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FRANCISCO, O SANTO DO NOVO PAPA CHORAR FAZ BEM As lágrimas libertam o corpo e a alma 19 NOVOS TESOUROS Do patrimônio da humanidade O VIOLINO E A NOITE ESCURA DA ALMA A música foi capaz de salvar uma jovem violinista #124 EDIÇÃO OÁSIS

Oásis - Brasil 24/7 · da justiça universal, da fraternidade sem fronteiras e da compaixão sem limites. Seu Cristo é o Pantocra-tor, o Senhor do Universo, cabeça da Igreja e

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FRANCISCO, O SANTO DO NOvO PAPA CHORAR

FAZ BEM As lágrimas libertam

o corpo e a alma

19 NOVOS TESOUROS

Do patrimônio da humanidade

O VIOLINO E A NOITE ESCURA

DA ALMA A música foi capaz

de salvar uma jovem violinista

#124

EDição Oásis

2/51OáSIS . Editorial

por

Editor

PEllEgriniLuis

“Senhor, dai-me força para mudar o que pode Ser mudado... reSignação para aceitar o que não pode Ser mudado... e Sabedoria

para diStinguir uma coiSa da outra”, São franciSco de aSSiS

Q uando o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, membro da ordem jesuíta, recém eleito novo papa anunciou que adotaria o nome Francisco, surgiu a

dúvida: era em homenagem a São Francisco de assis, um dos santos mais populares e queridos da igreja Católica, ou de São Francisco Xavier, também jesuíta? a diferença entre ambos é enorme. Xavier tem seu nome ligado a grandes campanhas de evangelização ao redor do mundo, notadamente em países da Ásia. É, portanto, um santo ligado aos processos de expansão da igreja no mundo, cujos excessos às vezes a confundiram com alguma imensa potência imperialista. o outro Francisco, o “poverello de assis”, situa-se na ponta oposta. Santo da re-núncia aos bens e ao poder materiais, amigo dos pobres e dos fracos, da natureza e dos animais, dono de imensa compaixão por todos os seres viventes, Francisco de assis enxergava muito à frente de seu tempo. Ecologista na sua adoração pela nature-za, anticonsumista pela simplicidade, defensor da liberdade de

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por

Editor

PEllEgriniLuis

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espírito, da alegria e da vida comunitária. além disso, foi um fe-minista de primeira hora na relação com Santa Clara e a ordem das clarissas.Se houve dúvida nas primeiras horas quanto ao verdadeiro Fran-cisco homenageado, Bergoglio fez questão de esclarecer tudo bem rapidamente: era mesmo o santo de assis. desde então, verdade seja dita, o novo papa tem se comportado de maneira coerente com o seu patrono. Francesco di Pietro di Bernardone, filho de ricos comerciantes nasceu na cidade italiana de assis, em cinco de julho de 1182. Visionário, mudou não só o conceito de santidade e devoção, mas a atitude da igreja e dos leigos na virada do século 12 para o século 13. teve uma juventude agitada e brilhante, nas festas em sua cidade era o vencedor em todos os torneios que par-ticipava. Entre os 22 e 24 anos, iniciou a sua lenta conversão para a religião. neste período, lutou em defesa de assis e ficou preso um ano em Peruggia.Escolhemos dois artigos sobre São Francisco para pontuar e homenagear a visita de Papa Francisco ao Brasil, para participar esta semana da Jornada Mundial da Juventude, no rio de Janei-ro. o primeiro artigo é assinado pelo teólogo leonardo Boff, o segundo pela psicoterapeuta paulista tereza Kawall.Para terminar, a citação de trecho de uma célebre oração de São Francisco, muito útil e necessária nos dias que correm: “Se-nhor, dai-me força para mudar o que pode ser mudado... re-signação para aceitar o que não pode ser mudado... E sabedoria para distinguir uma coisa da outra.”

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FRANCISCO, O SANTO DO

PAPA FRANCISCO

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ante Alighieri dizia que São Francisco era “uma luz que brilhava sobre o mundo”. Na verdade, poucas figuras das re-ligiões cristãs apresentam uma unanimidade de aprovação como a do “poverello de Assis”. Considerado santo ainda em vida, homem simples e despoja-do, semianalfabeto, embora de família abastada, o que possuía Francisco para despertar tanto afeto e admiração?

Essa pergunta de imediato enseja várias outras: Será a preocupação excessiva com os bens terrenos prejudicial à perfeição

cristã e mais própria do espírito pagão? Sendo assim, por que a Igreja Católica se deixou levar por um modelo oposto, feito de glorificação da riqueza, da pompa e do esplendor? Será criticável a assim chama-da Sociedade de Consumo de nossos dias, por preconizar a busca incessante do gozo das riquezas e dos bens materiais? Criará esse modelo de sociedade um ateísmo e um materialismo práticos?

