Upload
buihanh
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
O USO DOS CONTRATOS FUTUROS COMO FERRAMENTA
DE GERENCIAMENTO DE RISCO DO PREÇO NO MERCADO
DE AGRONEGÓCIO
RODRIGO NALON AMARAL
ORIENTADOR:
Prof. MARIO LUIZ
Brasília 2016
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão Estratégica e Qualidade. Por: Rodrigo Nalon Amaral
O USO DOS CONTRATOS FUTUROS COMO FERRAMENTA
DE GERENCIAMENTO DE RISCO DO PREÇO NO MERCADO
DE AGRONEGÓCIO
Brasília 2016
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha esposa, minha filha e meus
amigos que tanto contribuíram para a conclusão
deste trabalho acadêmico.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia a minha filha Júlia, minha
esposa Laura e aos meus pais Jorge e Maria dos
Anjos, os quais me motivam na busca do
conhecimento.
5
RESUMO
Este trabalho tem como principal objetivo apresentar o mercado futuro como ferramenta de gerenciamento de risco do preço no âmbito do agronegócio. Destacam-se nele os seguintes pontos: Conceito e origem dos derivativos, classificação e finalidade dos mesmos, além dos tipos existentes.
São apresentados os riscos inerentes ao agronegócio, os contratos futuros negociados na BM&FBovespa e o uso do contrato futuro neste mercado. Por fim, são demonstradas as vantagens da utilização do contrato futuro de commodities agrícolas como ferramenta de gestão do risco do preço no mercado do agronegócio.
O contrato futuro é uma evolução do contrato a termo e tem como principal função proteger os operadores do mercado de derivativos, produtores rurais, cooperativas entre outros, das variações do preço da commodity em determinado período. Essa proteção é conhecida como hedge.
6
METODOLOGIA
Para entendimento do conceito de metodologia, Marconi e Lakatos
apresentam a definição:
O método é um conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista (MARCONI E LAKATOS, 2001, p. 83).
A análise de como o agronegócio pode utilizar os derivativos como
proteção do risco de preço será feita através de uma pesquisa bibliográfica onde
buscou-se ilustrar os benefícios da utilização dos instrumentos derivativos no
mercado do agronegócio a partir da conceituação dos elementos pertencentes a
este mercado e às partes envolvidas.
A pesquisa bibliográfica refere-se ao estudo e análise das publicações
existentes e disponíveis objetivando conhecer os estudos já realizados sobre o
tema.
A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta (FONSECA, 2002, p. 32).
A partir do conhecimento gerado na pesquisa bibliográfica, será
demonstrada a aplicação dos contratos futuros como ferramenta de gerenciamento
de risco do preço no âmbito do agronegócio, trata-se da pesquisa aplicada.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................. 08
CAPÍTULO I - Derivativos .......................................................................... 11
1.1. Conceito de derivativos ............................................................... 11
1.2. Origem dos derivativos ............................................................... 12
1.3. Classificação e finalidade dos derivativos ................................... 13
1.4. Tipos de mercados derivativos ................................................... 14
CAPÍTULO II – O AGRONEGÓCIO .......................................................... 16
2.1. Considerações iniciais sobre o agronegócio ............................... 16
2.2. Riscos do agronegócio ................................................................ 19
2.3. Mercados futuros no ambiente do agronegócio ........ 21
2.4. Contratos futuros agropecuários negociados na BM&Fbovespa 21
2.5. Produção nacional de grãos no período 2009/2014 ................... 25
2.6. Receita bruta dos produtores rurais brasileiros .......................... 27
CAPÍTULO III – GERENCIANDO RISCOS ................................................... 28
3.1. Mercado Futuro ........................................................................... 28 3.2. Uso do contrato futuro como gestão de risco do preço no
agronegócio ................................................................................................. 29
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 35
WEBGRAFIA ................................................................................................. 37
8
INTRODUÇÃO
A agropecuária confronta-se constantemente com uma instabilidade do
preço de venda da produção devido aos mais variados riscos inerentes a este
mercado.
O Brasil assistiu uma grande transformação no mercado de commodities
nas últimas décadas, tanto produtores como investidores, em todos os níveis,
concorrem entre si não apenas no mercado interno, mas com empresas ao redor
do mundo todo.
Nesse cenário, que exige profissionalismo e organização, os contratos
futuros das commodities agrícolas tem importante papel para os produtores e
investidores na permanência de um mercado com tantos riscos inerentes.
O contrato futuro é um compromisso entre as partes de comprar ou
vender determinado ativo em uma data futura e a um preço previamente
estabelecidos. Trata-se de um instrumento de gestão financeira que permite
transferir o risco do preço do ativo de quem não deseja assumi-lo, o hedger, a
quem aceita assumi-lo por determinado ganho, o especulador.
A presente monografia tem como objetivo apresentar os contratos
futuros como ferramenta de gerenciamento de risco do preço no âmbito do
agronegócio. O estudo mostrará como os contratos futuros podem ser utilizados
como uma eficiente ferramenta de gestão de riscos do preço para as commodities
agrícolas. Tal mecanismo de proteção é definido como hedge.
No capítulo inicial são apresentados o conceito e a origem dos
derivativos, a classificação e a finalidade dos mesmos, além dos tipos de
derivativos existentes.
Os instrumentos derivativos no mercado futuro são uma opção diante da
necessidade de administrar os riscos existentes no ambiente do agronegócio
oriundas das oscilações cambiais, taxas de juros, inflação, índices de ações,
variações na demanda e oferta entre outros, com o objetivo de ganhar
competitividade e aumentar a lucratividade dos produtores e operadores das
commodities agrícolas.
9
(SANDRONI, 1999, p. 32): “Operações financeiras cujo valor de
negociação deriva de outros ativos, denominados, ativo-objeto”.
No capítulo seguinte são analisados os riscos do agronegócio, os
contratos futuros negociados na BM&FBovespa e o uso dos contratos futuros neste
mercado.
Para Abussamra (2010), o risco é um elemento inerente ao agronegócio
devido a quantidade de variáveis existentes e de difícil controle, como por exemplo,
o clima, mudanças no ambiente político e econômico, oferta e demanda, entre
outros.
O risco é inerente a qualquer atividade na vida pessoal, profissional ou
nas organizações, e pode envolver perdas, bem como oportunidades, segundo o
Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC (2007). A gestão dos riscos
é fundamental para a saúde da organização, seja ela industrial, comercial, de
serviços, ou agrícola1.
Por fim, são apresentadas as vantagens da utilização dos derivativos no
agronegócio como ferramenta de gestão do risco do preço.
(CORREA; RAÍCES, 2010, p.61) “... hedgear uma operação é fazer a
proteção de um preço, a fixação de um valor para salvaguardar uma commodity
das variações bruscas de valores”.
