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( Ciências da Terra (UNL) Lisboa N:' 14 pp.203·212 2000 . 9 Figs. Ocorrência de ouro nos depósitos pliocénicos da região de Cruz de Pau (Seixal) R. Satgueírc'", M. Chichcrro' ê', L. Mar ün s' !' 1 _Instituto Geológico e Mineiro, Apartado 7586, 2720 Alfragide - Portugal; tel. (35 I) 2 1 471 8922, fax.(35I) 21 471 90 18; TlJt[email protected] (R. Salgueiro), [email protected](L. Martins). 2 _Rua Helena Félix 75, 2 0 Esq. Retaguarda, 2825 Charneca da Ca parica - Portugal; ter. (351) 21 2976545 ; mac.chichorro@cli ll;.pl. RESOMO Palavras-chave: ouro; actividade mineira romana; Plicc énico; bacia do Baixo Tejo; abrasão eólica; toróides. Recentemente foi desc oberto , na área des tinada à construção do estádio de atletis mo Carla Sacramento na Cruz de Pau (Seixal), um conjunto de galerias e poços, que se pensa ser fruto de antiga actividade mineira romana, devido às características daqueles antigos trabalhos (dimcnsão, traçado e secção). Os antigos trabalhos mineiros encaixam-se em formações do Pliocénico, areníticas com níveis conglomeráticos, tendo-se colhido preliminarmente quatro amostras num nível mais grosseiro com balastros subrolados centimérricos. Ef ectuou-se um estudo mineralométrico de minerais pesados de acordo com os procedimentos normais do Laboratório de Mineralometria do Departamento de Prospecção de Minérios Metálicos (OPMM) do Instituto Geológico e Mineiro (IGM). Trata-se de um nível com percentagens interessantes de ouro e com a presença de monazite nodular e clássica, xenótimo, cassitcrite, espinelas s.l., ilmenire e rutilo. As características morfol6gieas dos grãos de ouro e de outros minerais pesados apontam para duas fases principais de mobilização mineral: uma fluvial a precede r uma outra eólica. A elevada percentagem de grãos toroidaia, com evidências de abrasão eólica, sugere que este terá sido o principal factor de reconcentraçãn do ouro. A quantidade de partículas de ouro obtida nos concentrados é relevante, tendo-se calculado para um deles o teor de 3.2 ppm. As amostras foram também analisadas quimicamente para Au + 34 elementos, por activação neutrónica e ICP-MS, tendo fornecido teores com a mesma ordem dc grandeza. ABSTRA CT Key words: gold; roman mining wcrks, Pliocene; Lower Tagus basin; wind-ablation; toroids. Recently had been discovery, in the area of the construceion oft he Carla Sacramento Athletics Stadium et Cruz de Pau (Seixal), a ser of stopes and wells with characteristics of ancient Roman mining activities. The old mining works are incised in plioeene sandy fonnations with conglorneratic facies, where four preliminary samples wcre collected in a coarser levei with subrounded pebbles. The heavy minerais of those samples were studied in accordance with the Heavy Mineral Concentrate Laboratory of the IGM. The prcviously mentioned fad es has intcresting gold percentages and the presence of grey (nodul ar) and classic monazite, xcnotirre , cassitcrite , spinels s.I., ilmenite and rutile. The morphology of the gold grains as well as the heavy mineraIs shows two phases of transport; an initial fluvial phase and a secondary aeolian phase influenced their concentranon. The high percentage of toroid grains showing cvidence of wind ablation, suggests that this was the main factor for reconcentration oft hc gold. The amount of gold particles obtained in the concentrares is considerable and in one samplc, a grade 00 .2 ppm was calculated. Thc samples also have been analysed for Au + 34 elemcnts by INAA and ICP-MS, thc results of which show similar grades as previously obtained. 203

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( Ciências da Terra (UNL ) Lisboa N:' 14pp.203·21 2

2000

.9 Figs.

Ocorrência de ouro nos depósitos pliocénicos da região de Cruz dePau (Seixal)

R. Satgueírc'", M. Chichcrro'ê', L. Marüns'!'

1 _ Instituto Geológico e Mineiro, Apartado 7586, 2720 Alfragi de - Portugal; tel. (35 I) 2 1 4 71 8922, fax.(35 I) 21 471 90 18;[email protected] (R. Salgueiro), [email protected](L. Martins).

