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8/17/2019 O uso de gêneros textuais em práticas de alfabetização.docx
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O uso de gêneros textuais em práticas de alfabetização
Práticas sociais
O processo de alfabetização, baseado em modelos sintéticos e/ou analíticos, levava o aluno a
desenvolver a sensação de que já sabia ler e escrever. Essa falsa impressão de domínio da leitura
e escrita, na maioria das vezes, fazia com que os alunos apenas decodificassem letras e palavras,
sem compreender seus sinificados no te!to e, principalmente, sem o entendimento dos diferentes
usos e sentidos que elas an"avam ao se inserirem em conte!tos de uso real.
#urante a década de $%&', o modelo tradicional de ensino da línua portuuesa foi duramente
combatido por professores de diversas áreas e estudiosos das teorias de aprendizaem. (ouve a
mudança na forma de compreender o processo de alfabetização deslocando a )nfase dada, até
então, ao como se ensinava para descrever como as crianças aprendiam. * esse respeito, rande
foi a contribuição dos estudos e pesquisas de Emilia +erreiro na sua obra Psicogênese da língua
escrita.
* contribuição de outras áreas como a psicoloia da aprendizaem, a psicoloia cultural e as
ci)ncias da linuaem -psicolinuística, sociolinuística, pramática, ramática te!tual, teoria da
comunicação, semitica, análise do discurso também possibilitou estudos mais aprofundados
sobre as quest0es da linuaem, que envolveram a aprendizaem da leitura e escrita não
dissociada de seus usos, das formas empíricas que assumem na vida social.
1as teorias ba2"tinianas do discurso e do caráter dialico da linuaem, compreende3se que o
sujeito desenvolve e se apropria da linuaem -oral ou escrita em conte!tos sociais específicos,
em situaç0es reais de uso da leitura e da escrita.
Ensinar e aprender a ler e a escrever é concebido como ensinar e aprender a comunicar3se
socialmente, por meio do trabal"o com práticas de leitura e escrita.
Entre as práticas de leitura e escrita que circulam na sociedade, destacamos atividades como4 ler
jornais, revistas, livros, saber ler e interpretar tabelas, quadros, formulários, carteira de trabal"o,
contas de áua, luz, telefone, saber escrever cartas, bil"etes e teleramas sem dificuldade, saber
preenc"er um formulário, rediir um ofício, um requerimento, etc.
* partir daí, muitas propostas para a revisão do ensino da línua portuuesa foram apresentadas,
sendo alumas incorporadas aos documentos oficiais.
5ara não perdermos de vista nossas quest0es norteadoras e aprofundarmos o assunto, conv)m
tomarmos como base um desses documentos, a saber, os Parâmetros Curriculares Nacionais –
língua portuguesa (PCN). #esde sua publicação em $%%6, eles v)m orientando a elaboração dos
currículos e fomentando as discuss0es sobre quais conte7dos de línua portuuesa devem ser
ensinados e como trabal"á3los.
Os 581 trazem como e!pectativa que os alunos, nos oito anos do ensino fundamental, 9adquiram
proressivamente uma compet)ncia em relação : linuaem que l"es possibilite resolver
problemas da vida cotidiana, ter acesso aos bens culturais e alcançar a participação plena no
mundo letrado9-;?, $%%6, p.@@
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O uso de gêneros textuais em práticas de alfabetização
Práticas sociais
=eus objetivos erais aparecem fundamentando as propostas curriculares com as quais,
certamente, estamos ainda trabal"ando.
Objetivos gerais de língua portuguesa para o ensino fundamental:
A E!pandir o uso da linuaem em instBncias privadas e utilizá3la com eficácia em instBncias
p7blicas, sabendo assumir a palavra e produzir te!tos tanto orais como escritos coerentes,
coesos, adequados a seus destinatários, aos objetivos a que se prop0em e aos assuntos tratadosC
A Dtilizar diferentes reistros, inclusive os mais formais da variedade linuística valorizada
socialmente, sabendo adequá3los :s circunstBncias da situação comunicativa de que participamC
A 8on"ecer e respeitar as diferentes variedades linuísticas do portuu)s faladoC
A 8ompreender os te!tos orais e escritos com os quais se defrontam em diferentes situaç0es de
participação social, interpretando3os corretamente e inferindo as intenç0es de quem os produzC
A alorizar a leitura como fonte de informação, via de acesso aos mundos criados pela literatura e
possibilidade de fruição estética, sendo capazes de recorrer aos materiais escritos em função de
diferentes objetivosC
A Dtilizar a linuaem como instrumento de aprendizaem, sabendo como proceder para ter
acesso, compreender e fazer uso de informaç0es contidas nos te!tos4 identificar aspectos
relevantesC oranizar notasC elaborar roteirosC compor te!tos coerentes a partir de trec"os
oriundos de diferentes fontesC fazer resumos, índices, esquemas, etc.C
A aler3se da linuaem para mel"orar a qualidade de suas relaç0es pessoais, sendo capazes de
e!pressar seus sentimentos, e!peri)ncias, ideias e opini0es, bem como de acol"er, interpretar e
considerar os dos outros, contrapondo3os quando necessárioC
A Dsar os con"ecimentos adquiridos por meio da prática de refle!ão sobre a línua para
e!pandirem as possibilidades de uso da linuaem e a capacidade de análise críticaC
A 8on"ecer e analisar criticamente os usos da línua como veículo de valores e preconceitos declasse, credo, )nero ou etnia.
