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Este texto discorre sobre a o weblog “Fotografia na Escola” e propõe duas atividades práticas e essenciais à compreensão da fotografia: fotograma e câmera de buraco de agulha (pinhole). O weblog Fotografia na Escola constitui-se como espaço de compartilhamento de saberes ligados à prática e à fruição da fotografia na rede mundial de computadores.
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O WEBLOG FOTOGRAFIA NA ESCOLA: ESPAÇO DE COMPARTILHAMENTO DE
SABERES NA INTERNET
Angela Prada de Almeida
Ana Beatriz de Paiva Costa Barroso Instituto de Artes / UnB
Resumo
Este texto discorre sobre a o weblog “Fotografia na Escola” e propõe duas atividades
práticas e essenciais à compreensão da fotografia: Fotograma e Câmera de buraco de
agulha (Pinhole). O weblog Fotografia na Escola constitui-se como espaço de
compartilhamento de saberes ligados à prática e à fruição da fotografia na rede mundial
de computadores.
Palavras-chave:
Weblog “Fotografia na escola”, pinhole, fotograma.
O weblog Fotografia na Escola: espaço de compartilhamento de saberes na internet.
Fico tentado a dizer que o tempo, esse fluxo imperturbável, não
existe de verdade – a não ser como constructo, como abstração
inventada numa curva qualquer da história humana. Não obstante,
essa ideia, a do fluxo newtoniano, persiste no senso comum, mesmo
depois da relatividade e da física quântica. (BUCCI, 2008, p. 73)
Com pensar a fotografia sem pensar nessa coisa estranha que chamamos tempo.
Mesmo que talvez ele não exista ou que exista de modo muito distinto do que o imaginário
ocidental, povoado pelos paradigmas da física newtoniana, costuma a ele associar. E se
ele não correr do passado para o futuro? E se ele não correr absolutamente? E se ele
sequer for alguma coisa além de uma frágil ideia de ser?
Quando pensamos com Bachelard (1992) a poética do instante, aprendemos a ver
essa partícula microscópica do invisível tempo com o os olhos de uma imaginação
despoluída, um olhar tornado ingênuo, na medida do possível, já beirando o impossível.
Ali, na fração ínfima do instante alterado pelo dinamismo estético, podemos ser e estar
simultaneamente, ser estando puro desejo de permanência e devir. Saímos do tal fluxo
abstrato, supostamente contínuo, de um suposto rio chamado tempo, para entrarmos em
uma espécie de hiato, espaço vago, meio vazio, meio cheio de nós mesmos, de nossas
memórias e sonhos. Não importa ali o que provocou essa mudança, o que nos lançou
naquele instante, o poético, importa apenas, uma vez nele, fruir sua duração, que não se
conta, não se deixa contar, mas apenas se faz sentir, impondo sua presença impalpável
(BACHELARD, 1992).
Quem vê de fora a pessoa assim imersa nesse instante percebe que ela está fora
do ar. Talvez ela esteja exatamente no ar, nessa matéria quase imaterial, casa da luz,
reino comum que por sua vez habita entre nós, entre corpos e pessoas e objetos. No ar a
luz se manifesta. No ar o tempo se evapora. No ar a cabeça de vento se encontra,
resgatando a essência da pessoa que a possui. Nesse mesmo ar, aparentemente
ausente, figuras se delineiam, em movimento ou estáticas, e traçam ou cumprem seus
destinos de coisas e gentes e sopros da natureza. O instante é longo como uma estrada
que se perde no horizonte. O instante é imenso como o mar, onde inúmeros rios
deságuam, desfazem-se, desaparecem. O instante é a única realidade do tempo, pois é
quando esse “senhor tão bonito quanto a cara do meu filho” (Caetano Veloso, Tempo)
deixa-nos ver sua face obscura, desfigurada, complexa demais para o entendimento
humano.
Pelo anseio de compreendê-lo, criou-se um dia uma máquina que, ao ser criada,
nem sonhava ser essa sua origem e sua sina. Por ela podemos, sim, não diria ver, posto
ser o tempo invisível, mas tocar ou entrar em contato com aquela sua migalha, o instante.