Todas essas são perguntas relevantes, que têm muito a ver com os atuais estudos e debates que visam a criação de um novo paradigma existencial. O da criação de uma sociedade mais espiritualizada, mui-to menos apegada aos vícios da matéria, embora não pauperista ou miserabilista.

É justamente nesse momento de impor-tante transição histórica que surge repen-tinamente um novo Papa, e o nome que ele escolhe é o de Francisco, o santo da humildade, da solidariedade, da compai-xão, da pobreza e da devoção. O recado parece claro: este é o modelo que Papa Francisco preconiza. Significativamente a primeira viagem do seu papado é ao Bra-sil. Será importante prestarmos atenção a suas palavras. E enquanto elas não vêm, convém ler os escritos abaixo, de autoria de Leonardo Boff e de Tereza Kawall.

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papa francisco chega ao rio de Janeiro na tarde de segunda-feira, 22 de julho. Será recebido pela presidente dilma rousseff e por todo um séquito de autoridades civis e eclesiásticas. em tom de boas vindas trazemos dois textos, um do teólogo Leonardo boff, o outro da psicoterapeuta tereza Kawall, ambos sobre francisco de assis, o santo que lhe inspirou o nome

Por: EquiPE oásis

FRANCISCO SE FEZ NU,PARA COBRIR A NUDEZ DO PAPA

Por: Leonardo Boff

Sabem os historiadores que o Papa do tempo de São Francisco, Inocêncio III (1198-1216), levara o Papado a um apogeu e esplendor como nunca antes na histó-ria eclesiástica. Hábil político, conseguiu que todos os reis, imperadores e senhores feudais, à exceção de apenas alguns, fossem seus vassalos. Sob a sua re-gência estavam os dois poderes supremos: o Império e o Sacerdócio.

Era pouco ser sucessor do pescador Pedro. Declarou--se “representante de Cristo”, não do Cristo pobre, andando pelas poeirentas estradas da Palestina, pro-feta peregrino, anunciador de uma radical utopia, a do Reino do amor incondicional ao próximo e a Deus, da justiça universal, da fraternidade sem fronteiras e da compaixão sem limites. Seu Cristo é o Pantocra-tor, o Senhor do Universo, cabeça da Igreja e do Cos-mos, o Rei universal.

Esta visão exaltatória favoreceu a construção de uma Igreja monárquica, poderosa e rica mas absolutamen-te secularizada, contrária a tudo o que é evangélico. Tal realidade só podia provocar uma reação contrária entre o povo. Surgiram os movimentos pauperistas, de pobres e de leigos ricos que se faziam pobres. Por sua conta pregavam o evangelho na língua popular: o evangelho da pobreza contra o fausto das cortes, da

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simplicidade radical contra a sofisticação dos palá-cios, da adoração do Cristo de Belém e da Crucificação contra a exaltação do Cristo Rei todo poderoso. Eram os albigenses, os valdenses, os pobres de Lyon, os se-guidores de Francisco, de Domingos e dos sete Servos de Maria de Florença, nobres que se fizeram mendi-cantes.

Apesar deste fausto, Inocêncio III foi sensível a Fran-cisco e aos doze companheiros que o visitaram, esfar-rapados, em seu palácio em Roma, pedindo licença para viverem segundo o Evangelho. Comovido e com remorsos, o Papa lhes concedeu uma licença oral. Corria o ano 1209. Francisco nunca esquecerá este gesto generoso do Papa imperial.Mas a história dá as suas voltas. O que é verdadeiro e imperativo, chegado o momento de sua maturação, se revela com uma força vulcânica. Tal se revelou em 1216, em Peruggia, para onde fora o Papa Inocêncio III a um de seus palácios.

Eis que ele morre subitamente, depois de 18 anos de pontificado triunfante. Logo sons lúgubres de canto gregoriano se fazem ouvir, vindos da catedral pontifí-cia. Executa-se o grave planctum super Innocentium (“o pranto sobre Inocêncio”).

Mas nada detém a morte, senhora de todas as vai-dades, de toda a pompa, de toda glória e de todo o triunfo. O esquife do Papa jaz à frente do altar-mor: coberto de ouropéis, joias, ouro, prata e os signos do duplo poder sagrado e secular. Cardeais, imperadores, príncipes, abades, longas filas de fiéis se sucedem na vigília. É o bispo Jacques de Vitry vindo de Namur e

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depois feito Cardeal de Frascati que o conta.