Fonte: Brasil (199! p. "").
O uso de gêneros textuais em práticas de alfabetização
O que se entende por linguagem
8ompreende3se que dominar e fazer uso da línua possibilita a plena participação do sujeito nas
mais variadas situaç0es sociais, sendo essas atividades bem mais abranentes do que aprender
apenas a decifrar as palavras.
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F preciso entender a línua como linuaem, como uso, como interlocução entre sujeitos que
fazem parte de determinado conte!to "istrico3social, e não mais estudar a línua como cdio
que atende a prescriç0es ramaticais.
* linuaem como uma forma de ação interindividual é orientada por uma finalidade específica e
se realiza nas práticas sociais e!istentes nos diferentes rupos de uma sociedade, nos distintosmomentos da sua "istria.
1os dias de "oje, uma carta é escrita numa linuaem bem diferente da escrita no século
passado. #a mesma forma, uma conversa entre pais e fil"os é diferente da que ocorria "á um
século, tanto em relação ao assunto quanto : forma de dizer, pois reflete características do
momento "istrico.
ejamos um e!emplo ilustrativo do e!posto acima, numa carta de solicitação escrita no século G>G
por Hac"ado de *ssis e outra escrita em I''%4
#os p$s de % &'a. ai o aai'o assinado pedir a coisa mais *usta do mundo.
+ogo me preste aten,-o por alguns instantes n-o /uero tomar o precioso tempo de % &'a.
N-o ignora %. &'a. /ue! desde /ue nasci! nunca me 0urtei ao traalo. Nem /uero saer /uem me
cama! se $ pessoa id2nea ou n-o uma e3 camado! corro ao seri,o. 4am$m n-o indago do
seri,o pode ser político! liter5rio! 0ilos60ico! industrial! comercial! rural! se*a o /ue 0or! uma e3
/ue $ seri,o! l5 estou. 4rato com ministros e amanuenses! com ispos e sacrist-es sem a menor
desigualdade.
Ceguei at$ (e digo isto para mostrar atestados de tal ou /ual alor /ue teno)! ceguei a 0a3er
aposentar alguns colegas! /ue! antes de mim! distriuíam o traalo entre si! distinguindo7se um!outro soressaindo! outro pondo em releo alguma /ualidade particular. N-o digo /ue ouesse
in*usti,a na aposentadoria: estaam cansados! esta $ a erdade. & para a gente de mina classe a
0adiga estrompa e at$ mata.
Ficando eu com o seri,o de todos! naturalmente tina muito a /ue acudir! e repito a %. &'a. /ue
nunca 0altei ao deer. N-o teno presun,-o de onito! mas sou 8til! a*usto7me s circunstâncias e
sei e'plicar as id$ias.
N-o $ traalo! mas o e'cesso de traalo /ue me tem cansado um pouco! e receio muito /ue me
aconte,a o /ue se deu com os outros. sto de se 0iar uma pessoa no carino aleio! na
generalidade dos a0etos! $ erro grae. ;uando menos espera! l5 se ai tudo cega alguma pessoa noa e (dei'e %. &'a. l5 0alar o
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O que se entende por linuaem
Fonte: ttp:@@portalsme.pre0eitura.sp.go.r@
Pro*etos@BiliPed@Eocumentos@pulicacoes@
Cad#poio@P@P@PconteGdo
#luno#no.pd0 .
Juando falamos de linuaem, não estamos apenas falando das escol"as de palavras e das
formas de construção de frases.
* linuaem verbal, por implicar interlocutores, não pode ser compreendida sem se considerar a
sua relação com a situação de produção. 1ão é possível dizer alo a aluém sem ter o que dizer. E
ter o que dizer, por sua vez, s é possível a partir das representaç0es construídas sobre o outro e
o mundo.
>sso sinifica que, ao falarmos em produzir linuaem, falamos em produzir discursos. 1osso
discurso é oranizado a partir dos con"ecimentos que acreditamos que nosso interlocutor ten"a
sobre o assunto, suas opini0es, o rau de afinidade que temos, a posição social que ocupamos em
relação a ele e vice3versa.
Kudo isso pode determinar as escol"as que faremos em relação : seleção de recursos linuísticos,
de estruturação e, também, do )nero. Kais escol"as podem ser inconscientes, mas não são
aleatrias, pois decorrem das condiç0es em que esse discurso é realizado.
