Upload
lehuong
View
213
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
O USO DO SENSORIAMENTO REMOTO PARA A ANÁLISE DA DINÂMICA
ESPAÇO-TEMPORAL EM ITAPERUÇU
Autor: Simone Ribeiro1
Orientadora: Elaine de Cacia de Lima Frick2
Resumo
Neste artigo pretende-se relatar os resultados do PDE- Programa de Desenvolvimento Educacional 2010, parceria entre a SEED. (Secretaria de Estado da Educação) e a UFPR (Universidade Federal do Paraná), bem como o processo de aplicação das atividades de implementação pedagógica, realizada no Colégio Estadual José Pioli, no Município de Itaperuçu-PR, no 7º ano do Ensino Fundamental II, segundo semestre de 2011. O Projeto desenvolvido teve como tema o “Uso do Sensoriamento Remoto para a análise da dinâmica espaço-temporal em Itaperuçu-PR”, tendo como principal objetivo a compreensão da utilização dos recursos do Sensoriamento Remoto como ferramenta para identificar as mudanças espaciais ao longo do tempo e as consequências do processo de urbanização nas atuais características sociais, políticas, econômicas e ambientais na área urbana do Município de Itaperuçu, através do material didático implementado, intitulado “A Geografia e o Uso do Sensoriamento Remoto”. Tendo como base que na atualidade o dinamismo da urbanização influência e transforma a sociedade provocando mudanças nas relações socioespaciais e aproveitando-se de que os jovens vivem em uma era midiática, o que facilita o uso da tecnologia, pois, desperta maior interesse no aprendizado. O resultado prático foi muito satisfatório, se dando através do grande envolvimento do grupo nas atividades, ao perceber as mudanças espaciais nas fotografias aéreas multitemporais os estudantes compreenderam que também fazem parte desta transformação na paisagem do município.
Palavras Chave: Sensoriamento Remoto, urbanização, sociedade.
1 Professora PDE da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná – [email protected]
2Professora do Curso de Geografia da Universidade Federal do Paraná – [email protected]
2
1. Introdução
Esse artigo é resultado do Projeto “O uso do Sensoriamento Remoto para
análise da dinâmica espaço-temporal em Itaperuçu-PR”, desenvolvido em função da
necessidade de observação e do aprofundamento de conhecimento do aluno sobre
o espaço geográfico, identificando e compreendendo a rápida expansão urbana, que
muitas vezes acaba não sendo acompanhada pela sua percepção, além de não se
ver como parte do espaço urbano e como ator no processo de transformação deste
espaço, devendo-nos indagar de: como levar o aluno a compreender as mudanças
espaciais, com dinamismo e interesse, levando-o a reconhecer-se como parte
integrante desse processo de mudança, além da necessidade da compreensão dos
conceitos geográficos e análises sócio-espaciais?
Levando-se em consideração que a urbanização é um processo
extremamente dinâmico que influencia a sociedade transformando-a continuamente.
Nesse contexto o uso do Sensoriamento Remoto com o uso de fotografias
multitemporais possibilita maior interesse dos alunos e dinamismo das aulas, pois
pode-se fazer uma leitura mais detalhada e ao mesmo tempo ampla do espaço em
questão, permitindo a compreensão do processo de urbanização crescente nas
áreas urbanas.
Para resgatar a consciência do aluno no que se refere às relações
socioespaciais do seu tempo e lugar, faz-se necessário à análise das contradições
diante situações políticas, econômicas, sociais e culturais e o aprofundamento do
conhecimento, discussão e formação de conceitos reconhecendo as mudanças
ocorridas no espaço, a partir da sociedade local para o todo possibilitando a
valorização do cidadão e do espaço ao qual está inserido.
Sendo assim e de acordo com as Diretrizes Curriculares o aluno deverá se
apropriar dos conceitos fundamentais da Geografia e poderá compreender o
processo de produção e transformação do espaço geográfico, de forma crítica e
dinâmica, interligado a realidade.
3
Dessa forma, o uso do Sensoriamento Remoto é uma ferramenta de
extrema importância para o desenvolvimento da relação escola-sociedade e nessa
perspectiva buscou-se a utilização desta para o reconhecimento da importância do
município e de suas mudanças, bem como a influência do aluno nesse processo e a
compreensão da representação das imagens no ensino da geografia.
