetiva demanda formativa dos operadores dodireito para o ingresso nas carreiras jurídicas.

Neste contexto é sempre importante atentar que a lei, neste aspecto, avançou maisrapidamente que a consciência média a respeito do valor da criança no contexto dahumanidade, optando por servir também como instrumento de transformação culturalatravés de um olhar e escuta diversos daqueles do passado, provocando, obviamente,inúmeras resistências. Juridicamente o problema se coloca principalmente em razão daignorância quanto aos direitos da criança e do adolescente e aos meios previstos para a suaefetivação, inclusive aqueles relacionados ao acesso à justiça .

É com este critério, amplo e fundado em direitos humanos de crianças e adolescentes,que a ABMP fez o recorte analítico no levantamento que segue.

A preocupação com a formação e o aprimoramento profissional dos operadores doSistema de Justiça que atuam na garantia dos direitos de crianças e adolescentes, como visto,insere-se dentre as ações desenvolvidas pela ABMP para o cumprimento de sua missão.Nesse sentido, o diagnóstico sobre as iniciativas e experiências exitosas já desenvolvidas nosestados brasileiros, com o levantamento nacional ora realizado, pautou-se em três questõesessenciais:

1. Se o Direito da Criança e do Adolescente foi contemplado como matéria a serestudada no último edital para ingresso na carreira (magistratura, MP ou defensoria pública);

2. Se houve formação inicial para os aprovados em Direito da Criança e do Adolescente(se possível indicando o tempo);

3. Se nos últimos seis meses houve algum curso de formação continuada em Direito daCriança e Adolescente, no âmbito da instituição respectiva (não considerando ação da ABMP).

16

22. O levantamento nacional sobre formação de magistrados, promotores dejustiça e defensores públicos da infância e da juventude

16GARRIDO DE PAULA, 2002, p. 78.

88 Os dados foram coletados durante o mês de junho do corrente ano, com o auxílio dosCoordenadores Estaduais e Regionais da ABMP junto aos respectivos Tribunais de Justiça,Ministérios Públicos e Defensorias Públicas , e constam separadamente por Estado, conformetabelas em anexo.

Tocante à inclusão da disciplina específica no edital e último concurso realizado,verifica-se do gráfico abaixo que, embora se tenha apurado que a maioria dos Estados tenhaminformado positivamente, nos demais, apurou-se que o Direito da Criança e Adolescenteembora não tenha constado como disciplina específica, foi inserido nos conteúdos de DireitoCivil, Direito Penal e Direitos Difusos e Coletivos.

17

1. O Direito da Criança e do Adolescente foi contemplado como matéria a serestudada no último edital para ingresso na carreira (magistratura, MP oudefensoria pública)?

Tribunais de Justiça

Ministério Público

17Sobre as Defensorias Públicas, vale consignar que apenas em SC ainda não foi implantada, sendo que, em outros Estados,até o momento não houve concurso público, sendo exercida por Advogados nomeados, ou ainda não tomaram posse.

89

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Defensoria Pública

Tribunais de Justiça

Quanto à formação inicial aos aprovados no concurso, os dados apurados demonstramque menos da metade das instituições do Sistema de Justiça efetiva qualificação outreinamento específico para atuação junto às Varas da Infância e Juventude ou nas demaisatribuições extraprocessuais respectivas.

Como informado, embora todos os Tribunais de Justiça, Procuradorias-Gerais eDefensorias-Gerais promovam espaços de orientação ou formação inicial aos recém-empossados, os conteúdos ministrados perpassam, a sua grande maioria, por orientaçõesadministrativas ou 'estágios' e 'visitas' junto às Varas de uma maneira em geral.

Daqueles que efetivamente promovem formação específica na temática voltada àatuação profissional na área da garantia de direitos de crianças e adolescentes, fazem-no peloperíodo máximo de um dia (8 horas) ou apenas meio período (4 horas), tempo insuficientepara a compreensão da dinâmica de funcionamento das redes de proteção e atendimento e anecessária interlocução com o Sistema de Justiça.

Confira os gráficos abaixo:

2. Houve formação inicial para os aprovados em Direito da Criança e doAdolescente?

90Ministério Público

Defensoria Pública

Tribunais de Justiça

Quanto à formação continuada, lamentavelmente, os dados coletados denotam quepoucos são os Estados que a efetivam, seja através de especializações ou de cursos deatualização permanentes através das Escolas Superiores da Magistratura, Academias Judiciais,Ministério Público ou Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional, por exemplo.

A propósito, vejam-se os gráficos abaixo:

3. Se nos últimos seis meses houve algum curso de formação continuada emDireito da Criança e Adolescente, no âmbito da instituição respectiva.

91

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Ministério Público

Defensoria Pública

Algumas iniciativas existentes, como no Estado do Rio Grande do Norte, demonstramque a celebração de parcerias com as Universidades, sociedade civil, organismos nãogovernamentais, dentre outros, tem se afigurado alternativas exitosas para a concretização donecessário aprimoramento da prestação jurisdicional.

O levantamento realizado completa-se com a análise por cada Estado sobre o modocomo efetivamente vem sendo realizada esta formação.

Apresenta-se a seguir três tabelas, divididas por carreira jurídica, ilustrando as respostasa cada uma das questões em torno das quais se estruturou o levantamento.

23. O retrato da formação dos magistrados, promotores de justiça edefensores públicos de acordo com os Estados pesquisados

MAGISTRATURA

Questão 1 - O direito da criança e do adolescente foi contemplado comomatéria a ser estudada no último edital de concurso de ingresso damagistratura, Ministério Público e defensoria.

Estado Sim Não Outras respostas

AcreAlagoasAmapáAmazonasBahiaCearáDistrito FederalGoiásEspírito SantoMaranhãoMato GrossoMato Grosso do SulMinas GeraisParáParaíbaParanáPernambucoPiauíRio de JaneiroRio Grande do NorteRio Grande do SulRondôniaRoraimaSão PauloSanta CatarinaSergipeTocantins

XX

X

X

XXX

XXXX

XX

X

XX

XXX

XX

X

X

Não informado

Não informado

10 questões

Não informado

92

93

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

MAGISTRATURA

Questão 2 - Se houve formação inicial para os aprovados em direito da criançae do adolescente (se possível indicando quanto tempo)?