É meia-noite. Todos se retiram, pesarosos. Apenas o bruxulear das velas acesas projetam fantasmas nas paredes. O Papa, outrora, sempre cercado por nobres, está agora só com as trevas. Eis que ladrões penetram sorrateiramente na catedral. Em poucos minutos es-poliam seu cadáver de todas as vestes preciosas, do ouro, da prata e das insígnias papais.Aí jaz um corpo desnudo, já quase em decomposição. Realiza-se o que Inocêncio deixara exarado num fa-moso texto sobre “a miséria da condição humana”. Agora ela é demonstrada com toda a sua crueza em sua própria condição.

Um pobrezinho, fétido e miserável, se escondera num canto escuro da catedral para vigiar, rezar e passar a noite junto ao Papa que lhe aprovara seu modo de vida pobre. Ele tirou a túnica rota e suja, túnica de penitência. E com ela cobriu as vergonhas do cadáver violado. Era Francisco de Assis.Sinistro destino da riqueza, grandiosidade do gesto da pobreza. A primeira não o salvou do saque, a se-gunda o salvou da vergonha.

Concluiu o Cardeal Jacques de Vitry: ”Entrei na igreja e me dei conta, com plena fé, o quanto é breve a gló-ria enganadora deste mundo”

Aquele que todos chamavam de poverello e de fratello nada disse nem pensou. Apenas fez. Ficou nu para co-brir a nudez do Papa que um dia mostrou compreen-são por sua decisão de viver segundo o evangelho da

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pobreza radical. Esse Francisco de Assis emerge como fonte inspiradora de Francisco de Roma, o bispo da cidade e Papa. *Leonardo Boff é autor do livro Francisco de Assis: ternura e vigor (Vozes) 1999

FRANZINO, VESTE PUÍDA, CAJADO NA MÃO

Por: Tereza Kawall

Com suas vestes puídas e um cajado na mão, esse ho-mem franzino e delicado passou boa parte de sua vida pregando nas cidades italianas. De suas palavras ema-nava uma força extraordinária que a todos encantava, tanto os mais miseráveis quanto os da mais alta no-breza da Europa medieval.Francisco amou, reverenciou e exaltou o Criador e toda sua criação, pregando a simplicidade e a beleza, deixando um legado extraordinário de virtudes como a humildade e a bondade que fizeram dele um ser ex-traordinário e inesquecível. Considerado santo já em vida, São Francisco foi canonizado pela Igreja Católi-ca menos de dois anos após a sua morte.

Giovanni di Pietro di Bernardone, mais conhecido como Francisco, nasceu em Assis no ano de 1182, numa família da alta burguesia italiana que desfruta-va de boa situação financeira. Filho de um próspero comerciante de tecidos, o jovem Francisco gozava de boa vida, era muito popular entre seus amigos,

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gostava de festas, bebidas e belas roupas. Viveu sem maiores preocupações nesse ambiente festivo e extra-vagante. Mas, desde muito jovem, mostrava sinais de amor pelos pobres; aproveitava-se da ausência de seu pai e trazia-os para casa para que pudessem comer.

Em 1202, alistou-se como soldado numa guerra en-tre Assis e Peruggia, mas acabou sendo capturado e ficou preso por um ano. Em 1205, engajou-se nova-mente na carreira das armas. Nessa época teve visões que foram os primeiros chamados para a sua grande aventura mística.

Nos séculos 12 e 13, época em que viveu Francisco, espalhava existia na Europa medieval o chamado mo-vimento pauperista, que tomou todo o sul da França, sul da Alemanha e toda a Itália – era constituído por homens leigos que levavam o Evangelho para todos, em linguagem popular.

É importante lembrar que o poder cultural e social da Igreja nessa época era absoluto. Os mosteiros eram centros de cultura erudita, com suas maravilhosas bi-bliotecas. As ordens religiosas eram muito ricas, rece-biam muitas doações do povo e da nobreza, possuíam tesouros e grandes extensões de terra.

É nesse contexto histórico que vamos encontrar o jovem Francisco. Ele surpreendeu a todos quando deixou para trás a herança paterna e saiu em busca de seu próprio caminho.

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Tradição e ruptura

Aos poucos foi se retraindo, já não encontrava prazer nas festas e farras. Dizia estar enamorado da “ Dama Pobreza”- e por ela renunciou drasticamente às rique-zas e prazeres do mundo e aos inconformados amigos.

Vai para os arredores da cidade e entra na Ordem dos Penitentes, uma das várias ordens de pobreza existen-tes na época; veste-se apenas com uma túnica rústico, leva um cajado, faz orações e penitências intermi-náveis. Embora pertencesse a uma família abastada, Francisco era semianalfabeto.

Mas a grande ruptura se deu quando, um dia, encon-trou e abraçou um leproso e, ao olhar para ele, viu Je-sus Cristo em seu lugar. A partir daí vai morar com os leprosos ; cuida deles e come com eles, para escândalo de muitos. É importante lembrar que a lepra naquela época era símbolo do pecado, vale dizer que os lepro-sos, mais que doentes, eram considerados pecadores públicos e radicalmente excluídos do contato social.