Para os envolvidos na cadeia produtiva do agronegócio, o mercado
futuro de derivativos pode ser utilizado como um importante instrumento para
minimizar os riscos do preço da produção à época da venda ou até mesmo para a
obtenção de insumo agrícola essencial para o seu produto final, além é claro, de
gerar informações determinantes para as tomadas das decisões estratégica dos
seus negócios.
Uma forma bastante simples de se ilustrar essa proteção é a utilização
dos derivativos como forma de proteger os agentes econômicos, sejam eles
produtores ou comerciantes, contra as grandes variações de preço decorrentes de
1 Os derivativos agrícolas como uma ferramenta de gestão do risco de preço Calegari, I.P; Baigorri, M.C; Freire, F. de S
10
uma escassez ou uma produção além do esperado de determinado produto
agrícola.
Os contratos futuros exercem ainda uma função essencial nos mercados
financeiros, pois transferem os riscos dos participantes que não desejam assumi-lo
para aqueles que lucram por adquiri-lo, como, por exemplo, os contratos futuros de
um banco comercial para transmitir o seu risco, elevando suas taxas de juros, ou
de um comerciante de grãos para cobrir uma provável compra do derivativo.
Para esta pesquisa, as hipóteses foram elaboradas com o propósito de
verificar se a percepção apresentada no objetivo está ou não de acordo com a
realidade. Assim, tem-se:
H1: Os contratos futuros têm se tornado cada vez mais representativos
e, consequentemente, estão sendo mais negociados na BM&FBovespa.
H2: Os contratos futuros tem utilidade para produtores, cerealistas,
frigoríficos, torrefadores, exportadores, etc.; para gerenciar os riscos do preço da
sua produção e não com fins meramente especulativos por investidores.
11
CAPÍTULO I
DERIVATIVOS
1.1. Conceito de derivativos
De acordo com Hull (2005), os derivativos são contratos que derivam de
um ativo subjacente, podendo este ser físico (commodity agrícola) ou financeiro
(ações, taxas de juros, etc.). São instrumentos formalizados entre as partes,
comprador e vendedor, onde se estabelece uma data futura para a liquidação a
determinado preço e quantidade do ativo subjacente.
Em outras palavras, um derivativo é um contrato de compra e venda
onde se estabelece previamente o preço, a quantidade e a data futura de
liquidação do bem negociado.
Para entender o que é um derivativo:
Derivativo é um instrumento financeiro no qual: (a) o valor muda em resposta à mudança especifica na taxa de juros, preço de títulos e valores mobiliários, preço de commodities, taxa de câmbio, índice ou taxa de preços, índice de crédito, ou outra variável similar (por vezes denominado underlying); (b) nenhum ou pouco investimento inicial é requerido, em relação a outros tipos de contratos que tenham resposta similar às mudanças nas condições do mercado; e (c) a liquidação se dará em data futura. As três condições aqui mencionadas precisam ser cumulativamente atendidas para que um contrato ou operação seja considerado como um derivativo. (ERNST; YOUNG, 2010, p. 293).
Os mercados derivativos são uma ferramenta de proteção e também de
investimento, tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas, que
transferem riscos de quem não tem interesse em assumi-los para quem tem, com
alguma compensação, é claro.
As operações com derivativos podem ser utilizadas pelos produtores
rurais, cooperativas e os investidores nos seus mais diversos níveis, desde os
12
grandes bancos como até mesmo os especuladores individuais que buscam
ganhos fáceis nas mais diversas bolsas de mercadorias e futuros.
Existem três tipos de derivativos:
I) Derivativos agropecuários: têm como ativo-objeto commodities agrícolas, como café, boi, milho, soja e outros. Os derivativos agropecuários atendem à necessidade de comercialização de determinadas mercadorias. Devem ser utilizados por pessoas e empresas que pretendem se proteger do risco de preço de seus produtos e matérias-primas.
II) Derivativos financeiros: têm seu valor de mercado referenciado em alguma taxa ou índice financeiro, como taxa de juro, taxa de inflação, taxa de câmbio, índice de ações e outros.
III) Derivativos de energia e climáticos: têm como objeto de negociação a energia elétrica, gás natural, créditos de carbono, dentre outros. (CALLADO, 2009, p. 81).
1.2. Origem dos derivativos
De acordo com Hull (2005), a primeira modalidade de derivativo surgiu
no Japão feudal do século XVII no Mercado de Arroz Dójima em Osaka, onde
foram negociados contratos futuros de arroz pelos senhores feudais e
comerciantes com regras pré-estabelecidas. Tratava-se de recibos de arroz em
uma espécie de moeda corrente aceita no mercado.
Silva Neto (2008) corrobora o Japão feudal como a origem da primeira
modalidade de Derivativo: o contrato a termo. Por volta de 1730, quando a
economia japonesa se encontrava em grande expansão, os primeiros contratos
para entrega futura foram os recibos de arroz, sendo estes aceitos como moeda
corrente se consagrando como derivativo, pois, o contrato derivava de um ativo, no
caso, o arroz.
O exato início de sua história não é conhecido, mas se tem com exatidão
que, a partir de 1848, com a criação da Chicago Board of Trade (CBOT), que os
modelos de mercado futuro que conhecemos hoje começaram a ser utilizados2.
No Brasil, o início da negociação de contratos futuros de produtos
agrícolas se deu na Bolsa de Café e na Bolsa de Mercadorias em Santos e São 2 CORRÊA, Arnaldo Luiz. RAÍCES, Carlos. Derivativos Agrícolas. São Paulo: Editora Globo, 2010, 2a edição revisada e atualizada.
13
Paulo, respectivamente. Em 1978, houve o pregão do primeiro contrato futuro, o de
café. Posteriormente, houve os pregões de soja, algodão e milho.
Em 1985, com a criação da Bolsa Mercantil e de Futuros – BM&F, que
tinha como objetivo incorporar as diversas bolsas de derivativos existentes no
Brasil, impulsionando assim ainda mais o desenvolvimento desse mercado.
O Decreto-Lei 2286, de 23/07/86, deu competência ao Conselho
Monetário Nacional para regulamentar os mercados de liquidação futura.
1.3. Classificação e finalidade dos derivativos
O mercado de derivativos pode ser utilizado, principalmente, para quatro
finalidades, conforme classificação a seguir:
• Arbitragem: Obter ganhos da diferença de preços nos diversos
mercados. (SILVA; AMARAL; CASTRO, 2008, p. 11): “Os arbitradores somente
atuam quando há discrepância de preços de uma determinada commodity em
diferentes mercados. Sempre lucram em suas operações. Opera em mercados
físicos e futuros“.
• Hedge: Proteger contra variações de taxas, moedas e preços.
(CORREA, 2010, p. 61), “... hedgear uma operação é fazer a proteção de um
preço, a fixação de um valor para salvaguardar uma commodity das variações
bruscas de valores”. Os participantes que utilizam os derivativos com este
propósito buscam, única e exclusivamente, se proteger (proteger seu bem) de
possíveis variações negativas de taxas, preços ou moedas e reduzir custos.
