Obara 2011 06 1

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    1/30

    Seu Axé, sua história - Costumes do Povo Ioruba no BrasilAno 1 - Edição

     junho 201

    A revista Obara

     Traz a trajetória das casas:Ilê Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum e Ilê Axé Logum Ede Bade Ola Oxum;

    E a suas unificações no Ilê Axé Irepo Araketu

    Blog: http://revistaobara.blogspot.com e-mail: [email protected]

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    2/30

      Sob o “Olhar dos Orixás” somos a cada dia doutrinados e educados devárias formas. A vida, a partir de nossa escolha de acompanharmos os ritos aosOrixás, nos mostra a realidade da fé. Uns sentem na própria carne e outros sim-plesmente em uma crença cega, doando suas vidas e criando histórias para outrosescreverem as suas próprias e darem continuidade a essa crença.

    A natureza nos apresenta o caminho e, sendo assim, escolhemos o que re-almente é certo ou errado, não importa a nação, cor, condição social. Não importanada disso, a natureza doa sua sabedoria representada em cultos os quais comona África, aldeias se unem fortalecidas para ajudar o próximo. Essa tradição énossa herança.

    Terreiros, casas, roças oi ilês, como são chamados os locais para celebra-ção e cultos do Candomblé, por anos lutaram para ter reconhecimento e respeitodas instituições e da sociedade, onde dogmas são respeitados e mantidos.

      Somos cobrados diariamente por nossos Orixás, nessa vida enlouquecidaentre trabalho e família. O nosso tempo cessa simplesmente para nos dedicarmosa uma reza; uma cantiga; o tocar do atabaque; o olhar atento a dança de um Ori-xá; o fechar de olhos desejando ao próximo tudo de bom, uma alquimia de grãos,óleos, folhas...

    Nascer e morrer, um percurso de aprendizado, pois o passado vira históriae o futuro não há como saber, e os Orixás nos apresentam o presente valorizan-

    do suas decisões e apoiando o certo ou errado, pois mesmo uma decisão tomadaerroneamente nos fortalece e faz todos nós evoluirmos para que no futuro tenha-mos mais sabedoria na escolha do caminho certo.

    Mojuba (meus respeitos) a todos;

     Ogã Jonas de Logum Ede

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    3/30

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    4/30

    maio 2011

    Índice

    05 - Carta ao leitor 

    “O Inicio, a união, a fé”Fundação do “Yle Axé Ya Omi Lodo AtiEgbe Ogum” ........................06

    “Mãe, Amiga ...”Mãe Vera de Oxum e afundação do “Yle AxéYa Omi Lodo Ati EgbeOgu” ......................07 e 08

    “Soldado dos Orixás”Depoimento Ogã Adalberto de Ogum sobreo “Yle Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum”........................09 e 10

    “Dedicação ao Orixá.”Depoimento Ebomi Will de Ogum sobre o“Yle Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum”.........................11 e 12

    “O Guardião dos Orixás”Depoimento Ogã Jonas de Logum Ede sobreo “Yle Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum”...........................13 e 14

    Fundação do “Yle AxéLogum Ede Bade OlaOxum”

    ......................16

    “Amor aos Orixás”Depoimento Ya Cecy de Logum Ede sobre o“Yle Axé Logum Ede Bade Ola Oxum”..........................18 e 19

    “A Guerreira”Depoimento Ekedi Claudia de Oxum sobreo “Yle Axé Logum Ede Bade Ola Oxum”

    ...........................20 e 21

    Agradecimentos“Ile Axe Irepo Araketu”.............................22 e 23

    “A União”Depoimentos Mãe Vera de Oxum e MãeCecy de Logum Ede sobre o “Ile Axe IrepoAraketu”..............................24, 25, 26 e 27

    “Resumo”

    Revista Obara...............................27

    “Saudades”Eterna Ekedi Katia deYemanja...............................29

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    5/30

    maio 2011

    Direção, edição, reportagem, designere diagramação:

     Jonas Ferreira do Rosário

    Fotografias:Karina Alves Avenia

    Capa: Jonas Ferreira do Rosário

    Colaboradores:Marilda Gifalli

    Felipe C. SantosMauricio Barreira

      e-mail: [email protected]  msn: [email protected]: revista.obara  Cel: (11) 9449.7304 

    Acesse nosso Blog e faça parte denossas redes sociais procurando porRevista Obara no Orkut e Facebook.Aguardamos sua visita !

    revistaobara.blogspot.com

    Carta ao Leitor 

      Com o intuito de divulgar a re-ligião afro-brasileira, mais precisamente oCandomblé, a revista Obara nasce de-spretenciosa.

    Divilgaremos toda a excelência queas casas de Candomblé trazem com suastrajetórias, histórias de seus zeladores(as), filhos (as) e simpatizantes.

    Queremos que esse patrimônio cul-tural cresça, crie força e faça parte a cadadia, do histórico brasileiro.

    Mostraremos as casas, suas ori- gens, a alquimia de suas lembranças boase não tão boas para que todos saibam oquanto é difícil manter erguida a bandeirado Candomblé.

      Povo sofrido e que hoje conquistouseu lugar na sociedade, mostrando, seumodo de ser, vestindo roupas afros, fiosde contas, torços e tudo que o Candom-blé possui por direito.

    Somos Livres

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    6/30

    “Ile Axe Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum”(Casa de Axé Mãe das Aguas Claras e e a Corte de Ogum)

      Fundada em 2002 a estacasa começou sua história de luta pela divulgação da

    religião afro-brasileira.

    Unidos pelo amor ao Can-

    domblé, Ya (mãe) Vera de Oxum, OgãAdalberto de Ogum, Ebomi Will de Ogume Ogã Jonas de Logum Ede, inauguraram osonhado Ilê.

    Foram meses de construção apoiados pe-

    los filhos e simpatizantes, concretizando assim mais uma ramifi-

    cação do Axé Moraketu - Muritiba – BA.