2 _ Rua Helena Félix 75, 20 Esq. Retaguarda, 2825 Charneca da Ca parica - Portugal; ter. (351) 21 2976545; mac.chichorro@cli ll;.pl.

RESOMO

Palavras-chave: ouro; actividade mineira romana; Pliccénico; baciado Baixo Tejo; abrasão eólica; toróides.

Recentemente foi desc oberto , na área des tinada à construção do estád io de atletis mo Carla Sacramento na Cruz de Pau (S eixal),um conjun to de galerias e poços, que se pensa ser fruto de antiga actividade mineira romana, devido às características daquelesantigos traba lhos (dimcnsão, traçado e secção).

Os antigos trabalhos mineiros encaixam-se em formações do Pliocénico, areníticas com níveis conglomeráticos, tendo-se colhidopreliminarmente quat ro amost ras num nível mais grosse iro com balastros subrolados centimérricos. Efectuou-se um estudomineralométrico de minerais pesados de acordo com os procedimentos normais do Laboratório de Mineralometria do Departamentode Prospecção de Minérios Metálicos (OPMM) do Instituto Geológ ico e Mineiro (IGM). Trata-se de um nível com percentagensinteressantes de ouro e com a presença de monazite nodular e clássica, xenótimo, cassitcrite, espinelas s.l., ilmenire e rutilo. Ascaracterísticas morfol6gieas dos grãos de ouro e de outros minerais pesados apontam para duas fases principais de mobilizaçãomineral: uma fluvial a precede r uma outra eólica. A elevada percentagem de grãos toroidaia , com evidências de abrasão eólica,sugere que este terá sido o principal factor de reconcentraçãn do ouro. A quantidade de partículas de ouro obtida nos concentradosé relevante, tendo-se calculado para um deles o teor de 3.2 ppm. As amostras foram também analisadas quimicamente para Au + 34elementos, por activação neutr ónica e ICP-MS, tendo fornecido teores com a mesma ordem dc grandeza.

ABSTRACT

Key words: gold; roman mining wcrks, Pliocene; Lower Tagus basin; wind-ablation; toroids.

Recently had been discovery, in the area of the construceion ofthe Carla Sacramento Athletics Stadium et Cruz de Pau (Seixal),a ser of stopes and wells with characteristics of ancient Roman mining activities . The old mining works are incised in plioeenesandy fonnations with conglorneratic facies, where four preliminary samples wcre collected in a coarser levei with subroundedpebbles. The heavy minerais of those samples were studied in accordance with the Heavy Mineral Concentrate Laboratory of theIGM. The prcv iously mentioned fad es has intcresting gold percentages and the presence of grey (nodul ar) and classic monazite,xcnotirre , cassitcrite , spinels s.I., ilmenite and rutile . The morphology of the gold grains as well as the heavy mineraIs shows twophases of transport; an initial fluvial phase and a secondary aeolian phase influenced their concentranon. The high percentage oftoroid grains showing cvidence of wind ablation, suggests that this was the main factor for reconcentration ofthc gold. The amountofgold particles obtained in the concentrares is considerable and in one samplc, a grade 00 .2 ppm was calculated. Thc samples alsohave been analysed for Au + 34 elemcnts by INAA and ICP-MS, thc results of which show similar grades as previously obtained.

203

I- Congresso sobre o Cenozóico de Portugal

INTRODUÇÃO

o topónimo «Almada » provém da expressão árabe"a lmada n" que significa «mina) . Relatos históricosreferem que nos séculos XI e XII, a região de Almadaainda sob ocupação Muçulmana, era uma da s maisimportantes da Península Ibérica do ponto de vista damineração artesanal de ouro . ((E em Almadãa háh_u vyeirode fyno ouro» (Cintra, 1954). Admite-se quejá no períododo Bronze Final, o ouro aluviona r do Tejo foi alvo deexploração pois era util izado para a produção de objec tosde adorno e de diferenciação social (Carlos Fabião in JoséMattoso, 1992). A riqueza do "aurifer ragus" atrai uigualmente os Romanos. Autores ro manos c árabesreferem-se ao ouro recolhido cm palhetas nas areias doTejo, mas « ...a grande extracçãoseria realmente de areiasauríferas. retiradas de um antigo leito geológico do rio asul de Almada...» (Cláudio Torres in José Mattoso, 1992).Julga-se que na zona de Adiça (Fonte da Telha), foiretomada a ex tracção deste metal, sobre os antigostrabalhos romanos (Silva Carvalho e Veiga Ferr eira,1954).