A fotografia, o instantâneo fotográfico, iria assim, inusitadamente, ensinar-nos a sentir o
tempo, a reparar na luz, a ver através dela a beleza das pessoas, de qualquer pessoa,
homem, mulher, rico, pobre, criança, velho, monstro ou divindade. A ver enfim, a coerção
do sentido natural e cultural de beleza, a censura do belo, a violência oculta na
fragmentação do que o dominante considera bonito, o dente podre excluído, eternamente
fora do rol do admirável, a lembrar do valor esquecido da dignidade (RIPPER, 2011).
Isso tudo e muito mais nos ensina a fotografia. Porém, ela não se faz por si, como
obra metafísica. Ela é feita, justamente, por pessoas. Ela é feita por e de pessoas que
estão nela, que olham para ela, que se esquecem nela, que por meio dela se lembram do
que foram, percebem o que são ou o que parecem ser, que querem vir a ser ou o que
sonhavam e viviam no dia (e também na poeira do dia ou da noite) em que a foto foi feita.
Ela é feita por e de pessoas que olham, com os olhos ou com os ouvidos ou com todos os
seus sentidos em alerta para a captação do invisível. Eis diante de nós os fotógrafos.
Eugène Bavcar, Henri Cartier-Bresson, Diane Arbus, Julia Margaret Cameron, Helmut
Newton, Mario Cravo Neto, João Roberto Ripper, Gal Oppido, entre tantos outros que
amamos e fomos também aprendendo a amar. Eis ainda diante de nós nós mesmos,
todos nós meio que tornados fotógrafos e fotografados a essa altura do campeonato – às
altas horas desse tempo histórico. Contudo, nem todo mundo que fotografa é fotógrafo,
assim como nem todo mundo que escreve é escritor. Há um fio tênue que separa o
amador do profissional e do fazedor comum. Há um fio tênue tecido de sonhos,
sensibilidades, intenções e saberes. Nesse fio esconde-se o conhecimento. Aos curiosos
bradamos: aproxime-se quem quiser sentir se a lâmina é cortante ou se o fio é cego.
Fotografia de Mário Cravo Neto
Como todo tempo só se faz sentir em um lugar, pensamos em criar um lugar
próprio para se sentir o tempo-espaço próprio da fotografia. Seria uma escola. Não teria,
contudo, o velho sentido de escola. Tampouco teria um sentido já de antemão novo. Ao
contrário, essa escola resgataria em sua origem o sentido antigo da palavra escola. “Do
grego, scholé, descanso, coisa que se faz durante o descanso, estudo.” (NASCENTES,
1966, p. 283). Em termos de espaço, podemos imaginar uma espécie de praça pública
onde as pessoas iam descansar, passar o tempo juntas e trocar ideias. Esse era o sentido
antigo de escola. Oh! Quanta água já não passou debaixo da ponte! Quantos séculos já
não transcorreram. Verdade? Pode ser que não... nós e nossos velhos hábitos de ver o
tempo, o invisível tempo, como um rio que corre, louco, não se sabe para onde, mas que
se convencionou crer se tratar de um mar longínquo e aterrorizante chamado futuro.
Voltemo-nos brevemente à beleza do instante poético.
Entre tantas definições possíveis de poético apraz-nos ficar com uma, ainda do
sábio fenomenólogo. Ao distinguir o devaneio poético do devaneio ordinário, comum,
Bachelard diz que este se guarda para si, no aconchego da intimidade, enquanto aquele
se quer partilhar, aquele almeja o outro, aquele busca uma forma digna de se fazer ouvir e
se completar na comunicação, “é um devaneio que se escreve ou que, pelo menos, se
promete escrever.” (BACHELARD, 2006, p.6). Por andanças fotográficas diversas, nós,
agora, as autoras deste texto, chegamos por caminhos incertos a um lugar comum que
era sermos professoras de fotografia. O que quer que isso fosse ou significasse, como
tudo na vida, depois de um tempo isso já não bastava e isso queria se transformar ou
simplesmente chegar de outro modo aos outros, isto é, às outras pessoas que não
fossem ainda fotógrafas, mas que tinham, como quase todas as pessoas têm atualmente,
uma câmera fotográfica e uma vontade de virem a ser fotógrafas ou um querer vir a
fotografar como fotógrafos fotografam, com um olhar acurado para isso que não se vê: o
tempo. Se na fotografia (e talvez também na vida) o tempo só exista ou só mostre sua
existência por meio do espaço (a cara do meu filho), também no ensino da fotografia
fazia-se sentir a necessidade de um espaço diferenciado. E se este ensino se quisesse
poético, esse espaço teria que ser necessariamente poético, lugar de partilha, menos
professoral e mais amigo, menos presídio regulador e mais praça ou varanda, lugar para
se estender uma rede e descansar. Esse lugar teria que se fazer berço de uma didática
igualmente poética.