Fazia sua pregação de forma itinerante, dentro ou fora dos centros urbanos, e nunca esteve vinculado a nenhum núcleo religioso, pois suas convicções pesso-ais pregavam o distanciamento das instituições, fos-sem elas políticas ou religiosas. Renunciou à família, renunciou à segurança da diocese e a dos mosteiros de clausura, deixando claro que sua espiritualidade estava nos caminhos, entre os homens. Dizia: “Onde eles estão, na poeira dos caminhos, aí estaremos nós”.

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Aos poucos foram se juntando a São Francisco outros homens e mulheres que se tornaram seus discípulos. Entre eles, Clara de Assis, que foi sua fiel confidente e companheira até a morte.

Na época havia uma bula papal que proibia os leigos de pregarem e Francisco era um deles. Jamais perten-cera a uma ordem religiosa, e por isso era ameaçado. Assim, pediu ao papa Inocêncio III uma ordem de diácono que lhe permitiria pregar o Evangelho, mas não aceitava benefícios nem títulos. O Papa o autori-zou a fazer isso.

Amor aos animais

Francisco amava todos os animais, particularmente os passarinhos, e deliciava-se com o seu canto; em especial protegia também as ovelhas e as árvores.

Há um episódio marcante em sua vida que deixou muito evidente a relação especial que tinha com os animais. Contam que São Francisco, ao passar pela cidade de Gubbio, soube de histórias terríveis de um lobo feroz que atacava e devorava pessoas nas estra-das rurais, causando pânico e desespero entre os mo-radores que não saíam mais de casa.

São Francisco apiedou-se do animal, e foi desarma-do em direção ao lobo; alguns mais valentes o segui-ram à distância, pela floresta. Ao ver aproximar-se a fera, fez o sinal da cruz e disse: “ Vem cá irmão lobo, ordeno-te da parte de Cristo que não faças mal nem a mim, nem a ninguém”. Dizem que o animal estendeu

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-se aos pés de Francisco, que continuou a conversar com ele, explicando que não mais poderia continu-ar matando as outras criaturas de Deus; e fez a ele a promessa de que, se seguisse a sua orientação, ele convenceria os homens de Gubbio a alimentarem-no diariamente, pois entendia que ele atacava inocentes por estar faminto. São Francisco estendeu-lhe a mão e o lobo estendeu-lhe a pata dianteira, para assombro maior dos poucos que por ali ainda estavam!

Juntos, caminharam até a cidade, que já estava aler-tada e maravilhada com a novidade. Na praça central, São Francisco fez então uma vigorosa intermediação entre o animal e os homens da cidade, afirmando que eles também cometiam atos de violência e cruelda-de. Assim, ficou selado um acordo entre as duas par-tes: o animal não atacaria ninguém e a população se comprometeria a prover-lhe o alimento para pudesse viver. Dessa forma, o lobo e passa a ser um cidadão com livre trânsito na cidade. Contam que o lobo mor-reu depois de dois anos e foi sepultado dentro da igre-ja local, em homenagem ao santo.

A respeito do santo tratar todas as criaturas com afe-to e respeitosa delicadeza, diz Maria Sticco: “Aconte-cia-lhe por isso o que não acontece a ninguém: sentin-do-se amadas, as coisas o amavam. Não se sabe se era Francisco quem abria a inteligência dos animais ou se seriam eles que o entendiam e a ele somente, adivi-nhando-lhe por atração instintiva o amor e boa dispo-sição do espírito para com eles. Amavam-no, dando--se a ele como visivelmente o haviam feito a lebre, o faisão, o lobo, o falcão, os pássaros e como invisivel

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mente faziam as flores, as ervas, a água e o sol.”

Francisco viveu com sua comunidade, e suas premis-sas espirituais e morais o impediam de ter ou acumu-lar bens, dinheiro, roupas; desapegado ao extremo, em várias situações tirou o seu próprio manto e o deu para alguém que estivesse com frio.

Amava profundamente a natureza em toda a sua ex-tensão e complexidade, fosse uma abelha, uma mi-nhoca, um pássaro, o fogo, a nuvem e a chuva; para São Francisco todos eram irmãos, filhos de um só e mesmo Pai.

A ideia holística de que natureza e criação estão inti-mamente inter-relacionados e integrados, ideia à qual todos temos hoje fácil acesso, já era defendida por São Francisco. Ele concebia uma íntima e apaixonada comunhão com a natureza, e esta, para ele, era uma expressão onipresente da divindade.