O depósito estudado está inserido na parte terminal dabacia do Baixo Tejo (Fig. I) que tem sido alvo de sucessivasetapas de preenchimento desde o Paleogénico. A camadaselecionada foi sujeita a uma amostragem preliminar comduas tomas de cada uma das quatro amostras recolhidas.Uma das tomas foi moida a - 80 mesh e analisada poractivação neutrónica e ICP-MS, para ouro e mais 34elementos. Após a crivagem (3 mm) e separação em tri­bromo- metano (bromofórmio; d=2,89) da outra toma,obteve-se um concentrado com a finalidade de estudarunicamente os minera is pesados.

Diferentes espécies mine rais apresentam respos tasdistintas face ao mesmo mecanismo de transporte, factoreste que tem in fluê ncia no gra u de cali bração e de

concentração num depósito. A resposta de um grão mineralao transporte depende da de nsidade, tamanho e forma,bem como das condições e mecanismos de erosão. Muitasvezes, procura-se quantificar a distância do transporte paraencontra r a fonte primária, recorrendo ao estudo da sparagéneses minera is, da forma dos grãos e da textura dasuperficie.

DiLabio (1990) propôs uma classificação descritivada forma do s grãos de ouro detriticos e da textura dasuperficie com base na observação directa à lupa binocularelou utilizando o microscópio electrónico de varrimento(MEV ). Esta class ificação agrupa os grãos nas classe spristine (grãos com formas primárias), modified (grãoscom formas primárias ainda visíveis, mas modificadas) ereshaped (grãos co m formas primárias completamentedestruídas). Permite, de um modo exped ito, ter acesso aum pouco da história dos grãos, nomeadamente à distânciapercorr ida pelas partíc ulas, desde a origem até à posiçãoact ual. Tendo presentes as devidas proporções entre asdiferentes classes, poder-se- é afirmar que a distância detransporte aumenta das forma s pristine para as reshaped.Knight et al. (1999) e Youngson & Craw (1999) procurameste tipo de resposta na análi se morfo lógica com base emtrês parãmetros : grau de arredondamento, grau deachatamento e forma da linha de contorno da superfíciecom maior área. Para se ter wna ideia da proximidade dafonte primária, a análise estatística relativa à forma etextura dos grãos deve ser interpretada conjuntamente comos estudos centrados na sua assinatura química (Knight etaI., 1999). A natureza dúctil e maleável do ouro permite ade formação e evolução do s grãos para formas muitocomplexas quando estes são sujeitos a tensões (como porexemplo as inerentes ao d inamismo dos meios fluvial/mari nho -marginal/g laciár io/eólico). Assim, é às vezespossível relacionar a forma e textura dos grãos com as

caracterlsticas do meio em que foram transportados.

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,,,,,,,, Holocénico

Pl istocén ico

Pliocénico

[:;.] Miocénico

Fig. 1 - Localização da zona estudada (extracto ampliado da Carta Geológica de Portugal na escala 1: SOO 000 ,Serviços Geológicos de Portugal. 1992).

204

CA RACTERIZAÇÃO DO DEPÓSITO ESTU DADOE ENQUADRAM ENTO L1TOSTRATI GRÁFICO

O depósito da Cruz de Pau está enca ixado numco njunto de ní veis co nglomerát icos lentic ularesinterca lados em arenitos com diversas tonalidades ondepredominam as manchas vermelhas e alaranjadas.

Os níveis co nglomeráticos, com espessura vertica lcentimétrica variável, incluem essencialmente c1astos dequartzito e de quartzo com cor variada (creme, amarelos­ala ranjados, brancos e cinzentos) . Aparentemente, osbet ast ros não revelam im bri cação pre ferencial nemgranulotr iagem óbvia. Estão envolv idos por uma matrizarení tica grossei ra e o cimento é ferrug inoso-argiloso. Ema lguns observa-se deposição de óxidos de ferro empequenas depressões ou ao longo de descontinu idades. Adimensão des ta fracção grossei ra é bastante variável,sendo possível, no entanto, separar um conj unto ondepredomina casca lho de I a 3 cm, sub-ang ulos o asub-ro lado, de um o utr o com sei xos de 4 a 5 cm,sub-ro lad os. Esp orad icament e, observam-se algunsseixos que pode m atingir dimensões superiores a 10 cm.O corte x de desminera liz açã o dos se ixos é fino ainexistente.