Compreendendo a utilização dos recursos do Sensoriamento Remoto como
ferramenta pedagógica para identificar as mudanças espaciais ao longo do tempo e
as consequências do processo de urbanização nas atuais características sociais,
políticas, econômicas e ambientais das áreas urbanas em questão.
O dinamismo nas aulas de Geografia pode ser criado através do uso de
fotografias aéreas e imagens de satélite, como aconteceu ao longo do processo
desta prática pedagógica, pois, a possibilidade de comparação de diferentes épocas
permite um maior conhecimento do espaço em questão e a comparação para melhor
compreender as mudanças ocorridas.
2. Embasamento Teórico
O processo de ensino-aprendizagem se dá através de dinâmicas que
incentivem a busca do conhecimento, partindo de situações familiares aos alunos e
levando em consideração a experiência já adquirida, possibilitando dessa forma a
construção de uma visão moderna e coerente de mundo (CALLAI, 1988).
Nesse contexto o estudo do município mostra-se relevante para o aluno, na
medida em que o senso crítico-analítico deste é relacionado ao seu dia-a-dia. O
espaço local permite análises diversas e complexas que são verificadas através da
vivência da realidade. Não são apresentadas informações de acontecimentos
distantes onde se procura ligações, mas sim a proximidade dos elementos que
expressam o mundo, presentes e perceptíveis na escala local. (CALLAI e ZARTH,
1988).
4
Ao incentivar a busca do conhecimento através do aprofundamento sobre
mudanças do município no que se refere ao processo de urbanização deve-se ter
em mente que o aluno possui um conhecimento prévio. Esse é sempre um
conhecimento parcelado, mas que possibilitará a construção de uma visão moderna
e coerente do mundo (CALLAI, 1988).
Para melhor compreender a exploração desse conhecimento fragmentado
trazido pelo aluno que norteia a importância do município no processo ensino-
aprendizagem observa-se o que se comenta Callai e Zarth (1998, p.11):
Estudar o município é importante e necessário para o aluno, na medida em que ele está vivendo. Ali estão o espaço e o tempo delimitados, permitindo que se faça a análise de todos os aspectos da complexidade do lugar (...). É uma escala de análise que permite que tenhamos próximos de nós todos aqueles elementos que expressam as condições sociais, econômicas, políticas do nosso mundo. É uma totalidade considerada no seu conjunto, de todos os elementos ali existentes, mas que, como tal, não pode perder de vista a dimensão de outras escalas de análise.
Callai (2008) lembra ainda, que o município é um lugar que precisa ser
entendido no mundo. Uma vez que, nenhum lugar explica-se por si mesmo, é
necessário estabelecer as ligações procurando relacioná-lo as escalas local,
regional e mundial.
O lugar não existe “per si”: "o lugar se cria", se constitui através dos
significados e da relação que as pessoas estabelecem com determinados atributos
materiais e/ou subjetivos, que podem variar em relação aos valores (TUAN, 1983,
p.157). A compreensão de Tuan sobre a noção de lugar tem como base o
pensamento de Santo Agostinho, que afirmava que o "valor do lugar" resultava de
uma relação particular de intimidade que o ser humano estabelecia com
determinado lugar. Assim, os sentimentos, as emoções e as experiências íntimas de
cada pessoa é que têm peso na determinação da sua relação com o lugar. É através
dessas sensações, portanto, que se estabelecem a relação ou elo afetivo entre a
5
pessoa e o lugar ou ambiente físico. Tuan denomina essa relação de topofilia
(TUAN, 1983).
Conforme Tuan (1983, p.5):
O lugar aparece como uma parada no movimento. A pausa permite que determinada localidade se transforme em um centro de reconhecido valor, na medida em que o indivíduo estabelece uma relação de intimidade através da permanência em um local. A permanência propicia o acompanhamento da dinâmica, da vida e do movimento da localidade, tornando possível a participação nos eventos. A participação e a permanência no local favorecem o estabelecimento de laços, pois se experimenta a vida na dimensão do corpo, das sensações e das emoções. Portanto, a permanência associada à localidade é um importante elemento na constituição do lugar.
