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O USO DAS TECNOLOGIAS NO CONTEXTO EDUCACIONAL: uma abordagem interativa entre os educadores
Lucilene Maria de Souza1
Gabriel Simões de Andrade2
Resumo: Este trabalho aborda a utilização dos recursos tecnológicos na escola e a necessidade de aprimoramento do educador nesse aspecto. Foram investigadas ações de educadores para uso de recursos tecnológicos a desenvolver em escolas, de modo a contribuir para o enriquecimento de práticas educativas e oportunizadas oficinas pedagógicas que contemplaram as principais ações escolhidas e sugeridas por educadores. A justificativa do trabalho pressupõe que embora sejam oportunizadas capacitações pelas Coordenações de Recursos Tecnológicos do Estado (CRTEs), persistem educadores com limites na utilização de recursos tecnológicos, principalmente o sistema Linux em utilização nos estabelecimentos de ensino. Constatou-se que independente do sistema utilizado, muitas são as possibilidades existentes para que o educador possa inovar suas práticas pedagógicas. Nessa perspectiva as oficinas pedagógicas propiciaram aos educadores momentos de troca de experiências, de interação e de consequente aprendizado. Conclui-se que o uso das ferramentas tecnológicas vai além de apenas animar e ilustrar conteúdos, oportunizando novas formas de ver, ler e escrever o mundo, além de ampliar melhor interação entre alunos e educadores, facilitando a adaptação de ambos na sociedade tecnológica vigente. Portanto as referidas tecnologias devem estar aliadas a processos de formação continuada dos educadores, que permitam reavaliar suas práticas e potencializar novos encaminhamentos com sua utilização. Palavras-chave: Tecnologias. Necessidades. Interação. Aprimoramento. Prática educativa.
1 Introdução
Atualmente, é perceptível na sociedade o avanço cada vez mais rápido das
tecnologias. A cada dia novidades tecnológicas estão sendo oferecidas no mercado,
podendo ser utilizadas em diversos setores da sociedade, inclusive na escola, não
só para propiciar um ambiente avançado com relação às mesmas, mas para que se
possa usufruir dessa dinâmica como algo que favoreça o aprendizado e
consequentemente a produção do conhecimento. Nesse sentido as diretrizes
curriculares do Paraná (2008) enfatizam a necessidade da escola em apoiar as
práticas pedagógicas fundamentadas em diferentes métodos, incluindo tecnologias,
de maneira que torne o ensino mais motivador e atraente.
Diante disso, cabe salientar a necessidade da utilização dos recursos
1 Colégio Estadual Presidente Arthur da Costa e Silva, Terra Roxa, Paraná, Brasil. E-mail: [email protected]
2 Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, Paraná, Brasil. E-mail: [email protected]
tecnológicos na escola com segurança, coerência e com objetivos preestabelecidos,
sendo assim, uma das alternativas para efetivação de uma educação inovadora e
promissora. Neste cenário, o educador tem papel relevante, pois é ele que deve
buscar mecanismos para se aprimorar. Entretanto é fundamental destacar a
importância do gestor escolar no incentivo e motivação dos educadores para uso
desses recursos na escola, de modo que propicie um aprendizado mais divertido,
criativo, inteligente e interessante para os alunos. Assim, compete à escola não só
assegurar a democratização do acesso às novas tecnologias, mas dar condições
para apropriação ativa e crítica desses recursos, pois entre as tecnologias,
principalmente o uso computador ainda encontram dificuldades em assumir um lugar
de destaque na escola.
Embora as tecnologias se façam presentes nas escolas, ainda há
professores que resistem a utilizá-las. Outros quando usam, não conseguem
direcioná-las como uma ferramenta produtiva e facilitadora da aprendizagem. No
entanto, é notório que toda essa insegurança existente quanto ao uso das
tecnologias muitas vezes, é devido à falta de conhecimento em saber manuseá-las e
integrá-las à sua prática, de maneira que se estabeleça uma relação intrínseca entre
conhecimento, tecnologia e aprendizagem. Surge então a necessidade de uma
intervenção na escola para que esses recursos sejam usados como ferramentas
pedagógicas eficientes.
