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O uso de materiais locais e resíduos na ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA “A indústria da construção civil consome 50% dos recursos mundiais, convertendo-se em uma das atividades menos sustentáveis do planeta. (...) A civilização contemporânea depende de edificações para seu resguardo e sua existência, mas nosso planeta não é capaz de continuar suprindo a atual demanda de recursos. Evidentemente, algo deve ser mudado nesse aspecto e os arquitetos e designers têm uma grande responsabilidade nesse processo.” (EDWARDS, p.3) A intensa busca pela alta tecnologia dos materiais muitas vezes caminha na direção contrária ao desenvolvimento sustentável da construção civil. E por vezes gera até certo preconceito não fundamentado com relação ao emprego de materias locais e/ou alternativos. Esse descompasso nos levou a analisar a viabilidade dos aspectos e disponibilidades regionais em projetos urbanos com arquitetura diferenciada, ou seja, a análise dos materiais sendo utilizados em desenhos arrojados e em soluções sustentáveis. Procuramos então analisar, através de diferentes e breves estudos de caso, o uso de materiais e técnicas não-tradicionais, que estão disponíveis no local de cada intervenção arquitetônica. Podemos conhecer então as possibilidades de hibridade de materiais e possibilidades para o futuro. Ao lado, estão apresentados quatro projetos de diferentes naturezas e igualmente diferentes maneiras de encarar a realidade que se apresenta. Os objetivos buscados pelos diferentes grupos de projetos podem ser reconhecidos pela maneira com a qual tratam do material e pelo olhar que se tem no ambiente em que se encontram. Com um exemplo rural, um exemplo urbano, um exemplo ecoturístico e um exemplo conceitual, procuramos ver essas diferenças e mostrar que há possibilidades de desenho criativo esteticamente agradável de serem associados à sustentabilidade. Abaixo, está brevemente resumido o processo de pesquisa de um escritório de arquitetura do Brasil na busca de novas possibilidades de usos dos materiais descartados. Trata-se de uma casa construída com o intuito de melhorar a condição de moradia de uma família residente em uma região muito pobre do Alabama. Inicialmente houve uma relutância da família em aceitar o projeto, mas hoje reconhecem a melhora das condições de vida geradas pela melhora da ventilação natural, da água encanada e das dimensões acessíveis (portas amplas, barras e luzes baixas) a cadeirante, uma vez que a dona da casa está nessa condição. Telhado: é feito de dois retângulos de estanho e suportado por vigas de madeira que formam uma forte angulação, dando a impressão de asas de borboleta, como o próprio apelido sugere. Esse formato permite também a coleta da água das chuvas para armazenamento e reuso. Revestimentos: As paredes internas são revestidas com madeira (pinho coração reciclado de uma igreja de 105 anos da região) para garantir a inércia térmica interna do edifício. Paredes: As paredes que se voltam ao ambiente externo foram feitas para maximizar a ventilação natural. São paredes exaustoras feitas de tiras e grades como uma persiana, que pode ser operada manualmente nas janelas. Para o inverno, painéis feitos de toldo cobrem as janelas altas que ficam próximas ao telhado e um fogão a lenha mantém a casa aquecida. Pisos: o piso é revestido com madeira e apoiado sobre fundação de concreto. Anexos: há um ônibus escolar, que antes era usado como casa por outra família, dá lugar a um espaço como uma edícula no jardim da casa. Foi construída com o objetivo de ser uma casa temporária, mas em que se pudessem testar materiais e técnicas para posterior construção permanente, por isso, foi construído sobre uma plataforma de madeira compensada especialmente para o Dia Mundial do Meio Ambiente. Foi montado em uma praça em São Francisco, onde todos transeuntes podiam passar e ver de uma maneira bem clara como os materiais do dia- a-dia podem ser reutilizados para a construção. Telhado: foi feito com velhos discos de vinil, bem como a cerca, amarrados entre si com fitas e fios e também com telhas feitas de metais jogados fora de apenas 2 dias de trabalho de uma usina de metal local. Revestimentos: as paredes são feitas e revestidas com diferentes materiais, cada parede possui um revestimento diferente, desde placas de rua e portas de