5odemos pensar4 os alunos s aprendem a produzir discurso/linuaem na escolaL
http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Projetos/BibliPed/Documentos/publicacoes/Cad_Apoio/LP/LP7/LP_conteUdo_Aluno_7Ano.pdfhttp://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Projetos/BibliPed/Documentos/publicacoes/Cad_Apoio/LP/LP7/LP_conteUdo_Aluno_7Ano.pdfhttp://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Projetos/BibliPed/Documentos/publicacoes/Cad_Apoio/LP/LP7/LP_conteUdo_Aluno_7Ano.pdfhttp://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Projetos/BibliPed/Documentos/publicacoes/Cad_Apoio/LP/LP7/LP_conteUdo_Aluno_7Ano.pdfhttp://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Projetos/BibliPed/Documentos/publicacoes/Cad_Apoio/LP/LP7/LP_conteUdo_Aluno_7Ano.pdfhttp://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Projetos/BibliPed/Documentos/publicacoes/Cad_Apoio/LP/LP7/LP_conteUdo_Aluno_7Ano.pdfhttp://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Projetos/BibliPed/Documentos/publicacoes/Cad_Apoio/LP/LP7/LP_conteUdo_Aluno_7Ano.pdf
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F claro que nãoM
Nots2N, pensador bielo3russo, afirmava que o que é prprio do ser "umano é tecido a partir de
sua inserção social, que começa em instituiç0es como a família, a comunidade pr!ima, passando
pela escola e se materializando em interaç0es sociais interpessoais. 5ortanto, o aluno já c"ea :
escola com a apropriação de aluns discursos.
8omo os documentos oficiais traziam que os alunos deveriam adquirir uma compet)nciaproressiva em relação : linuaem, ela passou a ser o ponto de partida e o de c"eada proposto
para as práticas de ensino, partindo do uso possível para ensinar os alunos acerca do uso
adequado e eficaz.
1e %HgotsIH (19D719"J)! psic6logo ielo7russo 0oi um pensador comple'o e tocou em muitos pontos
ner5lgicos da pedagogia contemporânea. #triuía um papel preponderante s rela,Kes sociais no processo do
desenolimento intelectual! tanto /ue a corrente pedag6gica /ue se originou de seu pensamento $ camada
de socioconstrutiismo ou sociointeracionismo.
>nterdiscursividade e interte!tualidade
1a perspectiva socio"istrica vNots2Nana, a dinBmica do desenvolvimento "umano e da
aprendizaem ocorre quando os discursos al"eios são internalizados e tornados prprios.
Os discursos em circulação estão em permanente relação com outras vozes e discursosC eles
relacionam3se com os produzidos anteriormente e orientam3se para outros que serão formulados
como réplica destes. 5or isso, o discurso é dialico e polifnico, e essa relação entre os discursos
é denominada de interdiscursiidade.
#entro de uma situação social de produção discursiva, cada enunciado pode tomar de outros
enunciados seus sinificados e formas. Os discursos proferidos estão sempre, de aluma forma,
relacionados a outros. 1esse sentido, "á uma diversidade de situaç0es de enunciação4 no tempo eespaço, dos enunciadores, dos coenunciadores, das finalidades enunciativas que colaboram para
essa miríade discursiva.
1a carge abai!o, de I''&, podemos encontrar presentes o discurso político e o esportivo
interdiscursivamente. O referido )nero usa o discurso esportivo liado :s Olimpíadas de I''&
para criticar o recorde de arrecadação de impostos naquele ano discurso político.
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Fonte: ttp:@@AAA.panoramalogmario.logger.com.r@
LMMMM1arcie.tml
O discurso deve ser compreendido, portanto, como uma atividade comunicativa que se realiza
numa situação determinada, envolvendo as condiç0es do momento de sua produção e o conjunto
das situaç0es enunciativas.
>nterdiscursividade e interte!tualidade
Kodo discurso que produzimos materializa3se linuisticamente por meio de te'tos.
5ode3se afirmar que te!to é o produto da atividade discursiva oral ou escrita que forma um todo sinificativo e
acabado, qualquer que seja sua e!tensão. F uma sequ)ncia verbal constituída por um conjunto de relaç0es que
se estabelecem a partir da coesão e da coer)ncia. Esse conjunto de relaç0es tem sido c"amado de te!tualidade.
#essa forma, um te!to s é um te!to quando pode ser compreendido como unidade sinificativa lobal, quando
possui te!tualidade. 8aso contrário, não passa de um amontoado aleatrio de enunciados -;?, $%%6,
p.I@.
8omo vimos, a produção de discursos não acontece no vazio, pois está sempre relacionada com os
discursos já produzidos. #a mesma forma acontece com os te!tos, que estão continuamente
relacionados uns aos outros. >sso é o que c"amamos de interte!tualidade.
ejamos um e!emplo4
!"a#espeare $euses do futebol: %rucubaco
9(á mais coisas entre o
céu e a terra do que sup0ea nossa vã filosofia9
Olímpico leitor, divinal leitora, "á mais coisas entre o céu dos deuses
e a terra do futebol do que son"a a nossa vã crnica esportiva.#eterminadas situaç0es do joo e certas fases pelas quais os times
passam não são, como pensam aluns, obra do acaso. *o contrário,
são uma manifestação da vontade de seres superiores, seres que
controlam a nossa vida desde o dia em que o caos erou a noite.