    Conforme as entrevistas com os seus fun-

    dadores observamos como a vida voltada aos Orixás é sofrida e ao

    mesmo tempo gratificante.

    maio 2011

    “O Inicio, aUnião, a Fé”

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    7/30

    Publique Aqui 

     blog: http://revistaobara.blogspot.com

    e-mail: [email protected]

    msn/e-mail: [email protected]

    skype: revista.obara

    Cel: (11) 9449.7304

    maio 2011

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    8/30

    Mãe Vera de Oxum

    maio 2011

      Sou Vera Lucia Borges Caetano, 49 anos, do lar, iniciada aoOrixa em 16 de maio de 1981 por Mãe Célia “Odé Lokemi”, filhade Pai Cido de Oxum.  Em fevereiro de 1981, Mãe Celia tirava sua primeira “ yao”(ìyàwó, Iyawô, yao ou Iaô palavra de origem yoruba, é a denominação dosfilhos-de-santo já iniciados na feitura ao Orixá, que ainda não complet-

    aram o período de 7 anos da iniciação. Sóapós a obrigação de 7 anos ele se tornará um Ebomi - irmão mais velho. Antes

    da iniciação são chamados de abíyàn ou abian.) Sonia de Xango, e nestedia lá estava eu apenas como visita, quando em um determinado momento“bolei” (fui tomada pelo Orixá). Meu marido, que também não conhecia o

    Candomblé, pensou que eu estava tendo um ataque epilético. Foi quando MãeCelia e Pai Cido informaram a ele que era apenas uma manifestação do OrixáOxum pedindo iniciação, e não diferente de outras pessoas não tinha con-dições financeiras para isso. Estava casada a menos de um ano, não conseguiaengravidar e estávamos os dois desempregados, foi então que meu pai carnalJoão, disse que cobriria meu Orixá (compraria todas as coisas nescessáriaspara eu ser iniciada no Orixá). Mesmo sem entender nada de Candomblé elee minha mãe carnal, Lourdes, ajudaram. Ele financeiramente e ela costurandominhas roupas de ração (roupas brancas) e as roupas para meu Orixá.

    “Mãe, Amiga ....

    Com tradição de uma família unida, mãe Vera nos mostra suatranquilidade e equilíbrio. Poucas pessoas conseguem trazer esta sereni-

    dade até nos momentos mais difíceis.

    “30 anos de YaVera e Oxum,nossas Mães”

    Mãe Carmem - BA Mãe Vera Mãe Juju

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    9/30

    Pai Jair de Oxossi

    Mãe Célia

      Fiquei com MãeCélia até 1985, infelizmenteporque ela decidiu não maistocar Candomblé, assim, fui

    para casa de Pai Jair deOdé (Oxossi), nação

    Efon,e lá tomei obrigação

    de 7 anos e 14 anos e ocupeio cargo de yakekere (se-gunda pessoa responsável

    pelos filhos da casa)  dadopelo Orixá Odé de pai Jair,saindo de lá para fundar a

    minha casa “Ile Axé YaOmi Lodo Ati EgbeOgum”. 

    Em 1981, jamais imagineiou almejei ter minha casa de Axé,isso aconteceu de forma natural,diferente do que acontece hoje quan-do os yaôs chegam na casa sabendo seuOrixá, sua qualidade, seus fundamentos epensando logo em ter sete anos para poderabrir sua casa. De forma natural como deve ser

    escrito pelo Orixá e não pornós. Quando dei conta já es-tava fazendo meu primeiroyaô na casa de Pai Jair e delá para cá não planejo,apenas acontece dia a diade forma natural.

      A união dos Axés nãofoi tão fácil assim paraos filhos, mas para os

    Orixás Logum Edee Oxum foi natural, in-felizmente nós seres hu-

    manos ainda temos muitospreconceitos com tudo. Al-

    guns não aceitaram e acabar-am se distanciando, o que foiuma pena, pois todos os filhos

    que iniciei foram com amor erespeito a eles e acima de tudo ao

    Orixá, mas acredito que só aconteceo que o Orixá quer, não somos nós que

    escolhemos.

      Hoje mais do que nunca, sei que Ya Mi

    Oxum (minha mãe Oxum) é quem me guia, afi-nal colocou no meu caminho meu marido, compan-heiro e cúmplice Ogã Dal de Ogum, que sem elemãe Vera não existiria, e juntos caminhamos na es-

    trada traçada pelos nos-sos Orixás.

    “isso aconteceu de formanatural”

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    10/30

    Ogã Adalberto de Ogum

    maio 2011

      Olá, meu nome é Adalberto Caetano,tenho 53 anos e sou Analista de Sistema porprofissão e estudioso dos cultos afro-brasileirospor paixão.

     Minha trajetória se iniciou no culto aos

    Orixás há 30 anos. Comecei na Umbanda na

    casa de Mãe Célia, segunda filha de santo de PaiCido de Oxum. 

    Fui suspenso Ogã do Oxossi que significaguardião de Oxossi, de Mãe Célia, em 1987, du-rante sua obrigação de Orixá na casa de Pai Cido.

    Em 6 de junho de 1996, recebi o cargo de Axo- gun pelo babalorixa Jair de Odé no Ilé AxéOmo Ode. Casa de Axé Efon. Cargo

    esse de grande responsabilidade, já que o Axogun é o responsável pelo ato de imolar todo e qualqueranimal nos rituais da casa e de todos os membrosdo Axé, inclusive do próprio Babalorixa.

    Os anos se passaram e algumas mudançasocorreram no Axé de Pai Jair, sendo sua obri-gação de 21 anos no Axé Ketu com Pai Marcos ena época houve muita dissidência e transtornosnesse processo de adaptação.