Leonardo Boff analisa essa “filiação divina”: “Somos da casa de Deus, somos da sua família, somos filhos de Deus. A mística da filiação nos leva a viver uma dignidade fantástica. Os filhos juntos são irmãos e ir-mãs. Essa é a novidade espiritual de Francisco. Fran-cisco não deduz isso racionalmente. Ele vive a filiação como experiência, como uma comoção do coração. Vive a experiência do irmão e universaliza essa expe-riência. Se todos vêm de Deus e todos são filhos de Deus, todos são irmãos, o Sol, a Lua , as árvores, as rochas”.

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Salvaguardando o contexto histórico, podemos pen-sar que São Francisco foi uma espécie de hyppie da Idade Média. Era um ser livre, carismático, dotado de valores humanitários sempre voltados para os pobres e excluídos. Renunciou à riqueza da família, pregou e viveu na mais absoluta simplicidade em comunida-des com aqueles que o seguiam e partilhavam de sua forma de pensar. Profundamente inspirado pelas pa-lavras de Jesus, praticou e ensinou até o final de seus dias a máxima cristã do amor ao próximo, fosse ele de natureza humana, mineral, animal ou vegetal.

Ao final de sua vida já tinha mais de dois mil segui-dores, mais ainda tinha dificuldade em aceitar que precisaria ser criada uma instituição em seu nome; apesar disso, foi criada a Ordem Terceira dos Fran-ciscanos.

Francisco morreu em 1226 com 44 anos. Estava cego e tinha dores terríveis no corpo. Pressentindo a che-gada da “Irmã Morte”, pediu para ficar nu sobre a ter-ra e, antes de morrer, em profundo êxtase, cantou o Cântico das Criaturas (abaixo), também chamado por muitos de Cântico do Irmão Sol.

Atualidade e legado de São Francisco

A figura de São Francisco permanece viva em sua di-mensão simbólica ou arquetípica. A comovente his-tória de sua vida e sua profunda identificação com as palavras de Jesus Cristo mantém vivo, até os dias de hoje, o verdadeiro espírito cristão.

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Francisco é um símbolo do homem cordial, que nos inspira a prática da tolerância e da compaixão por todas as formas de vida. Tudo e todos foram tocados pela força de seu carisma e pela delicadeza de suas palavras.

Ele é reverenciado como patrono da Itália e em 1987 foi proclamado por João Paulo II patrono da ecologia e do meio ambiente. É festejado no dia 4 de outubro.

Com suas próprias mãos ele construiu a minúscula Capela da Porciúncula, hoje no interior da grande catedral de Santa Maria dos Anjos, em Assis; o con-traponto entre a simplicidade da capela e a riqueza da catedral traduzem a grandeza da alma e do espírito de Francisco.

A ética e a mística franciscana são sinônimos de bon-dade, simplicidade, gentileza e fraternidade. Não por acaso a importância de seu legado espiritual vem crescendo. Ele vem ao encontro das demandas do homem contemporâneo, cada vez mais distanciado da natureza, em busca de uma felicidade equivocada onde o “ter” é mais importante do que “ ser”. Se es-tivesse vivo, certamente poderia afirmar aos quatro cantos do planeta que “menos é mais”!

Bibliografia:

Terapeutas do deserto: de Fílon de Alexandria a Francisco de Assis e Graf Dürckheim, Jean-Yves Le-loup e Leonardo Boff, Editora Vozes

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São Francisco de Assis, Maria Sticco, Editora Vozes

*Tereza Kawall – Terapeuta de linha junguiana em São Paulo, é responsável também pelo interessante blog www.blissnow.com.br

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CHORAR FAZ BEMAs lágrimas libertam o corpo e a alma

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im, o choro pode fazer muito bem. Pode até evitar doenças e salvar vidas. Segundo William Frey, bio-químico da Minnesota University (USA), o pranto serve para expelir substâncias tóxicas que surgem no organismo quando se acumulam tensões emocionais. Com efeito, diferente das lágrimas que são gera-das de modo natural, pela presença de corpos estranhos na superfície do globo ocular ou por irritações

e alergias, as lágrimas do pranto são ricas de corticotropina e prolactina (hormônios cujos níveis aumentam em estado de estres-se) e de manganês (presente em altas con-centrações no cérebro dos deprimidos. Estudos psicológicos informam, por outro lado, que 88% das pessoas se sentem melhor depois de ter se desafogado com um choro copioso e liberatório. Inclusive os homens o fazem, embora apenas 7 vezes ao ano, contra 47 vezes para as mulheres.