(treco de cr2nica de
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aluma notícia ou reportaem numa revista e quero me manifestar sobre o assunto, posso
escrever uma carta do leitor! um artigo de opini-o. =e quero me comunicar com um amio
distante, posso fazer umtele0onema, escrever uma carta, um e7mail .
* proposta de fundamentar o ensino da línua portuuesa, tanto oral quanto escrito, nos )neros
te!tuais inicia3se com os 581 e desencadeia uma sinificativa atividade de pesquisa, buscando,inicialmente, descrever a diversidade considerável de )neros a partir dos te!tos "etero)neos
que os atualizam e, posteriormente, trazer suest0es didáticas para o trabal"o com te!tos
enquanto e!emplares referenciais de um determinado )nero.
Krabal"ar a partir de )neros te!tuais passou a fazer parte dos proramas e currículos,
determinando conte7dos de ensino a partir dos quais se deve dar a transposição para a sala de
aula. Esses conte7dos, assim recomendados, devem se constituir em objetos a serem
selecionados e oranizados como ferramentas didáticas.
Então, vamos con"ecer um pouco mais sobre os )neros do discursoL
&êneros textuais
*s pesquisas sobre )nero t)m sua base terica em Hi2"ail ;a2"tin'.
* línua materna, seu vocabulário e sua estrutura ramatical, não con"ecemos por meio de dicionários ou
manuais de ramática, mas raças aos enunciados concretos que ouvimos e reproduzimos na comunicação
efetiva com as pessoas que nos rodeiam -;KC HE?O, I''P, p. QI.
5ara ;a2"tin, a noção de )nero discursivo refere3se aos te!tos que circulam nas situaç0es
cotidianas. =eundo o autor, todos os conte!tos sociais -casa, trabal"o, escola, etc., por mais
variados que sejam, fazem uso da linuaem.
Os enunciados -orais ou escritos proferidos pelas pessoas que participam de um campo de
atividade "umana refletem as condiç0es específicas e as finalidades desse campo, tanto pelo seu
conte7do temático quanto pelo estilo da linuaem, mas, principalmente por sua construção
composicional. Esses tr)s elementos estão liados de forma indissol7vel ao todo do enunciado.
eja mais sobre as características fundamentais dos )neros te!tuais na sequ)ncia -;1T,
I''64
a. conte(do temático4 o que é possível ser dito por meio daquele )nero. 5or e!emplo, o
conte7do temático fundamental de uma carta pessoal são relatos de e!peri)nciaspessoais vividasC já o de um artio de opinião seria a discussão de quest0escontroversas de relevBncia social.
b. organização composicional4 é a forma como se oranizam internamente os te!tosproduzidos no )nero personaens típicos, tempo no qual as aç0es costumam serealizar, cenários comuns, oranização interna das aç0es -se num ei!o narrativo,e!positivo, relativo, arumentativo ou prescritivo, por e!emplo, se estabelecendorelaç0es de causalidade, de temporalidade ou de justaposição de aspectosC por meio dequais sequ)ncias te!tuais predominantes, fundamentalmente, etc.C
c. estilo4 marcas linuísticas típicas do )nero e não do te!to como, por e!emplo,operadores arumentativos nos artios de opiniãoC articuladores temporais e de
causalidade nos contosC frmulas introdutrias nos contos -Uera um vezV, U"á muitotempo num país distanteV, em cartas pessoais -Uquerido fulanoV, Uprezado =r. fulano de
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talVC frmulas de encerramento nos contos -Uacabou3se a "istria, morreu a vitria,entrou por uma porta e saiu por outra, quem quiser que conte outraVC marcas de idade,endereço, profissão em notícias -quando em refer)ncia a envolvidos no fato relatado,entre outros aspectos.
2=iIail BaItin(19719): 0il6so0o russo! dedicou a ida de0ini,-o de no,Kes! conceitos e categorias de
an5lise da linguagem com ase em discursos cotidianos! artísticos! 0ilos60icos! cientí0icos e institucionais. Gm
dos aspectos mais inoadores da produ,-o do Círculo de BaItin! como 0icou conecido seu grupo! 0oi en'ergar
a linguagem como um constante processo de intera,-o mediado pelo di5logo! e n-o apenas como um sistema
aut2nomo.