Estado Sim Não Outras respostas

AcreAlagoasAmapáAmazonasBahiaCearáDistrito FederalGoiásEspírito SantoMaranhãoMato GrossoMato Grosso do SulMinas GeraisParáParaíbaParanáPernambucoPiauíRio de JaneiroRio Grande do NorteRio Grande do SulRondôniaRoraimaSão PauloSanta CatarinaSergipeTocantins

X

X

X

XX

XX

X

X

X

X

XX

XX

X

X

X

XXX

PalestraNão informadoNão informado

Apenas estágio nas varas8 horas

Só formação geral 80h

8 horas

4 horas8 horas

Não informado

8 horas - Visita às Varas da IJ4 horas

Não informado8 horas

Não informadoNão informado

8 horas

94MAGISTRATURA

Questão 3 - Se nos últimos seis meses houve algum curso de formaçãocontinuada em direito da criança e do adolescente pela Escola (damagistratura, MP ou defensoria). Não considerar ação da ABMP para isso

Estado Sim Não Outras respostas

AcreAlagoasAmapáAmazonasBahiaCearáDistrito FederalGoiásEspírito SantoMaranhãoMato GrossoMato Grosso do SulMinas GeraisParáParaíbaParanáPernambucoPiauíRio de JaneiroRio Grande do Norte

Rio Grande do Sul

RondôniaRoraimaSão PauloSanta CatarinaSergipeTocantins

X

X

XX

XXXXXXXXX

XXXX

XXXX

Não informadoNão informado

Não informado

Não informadoEspecialização 360 h/a

convênio com UFRN e MPRNCursos anuais deatualização -20hNão informadoNão informado

95

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

MINISTÉRIO PÚBLICO

Questão 1 - O direito da criança e do adolescente foi contemplado comomatéria a ser estudada no último edital de concurso de ingresso do MinistérioPúblico.

Estado Sim Não Outras respostas

AcreAlagoasAmapáAmazonasBahiaCearáDistrito FederalGoiásEspírito SantoMaranhãoMato GrossoMato Grosso do SulMinas GeraisParáParaíbaParanáPernambucoPiauíRio de JaneiroRio Grande do NorteRio Grande do SulRondôniaRoraimaSão PauloSanta CatarinaSergipeTocantins

XXXXX

X

XX

XXXXXX

X

XXXXXX

XX

X

X

Incluída em direitos difusos

Não informado

Incluída em direitos difusos

Não informado

96MINISTÉRIO PÚBLICO

Questão 2 - Se houve formação inicial para os aprovados em direito da criançae do adolescente (se possível indicando quanto tempo)?

Estado Sim Não Outras respostas

AcreAlagoasAmapá

AmazonasBahiaCearáDistrito FederalGoiásEspírito SantoMaranhãoMato GrossoMato Grosso do SulMinas GeraisParáParaíbaParanáPernambucoPiauíRio de JaneiroRio Grande do NorteRio Grande do SulRondôniaRoraimaSão PauloSanta CatarinaSergipeTocantins

XX

X

XX

XXX

X

XX

X

XX

X

X

XX

XXX

X

X

X

Carga horária não informadaIncluído em treinamento

geral CEAF

8 horas

4 horas8 horas

Não informado4 horas8 horas4 horas

Só apresentação do CAOIJ4 horas

2 dias8 horas

Não informado8 horas

Não informadoCarga horária não informada

4 horas

4 horas

97

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

MINISTÉRIO PÚBLICO

Questão 3 - Se nos últimos seis meses houve algum curso de formaçãocontinuada em direito da criança e do adolescente pela Escola (damagistratura, MP ou defensoria). Não considerar ação da ABMP para isso

Estado Sim Não Outras respostas

AcreAlagoasAmapáAmazonasBahiaCearáDistrito FederalGoiásEspírito SantoMaranhãoMato GrossoMato Grosso do SulMinas GeraisParáParaíbaParanáPernambucoPiauíRio de JaneiroRio Grande do Norte

Rio Grande do SulRondôniaRoraimaSão PauloSanta CatarinaSergipeTocantins

X

X

X

X

XXXXXXXXXX

X

XXXXX

X

XXX

Especial. 360h/a Escola MPNão informado

Encontros Regionais

Especialização em Direito dac/a 360- h/a em convênio

com a UFRN e TJRNNão informado

Carga horária não informada

Só oficinas

98DEFENSORIA PÚBLICA

Questão 1 - O direito da criança e do adolescente foi contemplado comomatéria a ser estudada no último edital de concurso de ingresso damagistratura, Ministério Público e defensoria.

Estado Sim Não Outras respostas

AcreAlagoasAmapá

AmazonasBahiaCearáDistrito FederalGoiás

Espírito SantoMaranhãoMato GrossoMato Grosso do SulMinas GeraisParáParaíba

Paraná

PernambucoPiauíRio de JaneiroRio Grande do NorteRio Grande do SulRondôniaRoraimaSão PauloSanta Catarina

SergipeTocantins

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Só advogados nomeadosnão houve concurso

Não informado

PrejudicadoNão foi implantada

Não informadoNão informado

Não informado

Não houve concursopara defensoria

PrejudicadoNão tem quadro criado por lei

Não informado

Não informado

PrejudicadoNão foi implantada

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O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

DEFENSORIA PÚBLICA

Questão 2 - Se houve formação inicial para os aprovados em direito da criançae do adolescente (se possível indicando quanto tempo)?