Faz-se necessário a identificação do educando com o seu lugar vivido, para
que perceba as dinâmicas que ocorrem no decorrer de determinados períodos e se
sinta um agente transformador desse espaço. Schäffer (1999, p. 114), faz uma
análise sobre a cidade e o urbano, quando escreve que:
A cidade e o urbano estão presentes [...], como instrumentos de promoção de uma educação que se volta à formação de uma cidadania consciente, atuante, capaz de levar o aluno a refletir sobre o seu papel como agente de construção do espaço através da análise crítica da realidade que o cerca.
Cabe esclarecer, entendendo o conceito de lugar de acordo com PCNs (1998. p. 76),
6
[...] a categoria de lugar traduz os espaços com os quais as pessoas têm vínculos mais afetivos e subjetivos que racionais e objetivos: uma praça que se brinca desde menino; a janela onde se vê a rua; o alto de uma colina, de onde se avista a cidade. O lugar é onde estão as referências pessoais e o sistema de valores que direcionam as diferentes formas de perceber e constituir a paisagem e o espaço geográfico.
E ainda Santos (1985, p. 54):
O mais pequeno lugar, na mais distante fração do território tem, hoje, relações distintas ou indiretas de outros lugares de onde lhe vem matérias-prima, capital, mão-de-obra, recursos diversos e ordens [...]. em nossos dias, o espaço é apropriado, ou ao menos, comandado, segundo leis mundiais.
Dessa forma o estudante ao fazer a leitura do seu espaço de vivência,
passará a percebê-lo na perspectiva de mundo, incorporando assim o estudo do
território e entendendo as relações entre os homens, estruturadas em um
determinado tempo e espaço. Já que o espaço é um produto social em permanente
transformação que a partir das mudanças da sociedade assume novas funções,
sendo assim extremamente dinâmico, compreendendo que o espaço contempla
simultaneamente a forma material e o conteúdo social, formado por um conjunto
indissociável de sistema de objetos e sistema de ações (SANTOS, 1999).
Para Milton Santos a paisagem não tem nada de fixo ou imóvel, a sociedade
passa por constantes processos de mudança, que envolvem economia, política e
relações sociais, consequentemente o espaço e a paisagem passam por
transformações para se adaptar às novas necessidades da sociedade. São essas
transformações que serão analisadas através das imagens fotográficas, pois, ao
longo do tempo a fotografia passou a representar o real com grande fidedignidade e
adquiriu características muito maiores sobre o olhar do espectador, segundo Borges
(2003,p.2):
7
Ao longo de séculos, as diferentes sociedades têm criado distintas formas
de produzir, olhar, conceber, dialogar e utilizar suas produções imagéticas.
Ao possibilitar o constante desejo de eternizar a condição humana, por certo
transitória, a imagem fotográfica se aproxima de outras iconografias
produzidas no passado. Como essas, a fotografia também desperta
sentimentos de medo, angustia paixão e encanto. Reúne e separa homens
e mulheres, informa e celebra, reedita e produz comportamentos e valores.
Comunica e simboliza. Representa.
Conhecendo como esse processo ocorre, torna-se possível um estudo onde
se evidenciem diversas alternativas de investigação da urbanização do município
através de imagens fotográficas.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais o ponto de partida
para uma compreensão mais ampla das relações entre a sociedade e a natureza é
possível através da caracterização dos elementos presentes na paisagem,
analisando as transformações que a paisagem vem sofrendo devido às atividades
desenvolvidas no meio de vivência do aluno, através do Sensoriamento Remoto
(fotografias áreas e imagens de satélite temporais), que poderá enriquecer o ensino
de Geografia e imprimir o dinamismo necessário ao estudo do espaço geográfico,
pelas várias vantagens que apresenta entre elas a possibilidade de uma observação
menos abstrata do que a apresentada em mapas.
Sendo assim “o Sensoriamento Remoto se torna um recurso didático de
grande potencial para as aulas de Geografia, como um poderoso instrumento de
ensino e aprendizagem”. Tápia (2003, p.117) já escreveu:
Para que os alunos possam aprender, a primeira coisa a conseguir que queiram aprender, que tenham a intenção de aprender, que persigam esta meta. Para isso, aquilo que aprendem deve atrair sua curiosidade, isto é, deve chamar sua atenção, deve movê-los a explorar seu entorno, escutando ou indagando ativamente. E o que chama a atenção das pessoas? É a novidade, o complexo, o inesperado[...].