&êneros textuais
$escrição do gênero conto tradicional
=ituação
comunicativa • reula valores sociais, como modelos de traços de caráter e
comportamentos desejáveisC
• é reproduzido de memria por contadores de "istriaC
• pode circular oralmente entre membros de pequenas
comunidades, em festas, no trabal"o, em praças, etc., e levado
por viajantes a outros locaisC
• parte da tradição popular, sendo sua autoria indeterminada, mas,
ao lono dos tempos, foi compilado e reistrado por escrito por
etnloos, folcloristas e escritores, que se tornaram autores devers0es adaptadasC
• contos de diferentes épocas e luares circulam, atualmente, por
todo o mundo, em várias mídias, fazendo com que a memria de
m7ltiplas épocas e culturas esteja presente em conte!tos como
escolas, teatros, cinemas, internet, K, sess0es de leitura, entre
outros.
8onte7do temático Os contos tradicionais mant)m suas características essenciais abordaem
da natureza "umana do ponto de vista psicolico e social , a despeito deinovaç0es. Os conflitos narrativos centrais são sempre provocados por
quest0es como a fome, a mentira e a avareza, desdobrando3se em outros
menores, em um encadeamento de acontecimentos erados por aç0es dos
personaens que transformam o protaonista em "eri e punem o
representante do mal. O contraste entre estes dois polos, aliás, é sempre
maniqueísta. (á um embate entre o bem e o mal, que ressalta as
características "umanas desejáveis pela ideoloia dominante.
8onstrução
composicional e
marcas linuísticas
• inicia com a apresentação dos personaens, de suas condiç0es
de vida e da privação ou injustiça que sofrem, o que era o
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conflito narrativoC
• o enfrentamento do problema enendra as aç0es da narrativa
até sua solução final e feliz, sempre favorável aos personaens
que representam os valores que se deseja enaltecer, como a
"onestidade, a bondade, a persist)ncia, a coraem, etc.C
• é uma narrativa curtaC
• apresenta poucos personaens, sem comple!idade psicolica
-bons ou maus por naturezaC
• é um narrador onisciente que conduz a "istriaC
• "á a presença de diáloos que dão maior movimentação :
narrativaC
• o tempo e o espaço são indeterminados, por isso, estão
presentes e!press0es como UEra uma vezV, U(á muito tempoV,
U1um luar muito distanteV, etc.C
• usa3se o pretérito imperfeito -vivia, trabal"ava, amava, etc.
para a descrição da situação inicial, mas, depois da introdução do
conflito, emprea3se o pretérito perfeito -apareceu, viajou, lutou,
casou3se, etc.C
• "á a presença de sementos descritivos e uso de adjetivos
antepostos aos substantivos -linda princesa, corajoso cavaleiro,
terrível bru!aC
• presença frequente de tr)s movimentos -tr)s tentativas de
solucionar Uo problemaV, sendo a 7ltima definitiva na direção do
U+oram felizes para sempreV.
&êneros textuais
;a2"tin -I'$' salienta que cada enunciado particular é individual, mas os campos de atividade
"umana elaboram seus tipos de enunciados, suas Umaneiras de dizerV, prprias :quela atividade
social e que são relativamente estáveis.
Esses campos de atividade "umana são con"ecidos como es0era discursia ou domínio discursio.
*s esferas não são te!tos nem discursos, mas possibilitam o surimento de discursos bastante
específicos. 8ada uma dessas esferas discursivas enloba uma série de )neros, aluns e!clusivos
daquela esfera, outros não.
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W uisa de e!emplificação, trazemos alumas esferas discursivas e )neros que surem dentro
delas4
• Esfera de necios4 contrato, ofício, carta de informação.
• Esfera científica4 tese, palestra, ensaio, artio científico, pesquisa científica.
• Esfera cotidiana4 conversa familiar, cumprimento, bil"ete, telefonema, listas de compras.
• Esfera jurídica4 petição, decreto, parecer, recurso, oitivas, sentenças.
• Esfera escolar4 te!to didático, seminário, resumo, e!posição oral, questionário, unidades
ou capítulos de livros didáticos, mapas, enunciados de quest0es.
• Esfera literária4 conto, romance, novela, crnica, fábula, biorafia, memrias, poemas,
cordel, canç0es.
• Esfera médica4 bulas, receitas, diansticos.
• Esfera jornalística4 editorial, notícia, artio,carge, reportaem, "orscopo, carta do
leitor, tiras, entrevistas, proramação da K e cinema.
• Esfera esportiva4 "inos dos times, cantos das torcidas, inresso de joos e eventos
esportivos, informaç0es do painel eletrnico, preão do vendedor, propaandas
esportivas, placas comemorativas, placas indicativas, avisos orais, locução esportiva.
8ontudo, as esferas não são separadas, mas interaem. 8omo e!emplo, tem3se a esfera
esportiva, que tem um relacionamento estreito com a esfera jornalística da área esportiva. *lém
disso, os eventos que são objetos da locução esportiva também fazem parte da esfera jornalística.
*s esferas de atividades "umanas mudam e, consequentemente, os )neros mudam também. *o
falarmos em )neros, a noção de relatividade se sobrep0e : de estabilidade, ou seja, não
devemos v)3los como modelos estanques, mas como formas dinBmicas, social e "istoricamente
construídas.