Conforme definido pelo Future Industry Institute3. Os hedgers tentam proteger os
seus negócios, transferindo os riscos a outros operadores do mercado, os
especuladores.
• Alavancagem: Aumentar a rentabilidade de uma posição já existente.
Uma característica inerente aos derivativos é que os mesmos possuem grande
poder de alavancagem. Isso ocorre porque a negociação com esses instrumentos
exige menos capital do que a compra do ativo a vista. Dessa forma, ao adquirir
3 O Future Industry Institute pertence ao Future Industry Association (FIA), importante associação que reúne a chamada indústria mundial de derivativos. No Brasil, a BM&FBovespa faz parte da associação e editou alguns trabalhos da FIA.
14
este tipo de ativo é possível aumentar a rentabilidade total dos investimentos a um
custo relativamente menor.
• Especulação: Operar a tendência de preços do mercado. De acordo
com Pinto (2010), especular significa tomar uma posição no mercado futuro ou de
opções sem uma posição correspondente no mercado à vista. Nesse caso, o
objetivo é operar a tendência de preços do mercado. Em outras palavras, pode-se
afirmar que os especuladores visam o lucro e entram no mercado apenas para
ganhar dinheiro. Com o crescimento do mercado, abre-se espaço para os
especuladores, pois somente os hedgers não conseguiriam dar a liquidez
necessária ao mercado.
1.4. Tipos de mercados derivativos
Existem basicamente 03 tipos de mercados de derivativos: a termo, de
opções e futuros.
No contrato a termo as partes assumem compromisso de compra e/ou
venda de contratos padronizados para liquidação física e financeira em data futura.
É um contrato de compra e/ou venda com entrega em uma data futura a um preço
determinado previamente. Ou seja, o comprador é obrigado a pagar o valor
estipulado e receber a mercadoria determinada, já o vendedor, é obrigado a
entregar a mercadoria determinada e por ela, receber o preço acordado. Tudo isso
em uma data futura previamente estabelecida.
Um exemplo real da utilização do contrato a termo é o produtor rural de
soja que vende a sua produção, ou parte dela, ainda no plantio, conhecida por soja
verde, ao preço e data da entrega fixados previamente. Isso garante o
abastecimento ao comprador e a venda ao produtor, onde cada parte assume o
risco da variação do preço de cotação da soja em relação a data futura
previamente estabelecida para a entrega do bem.
Já no mercado de opções, uma parte adquire o direito de comprar
(opção de compra) ou vender (opção de venda) o objeto de negociação, até ou em
determinada data, por preço previamente estipulado. A outra parte, em
contrapartida, assume o dever de vender (opção de compra) ou comprar (opção de
venda) tal objeto da negociação. Observe que neste caso, uma parte assume um
15
direito e não uma obrigação, já a outra parte tem o dever de vender, no caso da
opção de compra, ou de comprar, no caso da opção de venda, seja exercida pela
parte que assumiu o direito de venda ou de compra, conforme for o caso.
No mercado futuro, as partes assumem o compromisso de compra e/ou
venda de determinada quantidade e qualidade padronizadas de um ativo financeiro
ou real, representada por contratos padronizados para liquidação (física e/ou
financeira) em data futura. Muito parecido com o mercado a termo, porém há um
grande diferencial, no mercado futuro existe a correção dos preços de acordo com
a variação do mercado, o chamado ajuste diário.
Alguns autores dizem que os ajustes diários são traduzidos em lucros e
prejuízos efetivos para os participantes, porém, eles não devem, necessariamente,
serem entendidos como lucro ou prejuízo simplesmente, e sim como uma
compensação futura. (CORRÊA; RAÍCES, 2010, p. 14): “O mercado está apenas
ajustando os preços, e tanto ganhos como perdas poderão ser compensados mais
adiante”.
O preço de ajuste diário é o preço médio dos negócios realizados com um contrato futuro no período da tarde do pregão da bolsa de mercadorias e futuros. No final de cada dia de pregão, a bolsa divulga o valor de ajuste, que é a diferença diária – positiva ou negativa – que será paga ou recebida pelos investidores. Esta diferença é obtida pela comparação dos preços de ajuste de dois pregões consecutivos, ou entre o preço de ajuste e o preço do negócio a futuro realizado no dia. Através desse mecanismo, tanto a conta do comprador quanto a do vendedor do contrato serão ajustadas diariamente. Esses ajustes são lançados diretamente na conta corrente do investidor e não afetam o valor disponível na conta margem. Se a variação de preço do contrato for favorável à posição a futuro em aberto, o valor do ajuste é creditado na conta do investidor. Se a variação de preço do contrato for desfavorável à posição a futuro em aberto, o valor do ajuste é debitado na conta do investidor. Por exemplo: Você comprou 3 contratos futuros de milho cotados a R$ 40,00 por saca de 60 Kg no início do pregão do mercado futuro. No final do dia, a saca de 60 Kg de milho fechou cotada a R$ 40,50 (preço de ajuste). Cada contrato futuro de milho envolve a negociação de 450 sacas de 60 Kg. Cálculo do ajuste diário: (40,50 x 450 x 3) - (40,00 x 450 x 3) = 675,00. No dia seguinte à compra, será creditado em sua conta corrente o valor R$ 675,00 referente ao valor de ajuste diário. Não é preciso vender o contrato para receber esse ajuste. Se você decidir manter sua posição a futuro em aberto, não vendendo seus 3 contratos, a sua conta corrente sofrerá um novo ajuste no dia seguinte. (ADVFN Brasil).
16
O crédito ou débito do Ajuste Diário ocorre no dia seguinte ao
fechamento do pregão e a transferência de valor é realizada diretamente na conta
corrente do investidor na corretora de valores em que ele cliente. O cálculo do
ajuste diário se faz da seguinte forma:
AD = (PA – PC)
Onde: AD = Ajuste Diário;
PA = Preço de Ajuste;
PC = Preço do Contrato
A existência dos ajustes diários nos contratos futuros cria outra diferença
em relação aos contratos a termo, a exigência de margem de garantia. Ao
comprador e vendedor é exigido um depósito como garantia de liquidação das suas
operações. As Câmaras realizam a liquidação da obrigação com os recursos das
margens de garantia.
Visando reduzir variações bruscas impostas por especuladores para
proteger os investidores, os contratos futuros podem ter limites de oscilação diária
determinados pela bolsa. Porém, esses limites geram barreiras que impendem a
variação das cotações.
No contrato futuro de boi gordo com liquidação financeira da
BM&FBovespa, por exemplo, a oscilação máxima diária é de 3,5% sobre o preço
de ajuste do dia anterior do vencimento negociado. Para o 1º vencimento em
aberto, o limite de oscilação será suspenso nos três últimos dias de negociação.