Nesse contexto, torna-se evidente a urgência da atualização dos professores
na área de tecnologias educacionais, pois o seu avanço está em permanente
construção. Assim, o educador deve se situar como um ser em formação, abrindo-se
para novas formas de organização de suas práticas pedagógicas e posicionando-se
de maneira crítica e criativa frente ao tema. Tendo objetividade e clareza para si no
momento de fazer as escolhas que direcionarão suas práticas. Ainda, devem ter
como princípio a formação de cidadãos que compreendam o contexto social e
histórico no qual estão inseridos e através do conhecimento sejam capazes de
intervir de maneira crítica e transformadora na sociedade.
A partir dessa concepção, foram investigadas as principais necessidades dos
educadores com relação às tecnologias na escola. Realizou-se então uma pesquisa
com professores de diferentes disciplinas do Colégio Estadual Presidente Arthur da
Costa e Silva – EFM, município de Terra Roxa, a fim de melhor constatar as
principais necessidades e consequentemente as dificuldades relacionadas ao uso
dessas ferramentas no ambiente escolar, cujos resultados foram analisados
quantitativamente e qualitativamente, servindo de base para as discussões junto aos
professores. A partir daí, foram desenvolvidas oficinas pedagógicas contemplando as
principais ações selecionadas pelos professores. As oficinas foram fortalecidas com
a utilização do material didático, facilitando assim a realização de ações que utilizem
os recursos tecnológicos, principalmente o computador, a internet e a TV multimídia,
oportunizando assim aos educadores um maior conhecimento sobre essa temática,
para que possam melhorar sua prática educativa usufruindo dessas ferramentas,
favorecendo assim uma educação mais efetiva e motivadora.
2 Fundamentação teórica
A educação deve ser vista como um caminho de transformação social. Para
tanto, há necessidade de um ensino atualizado e contextualizado, onde se faz
necessário ensinar e aprender com as novas tecnologias. Sua utilização possibilita a
inovação, a pesquisa e a interação em vários segmentos da sociedade e do
conhecimento humano. Atualmente, vivemos em um mundo globalizado e
digitalizado que exige uma nova postura, em todos os sentidos, no modo de pensar
e também de agir.
Esta nova sociedade, também chamada de sociedade do conhecimento, requer novas competências e novas atitudes, exigindo um indivíduo atuante, pensante, pesquisador, com autonomia intelectual. Cabe então à escola, enquanto instituição responsável pela formação do indivíduo, formar pessoas capazes de lidar com o avanço tecnológico. Precisa colocar o aprendiz em contato com as novas tecnologias da comunicação informação, bem como colocar a tecnologia em favor da educação (RAMPAZZO, 2004).
Nesse contexto torna-se evidente a importância da participação do coletivo da
escola na superação dos modelos tradicionais de ensino, tornando o aprendizado
mais divertido, interessante, criativo e inovador. Assim, o uso dos recursos
tecnológicos pode ser uma alternativa promissora nesse aspecto, quando utilizado
com seriedade e dinamismo.
[...] a tecnologia na Educação encontrará seu espaço, desde que haja uma mudança na atitude dos professores, que devem passar por um trabalho de autovalorização, enfatizando seu saber para que possam apropriar-se da tecnologia com o objetivo de otimizar o processo de aprendizagem. E a mudança de atitudes é uma condição necessária, não só para os professores, como também para os diretores e demais colaboradores, pois estes devem conceber a sua posição e a sua autoridade de forma diferente – como agentes formadores, incentivadores, atuando, sobretudo como mediadores do processo e coparticipantes do trabalho escolar (ALLEGRETTI, 1998).
Diante do exposto, destaca-se o papel do educador em querer se aprofundar
na utilização dos recursos tecnológicos. Além disto, compreender a importância de
atuar como mediador do conhecimento, inserindo uma prática que possibilite o
trabalho de situações lúdicas e contextualizadas, relacionando-as com o
conhecimento científico. Moran (2012a) argumenta que o diferencial no uso das
tecnologias depende, em grande parte, do educador. Portanto utilizar ferramentas
tecnológicas em âmbito escolar exige também uma boa formação do educador, onde
possa inovar suas práticas pedagógicas e criar novas formas de ensinar. Para
alcançar tal objetivo, é necessária a valorização do profissional de educação com
incentivo dos gestores educacionais, possibilitando ao educador adquirir o
conhecimento necessário para sua transformação e consequente melhora do ensino.