Estado Sim Não Outras respostas

AcreAlagoasAmapáAmazonasBahiaCearáDistrito FederalGoiásEspírito SantoMaranhãoMato GrossoMato Grosso do SulMinas GeraisParáParaíbaParanáPernambucoPiauíRio de JaneiroRio Grande do Norte

Rio Grande do SulRondônia

RoraimaSão PauloSanta Catarina

SergipeTocantins

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Não informado8 horas3 horas

Não informadoNão informado

Carga horária não informadaNão informado

4 horas4 horas

Não informado

8 horas2 horas

Não informadoPrejudicado

não tomaram posseNão informado

Prejudicadonão tomaram posse

Carga horária não informadaPrejudicado

não foi implantada

100DEFENSORIA PÚBLICA

Questão 3 - Se nos últimos seis meses houve algum curso de formaçãocontinuada em direito da criança e do adolescente pela Escola (damagistratura, MP ou defensoria). Não considerar ação da ABMP para isso

24. A necessidade de aprimoramento da formação inicial teórico-prática atodos ingressantes no Sistema de Justiça: um imperativo

O conhecido quadro das Academias Jurídicas, de não contemplar em seus currículos odireito da infância e da juventude, muitas vezes sequer como tema de áreas afins, e olevantamento realizado, evidenciam a premente necessidade de exigir-se que os cursos deformação inicial dos operadores do direito nas carreiras jurídicas contemplem de modo maisprofundo o direito da criança e do adolescente.

Estado Sim Não Outras respostas

AcreAlagoasAmapáAmazonasBahiaCearáDistrito FederalGoiásEspírito SantoMaranhãoMato GrossoMato Grosso do SulMinas GeraisParáParaíbaParanáPernambucoPiauíRio de JaneiroRio Grande do NorteRio Grande do SulRondôniaRoraimaSão PauloSanta Catarina

SergipeTocantins

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Não informado

Não informadoNão informado

Não informado

Não informado

Não informado

Não informado

Não informadoCarga horária não informada

Prejudicadonão foi implantada

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O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

A ABMP entende ser essencial que os critérios de recrutamento e formação demagistrados, promotores de justiça e defensores públicos,

[...] considerem a necessidade de prevalência do interesse público sobre as expectativasindividuais, para garantir o preenchimento dos cargos de elevada responsabilidadesocial. Na formação inicial torna-se fundamental a promoção de uma cultura decidadania, de responsabilidade, de isenção, de ética, de salvaguarda de garantia dedireitos fundamentais .

A ABMP entende que a especificidade da atuação na área da infância demandaformação inicial específica, contemplada na formação acadêmica durante um semestre e quepossa ser efetivada em, no mínimo, duas semanas, contando com aportes teóricos, visitas àsentidades para compreensão das funções dos atores do SGD e acompanhamento da dinâmicade funcionamento das varas da infância e juventude, promotorias de justiça e defensoriaspúblicas especializadas na temática.

Conforme levantamento recente referente ao acesso à justiça, foi constado que “ a áreade área de maior participação do Judiciário e de Agentes Afins foi a de criança e adolescente.No entanto, percebeu-se que o Judiciário e os Agentes Afins são atores indispensáveis nocálculo da formulação e implementação de políticas públicas. Em alguns casos, participamtambém das arenas públicas em torno da agenda de políticas de proteção da criança e doadolescente“

A formação inicial terá como escopo propiciar efetivamente condições de atuação aosoperadores do direito sem que recaiam em práticas marcadas pela malfada doutrina dasituação irregular, ainda sob o manto de estarem aplicando o Estatuto da Criança e doAdolescente. Pelo contrário, o desafio de uma formação inicial é de promoção uma atuaçãoconsentânea à visão sistêmica e articulada em rede a partir de uma visão construídainstitucionalmente de qual seja a missão a ser desempenhada por magistrados, promotores dejustiça e defensores públicos da infância e juventude, o que apenas pode se dar a partir domomento em que a área da infância e da juventude seja efetivamente considerada não apenascomo estratégica como fundante para o Sistema de Justiça brasileiro.

Não por outra razão, um dos eixos próximos de levantamento da ABMP concentra-sejustamente na existência de estruturas de coordenação e planejamento, como asCoordenadorias da Infância e da Juventude nos Tribunais de Justiça, os Centros de ApoioOperacional da Infância e da Juventude do Ministério Público e os Núcleos da Infância e daJuventude nas Defensorias Públicas. Mais ainda, num levantamento da existência deplanejamento de ações, dos seus eixos e metas e dos indicadores utilizados para sua aferição.

É fundamental, portanto, que a formação inicial destes operadores se dê também nomarco de ação destas estruturas, contribuindo para uma maior coerência e efetividade deações do Sistema de Justiça como um todo.

18

19

18

19

MENDES, Mário Tavares. A formação inicial e contínua de magistrados – uma perspectiva do Centro de Estudos Judiciáriosde Portugal. Revista CEJ. Brasília, n. 24, p. 23-29, jan/mar. 2004.

Análise da atuação institucional do poder judiciário e de agentes afins , Daniel Strauss, Volume 27, Julho de 2003(http://inovando.fgvsp.br/conteudo/documentos/cadernos_gestaopublica/CAD%2027.pdf)

10225. A formação continuada de magistrados, promotores de justiça edefensores públicos da infância e da juventude

26. O papel da Escola Nacional de Formação de Magistrados e do MinistérioPúblico na exigência de freqüência a cursos para início das atividades epromoção

Não basta, contudo, a exigência de estudos específicos em direito da criança e doadolescente para o ingresso nas carreiras jurídicas e uma formação inicial preparatória àspráticas jurídicas.

É fundamental que a formação contínua também ocupe um papel prioritário nasinstituições respectivas como modo de atualização permanente de conhecimento,intercâmbio de experiências profissionais concretas e de abertura e percepção dos novosproblemas com que se depara a vida judiciária.

Diante desse contexto, a formação específica sobre a temática parte da necessidade deque os Juízes, Promotores de Justiça, Defensores Públicos e todos os demais operadores doDireito, sem dúvida viabilizará a atuação eficiente, com vistas à efetividade dos direitosassegurados a tais grupos vulneráveis; à prevenção e à garantia da concretização das políticaspúblicas e seu correspondente financiamento, livre do empirismo, dotando-os de umaformação adequada para aquilo que lhes está sendo proposto, correspondente ao mister detodos os cidadãos e agentes políticos e públicos: a efetivação e respeito ao direito à dignidadeda pessoa humana.

A garantia de tais direitos perpassa ainda, necessariamente, o conhecimento acercadas competências atualmente afetas aos Municípios, Estados e União, notadamente no quediz respeito à gestão pública e execução orçamentária para implementação das políticassociais básicas e de atenção especial, em caso de violação de direitos, bem como pelainterdisciplinariedade necessária para compreensão dos fenômenos, enfrentamento eatuação institucional.