Os conglomerados estão interca lados em arenitosconstituídos, em regra , por areias quártzicas de grão médioa grosseiro, consolidadas por cimento ferruginoso-argilosoque confere ao conjunto o característico tom vermelho­alaranjado. Nestes arenitos, a estratificação não é muitoevidente.

Esta unidade, limitada a topo por uma superfície deaplanação bastante regular. é coberta por areias brancasacinzentadas, mal consolidadas, e de gran ularidade maisfina (Fig.2).

As características da Formação hospedeira do ouroaponta m a possibilidade de poder trata r-se efectivamentede depósitos de enxurrada de idade pliocénica.

As galerias de exploração do ouro seguem claramenteos níveis conglomeráticos e embora não tenha sido possívelreconhecer co m exac tidão a possança e extensão do

Ciências da Terra (UNL). 14

dep ósito. a Divisão de Geo física do IGM realizou acartografia das galerias descobertas, aplicando técnicasde prospecção geoeléc trice e prospecção sísmica, a pedidoda Câ mara do Seixal. As galerias tem 0.8 a 1.5 m dediâmet ro, podendo at ingir uma extensão de várias dezenasde metros. Estão local izadas a uma profundidade que podeva riar en tre 2 e 6 metros (G onçalves et a /.,2000).A descoberta de out ras gale rias semelhan tes ,nomeadamente na zona de Coina, os relatos históricosre lativos a antigas exploraç ões de o uro na região(Minas de Almada , Mina da Adiça-Fonte da Te lha ),repercute-se no potencial aurífero de toda a bacia aluvial

do Baixo Tejo.

EST UDO DE MI NERAIS PESADOS À LUPABl I'"OC ULAR

Em te rmos ge ra is, os mi nera is pesados, qu erepresentam em média 1% da amostra total colhida,encon tram-se rolados a bem ro lados; predominam asformas elípticas (ba ixa es fer icidade). Raramente seo bservam as for ma s cristalinas . Às veze s o bri lhoca rac terís tico de alguns grãos não é passíve l de seravaliado por as superficies se apresentarem com umaspecto baço e picotado. O valor percentual de grãosob servados para as diferentes espéci es mine rais nas 4amostras, bem como a respecti va d istri bu ição daspercentagens médias, estão ilustradas na Fig. 3.

. A fracção magnética, que perfaz cerca de 92% dosm ine rai s pesados das a mos t ras, é composta,essencialmente. por ilmenite, estaurclite e turmalina,aparecendo como mi nera is ac essórios a monazi tenodu lar e clássica, o xen ótirno, a granada, a leucoxena

(prese nte na fracção magnética-MGN), a an fibo la cuma espinela que. por análise química e de difrac ção deRaios-X , foi ide nti fica da como sen do picrocromite(MgCrp.) .

Na fracção não magnética , qu e co rresp onde aosrestantes 8% dos minerais pesados, os mais representativos

Fig. 2 - (A) Depósito plioc énico da Cruzde Pau, com galerias romanas que seguemo nívelconglomerático.(8) Pormenor do nívelconglomerático.

205

1° Congresso sobre o Cenozóieo de Portugal

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Fig.J _ (A) Valores percentuais de grãos para as dife rente s espécies de minerais pesados existentes nas quatro amostras dodepósito plioc énice da Cruz de Pau c (B) distribuição dos seus valores percentuais médios.

350l-lm

Fig. 4 • Grãos de ouro do depósito plioc énico da Cruz de Pau.

são : andaluzite , sil imanite, d istena, zircão e ruti lo .Estão ainda presentes, em pe rcentagens relativamenteinferi ores , anátase , cassiterite, ouro , topázio, leucoxena(presente na fracção não magnélica-NM), pirite, brookitee apetite.

