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Seminário Regional de Desenvolvimento Urbano: “habitação de interesse social: dilemas e perspectivas” Participação e produção do espaço cotidiano Rita de Cássia Lucena Velloso observatório de políticas urbanas opur/ puc minas – observatório das metrópoles O urbano contemporâneo e as condições da produção de moradia no Brasil

O urbano contemporâneo e as condições da produção de moradia no Brasil

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Apresentação utilizada durante o Seminário Política de Desenvolvimento Urbano - Habitação de Interesse Social: Dilemas e Perspectivas, realizado pelo CRESS-MG, em outubro de 2011, em BH.

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Seminário Regional de Desenvolvimento Urbano: “habitação de interesse social: dilemas e perspectivas”Participação e produção do espaço cotidiano

Rita de Cássia Lucena Vellosoobservatório de políticas urbanasopur/ puc minas – observatório das metrópoles

O urbano contemporâneo e as condições da produção de moradia no Brasil

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moradia

• Elemento material e simbólico que enraíza a dinâmica da vida urbana.

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Luta social

• fusão de conflitos e reivindicações• Experiências advindas da exploração do

trabalho e da espoliação urbana• Interconexões entre as lutas no bairro e na

fábrica (1978-1980)

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Pensar a terra urbana como capital

• Papel da renda fundiária urbana como suporte do processo de acumulação que se dá na indústria da construção civil.

• A renda fundiária urbana como fundamento, como elemento constitutivo da uma atividade produtiva.

• Especulação não é desligada da produção real, é elemento constitutivo de uma atividade produtiva.

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Francisco de Oliveira

• “como o espaço socialmente produzido se põe a serviço da acumulacão de capital e, em especial, como esse espaço socialmente produzido sustenta uma atividade produtiva tecnicamente atrasada. E de como, não por acaso, de uma forma contraditória, exatamente por utilizar esse espaço socialmente produzido, uma atividade produtiva tecnicamente atrasada pode ser das mais lucrativas.”

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Espoliação urbana

• L. Kovarick • Somatória de extorsões que opera pela

inexistência ou precariedade dos serviços de consumo coletivo, pelo acesso dificultado à terra e à moradia, pela dificuldade de obtenção das condicões socialmente necessárias para a reprodução dos trabalhadores.

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Contradições urbanas e experência urbana

• Manuel Castells e E.P. Thompson• Grupos sociais vivenciam uma experiência de

exclusão e sobre essa vivência produzem um discurso e uma ação de caráter coletivo.

• Experiência em termos de coletividade

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Metrópole do subdesenvolvimento industrializado

• 1970: estudos macro estruturais (relação entre o capitalismo e a produção de desigualdade e segregação)

• 1980: estudos urbanos centrados nos movimentos sociais (grupos, categorias, estratos sociais reunidos para reivindicar condicões urbanas de vida)

• 1990: direitos de cidadania (formulação de políticas públicas)

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Cidadania, subcidadania, exclusão social

• Debate sobre a pobreza urbana: novas categorias presentes no debate internacional e nacional das ciências sociais.

• Debate travado nos anos 1970 e 1980: auto-construção de moradias nas metrópoles nacionais.

• Casa própria: núcleo de sociabilidade baseada em contatos primários; realizacão de projeto individual de existência – seguranca real e simbólica da propriedade.

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Habitacão de interesse social

• Pesquisa urbana: realidae empírica e diálogo com a teoria

• Brasil 1970• Arquitetura e Sociologia urbana 1970: de fonte

marxista, nos contextos nacional e internacional• Lutas urbanas: temas da cidadania e da

participação sobem ao primeiro plano; dinâmica das reivindicações por condições de moradia e trabalho

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Produção, apropriação, consumo do espaço nas cidades brasileiras.

• O desenvolvimento brasileiro é elitista.• o espaço reproduz esses processos = reprodução espacial.• Concentração de renda = concentracão espacial (do centro

verticalizado em direção às periferias horizontalizadas)• Lógica da segregação (pobres) e da auto segregação

(elites): lógica da oferta de serviços, equipamentos e infra-estrutura urbanos.

• Política de desenvolvimento intra-urbano: regularizacão fundiária.

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Cidades Brasileiras: democracia sustentável

Criar um caminho de planejamento e gestão que contrarie o rumo predatório –social e ambiental- que a cidades brasileiras seguem atualmente exige alguns pressupostos:

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Criar a consciência da cidade real e indicadores de qualidade de vida.

Criar um espaço de debate democrático com vistas a efetivar as reformas administrativas.

Formulação de políticas de curtíssimo, médio e longo prazo.

Formação de quadros e agentes para uma ação integrada.

Aperfeiçoamento e democratização da informação.

planejamento para regiões metropolitanas.

A bacia hidrográfica como referência para o planejamento e gestão.

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Estrutura do espaço

• Teoria dos lugares centrais• Conceito de pólos de desenvolvimento• Formação de redes de cidades no território• Estruturação de processos intra-urbanos• Tamanhos das cidades resultam de

especializacão na prestacão de serviços/base econômica de serviços (comércio, cultura, lazer, educação, saúde)

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O que faz de um lugar uma cidade?

• Da luta de classes à luta pelos lugares• A perspectiva do trabalho sobre as múltiplas

escalas. Da cidade região à rua.• Do macro espaço da cidade ao micro espaço

do corpo.• Análise política da urbanização: as relações

sociais de produção, os avanços técnicos.

