O uso Cirurgia Guiada na Reabilitação Unitária em Região Estética

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  • 7/29/2019 O uso Cirurgia Guiada na Reabilitao Unitria em Regio Esttica

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    Geninho ThomDoutor em Implantodontia;

    Diretor Cientfico da Neodent e do ILAPEO;Caio Hermann

    Doutor em Prtese sobre Implante;Jos Guilherme de Paula Thom

    Graduado em Odontologia;Ivete Aparecida de Mattias Sartori

    Doutora em Reabilitao Oral;Vice-Diretora do ILAPEO;

    Ana Claudia Moreira Melo

    Doutora em Ortodontia;

    INTRODUO

    O USO DA

    CIRURGIA GUIADANA REABILITAO UNITRIA

    EM REGIO ESTTICA

    A reabilitao com implantes dentrios osseointegrveis foi4originalmente proposta por Branemark (1969) em dois

    estgios cirrgicos. Entretanto, devido ao constanteavano da implantodontia aliado fundamentao

    cientfica, a possibilidade de reabilitao com cargaimediata em um nico procedimento cirrgico tornou-se

    3,9,13,14uma realidade na implantodontia .

    A previsibilidade do sucesso a longo-prazo dasreabilitaes com implantes dentrios depende de umdiagnstico pr-operatrio preciso. Desta forma, o uso derecursos disponveis para um planejamento adequado defundamental importncia. Neste contexto as tomografias

    1,7computadorizadas so instrumentos que permitem aavaliao da disponibilidade ssea para instalao de

    implantes e visualizao de estruturas anatmicas crticas7,10,11,12no planejamento .

    Mais recentemente a introduo de sistemas de imagemtr id imens iona l assoc iados aos conce i tos deestereolitografia, tornaram possvel, por meio demodelagem computacional, a confeco de prottipos eguias cirrgicos que se apoiam diretamente sobre o tecido

    5,11,15sseo . Assim, conceitos como o posicionamento idealdos implantes, planejamento de suas dimenses eangulao ideal, associado ao planejamento reverso, ou

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    CASO CLNICO

    seja, a instalao de implantes guiados pela prtese, podemser estudados previamente ao ato cirrgico de forma que a

    6,10,16reabilitao prottica tenha o melhor resultado .

    Contudo, com o intuito de proporcionar maior confortopara os pacientes, surgiram propostas de cirurgias guiadassem abertura de retalho. Isto possvel a partir de guiascirrgicos de estereolitografia que podem ser posicionados

    1diretamente sobre a mucosa . Essa tcnica tem comobenefcios a reduo do tempo cirrgico e do tempo detratamento. Por ser uma tcnica menos invasiva, h menorchance de edema e dor ps-operatria, alm de

    8cicatrizao mais rpida .

    A tcnica da cirurgia guiada sem retalho pode ser utilizadaem inmeras situaes clnicas, como reabilitaes totaisde maxila e mandbula, parciais e implantes unitrios.Nestas duas ltimas situaes o guia cirrgico prototipado apoiado em estruturas mais estveis (dentes), permitindo

    preciso e estabilidade na aplicao desta tcnica. Estetrabalho tem como objetivo descrever um caso clnico coma tcnica de cirurgia guiada (Neoguide) em implanteunitrio em regio esttica.

    Paciente T.D.P.P, 21 anos, compareceu Clnica do InstitutoLatino Americano de Pesquisa e Ensino Odontolgico(ILAPEO) a fim de reabilitar, com implante dentrio, aregio de incisivo central superior esquerdo o qual havia

    sido perdido por fratura. O paciente relatou ter sidosubmetido a tratamento ortodntico para adequao daocluso e manuteno do espao prottico, comsubsequente confeco de prtese parcial provisria noelemento em questo. Diante da avaliao clnica eradiogrfica (figura 1a, 1b e 1c) foi proposto a instalao deimplante osseointegrado utilizando a tcnica da cirurgiaguiada sem abertura de retalho.

    Inicialmente foram realizadas moldagens do arco superiore inferior, seguida da montagem em articulador,

    enceramento de diagnstico e prova do mesmo, avaliandofuno e esttica do caso para a instalao do implantesegundo a posio ideal. Procedeu-se ento a confeco doguia tomogrfico (GT) (figura 2). O guia foi ajustado emboca para que ocorresse perfeita adaptao sobre osdentes durante sua insero e remoo (figura 3). Emseguida foram realizados pequenas perfuraes esfricascom brocas de 2mm dimetro, em cinco pontosdistribudos na regio da flange vestibular: um na linhamdia e dois de cada lado, sendo um na regio do primeiropr-molar e outro na regio do segundo molar. As

    perfuraes foram preenchidas com guta-percha (figura 4),

    com o objetivo de facilitar a sobreposio das imagens dastomografias que sero feitas. O paciente foi orientado arealizar tomografia computadorizada, inicialmente com oGT e posteriormente somente do GT.

    As imagens foram armazenadas em CD e exportadas parao software DentalSlice (Bioparts, Braslia), iniciando-se,assim, o planejamento cirrgico-prottico.

    Aps a instalao virtual do implante e seleo dointermedirio prottico no modelo 3D, o planejamento foienviado pela internet para a Bioparts onde um guiacirrgico foi prototipado pela tecnologia SLA (figura 5a e5b). Este guia contm extruses cilndricas onde anilhasmetlicas foram inseridas para transferir com preciso aposio e inclinao dos implantes, de acordo com oplanejamento pr-estabelecido.

    FIGURAS 1A -Situao clnica inicial.B -Vista oclusal. C -Rx panormico inicial.

    FIGURA 2 - Guia tomogrfico (GT).

