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O texto literário
Profª Neusa
CAJUÍNA
existirmos, a que será que se destina?
pois quando tu me deste a rosa pequenina
vi que és um homem lindo e que se acaso a
sina
do menino infeliz não se nos ilumina
tampouco turva-se a lágrima nordestina
apenas a matéria vida era tão fina
e éramos olharmo-nos intacta retina
a cajuína cristalina em Teresina
(Caetano Veloso)
Torquato Neto
Sheherazade , 2008 (Hilal Sami Hilal)
Texto literário Texto não-literário
- Conotação - Denotação
- Função estética - Função utilitária
-Transfiguração da realidade - Objetivo: informar
-Plurissignificativo - Unívoco
- Função poética - Função referencial
Narrativa: Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. Quantos minutos gastamos naquele jogo?
Assis, Machado. Dom Casmurro, Capítulo XXXII / OLHOS DE RESSACA
Gênero lírico Cantiga da Ribeirinha
No mundo non me sei parelha,
Mentre me for como me vai,
Cá já moiro por vós, e - ai!
Mia senhor branca e vermelha.
Queredes que vos retraia
Quando vos eu vi em saia!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, desd'aquel'di, ai!
Me foi a mi mui mal,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e bem vos semelha
D'haver eu por vós guarvaia,
Pois eu, mia senhor, d'alfaia
Nunca de vós houve nem hei
Valia d'ua correa. Paio Soares de Taveirós
Cantiga de
amor
Gênero lírico
Fui eu, madre, lavar meus cabelos
a la fonte e paguei-m'eu d'elos
e de mí, louçana.
Fui eu, madre, lavar mias garcetas
a la fonte e paguei-m'eu delas
e de mí, louçana.
A la fonte e paguei-m'eu deles,
alo achei, madr', o senhor deles
e de mí, louçana.
Ante que me eu d'alí partisse,
fui pagada do que me el disse
e de mí, louçana.
João Soares Coelho
Cantiga de
amigo
Gênero dramático: Auto da Barca do Inferno
O primeiro intrelocutor é um Fidalgo que chega com um
Paje, que lhe leva um rabo mui comprido e üa cadeira de
espaldas. E começa o Arrais do Inferno ante que o Fidalgo
venha.
(...)
DIABO Oh, que caravela esta! Põe bandeiras, que é festa.
Verga alta! Âncora a pique!
- Ó poderoso dom Anrique,
cá vindes vós?... Que cousa é esta?...
Vem o Fidalgo e, chegando ao batel infernal, diz:
FIDALGO Esta barca onde vai ora,
que assi está apercebida?
DIABO Vai pera a ilha perdida,
e há-de partir logo ess'ora.
(...)
DIABO Em que esperas ter guarida?
FIDALGO Que leixo na outra vida
quem reze sempre por mi.
DIABO Quem reze sempre por ti?!..
Hi, hi, hi, hi, hi, hi, hi!...
E tu viveste a teu prazer,
cuidando cá guarecer
por que rezam lá por ti?!...
Embarca - ou embarcai...
que haveis de ir à derradeira!
Mandai meter a cadeira,
que assi passou vosso pai. (Gil Vicente)
Gênero épico
As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
Camões, Os Lusíadas