Com esse propósito, a formação específica na temática busca atender à necessidade deaperfeiçoamento a fim de viabilizar ainda o debate e a troca das idéias e posturas, com opropósito de criar a base ética, jurídica e filosófica necessária ao efetivo cumprimento daordem jurídica.

A Emenda Constitucional n. 45, de 08 de dezembro de 2004 estabeleceu a previsão decursos oficiais de preparação, aperfeiçoamento e promoção de magistrados, tomando-oscomo parte obrigatória do processo de vitaliciamento, desde que oficial ou reconhecido pelaEscola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados – ENFAM, criada pelaaludida Emenda (CF, art. 105, parágrafo único, I), que funciona junto ao Superior Tribunal deJustiça.

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O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Buscou-se a divisão dos cursos da seguinte forma: de formação para ingresso namagistratura e de aperfeiçoamento dos magistrados objetivando ao vitaliciamento e aocontinuado aprimoramento, o qual será imprescindível à promoção do magistrado e aoexercício de sua jurisdição.

Nesse sentido, o Conselho Superior da ENFAM, por intermédio das Resoluções n. 1 e 2,respeitando a autonomia das escolas na organização dos cursos, nos currículos, sobremaneiracomo forma de preservar as peculiaridades locais, vez que co-responsáveis no processo deformação continuada dos magistrados, entende que o curso de formação deverá ser etapafinal do concurso para ingresso na carreira de magistrado, nos termos do art. 93, IV, c/c o art.105, parágrafo único, I, da Constituição Federal, cabendo-lhe regular o aludido curso,definindo um currículo mínimo obrigatório, que deverá ser seguido pelas escolas estaduais efederais, com a observância de carga horária mínima de 480 horas-aulas, distribuídas emquatro meses de estudo, privilegiando-se, em sintonia com a resolução n. 3 do SuperiorTribunal de Justiça, situações práticas vivenciadas pelos magistrados, bem como relaçõesinterpessoais e institucionais que permitam a integração da magistratura com a sociedade.

A carga horária 30 horas por semestre, pelo período de dois anos, compreende o cursode aperfeiçoamento para os juízes em vitaliciamento, totalizado um número mínimo de 120horas para todo o curso, enquanto que o de aperfeiçoamento para fins de promoção deveráter o limite mínimo de 20 horas semestrais pelo período em que ficou na entrância inferior,para a Justiça estadual, e no cargo, para a Justiça Federal, ressaltando-se as alteraçõeslegislativas e situações práticas e teóricas delas decorrentes.

No âmbito do Ministério Público a Resolução de n. 2, de 21 de novembro de 2005, doConselho Nacional do Ministério Público, também sinaliza no sentido de serem estabelecidoselementos e critérios de formação, inclusive continuada, com vistas à promoção e remoçãopor merecimento, a cargo dos Conselhos Superiores dos Ministérios Públicos, o que vemsendo efetivado de forma geral, sem especificar, nos referidos atos, como e quais as áreas doconhecimento a serem trabalhadas.

Em relação à Defensoria Pública, inexiste deliberação em âmbito nacional nesteparticular, inclusive por parte do Conselho Nacional de Defensores Públicos Gerais –CONDEGE, muito embora vários Estados tenham constituído suas Escolas. Merece destaque acriação em São Paulo, através da Lei Complementar Estadual n. 988/06, do núcleoEspecializado da Infância e Juventude, espaço institucional que vem pautando a temática doDireito da Criança e do Adolescente.

É exatamente nesse contexto que a ABMP pontua uma definição política-institucionalpor parte dos órgãos de administração superior da Magistratura, do Ministério Público e daDefensoria Pública no sentido de contemplar, nos espaços de formação, inclusive continuada,de forma destacada e com absoluta prioridade, o Direito da Criança e do Adolescente.

104 Nesse sentido importante destacar recente decisão política no âmbito da EscolaNacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam) e do Conselho Nacional deJustiça (CNJ), na medida em que assinaram termo de cooperação para a realização de cursosde capacitação sobre a Lei n. 11.340/06 – a Lei Maria da Penha, tendo por objetivo promover acapacitação de multiplicadores e de juízes que atuam nas Varas e Juizados de ViolênciaDoméstica e Familiar contra a Mulher e nos Juizados Criminais que tenham como competênciao julgamento desse tipo de causa.

Decisões desse quilate deverão ser replicadas de modo, inclusive, a contemplar oDireito da Criança e do Adolescente. É o que a ABMP pretende e defende, numa parceria com aEnfam e CNJ.

A ABMP, em seus seminários de capacitação, tem percebido não apenas a necessidadede criação de cursos regulares de extensão e de especialização em direito da criança e doadolescente em todos os Estados do país, mas também que estes cursos sejam acessíveis aosoperadores do direito e a todos os atores do Sistema de Garantia de Direitos no interior.

Em razão disto, numa parceria com a Escola Paulista da Magistratura, Escola Superiordo Ministério Público do Rio Grande do Sul, as Faculdades de Direito, Serviço Social e Psicologiada Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, está estruturando, para início em 2009, umcurso à distância, modular, de extensão e, dependendo do interesse dos participantes, deespecialização em direito da criança e do adolescente.

A proposta, que conta com o apoio da Subsecretaria de promoção do direito da criançae do adolescente, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, visa propiciar uma formaçãointerdisciplinar não apenas aos operadores do direito mas também, com vistas a uma açãosistêmica e articulada em rede, nos moldes propostos pelo art. 86 do Estatuto da Criança e doAdolescente, aos demais atores do Sistema de Garantia de Direitos.

Com o intuito de propiciar as bases teóricas, mas também instrumentos práticos deatuação em cada setor e disciplina, sem prejuízo da articulação necessária dos diversos atoresdo Sistema de Garantia de Direitos, o curso pretende garantir uma base teórica comum, com apossibilidade de aperfeiçoamento em cada uma das disciplinas estruturantes do curso: direito,serviço social e psicologia.