8
As fotos aéreas e as imagens de satélite são ferramentas básicas para o
professor em sala de aula estimular o aprendizado e o senso crítico do aluno. A
possibilidade de utilizar o Sensoriamento Remoto como recurso didático,
proporciona instigar o aluno a ser um mapeador crítico e consciente do trabalho que
está realizando (MACHADO e SAUSEN, 2004).
Visto que vivemos em um país com dimensões continentais e escassez de
recursos para a atualização de dados cartográficos fundamentais para estudos que
envolvem a espacialização das informações, o uso das imagens de satélite poderá
fornecer informações importantes de fenômenos que se diferenciam pelo seu
dinamismo, como é o caso da expansão das áreas urbanas e periurbanas. Assim
uma fonte confiável e atualizável de dados para estudos urbanos, pode ser fornecida
pelo sensoriamento remoto (3PENG et. al. citados por Alves et.al., 2010).
3. Procedimentos Metodológicos
3.1 Localização de área
O Projeto O Uso do Sensoriamento Remoto para a análise da dinâmica
espaço-temporal de Itaperuçu foi desenvolvido no Colégio Estadual José Pioli.
Ensino Fundamental e Médio. Localizado à Rua Alcides Gomes da Silva, número
205, Bairro Santa Maria, Município de Itaperuçu, Paraná (Figura 1). Escola essa que
se encontra na área central do Município, possuindo aproximadamente uma história
3 PENG, J.; WANG, Y; YE, M; WU, J.; ZHANG, Y. Effects of land – use categorization on landscape metrics: a
case study in urban landscape of Shenzhen, China. International Journal of Remote Sensing, V. 28, n. 21-22,
p. 4877-4895, November 2007
9
de trinta anos, acompanhando dessa forma o crescimento do município, visto que
sua emancipação se deu em 1990.
Figura 1 – Localização do Município
Organização: Simone Ribeiro (2011)
Fonte COMEC – Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba
3.2 MATERIAIS
Para que a implementação do projeto acontecesse de forma
satisfatória foram utilizados alguns materiais essências, sendo esses:
fotografias aéreas do Instituto de Terras e Cartografia do Paraná (ITC) do
ano de 1980 (nº51121 e nº51122) em escala 1:25.000 (Figura 2); fotografias
aéreas da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (COMEC) de
1985, (nº 1579, faixa 03, nº 5508, faixa 02) em escala 1:8.000 (Figuras 3 e 4)
10
ambas fornecidas pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos
Hídricos (SEMA); fotografias aéreas do ano de 2000 adquiridas no endereço
eletrônico:
http://www.aguasparana.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo
=96, (fotografias nº 0001, 0002, 0003, faixa 0001, escala 1:30000) (Figura 5),
imagens de satélite de 2009 extraídas do Google Earth (Figura 6), além de,
papel overlay, lápis de cor, caneta, borracha, régua, papel A4, computadores
do laboratório de informática do estabelecimento de ensino, através do uso
do software Microsoft Office Excel produzido pela Microsoft e Internet
Explorer.
FIGURA 2 – FOTOGRAFIA AÉREA DE ITAPERUÇU - 1980
Fonte: Fotografia Aérea de Itaperuçu ITC – 1980
11
FIGURA 3 – FOTOGRAFIA AÉREA DE ITAPERUÇU - 1985
Fonte: Fotografia Aérea de Itaperuçu SEMA – 1985
FIGURA 4 – FOTOGRAFIA AÉREA - 1985
Fonte: Fotografia Aérea de Itaperuçu – SEMA - 1985
12
FIGURA 5 - FOTOGRAFIA AÉREA - 2000
Fonte: Fotografia aérea de Itaperuçu - SUDERHSA (2000)
FIGURA 6 – IMAGEM DE SATÉLITE 2009
Fonte: Imagem de satélite da área urbana do Município de Itaperuçu, retirada do Google Earth em 18/07/2011
13
3.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.3.1 Implementação do projeto no colégio
O público alvo do projeto em questão foram 15 alunos, do 7º ano, turno da
manhã, o conteúdo abordado foi à urbanização do Município de Itaperuçu, e que
seguiu as etapas discriminadas na Figura 7.