ESTU DO l\fORFOLÓG ICO DAS PARTÍC ULASDE OURO

Da análi se morfosc ópica à lupa binocular dos 730'grãos de ouro observados nas quatro amostras (Fig. 4), oaspecto mais relevante é a fonna toroidal, mais ou menoselí ptica, da maioria dos grãos de ouro. Caracterí st icasemelhante foi descrita por Filippov & Nik iforova ( 1986)e Minter (1999 ) em alguns depó sitos importantes dotipo placer.

206

Para os grãos de ouro observados nas amostras da Cruzde Pau, foram defenidos do is grupos principais:

Gr upo I

Este grupo representa cerca de 90% das partículas deouro observadas e é constituído por grãos achatados, comforma circular a elíptica, côncava nas duas faces . Emtermos morfológ icos, formam um conjunto muitohomogéneo sendo a c ara c te rí sti ca ma is peculiardestes grãos o espessamento simétrico da periferia(F;g. 5).

Foi efectuada análise dimens ional, à lupa binocular,de 150 grãos aleatoriamente escolhidos numa das quatroamostras. Verificou -se que a distrib uição da frequênciadas dimensões desta s partícu las de ouro tem distribuiçãonormal, ligeiramente assimétrica, revelando predomi­nância da s partícu las mais finas . A c lasse modal quecaracteriza a dimensão das partículas apresenta eixo maior

Ciências da Terra (UNL), /4

semelhantes fora m obtidas por estes autor es quandosubmeteram pequenas lamelas de ouro e are ia à acção dovento num túne l de ensaio. Os grãos de ouro resu ltantesmostram um anel no bordo; as secções long itudinaisrevelam que este espessamento co rresponde a duas"bainhas", ou rebordos finos e simétricos, de ouro namargem do grão. Esta característica morfológica éadquirida não só pela deformação por compacç ão damargem mas é, segundo es tes au tores , sobretudoconsequência da acção mecânica dos grãos de areia emsaltação na superficie das lamelas de ouro. Os grãostendem a adq uirir depressões csferoidais com o aumentode horas de exposição no túnel de vento. Minter (1999),comparou as partículas do placer de Baaga com asobservadas em amos tras de Basa l Reef (Witwatersrand,Africa do Sul) pa ra p rova r que processos eólicosintervieram na acumulação daquele depósito aurífero.

Como se pode comprovar pela Fig. 4 e 5, no depósitoda Cruz de Pau a grande maio ria dos grãos de ouro

Fig. 5 ~ Fotografias cm microscópio electrónico de varrimento. Partículas de ouro com a forma de toróidedo depósit o pliocénico da Cruz de Pau. (A) Face. (8) Perfil.

de 167 um, eixo intermédio de 100 um e eixo menor de33 um. Para esta população , a méd ía do comprimento doeixo maior é de 200 um.

Considerando apenas o diâmetro do eixo maior,conclui-se que 70% das partículas tem uma dimensão entre133 e 233 um. As partículas com eixo maior infer ior a233 um per fazem 80% do tota l da amostra, o que podesugerir alguma selecção no transporte. Cerca de 8% daspartículas apresenta forma discoidal perfeita e existemainda, distribuídas nas quatro amostras, alguns casos departículas esféricas.

Segundo a classificação de Zingg, que relaciona odiâme tro correspondente aos eixos longo, médio e curtodos grãos, a forma da maioria das partículas cai no campodo laminado a oblato.

Filippov & Nikiforova (1986) descobriram que 80%dos grãos do placer de Baaga (Yakutia, Rússia), associado

à drenagem de uma paleosuperficie eólica do Miocénicocoberta por siltes, tinham a forma toroidal (Fig. 6). Formas

apresentam carac terí st ic a s mo rfológicas muitosemelhantes às descritas por Filippov & Nikiforova (1986)e por Minter (1999), sendo possível observar que algunsgrãos parecem preservar um rebordo virado para o interior.Tais semelhanças permitem atri buir-lhes transpo rte eólico .A presença de formas que variam de elípticas a discoidais,parece indicar diferentes estádios evo lutivos das partíc ulasde ouro sob a acção do vento .

Grupo 2

É constituído por finas pal hetas de ouro, de contornoirr egu lar, com dimensões que não se afastam dasverificadas para as partículas do gr upo I . A observaçãoatravés do MEV pcnnitiu a identificação de possíveis facesprimárias (Fig. 7) em algumas das partículas, integrando­-as, assim, na classe das formas pr ístine, atribuída porDil.abio (1990). Estas formas sugerem um intervalo detempo mais curto entre a or igem e a deposição e/ou uma

menor distância percorrida.