5or estarem diretamente liados a situaç0es sociais em que ocorrem as interaç0es pela
linuaem, os )neros podem surir ou desaparecer de acordo com novas necessidades sociais.
&êneros textuais
Dm )nero pode, também, apresentar a função de outro ou conter outros dentro dele.
5odemos ilustrar o primeiro caso com os logs, que possuem a função dos diários pessoais
escritos, mas podem ser lidos por qualquer pessoa que ten"a acesso : >nternet.
Xá o seundo caso pode ser elucidado por um romance -que pode conter dentro dele uma carta,
por um conto -que pode trazer em seu interior um bil"ete, uma receita, ou por uma aula -que
contará com um debate, um jornal falado etc..
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8omo as esferas discursivas interaem, os )neros podem mirar de uma esfera para outra, caso,
por e!emplo, da crnica, que sure na esfera jornalística, mas também é encontrada na literária.
5ortanto, os )neros variam como a línua4 adaptam3se, renovam3se, fundem3se, misturam3se e
podem dar oriem a outros )neros.
Estes não são formas puras e sua classificação não pode ser de forma ríida, pois estão liados :s
atividades "umanas em todas as esferas é por isso que são definidos como tipos relativamente
estáveis de enunciados.
ejamos um parado!o sobre os )neros4
• #e um lado, os usuários de uma línua t)m consci)ncia da e!ist)ncia da diversidade de
)neros em sua sociedade e, em maior ou menor rau, são capazes de recon"ecer
vários deles e de l"es dar um nome, de modo mais ou menos comum -como, por
e!emplo, romance, novela, notícia, etc.. (á um con"ecimento intuitivo e não terico.
• #e outro lado, os )neros nunca se prestam a definiç0es e classificaç0es sistemáticas e
consensuais. Hesmo os nomes dados aos )neros e!istentes :s vezes não são
suficientes para delimitá3los.
o E!emplo4 artio de opinião e comentário jornalístico4 "á dois )nerosL Krata3se
de um )nero com dois nomesLC
o (á te!tos muito semel"antes rotulados com dois ou mais nomes. E!.4 resen"a,
resen"a crítica, resumo crítico, nota biblioráficaC fol"eto, panfleto, 0older C
seminário, apresentação oral, etc.
T)neros te!tuais
8om base nesses arumentos, qual das fiuras abai!o representa mel"or o que são )nerosL
?eia a definição de nebulosa e faça um paralelo com o )nero.
)ebulosa
* +alta de nitidez ou clarezaC confusão, nebulosidade.
+onte4"ttp4//mic"aelis.uol.com.br/moderno/portuues/inde!.p"pLlinuaYportuues3portuuesZpalavraYnebulosa
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=nebulosahttp://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=nebulosahttp://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=nebulosahttp://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=nebulosa
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8onsiderando o parado!o discutido acima, a nebulosa é o que mel"or representa o que podemos
definir por )neros, posto que são tipos relativamente estáveis de enunciado, presentes em cada
esfera da atividade "umana e scio3"istoricamente construídos.
*ssim, as imaens de uma estante ou o oranizador de lápis e canetas não são ideais para se
definir o que são )neros.
#e acordo com ;a2"tin -I'$', a diversidade dos )neros é infinita porque as possibilidades de
atividades "umanas são inesotáveis, e também porque em cada campo dessas atividades o
repertrio de )neros cresce e se diferencia, : medida que esse determinado campo se
desenvolve e se torna mais comple!o.
Essa infinidade de )neros é classificada pelo autor em4
• T)neros primários4 aqueles mais liados :s esferas sociais cotidianas de relação
"umana, :s formas do diáloo e :s situaç0es de interação face a face. E!.4 diáloo
cotidiano, bil"ete, cartas, conversa telefnica, etc.
• T)neros secundários4 aqueles que circulam nas esferas mais p7blicas da sociedade, em
instituiç0es além da familiar, tais como a escolar, reliiosa, acad)mica, jornalística,
burocrática, militar, científica, etc. E!.4 romances, teatro, pesquisas científicas, )neros
publicitários, artio de divulação científica, artio de opinião, confer)ncia, lei
constitucional, etc.
T)neros te!tuais
Em sua )nese, os )neros secundários muitas vezes absorvem e reelaboram os )nerosprimários, que perdem a relação direta com o real para tornarem3se UliteraturaV.
5or e!emplo, se uma carta é inserida em um romance, ela s se intera : realidade e!istente por
meio do romance considerado como um todo, ou seja, do romance concebido como fenmeno da
vida literário3artística, e não da vida cotidiana -;*S(K>1, I'$', p. IQ@3[.
Harcusc"i -I'$' também caracteriza os )neros como eventos te!tuais altamente maleáveis,
dinBmicos e plásticos, que surem emparel"ados a necessidades e atividades socioculturais e na
relação com inovaç0es tecnolicas. Eles surem, situam3se e interam3se funcionalmente nas
culturas em que se desenvolvem.