box de banheiro, passando por revestimento com teclados de computador, batentes, listas telefônicas antigas, até mangueiras dos bombeiros. Paredes: quatro das paredes externas da Scraphouse foram feitas de vidro. Temperado, com dois painéis e presos em frames de aço para acomodar os diferentes tamanhos. Pisos: o piso é revestido com couro usado, especialmente na parte dos quartos onde espera-se menor movimento. É acima de tudo uma casa conceito que pode ser reproduzida em vários andares. O grande foco da Casa Alimento é criar um ambiente sustentável paradoxal, construído a partir do grande ícone do consumismo: a garrafa PET. As paredes, em boa parte ocas, permitem que as instalações sejam feitas de maneira a não lesionar a estrutura. O plástico garante também uma boa inércia térmica e não acumulam umidade. Telhas: são recicladas de Tetrapak e resíduos plásticos, formando fibras resistentes. Revestimentos: uma tela com alvéolos hexagonais prende as garrafas pelo gargalo, dando coesão à parede. Internamente há uma tela lisa feita a partir de reciclado de PET que é rebitada na tampinha das próprias garrafas. Paredes: garrafas PET empilhadas substituem a alvenaria tradicional. Cheias d'água (clorada para evitar a contaminação por bactérias e reduzir o risco de incêndio), elas são coladas com uma espécie de resina feita a partir de borras de plástico picado. Pisos: o material do piso é basicamente plástico, juntando plásticos de diversos tipos que passam por um processo de preparação (máquina extrusora, assentadas e prensadas sobre o contrapiso de resíduo sólido mineral reaproveitado). Desse material são feitas vigas em T que são lixadas e não necessitam de cera de acabamento. fonte: http://www.scraphouse.org fonte: http://www.cadc.auburn.edu/rural-studio fonte: http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/144/imprime22115.asp A amima, arquitetura de mínimo impacto sobre o meio ambiente, é um escritório de São Paulo que aborda o desenvolvimento sustentável sob o aspecto da indústria da construção civil através da realização de projetos arquitetônicos e design utilizando novas tecnologias que proporcionem a redução da geração de resíduos, através da sua reciclagem e da sua aplicação de forma não- convencional. Alguns dos resíduos já empregados: pallets de madeira, EPS, pó de serra, palha de arroz, jornal, garrafas, latas de alumínio, vidros de automóveis, pneus, rodas de arado, bombonas de PVC, latões de 200 litros, entre outros. Em 2004, iniciou o Projeto de Habitação Popular Urbana a ser apresentada para a Caixa Econômica Federal. Mas infelizmente, devido a obstáculos burocráticos não chegou a ser executado. O projeto consiste em habitação de interesse social. A necessidade de reduzir os custos das unidades aliou-se à intenção de diminuir os impactos ambientais e levaram o escritório a buscar formas de reutilização de resíduos gerados no mais diversos lugares: feiras variadas, Ceasa, ferros velhos, caçambas, cenários de teatro e de cinema, indústrias, entre outros. Buscando tanto resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados quanto resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros. O levantamento em todos esses focos da região é uma fase muito importante da elaboração do projeto arquitetônico, uma vez que o desenho das unidades habitacionais depende dos materiais disponíveis que serão empregados no projeto. E este foi realizado em diversos pontos da região (no mapa acima foram localizados alguns desses pontos para ilustrar a logística do levantamento). O resultado da pesquisa está esquematizado através da tabela e fotos ao lado. Esse é um exemplo de como é feito a pesquisa sobre a disponibilidade de materiais locais, sejam de origem natural ou residual.A partir dos dados sobre a disponibilidade desses, o projeto é concebido buscando o seu melhor aproveitamento. (Dados obtidos através de uma conversa com a arquiteta Leiko Motomura, da amima) fonte: Google Earth BUTTERFLY HOUSE | RURAL STUDIO (Alabama - Estados Unidos – 1996/7) SCRAPHOUSE | PUBLIC ARCHITECTURE (Califórnia - Estados Unidos - 2005) CASA ALIMENTO | SÉRGIO PRADO CENTRO DE CULTURA MAX FEFFER | AMIMA (Pardinho, São Paulo – Brasil, 2008) Foi realizado pela ONG Instituto Jatobás para as atividades culturais do “Projeto Pardinho” e possui diversos equipamentos e programa para disseminação e incentivo do desenvolvimento social