Foram aplicadas 4 atividades, sendo elas:
Atividade 1: Conceitos básicos da Geografia
Para a implementação do projeto primeiramente foi realizada a introdução
aos conceitos de cidade, espaço, lugar, município, cidadania, urbanização,
transformações espaciais e sociais, sensoriamento remoto (fotografias aéreas e
imagens de satélite) para o aluno, processo esse realizado após uma leitura
aprofundada baseada na ideia de que o espaço geográfico envolve conceitos
complexos que incluem uma mistura de simbolismos, campos de lutas, reflexo e
condição social, onde, segundo Lefebrve (1974) “os grupos produzem, circulam,
consomem, lutam, sonham, vivem e fazem a vida caminhar”, colocando dessa forma
em lócus o espaço geográfico como a reprodução das relações sociais.
Durante a apresentação dos conceitos básicos foi reforçada a ideia de que a
sociedade atual está intimamente ligada ao espaço urbano, garantindo a diversidade
e a escala da vida social, bem como a competição e cooperação, características da
vida humana, a partir desse contexto compreende-se então que através do
sensoriamento remoto pode-se acompanhar em tempo real ou muito próximo às
transformações sociais e espaciais desenvolvendo no educando a alfabetização
cartográfica.
14
FIGURA 7 – FLUXOGRAMA DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Organização do Projeto de Intervenção Pedagógica “O
uso do Sensoriamento Remoto para análise da
dinâmica espaço temporal de Itaperuçu-PR”
Unidade Didática “A
Geografia e o Uso do
Sensoriamento Remoto”.
Busca de fotografias
aéreas e imagens de
satélite da região
selecionada.
Pesquisa com
a comunidade
Elaboração do
mapa
temático
Análise e interpretação
de fotografias aéreas e
imagens de satélite
Apresentação dos
conceitos básicos
de Geografia
Apresentação do mapa
temático e das
interpretações de
fotografias aéreas e
imagens de satélite
Resultados da
Pesquisa com
a comunidade
Resultados e discussões e elaboração
do artigo final
15
Após a compreensão partindo da apresentação conceitual foram colocados
para os alunos fotografias horizontais e verticais, imagens de satélite, além de
mapas referentes ao município, possibilitando dessa forma a análise das imagens e
a localização no tempo e no espaço das fotos e mapas. Posteriormente foram feitas
análises visuais das imagens utilizando recursos da geografia, como escala, cores,
forma das imagens, época, observando-as, identificando-as e comparando-as para
melhor entender as mudanças ocorridas, então foram feitas anotações de todas as
características observadas nas imagens do espaço analisado, permitindo que os
alunos percebessem como os elementos do espaço passam por transformações que
muitas vezes não são notadas.
Atividade 2: análise e interpretação das fotografias
Para que objetivo da atividade fosse alcançado foram seguidas algumas
etapas básicas que se dividiram da seguinte maneira: os alunos foram divididos em
grupos e receberam imagens de três anos distintos, analisaram e anotaram as
mudanças observadas, numerando-as e descrevendo-as, em seguida, apresentaram
para os outros grupos as anotações, discutindo se era fato o que observaram, após
esse momento de reflexão foi apresentado a eles dados censitários compatíveis aos
anos das fotografias e imagens utilizadas possibilitando a conclusão de que as
transformações espaciais acontecem muitas vezes sem que a infra-estrutura básica
tenha um crescimento e melhorias, trazendo muitos problemas ambientais e sociais
para o município.
Atividade 3: elaboração do mapa temático
A partir das imagens de satélite recentes do entorno da escola e com essa
base cartográfica através da utilização de papel overlay (papel transparente como
papel vegetal ou papel manteiga), fixado sobre a imagem os alunos elaboraram o
mapa temático através da demarcação com lápis todas as áreas que lhe chamaram
a atenção, depois através de um quadro de cores pré-determinado e utilizando-se
de algumas características básicas, como área urbana, área rural, indústria,
vegetação natural, vegetação plantada, áreas de cultivo, áreas de exploração
16
mineral, rios e estradas, os mesmos delimitaram e deram significados aos polígonos
através de cores e por fim desenvolveram uma legenda.