Já no contrato futuro de soja com liquidação financeira (SFI) da
BM&FBovespa, a oscilação máxima diária é de 5% para mais ou para menos,
aplicado sobre o preço de ajuste do dia anterior do vencimento negociado, sendo
que para o 1º vencimento em aberto, o limite de oscilação máxima diária será
suspenso nos três últimos dias de negociação, mesma situação do contrato futuro
de boi gordo com liquidação financeira.
17
Tabela 01: As principais diferenças entre o contrato futuro e o contrato a
termo:
Contrato Futuro Contrato a Termo
Objetivo principal é a proteção da variação de preço Objetivo principal é a entrega do ativo
Ajuste diário Não há ajuste diário
Padronização Não há padronização
Maior liquidez Menor liquidez
Fixação de cotação Não há fixação de cotação
Exigência de margem de garantia Não há exigência de margem de
garantia Maior transparência na negociação, bolsa mediante pregão Negociados em balcão
18
CAPÍTULO II
O AGRONEGÓCIO
2.1. Considerações iniciais sobre o agronegócio
O conceito de agrobusiness foi proposto pela primeira vez em 1957 na
Universidade de Harvard, por John Davis e Ray Goldberg, como a soma das
operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, processamentos e
distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles. Assim, de
acordo com o conceito de agronegócio, a agricultura passa a ser abordada de
maneira associada aos outros agentes responsáveis por todas as atividades, que
garantem a produção, transformação, distribuição e consumo de alimentos,
considerando assim, a agricultura como parte de uma extensa rede de agentes
econômicos4.
Para o português o termo foi traduzido de diversas formas, mas a
palavra agronegócio acabou sendo a mais utilizada e é empregada nos dias atuais.
Uma característica importante a ser ressaltada sobre os produtos
agropecuários é que são perecíveis, fazendo com que o prazo para a
comercialização, após colheita no caso dos grãos, ou após o abate no caso do boi,
é reduzido em relação os demais produtos industrializados.
Existe ainda uma dificuldade de adequação em relação a oferta e a
demanda, uma vez que, até a entrega do produto final, decorrem meses desde da
tomada de decisão de se iniciar a produção.
Quanto ao escoamento da produção, nem sempre, é possível estar perto
do consumidor final, uma vez que para se produzir o produto escolhido é
necessário condições climáticas compatíveis, podendo onerar o custo da produção,
diminuindo as margens de lucro.
4 http://www.portaldoagronegocio.com.br/texto.php?p=oquee.
19
2.2. Riscos do agronegócio
O mercado agrícola sempre enfrentou muitos riscos. Mudanças
imprevisíveis relacionadas aos custos das colheitas, os programas de governo, o
clima e os comerciantes internacionais tornaram a gestão de risco uma ferramenta
essencial para aqueles que desejam permanecer no mercado. O gerenciamento de
risco envolve escolher entre as alternativas que reduzem as incertezas dos
resultados financeiros.
Outro fator torna esse mercado ainda mais arriscado: Ajustar a produção
em tempo hábil às variações do mercado.
Os cinco tipos mais comuns de riscos enfrentados no mercado agrícola
são5:
1) Risco de Produção: Os riscos de produção derivam do crescimento
natural e incerto das culturas e da pecuária: clima, doenças, pragas e outros
fatores afetam tanto a quantidade quanto a qualidade das commodities.
2) Riscos de preço ou de mercado: Este tipo de risco refere-se à
incerteza relacionada aos preços que os produtores irão receber com a venda de
suas commodities ou os preços que estes vão pagar pelos insumos, o que varia
significativamente para cada commodity.
3) Riscos Financeiros: Este risco ocorre quando o agricultor /
agropecuário obtém um empréstimo e, consequentemente, uma dívida a pagar.
Aumento das taxas de juros e restrição de crédito disponível são também aspectos
dos riscos financeiros.
4) Riscos Institucionais: Este tipo de risco resulta das incertezas
relacionadas às ações governamentais, como: legislação tributária, regras para o
uso químico e eliminação de resíduos animais, além dos níveis de preço e aumento
de impostos, são alguns exemplos de decisões do governo que podem impactar os
mercados agrícolas.
5 United States Department of Agriculture Economic Research Service. Disponível em <http://www.ers.usda.gov/topics/farm-practices-management/risk-management/risk-in-agriculture.aspx> [Acesso em 16.09.2015]
20
5) Riscos pessoais e humanos: Refere-se a fatores de problemas com a
saúde das pessoas ou relacionamentos pessoais que podem afetar o negócio,
como, por exemplo, acidentes, doenças, divórcios, etc.
De acordo com Silva (2001), incertezas imprimem, geram e implicam em
riscos associados à probabilidade da ocorrência de resultados indesejáveis ou
adversos para determinados eventos e fenômenos. Desta forma, o processo de
tomada de decisão pode ser influenciado por incertezas.
Assim, a gestão de riscos tem por objetivo a análise e a seleção de
alternativas para reduzir os efeitos que podem ser ocasionados pelos tipos de
riscos existentes. Requer a administração, a avaliação e o entendimento dos riscos
a serem gerenciados, dos retornos esperados e outras variáveis6.
Os agricultores podem considerar a gestão de risco uma estratégia
essencial para o sucesso de seu negócio. Embora muitos não tenham nível de
conhecimento tão aprofundado, eles são capazes de administrar preços, produção,
renda e riscos financeiros.
Existem algumas ferramentas de gestão de riscos disponíveis para
auxiliar os agricultores a administrá-los, tais como: produção e seguros de receitas,
de futuros e opções, a diversificação da empresa, gerenciamento do nível de
endividamento, disponibilidade de crédito, dentre outros. O gerenciamento de risco
tem dois objetivos principais: mantê-los afastados ou ao menos controlados e
diminuir suas consequências quando os mesmos forem inevitáveis.
Dessa forma, verifica-se, ante os dispositivos citados, que devido à
ampla variedade de condições específicas dos agricultores, não existe uma
abordagem ideal de gestão de risco, pois estes lidam com riscos diferentes e
precisam de ferramentas específicas para enfrentá-los.
6 Gestão do Risco na Agricultura. Disponível em <http://www.emater.pr.gov.br/arquivos/File/Biblioteca_Virtual/Premio_Extensao_Rural/2_Premio_ER/18_Gestao_Risco_Agric.pdf> [Acesso em 14/09/2015]
21
2.3. Mercados futuros no ambiente do agronegócio
Para o alcance dos objetivos desta pesquisa, as análises foram focadas
no mercado futuro dos derivativos agropecuários como ferramenta eficaz de gestão
do risco do preço no ambiente dos mercados agrícolas.
Conforme elucidado anteriormente, os contratos futuros são acordos
legalmente vinculantes de compra e venda de um produto ou instrumento
financeiro específico no futuro. O comprador ou vendedor de um contrato futuro
concorda com um preço hoje para um produto a ser entregue ou liquidado em
dinheiro em uma data futura. Cada contrato especifica a quantidade e a qualidade,
além da hora e do local da entrega e do pagamento.