27. A proposta da ABMP de curso de extensão e especialização à distância e aparceria com os Tribunais de Justiça, Procuradorias e Defensorias Públicas,mas a correlata obrigação de implementação de cursos de formaçãocontinuada

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O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Mais do que isto, tendo como intuito que os conhecimentos se transformem em açõese que estas propiciem a efetivação de direitos de crianças e adolescentes, o curso pretendefocar suas avaliações nas propostas de intervenção coletiva organizadas pelos atores doSistema de Garantia de Direitos de cada comarca ou região.

Neste contexto, a parceria de diversos outros parceiros da sociedade civil, com projetosde mobilização e intervenção social, encontrarão no curso um contexto propício para a efetivatransformação social, garantindo-se sinergia entre diversas ações, sempre qualificadas porconhecimentos de ponta naquilo que dita o interesse superior de crianças e adolescentes.

A proposta curricular do curso será estruturada a partir da experiência exitosa da EscolaSuperior do Ministério Público do Rio Grande do Sul que, há oito anos, conta com um curso deespecialização em direito da criança e do adolescente, com as seguintes temáticas:

Insumos para auxiliar na concepção de um sistema de educação que leve ao exercício pleno dacidadania e a uma compreensão mais aprofundada das referencias teórico-conceituaispossibilitando a redefinição da ética do professor. Abordagem transformadora das dimensõesfundamentais, aprendizagem, conhecimento e competência que orientam e definem aeducação. Os desafios do aperfeiçoamento profissional, considerando a complexidade, asustentabilidade e demais características da pós-modernidade e suas relações com o humano,a ciência, a cultura e o trabalho.

O tratamento jurídico e social dispensado à infância: evolução histórica. Caridade e filantropia.A crise da assistência à infância e a crise da Justiça de Menores. A normativa internacional e amudança de paradigma. Da Situação Irregular à Proteção Integral: inserção constitucional elegal e respectiva hermenêutica. A política do atendimento e a organização sistêmica.Reformas da institucionalidade e reordenamento. O Conselho de Direitos e o Conselho Tutelar:atribuições, organização e funcionamento. As medidas de proteção e as medidas aplicáveisaos pais ou responsável. A prevenção. O acesso à Justiça e a defesa judicial dos interessesindividuais, difusos e coletivos. Os procedimentos especiais e a Justiça da Infância e daJuventude.

A infância e a juventude como categorias distintas do adulto. Conceitos sob os pontos de vistasociológico e psicológico. As etapas do ciclo vital, com a especificidade da infância e daadolescência. Adolescência normal e patológica. Comportamentos de risco. Juventude,identidade e crise. Processos interacionais. A criança e a síndrome da alienação parental. Acriança vitima da Münchausen por procuração. A criança e o adolescente: síndrome deEstocolmo. Infância e bulyng.

ESTRUTURA CURRICULAR:

Educação e Cidadania

Estatuto da Criança e do Adolescente

Sociopsicologia da Infância e da Juventude

106Convivência Familiar da Criança e do Adolescente

Disciplina Jurídica da Socioeducação

Metodologia da Pesquisa Cientifica

Políticas de Atendimento para a Infância e na Juventude

Criança, adolescente e família natural: convivência, manutenção e ruptura de vínculos erespeito à condição da pessoa em desenvolvimento. A importância dos cuidados na primeirainfância. A colocação em família substituta (guarda, tutela e adoção) e seus problemas. Odireito de saber sobre a origem, a dinâmica da curiosidade, segredo e revelação. Ainstitucionalização e seus efeitos. Aspectos jurídicos e psicossociais.A questão da violência, dos maus tratos e do abuso sexual na infância. Violência: noções esuas repercussões na estruturação da subjetividade. Modalidades de violência. A violênciadoméstica. Conceito e formas de maus tratos. Modalidades de prevenção. O abuso sexual.Noção, modalidades e características do abusador e do abusado. O abuso sexual no núcleofamiliar. Técnicas de identificação do abuso sexual infantil. Histórico e epidemiologia.Diagnóstico e manejo. Avaliação familiar e tratamento.

Da indiferença à Proteção Integral: a mudança histórica do tratamento da delinqüênciajuvenil. A temática infracional na Convenção e nos documentos internacionais e seusdesdobramentos nas legislações dos países. Inimputabilidade e responsabilidade penaljuvenil. Natureza jurídica, princípios e fundamentos das medidas. Os direitos fundamentais eas garantias processuais do adolescente autor de ato infracional. O procedimento deapuração. O instituto da remissão. A execução das medidas.

Estudo das relações entre ciência, filosofia, formas de conhecimento e sua produção tendo emvista os dois grandes marcos paradigmáticos do desenvolvimento científico, evidenciando apesquisa e a metodologia científica como instrumentos para a promoção da capacidade deconstrução de conhecimento e formação de competência inovadora.Delinqüência Juvenil e Prevenção das Patologias do ComportamentoA delinqüência juvenil. Abordagem pelos modelos biológicos, sociológicos, psicológicos eintegracionistas. Transtorno de conduta e personalidade anti-social. A criança e o adolescentedelinqüentes e a sociedade criminógena. Noções de psicopatia: indicadores precoces. Apessoalidade abusiva e suas vitimas. Relação TDAH, conduta infratora e drogas.Toxicodependência e suicídio na adolescência. Modelos de prevenção em delinqüência juvenil.As teorias ressocializantes. A questão da periculosidade e da reincidência. Transtorno mental etécnicas de atendimento.

A realidade social da infância brasileira. Os direitos sociais, o registro de suas especificidadesrelacionadas à infância e à adolescência e a sua inserção no âmbito da política pública e naplanificação comunitária do atendimento. As políticas públicas: competências, estrutura,princípios norteadores, método, conteúdo e gestão. O papel da sociedade civil através de suasorganizações na formulação e gestão das políticas públicas

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O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Tópicos Especiais do Estatuto da Criança e do Adolescente

28. A infância e a juventude como prioridade na gestão do Judiciário. ABMP,CNJ e ENFAM

Temas residuais do Estatuto da Criança e do Adolescente. Entidades e programas: registro,inscrição e apuração de irregulares. A execução das medidas. A teoria e a prática naorganização e funcionamento dos programas de atendimento. A constatação da realidadeinstrumentalizada através de visitas orientadas, de leituras e de seminários interdisciplinares.