Desta forma, propicia-se a valorização e a inclusão do educador ao meio digital.
Nos últimos anos vários programas e projetos têm sido desencadeados no
panorama estadual da educação paranaense, visando a melhoria do uso do
computador e de novas tecnologias. As diretrizes para o uso de tecnologias
educacionais (2010) enfatizam que a partir do ano de 2003 foi implantado em todas
as escolas estaduais laboratórios de informática e televisores multimídia, bem como
a oferta de apoio técnico e pedagógico, através das coordenações regionais de
tecnologia na educação (CRTEs). No entanto as capacitações oportunizadas ainda
são insuficientes e não abrangem o quadro total dos educadores das escolas.
Embora muitos educadores tenham se beneficiado com as formações oferecidas,
muitos não têm demonstrado interesse em se aperfeiçoar nessa área, dificultando o
sucesso de um ensino mais dinâmico e promissor, através do uso dos recursos
tecnológicos.
Dentre as ações desenvolvidas pela secretaria de educação destaca-se
também o ambiente virtual Portal Dia-a-dia Educação, tendo por finalidade atingir
toda comunidade educacional brasileira, disponibilizando conteúdos curriculares,
informações e serviços destinados a educadores, alunos, escolas e comunidades.
Tal iniciativa, tem como prioridade a implementação de conteúdos e sistemas
voltados aos educadores. Porém dentro do universo escolar poucos educadores
usufruem dos materiais disponibilizados pelo portal, talvez por falta de interesse em
buscar novas ideias e metodologias, não tendo consciência do valor desses
materiais para melhoria da sua prática educativa.
[...] a presença do professor é indispensável para a criação das condições cognitivas e afetivas que ajudarão o aluno a atribuir significados às mensagens e informações recebidas das mídias, das multimídias e formas variadas de intervenção educativa urbana. O valor da aprendizagem escolar está justamente na sua capacidade de introduzir os alunos nos significados da cultura e da ciência por meio de mediações cognitivas e interacionais providas pelo professor. E a escola, concebida como espaço de síntese, estaria contribuindo efetivamente para uma educação básica de qualidade: formação geral e preparação para o uso da tecnologia, desenvolvimento de capacidades cognitivas e operativas, formação para o exercício da cidadania crítica, formação ética (LIBÂNEO, 2009).
Dessa maneira, fica evidente a grande responsabilidade da escola e do
educador na utilização dos recursos tecnológicos. Porém há necessidade de além
da disponibilização de recursos tecnológicos, o estímulo ao educador, por meio de
treinamentos e material de apoio, para a utilização dos mesmos. Assim, é
imprescindível que o educador esteja apto a buscar cada vez mais conhecimentos
sobre as diferentes maneiras de se utilizar as tecnologias.
Os alunos estão prontos para a multimídia, os professores, em geral, não. Os professores sentem cada vez mais claro o descompasso no domínio das tecnologias e, em geral, tentam segurar o máximo que podem, fazendo pequenas concessões, sem mudar o essencial. Creio que muitos professores têm medo de revelar sua dificuldade diante do aluno. Por isso e pelo hábito mantêm uma estrutura repressiva, controladora, repetidora. Os professores percebem que precisam mudar, mas não sabem bem como fazê-lo e não estão preparados para experimentar com segurança. Muitas instituições também exigem mudanças dos professores sem dar-lhes condições para que eles as efetuem. Frequentemente algumas organizações introduzem computadores, conectam as escolas com a Internet e esperam que só isso melhore os problemas do ensino. Os administradores se frustram ao ver que tanto esforço e dinheiro empatados não se traduzem em mudanças significativas nas aulas e nas atitudes do corpo docente. (MORAN, 2012b).
Os recursos tecnológicos de maneira geral provocam grande preocupação
para a maioria dos profissionais da educação e embora sejam ofertadas
capacitações pela coordenação de recursos tecnológicos do Estado, ainda há muitos
educadores com dificuldades para lidar com os alunos em aulas informatizadas. Tais
atividades exigem dos mesmos, habilidades profissionais específicas, que requerem
treinamento e dedicação, principalmente no uso do computador na escola, pois a
maioria dos educadores não usa rotineiramente o Linux, sistema utilizado nos
laboratórios de informática das escolas estaduais. No entanto, em ambos os
sistemas o educador pode inovar suas práticas pedagógicas, Tajra (2002) descreve
que “o professor precisa conhecer os recursos disponíveis dos programas
escolhidos para suas atividades de ensino, somente assim ele estará apto a realizar
uma aula dinâmica, criativa e segura”.