      Minha esposa, Mãe Vera de Oxun, já eraYa Kekere da casa e diante dessas divergências emudanças decidimos ter nossa própria casa (Axé).Durante esse período tivemos o privilégio de co-

    nhecer Mãe Juju que nos fez um convite paraconhecermos o Axé de Muritiba - BA. Fo-mos para Muritiba em fevereiro de 2001 e ficamosna roça durante as festividades de Ode (Oxossi) eOgum.

      Conseguimos, através de um filho de santo,um local para erguermos nosso Axé, local esse alu-gado (o que só viemos saber depois de começar-

    mos a construção).

    Estudioso, Ogã Adalberto do Ogum, conhecido como Pai Dal, preserva o Axé e seus rit-uais com sabedoria e pulso forte.

    “Soldado dos Orixas”

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    11/30

    maio 2011

      Em outubro de 2002 plantamos o Axé dacasa e fundamos o “Ile Axe Ya Omi lodo AtiEgbe Ogum (Axé Ketu do Portão de Muritibade mãe Juju). Quem nos ajudou nessa tarefa foipai Marcos (que depois seria o Babalorixa de

    minha filha Luciana de Yemanja,  em ja-neiro de 2003) e pai Francisco , ambos filhos desanto de Mãe Juju.

      Em Fevereiro de 2003 voltamos a Muriti-ba onde tive o privilégio de ter o Axé de Ogumsobre meu Ori (cabeça). Nesse ano ainda tive-mos os toques de Ogum e Oxum em nosso Axé.Toques maravilhosos.

      Após a obrigação de minha filha vimosque o fato de termos o Axé plantado em um localalugado não estava dando certo por vários mo-tivos: espirituais eadministrativos.O jeito foi sairmosdesse local e im-provisarmos umquarto de santo emnossa residên-

    cia até decidirmos o que fazer. O fato mais marcantedessa decisão foi o apoio dos filhos de santo que en-tenderam os motivos e se mantiveram conosco.

      Ya Cecy  filha de santo da casa, já pos-suía um sítio com Axé plantado pela minha esposa

    e diante dos fatos nos cedeu metade desse sítio paraconstruirmos nossa casa. A princípio a idéia era ter-mos os dois Axés separados, sendo cada um admin-istrado pela sua Yalorixa. O que na verdade seria umcontracenso. Varias reuniões e conversas foram efe-tuadas entre os filhos da casa. Discutiam-se normas,regras, hierarquias, etc.

      Diante de tudo isso, decidimos que o nossoAxé seria diferente, de tudo que normalmente acon-tece nas casas de Candomble, em vez de separamosas coisas faríamos o inverso, íamos unir as coisas.Não queríamos cair no mesmo processo que acon-teceu em casas tradicionais onde divergências cul-

    minaram na divisão do Axé e de filhosdo Axé (como ocorreu na Casa Brancado Engenho Velho, onde as divergên-cias culminaram na criação do Axe OpoAfonja, do Axé Gantois e do EngenhoVelho).

      A decisão foi unir o que jáestava unido, aproximar o que já não es-tava mais distante e da união dos AxésYa Omi Lodo Ati Egbe Ogum e oIle Axé Logun Ede Bade Ola Oxumsurgiu o Ile Axe Irepo Araketu (Casade Axe da União do Povo de Ketu).

      Hoje nossa casa tem essepropósito, o de fazer com que os Ebomis(filhos com mais de 7 anos de iniciados)de hoje e de amanhã tenham seus filhosde santo feitos no Irepo Araketu, sem anecessidade de se aventurar em construirnovas casas.

      A idéia ainda é de se criar uma ONG do IrepoAraketu para podermos dar apoio e ajuda à regiãoonde esta localizado, região essa muito carente.

     

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    12/30

    Ebomi Will de Ogum

      Meu nome de batismo é Ildefonso Noguei-ra Prudencio, e tornei-me adepto ao espiritismo em1971 no bairro do Bom Retiro, Rua Matarazzo, noTemplo de Umbanda Caboclo Junco Verde,tendo como iniciador o Sr. Antonio Rodrigues

    Nunes Neto, profundo conhecedor dos ensina-mentos de Umbanda, que só não deu continuidadeao templo por problemas de saúde. Trago desta casalembranças e ensinamentos que guardo até hoje.

      Após fechamento desta casa, procurei darcontinuidade a minha caminhada espiritual emoutras duas casas, que também já não existem mais,mas que me daram o suporte necessário a conclusãode minhas obrigações dentro da Umbanda, sendoque em Outubro de 1984, com todos os preceitosnecessários cumpridos, dei o primeiro passo dentro

    de minha jornadacomo Sacerdotede Umbanda, in-augurando minhacasa Templo deUmbanda Cabo-clo Pena Branca,isto no bairro daArmênia, na RuaLuiz Pacheco, sen-do que a inaugu-ração deu-se coma festa de Cosme eDamião. Esta casapermaneceu abertaaté junho de 1991,quando aconteci-mentos alheios àminha vontadee fora de minha

    compreen-são, foramme levandoa outroscaminhos,

    até que em julho domesmo anofui iniciadoao cultodoOrixá, sen-do entãofundamen-tado defato Ogumem minha vida. Esta iniciação deu-se na Rua FreiDurão, no Templo de Raiz Ketu de Pai OdeOfanile, casa maravilhosa onde tudo começou naminha caminhada no Candomblé. Nela permane-ci por quase três anos, quando por motivos que sóo Orixá explica, conheci e fui prontamente adota-do por minha zeladora, Mãe e amiga, Mãe Verade Oxum, que hoje comanda de forma impecávelo Axé Irepo Araketu  de raiz Muritiba - BA,sendo filha de mãe Juju de Oxum.