local. A proposta principal, dentro dos itens de sustentabilidade, foi o uso do bambu numa construção de grande porte. Teve cuidados para alcançar índices de conforto ambiental com soluções de baixa tecnologia. Suas estratégias de projeto abrangem também a escolha dos materiais, a redução do consumo de energia e a reutilização da água cinza. Telhado: a cobertura é composta por fibras vegetais e sua estrutura, por fibras vegetais de bambu e eucalipto. Revestimento: placas de concreto celular. Paredes: alvenaria aparente composta por tijolos de solo-cimento e tijolos de demolição. Caixilhos: madeira de demolição. Gradil: reuso de descarte de peças de ônibus. Divisórias: feita de reuso de resíduo industrial. Mobiliário: bancos feitos com reuso de resíduos de construções (bambu e louças sanitárias), bebedouros feitos a partir de reuso de equipamentos agrícolas. fonte: escritório amima BIBLIOGRAFIA: EDWARDS, Brian, HYETT, Paul (colab.) O guia básico para a sustentabilidade. Barcelona: Gustavo Gili, 2008. ROGERS, Richard, GUMUCHDJIAN, Philip (ed.). Cidades para um pequeno planeta. Barcelona: Gustavo Gili, 2001. SJÖSTRÖM, Ch. Durability and sustainable use of building materiais. In: Sustainable use of materiais. J.W. Llewellyn & H. Davies editors. London: BRE/RILEM, 1992. GARCIA, Paula Helena da Costa. Acupuntura ecoturística em área de proteção ambiental: o caso de Guaraqueçaba (PR). Dissetação de Mestrado. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, 2010. WILLOUGHBY, K.W. Technology Choice, A Critique of the Appropriate Technology Movement. Intermediate Technology Publications, London, 1990. DEAN, Andrea Oppenheimer; HURSLEY, Timothy. Rural Studio: Samuel Mockbee and an Architecture of Decency. New York Princeton Architectural Press, 2002. JOHN, Vanderley M. Texto técnico: desenvolvimento sustentável, construção civil, reciclagem e trabalho multidisciplinar. Disponível em: <http://www.reciclagem.pcc.usp.br/des_sustentavel.htm> NAKAMURA, Juliana. Construção plástico-orgânica com estrutura em taipa e parede constituída por garrafas pet de onde irão brotar plantas comestíveis, casa em sítio no litoral paulista serve como um protótipo de solução proposta para habitação popular.Disponível em: <http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/144/imprime22115.asp> http://www.scraphouse.org/Documentary http://www.publicarchitecture.org/design/ScrapHouse.htm AUT 221 - Arquitetura, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Professora: Denise Duarte Maricy Miki Hisamoto | 5914905 Melissa P. S. Benito | 5915211 INTRODUÇÃO PROJETO DE HABITAÇÃO POPULAR URBANA | AMIMA (processo de pesquisa e levantamento) fonte: escritório amima M A T E R I A L A P L I C A Ç Ã O F O N T E 1 PNEU Fundações 2 BAMBU (VERGALHÕES) Fundações 3 ENTULHO Alvenaria Resíduo de obra civil 4 PALLET Contra-marco / Forro Resíduo de fábricas 5 CAIBROS Estrutura do telhado Demolidoras 6 TELHAS Cobertura Demolidoras 7 RESÍDUO DE QUARTZOLIT Reboco de paredes Quartzolit 8 TINTA Acabamento (+ barato) Bonetti 9 LATAS REDONDAS DE BISCOITO Ventilação Natural / Luminárias Ceasa 10 JANELAS DE ÔNIBUS Janelas Desmanche de ônibus 11 GARRAFAS Janelas Central de coleta seletiva 12 PORTAS DE MADEIRA INTERNAS Portas internas e externas Demolidoras 13 BLOCOS FURADOS Ventilação Natural 14 INTERRUPTORES DE SOBREPOR Interruptores 15 TREPADEIRAS FRUTÍFERAS Jardim coletivo 16 LAVATÓRIO / BACIA SANITÁRIA Louças sanitárias Demolidoras 17 ESTACAS DE EUCALIPTO Divisa do quintal das casas Demolidoras 18 PLÁSTICO PRETO Impermeabilização das fundações Demolidoras 19 PIA COZINHA (fabricada no local) Pia Cozinha Bonetti 20 RESÍDUO DE ISOL. TÉRMICO A.C. Subcobertura Obralimpa (gerenciam. resíd.) 21 CASCA CERÂMICA (siliconita) Paisagismo nas paredes externas Resíduo de fábricas 22 ÓLEO (não tóxico) Tratamento de madeira (checar) Resíduo de fábricas 23 GRANITO (retalhos) Desenho de piso externo Resíduo de marmorarias 24 SERRAGEM Agregado para piso Resíduo de serraria 25 TELA METÁLICA (porta) Abrigo de água Demolidoras 26 ILUMIN.O E VENTIL. NATURAIS Todos os ambientes 27 JARDIM (no fundo) Lazer; retardamento da descarga de águas pluvias A R Q U I T E T U R A M A T E R I A L A P L I C A Ç Ã O F O N T E 1 CARPETES Acabamento de piso interno Rede Globo 2 RESTOS DE MADEIRA Mobiliário Rede Globo 3 PEDAÇOS DE CENÁRIO Mobiliário Rede Globo I N T E R I O R E S fonte: escritório amima