Nesta concepção cabe ressaltar que o fluxo de informações da atual
sociedade impõe novas perspectivas na formação do educador, exigindo domínio de
sua prática pedagógica com a utilização das tecnologias, algo essencial no contexto
educacional vigente. Sobretudo não basta o educador ter conhecimento e saber
direcionar seu trabalho. Ainda há necessidade de condições para que isso aconteça.
A escola, o núcleo regional de educação (NRE), a CRTE e a própria secretaria da
educação devem favorecer e garantir a manutenção desses recursos na escola,
facilitando e motivando assim sua utilização de forma eficaz. Moran et al (2000)
enfatiza que organização da tecnologia em favor de uma educação para todos e de
qualidade não está totalmente garantida, mas dependerá principalmente da
mobilização de alunos, educadores e comunidades, exigindo que a tecnologia seja
usada de maneira que atenda aos interesses da educação. Sendo assim, é
imprescindível que os profissionais e demais envolvidos no processo educacional
sejam mais atuantes, para que juntos alcancem um ensino mais dinâmico e perficaz
subsidiado pelas tecnologias.
3 Procedimentos metodológicos
O propósito maior foi identificar as principais necessidades dos educadores
com relação ao uso dos recursos tecnológicos na escola, para que assim se possa
subsidiar o educador com o desenvolvimento de práticas que fortaleçam seu
conhecimento, desenvolvendo na escola um processo de valorização e formação
dos educadores, com relação ao uso dos recursos tecnológicos, de modo que
favoreça o enriquecimento de suas práticas pedagógicas. Para isso, inicialmente foi
optado pela metodologia de investigação, onde através de um questionário buscou-
se dados da realidade vivenciada pelos educadores com relação ao uso dos
recursos tecnológicos na escola, bem como sugestões de ações que os mesmos
gostariam que fossem desenvolvidas na escola. A pesquisa foi realizada com 30
educadores do Colégio Estadual Presidente Arthur da Costa e Silva, de diferentes
disciplinas, conforme o demonstrado no Quadro 1:
Quadro 1: Quantidade de educadores pesquisados conforme área de atuação.
Área de atuação Quantidade de educadores
Matemática 5
Língua Portuguesa 5
Língua Inglesa 2
Ciências 3
Biologia 2
História 4
Geografia 2
Educação Física 3
Artes 2
Filosofia 2
Total 30
A diversidade de disciplinas contempladas na pesquisa permitiu uma maior
abrangência dos resultados, fortalecendo ainda mais a realidade vivenciada. Sua
organização foi elaborada na tentativa de que os educadores caracterizassem suas
necessidades, sem deixarem explícito se utilizam ou não os recursos tecnológicos
em sua prática docente. O direcionamento tomado foi planejado na intenção de que
os educadores não se sentissem acuados em demonstrar a realidade vivenciada por
eles. A partir da análise dos dados obtidos, foram montadas na escola oficinas
pedagógicas que enfatizaram as principais ações escolhidas pelos educadores,
conforme dados da pesquisa, além de outras atividades como leitura, visualização e
análise de textos e vídeos pertinentes ao assunto (gráfico 1).
Gráfico 1: Ações sugeridas pelos educadores para serem desenvolvidas.
Pelos dados obtidos, ficaram evidenciadas as principais ações nas quais os
educadores encontravam maiores dificuldades em realizar em sua rotina diária de
preparação de aulas, dentre elas destacam-se a montagem de slides, conversão de
vídeos e inserção de imagens, tabelas e textos no Writer, editor de textos do sistema
Linux.
Cabe ressaltar ainda que, segundo a pesquisa, 83 % utilizam o sistema
Windows, conforme gráfico 2, ou seja, a maioria dos educadores não possuem o
hábito de utilizar o sistema Linux.
Gráfico 2: Sistema utilizado pelos educadores.