Smuitos se sentem melhor depois de se desafogar com um pranto liberatório. não hesite em chorar quando sentir necessidade. reter as lágrimas pode levar a várias doenças

Por: EquiPE oásis

Clubes do choro

Os homens de negócios japoneses sabem muito bem que chorar descarrega o estresse, e por isso lançaram a moda, que já chegou na Europa, dos clubes de choro (crying clubs): locais onde a gente vai com a finalidade de cho-rar em companhia de pessoas completamente desconhe-cidas. Muitos desses lugares oferecem inclusive alguma ajuda aos que não têm as lágrimas fáceis: desde filmes comoventes até pires com cebola cortada e pimenta.

Os seres humanos choram quando estão diante de uma forte emoção. Alguns animais superiores também cho-ram, mas não com a mesma frequência. Ou, melhor di-zendo, não sabemos sempre com precisão se se tratam de lágrimas emotivas.

O caso mais conhecido é o dos elefantes, comentado in-clusive no famoso livro “Quando os elefantes choram”, de Jeffrey Masson, no qual são analisados os sentimentos de muitos animais. Em particular, os elefantes produzem lágrimas quando entram em estado de estresse. Sempre segundo Masson, também lacrimejam em caso de for-tes emoções o gorila, o chimpanzé, os cavalos e os ursos. Mas, apesar do velho ditado, os crocodilos não o fazem; eles soltam lágrimas apenas como relação a um intenso esforço.

Opinião diversa, no entanto, tem Michael Trimble, neu-rologista do National Hospital de Londres. No livro Why humans like to cry (Por que os humanos gostam de cho-rar) indaga a respeito da origem das “lágrimas emoti-vas”. Segundo Trimble chorar é o traço distintivo que nos

torna diversos dos demais mamíferos, os quais possuem outros para exprimir o próprio estado emotivo. Trimble conta que no zoo de Munster (Alemanha), em 2008, a gorila Gana perdeu um filhote de poucos meses. A mãe passou horas sacudindo o pequeno corpo do filhote, de-sesperada, mas sem derramar lágrimas. Os únicos a cho-rar eram os visitantes do zoo.

Importantes para os olhos

Muitos animais produzem lágrimas por meras questões fisiológicas. As lágrimas, com efeito, servem para manter úmidos os olhos. Elas mantêm o equilíbrio osmótico do bulbo ocular, removem as impurezas da córnea e contêm substâncias bactericidas que afastam o risco de infec-ções. No que diz respeito ao homem, a confirmação de que as lágrimas servem para aliviar o estresse vem do

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fato de que nesse líquido foram encontrados traços de uma endorfina que é produzida no cérebro para ali-viar a dor. As lágrimas emotivas possuem uma química diversa daquelas que são naturalmente versadas para manter os olhos úmidos. E servem sobretudo para se comunicar – em nível inconsciente – com os outros.

Por que choramos de dor ou de felicidade?

Quando se experimenta uma forte emoção, o sistema límbico do cérebro estimula o sistema nervoso central, e este, por sua vez, aciona uma série de reações fisioló-gicas, entre quais os batimentos cardíacos. Além disso, ocorrem alterações também no ritmo da respiração e as glândulas lacrimais.. Colocadas acima do arco superior do olho, as glândulas lacrimais produ-zem lágrimas. Quando choramos, o líquido “jorra” nos ângulos dos olhos e escorre sobre a conjuntiva, a mem-brana que recobre a parte interna das pálpebras, para terminar na cavidade nasal. A cada nova batida dos cílios o olho se lubrifica. Desse modo evita-se a desi-dratação do bulbo e se facilita o afastamento da poeira. As lágrimas também têm um poder desinfetante, pois elas contêm glucose, cloreto de sódio, proteínas, ureia e uma enzima bactericida, a lisozima.

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19 NOVOS TESOUROSDo patrimônio da humanidade

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eunidos em Phnom Penh, no Camboja, durante o seu 37º Encontro Anual, os membros do Comitê do Patrimônio, da Unesco, avaliaram as caracte-rísticas de alguns dos lugares mais encantadores do mundo e, ao final, aceitaram a en-trada de 19 novos na lista do Patrimônio da Humanidade. 14 deles são culturais e 5 pai-

sagísticos.

A galeria abaixo os apresenta, um a um.

Rda Sicília ao Japão, passando pela Índia, canadá e namíbia, eles compõem um elenco do que há de melhor no mundo do ponto de vista naturalístico e cultural. São as novas maravilhas que acabam de entrar na lista do patrimônio da humanidade, da unesco

Por: EquiPE oásis

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1 Obra-prima da agricultura

Na foto, os terraços de arroz de Honghe Hani, na China, um ecossistema que integra água de irrigação, campos cultivados e trechos de floresta na província meridional de Yunan.

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2 Rios, montanhas e vales verdes

As montanhas da cadeia de Xinjang Tianshan. Ela possui 2800 quilômetros de cadeias montanhosas, com picos altos de cerca 4 mil metros cada um, surgidos da colisão entre a placa tectônica indiana e a placa euroasiática.