      Mas esta caminhada ao lado de minhamãe não foi só mar de rosas, tive o privilégio deacompanhá-la em diversas fases, uma delas quan-do abrimos juntos o “Ile Axé Ya Omi Lodo AtiEgbe Ogum”, no mesmo endereço onde anosatrás eu havia começado minha jornada na Um-banda. Voltando à rua Luiz Pacheco, junto comminha mãe desta vez, tomamos a empreitada jun-tos a Ogâ Jonas de Logum Ede e Ogã Adal-

    berto de Ogum de construirmos o Axé desde o

    chão até e ultima telha, jornada que foi difícil, mas

    “Dedicação aos Orixas”

      Com uma história de dedicação e amor, Will vem comraizes de Umabanda e Candomblé, uma vida inteira dedicada aoOrixa.

    maio 2011

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    13/30

    maio 2011

    conseguimos executar, com todas as di-ficuldades e contratempos que foramacontecendo ..... mas ao final con-seguimos.

      Mas como sempre, nossa vontade é uma a do Orixá, é outra,

    e assim, nosso caminho novamentefoi alterado, ficando por curto es-paço de tempo naquele local, .... o quehavíamos combinado com o locadorfoi totalmente deturpado pelo mesmo,e diante desta e de mais algumas decep-ções, resolvemos que ali não haveria paz ea serenidade necessárias à iniciação de um yaô,porque minha mãe sempre disse que a iniciação deum yaô deve ser repleta de paz, harmonia, alegria.

    para que este momento seja lembrado e relembradocom alegria por esta pessoa por toda sua vida. Den-tro deste princípio foi que resolvemos encerrar asatividades naquele lugar.

    Neste momento surgeminha irmã mais velha, Cecyde Logum Ede, que já tinhasua Casa de Camdomblé abertaem Itapecirica da Serra, pro-

    pondo a minha mãe que trans-ferisse o Axé para Itapecirica,momento mágico em que deu-se a fundação do Irepo Ara-ketu, casa que trouxe a minhamãe e a nós, como um todo, aharmonia necessária a execuçãode nossos cultos em torno

    do Orixá, esta casa hoje é comandadapor mãe Vera de Oxum, (Yalorisa) mãeCecy de Logum Ede, ebomi Doris deYansã e Ekedi Claudia de Oxum, como acompanhamento de Ogã Adal-berto nos assuntos de ordem mate-rial que envolvem a casa.

     Nesta nova era, a pouco tempo, mi-nha esposa, agora Dofona Vanessa de

    Oxum , foi iniciada (mas esta é umaoutra história).

    Eu , por outro lado, decidi, com asbênçãos de minha mãe, seguir meu caminho e

    abrir minha Casa “Ile Axé Egbe Omo Ogum”, noBairro de Sacomã (Ipiranga). Fixei minha residên-

    cia em uma casa ao lado, estruturando-me de formaa atender nossas nescessidades, a nescessidade detudo que envolve o culto Orixá. Desta forma pre-tendemos iniciar novos yaôs, dando continuidade

    a nossa religiosidade aoOrixá, mas como eu disse,meu caminho na espi-ritualidade começou naUmbanda, portanto atéhoje cultuo as entidades e

    preceitos dentro do pos-sível, não vou nunca ab-dicar destas entidadesque tanto já fizeram pormim, nos momentos difí-ceis de minha vida. Nãoé porque hoje minha casatem uma re-ferência deAxé, de Nação, (ketu) queeu vou abandonar minhas

    referências, muito pelocontrário, somar é sempre

    melhor que subtrair. Hoje minha mãe soma forças no Axé IrepoAraketu, e com ela aprendi que nada se joga fora dentro dos ensina-mentos que passamos com os Orixás e é com esta mentalidade queprocuro dar e passar ensinamentos a meus filhos. Não é fácil, mas éextremamente gratificante.

    Axé a todos, sabedoria, alegria, que é apenas o que nossosOrixás nos pedem para cultuá-los, e muita, mas muita fé mesmo,

    porque semela não chegaremos a lugar algum.

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    14/30

    Ogã Jonas de Logum Ede

    maio 2011

      Sou Jonas Ferreira do Rosario,tenho 34 anos, designer, iniciado ao cultodo Candomblé em 02 de novembro de 2002

    por mãe Vera de Oxum  no qual me torneiOgã Jonas de Logum Ede com o Cargode Oba Logum (Oba: pronunciado Oba,“rei” ou “governante” na língua yoruba,este é o nome dadoaos chefes tradicion-ais de povoados yoru-bas – Logum: OrixáLogum Ede).

      Minha trajetória no

    Orixá vem de muito amor

    e dedicação, familiar, trago

    lembranças da Umbanda

    de minha finada Tia Aracie seguindo, sem muitas in-

    tenções religiosas, conheci

    o Candomblé de Angola, o

    qual freqüentei como sim-

    patizante por um bom tem-

    po.

    Mais ou menos

    no ano de 1998 conheci

    Ebomi Will do Ogum por meio da Sra. Nilza de

    Oxum. Após algum tempocom o Ebomi Will tive a

    felicidade de ser escolhido

    por Oxum para ser seu

    guardião, apontado Ogãde Oxum automaticamenteme tornei filho de mãe Vera

    de Oxum onde iniciei toda a

    batalha para o Ilê Axé YaOmi Lodo Ati EgbeOgum.

      Tudo começou em

    uma conversa na residência

    de mãe Vera, entre OgãAdalberto (Meu Pai

    Pequeno), mãe Vera eo Ebomi Will.Até aqui

    “ O Guardião dosOrixás”

      Com muita honra falo um pouco deste

    Axé e deixo meus sinceros agradecimentos por

    fazer parte de história

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    15/30

    maio 2011

    era apenas o Jonas. A idéia

    de criar a casa parecia um

    sonho e com muito esforço

    e ajuda de alguns filhos e

    simpatizantes conseguimos

    erguer nosso Axé. Tive o

    privilégio de ser o primeiroa ser iniciado no novo Axé

    e logo após minha iniciação

    também tive outro presente

    quando fui conhecer o

    berço de nosso Axé emMuritiba – BA dePai Nezinho, tambémpassei e pisei no chão ondeMãe Menininha deGantóis construiu toda asua historia de vida. Passa-

    gens na vida de uma pessoa

    religiosa que jamais serão

    esquecidas.