Atividade 4: Pesquisa com a comunidade e tabulação dos dados
No decorrer do processo com o objetivo de conhecer as opiniões da
comunidade os alunos realizaram uma pesquisa pré-elaborada, onde constavam
questões relacionadas às prováveis mudanças do município de Itaperuçu, através
de entrevistas com trinta moradores locais e aplicação de questionário registraram a
observação dos moradores do entorno da escola sobre o que mudou em Itaperuçu
nos últimos dez anos. Para organizar os dados coletados foi feita a tabulação, que
permitiu a formulação de gráficos para interpretação dos resultados obtidos.
A pesquisa com a comunidade, realizada pelos alunos envolveu trinta
famílias do entorno da escola, que segundo eles foram extremamente cordiais e
mostraram-se bastante interessadas em responder as questões colocadas, tendo
como resultado os gráficos elaborados pelos próprios alunos, no programa Excel,
com o auxílio da professora para desenvolvimento desse tipo de atividade. Não
houve dificuldade na utilização da ferramenta pedagógica, todos tinham algum
conhecimento na utilização do computador e a escola disponibiliza vinte maquinas
(computadores) para uso, sendo essas o suficiente. No capítulo “4.Resultados e
Discussões” segue o resultado da pesquisa com os gráficos elaborados pelos alunos
e as conclusões a que chegaram.
3.3.2 Grupo de Trabalho em Rede (GTR)
Paralelamente ao processo de intervenção pedagógica, ocorreu a
organização e participação do Grupo de Trabalho em Rede, onde os participantes
(professores da rede) tiveram a possibilidade de conhecer e analisar o Projeto de
17
Intervenção Pedagógica e o material didático, dando opiniões e sugestões para
melhorar o material desenvolvido, bem como apresentando possibilidades de
implantação nas comunidades das quais fazem parte.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após o desenvolvimento do projeto “O uso do Sensoriamento Remoto para
análise da dinâmica espaço-temporal em Itaperuçu-PR”, com a utilização da
Unidade Temática “A Geografia e o uso do Sensoriamento Remoto”, os resultados
apresentados foram satisfatórios no que se refere ao envolvimento dos alunos
participantes, visto que, mostraram interesse no desenvolvimento das atividades e
ao longo do processo discutiam as observações feitas, alcançando o objetivo
proposto, pois, perceberam as mudanças ocorridas no município em questão, bem
como as mudanças, melhorias e falhas de infraestrutura da região e principalmente
que eles são os sujeitos presentes e atuantes nestas mudanças.
As conclusões que os alunos chegaram após a realização da prática
pedagógica, exatamente com as palavras utilizadas por eles foram: “hoje o
município tem mais casas, mais asfaltos, menos áreas verdes, reconheço os locais
apresentados nas fotografias, às fotografias apresentam mais áreas urbanas, a
Cimento Votoram e a Cal Rio Branco são bem visíveis, a principal forma de
extração é de calcário, dá para ver áreas de reflorestamento, localizo o bairro onde
moro, a escola, a igreja, o ginásio de esportes” (7ª ano, turma A, 2011).
As imagens utilizadas para comparação foram às figura 4 da pg 11 e figuras
5 e 6, pg 12. Outra atividade bastante satisfatória foi o mapa temático desenvolvido
pelos alunos, através das fotografias aéreas que constam como Figura 4, pg 11 e
Figura 5, pg 12.
18
Para desenvolver o mapa temático, primeiramente foi apresentado aos
alunos um modelo pré-elaborado, para dar uma noção prévia do que é um mapa
temático, em seguida foram distribuídas fotografias aéreas e solicitado aos mesmos
que passassem para o papel overlay os traços mais marcantes das fotografias,
observando com cuidado o que representavam e utilizando cores diferentes para
características diferentes.
Após a primeira etapa de reconhecimento da fotografia foi exemplificado a
necessidade do desenvolvimento de uma legenda, para explicar mais
detalhadamente o mapa temático. Entre os mapas elaborados pelos alunos, segue
aqui alguns exemplos (Figuras 8, 9, 10).