O uso de materiais locais e resíduos na ARQUITETURA ... · a coleta da água das chuvas para armazenamento e reuso. Revestimentos: As paredes internas são revestidas com madeira

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Page 1: O uso de materiais locais e resíduos na ARQUITETURA ... · a coleta da água das chuvas para armazenamento e reuso. Revestimentos: As paredes internas são revestidas com madeira

O uso de materiais locais e resíduos na ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA

“A indústria da construção civil consome 50% dos recursos

mundiais, convertendo-se em uma das atividades menos

sustentáveis do planeta. (...) A civilização contemporânea

depende de edificações para seu resguardo e sua existência,

mas nosso planeta não é capaz de continuar suprindo a atual

demanda de recursos. Evidentemente, algo deve ser mudado

nesse aspecto e os arquitetos e designers têm uma grande

responsabilidade nesse processo.” (EDWARDS, p.3)

A intensa busca pela alta tecnologia dos materiais muitas vezes

caminha na direção contrária ao desenvolvimento sustentável

da construção civil. E por vezes gera até certo preconceito não

fundamentado com relação ao emprego de materias locais

e/ou alternativos. Esse descompasso nos levou a analisar a

viabilidade dos aspectos e disponibilidades regionais em

projetos urbanos com arquitetura diferenciada, ou seja, a

análise dos materiais sendo utilizados em desenhos arrojados

e em soluções sustentáveis.

Procuramos então analisar, através de diferentes e breves

estudos de caso, o uso de materiais e técnicas não-tradicionais,

que estão disponíveis no local de cada intervenção

arquitetônica. Podemos conhecer então as possibilidades de

hibridade de materiais e possibilidades para o futuro.

Ao lado, estão apresentados quatro projetos de diferentes

naturezas e igualmente diferentes maneiras de encarar a

realidade que se apresenta. Os objetivos buscados pelos

diferentes grupos de projetos podem ser reconhecidos pela

maneira com a qual tratam do material e pelo olhar que se tem

no ambiente em que se encontram. Com um exemplo rural,

um exemplo urbano, um exemplo ecoturístico e um exemplo

conceitual, procuramos ver essas diferenças e mostrar que há

possibilidades de desenho criativo esteticamente agradável de

serem associados à sustentabilidade. Abaixo, está brevemente

resumido o processo de pesquisa de um escritório de

arquitetura do Brasil na busca de novas possibilidades de usos

dos materiais descartados.