    Voltando a São Pau-

    lo e ao novo Axé tivemos

    muitas alegrias ao ver nas-

    cer para o Orixá a minha

    irmã Luciana de Yem-anja e Flavio de Oxa- guiã. Foram momentosinesquecíveis. Lá também

    tocávamos a Umbanda,

    que foi raiz de minha mãe

    no começo de sua vida

    espiritual.

    Muitas festas e obrig-ações foram feitas, mas

    como nem tudo é alegria,

    tívemos problemas de

    caráter administrativos

    com o proprietário que nos

    levaram a entregar o imó-

     vel. Por algum tempo to-

    dos os nossos fundamentosficaram na residência de

    minha mãe, até que para

    surpresa de todos as nos-

    sas irmãs Cecy de Logum Ede, Dóris deYansã e Claudia de Oxum nos acolheram naroça delas.

    Um começo complicado, pois o convite de juntar os Axés foi muito bom, porém todo começo

    é difícil pois costumes foram mudados e decisões

    foram divididas, mas hoje vejo que Orixá sabe real-

    mente o que faz. Tudo que passamos foi um aprendi-

    zado para moldar o Irepo Araketu e fazer deleuma casa respeitada e maravilhosa.

    Mojuba a todos.

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    16/30

    “Ile Axe Logun Ede Bade Olà Oxun”(Casa de Axé Logum Ede herdeiro de Oxun)

     

    Com uma história de herança, estacasa teve suas terras compradas em 1996 e fun-

    dado (com os rituais necessários) em 2002. Sua

    história tem diferentes momentos.

    Responsáveis por uma casa

    da nação Angola, que foi fechada

    após o falecimento de seu Babalorixa

    Alexandre Miranda Coelho (filho de

    Yansã), Mãe Cecy de Logum

    Ede, Ebomi Doris de Yan-sã, Ekedi Claudia de Oxum,Ekedi Alessandra de Ox-

    alufã e Kety de Oxum, as-

    sumiram a responsabilidade sobreos fundamentos do encerramento

    e abertura de um novo espaço de

    culto aos Orixás e, numa mudança

    radical, fundaram o Ilê AxéLogum Ede BadeOlá Oxum  já na naçãoKetú...

    maio 2011

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    17/30

    www.revistaemfamilia.com.br

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    18/30

    “24 anosdedicados aos

    Orixas”

    Mãe Cecy de Logum Ede

      Meu nome é Marilda Gifalli eCecy-Demin é minha digina na Angola (nação

    onde fui iniciada). Digina é um nome de batismo

    quando você nasce para o Orixá e é como você

    passa a ser chamada e reconhecida no meio dos

    seus parentes de religião. Depois, com o

    tempo, as pessoas se acostumaram a

    me chamar de Cecy, mais simples emais fácil que Marilda, meu nome

    de batismo. Tenho 57 anos e

    sou jornalista. Nasci para o

    Orixá no dia 12 de fevereiro

    de 1987, quando tinha 33

    anos. Fui iniciada por Al-

    exandre Miranda Coelho

    (babalorixá da Angola),falecido em 1985, em

    Portugal, aos 29 anos de

    idade. Ele foi à Portugal

    a trabalho e sofreu um

    acidente de carro que in-

    felizmente lhe tirou a vida.

     

    Sua família

    maio 2011

    “Amor aos Orixás”

    de Orixá era do Rio de Janeiro com

    raízes da Goméia, que faz referên-

    cia à Joãozinho da Goméia famoso

    líder da Angola, mas como ele

    criou sua casa, situada no Jar-

    dim Jacira, em São Paulo, de

    maneira independente, poucotive contato com seus parentes

    de Orixá, a não ser Pai Remival

    de Xangô, ogã que vinha ajudar

    nos rituais e Pai Raimundo de

    Oxumarê, ogã que tocava e can-

    tava em nossa casa. Nesta casa

    fui Mãe Pequena (Yá Kekerê).

     

    “Amor e dedicação”, é o que nosmostra “mãe Cecy de Logun Ede”. A vida total-

    mente ligada ao Orixá, anos de luta para construiruma casa e um sonho concretizado.

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    19/30

    tente. Claro, que está liderança permanece noâmbito do Irepô. Lá, mãe Vera é superior a

    mim hierarquicamente falando. Mas, estamos

    aprendendo a dividir espaços, tarefas e o mais

    importante, responsabilidades. Creio que não

    seja fácil, nem dífícil, apenas diferente e este é

    o desafio a enfrentar. No mais creio que só o

    tempo dirá se deu certo e se as novas gerações

    serão capazes de dar continuidade a este pro- jeto chamado Irepô.

    “minha afinidade com a Yá Vera eOgã Adalberto que vai muito além

    do Candomblé. Somos amigos, inde-pendente da religião que escolhemos.”

      Após a morte de meu pai, fundei o Ilê

    Axé Logum Ede Bade Olá Oxum, em 2002, já

    sob os cuidados de mãe Vera de Oxum e em

    2006 fundimos as duas casas, e um pouco desta

    história está descrita em todas as respostas desta

    matéria.

      A idéia de unir as casas e de

    fundar o Irepô (com certa modéstia) foi minha,

    pelos motivos descritos acima, além de muitos

    outros, como por exemplo, a minha afinidade

    com a mãe Vera e Ogã Adalberto que vai muito

    além do Candomblé. Somos amigos, independ-

    ente da religião que escolhemos.

      No começo houve resistência de

    muitos que vêem o Candomblé como uma re-

    ligião onde cada babalorixá e yalorixá deve ter a

    sua casa, na qual será um líder isolado e onipo-

    19maio 2011

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    20/30

    Ekedi Claudia de Oxum

    maio 2011

      Cláudia AmaralArgoud, 49 anos, designer de moda,

    iniciada na religião dos Orixás

    setembro de 1992, com o Sr.