A definição de contratos futuros pode ser resumida em contratos a prazo
(realizados na bolsa de valores) que representam um compromisso de compra ou
venda de um ativo e que serão executados em uma determinada data futura e a
um preço definido no momento do contrato.
O contrato futuro é um compromisso entre as partes de comprar ou
vender determinado ativo em uma data futura e a um preço previamente
estabelecidos. É instrumento financeiro permite transferir o risco do preço do ativo
de quem não deseja assumi-lo, o hedger, a quem aceita assumi-lo por determinado
ganho, o especulador.
2.4. Contratos futuros agropecuários negociados na
BM&FBovespa
Atualmente, os contratos futuros são negociados em muitas bolsas de
todo o mundo, dentre as quais estão: Chicago Rice and Cotton Exchange (CRCE),
New York Futures Exchange (NYFE), London International Financial Futures
Exchange (LIFFE), Toronto Futures Exchange (TFE), Singapore International
Monetary Exchange (SIMEX), etc.
No Brasil, a BMF&Bovespa comercializa derivativos agropecuários de
açúcar cristal, café arábica, etanol, milho, boi gordo e soja.
Segue abaixo as principais características de alguns desses derivativos
negociados na BMF&Bovespa:
22
Tabela 02: Características dos contratos futuros negociados na
BM&FBovespa:
Commodity Açúcar Cristal
Café Arábica tipo 4/5
Etanol Anidro Carburante
Base de Preço de Milho (mercado interno)
Soja
Objeto de negociação
Açúcar cristal especial com mínimo de 99,70 graus de polarização, máximo de 0,08% de umidade, máximo de 150 cor ICUMSA, máximo de 0,07% de cinzas.
Café cru, em grão, de produção brasileira, coffea arabica, tipo 4-25 (4/5) ou melhor, bebida dura ou melhor.
Etanol anidro carburante, conforme as especificações técnicas da Agência Nacional de Petróleo (ANP)
Milho em grão a granel, amarelo, de odor e aspectos normais, em bom estado de conservação e com (a) até 14% de umidade; (b) máximo de 1% de impurezas na peneira de 3mm; (c) máximo de 6% de grãos ardidos ou brotados e livres de grãos mofados; (d) máximo de 12% de grãos quebrados, partidos ou chochos.
Soja em grão a granel tipo exportação, com os seguintes limites máximos: 14% de umidade; 1% de matérias estranhas e impurezas; 30% de quebrados; 8% de esverdeados; 8% de avariados, dos quais se permite até 6% de grãos mofados, até 4% de grãos ardidos e queimados, sendo que esse último não pode ultrapassar 1%; e 18,5% de conteúdo de óleo.
Cotação Reais por saca de 50kg líquidos
Dólares dos Estados Unidos da América por saca de 60kg líquidos
Reais por metro cúbico (1.000 litros), com duas casas decimais, livres de quaisquer encargos, tributários ou não tributários.
Reais por saca de 60 quilos líquidos, com duas casas decimais, livres de ICMS.
Dólares dos Estados Unidos da América por saca de 60kg
Tamanho do Contrato
508 sacas de 50kg líquidos ou 25,4t (vinte e cinco inteiros e quatro décimos toneladas métricas)
100 (cem) sacas de 60kg (sessenta kilos) líquidos
30m3 (trinta metros cúbicos) ou 30.000l (trinta mil litros) a 20°C (vinte graus Celsius)
450 sacas de 60kg líquidos cada de milho em grão a granel
450 (quatrocentas e cinquenta) sacas de 60kg (sessenta kilos) ou 27t (vinte e sete toneladas métricas)
Último dia de negociação
Dia 15 do mês de vencimento ou o dia útil seguinte
6º dia útil anterior ao último dia do mês do vencimento do contrato
Último dia útil anterior ao mês de vencimento do contrato. Nesse dia, não se admitirão transferências de posições, abertura de novas posições vendidas nem operações day trade.
Dia 15 do mês de vencimento. Se nesse dia for feriado ou não for dia de pregão na BM&FBOVESPA, a data de vencimento será o dia útil subseqüente.
Segundo dia útil anterior ao mês de vencimento.
Meses de vencimento
Fevereiro, abril, junho, setembro e dezembro
Março, maio, julho, setembro e dezembro
Todos os meses
Janeiro, março, maio, julho, agosto, setembro e novembro
Março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro e novembro.
Fonte: Tabela elaborada pelo autor com base nos dados obtidos site da BM&FBovespa (www.bmfbovespa.com.br) em 14.09.2015.
23
Na tabela a seguir, consta a apuração dos volumes de contratos do
mercado de commodity negociados na BMF&Bovespa durante os meses de agosto
dos anos de 2011 a 2015 e o consolidado dos contratos negociados de janeiro a
agosto dos anos de 2011 a 2015.
Tabela 03: Volume de contratos do mercado de commodity negociados
na BM&FBovespa:
Mercado Commodity
Referência Nº de
Negócios
Contratos
Negociados
Volume Financeiro
Contratos
em aberto
Contratos
Negociados
de Janeiro a
Agosto R$/mil US$/mil
ago/15 35.645 195.223 4.453.638 1.267.867 140.189 1.412.126
ago/14 53.533 221.655 5.437.426 2.398.649 125.109 1.648.710
ago/13 49.891 246.444 5.427.291 2.313.475 105.537 1.438.736
ago/12 55.771 235.603 5.257.508 2.590.178 160.017 1.850.025
ago/11 56.435 252.193 7.255.277 4.548.790 136.855 1.583.732
Fonte: Tabela elaborada pelo autor com base nos dados obtidos site da BM&FBovespa (www.bmfbovespa.com.br) em 24.09.2015.
Nos gráficos a seguir constam o consolidado dos contratos negociados
na BMF&Bovespa referente ao mercado de commodity de janeiro a agosto para o
período de 2011 a 2015 e o volume financeiro de contratos negociados no mercado
de commodities em agosto do respectivo ano na BM&FBovespa respectivamente.
24
Gráfico 01: Volume de contratos negociados no mercado de
commodities de janeiro a agosto na BM&FBovespa:
Fonte: Tabela elaborada pelo autor com base nos dados obtidos site da BM&FBovespa (www.bmfbovespa.com.br) em 24.09.2015.
Gráfico 02: Volume financeiro de contratos negociados no mercado de
commodities em agosto do respectivo ano na BM&FBovespa (em R$/mil):
Fonte: Tabela elaborada pelo autor com base nos dados obtidos site da BM&FBovespa (www.bmfbovespa.com.br) em 24.09.2015.