FIGURA 8 – MAPA TEMÁTICO DE ITAPERUÇU – 2000
Fonte: Turma 7º ano A (2011)
19
FIGURA 9 – MAPA TEMÁTICO DE ITAPERUÇU – 2000
Fonte: Turma 7º ano A (2011)
FIGURA 10 – MAPA TEMÁTICO DE ITAPERUÇU – 2000
Fonte: Turma 7º ano A (2011)
20
Em seguida a professora discutiu com os alunos a percepção da
comunidade em relação às mudanças que ocorreram no município, e para conhecer
a opinião dos moradores locais, fizeram a pesquisa. Com a pesquisa em mãos, os
alunos foram reunidos no laboratório de informática para a tabulação dos dados
coletados, análise e conclusões. Nessa fase do processo os gráficos elaborados
mostraram dados importantes sobre o tempo e tipo de moradia, grau de
escolaridade, opinião sobre as mudanças ocorridas no município nos últimos anos.
Durante o processo houve grande interesse dos alunos pelo uso do computador no
desenvolvimento do trabalho, porém observa-se que os alunos tem certa dificuldade
em desenvolver porcentagem, necessitando muita orientação nos cálculos, mas a
compreensão foi fácil.
Após a elaboração dos gráficos, chegou-se a conclusão que 66% dos
entrevistados moram no município há 10 anos ou mais (gráfico 1), em residência
própria na maioria das vezes apresentando uma porcentagem nesse caso de 73%
(gráfico 2), aproximadamente 50% das moradias são de alvenaria (gráfico 3),
concluindo assim que no bairro do entorno da escola há um certo conforto no que
se refere a qualidade de moradia.
GRÁFICO 1 - Representação do tempo de residência no município.
Fonte: Turma 7º ano A (2011)
21
GRÁFICO 2 - Representação do tipo de moradia
Fonte: Turma 7º ano A (2011)
GRÁFICO 3 – Tipo de moradia
Fonte: Turma 7º ano A (2011)
No que se refere aos aspectos educacionais, os dados apresentados são os
seguintes: 26% dos entrevistados possuem Ensino Fundamental Completo, 6% dos
entrevistados possuem Ensino Fundamental incompleto, 13% possuem ensino
médio completo, 13% possuem ensino médio incompleto, 26% concluíram o ensino
superior e 13% não terminaram o ensino superior. Observa-se então que não há
analfabetismo na área pesquisada (gráfico 4).
22
GRÁFICO 4 - Grau de escolaridade
Fonte: Turma 7º ano A (2011)
Quanto a satisfação com o desenvolvimento do município de Itaperuçu, 93%
dizem estar satisfeitos com as condições de moradia e infra-estrutura e apenas 6%
acham que poderia melhorar. Quando indagados sobre o que deveria ser
melhorado 46% dos moradores colocam a saúde em 1º lugar, seguida da
segurança 40%, e educação, não deixam de citar o saneamento básico e lazer
(gráfico 5).
GRÁFICO 5 -Conclusão sobre as melhorias das condições de infra-estrutura do
município comparado a dez anos.
23
Fonte: Turma 7º ano A (2011)
Sobre as mudanças significativas que já observaram a pavimentação
aparece no ápice da pesquisa, visto que nos últimos anos muitas ruas do município
já foram pavimentadas (gráfico 6).
Os resultados obtidos demonstram segundo os alunos que apesar da de
melhoria em muitos setores, a infraestrutura do município hoje é melhor que a dez
anos atrás.
GRÁFICO 6 - Mudanças percebidas nos últimos anos no município
Fonte: Turma 7º ano A (2011)
24
GRÁFICO 8 - Melhorias que deveriam ser realizadas no município.
Fonte: Turma 7º ano A (2011)
4.2 Resultados GTR
Outra atividade de grande importância para o enriquecimento do projeto de
intervenção pedagógica foi o Grupo de Trabalho em Rede que possibilitou a grande
troca de experiências entre os quatorze participantes o que trouxe melhorias no
texto base do projeto para implantações futuras.
Os cursistas mostraram-se bastante inteirados do assunto, apresentando
sugestões de uso do Sensoriamento Remoto e atividades já desenvolvidas, bem
como indagações sobre a região utilizada na implementação que levaram a um
maior conhecimento da análise e avaliação do processo.
Os participantes tiveram 100% de aproveitamento, o que leva a concluir que
o uso do Sensoriamento Remoto é uma prática de grande interesse e que possibilita
25
um aprendizado mais dinâmico e interativo.