207

[0 Congresso sobre o Cenozóicode Portugal

Fig. 6 - Fotografiasem microscópio electrónico de vàrrimento ,de grãos de ouro provenientes do placer Baaga (Yakutia,Rússia; de Mintcr et ai., 1999). (A) Face. (B) Perfil. A barra de

escala = 50 um.

ANÁ LISE GEOQu íM ICA

Após moage m a -80 mesh, as amostras foram sujeitasa análise química para Au + 34 elementos por activaçãoncutrónica e ICP-MS. Os resultados estão expressos naFig. 8.

Considerando o valor méd io, e respectivo intervalode confiança para a concentração de elementos menoresem rochas ígneas e sedimentares comu ns (Rose et ai..1979), conclui -se que os teores em Au, Th, Ta, La, Ce eHf são anóma los. De modo geral, os resultados da anál isequím ica sã o concordantes co m as o bser vaçõ esrnincratométricas qua litativas e qua ntitativas efectuadasaos minerais pesados. Os teores de ouro observados (3.0,1.2, 1.3 e 1.9 ppm) são da mesma ordem de grandeza dosobtidos utilizando o método norma l de pesagem paracálculo da conce ntração de ouro numa das amostras (3.2ppm). Os valores claramente acima da média em Th, eem alguns elementos de terras raras como o La, Sm, Eu,Yb e sobretudo o Ce, são o reflexo da presença de fosfatos,como é o caso da monazi te nodular e clássica e, em menorquantidade , o xenótimo. Os valores obtidos para o Euconfirmam a presença de monazite nodular que é umavariedade rica nes te lantanídeo. Os valores anómalos emTa, bem acima da média para as roc has crustais (2 ppm),não encontra m correspondê ncia nas observaçõ e squa lita tivas, o que po de ser exp licado pela grandedificu ldade na identificação da tanta lite quando este min­erai surge em qu antid a des re du z ida s e com as

208

Fig. 7 - Fotografia em microscópio electrónico de varrirnenro.Palhetade ouro com formas primárias preservadas. do depósito

pliocénico da Cruz de Pau.

ca racter ísticas morfo lógicas e fí sic as apagadas pe losprocessos de abrasão. A mesma explicação pode ser dadapara o facto de a esfa lerite e barite não fazerem parte doconjunto de minerais pesados identificados, apesar dosteores de Zn e Ba se apresentarem no limiar do que sepoderá cons iderar anómal o. As pro porções relati vamentealtas de Hf elemento com grandes afinidades em termosde carga iónica e raio iónico com o Zr, podem dever-se àabundância de zircão. A presença de cassitcrite, detectadaatravés do teste de estanhagem, também confirmaos valores 'obtidos por anál ise qu ímica . O valo r do Cr é suficientepara j ustificar a detecção de cromite na amostra, tendo, noentan to, um teor inferi or ao ob tido para a média das rochascrustais. O mesmo aco ntece em relação ao Rb, quejuntamente com o Na e o Cs, foram os únicos meta isalcalinos analisados. Os valores de Rb são, no entanto,franc amente mai s a ltos q ue a méd ia o bti da para agen eralidade das ro cha s sed imentares areníticas ouquartziticas (40 ppm). Os valores que este litófilo atingenas anàlises químicas devem reflec tir a presença de algunsfeldspa tos, ou prod utos da sua alte ração supcrgénica, ricosde K, no se io da matriz arenítica. Recorde-se que valoreselevados de Rb associados a uma razão Rb/Sr alta, emro chas de al teração, são vi sto s, e uti lizad os, co moindicadores geoqu ímicos de depós itos de metais preciosos(Rose el ai., 1979). Os valores de Se, muito superiores àmédi a obtida para a generalidade das roeh as crustais,podem ser o reflexo da presença dos óxidos de ferro e deminerais das argilas, os quais tendem a adsorvcr aqueleelemento calcófilo. Os valores de Fe, não devendo serconsiderados extrao rdinários, reflectem, no entanto, aprecipitação como óxido de ferro hidratado em ambiente

oxidante, o que é observável pela cor da própria rocha.Da análise quí mica semi-quantitati va realizada no

MEV, foram detec tad as ligei ras diferenças nas partículasde ouro dos do is grupos morfológicos (Fig.9). No grupo Ios valores de Cu revelaram-se ligeiramente superiores aosdetectados para o grupo 2. A prata foi registada unicamentenos grãos do grupo 2. Uma tentativa de procurar umarelação entre as características químicas das partículas eas suas fontes primár ias e sec undárias obrigaria a umestud o muito mais aprofundado.