0
200.000
400.000
600.000
800.000
1.000.000
1.200.000
1.400.000
1.600.000
1.800.000
2.000.000
2015 2014 2013 2012 2011
Contratos Negociados de Janeiro a Agosto
0
1.000.000
2.000.000
3.000.000
4.000.000
5.000.000
6.000.000
7.000.000
8.000.000
Ago/2015 Ago/2014 Ago/2013 Ago/2012 Ago/2011
Volume Financeiro de Contratos Negociados
25
2.5. Produção nacional de grãos no período 2009/2014
A produção nacional de grãos para o período 2009/2010 foi de 162,8
milhões de toneladas.
A produção nacional de grãos foi de 166,17 milhões de toneladas na
safra 2011/2012, o volume é 2,7% (3,37 milhões de toneladas) superior a produção
na safra 2009/10.
A produção da safra 2012/2013 foi 188,66 milhões de toneladas, é
13,53% superior à safra 2011/12, Esse resultado representa um incremento de
22,49 milhões de toneladas.
A produção da safra para o período 2013/2014 foi de 193,62 milhões de
toneladas, 2,62% superior à obtida na safra 2012/13, esse resultado representa um
ganho de 4,96 milhões de toneladas em relação à safra anterior.
Percebe um constante aumento na produção nacional de grãos no
período apurado, porém, esse aumento não é acompanhado pelo volume
financeiro e de contratos negociados no mercado de commodities na
BM&FBovespa, apontado na tabela 03.
No gráfico elaborado abaixo fica evidente a elevação da produção
nacional de grãos mencionada acima, em especial a variação acentuada
positivamente na safra de 2012/13 em relação a safra de 2011/12.
26
Gráfico 03: Produção nacional de grãos no período 2009/2014 (em
milhões de toneladas):
Fonte: Tabela elaborada pelo autor com base nos dados obtidos site da CONAB (www.conab.gov.br>) em 15.12.2015.
Com base nos dados acima apresentados no presente trabalho, buscou-
se verificar primeiramente se:
H1: Os contratos futuros têm se tornado cada vez mais representativos
e, consequentemente, estão sendo mais negociados na BM&FBovespa.
Levando-se em consideração que o volume financeiro e de contratos de
commodities negociadas na BM&FBovespa foi decrescente e a produção nacional
de grãos nos períodos apurados teve ascendência, verifica-se um enorme potencial
ainda a ser explorado no agronegócio visando a proteção do risco do preço através
da utilização de Contratos futuros agropecuários negociados na BM&FBovespa e,
portanto, essa hipótese não foi confirmada.
145
150
155
160
165
170
175
180
185
190
195
2009/10 2011/12 2012/13 2013/14
Produção nacional de gãos entre 2009 e 2014
Produção
27
2.6. Receita bruta dos produtores rurais brasileiros em 2013
Conforme o caderno estatístico da Companhia Nacional de
Abastecimento, a apuração da receita bruta auferida pelos produtores rurais
brasileiros no ano de 2013 para os produtos listados na tabela abaixo foi na ordem
de 215,08 bilhões de reais. Segue abaixo a apuração discriminada por algumas
commodities.
Tabela 04: Apuração da receita bruta auferida pelos produtores rurais
brasileiros no ano de 2013:
Produtos Unidade Quantidade Receita bruta (R$ mil)
Soja tonelada 81.499.400 72.204.125,95
Carne de bovinos tonelada 9.910.596 61.895.568,53
Milho tonelada 81.007.200 28.067.886,61
Café sacas de 60 kg 49.151.600 12.979.480,37
Cana de açúcar tonelada 658.822.200 39.934.369,80
Total 215.081.431,26
Fonte: Tabela elaborada pelo autor com base nos dados obtidos site da CONAB (http://www.conab.gov.br) em 25.09.2015.
28
CAPÍTULO III
GERENCIANDO RISCOS
3.1. Mercado Futuro
Diante dos riscos existentes no mercado do agronegócio citados nos
capítulos anteriores, os preços de compra e venda da produção agrícola pode
variar bastante ante o início da produção e a data efetiva da compra e venda do
produto final. Tal situação pode ser determinante para que o esperado lucro de
toda uma safra não venha e, ainda pior, traga prejuízo para o produtor.
Produtores rurais podem utilizar-se dos mercados futuros para hedge tanto na posição de compradores quanto na de vendedores. Assim, um produtor de milho pode fazer hedge através da venda de um contrato futuro, garantindo assim o preço de venda de suas mercadorias. Já um pecuarista que utiliza o milho como insumo pode assumir posição contrária no contrato, ou seja, posição comprada no contrato futuro, garantindo assim o preço do insumo utilizado na alimentação do seu rebanho. (CALEGARI; BAIGORRI; FREIRE, 2012, p. 13).
A principal função dos contratos futuros agropecuários é minimizar um
dos principais riscos da atividade agropecuária: o risco de preços. Mediante
operações de proteção nos mercado futuros o produtor ou a indústria podem fixar o
preço de compra/venda de sua mercadoria garantindo um a viabilidade da sua
produção e consequentemente a rentabilidade futura.
O mercado futuro pode ser utilizado também como um termômetro do
mercado para se perceber o preço futuro do produto a partir da especulação do
mercado e direcionamento dos investidores.
29
3.2. Uso do contrato futuro como gestão de risco do preço no
agronegócio
Conforme apresentado anteriormente, o contrato futuro é um
compromisso entre as partes de comprar ou vender determinado ativo em uma
data futura e a um preço previamente estabelecidos. Trata-se de um instrumento
de gestão financeira que permite transferir o risco do preço do ativo de quem não
deseja assumi-lo, o hedger, a quem aceita assumi-lo por determinado ganho, o
especulador
A utilização do mercado futuro como ferramenta de gestão para a
tomada de decisão, tanto na condição de vendedor como na condição de
comprador, pode, por exemplo, determinar a cultura a ser produzida na próxima
safra, a quantidade e, principalmente a viabilidade da produção.
Imagine a seguinte situação: Em 02/07/2012, a saca de 60KG do café
arábica era cotada em R$440,00, já em 02/07/2013 a saca era cotada em
R$280,00. Já o custo de produção desse mesmo café gira em torno de R$373,00
por saca no Brasil.
Como o plantio do café ocorre durante a primavera, de setembro a
dezembro e o período da colheita acontece entre os meses de maio a agosto,
imagine a seguinte situação hipotética: Em setembro de 2012, o produtor iniciou o
plantio do café com a expectativa de obter um ganho aproximado de R$67,00 por
saca com a venda da produção em julho de 2013. Para isso, fez financiamento
bancário com data para o pagamento da dívida com data posterior ao período da
colheita.
Caso este produtor não tenha utilizado o contrato futuro do café arábica
como ferramenta de gerenciamento de risco do preço da sua produção, o mesmo
venderia a produção ao preço de R$280,00 por saca, o que geraria um resultado
negativo de (R$93,00) por saca. Provavelmente este produtor não teria condições
de saldar a dívida do financiamento da produção.