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3 O vulcão e a neve

O Monte Fuji, o cimo do Japão, com seus 3776 metros de altura. O vulcão, cujo cume permanece nevado 10 meses ao ano, é considerado uma montanha sagrada pelos seguidores da religião xintoísta.

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4 Agadez, a Porta do Deserto

A foto mostra o centro histórico de Agadez, a mais importante cidade tuaregue, no Níger, com a Grande Mesquita construída com barro.

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5 Cherson, sobras de um passado glorioso

As ruínas da antiga cidade de Cherson, uma colônia grega que foi conquistada pelos romanos e em seguida fez parte do Império Bizantino. Situa-se na atual Criméia, e é hoje conhecida pelo nome de Sebastopol, no atual território da Ucrânia

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6 O último baluarte de defesa

As fortalezas sobre colinas do Rajastão, Índia: uma série de instalações militares situados sobre os montes Aravallis, com a finalidade de defender as cidades dos inimigos. Na foto, a fortaleza de Kumbhalgarh

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7 Bergpark, entre a arte e a natureza

O Bergpark Wilhelmshöhe em Kassel, Alemanha. Construído sobre uma ampla colina entre 1696 e 1806, esse parque é a maior área verde sobre colina de toda a Europa. É conhecido sobretudo pelo monumento a Hércules e as cascatas de pedra criadas pelo arquiteto italiano Giovanni Francesco Guerniero.

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8 Vulcão Etna, orgulho italiano

O maior vulcão – e também o mais irrequieto – da Europa acaba de entrar na lista do Patrimônio Mundial Natural. Suas erupções são cada vez mais espetaculares e frequentes: cerca de 35 ao ano.

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9 Coimbra, templo do saber

A Universidade de Coimbra, em Portugal é uma das mais antigas instituições do gênero na Europa. Sua construção foi completada em 1290. Possui hoje cerca de 22 mil estudantes e é um importante centro internacional de pesquisa, sempre em funcionamento.

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10 Altar, um deserto habitado

A Reserva da Biosfera de El Pinacate, junto ao Grande Deserto de Altar, entre o México e o Arizona: como na maioria das demais reservas da biosfera ao redor do mundo, essa área também é muito rica de biodiversidade. Hospeda centenas de espécies vegetais e animais, muitas delas ameaçadas de extinção.

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11 Fortaleza Zubarah, antes que o petróleo jorrasse

O sírio arqueológico de Al Zubarah, no Qatar, é uma cidade fortificada e hoje deserta situada a 100 quilômetros da capital do emirado, Doha. Essas ruínas representam um testemunho excepcional da organização espacial das cidades do Golfo Pérsico entre os séculos 18 e 19, antes do advento na região das atividades de exploração petrolífera. No passado essa cidade se dedicava à pesca, ao comércio de pérolas e Às atividades portuárias.

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12 A mais bela flor de Teerã

O Palácio Golestan, em Teerã, é o palácio real da dinastia Safávida que abarca um período compreendido entre os séculos 16 e 17.

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13 Montanhas do Pamir, no Tajiquistão

As montanhas do Pamir, no Tajiquistão: no passado a região era atraves-sada pela Rota da Seda e graças a ela viveu séculos de grande prosperidade. Muito pouco povoada, abriga muitos lagos e alguns glaciares.

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14 Villa Caffagiolo, esplendor na Toscana

As “ville medicee”, casas de campo – mas também palácios periféricos – da família Médici, na Toscana, guardam a memória do fausto daquele período histórico italiano. Na foto, a Villa Cafaggiolo, no município de Barberino del Mugello, propriedade da família Médici desde o ano 1300.

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15 Namib-Naukluft, o mar de dunas

O parque nacional de Namib-Naukluft, no deserto da Namíbia, uma ex-tensão de dunas de cerca 50 mil quilômetros quadrados (quase a área da Suíça). A cor alaranjada intensa das dunas dessa área natural protegida deve-se à oxidação das partículas de ferro presentes na areia.

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16 Tservkas, lugares de culto

As 16 igrejas de madeira, conhecidas como tservkas, estão distribuídas entre a Polônia e a Ucrânia. Foram edificadas entre os séculos 16 e 19, pelas comunidades religiosas ortodoxas e greco-católicas do leste da Europa.

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17 Red Bay, o pesadelo das baleias

A antiga estação baleeira de Red Bay, situada no Estreito de Belle Isle, no Canadá Oriental. O sítio remonta ao século 16, e compreende restos arqueológicos submersos de antigos barcos, sobretudo espanhóis, e testemunhos da atividade de produção e conservação de óleo de baleia destinado aos mercados europeus.