Ciências da Terra (UNL), U

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CPI3 29.1 1.3 • 16 60 '" " 11.5 1.1 1.2 3.3 0.49<

CP/4 SS.6 12.1 s 92 102 23' 91 18.4 1.1 L' s.e 0.96

Fig. 8 - Valores analíticosencontrados paraas quatroamostras do depósito pliocénico da Cnaz de Pau (valo res em ppm. comexcepção do Ca, Pe, Na, Sn e Sr - % - eAu e Ir - ppb).

Ao A, Co Z.(W%) (W%) (W%) (W"1o)

I Ouro tipo toroide 95.52 0.0 2.69 1.79l Ouro li o alheta 95.59 0.78 1.71 1.93

Fig. 9 - Valores analíticos detcrminadospara diferentes tipos degrãos de ouroencontrados nas amostras do depósito pliocén ico

da Cruz de Pau.

CONCLUSÕES

A analise estatística, morfoscópica e exosc épica dafracção de minerais pesados existentes no dep6sitogrosseiro com concentração anómala de ouro, permitiupôr em ev idência os seguintes aspec tos:

- a fracção de mine rais pesados representa em média1% do total da amostra. 92% dos minerais pesados sãoespécies magnéticas. Dentro deste grupo destacam-secomo espécies essenciais a i1menite, estaurolite, turmalina;como minerais acess6rios ocorre a monazite nodular eclássica, xen õtímo, gra nada, anfibola , picrccromitc eagregados de leucoxena. Os minerais mais representativosda restant e fracção não magnética sã o a andalu zite,si limanite , dis tena, zircã o, rút ilo e, em pe rcentagensmenores a an âtase, cassi tcr ítc, ouro, topá zio, pir ite,brookite, apatite e leucoxena.

- Os grãos revelam um grau de rolamento importanteapresentando-se, na maioria, rolados a sub-rolados. Urna

percentagem significativa apresenta as superfícies baçase picotadas,

- Morfologicam ente, distinguem-se dois grupos depart ículas de ouro:' o grupo I , que representa 90% dosgrãos, tem forma toroidal, côncava em ambas as faces ecom bordadura mais espessa; o grupo 2 é formado porpartícu las com contorno irr egul a r, com superfíciesaparentemente primárias, que permitiu a sua classificaçãocomo formas prístine co nforme a classi ficação de Dil.abio(1990).

Da análise geoq uímica ressaltam os seguintes aspecto s:- Os teores de Au, Sn, Th, Ta, La, Ce, Hf c Rb são

anómalos em relação à média e respectivo intervalo deconfiança obtida para a conce ntração de elementosmenores para a generalidade das roc has crustais;

- Salvo algwnas excepções, os resultados da análisesão concordantes com as ob servações incidente s nosminerais pesados economicamente importantes. O depósitogrosseiro não é apenas anóma lo em ouro, mas tambémem elementos de terras raras (Ce, La, Sm, Eu, Yb) reflexoda pre sença de fosfa to s entre os minerais pesados(mona zite nodula r, mo nazite clássica e xenót imo) . Apresença de cassitcrite e espinela (pic rocromite), se bemque em quantidades sub-económicas, valoriza o depósito.- Os grãos de ouro do gr upo I apresentam valores de Culigeiramente superiores aos do grupo 2. Estes, parecemestar enriquecidos em Ag em relação aos do grupo I . Noentanto estes valores devem ser vistos apenas como umatendência, atendendo à limit ada representatividade daamostragem.

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1° Congresso sobre o Cenozóico de Portu gal

DISCUSSÃO

Atend endo a que 80% das pa rti cu las de ou roapresentam o seu eixo maior inferior a 233 mm, é legitimopensar-se que foram suje itas a impo rtante se lecçãodimensional durante o transporte .