Trata-se de uma casa construída com o intuito de melhorar a condição de

moradia de uma família residente em uma região muito pobre do

Alabama. Inicialmente houve uma relutância da família em aceitar o

projeto, mas hoje reconhecem a melhora das condições de vida geradas

pela melhora da ventilação natural, da água encanada e das dimensões

acessíveis (portas amplas, barras e luzes baixas) a cadeirante, uma vez

que a dona da casa está nessa condição.

Telhado: é feito de dois retângulos de estanho e suportado por vigas de

madeira que formam uma forte angulação, dando a impressão de asas de

borboleta, como o próprio apelido sugere. Esse formato permite também

a coleta da água das chuvas para armazenamento e reuso.

Revestimentos: As paredes internas são revestidas com madeira (pinho

coração reciclado de uma igreja de 105 anos da região) para garantir a

inércia térmica interna do edifício.

Paredes: As paredes que se voltam ao ambiente externo foram feitas para

maximizar a ventilação natural. São paredes exaustoras feitas de tiras e

grades como uma persiana, que pode ser operada manualmente nas

janelas. Para o inverno, painéis feitos de toldo cobrem as janelas altas

que ficam próximas ao telhado e um fogão a lenha mantém a casa

aquecida.

Pisos: o piso é revestido com madeira e apoiado sobre fundação de

concreto.

Anexos: há um ônibus escolar, que antes era usado como casa por outra

família, dá lugar a um espaço como uma edícula no jardim da casa.

Foi construída com o objetivo de ser uma casa temporária, mas em que

se pudessem testar materiais e técnicas para posterior construção

permanente, por isso, foi construído sobre uma plataforma de madeira

compensada especialmente para o Dia Mundial do Meio Ambiente. Foi

montado em uma praça em São Francisco, onde todos transeuntes

podiam passar e ver de uma maneira bem clara como os materiais do dia-

a-dia podem ser reutilizados para a construção.

Telhado: foi feito com velhos discos de vinil, bem como a cerca,

amarrados entre si com fitas e fios e também com telhas feitas de metais

jogados fora de apenas 2 dias de trabalho de uma usina de metal local.

Revestimentos: as paredes são feitas e revestidas com diferentes

materiais, cada parede possui um revestimento diferente, desde placas

de rua e portas de box de banheiro, passando por revestimento com

teclados de computador, batentes, listas telefônicas antigas, até

mangueiras dos bombeiros.

Paredes: quatro das paredes externas da Scraphouse foram feitas de

vidro. Temperado, com dois painéis e presos em frames de aço para

acomodar os diferentes tamanhos.

Pisos: o piso é revestido com couro usado, especialmente na parte dos

quartos onde espera-se menor movimento.

É acima de tudo uma casa conceito que pode ser reproduzida em vários

andares. O grande foco da Casa Alimento é criar um ambiente sustentável

paradoxal, construído a partir do grande ícone do consumismo: a garrafa

PET.

As paredes, em boa parte ocas, permitem que as instalações sejam feitas

de maneira a não lesionar a estrutura. O plástico garante também uma

boa inércia térmica e não acumulam umidade.

Telhas: são recicladas de Tetrapak e resíduos plásticos, formando fibras

resistentes.

Revestimentos: uma tela com alvéolos hexagonais prende as garrafas

pelo gargalo, dando coesão à parede. Internamente há uma tela lisa feita

a partir de reciclado de PET que é rebitada na tampinha das próprias

garrafas.

Paredes: garrafas PET empilhadas substituem a alvenaria tradicional.

Cheias d'água (clorada para evitar a contaminação por bactérias e reduzir

o risco de incêndio), elas são coladas com uma espécie de resina feita a

partir de borras de plástico picado.