Para nós, a fotografia é uma linguagem na medida em que se constitui como um
sistema articulado regido por valores e, por sê-lo, permite-nos pensar em uma escrita
fotográfica, no sentido de nos permitir tramar sentidos por meio desses frágeis
instrumentos: os olhos, a imaginação, a sensação luminosa, a câmera, o gesto
fotográfico. Vislumbramos por isso um lugar onde se fomente o sonho de um fotografar
poético, onde a foto se faça poesia. Substituamos no texto abaixo a ideia de palavra pela
de fotografia a fim de melhor perceber os rumos e muros da arquitetura daquele lugar
didático vislumbrado, antiga escola que agora se quer construir no ciberespaço.
[…] Já vimos que a literatura encerra antes um saber significante; a
poesia por sua vez reclama a imagem. Não tão somente porque,
como já acontece na leitura de um romance, “a esfera de
significação objetiva torna-se um mundo irreal”, mas porque a
palavra, tratada como uma coisa e não como um signo, só pode
significar pela magia e não pela razão; seu poder significante deve
ser-lhe conferido por uma livre opção da consciência que não visa a
coisa vazia como uma pura consciência de significação, mas que a
visa em plenitude através da palavra, matéria de imagem, que a
representa. (DUFRENNE, 1969, p. 51)
Com isso em mente, temos clara a vocação de nossa escola, da escola onde
queremos ir para estudar fotografia, conversar sobre fotografia ou fazer nossa fotografia.
Magos de um reino freqüentado por poetas da luz, é na sombra que cochichamos sobre
nossos descaminhos, é lá que ensaiamos (eternos) primeiros passos, que sorvemos os
instantes em que descobrimos pegadas já apagadas pelo tempo. A foto-coisa é nosso
objeto de estudo. A foto-signo, deixamos para trás. Já não estamos em um curso de
Comunicação, mas nas Artes. A boa literatura do fotojornalismo e da fotopublicitária não
deixam de nos interessar, mas o lugar aqui é de silêncio. É preciso saber escutar para
poder ver alguma coisa e fazer a foto-coisa. A arte é exigente. Há coisas que tem arte e
há coisas que são arte. A fotografia de moda, de produto, de matéria, de notícia, podem
ou não ter arte, mas não são arte. O que seria isso? Não teria graça respondermos. Mas
sabemos que é preciso, para se fazer arte, ser artista e não apenas ter arte. Assim como
para se fazer poesia é preciso ser poeta e não simplesmente ter poesia. Pois bem, daí a
dificuldade em se pensar e em se construir uma didática poética para a fotografia e um
lugar, uma escola onde se pratique uma foto poética.
Por isso ainda estamos muito no começo e avançamos muito lentamente na
construção dessa escola que, ora se parece com uma praça, ora com um livro aberto, ora
ainda como apenas um mero caderno de notas. Há livros que começam e terminam como
um caderno de anotações e não são ruins. Há praças que mais parecem um banco
abandonado de frente para um jardim e que gostamos de ali nos sentar e ver o tempo
(não) passar, descansar, ler um livro, ver uma flor. Será este o destino do nosso blog,
livro-lugar, Fotografia na Escola? Não se sabe. Parece que não. Vejamos como ele se
encontra nesse momento, nessa circunstância atual: agora ele é um recanto onde se
reúnem belas entrevistas, pequenos documentários, registros de fazeres, devaneios e
exercícios fotográficos. Provavelmente ele não permanecerá assim. Provavelmente ele já
esteja tateando no escuro seu destino, procurando saber para que lado ir, como crescer, e
nesse tatear já esteja ganhando novos contornos, já que (dizem) o tempo passa... e as
coisas raramente ficam como estão, ainda que suas mudanças sejam tão imperceptíveis
como as das pedras e seixos de um rio.