    FIGURA 3 -Prova do GT.

    FIGURA 4 - Guia tomogrfico com perfuraes

    preenchidas com guta-percha.

    A B

    C

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    Foi utilizada medicao pr-operatria conformeprotocolo do Ilapeo, alm dos cuidados com anti-sepsiaintra e extrabucal. O guia cirrgico foi desinfetado por meioqumico.

    O paciente foi anestesiado, evitando-se muita quantidadede anestsico, o guia cirrgico posicionado sobre os dentese verificada sua estabilidade (figura 6). Aps a estabilizaodo guia, a mucosa correspondente rea circunferencial

    referente anilha foi removida, inicialmente com bisturicircular rotatrio e complementada com extrator gengivaldigital (figura 7a, 7b). A instrumentao cirrgica foirealizada com seqncia progressiva de dimetros debroca, observando-se a guia correspondente ao dimetrode cada broca e o dimetro do implante correspondente aoda ltima broca .

    Para obteno de uma boa estabilidade primria osimplantes devem ter desenho apropriado para promovercompactao ssea, no caso descrito foi utilizado implante

    Titamax CM EX (Neodent, Curitiba, Brasil) com 3,75 mmde dimetro e 17 mm de comprimento (figura 8). Esseimplante tem corpo cilndrico, ou seja, a rea cervical tem omesmo dimetro que o corpo do implante, permitindo-seutilizar anilhas-guia compatveis com o dimetro doimplante e montador para que ele seja guiado desde o incioda insero sem que ocorra desvio da trajetria deinsero. O montador do implante foi substitudo pelomontador do Kit que acompanha o Neoguide (Neodent,Curitiba), e apresenta um stop para insero do implante

    (figura 9).

    PROCEDIMENTO CIRRGICO

    FIGURA 9 Implante instalado.

    FIGURA 6 - Guia posicionado para incio das perfuraes.

    FIGURA 7A - Extrator gengival

    manual. B - Remoo do tecido.

    FIGURA 8 -Implante Titamax CM EX.

    Aps a instalao, foi selecionado o pilar prottico paraconfeco da prtese provisria imediata. Para a seleo dopilar foi utilizado o Kit de seleo prottica Cone Morse.

    O kit apresenta a rplica dos pilares protticos com diversasalturas de transmucoso e angulaes de 17 e 30. Foi entoselecionado um munho para a prtese cimentada (MunhoUniversal CM) com 4,5mm de dimetro, 6mm de altura e2,5mm de transmucoso (figuras 10A e 10B). O critrio paraa seleo da altura do transmucoso baseado no limite da

    gengiva marginal livre e rea de assentamento da prtese nomunho, considerando tambm a altura da crista ssea dosdentes vizinhos. Aps instalado o munho (figura 11), aconfeco da coroa provisria foi realizada utilizando umcilindro de munho universal acrlico (figura 12) e a captura

    Figures 5A -cirrgico prototipado em boca.

    Guia cirrgico prototipado. 5B - Guia

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    da faceta diretamente sobre o mesmo com resina acrlicaauto-polimerizvel (figuras 13a e 13b). O paciente retornouaps um ms para nova avaliao e acrscimo de resina,promovendo maior harmonia e esttica no elemento (figura14a e 14b).

    FIGURA 14A aps 1 ms. B Rx controle

    (1 ms).

    Situao clnica

    FIGURAS 10A- Kit de seleo prottica Cone Morse.B Rplica do Munho Universal.

    FIGURA12 Captura dafaceta provisria.

    FIGURA 11 Instalao doMunho (Torque 32 N.cm).

    FIGURE 13A- Coroa provisria reembasada com cilindro

    de acrlico. B Coroa provisria cimentada.

    DISCUSSO

    CONCLUSO

    A evoluo das tcnicas cirrgicas, de recursos dediagnstico e planejamento associado ao desenvolvimentoda bioengenharia dos implantes dentrios so ferramentassofisticadas para o sucesso e previsibilidade do tratamento

    que tm permitido a reabilitao de pacientes de formamais rpida e menos invasiva .

    No presente trabalho foi apresentado um caso clnico noqual a tcnica da cirurgia guiada foi utilizada parareabilitao em um elemento unitrio em regio esttica.Foi decidido utilizar esta tcnica pela possibilidade deplanejamento detalhado e previsibilidade da cirurgia,considerando ainda que se trata de uma rea esttica.Outra caracterstica favorvel deciso por esta tcnica foiconforto para o paciente, j que no houve abertura de

    retalho, sendo o ps-operatrio mais confortvel e acicatrizao mais rpida. importante ressaltar que ainstalao dos implantes sem abertura de retalho ummtodo muito pouco invasivo, permitindo ao profissional apossibilidade de obter previsibilidade no tratamento.

    Outra grande vantagem do sistema Neoguide (Neodent -Curitiba, Brasil) a utilizao de implantes de corpocilndrico que se adaptam perfeitamente as anilhas guia,promovendo uma instalao realmente guiada desde oincio at o trmino da insero do implante, no havendo

    alterao no trajeto durante sua insero.

    No presente trabalho foi descrito um caso clnico no qual atcnica da cirurgia guiada sem abertura de retalho foiutilizada. A escolha por esse procedimento deveu-se avantagens como o conforto para o paciente com ausnciade edema no perodo ps-cirrgico alm do menor tempocirrgico e alta previsibilidade do procedimento cirrgico ereabilitao prottica. Podemos concluir que a tcnica foi

    vivel devido ao resultado final bem sucedido.

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    Jornal do ILAPEO edio 3 nmero 3 Jul - Ago - Set de 2009