Por outro lado, a homogeneidade morfo lógica daspart ículas de ouro (a maioria das partículas são laminadasa oblatas) aponta para um papel decisivo de apenas umagente de geo di nâ mi ca ex terna no pro ce sso deconcentração do ouro naquel e depós ito . A enormeseme lhança entre os grãos da Cruz de Pau e os resultantesdas experiências de Filippov & Nikiforova (1986) apontapara que a defl acção tenha sido preponderan te naconcentração do ouro. A acção do vento como agente detra nsporte e concentração dos minera is pesad os éevidenciada pela corrasão exercida sobre o ouro dúctil esobre os restantes min erais pesados mai s estáveis,que a pre senta m supe rfíc ies baças, despo lidas earredondadas.

Mas como explicar a presença de grãos eclizados numdepósito torrencial? Não sendo caso único, este depós itoconglomerático alberga um paleo-placer de minerais comvalo r económico . Um exe mplo paradigmá tico são osjazigos de Witwatersrand na África do Sul. Os níveisco nglomerát icos hospedeiros do ouro ap resentamcaracterísticas de um depósito gerado em regime torrencia l,sob a influência de clima seco árido a sub- árido. Duasinterpretações podem ser sugeridas: - após uma primeirafase de selecção dimensional e concentração das partículasde ouro transportadas em regime fluvial associado àdinâmica do pré-Tejo, os grãos passaram por uma fase deremobilização torrencial (alternativa 1), ou por uma fasede reconc entração eólica (alternativa 2).

Alternativa 1- Os depósitos torrenciais remobilizaram,a partir de sedimentos antigos, o ouro previamente eolizadoincorporando-o na sua constituição.

Alterna tiva 2 - Uma visão alterna tiva, que explica aassociação toroides-conglomerados é fornecida por Minteret a í. (1999) para o Witwatersrand, que aponta para umaconcentração eólica do ouro so bre os depós itosco nglomeráticos que se comporta riam como barreirasinib idoras do moviment o dos grãos . As condiçõesambienta is então vigentes, tornam plausível a hipótese damistura, posteriorment e à acumulação dos depósitosgrosseiros, por partículas removidas de sedimentos fluviais

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mais antigos e transportadas pelo vento . A coexistênciade dois grupos morfologicamente distinto s na mesmaamostra sugere que parte do ouro presente (as formasprístíne que não chegaram a ser traba lhadas pelo vento)foi remobilizado a parti r de depósitos com carácte r fluvialpelo episódio torrencial. As ligeiras discrepância s nasassinaturas químicas dos dois grupos podem sugerir fontesprimár ias d istintas. No entanto, este estudo não permiteobter dados a este respeito .

A presença de alguns grãos de ouro mais boleados, amascarar a sua forma to ro id al o rigina l, pode serinterpretada como eventual retoma fluvial ou marinha, anteou pós inclusão no depósito, consoante as alternativas

propostas.Este estudo vem sublinhar o facto de existir algum

potenci al económico inerente ao s de pósito s plio­quaternários da bacia do Baixo Tejo. Para a sua avaliaçãoconcreta é importan te proceder à compilação dos dadospré-existentes de índole cartográfica, sedimentológica,est ratigráfi ca, geoquímica, e tc . Só uma fortecomplementariedade en tre as diversas disciplinaspermitirá verificar se as mesmas cond ições favoráveis àdeposição e reconcentração do ouro e outro s mineraiseconomicamente importantes ocorreram noutros locais daplanície aluvial do Baixo Tejo e Sado. O estudo qualitativoe quantitativo de pormenor dos minerais pesados podedar um contributo importante para a caracterização dosdi feren tes níve is conglomeráticos do sinc li na l deAlbufeira.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos toda a atenção disponibilizada pelo Prof.João Pais (Centro de Es tudos Geológicos da UN L.Faculdade de Ciências e Tecnologia) quer na realizaçãode todo o trabalho em microscópio e lec trónico devarrimento, quer nos seus esclarecimentos. Ao Dr. JoséLencastre (Instituto Geológico e Mineiro), a realizaçãoda análise química para a identificação da cromite e àcolaboração de Rosa Pate iro (Téc nica Profissional de I­classe; Instituto Geo lógico e Mineiro) na observação departe das amostras na lupa binocular e na realização dostestes de difracção de Raios-X

Ciências da Terra (UNL), 14

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