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18 Levuka, um pedaço da história no meio do mar

Levuka, uma cidadezinha no arquipélago de Fiji, a capital do país. Trata-se do primeiro sítio das ilhas Fiji a entrar na lista do Patrimônio Mundial da Humanidade.

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19 Kaesong, fortaleza coreana

Os restos de uma fortaleza que, há tempos, cercava Kaesong, a antiga capital da dinastia Koryo (918-1392) na Coreia do Norte. A cidade se localiza na fronteira com a Coreia do Sul e abriga um distrito industrial que no momento se encontra fechado devido às hostilidades entre os dois países.

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O VIOLINO E A NOITE ESCURA

DA ALMAA música foi capaz

de salvar uma jovem violinista

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violinista coreana/americana Ji-Hae Park leva a alegria da música para aqueles que, sem ela, teriam pouca chance de ouvi-la. Seu tal-ento e técnica excepcionais per-mitem que ela toque desde os clássicos mais difíceis até o rock-and-roll mais pesado.

Ji-Hae Park trabalhava ardu-amente em busca do estrelato como violinista quando, subitamente, uma forte depressão a obrigou a parar. Perguntas insistentes começaram a aflorar em sua mente: Por que,

Ana sua busca por ser uma violinista mundialmente famosa, Ji-hae park caiu em depressão severa. Somente a música foi capaz de reerguê-la, mostrando a ela que seu objetivo não precisava ser tocar em salões pomposos, mas sim trazer a maravilha da sua arte para o maior número possível de pessoasVídEo: TEd – idEas WorTh sPrEadingTradução Para o PorTuguês: gusTaVo rocha. rEVisão: LEonardo siLVa

afinal, queria ser a melhor violinista do mun-do? Para além da música, haveria na vida alguma coisa ainda mais importante? As respostas pouco a pouco foram surgindo, à medida que ela passou a pensar de modo diferente a respeito de como “tocar” sua vida. Hoje, ao mesmo tempo em que toca nas mais prestigiosas salas de concerto do mun-do, vence prêmios e grava álbuns que logo se transformam em campeões de venda, como “Baroque in Rock” (O Barroco no Rock), ela encontra tempo e disposição para tocar em hospitais, igrejas, prisões e em todos os lu-gares onde percebe existir a possibilidade de atingir as pessoas com sua música.

Tradução integral da palestra e show de Ji-Hae Park

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“Olá, pessoal.Ban-gap-seum-ni-da.Gostaria de compartilhar com vocês um pouco de mim mesma tocando minha vida.Posso parecer bem-sucedida e feliz aqui na frente de vo-cês hoje, mas eu já sofri de depressão severa e estive em total desespero. O violino, que significava tudo para mim, se tornou um sério fardo pesando sobre mim. Embora muita gente tenha tentado me consolar e me encorajar, suas palavras soavam como ruído sem sentido. Quando eu estava prestes a desistir de tudo depois de anos de sofri-mento, comecei a redescobrir o verdadeiro poder da mú-sica.(Música)Em meio às dificuldades, foi a música que me deu e res-taurou minha alma. O conforto que a música me deu era simplesmente indescritível, e era uma experiência escla-recedora para mim também, e mudou totalmente minha perspectiva da vida e me libertou da pressão de me tornar uma violinista famosa.Vocês se sentem como se estivessem sozinhos? Espero que essa canção toque e cure o coração de vocês, como fez comigo.(Música)(Aplausos)Obrigada.Agora, eu uso minha música para alcançar o coração das pessoas e descobri que não há limites para isso. Meu pú-blico é qualquer um que tenha o coração para escutar, mesmo aqueles que não conhecem muito bem música clássica. Eu não toco somente nos prestigiosos salões de concerto como o Carnegie Hall e o Kennedy Center, mas também em hospitais, igrejas, prisões, e instalações res-

tritas para leprosos, só para citar alguns.Bem, com este último trecho, gostaria de mostrá-los que música clássica pode ser muito divertida, em-polgante, e que ela pode te impressionar. Deixem--me apresentar-lhes meu novo projeto, “Barroco no Rock”, que se tornou disco de ouro recentemente. É uma grande honra para mim.Eu penso que, enquanto estou curtindo minha vida como musicista feliz, estou recebendo muito mais reconhecimento do que jamais imaginei. Mas agora é a vez de vocês. Mudar suas perspectivas vai não somente transformá-los, mas também todo o mun-do. Apenas toque sua vida com tudo que você tem, e compartilhe com o mundo. Estou muito ansiosa para ver um mundo transformado por vocês, pessoal do TED. Toquem suas vidas, e se mantenham antena-dos.

OáSIS . SuPEração

Tradução integral da palestra e show de Ji-Hae Park