Os weblogs de um modo geral são mais conhecidos simplesmente por blogs.
Costumam ser bastante populares, no sentido de existirem em abundância, de serem
bastante vivenciados na cibercultura e de serem fáceis de se criar. Não só de se criar mas
também de se manusear, ainda que digitalmente. Isso tudo se nos apresenta como
grandes vantagens. Isso porque, dentro daquela ideia antiga de escola, cumpre chamar a
atenção para um fato também antigo.
Conta-se que na Grécia (Antiga, naturalmente) havia uma espécie de professor
popular conhecido como sofista. Esses tipos reuniam bastante gente em praça pública e
lhes falavam sobre coisas e sobre o funcionamento das coisas. Quando a academia foi
criada por Platão, aqueles professores, os sofistas, foram passando a ser considerados
de segunda categoria, posto que nada mais faziam que alimentar a doxa, isto é, a opinião,
o campo das verdades sem valor, oriundas do senso comum, oriundo, por sua vez, da
mera sensação (CAUQUELIN, 2005). Já na academia, cultivava-se ou visava-se a
Verdade, diríamos, a verdade verdadeira, ou, mais corretamente, o conhecimento, a
episteme, à qual se chegaria por meio da razão. Ocorre que não era qualquer um que
podia pôr os pés na academia. Há quem diga que na porta de entrada havia uma placa
onde se lia: quem não é geômetra não entra. Ora, sabemos o apreço que os gregos
nutriam pela Geometria, arte das artes! A frase, contudo, vai além da expressão de tal
apreço, indica que quem não é uma espécie de iniciado não entra, não é qualquer um que
pode entrar naquele espaço, sacro espaço acadêmico. Conta-se também, não se sabe se
é lenda ou fato, mas a imagem é marcante, que, quando Aristóteles, discípulo de Platão,
rompe com o mestre, após longos dez anos de academia, ao bater a porta em sua saída
fulminante, a placa cai. Podemos inferir daí que, doravante, haverá uma força em ação
pela abertura do mundo epistemológico a todos os mortais, iniciados ou não.
Observemos com atenção a belíssima pintura de Rafael, A Escola de Atenas,
pintada entre 1509 e 1510, que representa justamente a Academia de Platão.
A Escola de Atenas (Scuola di Atenas)
Ao centro vemos os dois filósofos, Platão e Aristóteles. O primeiro, de vermelho,
aponta para cima, para o alto, para o mundo das ideias elevadas. O outro, de azul, aponta
para baixo, para a terra, para a matéria, lançando-nos de volta em direção à realidade
sensível, natural, física. Se o tempo não pára ou não volta, não sabemos. Sabemos,
porém, que podemos querer as duas direções cristalizadas nessa pintura. Podemos
sonhar com uma escola de fotografia (e com uma fotografia na escola) real e virtual, difícil
e acessível – difícil por sua ambição poética e acessível pela linguagem nela mobilizada:
multimídia, cibernética, interativa. Ela seria, por um lado, interessante aos iniciados, pois
almejaria, de fato, a face epistemológica da fotografia, a fotografia como meio, como
tecnologia de conhecimento, capaz de nos levar a elaborar compreensões complexas
acerca do espaço e do tempo, esses dois estranhos nos quais nos estranhamos. Ela
seria, por outro lado, uma escola aberta a todos, popular, de fácil acesso, onde o
conhecimento sofisticado e as opiniões as mais estapafúrdias poderiam conviver,
estranhar-se mutuamente e provocar estranhamento.
A seguir propomos a execução de duas atividades práticas essenciais para se
compreender as duas dimensões mais fundamentais da fotografia: o tempo e a luz.