Pisos: o material do piso é basicamente plástico, juntando plásticos de

diversos tipos que passam por um processo de preparação (máquina

extrusora, assentadas e prensadas sobre o contrapiso de resíduo sólido

mineral reaproveitado). Desse material são feitas vigas em T que são

lixadas e não necessitam de cera de acabamento.

fonte: http://www.scraphouse.org

fonte: http://www.cadc.auburn.edu/rural-studio

fonte: http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/144/imprime22115.asp

A amima, arquitetura de mínimo impacto sobre o meio ambiente, é um escritório de São Paulo que aborda o desenvolvimento sustentável sob o aspecto da indústria da construção civil através da realização de projetos arquitetônicos e design utilizando novas tecnologias que proporcionem a redução da geração de resíduos, através da sua reciclagem e da sua aplicação de forma não-convencional. Alguns dos resíduos já empregados: pallets de madeira, EPS, pó de serra, palha de arroz, jornal, garrafas, latas de alumínio, vidros de automóveis, pneus, rodas de arado, bombonas de PVC, latões de 200 litros, entre outros.

Em 2004, iniciou o Projeto de Habitação Popular Urbana a ser apresentada para a Caixa Econômica Federal. Mas infelizmente, devido a obstáculos burocráticos não chegou a ser executado. O projeto consiste em habitação de interesse social. A necessidade de reduzir os custos das unidades aliou-se à intenção de diminuir os impactos ambientais e levaram o escritório a buscar formas de reutilização de resíduos gerados no mais diversos lugares: feiras variadas, Ceasa, ferros velhos, caçambas, cenários de teatro e de cinema, indústrias, entre outros.

Buscando tanto resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados quanto resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros. O levantamento em todos esses focos da região é uma fase muito importante da elaboração do projeto arquitetônico, uma vez que o desenho das unidades habitacionais depende dos materiais disponíveis que serão empregados no projeto. E este foi realizado em diversos pontos da região (no mapa acima foram localizados alguns desses pontos para ilustrar a logística do levantamento).

O resultado da pesquisa está esquematizado através da tabela e fotos ao lado.

Esse é um exemplo de como é feito a pesquisa sobre a disponibilidade de materiais locais, sejam de origem natural ou residual.A partir dos dados sobre a disponibilidade desses, o projeto é concebido buscando o seu melhor aproveitamento.(Dados obtidos através de uma conversa com a arquiteta Leiko Motomura, da amima)

fonte: Google Earth

BUTTERFLY HOUSE | RURAL STUDIO (Alabama - Estados Unidos – 1996/7)

SCRAPHOUSE | PUBLIC ARCHITECTURE (Califórnia - Estados Unidos - 2005)

CASA ALIMENTO | SÉRGIO PRADO

CENTRO DE CULTURA MAX FEFFER | AMIMA (Pardinho, São Paulo – Brasil, 2008)Foi realizado pela ONG Instituto Jatobás para as atividades culturais do

“Projeto Pardinho” e possui diversos equipamentos e programa para

disseminação e incentivo do desenvolvimento social local. A proposta

principal, dentro dos itens de sustentabilidade, foi o uso do bambu

numa construção de grande porte.

Teve cuidados para alcançar índices de conforto ambiental com

soluções de baixa tecnologia. Suas estratégias de projeto abrangem

também a escolha dos materiais, a redução do consumo de energia e a

reutilização da água cinza.

Telhado: a cobertura é composta por fibras vegetais e sua estrutura,

por fibras vegetais de bambu e eucalipto.

Revestimento: placas de concreto celular.

Paredes: alvenaria aparente composta por tijolos de solo-cimento e

tijolos de demolição.

Caixilhos: madeira de demolição.

Gradil: reuso de descarte de peças de ônibus.

Divisórias: feita de reuso de resíduo industrial.