1as 7ltimas décadas, a intensidade dos usos das tecnoloias, em especial as midiáticas -rádio, K,
internet, jornal, revista e suas interfer)ncias nas atividades comunicativas diárias fez surir
formas discursivas novas, como os telefonemas, teleramas, telemensaens, teleconfer)ncias,
videoconfer)ncias, reportaens ao vivo, e7mails, bate3papos virtuais -cats, aulas virtuais, entre
outros.
Os novos )neros que surem não são inovaç0es absolutasC eles foram criados a partir de )neros
já e!istentes, fato notado por ;a2"tin ao se referir : transmutação ou assimilação de um )nero
por outro, erando um novo.
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Dm e!emplo disso são as cartas eletrnicas, que mesmo considerado um )nero novo pelas suas
identidades prprias, o e7mail tem nas cartas -pessoais, comerciais, etc. e nos bil"etes seus
antecessores.
5odemos citar também os logs, que apresentam caráter autobioráfico e possuem a função dos
diários pessoais escritos, com a diferença que podem ser lidos por qualquer pessoa que ten"aacesso : internet. Esse novo )nero suriu em função da emer)ncia dessa nova esfera
comunicativa, a internet, atrelado : necessidade e : atividade sociocultural, na relação com a
inovação tecnolica.
Dma contribuição interessante ao estudo dos )neros é a discussão sobre os )neros emerentes
e sua relação com os usos da linuaem. Huitos )neros suridos no 7ltimo século no conte!to
das diversas mídias criaram formas comunicativas prprias, desfazendo as barreiras entre
oralidade e escrita -o cat , por e!emplo. Outros, como os publicitários, permitem observar a
interação de várias linuaens, tais como sinos verbais, sons, imaens, formas em movimento.
#ada a comple!idade da vida social contemporBnea, considera3se fundamental con"ecer adiversidade e a "eteroeneidade dos )neros te!tuais e!istentes e saber usá3los nas in7meras
situaç0es sociais. 8on"ecer um )nero de forma efetiva é con"ecer suas condiç0es de uso, sua
pertin)ncia e sua adequação ao conte!to de produção.
T)neros te!tuais
* escol"a de uma pessoa por determinado )nero realiza3se em função do conte!to de
comunicação4 da finalidade do produtor, da adequação ao luar de circulação e ao portador e do
destinatário a quem o discurso é diriido.
* comunicação verbal seria quase impossível se tivéssemos de criar um tipo de )nero pelaprimeira vez a cada construção de nossos enunciados orais ou escritos -;*SK(>1, I'$'.
*ssim, quanto maior o domínio que tivermos sobre os )neros, mais facilidade de compreensão e
de produção de te!tos teremos, e, dessa forma, maior será a possibilidade de atinirmos nossos
objetivos discursivos. *prender a comunicar3se é aprender a utilizar o )nero apropriado :
situação de troca verbal.
*o observarmos os )neros, é possível verificar certas reularidades, construídas socialmente nas
manifestaç0es verbais -orais ou escritas por meio das quais interaimos. =ão essas reularidades
que permitem que identifiquemos os )neros.
Dma receita culinária comp0e3se do nome da receita, dos inredientes e do modo de fazer. Dma
carta apresenta a data seuida do vocativoC depois, traz o seu desenvolvimento, no qual são
abordados os temas que a motivaram e, finalmente, se encerra com uma despedida seuida da
assinatura do produtor da carta.
Dma bula de remédio traz as formas farmac)uticas e apresentaç0es, os usos, funcionamento,
indicação, contraindicaç0es e as precauç0es.
+rigadeiro com morango
,ngredientes
. $ lata de leite condensado
. $ col"er -sopa de manteia
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. @ col"eres -sopa de c"ocolate em p
. @' moranos inteiros
. 8"ocolate ranulado a osto
-odo de preparo
Em uma panela, coloque o leite condensado, a manteia e o c"ocolate em p.
?eve ao foo até soltar do fundo da panela. #ei!e esfriar.Envolva cada morano no briadeiro e faça bolin"as.
Em seuida, passe pelo c"ocolate ranulado. =irva em seuida.
Fonte: ttp:@@mdemuler.aril.com.r@culinaria@
T)neros te!tuais
Fonte: ttp:@@AAA.medicinanet.com.r@ula@[email protected]
#o ponto de vista de sua composição, podemos dizer que os )neros apresentam uma
oranização peculiar que atende seus objetivos comunicativos.
http://mdemulher.abril.com.br/culinaria/receitas/receita-de-brigadeiro-morango-587124.shtmlhttp://mdemulher.abril.com.br/culinaria/receitas/receita-de-brigadeiro-morango-587124.shtmlhttp://www.medicinanet.com.br/bula/4147/polaramine.htmhttp://mdemulher.abril.com.br/culinaria/receitas/receita-de-brigadeiro-morango-587124.shtmlhttp://mdemulher.abril.com.br/culinaria/receitas/receita-de-brigadeiro-morango-587124.shtmlhttp://www.medicinanet.com.br/bula/4147/polaramine.htm
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Has será que os te!tos que realizam um mesmo )nero apresentam uma sequ)ncia uniformeL
=erá que um romance é composto essencialmente de narrativasL Em um artio de opinião, "á
arumentação o tempo todoL Dm relatrio técnico é totalmente e!plicativoL
Essas quest0es nos conduzem ao conceito de tipo de se/uência te'tual .