Alguns participantes descreveram ter mais habilidades no uso do sistema
Windows, sentindo insegurança na utilização do Linux. Na tentativa de diminuir
essas dificuldades e por ser o sistema Linux o utilizado em todos os laboratórios de
informática da rede estadual de ensino, foi também o utilizado no desenvolvimento
das ações propostas, embora muitos educadores tivessem preferência pelo
Windows.
Antes de iniciar as oficinas pedagógicas, o projeto de intervenção pedagógica
foi apresentado aos professores, funcionários e direção, na semana pedagógica da
escola. Na sequência foi montando um folder explicativo das oficinas que seriam
realizadas, especificando conteúdos propostos, objetivos, carga horária, local de
realização, datas e horários que seriam desenvolvidos as oficinas. A partir daí foi
solicitado aos interessados o preenchimento de uma ficha de inscrição e
posteriormente feito a entrega do cronograma das oficinas aos inscritos.
Inscreveram-se para participar das oficinas 14 educadores, sendo que destes 12
participaram da pesquisa realizada na escola. As oficinas aconteceram no
laboratório de informática da escola pesquisada, no período de abril a junho de
2013. O número de vagas se restringiu a 14 participantes devido ao número de
computadores disponíveis na escola e também para que todos os participantes
tivessem atendimento individual suficiente na realização das tarefas.
Na primeira oficina pedagógica foram abordados e debatidos com os
participantes os dados obtidos durante a pesquisa. Na sequência foram
apresentados o projeto de intervenção pedagógica e a produção didático-
pedagógica, onde os participantes expressaram suas opiniões a respeito do assunto
abordado, demonstrando bastante interesse pelo projeto.
Segundo uma participante, o tema do projeto lhe instigou à participação, visto
que nem sempre existem oportunidades de aperfeiçoamento nessa área, além de
que acredita que os educadores muitas vezes não usufruem dos recursos
tecnológicos por não saberem utilizá-los.
Após essas e outras reflexões, foi iniciado a parte prática, onde os
participantes foram direcionados com auxílio do projetor multimídia a executarem as
seguintes ações no sistema Linux: selecionar, copiar, colar, alinhar, salvar, exportar,
montar e desmontar pendrive, pesquisa na internet de textos e imagens, inserção de
imagens e funções de desenho. Alguns educadores demonstraram maior dificuldade
do que outros, mas ao final todos conseguiram desenvolver as atividades propostas.
Cada educador montava atividades variadas que pudessem ser aproveitadas em
sala de aula.
A segunda oficina foi iniciada com a visualização do vídeo “Tecnologia ou
metodologia?”, onde foi possível discutir melhor a importância de se utilizar os
recursos pedagógicos como algo que enriqueça as aulas e não “utilizar por utilizar”,
sem ter objetivos pré-estabelecidos. Ainda foram desenvolvidas práticas de
construção de tabelas com inserção de conteúdos e mapas conceituais. Houve
bastante entusiasmo nessas atividades, pois a grande maioria não sabia como
desenvolver essas ações.
No terceiro encontro foram apresentadas aos participantes as diretrizes
curriculares para o uso das tecnologias e realizado a leitura de partes para posterior
discussão. Foi possível perceber que nenhum participante tinha conhecimento da
existência desse material. Na sequência foi trabalhada a montagem de slides no
Broffice Impress, com inserção de textos e imagens e sucessivamente a exportação
para a visualização na TV multimídia. Ao final da exportação os participantes
visualizaram seus slides na TV multimídia. No encerramento dessa oficina foi
visualizado o vídeo “Tecnologia em sala de aula”. Os educadores puderam debater a
diferença, com relação ao uso dos recursos tecnológicos, de suas realidades com as
demostradas no vídeo. Embora tenham mencionados estarmos distante da realidade
das escolas apresentadas no vídeo, demonstraram motivação em querer se
aprimorar de acordo com a realidade a que pertencem. Alguns apresentaram
dificuldades no manuseio do controle remoto da TV multimídia, deixando explícita
sua não utilização em sala de aula. Houve então a necessidade de uma intervenção
com direcionamentos e práticas de como utilizar o controle para visualizar slides,
imagens e vídeos.
Para a quarta oficina foi solicitado aos participantes a montagem de palavras
cruzadas e caça-palavras em diferentes sites, além da apresentação e discussão do
artigo de José Manuel Moran “A integração das tecnologias na educação”. O debate
foi bastante promissor e os participantes demostraram estarem cientes da
necessidade de aprimoramento constante nessa área.