Porém, se o mesmo produtor utilizou os contratos futuros do café
arábica como ferramenta de gerenciamento de risco do preço da sua produção e
negociou a sua produção ao preço aproximado de R$440,00 por saca (o tamanho
30
do contrato do contrato futuro de café arábica tipo 4/5 é de 100 sacas de 60kg)
para liquidação em julho de 2013, o mesmo teria o lucro planejado de R$67,00 por
saca (sem levar em consideração as taxas inerentes ao contrato).
Dessa forma, se o produtor de café não utilizar do contrato futuro como
ferramenta de gerenciamento de risco da sua produção, ele fica exposto a
oscilação do preço do café na data da colheita. Se o preço da commodity estiver
maior que os custos ele obtém lucro, caso contrário, obtém prejuízo.
Imagine uma segunda situação: O agricultor planeja iniciar o cultivo da
soja em sua propriedade. Ele considera que para obtenção de um lucro satisfatório
diante do custo de oportunidade em optar pela produção do grão e não pelo
arrendamento da terra o preço do seu produto deve ser de pelo menos
R$1.300,00/t. Se na época da venda o preço não atingir esse valor, o produtor não
terá o lucro almejado, podendo até mesmo amargar prejuízo financeiro na sua
produção. Porém, caso o valor seja superior ao esperado, o agricultor terá um lucro
ainda maior do que o planejado.
Ressaltamos que nesta situação, o produtor não tem controle algum da
situação, ficando totalmente suscetível às variações do mercado.
Porém, se o mesmo agricultor utilize dos contratos futuros como
ferramenta de gestão do preço do seu negócio, o mesmo pode avaliar se a
condição é favorável ou não para o plantio da cultura ou o arrendamento
propriedade trará mais vantagem financeira.
No outro lado do contrato, na condição de comprador, o industrial que
utiliza da soja como matéria prima da sua produção, onde esta representa a maior
parte dos insumos necessários para a obtenção do produto final, também pode
utilizar do mercado futuro como instrumento de gestão no seu negócio para, por
exemplo, avaliar se é viável a contratação de crédito para a ampliação do seu
negócio diante do impacto de uma eventual elevação do preço da soja em uma
data futura.
Diante dos exemplos acima, tanto o vendedor como o comprador da soja
estarão protegidos de eventuais variações de preço não compatíveis com a
obtenção de lucro nos negócios propostos a desenvolverem.
31
Apresentamos ainda uma terceira situação: Imagine que determinada
cooperativa frigorífica firma um contrato de exportação de carne equivalente a mil
cabeças de gado para ser executado em junho de 2016.
Em 01/10/2014, no mercado futuro, a arroba do boi para junho de 2016
estava cotada a R$40,00. A cooperativa apura que com essa cotação para o mês
de junho de 2016, período da entrega do ativo ao comprador, obterá uma margem
de lucro aceitável e condizente com o negócio proposto.
Com o objetivo de gerenciar o risco diante da possibilidade de variação
no preço do boi gordo decide, então, comprar 25 contratos (o equivalente a 500
cabeças de gado, 50% da necessidade estipulada para efetivação da obrigação
acordada) para vencimento em junho de 2016, protegendo assim, uma parte das
suas compras. Esta operação é conhecida como hedge de compra.
Ele fixou, portanto, um objetivo de compra das 500 cabeças a R$40,00 x
330 (número de arrobas por contrato) x 25 totalizando R$330.000,00. Em 30 de
junho de 2016, vencimento do contrato futuro, sendo que a liquidação financeira
ocorre no dia útil seguinte ao último dia de negociação, pelo Indicador de Preço
Disponível do Boi Gordo Esalq/BM&F – São Paulo.
Na data de vencimento do contrato o preço pode estar acima, igual ou
abaixo dos R$40,00 por arroba. A cooperativa, então, liquida a sua posição com a
venda dos contratos adquiridos e utiliza o valor para comprar o boi gordo ao preço
que estiver no mercado à vista. Qualquer que seja o preço no vencimento, o preço
de compra do boi em junho de 2016 para a cooperativa será de R$40,00. Veja
abaixo os exemplos:
Caso ele recebe R$ 2,00 por arroba na Bolsa, pagará R$42,00 por
arroba no mercado à vista, sendo o valor da compra final de R$40,00. Caso ele
pague R$1,00 por arroba na Bolsa, pagará o boi no mercado à vista a R$39,00,
totalizando os mesmos R$40,00/arroba.
Com base nos conceitos anteriormente apresentados e analisados e na
necessidade da utilização de uma ferramenta eficaz de gestão de preço em um
mercado com tantos riscos inerentes, o presente artigo, buscou-se verificar ainda
se:
32
H2: Os contratos futuros tem utilidade para produtores, cerealistas,
frigoríficos, torrefadores, exportadores, etc.; para gerenciar riscos de preço da sua
produção e não com fins meramente especulativos por investidores.
A presente hipótese foi confirmada tendo por base a bibliografia
apresentada e a aplicabilidade dos contratos futuros demonstrados no decorrer
deste trabalho como ferramenta de gestão de risco do preço para os envolvidos
diretamente na produção das commodities agrícolas negociados na
BM&FBovespa.
33
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observamos no decorrer deste trabalho que o risco é um elemento
inerente ao agronegócio. A quantidade de variáveis existentes no ambiente de
produção e comercialização das commodities agrícolas aumentam os riscos
existentes, exigindo assim, a necessidade da utilização de ferramentas capazes de
controlar ou minimizar esses riscos de maneira eficaz.
A gestão dos riscos consiste na utilização de ferramentas capazes de
traçar estratégias que minimizem as consequências financeiras de fenômenos
imprevisíveis.
Nesse cenário, que exige profissionalismo e organização, os contratos
futuros das commodities agrícolas tem importante papel para os produtores e
investidores na permanência de um mercado com tantos riscos envolvidos.
Neste trabalho buscamos demonstrar em como o contrato futuro de
commodities agrícolas pode ser utilizado como uma ferramenta eficaz capaz de
auxiliar os agricultores no gerenciamento do risco do preço atrelado ao seu
negócio, anulando ou minimizando, por exemplo, as perdas financeiras devido à
queda do preço de venda da sua produção.
Os instrumentos derivativos no mercado futuro são uma opção diante da
necessidade de administrar os riscos existentes no ambiente do agronegócio
oriundas das oscilações cambiais, taxas de juros, inflação, índices de ações,
variações na demanda e oferta entre outros.
Citamos ainda o ganho na competitividade e consequentemente o
aumento da lucratividade dos produtores e operadores das commodities agrícolas
que utilizam destes meios na gestão de seus negócios.
Vimos também que a utilização desse mecanismo é capaz trazer
benefícios não apenas para os produtores, mas também para compradores, que
necessitam dos insumos agrícolas para a atividade agroindustrial.
Outro ponto relevante e de extrema importância no agronegócio, é que
agricultores, cooperativas, industriais e todos os outros que atuam nesse mercado
34
e que tem sua produção protegida por hedging, tem mais acesso para a obtenção
de recursos em instituições financeiras e ainda com taxas menores, aumentando
assim a capacidade de produção e a margem de retorno dela.