5. Conclusões
Todos os objetivos levantados no projeto inicial foram alcançados e a
problemática elaborada sobre: como levar o aluno a compreender as mudanças
espaciais, com dinamismo e interesse, levando-os a reconhecer-se como parte
integrante desse processo de mudança, além da necessidade da compreensão dos
conceitos geográficos e análises sócio-espaciais? Foi respondida através desta
prática pedagógica, pois, ao longo do processo concluiu-se que a utilização e a
compreensão dos recursos do Sensoriamento Remoto tornou-se uma ferramenta
pedagógica para identificar as mudanças espaciais ao longo do tempo e as
consequências do processo de urbanização nas atuais características sociais,
políticas, econômicas e ambientais na área urbana do Município de Itaperuçu.
O uso desta ferramenta apresentou-se satisfatória, pois, a partir da
identificação e interpretação dos elementos geográficos nas fotografias aéreas e
imagens de satélite se tornou possível observar as mudanças espaciais da área
urbana, ao longo do tempo, permitindo ao educando compreender que faz parte do
processo de transformação do espaço ao qual está inserido.
Durante a implementação a participação e interesse dos alunos valorizou as
técnicas utilizadas, visto que quando há interesse dos mesmos o processo ensino-
aprendizagem flui de forma satisfatória.
A maior dificuldade encontrada ao longo do processo de implementação do
projeto ao qual refere-se esse artigo foi, a falta de familiaridade com o uso do
computador, que foi solucionado com explicações e acessos mais constantes as
máquinas, além da realização dos cálculos matemáticos, nos quais muitos alunos
26
tiveram que obter auxílio, para compreender os resultados apresentados.
O GTR permitiu que durante a troca de experiências com os cursistas e
entre eles, dúvidas e questões referentes ao uso do Sensoriamento Remoto fossem
sanadas, melhorando o conteúdo inicial do material apresentado e possibilitando
maior conhecimento sobre o uso do Sensoriamento Remoto.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Humberto Prates da Fonseca; ALVES, Claudia Durand; PEREIRA, Madalena Niero; MONTEIRO, Antonio Miguel Vieira. Dinâmicas de urbanização na hiperperiferia da metrópole de São Paulo: análise dos processos de expansão urbana e das situações de vulnerabilidade socioambiental em escala intraurbana. In: R. Bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n1, p.141-159, jan/jun. 2010.
BORGES, Maria Eliza Linhares. História & Fotografia. Belo Horizonte: Autêntica. 2003.
BRASIL. Ministério da educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros curriculares nacionais: PCN de 1ª a 4ª series. Volume 05.2 História e Geografia.
CALLAI, Helena C. Geografia: Um certo Espaço, Uma Certa Aprendizagem. São Paulo, 1995 Tese de Doutorado. São Paulo: USP, 1995.
CALLAI, Helena C., ZART P. A. O Estudo do Município e o Ensino de História e Geografia. Ijui. Editora UNIJUI, 1998
CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, Escola e Construção de Conhecimentos. Campinas, SP: Papirus, 1998. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
PARANÁ. Secretaria do Estado da Educação. Superintendência de Ensino. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Geografia. 2008.
27
MACHADO, C. B.; SAUSEN, T. M. A Geografia na sala de aula: informática, sensoriamento remoto e sistemas de informações geográficas - recursos didáticos para o estudo do espaço geográfico. In: Jornada de Educação em Sensoriamento Remoto no âmbito do MERCOSUL, 4., São Leopoldo. 2004
SANTOS, Milton. Por Uma Geografia Nova, Da Crítica da Geografia a uma Geografia Crítica. 3ª Edição. Editora Hucitec. São Paulo. 1986
SCHÄFFER, Neiva Otero. A cidade nas aulas de geografia. In.: CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos; CALLAI, Helena Copetti; SCHÄFFER, Neiva Otero; KAERCHER,Nestor André. Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. 2ª Ed. Porto Alegre, Editora da Universidade/UFRGS, 1999, pp. 109-116.
SILVA, Renata Martins. O Uso da Fotografia no Ensino da Geografia. Londrina. 2005. Monografia (Especialização no Ensino de Geografia) – Universidade Estadual de Londrina.
TAPIA, J. A. Motivação e aprendizagem no ensino médio. In: COLL, C. (Org.). Psicologia da aprendizagem no ensino médio. Porto Alegre: Artmed, 2003.
TUAN, Yi-Fu. Espaço e Lugar: perspectiva da experiência; trad. Lívia de Oliveira. São Paulo: Difel, 1983.