    Alexandre Miranda Coelho

    - “Tata Mavambulô” de“Matamba” no “AxéAbaça Legbara OyaOgir”, hoje em nossaRoça tenho o cargo de

    “Yalaxè”  (Colabora-dora na administração

    da casa e responsável

    pelos rituais mais ligadosà preservação e continui-

    dade do Axé).

      De família es-

    pírita com hábito de evangel-

    ho no lar, presenciei e frequentei

     vários anos o Kardecismo, tendo feito

    parte integrante de grupos de estudos e dedoutrina a espíritos. Pouco tempo depois, com

    um relacionamento com uma pessoa inicida no

    Candomblé, houve os primeiros contatos com a

    religião, seus ritmos e lendas. Tive casos de saúde

    que foram resolvidos e abrandados com peque-

    nas obrigações, hoje, com muito mais proprie-

    dade, reconheço que já eram prenúncios de uma

    caminhada longa pelos caminhos do Candomblé.

    Anos mais tarde, com um caminho de

     vida bem diferente, já casada e tendo passado

    muito tempo distante da religião, volto a deparar-

    me com ela num raro encontro destes que a gente

    nunca esquece. Meu pai por toda vida foi vítima

    do alcoolismo e junto com ele toda a nossa famíl-ia sofreu muito os efeitos desta horrível doença.

    Após um repentino reencontro com uma velha

    amiga da época do colégio, fui apresen-

    tada à Marilda Gifalli. “Cecy Demin”

    de Logum Edè , “Yakekerê”  dacasa na época.

    Minha vida mudou com-pletamente a partir daí.

    Marcamos uma consulta

    para meu pai carnal que

    passava por uma crise

    de alcoolismo grave e

     já não bastavam tantas

    internações em hospi-

    tais psiquiátricos paradesintoxicação. Passei por

    um “ebó” (limpeza espir-

    itual) de descarrego junto

    com meu pai, a quem tenta-

    mos ajudar espiritualmente. A

    partir dali, nunca mais me afastei

    do Candomblé. Fui iniciada na “Nação

    Angola”, no “Abaçá Oyá Ogir - Axé Goméia”para “Oxum” como “Ekedi de Oya”, cujos anos

    foram de muito aprendizado de vida. Quatro anos

    mais tarde, meu pai de santo faleceu no exterior, a

    trabalho. Sucedeu-se uma maratona para preser-

     var o “Abacá”. Tivemos que deixar o terreno por

    questões jurídicas. Foi o caos !

    O “Boiadeiro (são entidades epitituais

     vinculadas à homens que trabalharam, sobretu-

      Levada pelo acaso, o amor peloOrixá foi muito mais forte, tomou conta de sua

     vida e fez nascer uma Guerreira do Axé.

    “A Guerreira”

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    21/30

    maio 2011

    do na condução de gado) da

    mãe Cecy”, nos orientou a to-

    dos os filhos, até que a “mãe

    Cecy” comprou um terreno

    que ajudamos a pagar e de-

    positamos ali nossos “Igbás”

    (Igba Orixá, ibá orixa ou sim-plesmente ibá é o nome dos

    assentamentos sagrados dos

    Orixás). Muito sofrimento e o

    desejo de manter o que para

    nós era mais do que sagrado.

    Fundamos ali o nosso “Ilê”,

    no ins-tinto e na bravura de

    poucos integrantes, a maioria,mulheres. Fiz tudo o que esteve

    ao meu alcance para erguer nosso “Ilè”.

    O destino e o Orixá nos guiaram de maneiras

    muito peculiares e especiais até que nossos camin-

    hos se cruzaram com os de “mãe Vera de Oxum”, que

    nos acolheu e nos deu as obri-

    gações na casa de “Pai Jair deOde”. Passamos a frequentar a

    Casa de Pai Jair, procurando ir a

    todas as funções, começamos de

    novo em outro Axé, dando con-

    tinuidade as nossas obrigações

    continuamos todas nós nosso

    caminho sob outra bandeira,

    a “Nação Efon”. Nossa casa, o“Ilè Axè Logum Ede Bade Olà

    Oxum”, prosperava, crescia, até

    que o Pai Jair toma sua obrigação

    de 21 anos com “Pai Marcos de

    Ode” – “Nação Ketu”. Passamos

    todos então a um novo Axé. - A

    “Nação Ketu” que vinha de raíz-

    es muito profundas. Muitos fa-

    tos ocorreram a partir daí. Con-

    hecemos muitas pessoas que

    foram marcantes em nossa tra-

     jetória. Nossa “Ya”, mãe Vera de

    Oxum, fundou sua própria casa,

    “Ilè Axè Ya Omi Lodo ati Egbe

    Ogum” deixando então, a casade Pai Jair, a quem passamos a

     ver mais esporadicamente. In-

    felizmente, o barracão de mãe

    Vera não teve suas instalações

    muito bem sucedidas.

    Questões de ordem material

    tornaram impossível continuarcom o barracão no local onde

    estava instalado. Foi quando mãe Cecy resolveu par-

    tilhar a terra do “Ilê” com mãe Vera. Numa corajosa

    atitude, pois trata-se de algo muito inusitado dentro

    do Candomblé indo de encontro a tudo que já vi-

    mos e após muita relutância de mãe Vera, unimos

    as Casas, numa mesma terra.

    Hoje, somos o “Irepò” (União).“Axé” é sinô-nimo de Força e o

    nosso “Axé” é redobrado, nos-

    sa força foi multiplicada com

    nossa união. Hoje, depois de ter

    passados por três nações, posso

    dizer com muita honra, que sou

    “Yalaxé do Irepò Araketu”, raíz

    da “Nação ketu”, a qual, commuito orgulho, seguimos hoje:

    “Maroketu de Pai Nezinho de

    Portões de Muritiba - BA e de

    mãe Juju de Oxum a grande

    Yalode de São Paulo”.