Podemos dizer que a economia como um todo é beneficiada pela
utilização dos contratos futuros de commodities agrícolas como uma ferramenta
eficaz na gestão de risco do preço no mercado agrícola, devido a grande relevância
do mercado agrícola no produto interno bruto brasileiro, eles são capazes de
auxiliar os agricultores para as tomadas de decisão, minimizando as perdas
decorrentes de acontecimentos inesperados e afastando incertezas, criando
confiança do mercado e assim, atraindo mais investidores e consequentemente
mais investimentos.
35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de Agronegócios. São Paulo: Atlas, 2009. 2a
Edição Revista, ampliada e atualizada.
BURGO, M. N. Caracterização espacial de riscos na agricultura e implicações para
o desenvolvimento de instrumentos para o seu gerenciamento. Piracicaba, 2005.
103 p. Dissertação de Mestrado – ESALQ/USP.
CALLADO, Antônio André Cunha. Agronegócio. São Paulo: Atlas, 2009.
CHANCE, Don M. An Introduction to Derivatives & Risk Management. Thomson
South Western, 6th Edition.
CORRÊA, Arnaldo Luiz. RAÍCES, Carlos. Derivativos Agrícolas. São Paulo: Editora
Globo, 2010, 2a edição revisada e atualizada.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas,
2008.
HULL, John C. Fundamentos dos Mercados Futuros e de Opções. São Paulo:
Bolsa de Mercadorias e Futuros, 2005.
KOLB, Robert W. OVERDAHL, James A. Financial Derivatives. Third Edition. Wiley
Finance, 2006.
MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de
metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2001.
PEREIRA, José Matias. Gestão do Risco Operacional: Uma Avaliação do Novo
Acordo de Capitais – Basiléia II. Revista Contemporânea de Contabilidade, v. 1, n.
6, p. 103-124, ano 03, jul./dez. 2006.
PINTO, Ademir. Mercado de derivativos. São Paulo: BM&FBovespa, 2010.
SANDRONI, P. Novíssimo dicionário da economia. São Paulo: Beste Seller, 1999.
SILVA NETO, Lauro de Andrade. Derivativos: definições, empregos e risco. 6 ed.
São Paulo: Atlas, 2008.
SILVA NETO, Lairo de Araújo. Derivativos financeiros: Derivativos: definições,
Emprego e Risco. São Paulo: Atlas, 2002.
36
YOUNG & Ernest; FIPECAFI. Manual de Normas Internacionais de Contabilidade:
IFRS versus Normas Brasileiras. São Paulo: Atlas, 2009.
37
WEBGRAFIA
ABUSSAMRA, Luiz Fernando. Gestão de Riscos no Agronegócio. Disponível em
<http://ww w.agroanalysis.com.br>.
Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos 2011/12 – Décimo Primeiro
Levantamento – Agosto/2012. Disponível em: <http://www.conab.gov.br>.
Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos 2012/13 – Quarto Levantamento –
Janeiro/2013. Disponível em: <http://www.conab.gov.br>.
Acompanhamento da safra Brasileira. V.2 - Safra 2013/14 - Décimo Levantamento
Julho/2014. Disponível em: <http://www.conab.gov.br>.
Acompanhamento da safra Brasileira. V.2 - Safra 2014/15 N.10 - Décimo
Levantamento Julho/2015. Disponível em: <http://www.conab.gov.br>.
Calegari, I.P; Baigorri, M.C; Freire, F. de S. Os derivativos agrícolas como uma
ferramenta de gestão do risco de preço. Disponível em
<http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/14516/1/ARTIGO_DerivativosAgricolasFe
rramenta.pdf>.
Comissão de Valores Mobiliários, Portal do Investidor. Disponível em
<http://www.portaldoinvestidor.gov.br/menu/Menu_Investidor/derivativos/Derivativos
_introducao.html>.
Comissão de Valores Mobiliários, Portal do Investidor. Disponível em <http://w
ww.portaldoinvestidor.gov.br/Investidor/Ondeinvestir/MercadosFuturoseDerivativos/
tabid/173/Default.aspx>.
Comissão de Valores Mobiliários, Portal do Investidor. Disponível em
<http://www.portaldoinvestidor.gov.br/menu/Menu_Investidor/derivativos/mercado_f
uturo.html>.
Emerging Markets Committee of the International Organization of Securities
Commissions. Financial risk management in emerging markets: Final report, 1997.
Disponível em <www.iosco.org/library/ pubdocs/pdf/IOSCOPD73.pdf>.
Entendendo as Variações do Preço do Café na Bolsa. Disponível em
<http://www.cafepoint.com.br/blogs/analises-cafeeiras/fundacao-procafe-
entendendo-as-variacoes-do-preco-de-cafe-na-bolsa-86431n.aspx>.
38
Gestão do Risco na Agricultura. Disponível em
<http://www.emater.pr.gov.br/arquivos/File/Biblioteca_Virtual/Premio_Extensao_Rur
al/2_Premio_ER/18_Gestao_Risco_Agric.pdf>.
GIMENES, Régio Marcio Toesca. Gestão de Risco: Análise da utilização de
derivativos financeiros pelas cooperativas agropecuárias do estado do Paraná.
Disponível em: <http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/rco/v2n4/02.pdf>.
Indicadores da indústria de café no Brasil. Disponível em
<http://www.cncafe.com.br/site/interna.php?id=10080>.
MCNEW, Kevin. Futures and options: graphically speaking, 1997. Disponível em
<www.agnr.umd.edu/MCE/Publications/Publication.cfm?ID=223>.
Mercado futuro: entenda como funciona e como operar. Disponível em
<http://www.beefpoint.com.br/cadeia-produtiva/dicas-de-sucesso/mercado-futuro-
entenda-como-funciona-e-como-operar-66464/>
PESSINA, Alberto O'Farrill V. Contratos futuros e o preço da arroba do boi.
Disponível em <http://www.beefpoint.com.br/cadeia-produtiva/dicas-desucesso/c
ontratos-futuros-e-o-preco-da-do-boi-57393n.aspx>.
Produção do Café no Brasil. Disponível em
<http://www.terra.com.br/culinaria/infograficos/producao-cafe-pilao/>.
Receita bruta dos produtores rurais brasileiros, Disponível em
<http://www.conab.gov.br>.
SILVA, Edwin Pinto de La Sota; AMARAL, Carlos Antonio Lopes Vaz; CASTRO,
Leandro Bianchini de; ARAÚJO, Lucas Gonçalves de. Instrumentos derivativos
para o agronegócio: mistificação ou solução? Disponível em <http://www.so
ber.org.br/palestra/9/955.pdf>.
United States Department of Agriculture. Farm Risk Management: Risk
management strategies. Disponível em: <http://www.ers.usda.gov/Briefing/R
iskManagement>.