Com esta proposta, a ABMP coloca-se não apenas como parceira da Escola Nacional deFormação de Magistrados, mas de todas as Escolas da Magistratura, Ministério Público eDefensoria Pública do país, como também dos Conselhos de Direitos da Criança e doAdolescente e de universidades em geral para a sedimentação da base teórica necessária àplena garantia de direitos de crianças e adolescentes brasileiros.

A celebração dos 18 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, no mesmo ano emque se comemoram os 20 anos de Constituição Federal, portanto com a elevação de crianças eadolescentes a categoria de sujeitos de direitos fundamentais, é de especial importância para oSistema de Justiça nacional.

A Justiça da Infância e da Juventude é depositária destes valores e responsável pelagarantia de sua implementação. Sabemos todos que a transformação da realidade deiniqüidades sociais que marca a história deste país só se dará pelo efetivo exercício de direitospor crianças, adolescentes e suas famílias.

Em análise sobre este momento ímpar na história nacional, o Procurador de Justiça doEstado do Paraná, e associado da ABMP, Olympio de Sá Sotto Maior Neto, apontava que, “paraalém da espontânea atividade do administrador público em favor das crianças e adolescentes,o Sistema de Justiça – sob a égide do princípio constitucional da prioridade absoluta em favordas crianças e adolescentes (v. art. 227, da CF) – deve atuar, quando necessário, com efetivapreferência, afinco e eficiência na materialização das promessas de cidadania existentes naConstituição Federal e, principalmente, no Estatuto da Criança e do Adolescente para apopulação infanto-juvenil (cumprindo com responsabilidade não só profissional, mastambém política, social e ética), de molde a elevar em dignidade as respectivas funções doPoder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, entre outros”

Neste campo, é de se salientar a ação vanguardista e comprometida do ConselhoNacional de Justiça que enfaticamente recomenda aos Tribunais de Justiça no sentido daimplantação e manutenção das equipes previstas no art. 150, do Estatuto da Criança e doAdolescente.

Observações finais

20

20Sotto Maior Neto, Olympio de Sá. 18 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente: breve análise sob a ótica da doutrinada proteção integral e do princípio da prioridade absoluta. In: ABMP. Direitos humanos da criança e do adolescente:18 anos do ECA e da Convenção sobre os direitos da criança, 20 anos da Constituição Federal.

108 Infelizmente, como visto, passados dois anos dessa recomendação, não houveiniciativa à altura do compromisso constitucional pelos Tribunais de Justiça do país.

A ABMP acredita, todavia, faltar visibilidade ao tema e, mais que isto, estudos maisaprofundados que permitam indicar os rumos e os termos de uma efetiva transformação daJustiça da Infância e da Juventude no país.

Para tanto, dentre seus diversos e importantes parceiros, a ABMP pretende com estelevantamento estar construindo o primeiro passo de uma duradoura e frutífera parceria com oConselho Nacional de Justiça e a Escola Nacional de Formação de Magistrados noestabelecimento de pautas de aprimoramento do Sistema de Justiça da Infância e daJuventude brasileiro, apresentando dados, análises e recomendações, sempre com o intuitode garantir com qualidade e eficiência os direitos de crianças e adolescentes, contribuindo,assim, ao desempenho de sua missão e papel institucionais.

Este levantamento foi realizado por iniciativa e idealização do Conselho Executivo daABMP- Associação Brasileira de Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos daInfância e da Juventude, composta pelos seguintes membros:

Presidente:

1º Vice-Presidente:

2º Vice-Presidente:

1º Secretário:

2º Secretário:

Tesoureiro:

O levantamento, em cada Estado, foi realizado com o concurso dos coordenadores estaduaisda ABMP, que não apenas realizaram a pesquisa concreta, mas a tabulação dos dados.

29. Créditos e agradecimentos

Diretoria Executiva:

Eduardo Rezende Melo - Juiz de Direito- SP

Manoel Onofre de Souza Neto - Promotor de Justiça RN

Brigitte Remor de Souza May - Juíza de Direito SC

Helen Crystine Corrêa Sanches - Promotora de Justiça - SC

Vera Lúcia Deboni - Juiza de Direito RS

Silvana Corrêa Vianna - Promotora de Justiça - MT

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O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Coordenadores Estaduais

ACRE-AC

ALAGOAS – AL

AMAPÁ – AP

AMAZONAS - AM

BAHIA - BA

CEARÁ - CE

DISTRITO FEDERAL - DF

ESPÍRITO SANTO - ES

GOIÁS - GO

MARANHÃO - MA

Luana Claúdia de Albuquerque Campos TJKátia Guimarães MPCom especial e destacada colaboração do Promotor de Justiça, Almir Branco

Fernando Tourinho de Omena Souza - TJUbirajara Ramos MP

Cesar Augusto Souza Pereira - TJPaulo Celso Ramos dos Santos MP

Públio Caio Bessa Cyrino - MP

Valter Ribeiro Costa Junior - TJCarlos Martheo Crusoé Guanais Gomes MPHélia Barbosa - DP

Hugo José Lucena de Mendonça - MP

Anderson Pereira de Andrade - MP

Paulo Roberto Luppi TJPatrícia Calmon Rangel - MPCom especial colaboração da magistrada Fabrícia Gonçalves Calhau Novaretti e da promotora dejustiça Maria Zumira Teixeira Bowen

Carlos José Limongi Sterse TJCarlos Alexandre Marques MP

Ângela Salazar - TJMárcio Thadeu Silva Marques MPCom especial e destacada colaboração da promotora de justiça, Sandra Soares de Pontes

110 MATO GROSSO - MT

MATO GROSSO DO SUL - MS

MINAS GERAIS - MG

PARÁ - PA

PARAÍBA - PB

PARANÁ - PR

PERNAMBUCO - PE

PIAUÍ - PI

RIO DE JANEIRO - RJ

RIO GRANDE DO NORTE- RN

Cleuci Terezinha Chagas - TJJosé Antonio Borges Pereira MP

Carlos Alberto Garcete de Almeida - TJAriadne de Fátima Cantú Silva MPRenata Gomes Bernardes Leal DP

Valéria da Silva Rodrigues TJGustavo Rodrigues Leite MPCom especial colaboração do promotor de justiça Márcio Rogério de Oliveira