Mobiliário: bancos feitos com reuso de resíduos de construções

(bambu e louças sanitárias), bebedouros feitos a partir de reuso de

equipamentos agrícolas.fonte: escritório amima

BIBLIOGRAFIA:EDWARDS, Brian, HYETT, Paul (colab.) O guia básico para a sustentabilidade. Barcelona: Gustavo Gili, 2008.ROGERS, Richard, GUMUCHDJIAN, Philip (ed.). Cidades para um pequeno planeta. Barcelona: Gustavo Gili, 2001.SJÖSTRÖM, Ch. Durability and sustainable use of building materiais. In: Sustainable use of materiais. J.W. Llewellyn & H. Davies editors. London: BRE/RILEM, 1992.GARCIA, Paula Helena da Costa. Acupuntura ecoturística em área de proteção ambiental: o caso de Guaraqueçaba (PR). Dissetação de Mestrado. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, 2010.WILLOUGHBY, K.W. Technology Choice, A Critique of the Appropriate Technology Movement. Intermediate Technology Publications, London, 1990.DEAN, Andrea Oppenheimer; HURSLEY, Timothy. Rural Studio: Samuel Mockbee and an Architecture of Decency. New York Princeton Architectural Press, 2002.JOHN, Vanderley M. Texto técnico: desenvolvimento sustentável, construção civil, reciclagem e trabalho multidisciplinar. Disponível em: <http://www.reciclagem.pcc.usp.br/des_sustentavel.htm> NAKAMURA, Juliana. Construção plástico-orgânica com estrutura em taipa e parede constituída por garrafas pet de onde irão brotar plantas comestíveis, casa em sítio no litoral paulista serve como um protótipo de solução proposta para habitação popular.Disponível em: <http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/144/imprime22115.asp>http://www.scraphouse.org/Documentary

http://www.publicarchitecture.org/design/ScrapHouse.htm

AUT 221 - Arquitetura, Ambiente e Desenvolvimento SustentávelProfessora: Denise Duarte

Maricy Miki Hisamoto | 5914905Melissa P. S. Benito | 5915211

INTRODUÇÃO

PROJETO DE HABITAÇÃO POPULAR URBANA | AMIMA (processo de pesquisa e levantamento)

fonte: escritório amima

M A T E R I A L A P L I C A Ç Ã O F O N T E

1 PNEU Fundações

2 BAMBU (VERGALHÕES) Fundações

3 ENTULHO Alvenaria Resíduo de obra civil

4 PALLET Contra-marco / Forro Resíduo de fábricas

5 CAIBROS Estrutura do telhado Demolidoras

6 TELHAS Cobertura Demolidoras

7 RESÍDUO DE QUARTZOLIT Reboco de paredes Quartzolit

8 TINTA Acabamento (+ barato) Bonetti

9 LATAS REDONDAS DE BISCOITO Ventilação Natural / Luminárias Ceasa

10 JANELAS DE ÔNIBUS Janelas Desmanche de ônibus

11 GARRAFAS Janelas Central de coleta seletiva

12 PORTAS DE MADEIRA INTERNAS Portas internas e externas Demolidoras

13 BLOCOS FURADOS Ventilação Natural

14 INTERRUPTORES DE SOBREPOR Interruptores

15 TREPADEIRAS FRUTÍFERAS Jardim coletivo

16 LAVATÓRIO / BACIA SANITÁRIA Louças sanitárias Demolidoras

17 ESTACAS DE EUCALIPTO Divisa do quintal das casas Demolidoras

18 PLÁSTICO PRETO Impermeabilização das fundações Demolidoras

19 PIA COZINHA (fabricada no local) Pia Cozinha Bonetti

20 RESÍDUO DE ISOL. TÉRMICO A.C. Subcobertura Obralimpa (gerenciam. resíd.)

21 CASCA CERÂMICA (siliconita) Paisagismo nas paredes externas Resíduo de fábricas

22 ÓLEO (não tóxico) Tratamento de madeira (checar) Resíduo de fábricas

23 GRANITO (retalhos) Desenho de piso externo Resíduo de marmorarias

24 SERRAGEM Agregado para piso Resíduo de serraria

25 TELA METÁLICA (porta) Abrigo de água Demolidoras

26 ILUMIN.O E VENTIL. NATURAIS Todos os ambientes

27 JARDIM (no fundo) Lazer; retardamento da descarga

de águas pluvias

A R Q U I T E T U R A

M A T E R I A L A P L I C A Ç Ã O F O N T E

1 CARPETES Acabamento de piso interno Rede Globo

2 RESTOS DE MADEIRA Mobiliário Rede Globo

3 PEDAÇOS DE CENÁRIO Mobiliário Rede Globo

I N T E R I O R E S

fonte: escritório amima