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Produção versus apropriação

• Dizer como, quando, para quem e por quem o espaço é construído.

• Toda participação significa práxis social.

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Analisar o processo de formação e desenvolvimento do espaço

• Angulacão sócio-política global e estrutural.• Transformação da terra em mercadoria:

mercado da terra• Renda da terra: valor que os imóveis assumem

no mercado imobiliário

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Fatores chave-determinantes da estrutura urbana

• Fatores estruturais no processo de planejamento: permitem atuar sobre uma parcela da realidade que pode, por sua própria potência, modificar o contexto urbano.

• Variável-chave: renda da terra, explica a transferência de renda entre classes e grupos sociais; percursos por onde se entende a organização da sociedade no território

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Participação que leva necessariamente em conta a questão espacial

Todo uso do espaço é político.Mesmo que desempenhado desatentamente.

Pensar como um artesão é execitar uma capacidade de imaginar, reconstruir a história dos objetos, dos lugares.

Alcançar um novo entendimento das realidades físicas

Se esforçar para descobrir como funciona o lugar ao seu redor.Nunca se afastar dos fatos concretos

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território• O conceito de território vincula espaço e soberania. Na perspectiva geográfica, política e

cultural. Território, bem como seus processos de territorialização, são relaçõse de poder. Processo de domínio político-econômico e ou de apropriação simbólico-cultural do espaço pelos grupos humanos

• É o uso do território que faz dele objeto da análise social. É forma impura, um híbrido. O território são formas, mas o que tem de permanente é ser nosso quadro de vida. Mesmo nos lugares onde os vetores da mundialização são mais operantes e eficazes, o território habitado cria novas sinergias.

• Um território funciona em verticalidades (lugares em rede; pontos distantes uns dos outros ligados por formas sociais e processos sociais; vetores entropicos) e horizontalidades (domínios contíguos, de).

• Antes das redes e além delas há o espaço banal, o espaço de todos (François Perroux e Jacques Boudeville).

• “As unidades de medida não caracterizam o real mas uma realidade que se quer alcançar”.

• Identidades micro-regionais: novos paradigmas de organização territorial

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participando

• A participação se torna uma parte organizada (e potencialmente manipulada) de qualquer projeto de regeneração, na qual os usuários devem ter voz, mas cujo processo sufoca os sons que surgem. O problema é que o termo participação é aceito acriticamente, e noções idealizadas que centram em conceitos de consenso estão implícitas.

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participando• A participação precisa diferenciar entre as demandas dos clientes e os

desejos dos usuários. • Arquitetos, precisando de clientes com poder e dinheiro, geralmente

estão do lado daqueles no poder e dispostos a abraçar e expressar, em termos de construção, a ideologia e economia desses clientes, em detrimento dos desejos dos usuários em potencial.

• Acontece então uma remoção do público em geral do processo da produção arquitetônica, o qual, por sua vez, leva a uma sensação de alienação dos usuários de seu ambiente.

• A modernização significou a remoção das pessoas das decisões, à medida que camadas de burocracia e procedimentos especializados compelem os especialistas a intervir entre o usuário e a edificação. Esses peritos trazem consigo seus próprios sistemas de valores que freqüentemente são estranhos aos dos usuários.

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participando• Uma lacuna assim se abre entre o mundo como construído e o mundo

como preciso e desejado: para vermos os efeitos dessa lacuna, não precisamos olhar além dos projetos de habitação de massa da primeira metade de século XX, período durante o qual uma versão padronizada de viver e noções abstratas de “comunidade” foram impostas estaticamente por uma burocracia supostamente benevolente, em vez de permitir que elas crescessem mais espontaneamente, de acordo com os desejos das pessoas.

• A participação efetivamente se dirige a essa brecha, através do envolvimento do usuário nas etapas iniciais da produção arquitetônica, levando a um ambiente que não apenas tem um sentido de propriedade, mas que também é mais capaz de responder a mudanças. Indo além dos enfoques técnico e econômico da arquitetura, a participação inevitavelmente se engaja com o político, um termo freqüentemente negado pelos arquitetos na avaliação de seu trabalho.

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participando• Na política global contemporânea, onde questões sobre democracia são tão

contestadas, a real participação do processo de mudança está se tornando cada vez mais rara, ao mesmo tempo em que ela cada vez mais necessária.

• Se esperamos que as pessoas sintam a sensação de pertencerem ao mundo no qual moram, um envolvimento nos espaços que eles habitam é um bom ponto de começo.

• Isso se reflete numa leitura da arquitetura como a ocupação do espaço por seres sensatos, politizados, não à arquitetura como processo tecnicamente determinado ou estética rarefeita.

• A dimensão política é por demais evitada ao se diferenciar entre o funcional e o estético, tratando o primeiro como um território implicitamente alvo da ergonomia e eficiência, e vendo o segundo como um tipo de língua privada supostamente acima do debate político.

• o funcional e o estético não são termos neutros, isolados, mas devem ser inseridos dentro de um mundo politizado mais complexo. A introdução da política leva a participação além do expediente e pragmático, forçando-a a se engajar com questões que, a longo prazo, farão a arquitetura mais responsiva e responsável.

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Participar é exercer uma práxis social

• Governar em conjunto• Superar a alienação, promover a autonomia.