.ipologia textual
F ainda muito comum ouvirmos frases do tipo4 UEscreva uma dissertação sobre...V, U?i sua
narração e osteiV, Uamos fazer uma descriçãoV.
Esses casos revelam duas noç0es que precisam ser diferenciadas4 tipos te!tuais e )neros
te!tuais. Harcusc"i -I'$', p. I@3I[ traz uma rande contribuição a respeito, definindo tais
noç0es4
• 4ipologia te'tual -sequ)ncia te!tual4 abrane cinco cateorias con"ecidas4 narração,
descrição, arumentação, e!posição e injunção.
• Oênero te'tual 4 são os te!tos materializados encontrados na vida diária e que
apresentam características sociocomunicativas definidas por conte7do temático,
estrutura composicional e estilo. 8omo já vimos, os )neros são in7meros.
Kodo te!to é produto da combinação e da articulação dessas diferentes sequ)ncias te!tuais, ou
seja, é da diversidade das sequ)ncias e de suas formas de articulação que decorre a
"eteroeneidade composicional da maioria dos te!tos.
1as diferentes situaç0es de comunicação, de acordo com suas intenç0es, o produtor do te!to podeutilizar uma variedade de sequ)ncias te!tuais, que se combinam para estruturar a composição do
te!to e cumprir as finalidades do )nero.
5or e!emplo, numa simples conversa com um amio, podemos contar/narrar nossa viaem,
descrever detal"es do local que con"ecemos, fazer comentários. Enfim, nos valemos de diversos
tipos de sequ)ncias te!tuais nesse ato discursivo.
Em eral, os )neros te!tuais suportam uma "eteroeneidade de sequ)ncias te!tuais. Essa
articulação entre diferentes sequ)ncias pode se dar por encai!amento -os tipos permanecem
delimitados e ordenados e o principal e o secundário são recon"ecíveis ou por justaposição
-quando os tipos te!tuais se mesclam e se fundem uns nos outros.
5ara sistematizarmos, apresentamos no quadro a seuir as principais características de cada
sequ)ncia te!tual4 a função desempen"ada, sua oranização composicional e os aspectos
linuísticos específicos.
Kipoloia te!tual
.ipo de
sequência
/unção e organização composicional Peculiaridades linguísticas
)arrativa Essa sequ)ncia se define pela presençade personaens e pela sucessão de
8aracteriza3se pelo empreopredominante de verbos no
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acontecimentos, envolvendo aç0es, em
um processo de intria4 a partir de uma
situação inicial, cria3se uma tensão, que
desencadeia uma ou várias
transformaç0es, no fim das quais umanova situação se estabelece.
pretérito perfeito ou no imperfeito,
por relaç0es de causa/efeito, pela
presença de oranizadores
temporais, de anáforas pronominais
e nominais.
$escritiva F definida por tr)s cateorias4 $.
desinação, que nomeiaC
I. definição, que determina a e!tensão
ou os limites, além de enunciar os
atributos essenciais e específicosC
@. individuação, que especifica,
distinue, ou seja, particulariza, torna
individual.
8aracteriza3se pelo empreo de
verbos de estado, de substantivos e
de adjetivos classificatrios e
avaliativos.
0xplicativa Kem por objetivo Ufazer compreenderV
alo que o locutor jula ser de difícil
compreensão. Oriina3se na constatação
de um fenmeno incontestável que
carece de e!plicação.
F caracterizada por enunciados
analíticos, com verbos
predominantemente no presente do
indicativo e períodos compostos
contendo oraç0es adjetivas.
1rgumentativa #o ponto de vista da oranização da
te!tualidade, essa sequ)ncia pode ser
reinterpretada em termos de
arumento-s → conclusão -ou dado →
conclusão, e corresponde a todo
semento de te!to que se apresenta
como um arumento em favor de outro
semento do mesmo te!to.
8aracteriza3se pelo empreo de
avaliativos, por advérbios
modalizadores e por elementos de
cone!ão que marcam uma tomada
de posiçãoC e!pressa o confronto, a
comparação, a analoia, o e!emplo.
,njuntiva Essa sequ)ncia caracteriza3se por um
objetivo4 o locutor visa fazer air o
interlocutor de certo modo ou em uma
determinada direção.
Kem como característica o uso de
formas verbais no imperativo ou no
infinitivo.
$ialogal =e caracteriza por constituir sementos
estruturados em turnos de fala,
correspondendo aos sementos
interativos dialoados.
Harcada pelos discursos diretos,
pelo empreo de pronomes de
tratamento, por vocativos e
interjeiç0es.