José Maria Teixeira do Rosário TJMaria do Socorro Martins Carvalho Mendo MPNádia Bentes DELEGACIA DE POLÍCIA

Virgínia Gaudêncio de Novaes TJSoraya Soares da Nóbrega Escorel MP

Maria Roseli Guiessmann - TJMárcio Soares Berclaz - MP

Karla Fabíola Rafael Peixoto Dantas TJMaxwell Anderson de Lucena Vignoli MPLaura Maria de Albuquerque DP

Maria Luiza de Moura Mello e Freitas TJVera Lúcia da Silva Santos - MPAlynne Patrício de Almeida - DP

Cristiana de Faria Cordeiro - TJ

Marcus Vinícius Pereira Júnior - TJUliana Lemos de Paiva - MP

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O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

RIO GRANDE DO SUL - RS

RONDÔNIA - RO

RORAIMA - RR

SÃO PAULO - SP

SANTA CATARINA - SC

SERGIPE - SE

TOCANTINS-TO

Marcelo Malízia Cabral TJÉlcio Resmini Menezes MPCláudia Aparecida de Camargo Barros DP

Ana Valéria de Queiroz Santiago Zipparro TJMarcelo Lima de Oliveira - MPMárcia Regina Pini - DP

Mauro Campello - TJMárcio Rosa da Silva - MP

Breno Gimenes Cesca - TJAndrea Santos Souza - MPDiego Soares Ramos - DP

Mauro Ferrandim - TJMarcelo Gomes da Silva - MP

Edinaldo Cesar Santos Junior - TJMaria Conceição de Figueiredo. R. Mendonça -MP

Julianne Freire Marques - TJZenaide Aparecida da Silva - MPJoaquim Pereira dos Santos - DP

Elio Braz Mendes - Magistrado(a) P ernambuco

Graciete Sotto Mayor Ribeiro - Magistrado(a) Roraima

Richard Paulro Pae Kim - Magistrado São P aulo

O levantamento contou ainda com o apoio estratégico de organização dos coordenadoresregionais da ABMP:

Coordenador Região Nordeste:

Coordenador Região Norte:

Coordenador Região Sudeste:

112 Coordenador Região Sul:

Coordenador Região Centro Oeste:

A tabulação dos dados e sua organização contou com a imprescindível colaboração doProfessor José Marcos Zanella Pinto, da Faculdade de Direito de Mogi Mirim, no Estado de SãoPaulo, a quem manifestamos especial agradecimento. Sua participação na elaboração destelevantamento deveu-se ao concurso e colaboração da coordenadora estadual pelo MinistérioPúblico do Estado de São Paulo, a promotora de justiça Andréa dos Santos Souza, igualmenteprofessora em referida Faculdade.

A análise dos dados e elaboração do relatório foi realizada pelos seguintes diretores:

Presidente:

1º Vice-Presidente:

2º Vice-Presidente:

1º Secretário:

A análise dos dados e recomendações referentes às equipes técnicas contou ainda coma indispensável colaboração da Associação de Assistentes Sociais e Psicólogos do Tribunal deJustiça do Estado de São Paulo, particularmente na pessoa de sua presidente, a psicólogaDayse César Franco Bernardi, a quem manifestamos especial agradecimento.

A revisão do levantamento foi realizada pela diretora - Promotorade Justiça – MT, com destacada colaboração de Dayse César Franco Bernardi.

Um agradecimento especial deve ser feito às seguintes pessoas que contribuíram nareflexão sobre os parâmetros populacionais para a criação de varas especializadas comcompetência exclusiva em infância e juventude: Alison Sutton, oficial do UNICEF; ValeriaMaria de Massarani Gonelli, do Ministério do Desenvolvimento Social e Carmen Silveira deOliveira, Subsecretária de promoção dos direitos da criança e do adolescente, da SecretariaEspecial de Direitos Humanos.

Por fim, um reconhecimento particular à nossa secretária-executiva, Marly Cecília NegriCoimbra, que deu o suporte necessário à finalização deste levantamento.

Brasília, julho de 2008

Marcelo Carlin - Magistrado(a) - Santa Catarina

Jones Gattass Dias Magistrado - MT

Eduardo Rezende Melo - Juiz de Direito- SP (varas especializadas, equipes técnicas e formação)

Manoel Onofre de Souza Neto - Promotor de Justiça RN (formação)

Brigitte Remor de Souza May - Juíza de Direito SC (equipes técnicas)

Helen Crystine Corrêa Sanches - Promotora de Justiça SC (formação)

Silvana Corrêa Vianna

ABMPAssociação Brasileira de Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos da Infância e da Juventude

113

O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

30. Anexos

1 - COMUNICADO DRH Nº 308/2004 - Atribuições de Assistente Social Judiciário Publicado noD.O.J de 12/03/2003. – TJ/SP

1- Atender determinações judiciais relativas à prática do Serviço Social, em conformidade coma legislação que regulamenta a profissão e o Código de Ética profissional.

2- Proceder a avaliação dos casos, elaborando estudo ou perícia social, com a finalidade desubsidiar ou assessorar a autoridade judiciária no conhecimento dos aspectos sócio-econômicos, culturais, interpessoais, familiares, institucionais e comunitários.

3- Emitir laudos técnicos, pareceres e resposta a quesitos, por escrito ou verbalmente emaudiências e ainda realizar acompanhamento e reavaliação de casos.

4- Desenvolver, durante o Estudo Social e/ou Plantão de Triagem, ações de aconselhamento,orientação, encaminhamento, prevenção e outros, no que se refere às questões sócio-jurídicas.

5- Desenvolver atividades específicas junto ao cadastro de adoção nas Varas da Infância eJuventude, CEJA e CEJAI.

6- Estabelecer e aplicar procedimentos técnicos de mediação junto ao grupo familiar emsituação de conflito.

7- Contribuir e/ou participar de trabalhos que visem a integração do Poder Judiciário com asinstituições que desenvolvam ações na área social, buscando a articulação com a rede deatendimento à infância, juventude e família, para o melhor encaminhamento.

8- Acompanhar visitas de pais às crianças, em casos excepcionais, quando determinadojudicialmente.