1. Atividades Práticas
1.1 Fotograma
Nesta atividade você irá produzir imagens fotográficas sem uma câmera. Apenas
registrando formas, sombras de objetos sobre papéis fotográficos. O fotograma
materializa uma interessante observação de Phillipe Dubois: “A foto é uma sombra
impressionada e fixada”. (2003, p. 139)
Sobre o fotograma, o tempo da luz é inscrito em forma de sombra.
Veja alguns exemplos de fotogramas abaixo:
Edder Gadelha Trânsitos http://edim-mzk09.blogspot.com/2010/07/fotogramas.html Fonte: HTTP://transitos.zip.net
O fotógrafo Man Ray explorou muito esta técnica e denominou-a de rayograma:
1.1.1 Como fazer
Você irá precisar de:
Um quarto escuro
Papel fotográfico Preto e Branco
Revelador, interruptor (opcional) e fixador para papel fotográfico preto e branco, água
3 bandejas para acondicionar os líquidos
Objetos pequenos: opacos, translúcidos e/ ou transparentes
Lanterna
Dentro do quarto escuro
Retire o papel fotográfico da caixa ou do envelope, sempre em um ambiente
completamente escuro. Cuidado, pois os papéis fotográficos são sensíveis à luz. Caso
você abra a caixa ou o envelope em local onde há luz, poderá velar todos os papéis. Para
conseguir enxergar dentro do quarto escuro você poderá acender uma lâmpada vermelha.
Corte o papel no tamanho desejado (de acordo com o tamanho dos objetos que você irá
utilizar).
Apóie o papel fotográfico sobre uma bancada ou mesa. Coloque os objetos sobre o papel.
Man Ray, 1922, Fonte: http://www.artphotographyfund.com/en/gallery/default.aspx?id=9
Man Ray, 1922 Fonte: http://www.manraytrust.com/
Acenda a lanterna por um curto período de tempo. Como o tempo de exposição à luz
varia de acordo com cada caso, é difícil precisar quanto tempo você deverá manter a
lanterna acesa. Você irá perceber qual o tempo necessário de acordo com a prática.
Comece contando 4 segundos.
Após desligar a lanterna, insira o papel fotográfico na bandeja com o revelador, por cerca
de um minuto. Cuidado para que a imagem não fique muito preta. Retire o papel
fotográfico com uma pinça. Nunca insira a mão na química. Transfira para uma bandeja
com água, ou interruptor, por cerca de um minuto, retire com a pinça, transfira para a
bandeja com fixador por cerca de cinco minutos. Lave em água corrente, por cerca de
cinco minutos.
1.2 Câmera de buraco de agulha ou Pinhole
Pinhole é um processo alternativo de se fazer fotografia sem a utilização de uma câmera
fotográfica tradicional. A designação em inglês “Pinhole” pode ser traduzida como “buraco
de agulha” por ser uma câmera que tem apenas um pequeno furo de agulha. Com a
câmera Pinhole, a “escrita da luz” (fotografia) se democratiza: está ao alcance de todos.
Observe no esquema abaixo como a imagem é projetada no interior da câmera:
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2mera_escura
1.2.1 Como fazer
Você precisará de:
Caixa de sapato, ou lata de leite em pó com tampa. Tinta preta ou papel preto. Prego,
martelo, fita isolante e agulha.
Um quarto escuro
Papel fotográfico Preto e Branco
Revelador, interruptor (opcional) e fixador para papéis fotográficos preto e branco, água
3 bandejas para acondicionar os líquidos
Como transformar a sua caixa ou lata em uma câmera escura.
Você poderá pintar o interior da lata ou caixa com tinta preta, ou utilizar papel preto para
escurecer totalmente o interior.
Fure um pequeno buraco em uma das laterais da lata ou caixa. Sobre o primeiro furo,
cole papel alumínio e faça um novo furo concêntrico ao primeiro com a agulha.
Dentro do quarto escuro
Retire o papel fotográfico da caixa ou do envelope, sempre em um ambiente
completamente escuro. Cuidado, pois os papéis fotográficos são sensíveis a luz. Caso
você abra a caixa ou o envelope em local onde há luz, poderá velar todos os papéis. Para
conseguir enxergar dentro do quarto escuro você poderá acender uma lâmpada vermelha.