Na quinta oficina foi explorado o Portal Dia a Dia Educação, pesquisa de
vídeos, sons, imagens, fotografias, animações, etc. Os participantes salvaram
vídeos, imagens e fotografias, além de visualizarem simuladores e animações.
Muitos participantes não sabiam do rico material que o portal oferece, outros até
sabiam, mas não tinham clareza de como proceder para utilizar. Neste encontro
foram também pesquisados vídeos em outros sites e repassado aos participantes
todo o processo de baixar e converter os vídeos no formato específico para leitura
na TV multimídia. Alguns educadores conseguiram concluir os processos de
conversão, outros, devido a problemas de conexão com a internet, não concluíram
a atividades de conversão, mas assimilaram todo o processo.
Na última oficina foi solicitado aos participantes a montagem de uma aula, por
disciplina, que utilizasse pelo menos dois recursos tecnológicos e na sequência
apresentação das mesmas em projetor multimídia. O trabalho desenvolvido pelos
grupos foi muito bom, e todos demostraram entusiasmo na montagem e
apresentação. Ao final, discutiu-se e foram registrados os avanços e problemas
enfrentados com relação ao uso dos recursos tecnológicos na escola, sendo exposto
e entregue ao gestor da escola, no intuito de que providências sejam tomadas para
que a escola possa usufruir com eficiência e motivação dos recursos tecnológicos
disponibilizados, em favor da melhoria do processo ensino aprendizagem. É
relevante salientar ainda que em todas as oficinas foram oportunizados momentos
de compartilhamento de informações e troca de experiências. Foi realizada ainda
uma avaliação individual de todo o trabalho desenvolvido ao longo das oficinas,
onde se pode perceber que os objetivos foram atingidos, visto que os registros das
avaliações demonstraram isso.
As ilustrações são originais.
4 Análise dos resultados
A partir da pesquisa realizada, do desenvolvimento da implementação e do
grupo de estudo em rede convém destacar algumas reflexões acerca da temática
recursos tecnológicos no contexto escolar, visto que a realidade vivenciada pelos
educadores não se diferenciam muito, uma grande maioria afirmou estar
despreparados para utilizar os recursos tecnológicos, além da insatisfação com a
manutenção desses equipamentos em muitas escolas. No desenvolvimento das
oficinas não houve muitos problemas técnicos, o maior se restringiu a conexão lenta
da internet, atrapalhando e atrasando o desenvolvimento das atividades. Porém,
durante as discussões do grupo de trabalho em rede (GTR), curso desenvolvido a
distância através da Secretaria de Estado da Educação (SEED) com relação à
temática em questão, sob tutoria do professor participante do Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE), vários cursistas alegaram que os laboratórios
de informáticas das escolas encontram-se defasados, desestruturados, sem técnicos
de manutenção, com máquinas quebradas, dificultando seu uso com alunos e até
mesmo na preparação de aulas. Independentemente da realidade vivenciada, os
educadores alegaram a necessidade de mais capacitações nesse sentido, visto que
os cursos ofertados atingem a uma minoria.
Foi destacada também a falta de os investimentos em tecnologias, pois as
disponíveis no ambiente escolar ainda são deficitárias e a formação e capacitação
dos docentes ainda deixam muito a desejar. Relataram a falta de apoio pedagógico,
número excessivo de alunos para desenvolver metodologias que contemplem os
recursos tecnológicos, acesso precário a internet, entre outros problemas. Mas, se
aguardarmos pacientemente o quadro perfeito para darmos início a um processo de
mudança de posicionamento quanto às metodologias aplicadas em sala, corre-se o
risco de sempre ficar estagnados. O importante é que o educador faça o melhor,
dentro de sua realidade, para que possa alcançar melhores resultados com a
utilização desses recursos.
Nesse sentido foram desenvolvidas as oficinas pedagógicas, trabalhando com
ações simples, mas que se fortaleceram ao longo do processo devido às
necessidades evidenciadas pelos educadores e assim iniciando um processo de
valorização e motivação do uso dos recursos tecnológicos na escola, de modo que
o educador deixa de ser transmissor e passa a ser mediador entre o conhecimento e
o aluno, desempenhando o papel de articulador das atividades e assim possa
dinamizar as ações no ambiente de aprendizagem, trabalhando junto com o aluno e
sendo assim como ele, um eterno aprendiz.