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    22/30

      O Irepo Araketu cresce a cada dia e reforça a história do Candomblé, tradições e respeitopelo Orixás, sendo assim deixamos aqui gravado que estivemos juntos a eles para registrar esse momento.

    Agradecemos:

    Ya Vera de OxumOgã Adalberto de Ogum

    Luciana de YemanjaRafael de OxaguiãTatiana de Yansã e seu filho LuanYa Cecy de Logun EdeEkedi Claudia de OxumYa Dóris de YansãKety de OxumAlessandra de Oxalufã

    Luciana do OgumVanessa de Oxossi seu marido Alessandro e suas filhas Jeniffer e VictoriaZeni de Yemanja, seu marido Sr. Carlos e seus filhos Rafael e VictorWill de Ogum e toda sua família de SantoVanessa de Oxum e suas filha Tamiris, Rafaela e OminayeOgã Jonas de Logun Ede e sua esposa Karina e sua filha Maria EduardaMarcos de Omolu, sua mulher Claudia e seus filhos João e Gabriel e toda sua família de SantoOgã Marcelo de Oxossi e sua familia

    E todos os amigos e simpatizantes deste bonito Axé. 

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    23/30

    maio 2011

      “Ya Vera de Oxum e Ya Cecy de Logum Ede, continuam, na luta para manter

    viva a cultura dos escravos africanos no Brasil, sem cor, sem nenhum tipo de discrimi-

    nação, fazem a sua historia e mostram a todos que vale a pena acreditar no próximo,

    pois para a vida no Orixá nada conta como credito, dinheiro, prestigio. Nada disso,

    a única importância dentro desta vida é amor ao próximo, ao Orixá, à dignidade e o

    orgulho de dizer que nossa Religião é o Candomble”

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    24/30

      Com a união dos Axés, em 2006, a mãe Cecypensou em batizar o Axé com um novo nome, no que con-

    cordaram a mãe Vera e os demais integrantes. Assim, nasceuo “Irepo Araketu”, em 2008, que significa (União doPovo de Ketu), já queas duas casas estavam sob

    a bandeira desta nação. Se-

    diada na Rua Tupiniquins,

    126, Itapecerica da Serra,

    São Paulo, comandada por

    mãe Vera de Oxum e mãeCecy de Logun Ede, a casa se

    tornou um espaço concreto

    aos olhos de quem é ini-

    ciado para o Orixá, ou sim-

    plesmente é simpatizante do

    Candomblé. Lá, os cultos

    afros-brasileiros são reali-

    zados seguindo as tradiçõesdo  Axé Moraketu –Muritiba – BA, que tem

    “Ile Axé Irepo Araketu”

    maio 2011

    como uma de suas matriarcas a mãe Juju de Oxum.

    Os fundamentos aprendidos por suas mães e por todosos responsáveis por cargos hierárquicos distintos, revelam nos rituais

    internos e nas festas publicas, que este Axé ja faz parte do Candom-blé em São Paulo.

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    25/30

    maio 2011

      Falem um pouco mais sobre uniãodos Axés, suas metas e seus projetos so-ciais.

    Mãe Vera de Oxum: 

    Os motivos, para união foram tan-

    tos que ficaria difícil enumerá-los,mas em síntese ela veio principal-mente depois de uma conversa in-formal com minha Yalorixa Juju deOxun no portão do sitio quandome despedia dela e num abraço

    de até breve ela me disse:  “Filha

    vocês devem se unir e tocar

    esse Axé juntas”. Isso calou na minha alma, nomomento não entendi, mas, refletindo depois per-cebi que ela estava certa, como sempre, pois nestaépoca eu ia ao sitio tocar para minha filha Cecy etoda vez que tinha toque em casa lá estava ela e suasfiéis escudeiras Ekedy Claudia e Ebomy Doris.

     Depois deste dia fiquei pensando, mas não

    comentei com ninguém. Foi quando, para minhasurpresa, Cecy me procurou para propor a união de

    nossas casas. Me lembro que, mesmo assim, pedi aela um tempo para pensar afinal não era só minhaessa decisão, mas sim de toda uma família do Axé.

     E assim decidimos todos juntos fazer o in-

     verso da Casa Branca “UNIR AS CASAS DE AXÉ”.

     A meta é apenas

    manter o Axé vivo e quantoa projetos sociais, sim, comotoda casa de Axé deve ter, masainda não chegou o momento.

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    26/30

     Mãe Cecy de Logum Ede:

      Vários motivos justificaram a união das duas

    casas e destaco apenas dois principais. O primeiro é

    que o terreno onde se situa o Irepô é grande demais

    e me senti sozinha para administrá-lo, uma vez que

    por ser uma comunidade pequena, não havia pes-

    soas para dividir as diversas tarefas, que vão desde

    a administração, propriamente dita (com todas as

    despesas que são recorrentes desta administração),

    até os trabalhos de uma organização espiritual que

    exigem a presença de diversas pessoas em

    diferentes cargos. Três mulheres à

    frente de um grande projeto, sen-

    do que nenhuma delas pode se

    dedicar integralmente tor-

    nou a primeira casa inviáv-

    el. A segunda é que por ser

    a mãe Vera minha yalorixá,

    eu tinha que me dedicar,

    um pouco, à casa dela, ou

    seja num toque de Ogum,

    por exemplo, eu tinha que es-

    tar presente e colaborar nas tare-

    fas que envolvem os rituais (além de

    uma pequena contribuição financeira).

    Dentro do mesmo mês, eu tinha que organizar uma

    festa de Ogum na minha casa e a minha mãe Vera

    estava presente e trabalhava para me ajudar, mobili-

    zando meus irmãos etc. Enfim, tínhamos o trabalhodobrado para chegar a um mesmo objetivo. Com as

    dificuldades que ela encontrou na sua primeira casa

    (uma delas foi o fato de ser um espaço alugado),

    decidimos juntar forças para cumprir esta missão.