Corte o papel no tamanho desejado, insira o papel fotográfico na sua câmera, com a
emulsão (parte brilhante do papel) virada para o buraco. Feche a lata ou a caixa. Saia do
quarto escuro, com o dedo sobre o buraco da pinhole, aponte sua câmera para a cena
desejada e tire o dedo. Como o tempo de exposição à luz varia de acordo com o tamanho
do furo e a quantidade de luz no ambiente, é difícil precisar quanto tempo de exposição
será necessário. Para começar você poderá deixar cerca de um minuto em local claro e
cerca de 3 minutos em um ambiente mais escuro.
Após a exposição feche novamente o buraco com seu dedo e volte ao quarto escuro para
os procedimentos de revelação.
Insira o papel fotográfico na bandeja com o revelador, por cerca de um minuto. Cuidado
para que a imagem não fique muito preta. Retire o papel fotográfico com uma pinça.
Nunca insira a mão na química. Transfira para uma bandeja com água, ou interruptor, por
cerca de um minuto, retire com a pinça, transfira para a bandeja com fixador por cerca de
cinco minutos. Lave em água corrente, por cerca de cinco minutos.
1.3 Observações para as atividades práticas.
Tome cuidado ao manusear estes produtos químicos, pois são extremamente tóxicos. É
recomendável a utilização de luvas e avental. Após o experimento é aconselhável lavar as
mãos e o rosto ou tomar um banho.
Ilford e Kodak são duas boas marcas que comercializam reveladores e fixadores. É
aconselhável utilizar papéis fotográficos e química da mesma marca.
Referências
Art Photography Fund: Gallery. Disponível
em:http://www.artphotographyfund.com/en/gallery/default.aspx?id=9 . Acesso em: 11 set.
2011.
BACHELARD, Gaston. A poética do devaneio. Tradução de Antônio de Pádua Danesi. 2.
ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
___________ L’Intuition de l’instant. Paris: Éditions stock: 1992.
BUCCI, Eugênio. Álbum de família. Meu pai, meus irmãos e o tempo. IN MAMMI,
Lorenzo; SCHWARCZ, Lilia Moritz [orgs]. 8 X Fotografia: ensaios. São Paulo:
Companhia das Letras, 2008.
Câmera escura. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2mera_escura.
Acesso em: 09 set. 2011.
CAUQUELIN, Anne. Teorias da Arte. São Paulo: Martins, 2005.
De tudo um pouco: fotogramas. Disponível em: http://edim-
mzk09.blogspot.com/2010/07/fotogramas.html. Acesso em: 07 set. 2011.
DUBOIS, P. As origens da fotografia, in: DUBOIS, P. O ato Fotográfico e outros
ensaios. Campinas: Papirus, 1993.362 p.
DUFRENNE, Mikel. O poético. Tradução de Luiz Arthur Nunes e Reasylvia Kroeff de
Souza. Porto Alegre: Editora Globo, 1969.
Fotografia na escola. Disponível em: http://www.fotografianaescola.blogspot.com/.
Acesso em: 09 set. 2011.
Man Ray. Disponível em: http://www.manraytrust.com/. Acesso em: 11 set. 2011.
NASCENTES, Antenor. Dicionário etimológico resumido. Rio de Janeiro: Instituto
Nacional do Livro. Ministério da Educação e Cultura, 1966.
O processo fotográfico. Formulário com especificações técnicas sobre revelação
em laboratório fotográfico. Disponível em:
www.cotianet.com.br/photo/Formulário%20Fotográfico.doc. Acesso em: 07 set. 2011.
Origens do processo fotográfico. Fotograma - a fotografia sem câmera. Disponível
em: http://www.cotianet.com.br/photo/hist/enio02.htm. Acesso em: 07 set. 2011.
RIPPER, João Roberto. Especial Imagens Humanas – parte 1, fotografia documental.
Disponível em http://fotografianaescola.blogspot.com. Acesso 09 set. 2011.
Trânsitos. Disponível em: http://transitos.zip.net/. Acesso em: 11 set. 2011.