9- Fiscalizar instituições e/ou programas que atendam criança e adolescente sob medidaprotetiva e/ou em cumprimento de medida sócio-educativa, quando da determinação judicial,em conformidade com a Lei 8069/90.

10- Realizar trabalhos junto à equipe multiprofissional, principalmente com o Setor dePsicologia, com objetivo de atender à solicitação de estudo psicossocial.

11- Elaborar mensal e anualmente relatório estatístico, quantitativo e qualitativo sobre asatividades desenvolvidas, bem como pesquisas e estudos, com vistas a manter e melhorar aqualidade do trabalho.12- Atuar em programas de treinamento de Juízes e Servidores, inclusive os de capacitação de

"ATRIBUIÇÕES DO ASSISTENTE SOCIAL JUDICIÁRIO"

114 Assistentes Sociais Judiciários, como Coordenador, Monitor e Palestrante, promovidos peloTribunal de Justiça.

13- Supervisionar estágio de alunos do curso regular de Serviço Social, mediante préviaautorização do Tribunal de Justiça.

14- Planejar e coordenar as atividades técnicas e administrativas específicas do setor social.

15- Elaborar e manter atualizado cadastro de recursos da comunidade.

16- Elaborar, implementar, coordenar, executar e avaliar, controlando e fiscalizando senecessário, planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social,de acordo com as diretrizes fixadas pela E. Presidência, nos serviços de atendimento amagistrados e servidores.

17- Assessorar a Alta Administração sempre que necessário, nas questões relativas à matériado Serviço Social.

2. - COMUNICADO DRH Nº345/2004 - Atribuições de Psicólogo Judiciário

(publicado no D.O.J de 26/05/2004) - TJ/SP

COMUNICADO Nº345/2004 - DRH (publicado no D.O.J de 26/05/2004)

O Departamento Técnico de Recursos Humanos - DRH, em cumprimento a r. decisão da E.Presidência, exarada no Processo DRH nº 22/2001 divulga, para conhecimento geral, o quesegue:

1- Proceder a avaliação de crianças, adolescentes e adultos, elaborando o estudo psicológico,com a finalidade de subsidiar ou assessorar a autoridade judiciária no conhecimento dosaspectos psicológicos de sua vida familiar, institucional e comunitária, para que o magistradopossa decidir e ordenar as medidas cabíveis;

2- Exercer atividades no campo da psicologia jurídica, numa abordagem clínica, realizandoentrevistas psicológicas, individuais, grupais, de casal e família, além de devolutivas; aplicartécnicas psicométricas e projetivas, observação lúdica de crianças, crianças/pais, paracompreender e analisar a problemática apresentada elaborando um prognóstico; proporprocedimentos a serem aplicados;

3- Realizar estudo de campo, através de visitas domiciliares, em abrigos, internatos, escolas e

"ATRIBUIÇÕES DO PSICÓLOGO JUDICIÁRIO

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O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

outras instituições, buscando uma discussão multiprofissional, intra e extra equipe, pararealizar o diagnóstico situacional e a compreensão da psicodinâmica das pessoas implicadasna problemática judicial em estudo;

4- Proceder encaminhamento para psicodiagnóstico, terapia e atendimento especializado(escolar, fonoaudiológico, etc);

5- Realizar o acompanhamento de casos objetivando a clareza para definição da medida,avaliando a adaptação criança/família; reavaliando e constatando a efetivação de mudanças;verificando se os encaminhamentos a recursos sociais e psicológicos oferecidos nacomunidade, e a aplicação das medidas de proteção e sócio educativas foram efetivados;

6- Aplicar técnicas de orientação, aconselhamento individual, casal e de família;

7- Fornecer subsídios por escrito (em processo judicial) ou verbalmente (em audiência), emitirlaudos, pareceres e responder a quesitos;

8- Executar o cadastramento de casais interessados em adoção, de crianças adotáveis, criançase adolescentes acolhidos, de recursos e programas comunitários psicossociais e de áreas afins(educação, saúde, cultura e lazer), além de treinamento de famílias de apoio, visando areinserção à família biológica ou substituta;

9- Promover a prevenção e controle da violência intra e extra familiar, institucional contracrianças e adolescentes e de condutas infracionais;

10- Ministrar supervisão de estagiários na Seção de Psicologia do Poder Judiciário no Estado deSão Paulo, aulas, palestras e assessorias técnicas em treinamento, participar de cursos,seminários e supervisão relacionados à área da Psicologia Judiciária;

11- Elaborar pesquisas e estudos, ampliando o conhecimento psicológico na área do Direito eda Psicologia Judiciária, levantando o perfil dos atendidos e dos Psicólogos e AssistentesSociais do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo;

12- Fornecer indicadores para formulação de programas de atendimento, relacionados amedidas de proteção sócio-educativas, na área da Justiça da Infância e Juventude, auxiliandona elaboração de políticas públicas, relativas à família, à infância e à juventude;

13- Orientar e intervir em equipes de trabalho visando a melhoria da comunicação das relaçõesinterpessoais, promovendo maior entendimento do papel da Instituição Judiciária;

14- Avaliar, analisar, diagnosticar e orientar casos de servidores e magistrados;

15- Atuar em programas de capacitação e treinamento de Psicólogos e Assistentes Sociais

116 Judiciários, Juízes e Servidores sobre as atribuições e competências na Instituição Judiciária,como coordenador, monitor e palestrante, promovidos pelo Tribunal de Justiça do Estado deSão Paulo, bem como a convites oficiais para entidades afins;

16- Participar de projetos que visem à análise, estudo e diagnóstico das condições de trabalhonas Seções de Psicologia e Serviço Social Judiciários, buscando o aperfeiçoamento das funçõesdesenvolvidas, propondo nova forma de atuação;

17- Elaborar pareceres técnicos e informações, assessorando à Administração visandoesclarecimento, informação e orientação quanto às funções exercidas pelos Assistentes Sociaise Psicólogos na Instituição Judiciária.

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O Sistema de Justiça da Infância e da Juventude nos 18 anos do Estatuto da Criança e do AdolescenteDesafios na Especialização para a Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes

Concepção, Sistematização e Texto:

Projeto Editorial:

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