    Isto não é convencional no Candomblé, muitos até

    criticaram a decisão, mas, questões espirituais e de

    ordem material nos levaram para este caminho que

    espero dê muito certo, pois é o desejo de nós duas:

    mãe e filha.

      Quanto as metas: Uma casa de Candomblé

    tem seu tempo ajustado a diversos fatores. Não é

    uma empresa que por visar lucro deve manter um

    plano de metas ousado para atender à concorrên-cia etc. Dependemos da união de todos, depen-

    demos da força espiritual dos Orixás, mas o Irepô

    quer trabalhar para melhorar seu espaço físico, sua

    estrutura, enfim, tornar-se uma casa com uma or-

    ganização plena, embora já tenhamos avançado

    muito nesta direção. Uma roça de Orixá

    exige manutenções constantes, que

    nem sempre podem ser feitaspor seus filhos, muitas vez-

    es temos que terceirizar

    serviços como os de pe-

    dreiro, encanador, por

    exemplo. Como nenhum

    de nós pode morar na

    roça, o Irepô possui uma

    funcionária para vigiar ecuidar dos espaços públi-

    cos.

      Quanto a um objetivo espiritual, espera-

    mos merecer o crédito de sermos, acima de tudo,

    uma casa que respeita as tradições do Candomblé

    maio 2011

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    27/30

    Acupuntura & Massagem Terapêutica

    Massoterapia

    Terapia

    Técnicas Tradicionais

    Florais - Dores de Coluna

    Marcos José Martins

    Terapêuta CRT 31960 

    Cel: (11) 9238.3006 - 9865.7443

    Atendimento a domicilo 

    e que tem amor e respeito pelo Orixás, sem os

    quais nenhum de nós estaria respondendo estas

    perguntas ou fazendo qualquer movimento para

    realizar um ideal. O Irepô é um ideal que mistura

    a tradição dos Orixás e a forma de ver o mundode um jeito mais moderno, sob o ponto de vista

    de atender as necessidade de uma comunidade

    que vive no século Vinte e Um e não no século

    Dezenove, quando a religião Yorubá foi trazida

    para o Brasil no seios da escravidão.

      A casa na medida do possível estaráinserida em projetos sociais da região, maspara isto é preciso que sua organizaçãointerna avance. Ela, apesar das experiênciasde seus líderes, é uma casa muito jovem eprecisa de ajustes internos para prosperar

    neste sentido. Os projetos futuros são muitos,mas como disse na resposta anterior, é precisorespeitar o tempo de cada um e o tempo dosOrixás.

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    28/30

    maio 2011

      Revendo a história do Candomblé, imaginamos o sofrimento do povo Yoruba para conquistarseu espaço na sociedade, isso para pessoas de fora simplimente se torna a história de um povo real-mente sofrido. Quem vive isso na pele não é diferente, pois, tanto o passado quanto o presente reviveseus sofrimentos e preconceitos porem com modos diferentes.

    Fazer parte de toda essa trajetória é como representar nossa ancestralidade, é vestir o mantoda igualdade social. Candomblé ou qualquer outra religião prega o bem maior ao próximo e sendo as-sim: “Me sinto honrado de fazer parte da família Irepo Araketu”.

    Essa experiência de mostrar um pouco da trajetória desse Axé foi gratificante e marcante, poisalem de mostrar eu vivo isso a cada dia.

    A Revista Obara e Ogã Jonas de Logum Edeagradecem a todas as pessoas que ajudaram de uma for-ma ou de outra a realização dessa Edição.

    Registramos aqui o convite da família IrepoAraketu, que, convidam a todos que quiserem co-nhecer sua roça (casa) localizada na Rua Topin-iquins, nº 126 – Itapecerica da Serra,. Mais esclare-cimentos ou perguntas entrem em contato com nossaedição que teremos o prazer de informá-los.

      Deixamos aqui mais uma vez nossos sinceros agra-decimentos.

    Mojuba;

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    29/30

    Ekedi Katia de Yemanja,

    “Saudades”

    maio 2011

      Em 2010 infelizmente fomossurpreendidos com o falecimento de nossa Irmã

    “Ekedi Kátia de Yemanja”, como amiga eirmã particípou de vários momentos da vida de “Ya

    Vera” pois ganhou seu cargo de “Ekedi” ao ladode “Ya Vera” sendo guardiã de “Oxum”. Iniciada por

    “Pai Jair de Oxossi” demonstrou a todos nós a hu-

    mildade em pessoa, com sua vida pessoal bem agi-

    tada participava das obrigações da casa como podia,

    mãe presente a seus filhos carnais, dividia sua boa

     vontade entre Orixá e Família.

    Foi presente no inicio do “Ile AxéYa Omi Lodo Ati Egbe Ogum” e da forma que dava participou dos anos de luta do “Axé”. Apósa descoberta de uma doença teve que se afastar para cuidados médicos que lhe foram consumidos muitos

    anos e sendo assim não pode acompanhar nossa união para o “Irepo Araketu”, mas me lembro de algu-mas ocasiões onde ela esteve entre nos tentando mesmo com muita dificuldade para participar e estar entre

    nós e os Orixás.

    Tanto eu, “Ogã Jonas de Logun Ede” e a Familia “Irepo Araketu” deixamosaqui nossa homenagem a uma Grande Mulher, Guerreira ............ Mãe e amiga.

    Saudades “Ekedi Kátia de Yemanja”

  • 8/18/2019 Obara 2011 06 1

    30/30

     blog: http://revistaobara.blogspot.com

    e-mail: [email protected]

    msn/e-mail: [email protected]

    skype: revista.obara

    Cel: (11) 9449.7304Ogã Jonas de Logun Ede