5 Considerações finais
Com os resultados da pesquisa e com a aplicação das oficinas verificou-se
que há uma grande preocupação por parte dos participantes, em obter mais
conhecimentos e capacitações sobre o assunto proposto, embora seja também
encontrado nas escolas profissionais que não se interessam pelo assunto, ficando
no comodismo tendo verdadeira aversão ao uso das tecnologias. Entretanto, de
maneira geral todos os participantes das oficinas demonstraram interesse em
atualizar-se.
É perceptível a aversão que muitas pessoas possuem com relação aos
recursos tecnológicos, e por ser algo que não domine, numa primeira impressão os
considerem um inimigo. Esse tipo de comportamento inicialmente é normal, pois
aquilo que não se conhece nem sempre é aceito em nosso meio. Mas como ignorar
algo tão presente em nossa vida cotidiana? Estamos na era digital e ter os recursos
tecnológicos como inimigos não seria um bom negócio. Eles estão presentes em
muitos ambientes pelo quais passamos: no banco, em estabelecimentos comerciais,
e em tantos outros lugares. Mais inteligente seria tê-los como aliado e saber usufruir
das muitas possibilidades que podem nos oferecer, principalmente os educadores,
pois são ferramentas que contribuem significativamente, facilitando e direcionando o
trabalho pedagógico de uma maneira mais eficaz e qualitativa.
As diretrizes para o uso das tecnologias educacionais (2010) destacam que
“A inserção de novos recursos tecnológicos encurta as distâncias, promove novos
agenciamentos, aproxima dentro do mesmo currículo as esferas político-
administrativas das salas de aula; aproxima as salas de aula entre as escolas”. No
entanto a escola deve estar bem estruturada nesse aspecto, para que se possa
atingir esses e outros objetivos. De nada adiantaria o educador se aperfeiçoar na
área e não poder usufruir e utilizar esses mecanismos por falta de manutenção de
equipamentos ou por outros impasses que atrapalhem o desenvolvimento de
metodologias que utilizem os recursos tecnológicos. Daí a necessidade de mais
investimento nessa área, desde a manutenção e apoio pedagógico até a compra de
novos recursos, de modo a subsidiar o educador tanto em aspectos estruturais
quanto em pedagógicos, para que assim se sinta mais motivado a usufruir desses
mecanismos para aprimorar suas aulas e atingir melhores resultados. Sabe-se que a
superação das dificuldades é um processo em longo prazo e requer empenho,
dedicação e investimentos. Em contrapartida, independente dos problemas e
dificuldades enfrentados, o educador nessa área ou em qualquer outra área deve
atualizar-se sempre, a fim de fazer acontecer um ensino mais promissor e efetivo,
pois os recursos tecnológicos se utilizados com coerência, responsabilidade e
criatividade poderão ser um grande aliado do professor no processo ensino e
aprendizagem, mas para que isso ocorra se faz necessário que o professor esteja
apto a buscar práticas educativas diferenciadas nesse contexto. O professor deve
ter clareza que sempre estará aprendendo, afinal a cada dia novos programas e
inovações na área tecnológica estão sendo descobertos. O importante é não parar
no tempo, afinal um bom professor não deixa de utilizar esses recursos e sim
usufrui dos mesmos para aprimorar e enriquecer suas aulas.
Nesse sentido, espera-se que após o desenvolvimento desse trabalho o
educador tenha maiores condições de pautar suas aulas com estratégias que
utilizem os recursos tecnológicos, buscando sempre novas possibilidades de ensinar
e aprender.
Após analisar os resultados obtidos na implementação, cabe destacar o
quanto é enriquecedor participar de oficinas, capacitações e programas como o
Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) e principalmente por trabalhar
com a temática tecnologia, propiciando novos conhecimentos a todos, através de
uma interação recíproca, que subsidiou todo o trabalho desenvolvido. Entretanto
essa proposta não se encerra aqui, tendo em vista que novos recursos tecnológicos
estão aos poucos sendo disponibilizados nas escolas, necessitando ainda mais de
interações e práticas que fortaleçam seu uso com coerência e eficácia, em prol de
um ensino mais autêntico, significativo e de qualidade para todos.
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